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PROTOZOÁRIOS Profª. Mariana Rhaylla de O. Roque Disciplina de Infectologia I – Curso de Medicina Veterinária Faculdade Anhanguera Dourados PROTOZOÁRIOS Organismos unicelulares, eucariontes (núcleo). Protos = antes; zoário = animal 65.000 espécies conhecidas 10.000 espécies interagem com animais vertebrados ou invertebrados. Introdução 2 Primeira descrição de protozoários: século XVII por Antony van Leeuwenhoek (1632 - 1723), comerciante têxtil holandês. Introdução www.radil.missouri.edu Eimeria stiedae Giardia spp. trofozoítos 3 Comerciante têxtil holandês, Leeuwenhoek divertia-se, nas horas vagas, a montar lentes, tendo observado aquilo que denominou de “animalculus”, umas pequenas criaturas vivas apenas identificáveis através de vidros curvos que montou num microscópio rudimentar. Viu microorganismos que se moviam em gotas de chuva, infusões pútridas, saliva e vinagre. E narra, numa outra carta, o «horror» estampado na cara de pessoas que o visitaram para testemunhar as suas descobertas São pequenos de 1 a 150µm, apresentam alto índice de reprodução. A classificação dos protozoários se dá pela forma e localização de suas organelas especializadas. Induzem boa resposta imune e também apresentam mecanismos de escape longos períodos de parasitismo. Introdução 4 Locomoção Flagelo: Estrutura fina, filiforme, exterioriza-se em pontos definidos na célula de acordo com a espécie ou estágio do protozoário. Se dá por flagelos, cílios, pseudópodos ou microtúbulos 5 Flagelo: Em algumas espécies o flagelo se une ao corpo do protozoário formando uma membrana ondulante. Ex: Trypanosoma spp. , Trichomonas spp, Leishmania spp, Giardia spp De um modo geral o flagelo “puxa”o organismo. Locomoção Trypanosoma spp 6 Membrana ondulante: adaptação para habitar meios viscosos Cílio: estrutura muito fina, curtos, cada um dos cílios se origina num corpo basal. Revestem grande parte da estrutura corpórea, promovem movimento celular. Podem auxiliar na alimentação do protozoário. Locomoção Balanditium coli 7 Pseudópodos: Prolongamentos citoplasmáticos. O movimento se dá às custas do movimento do citoplasma do parasita. Participa da atividade fagocitária. Locomoção 8 Microtúbulos: Estruturas subpeliculares existentes em alguns protozoários que permitem sua locomoção por contrações sucessivas possibilitando: flexões, deslizamentos e ondulações. Ex. Toxoplasma, Sarcocystis, Eimeria Locomoção 9 Reprodução Esporozítos- estágio infectante Trofozoítos – é o estágio do protozoário no hospedeiro, alimentando-se e crescendo até começar a divisão Cisto – é uma forma de resistência ou latência, pode ser encontrado nas fezes ou nos tecidos. Tem origem formas que se reproduzem assexuadamente. Oocisto – Formado por reprodução sexuada, a partir da fusão de gametas O Cisto e o Oocisto são formas infectantes de alguns protozoários Assexuada: Uma vez que o núcleo se divide, o citoplasma se divide. Pode ocorrer por fissão binária, múltipla ou por brotamento. Fissão Binária (a célula se divide em duas células iguais). O plano de fissão pode ser randômico (amebas), longitudinal (flagelados) ou transversal (ciliados) Reprodução 11 Fissão múltipla (o núcleo se divide várias vezes e a célula origina várias células menores): Esquizogonia: Nesse processo o trofozoíto cresce até atingir um tamanho grande enquanto o núcleo se divide repetidamente. Essa estrutura é chamada esquizonte e, quando madura, cada núcleo terá adquirido uma porção do citoplasma, de tal maneira que o esquizonte fica repleto de uma grande quantidade de organismo alongados separados, chamados merozoítos. Os esquizontes eventualmente se rompe, liberando os merozoítos individuáis Reprodução Plasmodium spp 12 Brotamento: Externo: formam-se duas células de