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Teoria Geral do Processo - PDF

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15
Capítulo I
Teoria Geral do Processo
Sumário • 1. Jurisdição; 1.1. Generalidades e conceito; 1.2. Características; 1.3. Divisão; 2. Princí-
pios de processo civil; 3. Ação e Processo; 3.1. Ação: generalidades; 3.2. Elementos da ação; 3.3. 
Processo; 3.4. Tipos de processo (classificação das ações) e procedimento; 3.5. Pressupostos 
processuais; 3.5.1. Pressupostos processuais de existência; 3.5.2. Pressupostos processuais 
de validade; 3.5.3. Pressupostos processuais negativos; 3.5.4. Existência e Validade: meios de 
impugnação; 3.6. Condições da ação; 4. Partes; 4.1. Conceito; 4.2. O cônjuge no processo civil; 
4.3. Representação; 4.4. Sucessão e substituição de partes (legitimação extraordinária); 4.5. 
Ato das partes; 5. Litisconsórcio; 5.1. Definição; 5.2. Classificação; 5.3. Litisconsórcio multitu-
dinário; 5.4. Efeitos da não formação do litisconsórcio; 5.5. Regime jurídico do litisconsórcio; 
5.6. Litisconsórcio e prazos; 6. Intervenção de terceiros; 6.1. Assistência (arts. 50-55, CPC); 
6.1.1. Assistência simples; 6.1.2. Assistência litisconsorcial; 6.1.3. Questões processuais comuns 
à assistência simples e litisconsorcial; 6.2. Oposição (arts. 56-61, CPC); 6.3. Nomeação à autoria 
(arts. 62-69, CPC); 6.4. Denunciação à lide (arts. 70-76, CPC); 6.5. Chamamento ao processo 
(arts. 77-80, CPC); 6.6. Considerações processuais finais sobre as intervenções de terceiros; 7. 
Do advogado no processo civil; 8. O Ministério Público no processo civil; 8.1. MP como parte; 
8.2. O MP como custos legis; 9. O juiz; 9.1. Princípios; 9.2. Os atos processuais do juiz (pronun-
ciamentos judiciais); 10. Os auxiliares da Justiça e seus atos; 11. Competência; 11.1. Jurisdição, 
competência e previsão legal; 11.2. Jurisdição (competência) internacional (arts. 88 a 90, 
CPC); 11.3. Competência interna; 11.3.1. Critérios de competência (absoluta e relativa); 11.3.2. 
Critério funcional/hierárquico (ratione personae); 11.3.3. Critério material (ratione materiae); 
11.3.4. Critério valorativo (ratione valoris); 11.3.5. Critério Territorial (ratione loci) e distribuição; 
11.3.6. Perpetuatio jurisdictionis e causas modificativas de competência; 11.3.7. Foro de eleição 
(art. 111, CPC); 12. Do tempo e do lugar dos atos processuais; 13. Prazos e preclusão; 13.1. A 
preclusão; 13.2. Prazos; 14. Nulidades; 15. Formação, suspensão e extinção do processo; 15.1 
Formação; 15.2. Suspensão do processo; 15.3. Extinção; 16. Questões; 16.1. Condições da ação 
e pressupostos processuais; 16.2. Litisconsórcio e intervenção de terceiros; 16.3. Advogado; 
16.4. Ministério Público; 16.5. Juiz e seus pronunciamentos; 16.6. Auxiliares da Justiça e seus 
atos; 16.7. Competência; 16.8. Prazos e preclusão; 16.9. Nulidades; 16.10. Formação, suspensão 
e extinção do processo.
1. Jurisdição
1.1. Generalidades e conceito
A solução dos conflitos em sociedade pode-se dar de três maneiras bem 
distintas: por meio da autotutela, pela autocomposição e por heterocomposição.
A autotutela, a mais primitiva delas, consiste na solução do litígio pelo emprego 
da força particular (lei do mais forte). Regra geral, não é admitida, constituindo-se 
seu exercício na prática de crime (exercício arbitrário das próprias razões, art. 345, 
Fernando da Fonseca Gajardoni e camilo ZuFelato
16
do Código Penal – CP). Há, entretanto, resquícios de autotutela no sistema, como a 
execução hipotecária do Decreto-lei 70/66, o desforço imediato da posse (art. 1.210, 
§ 1º, CC/2002), a consignação extrajudicial em pagamento (art. 890 e §§, do Código 
de Processo Civil – CPC) e o embargo extrajudicial da ação de nunciação de obra 
nova (art. 935, CPC).
Já a autocomposição, o mais civilizado dos meios de solução dos conflitos, 
advém da resolução do problema por acordo de vontades, que pode decorrer da 
transação (concessões mútuas e recíprocas), da renúncia ao direito pelo autor e do 
reconhecimento jurídico do pedido pelo demandado (art. 269, II, III e V, CPC). Não 
se deve confundir o resultado da autocomposição (transação, renúncia e reconhe-
cimento jurídico do pedido) com as técnicas empregadas para obtê-la (negociação, 
mediação e conciliação).
