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Mecanismos de transmissão de doenças em populações animais ROSELAINE PONSO Doença Transmissível É qualquer doença causada por um agente infeccioso específico ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela transmissão deste agente ou de seus produtos, de um reservatório a um hospedeiro suscetível, seja diretamente de uma pessoa ou animal infectado, ou indiretamente por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou do meio ambiente Cadeia Epidemiológica Para entender as relações entre os diferentes elementos que levam ao aparecimento de uma doença transmissível, o esquema tradicional é a denominada cadeia epidemiológica, também conhecida como cadeia de infecção O esquema procura organizar os chamados elos que identificam os pontos principais da sequencia contínua da interação entre o agente, o hospedeiro e o meio ambiente Segundo CORTÊS (1993), as seguintes questões poderiam ser formuladas e respondidas: •1. Quem hospeda e elimina o agente? Fonte de infecção (FI) •2. Como o agente deixa o hospedeiro? Via de eliminação (VE) •3. Que recurso o agente utiliza para alcançar um novo hospedeiro? Via de transmissão (VT) •4. Como o agente se hospeda no novo hospedeiro? Porta de entrada (PE) •5. Quem pode adquirir a doença? Susceptível Cadeia Epidemiológica Cadeia Epidemiológica AGENTE ETIOLÓGICO Quem hospeda e elimina o agente? Como o agente deixa o hospedeiro? Que recurso o agente utiliza para alcançar um novo hospedeiro? Como o agente se hospeda no novo hospedeiro? Quem pode adquirir a doença? Fonte de Infecção (FI) Via de Eliminação (VE) Via de Transmissão (VT) Porta de Entrada (PE) Susceptível (S) HOSPEDEIRO MEIO AMBIENTE NOVO HOSPEDEIRO Fontes de Infecção São os animais vertebrados nos quais o agente etiológico se aloja, sobrevive e se multiplica, sendo posteriormente, eliminado para o meio ambiente, transmitindo-o para outro Hospedeiro Fontes de Infecção Podemos classificar a Fonte de Infecção em duas categorias: 1. Quanto à NATUREZA DO HOSPEDEIRO no contexto do ecossistema 2. Quanto à característica do agravo sofrido pelo hospedeiro, ou seja, o ESTÁGIO DE EVOLUÇÃO DA RELAÇÃO PARASITA-HOSPEDEIRO na história natural da doença. Fontes de Infecção Quanto à NATUREZA DO HOSPEDEIRO no contexto do ecossistema HOSPEDEIRO HUMANO HOSPEDEIRO DOMÉSTICO HOSPEDEIRO PERIDOMICILIAR HOSPEDEIRO DOMICILIAR HOSPEDEIRO SILVESTRE Fontes de Infecção Quanto à característica do agravo sofrido pelo hospedeiro, ou seja, o ESTÁGIO DE EVOLUÇÃO DA RELAÇÃO PARASITA-HOSPEDEIRO na história natural da doença Existem quatro elementos fundamentais, que funcionam como fontes de infecção: ANIMAIS DOENTES ANIMAIS COMUNICANTES ANIMAIS PORTADORES ANIMAIS RESERVATÓRIOS Fontes de Infecção Animais Doentes São os animais que apresentam sintomas da doença, mesmo que indefinidos, atribuídos aos efeitos do agente etiológico que albergam em seu organismo Típicos Átipicos Em fase Prodrômica Fontes de Infecção Animais Doentes Típicos São aqueles que apresentam os sintomas característicos da doença (às vezes patognomônicos), sendo assim, facilmente reconhecidos Bovinos com vesículas evidentes na mucosa oral , acompanhados de febre e sialorréia, característico de febre aftosa ou doença vesicular Fontes de Infecção Animais Doentes Atípicos São os que apresentam sintomas diferentes daqueles que realmente caracterizam a doença, dificultam o diagnóstico, podendo postergar a adoção de medidas de controle Quadros suaves ou extremamente graves de febre aftosa. Lesões típicas nos espaços interdigitais, comum em áreas endêmicas Fontes de Infecção Animais Doentes em Fase Prodrômica São os que apresentam a doença em fase inicial, permitindo observar- se alterações no estado de saúde, mas os sintomas não são ainda suficientemente claros ou definidos Animal no estágio inicial da raiva procura lugares escuros e silenciosos, esquiva-se do dono, modifica seu comportamento usual Fontes de Infecção Animais Portadores São os animais que não apresentam sintomas da doença, mas albergam, e eliminam o agente etiológico no ambiente Portador Sadio ou São Portador em Incubação Portador Convalescente Fontes de Infecção Portador sadio - São os animais