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Direito Civil II Resumo

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Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 1 
 
Professor - Gustavo Vieira 
Bibliográfica - Silvio Venosa, Pablo Stolze 
VT – 23/04/2014 – gustavo@labmundo.org 
 
Germinal – de èmile 
(ver scribd) 
ANTENÇÃO: o conteúdo destas notas de aulas reflete a minha compreensão sobre o que 
foi ministrado em sala de aula. Ao estudar por apontamentos de outro aluno, você estará 
lendo o entendimento deste, e não necessariamente o que foi dito pelo professor. Ademais, 
as notas de aulas podem sofrer alterações na esquematização, na ordem, bem como 
acréscimos de outras fontes de pesquisa (geralmente transcritas usando fonte itálica). 
14/02/2014 
Obrigações 
Obrigação - é uma relação jurídica na 
qual uma parte, o devedor que atua no 
polo passivo (debitum) se obriga, em 
face de outrem, o credor, que atua no 
polo ativo, a realizar uma prestação (de 
dar, de fazer, de não fazer) mensurável economicamente. Alguns doutrinadores dizem 
que esta prestação tem natureza pecuniária, porque se não for realizado pode-se cobrar 
monetariamente. No passado, essas dívidas eram cobradas materialmente com a vida ou 
com partes do corpo do devedor. Exemplo no filme “O Mercador de Veneza”. 
Trata-se do conjunto de normas e princípios jurídicos reguladores das relações 
patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem 
incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer 
ou não fazer. 
É bom que se diga, nesse ponto, que o direito de crédito, a que corresponde o dever de 
prestar, é de natureza essencialmente pessoal, não se confundindo, portanto, com os 
direitos reais em geral. 
Assim, se dois sujeitos celebram um contrato, por força do qual um dos contraentes 
passa a ser credor do outro, deve-se salientar que, em verdade, o contraente credor 
passou a ser, em virtude do negócio jurídico, titular de um direito pessoal exercitável 
contra o devedor, a quem se impõe o dever de prestar (dar, fazer ou não fazer). Não 
existe, pois, uma pretensão de natureza real no crédito formado. O credor não tem 
poderes de proprietário em relação à coisa ou à atividade objeto da prestação. Não 
exerce, pois, poder real sobre a atividade do devedor, nem, muito menos, sobre a sua 
pessoa. Trata-se, portanto, de um direito eminentemente pessoal, cuja correlata 
obrigação (dever de prestar) é a própria atividade do devedor de dar, fazer ou não 
fazer. 
Conclui-se que o cumprimento da prestação (atividade do devedor), e não a coisa em si 
(o dinheiro, o imóvel etc.), constitui o objeto imediato da obrigação, e, por conseguinte, 
do próprio direito de crédito. Nessa linha de raciocínio, é correto dizer que, enquanto 
os direitos reais são tratados pelo Direito das Coisas, os direitos de crédito (pessoais) 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 2 
 