ATENção. Negociação é a técnica autocompositiva empregada sem a intervenção de terceiros 
colaboradores, através da qual as partes e/ou seus representantes, diretamente, tentam 
chegar a um consenso e por fim ao conflito. Já a mediação e a conciliação são técnicas em 
que há a intervenção de um terceiros colaborador, responsável pela facilitação do diálogo 
entre os contendores (mediador/conciliador). Na mediação a atuação desse terceiro é me-
nos ativa, servindo ele mais como responsável pelo restabelecimento do diálogo entre as 
partes, que devem, por si mesmo, chegar ao consenso. Na conciliação, além desse papel, o 
terceiro sugere possíveis soluções, participando mais ativamente da construção da solução. 
Tanto negociação, mediação quanto conciliação, são técnicas empregadas a bem da obtenção 
da autocomposição nas suas modalidades transação, reconhecimento jurídico do pedido e 
renúncia ao direito em que se funda a ação (art. 269, II, III e V, do CPC).
Finalmente, o mais usual meio de pacificação é a heterocomposição, que 
consiste na solução do conflito por meio de terceira pessoa, investida por lei (juiz, 
art. 1º, CPC) ou pelas partes (arbitragem, Lei nº 9.307/96) de função jurisdicional.
Diz-se que há jurisdição quando a lei (ou as partes) investe determinada pessoa 
ou órgão da função de compor os conflitos alheios, solucionando o impasse havido 
entre os litigantes com ares de definitividade.
1.2. Características
Grosso modo, são seis as características da jurisdição:
a) imparcialidade: o órgão jurisdicional, até para que sua decisão inspire confiança, 
não há de ser tendencioso em prol de quaisquer das partes. É exatamente por 
isso que o CPC, nos arts. 134 e 135, enumera, respectivamente, várias hipóteses 
em que o juiz é considerado suspeito ou impedido, devendo, pois, se afastar 
do julgamento da causa;
Teoria Geral do Processo
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b) definitividade: principal das características, consiste no traço distintivo básico 
entre as decisões de âmbito administrativo e jurisdicional, posto que somente 
estas últimas têm o condão de se tornarem indiscutíveis, salvo na própria seara 
jurisdicional (ação rescisória/anulatória ou ação de nulidade de sentença arbi-
tral);
c) regular contraditório: pressuposto da definitividade, a atividade jurisdicional 
se desenvolve, sempre, em pleno contraditório, que, às vezes, é postergado, 
mas não eliminado (liminares inaudita altera pars);
d) indeclinabilidade: nos termos do art. 126, do CPC, o órgão jurisdicional não se 
exime de julgar alegando lacuna ou obscuridade da lei, devendo recorrer, na 
inexistência de regras legais, à analogia, aos costumes e aos princípios gerais 
do direito;
e) indelegabilidade: a função jurisdicional não pode ser transferida para aqueles 
a quem a lei ou as partes não incumbiram de heterocompor os conflitos;
f) inafastabilidade: a lei não excluirá da apreciação judicial lesão ou ameaça 
a direito (art. 5º, XXXV, da Constituição Federal – CF), de modo que nenhum 
diploma pode negar acesso aos órgãos jurisdicionais, que é amplo e irrestrito. 
O Supremo Tribunal Federal (STF) já pacificou o entendimento, uma vez que a 
Lei de Arbitragem é constitucional (Lei 9.307/96), não violando essa caracterís-
tica da Jurisdição. Primeiro, porque não é a lei, mas as próprias partes que, 
voluntariamente, optam pelo julgamento privado. E segundo porque o árbitro 
exerce Jurisdição tanto quanto o juízo Estatal (STF, Sentença Estrangeira 5.206, j. 
19.12.2001). Há uma exceção à regra da inafastabilidade, uma vez que a CF, no 
art. 217, § 1º, condiciona (não obsta) o acesso à Justiça Estatal ao prévio esgota-
mento da Justiça Desportiva nos casos a ela sujeitos.
1.3. Divisão
No regime processual civil brasileiro,a jurisdição pode ser contenciosa ou 
voluntária (embora a doutrina, em quase sua totalidade, negue atributo jurisdi-
cional a esta última, uma vez que não tem ares de definitividade).
A Jurisdição voluntária (art. 1.103 e ss.) consiste na intervenção pública nos 
negócios jurídicos privados, ou seja, na integração da vontade particular pela chan-
cela do Estado, independentemente da existência de conflito entre as partes. Isso 
significa que não há propriamente litígio a ser solucionado, intervindo o Judiciário 
no caso, exclusivamente, porque o legislador elegeu esse órgão (poderia ser outro) 
como o ideal para aferir se a pretensão das partes é válida e está de acordo 
com o ordenamento jurídico. São exemplos desse tipo de Jurisdição as ações de 
Fernando da Fonseca Gajardoni e camilo ZuFelato
18
separação consensual (que atualmente podem até ser realizadas diretamente no 
Cartório de Registro Civil), de interdição, de substituição de curador, etc.