de maior importância epidemiológica, pois além de serem de difícil diagnóstico, circulam livremente pelo rebanho As fêmeas portadoras do vírus da peste suína clássica receberam a vacina de cristal violeta e podem transmitir o vírus da doença aos seus descendentes ainda na vida fetal . Fontes de Infecção Portadores em Incubação São aqueles que não apresentam sintomas, mas já eliminam o agente etiológico no ambiente Raiva Canina: elimina o vírus pela saliva de 5 a 13 dias antes do aparecimento dos sintomas Fontes de Infecção Portadores Convalescentes São animais que já apresentaram sintomas, com cura clínica, entretanto, podem ainda eliminar o agente etiológico Leptospirose e Leishmaniose Fontes de Infecção Animais Comunicantes São indivíduos que estiveram expostos ao risco da infecção, não se podendo afirmar se estão ou não infectados . Embora não fazendo parte da cadeia epidemiológica, esse elemento pode introduzir ou propagar a doença numa população . Animais silvestres em propriedades rurais Fontes de Infecção Animais Reservatórios É um vertebrado em que o agente etiológico vive e se multiplica em condições de dependência para a sobrevivência É através do reservatório que o agente mantém sua vitalidade e se perpetua na natureza O reservatório é também suscetível aos agravos da doença, enquadrando-se em qualquer das categorias de fonte de infecção Fontes de Infecção Animais Reservatórios Quanto maior o número de reservatórios no meio ambiente, maior a probabilidade de propagação de determinadas doenças Raiva rural Raiva urbana Leptospirose Doença de Aujeszky Vias de Eliminação A via de eliminação de um agente está relacionada com seu local preferido de multiplicação e colonização no hospedeiro O conhecimento da patogenia da doença é fundamental, pois, a localização da lesão e do agente estão relacionados com o mecanismo de eliminação mais comum Este fenômeno de especificidade de eliminação é de grande importância no estudo epidemiológico, na medida em que fornece indicação, dos mecanismos de transmissão da doença - determinação das medidas profiláticas eficazes Vias de Eliminação Secreções Oronasais Fluxos eficientes na eliminação de agentes de doenças do trato respiratório e da porção inicial do digestivo e seus anexos Febre aftosa, Raiva, Tuberculose, Cinomose, Garrotilho, Gripe, Sarampo Secreções Urogenitais Importante na eliminação de agentes das doenças da esfera reprodutiva Brucelose, Tricomonose, Sífilis, Vibriose Vias de Eliminação Secreção Láctea Mastites, Tuberculose, Brucelose Descamações Cutâneas Sarnas, Micoses, Varíola Vários são os agentes eliminados pelo leite, de maior importância os relacionados à saúde pública Eficiente mecanismo de eliminação de agentes de doenças que acometem a camada superficial do corpo Vias de Eliminação Humores O sangue e demais fluídos orgânicos são importantes para disseminação de agentes de doenças, tanto os que envolvem vetores como naquelas onde há envolvimento de fômites ou de transfusão Anaplasmose, Babesiose, Doença de Chagas, Encefalomielite Eqüina, AIE ExcreçõesAs fezes e a urina são excelentes recursos para eliminação de diversos agentes, não só os que infectam o trato digestivo, mas também aqueles que infectam o trato respiratório Verminoses, Leptospirose, Salmonelose, Colibacilose Vias de Eliminação Placenta, líquidos fetais, feto Exsudatos e Descargas Purulentas Importante na disseminação de doenças da esfera reprodutiva externo Esses conteúdos ao serem eliminados, carreiam uma grande quantidade de agentes ao meio externo Brucelose, Tricomonose, Vibriose Piobacilose, piometra, mal da cernelha (brucelose em eqüinos) Vias de Eliminação Tecidos Animais cadeia alimentar A via de eliminação é representada pela própria carcaça do animal, casos onde o agente ou seus produtos se localizem nos tecidos e órgãos, e são liberados a partir do processo de predação, geralmente associado à cadeia alimentar Cisticercose, Hidatidose, Toxoplasmose Materiais de Multiplicação Animal Ovos, sêmen, óvulos, embriões, ova de peixe, são vias de eliminação de agentes etiológicos Brucelose, Tricomonose, Leucose Bovina Vias de Eliminação DOENÇAS e LESÕES ENTÉRICA RESPIRATÓRIA URINÁRIA REPRODUTIVA MAMÁRIA