diferentes tamanhos. Interno ou endopoligenia: semelhante à esquizogonia, as células filhas são formadas dentro da célula mãe. A formação da célula é concomitante com a do núcleo. A progênie é liberada pelo rompimento da célula mãe. Quando se formam duas células é denominado de endodiogenia (Toxoplasma) . Reprodução 13 Sexuada Gametogonia: Há produção de gametas sexuais Fusão dos macrogametas com microgametas resulta em um zigoto diplóide, por exemplo: oocisto. Nota: Algumas espécies de protozoários possuem apenas a reprodução assexuada: fissão binária (Leishmania spp, Giardia spp) outras já possuem reprodução assexuada e sexuada (Toxoplasma, Eimeria, Plasmodium...) Reprodução 14 Protozoários – Classificação FILO SUB-FILO CLASSE 15 PROTOZOÁRIOS FLAGELADOS Trichomonas T. vaginalis: infecta sistema reprodutor de humanos T. gallinae: infecta o sistema digestório de aves T. suis (dados moleculares mostram que T. foetus e T. suis são a mesma espécie) T. foetus: protozoário flagelado infecta sistema reprodutor de bovinos 18 Ordem Trichomonadida - características Fonte: Roberts & Janovy, 2005 Tritrichomonas foetus Trichomonas vaginalis 19 Trichomonas spp. - morfologia Trofozoítos de Trichomonas caviaei com membrana ondulante e um grande núcleo único 20 Trichomonas foetus Afeta a produtividade dos rebanhos infectados Perdas econômicas: tratamento, sacrifício e reposição de animais infectados, queda na produção. 21 Trichomonas foetus – epidemiologia É uma doença praticamente erradicada em países que utilizam intensamente a inseminação artificial e fazem controle do sêmen. Ocorre de forma endêmica em regiões onde o controle sanitário é deficiente ou o sistema de produção é extensivo, com utilização de monta natural. 22 Trichomonas foetus – patogenia Macho : O trofozoíto habita o prepúcio dos machos Após a infecção os touros podem apresentar discreta inflamação do prepúcio e glande com edema e corrimento. Recuperam em 2 a 3 semanas. Após o período inicial o quadro torna-se assintomático (não afeta fertilidade e libido) e não desenvolve imunidade O macho pode abrigar o parasita e contaminar um grande número de fêmeas 23 Trichomonas foetus – patogenia 24 Trichomonas foetus – patogenia 25 Trichomonas foetus – patogenia Fêmea Recém contaminadas parasitas inicialmente multiplicam-se na vagina útero multiplicam-se endometrite impede a manutenção da gestação morte embrionária, reabsorção do embrião, abortamento precoce (6 a 16 semanas) . Eventualmente quando não há eliminação completa das membranas fetais ou mesmo feto piometrite pode ocorrer esterilidade permanente das vacas Vaca retorna ao cio, o parasita se mantém na vagina podendo infectar outros touros. Fluem para a vagina de forma intermitente, de um modo geral 2 ou 3 dias antes do estro. Vacas: podem apresentar ciclos a intervalos irregulares (muitas vezes é o principal sintoma observado) 26 Tritrichomonas foetus – patogenia Fêmea Desenvolvem imunidade capaz de eliminar o parasita Algumas podem permanecer como portadoras assintomáticas. Trichomonas pode atuar como porta de entrada para patógenos oportunistas Vaca pode apresentar baixo índice de fertilidade 27 Outros membros da família Trichomonadidae Em humanos T. vaginalis – infecção venérea. Habita a vagina e uretra de mulheres e próstata e vesículas seminais de homens. Transmissão pela relação sexual. T. tenax – habita a gengiva e espaço periodontal. Pentatrichmonas hominis – comensal do trato intestinal Em galinhas T. gallinae – infecção 28 T. gallinae Hospedeiros – o pombo é o principal hospedeiro, mas pode infectar outras aves Prevalência – muito comum em pombos Patogenia É uma doença de aves jovens. Adultos não apresentam sintomas Infecção pode ser leve e evoluir para a morte Pode-se encontrar um exsudato amarelado, esverdeado