integram o estudo do Direito das Obrigações, objeto do presente tomo. - Novo Curso 
de Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 
ELEMENTO SUBJETIVO: SUJEITOS DA RELAÇÃO 
OBRIGACIONAL 
Tanto o credor como o devedor podem ser indeterminados, mas têm que ser 
determináveis. Exemplo: Recompensa oferecida a alguém que achar meu cão perdido. 
Alguém o achará. O sujeito é indeterminado enquanto não encontrar o cão. 
 O credor, sujeito ativo da relação obrigacional, é o titular do direito de crédito, ou 
seja, é o detentor do poder de exigir, em caso de inadimplemento, o cumprimento 
coercitivo (judicial) da prestação pactuada. 
O devedor, por sua vez, sujeito passivo da relação jurídica obrigacional, é a parte a 
quem incumbe o dever de efetuar a prestação. 
Para que se possa reconhecer a existência jurídica da obrigação, os sujeitos da relação 
— credor e devedor —, que tanto podem ser pessoas físicas como jurídicas, devem ser 
determinados, ou, ao menos, determináveis. 
Se “Caio”, por meio de um contrato, torna-se credor de “Tício”, tendo sido ambos 
devidamente identificados no título negocial, os sujeitos são determinados. Entretanto, 
poderá haver indeterminação subjetiva na relação obrigacional quando, por exemplo, 
um devedor assina um cheque ao portador, não sabendo quem irá recebê-lo no banco, 
pois a cambial pode circular na praça, restando, momentaneamente, indeterminado o 
sujeito ativo, credor do valor nele consignado. 
É também o caso da promessa de recompensa feita ao público (arts. 854 do CC-02, e 
1.512 do CC-16). Trata-se de hipóteses em que há indeterminabilidade subjetiva ativa 
da obrigação. 
Também poderá ocorrer a indeterminabilidade subjetiva passiva da relação 
obrigacional. Neste caso, não se pode, de antemão, especificar quem é o devedor da 
obrigação. É o que acontece com as obrigações propter rem, prestações de natureza 
pessoal que acedem a um direito real, acompanhando-o em todas as suas mutações. 
Por exemplo: a taxa condominial ou o Imposto Predial Territorial Urbano são 
prestações compulsórias, vinculadas à propriedade do imóvel residencial ou comercial, 
pouco importando quem seja, efetivamente, o seu titular. A obrigação, portanto, não 
possui sujeito determinado, sendo certo apenas que a pessoa que adquirir o imóvel 
ficará sujeita ao seu cumprimento. 
Sempre que a indeterminabilidade do credor ou do devedor participar do destino 
natural dos direitos oriundos da relação, ou seja, for da própria essência da obrigação 
examinada — a exemplo da decorrente de título ao portador ou da obrigação propter 
rem, estaremos diante do que se convencionou chamar de obrigação ambulatória. 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 3 
 
Cumpre-nos referir, ainda, que se as qualidades de credor e devedor fundirem-se, 
operar-se-á a extinção da obrigação por meio da confusão (arts.381 do CC-02 e 1.049 
do CC-16). 
Finalmente, deve ser salientado, para a exata compreensão da matéria, que, na relação 
obrigacional, podem concorrer figuras secundárias ou coadjuvantes, como os 
representantes e os núncios. 
Os representantes, legais (pais, tutores, curadores) ou voluntários (mandatários), agem 
em nome e no interesse de qualquer dos sujeitos da relação obrigacional (credor ou 
devedor). Manifestam, portanto, declaração de vontade por conta do representado, 
vinculando-os, na forma da legislação em vigor. 
Os núncios, por sua vez, são meros transmissores da vontade do declarante. Atuam 
como simples mensageiros da vontade de outrem, sem interferirem efetivamente na 
relação jurídica. Esta singular figura jurídica, todavia, não é exclusiva do Direito das 
Obrigações. No Direito de Família, por exemplo, admite-se que o casamento seja 
contraído por meio de procurador dotado de poderes especiais, consignados em 
instrumento público. Neste caso, a despeito de a lei referir o termo “mandatário”, o 
que sugere a existência de representação convencional ou voluntária, a doutrina 
reconhece haver apenas a colaboração de um núncio ou mensageiro, transmissor da 
vontade do nubente ausente. - Novo Curso de Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo 
Stolze - 2011 Págs. 54 e 55 
O objeto da relação tem que ser possível, lícito e determinado. 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 
 
ELEMENTO OBJETIVO: A PRESTAÇÃO 
 
Neste ponto, chegamos ao coração da relação obrigacional. Em princípio,deve-se 
salientar que a obrigação possui dois tipos de objeto: 
a) objeto direto ou imediato; 
b) objeto indireto ou mediato. 
O objeto imediato da obrigação (e, por consequência, do direito de crédito) é a própria 
atividade positiva (ação) ou negativa (omissão) do devedor, satisfativa do interesse do 
credor. Tecnicamente, esta atividade denomina-se prestação, que terá sempre conteúdo 
patrimonial. Sobre tal forma de extinção de obrigações, confira-se o Capítulo XVIII, 
inteiramente dedicado ao instituto. 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 4 
 
 
Sobre o tema, conclusivas são as palavras de ANTUNES VARELA: 
“A prestação consiste, em regra, numa atividade, ou numa ação do devedor 
(entregar uma coisa, realizar uma obra, dar uma consulta, patrocinar 
alguém numa causa, transportar alguns móveis, transmitir um crédito, dar 
certos números de lições etc.). Mas também pode consistir numa abstenção, 
permissão ou omissão (obrigação de não abrir estabelecimentos de certo 
ramo de comércio na mesma rua ou na mesma localidade; obrigação de 
não usar a coisa recebida em depósito; obrigações de não fazer escavações 
que provoquem o desmoronamento do prédio vizinho)”. 
 
