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Resumo História Contemporânea

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Resenha da “Parte Um” da obra “Era dos Extremos: o breve século XX” de Eric J. Hobsbawn
Introdução:
“Era do Extremos: O Breve Século XX (1914-1991)” é o último da série de quatro livros escritos por Eric Hobsbawn em suas pesquisas sobre os séculos XIX e XX. As obras precedentes, “Era das Revoluções (1789-1848), “Era do Capital (1848-1875)” e “Era dos Impérios (1875-1914)” resultaram das pesquisas de Hobsbawn do que para ele se constituía como o século XIX. As análises realizadas pelo autor em seus livros são  embasadas no materialismo histórico, com ênfase nos processos sociais e econômicos.
“Era do Extremos” representa uma análise do que, para o autor, se constitui como o breve e extremado século XX, que se iniciaria com a Primeira Guerra Mundial, que assinalaria o colapso da civilização ocidental do século XIX. Essa civilização se caracterizaria por ser capitalista na economia, liberal na estrutura legal e constitucional, burguesa na imagem de sua classe econômica característica, exultante do avanço da ciência e do progresso material e moral e profundamente convencida da centralidade da Europa em sua importância (HOBSBAWN, 2009, pág. 16).
Na chamada “Era da Catástrofe” do século XX, que se estenderia de 1914 a 1945, tema da presente resenha, essa civilização foi abalada por duas guerras mundiais, além de revoluções sociais que afrontavam esse sistema e a queda de impérios coloniais erguidos durante a Era das Revoluções. O século XX, para Eric Hobsbawn, se encerra com o colapso do regime socialista no leste-europeu, destruindo o sistema internacional que dava estabilidade às relações internacionais que imperavam, além de gerar uma crise das teorias racionalistas e humanistas que eram a base ideológica do capitalismo liberal e do comunismo.
Algumas das características do “Breve Século XX” merecem ser destacadas a fim de que a presente resenha seja mais bem compreendida. Para Hobsbawn, uma das características que marcam o século XX é o volume único de catástrofes humanas, desde as maiores fomes da história até o genocídio sistemático.
Ao contrário do século XIX que teria sido um período de progresso material e intelectual, o século XX teria apresentado uma regressão dos padrões de vida tidos como normais para boa parte da população mundial. Além desse processo, três aspectos marcaram para o autor os processos de transformação sócio-econômica do século XX: a queda do eurocentrismo, marcado pela migração da produção para outras regiões do mundo e a minorização da população europeia em relação à população mundial; a transformação do globo em uma unidade operacional única, notadamente para questões econômicas; e a quebra dos elos entre passado e presente  e entre gerações marcados pela desintegração de velhos padrões de relacionamento social humano (HOBSBAWN, 2009, págs. 22-24).
Hobsbawn divide sua obra “Era do Extremos: O Breve Século XX (1914-1991)” em três partes: A Era da Catástrofe, já citada anteriormente, A Era de Ouro e O Desmoronamento. A presente resenha procura analisar criticamente a primeira parte do livro.
A Era da Catástrofe (1914-1945):
 
Hobsbawn divide a primeira parte do livro em sete capítulos: A Era da Guerra Total, A Revolução Mundial, Rumo ao Abismo Econômico, A Queda do Liberalismo, Contra o Inimigo Comum, As Artes 1914-1945 e O Fim dos Impérios. Devido à densidade de informações contidas no livro, o presente trabalho buscará as ideias fundamentais para a compreensão da “Parte Um” da obra.
      A ideia principal do capítulo “A Era da Guerra Total” se refere à mudança de concepção de guerra. A Primeira Guerra Mundial foi um marco no sentido de que envolvia todas as grandes potências e praticamente todos os Estados independentes do mundo, quisessem ou não. Além disso, 1914 inaugura a era do massacre no sentido dos milhões de mortos que as duas grandes guerras produziram, causada pelo início da impessoalidade da guerra com o uso de novas tecnologias e pela brutalização gerada nesse período.