na cavidade bucal Provoca lesões na cavidade bucal, seios nasais, região orbital, faringe, esôfago e até proventrículo Lesões amareladas pequenas que podem evoluir para grandes massas caseosas 29 T. gallinae - lesões 30 GIARDÍASE Giardia spp. - espécies Mais de 40 espécies do gênero Giardia foram descritas, mas somente 5 são consideradas válidas Giardia duodenalis , também denominadas de G. intestinalis ou G lamblia: parasita amplo grupo de animais domésticos e silvestres além do homem. G muris: roedores G psitacci e G ardeae: aves G agilis: anfíbios 32 Giardia – ciclo de vida Vivem no intestino delgado. O disco adesivo adere às células do epitélio intestinal. Os parasitas são móveis graças aos flagelos. Os trofozoítos se dividem por fissão binária Um único hospedeiro pode eliminar bilhões de parasitas. Quando as fezes ficam desidratadas no intestino grosso, aparecem as formas de cistos. Os cistos novos podem ter dois núcleos e os mais antigos quatro. Quando ingeridos pelo hospedeiro, resistem à passagem pelo estômago, se excistam no duodeno e os flagelos voltam a crescer. 33 Os trofozoítos se dividem por fissão binária: os núcleos se dividem primeiro, seguidos pelo aparelho locomotor, disco adesivo e citoplasma. Giardia – ciclo de vida 35 Giardia spp. – epidemiologia O ciclo é direto Os cistos são eliminados pelas fezes por 1 a 2 semanas após a infecção. Cistos são resistentes no meio ambiente por longos períodos Trofozoítos também podem ser eliminados pelas fezes (especialmente em gatos), mas raramente sobrevivem por um período significativo fora do hospedeiro Doença altamente contagiosa Infecção se dá pela ingestão de cisto maduros É uma zoonose Transmissão ocorre pela água e alimentos contaminados 36 PPP: 5 -12 dias transmissão fecal-oral: ciclo direto 1. Giardia spp. – morfologia dos trofozoítos 37 Leishmania spp. Introdução Membros do gênero Leishmania sp. ocorrem principalmente em mamíferos, causando doenças em cães, roedores e no homem. É uma zoonose onde roedores, cães e demais animais (gambás) podem atuar como reservatórios. Doença de distribuição mundial. Cães: forma cutânea e visceral. Cães mais jovens e idosos são mais susceptíveis 41 Introdução Em humanos: Cutânea Cutâneo-mucosa Visceral (calazar) 42 Introdução Em animais: Cutânea Visceral (calazar) Formas da doença Forma cutânea localizada ou difusa Lesões: ulcerativas ou nodulares com tendência à cura espontânea ou que podem se disseminar por todo o tegumento subcutâneo. Parasitas reproduzem-se rapidamente na lesão. Parasitas: metade anterior do intestino do flebotomíneo. Espécies: Leishmania mexicana, L. amazonensis AG-ICB-USP 44 Formas da doença Forma muco-cutânea Lesões: ulcerativas tegumentares com tendência à invasão naso-buco-faríngea, causando mutilações. Parasitas reproduzem-se lentamente na lesão. Parasitas: metade posterior do intestino do flebotomíneo. Espécies: Leishmania braziliensis, L. guyanensis, L. tropica Forma visceral ou calazar Lesões: ulcerações superficiais tendem a desaparecer; acomete o fígado, baço e medula óssea pode evoluir para o óbito. Espécies: Leishmania donovani, L. infantum (L. chagasi). Formas da doença 46 Distribuição mundial leishmaniose visceral (Calazar) Fonte: OMS 47 Distribuição mundial leishmaniose cutânea Fonte: OMS 48 Brasil mais importantes: L. amazonensis, L. braziliensis, L. chagasi Sul da Europa, África, Ásia: L. tropica África, Ásia: L. donovani Países mediterrâneos: L. infantum Distribuição geográfica 49 Etiologia Parasitas intracelulares de macrófagos. Quadros variam de acordo com a espécie de Leishmania, bem como susceptibilidade genética do vetor e do hospedeiro. Há muitas espécies de Leishmania que são morfologicamente semelhantes. Espécies do gênero Leishmania divididas em complexos de acordo com a sintomatologia que causam. Promastigota penetrando um macrófago 50 Estágios de desenvolvimento Em Leishmania spp. encontram-se dois estágios de desenvolvimento: (a) – Promastigota – o flagelo emerge da parte anterior da célula (d) – Amastigota – somente o cinetoplasto é visível. Não há flagelo. 