Já a Jurisdição contenciosa é a verdadeira atuação heterocompositiva do Estado 
(Judiciário) ou do particular (arbitragem) na solução dos litígios. Todas as ações em 
que há litígio a ser dirimido correm em Jurisdição contenciosa.
O Poder Judiciário é órgão estatal incumbido do exercício tanto da Jurisdição 
contenciosa quanto da voluntária. Tal atividade, contudo, não lhe é privativa, 
porque as partes podem ter optado pelo processo arbitral, a quem os litigantes 
conferem função jurisdicional. Há ainda algumas hipóteses constitucionais em que 
o Legislativo exerce verdadeira função jurisdicional no julgamento do Presidente da 
República, v.g., nos crimes de responsabilidade (art. 86, CF).
2. PriNCíPios dE ProCEsso Civil
Princípio, além de ser viga mestra da qual decorrem todas as normas de um 
sistema, também pode ser considerado vetor legislativo e interpretativo. Legislativo 
porque serve como diretriz a ser seguida pelo legislador/administrador no momento 
da elaboração de normas jurídicas, de modo a fazer com que elas observem e se 
ajustem aos princípios. Interpretativo porque, para fins de aplicação das normas 
jurídicas, o operador do direito deve sempre privilegiar a interpretação que mais 
se coadune com os princípios.
Na seara processual civil, há duas grandes ordens de princípios: os informativos 
(ou formativos) e os gerais/genéricos.
Os informativos (ou formativos) são os princípios de aceitação universal, verda-
deiras regras de cunho axiomático, sem conteúdo político-ideológico a variar de 
país para país. Em outros termos, todos os países do mundo seguem os 04 (quatro) 
princípios informativos (ou formativos) a seguir indicados: 
a) princípio lógico: o processo deve ter ordem estrutural lógica, sendo que certos 
atos devem preceder aos demais (v.g., como regra, a reação/contestação deve 
vir antes da conclusão/decisão);
b) princípio econômico: o processo sempre deve buscar o melhor resultado com 
o menor tempo e sacrifício aos direitos individuais); 
c) princípio jurídico: o processo sempre deve obedecer a um ordenamento jurí-
dico, espelhando a sua forma de ser;
d) princípio político: o processo serve à atuação da vontade do Estado; para a 
aplicação do direito objetivo.
Teoria Geral do Processo
19
Já os gerais ou genéricos são os princípios em que há manifesta carga de opção 
do legislador, isto é, aqueles em que cada sistema processual, cada país, opta pelos 
seus. 
No Brasil, além dos princípios gerais/genéricos previstos na Constituição Federal 
– igualdade (art. 5º, caput), devido processo legal, contraditório e ampla defesa (art. 
5º, LV), juiz natural (art. 5º, LIII), inafastabilidade (art. 5º, XXXV), tutela jurisdicional 
tempestiva (art. 5º, LXXVIII), etc. – há, ainda, outros no próprio Código de Processo 
Civil.
Em linhas gerais, merecem destaque os seguintes princípios gerais/genéricos 
previstos no sistema processual civil (alguns de modo implícito):
a) princípio da ação, da demanda, da inércia ou do dispositivo (art. 2º, 128 e 460, 
CPC): regra geral, não haverá tutela jurisdicional sem prévia provocação do 
interessado, não sendo lícito ao juiz proferir decisão não pedida ou que extra-
vase os limites estabelecidos pelas partes (pedido e causa de pedir). Exceções: 
inventário (art. 989, CPC), algumas medidas cautelares (arts. 797/798), tutela 
antecipada nas ações que tenham por objeto obrigação de fazer, não fazer e 
entregar coisa (art. 461, § 3º e 461-A, § 3º, ambos do CPC);
b) princípio do impulso oficial (art. 262, CPC): o processo só se inicia por iniciativa 
da parte, mas se desenvolve, depois de iniciado, automaticamente, indepen-
dentemente de provocação;
c) princípio da indeclinabilidade da função jurisdicional (art. 126, CPC): diversa-
mente do que ocorria no passado – quando o julgador poderia deixar de decidir 
nas hipóteses em que faltava lei ou faltavam provas (non liquet) para prolação 
de sentença –, no Direito Moderno, o próprio sistema estabelece regras de 
integração para os casos de omissão legal. Eis por que o CPC, na esteira do que 
já prevê os arts. 4º e 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
(Decreto 4.657/42), estabelece que o juiz não se exime de julgar alegando lacuna 
ou obscuridade da lei, devendo, nesses casos, recorrer – respectivamente – à 
analogia (julgamento por semelhança), aos costumes (padrões de comporta-
mento reiteradamente adotados através dos tempos) e aos princípios gerais 
do direito (regras universais de Justiça);
d) princípio da legalidade estrita (art. 127, CPC): regra geral, o juiz só julga com 
base na lei, sendo-lhe vedado proferir decisões com base na equidade (justiça 
do caso concreto). Natural que seja assim, pois, do contrário, o juiz faria o 