         O motivo dessa grande quantidade de mortos reside, também, na conservação da guerra até sua exaustão total. Na Primeira Guerra Mundial não havia ideologias diferentes e muito menos objetivos específicos e limitados, a guerra travava-se por metas ilimitadas. A política e a economia haviam se fundido, e a política internacional se modelava no crescimento e competição econômicos (HOBSBAWN, 2009, pág.37). Na prática só um objetivo contava nesse guerra: a vitória total ou “rendição incondicional”.
          Ao contrário da Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra foi marcada por ideologias, com o preço da derrota caracterizado pela escravização e pela morte. Nesse caso, a necessidade de uma vitória total e a falta de limites na guerra se dava por outros motivos em relação aos da Primeira Guerra Mundial (HOBSBAWN, 2009, pág.50). Essas características levaram a Segunda Guerra Mundial a uma quantidade ainda maior de massacres. Nesse ponto, podemos constatar a visão de Hobsbawn de que a guerra se dava muito mais entre os representantes do racionalismo surgido com a Revolução Francesa – socialistas e liberais – contra o irracionalismo saído do período entreguerras, o nazi-fascismo.
          A partir da Primeira Guerra Mundial, a chamada “Guerra Total” se caracterizou por ser inquestionavelmente uma guerra de massa, levando à necessidade de grande produtividade industrial, grande quantidade de produtos, além de organização e administração por ser o maior empreendimento até então conhecido pelo homem. Hobsbawn vê nessas características a origem da ideologia predominante no capitalismo do pós-guerra de que os governos tinham de assumir completamente as economias, explicando o Estado de Bem-Estar Social através de bases materiais. Com o poder do Estado alcançando seu pico ao fim da Segunda Guerra Mundial, o controle sobre a economia, e muitas vezes, o controle político-ideológico, passaram a ser vistos com outros olhos (HOBSBAWN, 2009, pág.52).
        O capítulo “A Revolução Mundial” trata do movimento revolucionário como consequência da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia. Para Hobsbawn, a política internacional do século XX pode ser entendida como uma luta secular de forças da velha ordem contra a revolução social introduzida por esse processo histórico (HOBSBAWN, 2009, pág. 63).
          Ao mesmo tempo, a Revolução de Outubro se revelou como a salvadora do capitalismo liberal na medida em que incentivando a reforma do capitalismo – com maior intervenção estatal e planejamento – e possibilitando ao Ocidente vencer a Segunda Guerra e derrotar o nazi-fascismo, promoveu o abandono provisório da crença no livre mercado. Esse processo parece ainda mais contraditório quando constatamos que as revoluções sociais citadas se originaram dos processos sociais originados nas grandes guerras, de resistência no caso da Segunda Guerra, ou de repulsa, no caso da Primeira Guerra Mundial.
         O Capítulo “Rumo ao Abismo Econômico” trata do período em que a economia capitalista pareceu desmoronar: a Grande Depressão do entreguerras (1929-1933). Para Hobsbawn, a Grande Depressão foi gerada pela falta de demanda gerada pela expansão econômica com os salários ficando para trás e a consequente superprodução e especulação (HOBSBAWN, 2009, págs. 103-104). Além disso, havia uma crescente assimetria econômica entre os Estados Unidos e o resto mundo, aprofundando o processo de recessão econômica.  
      Esse processo se relaciona e foi uma das causas, para Hobsbawn, da ascensão do nazi-fascismo na Europa. O peso da Grande Depressão na Alemanha se deu de forma ainda maior. Os comunistas esperavam que esse processo pudesse gerar um novo lote de revoluções, porém, a profundidade da crise acabou levando os países da Europa a uma ideologização de extrema-direita. Ao mesmo tempo, a Grande Depressão também foi responsável pela reforma do sistema capitalista com as políticas econômicas keynesianasde pleno emprego e um novo período de crescimento econômico após a Segunda Guerra. A partir desse ponto devista, podemos constatar a base econômica e social das análises do autor, com clara influência do materialismo histórico.