51 Formas evolutivas Amastigota: Forma esférica ou oval, tem um flagelo rudimentar. Somente o núcleo e o cinetoplasto são visíveis à microscopia óptica. Dimensão: 2,0 mm. Multiplica-se por fissão binária. Geralmente encontrados em grupos no interior de macrófagos ou livres após rompimento destas células. Também observados em células do sistema fagocítico mononuclear que estão presentes na pele, baço, fígado, medula óssea, linfonodos, mucosa etc... Amastigota Amastigota 52 Promastigota Formas extracelulares encontradas no intestino dos insetos Dimensões variadas: 14,0 – 20,0 x 1,5 – 3,5 mm Apresenta flagelo longo alongado sem membrana ondulante (porção anterior do parasita) Núcleo arredondado ou oval, situando-se na região mediana ou anterior do parasita Durante a passagem pelo inseto sofrem um processo de diferenciação celular, denominado metaciclogênese Formas evolutivas 53 Promastigota em intestino de flebotomo Forma promastigota Promastigota Promastigota 54 Lutzomyia “mosquito palha” ou “birigui”, inseto pequeno com 2 a 3 mm de comprimento Vetor Ciclo de vida Ciclo de vida heteroxeno. Transmitido por flebotomíneos hematófagos (Lutzomyia longipalpis e Phlebotomus spp.), também denominado de mosquito palha. São pequenos, vivem em solo úmido em áreas de matas ou florestas. A fêmea se alimenta de sangue de animais silvestres e/ou domésticos e de humanos. Saliva do inseto componentes que tem atividade anti-inflamatória, anti-coagulante, vasodilatadora e imunossupressora (interfere com a atividade microbicida dos macrófagos auxilia na disseminação do parasita. AG-ICB-USP 56 Ciclo de vida divisão simples divisão simples Patogenia Leishmaniose forma cutânea e visceral. Em ambos os casos há destruição dos macrófagos. Após a infecção alguns cães não desenvolvem a doença por pouco tempo, por anos ou por toda a vida. Cão pode ficar imune à reinfecção. Outros cães após a infecção quadro progressivo geralmente após 2 a 4 meses aparecem os sintomas da leishmaniose lesões cutâneas, esplenomegalia, hepatomegalia, linfoadenopatia e lesões cutâneas persistentes, alem da anemia. Animais assintomáticos podem ser fonte de infecção AG-ICB-USP 58 Sintomas Sintomas: podem levar meses para surgirem, inclusive podem aparecer quando o cão não está mais na região endêmica. Há basicamente 2 quadros clínicos: Forma cutânea: L. (V) braziliensis Ulceras cutâneas superficiais, geralmente nos lábios ou pálpebras, de recuperação espontânea. Geralmente há baixos níveis de resposta imune humoral. 59 Sintomas Forma visceral: L. chagasi = L. infantum Sintomatologia variável. Altos níveis de anticorpos. Ocorrem lesões cutâneas e viscerais. Geralmente é crônica; O quadro clínico se assemelha à doença humana; Pode ocorrer longos períodos sem sintomatologia e depois haver o ressurgimento do quadro. 60 Sintomas Forma visceral: L. chagasi Há febre irregular de longo curso, palidez de mucosas e emagrecimento progressivo e na fase terminal, caquexia intensa. Hipertrofia do sistema fagocítico mononucler esplenomegalia, hepatomegalia e linfoadenopatia generalizada. Sinais mais freqüentes alterações cutâneas e dos fâneros alopecia (local ou generalizada), comumente há alopecia ao redor dos olhos, pequenas ulcerações crostosas (isoladas ou confluentes) observadas no focinho, orelha e extremidades, descamação, eczema, crescimento excessivo das unhas (onicogrifose). 61 Lesões 62 Lesões AG-ICB-USP 63 Lesões CONTINUA...
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