papel do legislador, dando azo ao arbítrio. A regra, entretanto, comporta exce-
ções, isto é, hipóteses em que o sistema autoria o magistrado a julgar com base 
na equidade, afastando dos critérios de legalidade estrita, e tomando no caso 
a decisão que lhe parecer mais justa. É o que ocorre no Juizado Especial Cível 
Fernando da Fonseca Gajardoni e camilo ZuFelato
20
(art. 6º, Lei nº 9.099/95) e nos processos de jurisdição voluntária (art. 1.110, CPC), 
em que, excepcionalmente, autoriza-se o julgamento fora dos padrões estrita-
mente legais;
e) princípio do livre convencimento motivado ou da persuasão racional (art. 131, 
CPC): o juiz, como regra, apreciará livremente a prova produzida no processo, 
não estando, portanto, vinculado ao prévio sistema de tarifação/valoração da 
prova (sistema da prova legal ou tarifada). Mas deverá indicar na decisão os 
motivos que lhe formaram o convencimento. A motivação das decisões judi-
ciais, mais do que imperativo constitucional (art. 93, IX, da CF), é fundamental 
para o controle, pelas instâncias superiores, da correção da decisão, servindo, 
por conseguinte, como fator de legitimação da própria atividade jurisdicional 
(cujos membros, diversamente de outros representantes de Poder, não são 
eleitos);
f) princípio da vinculação ou da identidade física do juiz (art. 132, CPC): o juiz 
titular ou substituto que encerrar a instrução, isto é, que ouvir a última teste-
munha do processo (ainda que outro tenha ouvido todas as demais), julgará a 
lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado, promovido ou aposen-
tado;
g) princípio da eventualidade (art. 300, CPC): compete ao réu alegar (concen-
trar), em contestação, toda a matéria de defesa (razões de fato e de direito), 
ainda que os vários eventos alegáveis (daí eventualidade) sejam incompatí-
veis entre si. Exceção: art. 303, CPC, que permite a alegação posterior de fatos 
não expostos na contestação (relativos a direito superveniente, conhecíveis de 
ofício pelo juiz e que por expressa disposição legal possam ser formulados a 
qualquer tempo);
h) princípio da impugnação especificada dos fatos alegados na inicial (art. 302,CPC): cabe ao réu manifestar-se precisamente sobre todos os fatos alegados 
pelo autor, sob pena de se presumirem verdadeiros aqueles não expressa-
mente impugnados (art. 334, III, CPC);
i) princípio da non reformatio in pejus (implícito): o julgamento do recurso, 
como regra, não pode prejudicar a parte que recorreu, de modo a agravar-
-lhe a situação. Nessa toada vem a súmula 45 do STJ, no sentido de que “no 
reexame necessário é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à 
Fazenda Pública”. As exceções a esse princípio ficam por conta das questões 
de ordem pública (pressupostos processuais, condições da ação e nulidades 
absolutas) que, como tais, podem ser conhecidas de ofício a qualquer tempo 
e grau de jurisdição, prejudiquem a quem prejudicar (inclusive ao recor-
rente).
Teoria Geral do Processo
21
3. Ação E ProCEsso
3.1. Ação: generalidades
Ao se analisar o conceito de ação – direito subjetivo de pedir tutela (proteção) 
ao Estado –, deve-se fazê-lo sob duas óticas: a constitucional e a processual.
No plano constitucional, o direito de ação, nos termos do art. 5º, XXXV, da CF, 
é ilimitado, não sujeito a nenhum tipo de condicionamento. Assim, se for encami-
nhado a um órgão com função jurisdicional uma demanda contra parte ilegítima, 
sabe-se que, ao menos no plano constitucional, foi exercitado tal direito, mesmo 
que o juiz tenha que, obviamente, indeferir o próprio processamento da demanda. 
Eis por que vários autores indicam o direito constitucional de ação como sendo, na 
verdade, o direito de petição, consagrado no art. 5º, XXXIV, “a”, da CF (direito de 
apresentar reclamação a qualquer órgão público).
Já no plano processual, o direito de ação é limitado. E limitado pelo que se tem 
mais modernamente denominado pressupostos de admissibilidade para o julga-
mento do mérito (pressupostos processuais e condições da ação).
Assim, naquele mesmo exemplo da ação contra a parte ilegítima, tem-se que o 
autor exercitou o direito constitucional de ação, mas não o processual, posto que 
o súbito indeferimento da inicial por ilegitimidade de parte (art. 295, II, CPC) não 
solucionou o mérito da questão (o litígio). Afinal de contas, o autor não preenchia 
um dos pressupostos de admissibilidade para o julgamento do mérito, mais preci-
samente a condição da ação capacidade ad causam.
Exercício do direito processual da ação, portanto, só com o preenchimento 
dos pressupostos de admissibilidade para o julgamento do mérito (pressupostos 
processuais e condições da ação), pouco importando que, no julgamento da 
demanda, o pedido do autor seja acolhido (procedência) ou não (improcedência). 