       Após a Grande Depressão três opções passaram a competir pela hegemonia política e econômica. O comunismo era uma, reforçado pela aparente imunidade à catástrofe. O capitalismo ligado a uma social-democracia era outra opção, que se constituiu, após a Segunda Guerra, como a mais efetiva. A terceira opção era o fascismo, que a Grande Depressão transformou em um perigo mundial, principalmente por sua habilidade em lidar com a crise e sua hostilidade ao liberalismo econômico e à revolução social (HOBSBAWN, 2009, págs. 111-112).
        O Capítulo “A Queda do Liberalismo” trata do recuo das democracias liberais durante a Era das Catástrofes após seu avanço durante a Primeira Guerra Mundial, processo que havia derrubado inúmeros governos aristocráticos. Esse perigo às democracias vinha diretamente da direita, pois nos vinte anos de enfraquecimento do liberalismo nenhuma única democracia foi derrubada pela esquerda. Esses movimentos de direita tanto podiam ser de restabelecimento da velha ordem quanto particularmente novos, como o nazi-fascismo, que ganhava força na medida em que a crise econômica se aprofundava.
            Para o autor, se faz difícil uma análise das características que os fascismos apresentavam além de um senso comum de hegemonia alemã, pois o racionalismo não era destacado por esses movimentos, mas sim a superioridade do instinto e da vontade (HOBSBAWN, 2009, pág. 120). Podemos destacar o fato de os fascismos mobilizarem as massas de baixo para cima, enfatizarem os valores tradicionais e a inovadora ideologia do barbarismo irracionalista, centrada no nacionalismo.
             Para Hobsbawn, esses movimentos refletiam o ressentimento de homens comuns esmagados entre a grande empresa e os crescentes movimentos trabalhistas, atraindo os segmentos inferiores e médios das sociedades europeias (HOBSBAWN, 2009, págs. 122 e 123). Esses movimentos tinham suas condições ideais nos países em que havia um Estado velho, sem mecanismos dirigentes que funcionassem, uma ameça de revolução social, cidadãos desencantados e desorientados e uma inclinação nacionalista de descontentamento aos tratados de paz do pós-Primeira Guerra Mundial (HOBSBAWN, 2009, pág. 130).
              O capítulo “Contra o Inimigo Comum” aborda a união entre as democracias e os regimes comunistas para o enfrentamento do nazi-fascismo. Para Hobsbawn, a Segunda Guerra Mundial foi marcada por diferenças ideológicas: de um lado os descendentes do Iluminismo e das grandes revoluções, de outro, seus adversários acima descritos. Para o autor, essa guerra se constituiu como uma guerra civil, na medida em que as linhas que separavam as forças pró e antifascistas cortavam cada sociedade (HOBSBAWN, 2009, pág. 146). O que uniu essas divisões civis nacionais foi a ascensão da Alemanha de Hitler.
           Essa união contraditória entre democracias e regimes socialistas teria seu fim com a derrota alemã, com o socialismo se limitando à sua área destinada por negociação diplomática, isto é, a de ocupação do exército vermelho. Após a divisão do globo em duas áreas de influência ocorreu uma estabilidade de trinta anos na qual nenhum dos lados cruzou mais que momentaneamente a linha que os separava. O efeito dos doze anos de nacional-socialismo foi que grande parte da Europa passou ao domínio dos bolcheviques e os governos capitalistas estavam convencidos de que só o intervencionismo econômico poderia impedir novas catástrofes econômicas e seus resultados. 