CIRCULATÓRIA FEZES SECREÇÕES ORO NASAIS URINA Secreções Excreções uterinas, vaginais, placenta, sêmen LEITE SANGUE Coccidiose Salmonelose Colibacilose Verminoses Tuberculose Garrotilho Raiva Cinomose Febre Aftosa Leptospirose Brucelose Mastites AIE LEUCOSE Vias de Transmissão Esta pode ocorrer sob as seguintes formas: Transmissão vertical Transmissão horizontal Geração a geração - Congênita ANIMAL/ANIMAL Pela infecção do embrião ou do feto in Útero em mamíferos, ou in ovo em aves, répteis, anfíbios, peixes e artrópodes TRANSMISSÃO DIRETA TRANSMISSÃO INDIRETA Contágio Vias de Transmissão Transmissão Direta ou CONTÁGIO Transferência do agente etiológico, sem a interferência de veículos Mecanismo de transferência rápida do material infectante fresco, desde a fonte de infecção ao novo hospedeiro, caracterizando sempre a presença dos dois no mesmo ambiente Caracteriza-se contágio apenas nas situações onde existe a presença da fonte de infecção e do suscetível no mesmo local e no mesmo espaço de tempo DIRETA IMEDIATA DIRETA MEDIATA Vias de Transmissão Transmissão Direta Imediata Quando ocorre efetivamente um contato entre as superfícies De um lado a fonte de infecção, e de outro o hospedeiro suscetível por onde o agente irá penetrar no seu organismo Não há relacionamento do agente com o meio exterior Vias de Transmissão Transmissão Direta Imediata MN ou IA, mordeduras, arranhaduras, amamentação e acidentes no exercício profissional Vias de Transmissão Transmissão Direta Mediata Quando não há contato físico entre a fonte de infecção e o suscetível O agente infeccioso é eliminado nas proximidades de um suscetível, com passagem reduzida pelo meio ambiente A transmissão se faz por meio das secreções oronasais (gotículas de Pflugge) Vias de Transmissão Transmissão Direta Mediata Doenças Respiratórias Cinomose Garrotilho Varíola Tuberculose Influenzas Transmissão através das secreções oronasais (gotículas de Pflugge) Suspensões de micropartículas de secreções ou excreções líquidos no ar que são expelidas diretamente da cavidade oronasal: São levadas a objetos situados até 1m de distância Vias de Transmissão Transmissão Indireta A transferência do agente se dá por meio de VEÍCULOS, animados ou inanimados Ocorre intervalos maiores, entre a eliminação e a penetração do agente A fim de que a transmissão indireta possa ocorrer, torna-se essencial que: Os agentes sejam capazes de sobreviver fora do organismo, durante um certo tempo Haja veículo que os leve de um lugar a outro Vias de Transmissão Transmissão Indireta - Veículo Não são consideradas como veículos as secreções e excreções da fonte primária de infecção, que são, na realidade, um substrato no qual os microorganismos são eliminados Ser animado ou inanimado que transporta um agente etiológico Veículo Animado Veículo Inanimado Vias de Transmissão Transmissão Indireta - Veículo Um artrópode que transfere um agente infeccioso da fonte de infecção para um hospedeiro suscetível O agente infeccioso encontra um organismo vivo que lhe propicia a necessária proteção e as condições indispensáveis para sua propagação Veículo Animado Vetores VETORES MECÂNICOS OU ACIDENTAIS VETORES BIOLÓGICOS OU OBRIGATÓRIOS Vias de Transmissão VETORES MECÂNICOS OU ACIDENTAIS Relacionamento acidental entre o agente infeccioso e o vetor, que se comporta como um fômite voluntário. Vetor acidental que constitui uma das modalidades de transmissão de um agente etiológico. Sua erradicação retira apenas um dos componentes da transmissão da doença. Vias de Transmissão VETORES BIOLÓGICOS OU OBRIGATÓRIOS Obrigatóriamente uma das fases do desenvolvimento de certos agentes etiológicos ocorre no vetor. Erradicando-se o vetor, desaparece a doença que ele transmite Vias de Transmissão Transmissão Indireta - Veículo Ser inanimado que transporta um agente etiológico Veículo Inanimado Fômites, água , solo, ar, alimentos Vias de Transmissão Fômites Objeto inanimado ou substância capaz de absorver, reter e transportar microorganismos infecciosos de uma animal à outro. Objetos de uso em animais, são fonte de infecção (doente ou portador) , e ser fonte de transmissão de doenças. CONTROLE = DESINFECÇÃO
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