Posto isso, já se pode observar que as prestações, que constituem o objeto direto da 
obrigação, poderão ser: 
 
Dentre as prestações de dar coisa certa, poderíamos referir aquela pactuada para a 
entrega de determinado veículo (um caminhão, por exemplo), por força de um contrato 
de compra e venda. Já a prestação de dar coisa incerta, por sua vez, existirá quando o 
sujeito se obriga a alienar determinada quantidade de café, sem especificar a sua 
qualidade. Quando do cumprimento da obrigação, por óbvio, esta prestação, por meio 
de uma operação determinada concentração do débito — que consistirá na escolha da 
qualidade do produto —, converter-se-á em prestação de dar coisa certa, viabilizando 
o seu adimplemento. 
 
A prestação de fazer, por sua vez, se refere a uma prestação de conduta comissiva, 
como, por exemplo, pintar um quadro ou cantar uma ária italiana em apresentação 
pública. 
 
Finalmente, temos, ainda, as prestações de não fazer que consistem, sinteticamente, em 
abstenções juridicamente relevantes. Assim, quando, por força de um contrato, uma 
parte se obriga perante o seu vizinho a não realizar determinada obra em seu quintal 
ou um ex-empregado se obriga a não manter vínculo empregatício com outra empresa 
concorrente da ex-empregadora (cláusula de não concorrência), estaremos diante de 
uma prestação de fato negativa. 
 
Vale mencionar, ainda, que a prestação, consoante veremos em momento oportuno, 
para ser validamente considerada objeto direto da obrigação, deverá ser: lícita, 
possível e determinada (ou determinável). 
Positivas
de dar 
coisa certa
coisa incerta
de fazer
Negativas de não fazer
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 5 
 
 
Fixadas tais premissas, fica fácil a compreensão do objeto indireto ou mediato da 
obrigação. Trata-se, no caso, do objeto da própria prestação de dar, fazer ou não fazer, 
ou seja, do próprio bem da vida posto em circulação jurídica. Cuida-se, em outras 
palavras, da coisa, em si considerada, de interesse do credor. 
 
Assim, tomando os dois primeiros exemplos acima apresentados, poderíamos afirmar 
que o caminhão e o café do tipo escolhido são os objetos indiretos da obrigação. Note-
se, entretanto, que a distinção entre os objetos direto (prestação) e indireto (bem da 
vida) da obrigação, nas prestações de fazer, é menos nítida, considerando que a 
própria atividade do devedor, em si mesma considerada, já materializa o interesse do 
credor. 
 
Em conclusão, interessa observar, com fundamento na doutrina de ORLANDO 
GOMES, que o objeto da obrigação não deve ser confundido com o seu conteúdo. 
Enquanto aquele diz respeito à atividade do próprio devedor (prestação de dar, fazer 
ou não fazer), este último consiste no “poder do credor de exigir a prestação e a 
necessidade jurídica do devedor de cumpri-la”. Este poder do credor e esta 
necessidade do devedor, portanto, integram o conteúdo, e não o objeto da obrigação. - 
Novo Curso de Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 Págs. 55, 56 e 57 
 
Fontes das obrigações 
Uma fonte da obrigação é a vontade humana dividida em contrato bilateral (acordo de 
vontades) e ato unilateral de vontade. Outra fonte é a “força de lei”, esta gera uma 
responsabilidade civil. 
Princípios da Relação Obrigacional – Clássico liberal 
1 – Autonomia da Vontade - liberdade de negociar e se obrigar 
2 – Força Vinculante - não pode voltar atrás, acordou tem que cumprir. “Pacta sunt 
servanda”. 
3 – Relatividade/pessoalidade – é pessoal e não obriga outros que não fizeram o 
acordo, ou seja, vale apenas para as partes envolvidas no acordo, é relativo às partes. 
Estes princípios se mostraram insuficientes para gerir as partes, por isso surgiram novos 
princípios com a intervenção do Estado (social). 
 