E isso porque o direito de ação e o direito material subjacente são autônomos. 
Pode não se ter direito de ação (não preenchimento dos pressupostos) e, conse-
quentemente, não se ter o pedido (direito material) analisado (extinção sem análise 
do mérito). Pode-se ter direito de ação (preenchimento dos pressupostos) e, ao 
ter o pedido analisado (direito material), não se ter razão (improcedência da ação, 
rectius, do pedido). E pode-se ter o direito de ação (preenchimento dos pressu-
postos) e o direito material (procedência da ação, rectius, do pedido).
3.2. Elementos da ação
Toda ação tem como regra três elementos: partes, pedido e causa de pedir.
a) Partes: ativa (autor) e passiva (réu). Parte é quem pede e contra quem se pede 
algo no exercício do direito de ação. Terceiro, em regra, é quem não pede ou 
tem pedidos formulados contra si. A partir do momento em que é dado ao 
Fernando da Fonseca Gajardoni e camilo ZuFelato
22
terceiro intervir na relação jurídica processual e passar a formular pedidos ou 
tê-los formulados contra si, ele deixa de ser terceiro e passa a ser parte (v.g. 
denunciação à lide, chamamento ao processo, etc.).
ATENção. São raras as ações em que não há a parte passiva, como ocorre, por exemplo, nas 
ações de controle concentrado de constitucionalidade (art. 103 da CF – ADI, ADC, ADPF) e em 
alguns feitos de Jurisdição voluntária (pedido de alvará para alienação de bens de incapazes).
b) Pedido (objeto): sem dúvida, é o elemento principal da ação; divide-se em 
duas classes: 
•	 Pedido	imediato: é o provimento jurídico desejado, o tipo de pronuncia-
mento jurisdicional que se pretende obter (sentenças declaratória, consti-
tutiva, condenatória, executiva, mandamental, etc.);
•	 Pedido	mediato: é a parte mais visível do pedido, consistente no bem da 
vida desejado, no efetivo objeto que se pretende com a ação (dinheiro, 
carro, casa, guarda dos filhos, etc.).
c) Causa de pedir: são os fundamentos (a narrativa) de fato e de direito do 
pedido. Nos termos da teoria da substanciação, adotada expressamente pelo 
nosso sistema (art. 282, III, CPC), a causa de pedir necessariamente deverá 
conter os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido, motivo pelo qual a 
doutrina costuma subdividi-la em: 
•	 Causa	de	pedir	próxima: fundamento jurídico do pedido, a tese jurídica que 
sustenta o pedido (erro, dolo, coação, culpa, inadimplemento, impontuali-
dade, onerosidade excessiva, falta de deveres matrimoniais, etc.). Não se 
deve confundir tese jurídica (causa de pedir próxima) com tese legal (dispo-
sitivo de lei), pois que esta última é dispensável e não precisa constar da 
petição inicial, sendo dever do juiz amoldar a narrativa de fato e de direito 
à norma jurídica aplicável (iura novit curia);
•	 Causa	de	pedir	remota: fundamento de fato do pedido, o evento no mundo 
fenomênico (a estória) que sustenta a tese jurídica e serve para convencer 
o julgador em prol da tese do autor.
ATENção. Alguns poucos autores invertem as nomenclaturas causa de pedir próxima e remota, 
argumentando que a primeira é o fundamento de fato, e a segunda, o fundamento jurídico. 
O importante é saber que a causa de pedir no sistema processual civil brasileiro sempre tem 
fundamento de fato e de direito (princípio da substanciação, em contrariedade à regra da 
individuação).
Teoria Geral do Processo
23
ATENção. No processo de execução tem prevalecido o entendimento de que não é necessária 
a declinação da causa de pedir, já que ela seria o próprio título executivo apresentado pelo 
credor. Na ação monitória (art. 1.102-a do CPC), a questão é controvertida, tendo prevalecido 
o entendimento de que, como processo de conhecimento que é, também é necessária a 
declinação da origem da obrigação representada pela prova escrita, salvo nas situações 
em que tal documento é título cambial prescrito (súmula 299 do STJ), quando então estaria 
dispensada tal exigência.
3.3. Processo
Processo é instrumento pelo qual o Estado exerce a Jurisdição, o autor, o direito 
de ação e o réu, o direito de defesa. Processo é veículo por meio do qual se 
formulam demandas e defesas; por meio do qual o juiz ou árbitro soluciona os 
conflitos que lhe são apresentados.
Embora haja uma plêiade de teorias sobre a natureza jurídica do processo, 
prevalece amplamente no Brasil a teoria de que o processo é entidade jurídica 
complexa. 
Em outros termos, isso significa que a maioria dos autores decompõe o processo 
em duas partes: relação jurídica processual e procedimento. 
A relação jurídica processual seria a faceta intrínseca do processo, consistente 
em um feixe de obrigações, deveres, ônus e poderes que ligam os sujeitos proces-
suais (juiz, partes, MP, servidores, etc.) entre si. 