           No capítulo “As Artes 1914-1945” o autor procura sintetizar o período artístico do entreguerras. Para Hobsbawn, em 1914, tudo o que se podia chamar de “modernismo” já estava constituído: cubismo, expressionismo, abstracionismo puro na pintura, funcionalismo e ausência de ornamentos na arquitetura, rompimento com a tradição na literatura. As principais inovações do período parecem ter sido duas: o dadaísmo, que antecipou o surrealismo, e o construtivismo soviético (HOBSBAWN, 2009, pág. 179). O dadaísmo era um angustiado mas irônico protesto niilista contra a guerra mundial e a sociedade que o incubara. Já o surrealismo se constituía como um protesto, porém, ainda mais atraído pela revolução social, ao mesmo tempo baseado no Inconsciente, nos símbolos, e nos sonhos.
    A vanguarda se tornava, dessa forma, politizada e passava a fazer parte da cultura estabelecida, sendo absorvida pela vida cotidiana. Outras características merecem destaque, como a difusão do cinema como espetáculo de massa, o aumento da circulação de jornais e a difusão de  veículos de comunicação de massa, como o rádio, nos países “desenvolvidos”.
    O capítulo “O Fim dos Impérios” encerra a “Parte Um” da obra, tratando do fim dos Impérios constituídos pelas potências ocidentais e enfatizando que a história do século XX do mundo não ocidental é determinada por sua relação com essas potências (HOBSBAWN, 2009, pág. 199). Assim, a emancipação dos países dependentes e atrasados foi inspirada por ideologias, programas, métodos e formas de organização política ocidentais: liberalismo, socialismo, nacionalismo, secularismo, etc. Além disso, esses movimentos faziam uso dos mecanismos para os fins da vida pública em sociedades burguesas. Isso significou que a história das transformações no Terceiro Mundo foi realizada por minorias de elite, pois só uma minúscula camada possuía o necessário conhecimento e educação para se envolverem nesses movimentos, além da ausência de instituições democráticas nesses países.
      A Grande Depressão de 1929-1933 foi o grande marco na história do antiimperialismo. O valor das colônias para as potências ocidentais se dava a partir do fornecimento de produtos primários como uma saída para o investimento do capital nortista. Assim, a importação de manufaturas por parte dos países “subdesenvolvidos” era paga a partir da venda desses produtos. Á medida em que caíam os preços dos produtos primários no mercado internacional, a renda dos governos coloniais tinha de ser escorada por maiores impostos sobre os bens manufaturados, inclusive os da metrópole, gerando uma pressão financeira insuportável.
        Pela primeira vez os interesses econômicos de países dependentes e dos metropolitanos entravam em choque. Os camponeses, principais prejudicados pela crise, podiam, pela primeira vez, ser uma base de massa para a mobilização política. Dessa forma, começavam a surgir contatos entre a minoria politizada e a gente comum de seus países (HOBSBAWN, 2009, pág. 212). A Segunda Guerra Mundial reforçou ainda mais o antiimperialismo na medida em que enfraqueceu as potências, mesmo após uma guerra vitoriosa, possibilitando a vitória dos movimentos antiimperialistas no Terceiro Mundo.
      A partir das análises de Eric Hobsbawn podemos observar a importância para o autor das duas grandes guerras – que para ele seriam uma só – e da Grande Depressão para o fim do Imperialismo. Também podemos constatar o quão fundamental foi a Grande Depressão – conjuntamente com a Primeira Guerra – para o fortalecimento do nazi-fascismo na Europa. O fundamental na “Parte Um” do livro é enfatizar a inter-relação entre as duas Guerras Mundiais, a Revolução de Outubro, a ascensão do nazi-fascismo e a Grande Depressão de 1929-1933.
 A explicação da inter-relação desses processos, para Hobsbawn, seria fundamental para a compreensão do período que se estende do início da Primeira Guerra ao fim da Segunda Guerra Mundial. É possível constatar, também, as bases sociais e econômicas nessa inter-relação dos processos que permeia a obra do autor, sem, entretanto, adotar uma abordagem determinista ou reducionista.
Referência Bibliográfica:
HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras. 2009.

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