 
 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 6 
 
Princípios da Relação Obrigacional – Estado Social 
1 – Boa-fé objetiva – não precisa estar escrita, deriva diretamente da vontade objetiva 
da lei. A boa-fé objetiva apresenta-se como uma exigência de lealdade, modelo objetivo 
de conduta, arquétipo social pelo qual impõe o poder-dever que cada pessoa ajuste a 
própria conduta a esse arquétipo, obrando como obraria uma pessoa honesta, proba e 
leal. Tal conduta impõe diretrizes ao agir no tráfico negocial, devendo-se ter em conta, 
como lembra Judith Martins Costa, “a consideração para com os interesses do alter, 
visto como membro do conjunto social que é juridicamente tutelado”. Desse ponto de 
vista, podemos afirmar que a boa-fé objetiva se qualifica como normativa de 
comportamento leal. A conduta, segundo a boa-fé objetiva, é assim entendida como 
noção sinônima de “honestidade pública”. 
http://www.miguelreale.com.br/artigos/boafe.htm - Acesso em 29/03/2014 
Obrigações anexas secundárias: 
1 - dever de informação – Ex.: Falha no Carro na Venda; 
2 – dever de esclarecer – Ex.: Advogado, Médico; 
3 – dever de sigilo – Ex.: Informações de Clientes; 
4 – dever de cuidado – Ex.: Caso da Boate Kiss. Outro ex.: Depositário Fiel; 
5 – dever de lealdade - Feito o acordo, você não deve gerar embaraço nenhum. Ex.: 
Locação. O locador se negar a dar o recibo. 
Institutos do direito romano (boa-fé objetiva) - (nemo potest) 
 Venire contra factum proprium - voltar-se contra um ato criado por si mesmo. Justa 
expectativa ou confiança jurídica. Exemplo: locação. O inquilino não paga o aluguel no 
prazo certo e o locador não aplica a multa, o inquilino continua sem pagar e sem receber 
nenhuma multa. Foi criada, para o inquilino, uma expectativa de que não seriam 
cobradas multas por atraso. Depois de seis meses o locador decide cobrar todas as 
multas. Isto é contrário à boa-fé. Outro exemplo: um quadro que é colocado como 
garantia (bem fungível) e depois quando da execução o devedor alega que o quadro tem 
valor sentimental (bem infungível), também fere o princípio da boa-fé. 
Tu quoque (Brutus, mi fili - Até você, Brutus, meu filho?) – a ideia de traição, quebra 
de confiança, semelhante ao conceito anterior sobre boa-fé. 
Supressio (direito suprimido) – Surrectio (em relação ao meu) – a conduta do agente, 
que gera uma justa expectativa, é uma conduta omissiva. Exemplo: uso de uma área 
comum num condomínio. 
2 - Equilíbrio das relações obrigacionais – “rerus sic stantibus” 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 7 
 
Rebus Sic Stantibus pode ser lido como "estando as coisasassim" ou "enquanto as 
coisas estão assim". 
REBUS SIC STANTIBUS representa a Teoria da Imprevisão e constitui uma exceção à 
regra do Princípio da Força Obrigatória. Trata da possibilidade de que um pacto seja 
alterado, a despeito da obrigatoriedade, sempre que as circunstâncias que envolveram 
a sua formação não forem as mesmas no momento da execução da obrigação 
contratual, de modo a prejudicar uma parte em benefício da outra. Há necessidade de 
um ajuste no contrato. 
Já a cláusula de mesmo nome é a instrumentalização deste ajuste. É a estipulação 
contratual ou a aplicação de um princípio de que, presente a situação imprevista, o 
contrato deve ser ajustado à nova realidade. Disto se tem a revisão do contrato. 
 http://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?idmodelo=8711 – acesso 29/03/2014 
3 - Função social – evitar a concorrência entre “empresas” que foram vendidas e 
cláusula de raio 
Obrigações “Naturais” - são obrigações 
existentes, alguém que assumiu um 
compromisso de uma prestação, porém, elas 
são inexigíveis juridicamente. Exemplo: algo 
ilícito, que prescreveu ou qualquer outro bem 
que o direito não permite. Obs. Quem pagou 
uma dívida prescrita não tem como exigir o 
pagamento de volta (“repetição de indébito”). 
Locupletação 
Obrigações reais, mistas, propte rem 
Direitos Reais (jus in re) X Direitos Pessoais (jus ad rem) 
Direito Real é o direito entre uma pessoa e alguma “coisa”. Trata de bens, “coisas”. 
Aqui o objeto é a disposição da coisa. Tem característica absoluta, oponibilidade 
“erga omnes”. 
Para os direitos reais, o sujeito passivo e a sua correspondente obrigação somente 
surgem quando houver a efetiva violação ou ameaça concreta de lesão (ex.: o esbulho 
de minha propriedade, a séria ameaça de invasão). Nesses casos, surge para o infrator 
o dever de restabelecer o status quo ante, ou, não tendo havido efetiva lesão, abster-se 
da prática de qualquer ato danoso, sob pena de ser civilmente responsabilizado. 
Assim, a par de reconhecermos a eficácia erga omnes dos direitos reais (que devem ser 
respeitados por qualquer pessoa), entendemos que, no aspecto interno (da relação 
jurídica em si), o poder jurídico que contém é exercitável diretamente contra os bens e 
Significado de Locupletar 
v.t.d. e v.pron. Ocasionar sua própria 
riqueza; aumentar fortuna; enriquecer: a 
venda do gado não a locupletou; alguns 
empresários locupletaram-se com a 
queda da bolsa. 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 8 
 