O procedimento, por sua vez, é a faceta extrínseca do processo (a sua parte 
visível), a maneira de o processo se mover no tempo e no espaço (o rito).
ATENção. A distinção entre processo e procedimento, que em outros países é meramente 
acadêmica, no Brasil tem absoluta relevância prática. Isto porque, de acordo com a CF, en-
quanto compete exclusivamente à União legislar sobre processo (art. 22, I, da CF), compete 
concorrentemente à União, Estado e DF (art. 22, XI, da CF)a competência para legislar sobre 
procedimento, cabendo ao ente central a emissão das regras gerais, e aos entes parciais 
(Estado e DF) a edição das normas particulares, capazes de adequar o instrumental às particu-
laridades locais. Portanto, é possível que haja regras estaduais/distritais sobre procedimento 
em matéria processual.
Ação não se confunde com processo. Ação é o direito público, subjetivo e 
abstrato, de pedir tutela (proteção) ao Estado (juiz). Processo é o instrumento para 
o exercício do direito de ação, o modo de exercitá-lo perante o Estado.
3.4. Tipos de processo (classificação das ações) e procedimento
Nosso sistema oferece ao jurisdicionado três veículos para o exercício do direito 
de ação, a depender da pretensão do jurisdicionado.
Fernando da Fonseca Gajardoni e camilo ZuFelato
24
O principal desses veículos é o processo de conhecimento (Livro I, CPC), utili-
zado toda vez que se pretende a declaração de um direito, um acertamento, a defi-
nição de quem tem razão com a consequente condenação do culpado a reparar 
o mal. É nesse tipo de processo que se encontra o maior número de exemplos de 
comandos declaratórios, constitutivos, condenatórios, executivos e mandamentais, 
como, respectivamente, as ações de usucapião, divórcio, cobrança, reintegração de 
posse e mandados de segurança.
Já o processo de execução (Livro II, CPC), diversamente do tratado anterior-
mente, não tem índole declaratória ou de acertamento. Na verdade, trata-se de 
veículo colocado à disposição do jurisdicionado para obrigar o condenado a satis-
fazer, forçadamente, o direito previamente declarado, seja no processo de conhe-
cimento (art. 475-I, CPC), seja em documento cuja lei dá eficácia executiva (art. 585, 
CPC). Ou seja, a índole do processo de execução é substancialmente satisfativa, 
substituindo a vontade do condenado renitente (que não cumprir a obrigação) pelo 
comando da lei declarado no título executivo.
Finalmente, o terceiro processo é o cautelar (Livro III, CPC). Processo acessório 
por excelência, tem ele o objetivo garantir a utilidade e eficácia de um prévio, 
futuro ou concomitante processo principal, seja de conhecimento, seja de execução. 
Assim, vê-se que o genuíno processo cautelar, como regra, não tem uma finalidade 
em si própria, mas serve aos demais processos. São exemplos de processos caute-
lares: a produção antecipada de provas (que garante a prova para o processo de 
conhecimento com pretensão indenizatória) e o arresto (que garante os bens para 
penhora em futuro processo executivo).
ATENção. Para alguns poucos autores, o processo cautelar serviria para a própria tutela pro-
visória do direito material (não de um processo principal), de modo que teria, sim, finalidade 
própria. Para esses autores o processo cautelar não seria, assim, mero instrumento de garantia 
de eficácia de um provimento jurisdicional futuro (processo principal), mas sim instrumento de 
definição, provisória, do direito material em situação de risco.
O procedimento (ou rito), por sua vez, não é o veículo do exercício do direito de 
ação, e, sim, a maneira como os atos processuais, dentro de cada um dos processos 
já previamente analisados (conhecimento, execução e cautelar), são concatenados 
do início (petição inicial) ao fim (tutela jurisdicional). Em outros termos, o proce-
dimento é a forma como os atos do processo (atos processuais) se combinam no 
tempo e no espaço; é a faceta extrínseca ou visível do fenômeno processual.
O quadro a seguir representa os processos (de Jurisdição contenciosa) com os 
seus principais procedimentos constantes do CPC.
Teoria Geral do Processo
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PROCESSOS E PROCEDIMENTOS NO CPC:
ProCEsso dE CoNHECiMENTo ProCEsso dE EXECução ProCEsso CAuTElAr
Procedimentos comuns (272):
a) ordinário 
b) sumário (275 a 281)
Procedimentos comuns: 
a) execução por quantia certa 
contra devedor solvente 
(646 e ss. CPC)
b) execução para entrega de 
coisa certa ou incerta (621 a 
631, CPC)
c) execução de fazer e não 
fazer (632 a 645, CPC)
Procedimento comuns:
a) das cautelares nominadas 
sem procedimento próprio 
(art. 888/889, CPC)
b) das cautelares inominadas 
(art. 798, CPC)
Procedimentos especiais (890 
a 1.102, CPC)
Procedimentos especiais:
a) execução por quantia contra 
devedor insolvente (748 a 
776, CPC)
b) execução contra a Fazenda 
Pública (art. 730 e ss. CPC)
c) execução de alimentos (732 
e ss., CPC)
Procedimentos especiais (cau-
telares nominadas com proce-
dimento próprio – arts. 813 a 
887, CPC)
Vale destacar que, nos termos dos arts. 270 e ss. do CPC, as regras do processo 
de conhecimento se aplicam subsidiariamente aos processos de execução e cautelar, 
servindo, portanto, o Livro I do CPC como verdadeira parte geral do sistema proces-
sual civil. 
Da mesma forma e conforme os mesmos dispositivos, as regras do procedi-
mento comum ordinário se aplicam subsidiariamente aos procedimentos especiais 
e sumários.
3.5. Pressupostos processuais
O primeiro conjunto de requisitos para julgamento do mérito da ação são os 
pressupostos processuais (o outro conjunto são as condições da ação). São eles 
requisitos essenciais, eleitos pelo legislador, sem os quais se entende que o instru-
mento de atuação do Estado/Juiz (o processo) não tem condições de se desen-
volver de modo válido e eficaz, motivo pelo qual fica o juiz autorizado a proferir 
sentença terminativa (sem julgamento de mérito, nos termos do art. 267, IV e VI, 
do CPC).
Dividem-se em três grandes grupos: de existência, validade e negativos.
Os pressupostos de existência são aqueles sem os quais a relação jurídica proces-
sual não se forma; cuja ausência torna, ao menos no plano jurídico, insubsistente o 
próprio processo (e a sentença nele proferida).
Fernando da Fonseca Gajardoni e camilo ZuFelato
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Já os pressupostos processuais de validade – cuja análise pressupõe a ocorrência 
dos pressupostos processuais de existência (o processo tem que existir para ser 
válido ou inválido) – são os requisitos mínimos que a lei reputa como indispensá-
veis para que a relação jurídica processual se desenvolva válida e regularmente. 
Precisam, portanto, estar presentes.
Por fim, os pressupostos processuais negativos (que também poderiam compor 
uma classe dos pressupostos processuais de validade) são situações cuja ocor-
rência torna o processo inválido (nulo). Isto é, diversamente das outras duas cate-
gorias (existência e validade) – cuja presença dos pressupostos é indispensável 
para a existência e validade do processo –, nos negativos, a existência do pressu-
posto é que torna a relação jurídica processual viciada/inválida.
A definição de quais são os pressupostos pertencentes a cada uma das classes 
(existência, validade e negativos) é uma das questões mais tormentosas que se 
têm no âmbito da doutrina e da jurisprudência, tendo reflexos diretos, inclusive, 
na definição do meio de impugnação utilizável em caso de a decisão proferida no 
processo viciado transitar em julgado (ação de querela nullitatis insanabilis ou ação 
rescisória).
Sem adentrar nessa importante discussão – que extravasaria por completo os 
limites desse trabalho –, a seguir, procurou-se sintetizar quais são os pressupostos 
processuais no sistema brasileiro e a que classe pertencem.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS:
EXisTÊNCiA vAlidAdE NEGATIVOs
Petição inicial 
(demanda)
Petição inicial apta (282/283) 
(demanda apta)
Coisa julgada 
(art. 301, §§, CPC)
Capacidade postulatória 
(arts. 37/39, CPC)
Capacidade ad processum
(capacidade de estar em 
juízo)
Listispendência 
(art. 301, §§, CPC)
Jurisdição Jurisdição absolutamente 
competente e imparcial
Perempção 
(art. 268, parágrafo único, 
CPC)
Citação Citação válida Convenção de arbitragem 
(art. 3º, Lei nº 9.307/96)
3.5.1. Pressupostos processuaisde existência 
Para fins de existência do processo, petição inicial ou demanda é qualquer 
documento (papel ou eletrônico) em que se descreva uma pretensão, pouco 
importando que tal formulação seja feita nos termos da lei. Sem a formalização 
Teoria Geral do Processo
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documental da pretensão inexiste processo (ainda não inventaram processo por 
telepatia).
Capacidade postulatória é a qualidade adquirida com a aprovação no exame 
e inscrição nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil. Somente aqueles que 
detêm essa especial qualificação é que são habilitados a fazer postulações em 
juízo, nos termos dos arts. 36 e 37, do Código de Processo Civil, havendo pouquís-
simas exceções em que a própria parte pode, por si própria, sem necessidade 
de advogado (e, portanto, sem necessidade de capacidade postulatória), ajuizar 
demandas (habeas corpus, Juizados Especiais Cíveis até 20 salários-mínimos, etc.).
Jurisdição, regra geral, é qualidade da qual são investidos, nos termos do art. 
1º, do Código de Processo Civil, os juízes de direito, eleitorais, trabalhistas, militares, 
federais e os árbitros, inexistindo processo jurisdicional caso a demanda não seja 
apresentada a eles.
E, finalmente, citação é o ato pelo qual o réu é chamado ao processo para se 
defender (art. 213, CPC), sem a qual não se forma regularmente a relação jurídica 
processual e, portanto, o processo inexiste para o demandado (art. 263 CPC).
3.5.2. Pressupostos processuais de validade
Preenchidos os pressupostos processuais de existência (i.e., o processo existe), 
adentramos ao campo da validade.
E, nele, tem-se que a petição inicial/demanda há de preencher os requisitos 
dos arts. 282/283, do CPC, para que seja apta e viabilize um pronunciamento juris-
dicional adequado. Note-se que a petição inicial inepta é capaz de fazer com que 
o processo exista, mas, por não permitir um exato dimensionamento do litígio, 
impossibilita o órgão jurisdicional de oferecer tutela adequada, motivo pelo qual 
inválido é o processo.
Capacidade (legitimidade) ad processum (ou capacidade de estar em juízo) é o 
nosso segundo pressuposto processual de validade (art. 7º, CPC). Para que alguém 
apresente postulações válidas perante o órgão investido de jurisdição, é mister que 
tenha plena administração de sua vida, o que ocorre quando se é pessoa jurídica, 
ou, sendo pessoa física, seja maior e capaz (art. 5º, CC). As pessoas físicas absoluta-
mente incapazes (art. 3º, CC) e os relativamente incapazes (art. 4º, CC), salvo quando 
emancipados (art. 5º, parágrafo único, CC), não detêm a capacidade ad processum. 
Isso não os impede, entretanto, de apresentarem ou responderem a demandas. 
Mas, para tanto, necessitam ser, respectivamente, representados (absolutamente) 
ou assistidos (relativamente) pelos seus representantes legais (pais, tutores, cura-
dores), de quem tomam emprestada a capacidade de se estar em juízo (art. 8º, 
CPC). Destaque-se que, nesses casos, a parte é o incapaz, que só é representado/
assistido pelo responsável capaz. 
Fernando da Fonseca Gajardoni e camilo ZuFelato
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ATENção. Caso o incapaz não tenha representante legal ou os interesses deste sejam colidentes 
com os daquele, o juiz nomeará curador especial ao incapaz (art. 9º, I, CPC). Esse curador pode 
ser uma pessoa estranha ao caso ou, preferencialmente, o representante dos interesses judiciais 
dos incapazes ou ausentes da Comarca (função geralmente exercida pela Defensoria Pública). 
O curador especial, entretanto, só representará o incapaz naquele processo (representação 
judicial), nunca nos demais atos da vida civil.
Para que o processo e a tutela por ele oferecida sejam válidos, é mister ainda 
que o juízo seja absolutamente competente para o conhecimento da demanda, e 
que o julgador seja imparcial. Conforme veremos adiante, embora a função juris-
dicional seja una, por questões administrativas e funcionais, a Constituição Federal 
e as leis dividem o Poder Judiciário em vários órgãos, cada qual competente para 
o conhecimento de determinada matéria (Justiça Estadual, Justiça Federal, Justiça 
do Trabalho, Justiça Eleitoral, Justiça Militar, Varas Cíveis, Varas Criminais, Varas de 
Família e Sucessões, etc…). Para que o processo exista, basta que a petição inicial 
seja encaminhada a um órgão desses. Mas para que seja válido, é indispensável 
que tal encaminhamento se faça ao órgão que tenha atribuição constitucional ou 
legal para tanto (reclamação trabalhista na Justiça do Trabalho, indenização contra 
o particular na Justiça Estadual, etc…). A validade do processo depende, ainda, da 
imparcialidade do juiz da causa, isto é, o julgador não pode ser impedido, nos 
termos do art. 134, do CPC. 
Finalmente, para que o processo seja válido em relação ao réu, é indispensável 
que ele tenha sido citado de acordo com a lei. De acordo com o CPC, para cada 
situação há uma espécie própria de citação: para réus com endereço certo, citação 
por carta (art. 222, CPC); para incapazes, citação por oficial de justiça (arts. 222, “c”, 
e 224, ambos do CPC); para os em local incerto e não sabido, citação por edital (art. 
231, CPC); entre outras. Caso a citação não se dê de acordo com a lei, o processo 
até existe, mas é inválido em relação ao réu.
3.5.3. Pressupostos processuais negativos
Tecnicamente, os pressupostos processuais negativos também são pressu-
postos de validade da relação jurídica processual. No entanto, exatamente pela sua 
característica negativa, costumam ser erigidos à classe autônoma; afinal de contas, 
a validade do processo depende da inexistência de um pressuposto processual 
negativo (e não da existência como ocorre com os demais).
Coisa julgada e litispendência são institutos processuais afins, decorrentes do 
ajuizamento de mais de uma demanda com as mesmas partes, pedido e causa de 
pedir (art. 301, §§ 1º e 2º, CPC). A diferença entre uma e outra advém do fato de que, 
na coisa julgada, um dos feitos já transitou em julgado (art. 467, CPC), enquanto na

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