coisas em geral, independentemente da participação de um sujeito passivo. - Novo 
Curso de Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 
Direitos Reais – Direito entre a pessoa e uma coisa. “Jus in RE”. O direito real lhe dá 
direito: 
Jus utendi – direito de usar a coisa 
Jus frueml – direito de gozar da coisa 
Jus abutemdi – direito de abusar da coisa 
Há duas correntes que tratam desse assunto: 
Corrente realista – é uma relação jurídica direta com a coisa, sem intermediário. 
Corrente personalista (minoritária) – o vínculo jurídico entre determinados sujeitos e o 
bem decorre de uma obrigação passiva universal, um dever geral de abstenção dos 
demais membros da sociedade, ou seja, a sociedade permite, se abstém ao vínculo do 
indivíduo com a coisa. 
LAFAYETTE RODRIGUES PEREIRA, em difundida lição, adverte que o “direito real é 
aquele que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos, e a 
segue em poder de quem quer que a detenha. O direito pessoal é o direito contra 
determinada pessoa”. 
Observa-se, portanto, que real é o direito que traduz o poder jurídico direto de uma 
pessoa sobre uma coisa, submetendo-a em todos (propriedade) ou em alguns de seus 
aspectos (usufruto, servidão, superfície etc.). Para o seu exercício, portanto, prescinde-
se de outro sujeito. 
A esta corrente, denominada realista, opuseram-se doutrinadores do quilate 
intelectual de MARCEL PLANIOL, defensores da doutrina personalista, segundo a 
qual não se poderia reconhecer a existência jurídica de uma relação travada entre um 
homem e uma coisa. Toda relação jurídica, obtemperavam os seus adeptos, exigiria a 
convergência de, no mínimo, duas pessoas, de maneira que até mesmo para os direitos 
reais haveria que corresponder uma obrigação passiva universal imposta a todas as 
pessoas de se absterem de qualquer ato lesivo ao titular do direito. - Novo Curso de 
Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 
Direitos pessoais tratam de pessoas, o que é exigido é uma prestação, o objeto é a 
prestação, tem disposição relativa “inter partes”. 
Os direitos pessoais, por sua vez, identificados com os direitos de crédito (de conteúdo 
patrimonial), têm por objeto a atividade do devedor, contra o qual são exercidos. 
Assim, ao transferir a propriedade da coisa vendida, o vendedor passa a ter um direito 
pessoal de crédito contra o comprador (devedor), a quem incumbe cumprir a prestação 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 9 
 
de dar a quantia pactuada (dinheiro). Note-se, outrossim, que o objeto do crédito (ou, 
sob o aspecto passivo, da obrigação) é a própria atividade do devedor. 
Nesse contexto, fica fácil notar que ao Direito das Obrigações interessa apenas o 
estudo das relações jurídicas obrigacionais (pessoais) entre um credor (titular do 
direito de crédito) e um devedor (incumbido do dever de prestar), deixando-se para o 
Direito das Coisas as relações e direitos de natureza real. - Novo Curso de Direito 
Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 
26/02/2013 - Alex 
Obrigação de dar (art. 233) 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o 
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 
Transmitir (tradição-transferência) a propriedade a outrem para usar, gozar e abusar. 
Res Perit In Domino SUO – O custo da perda recai em função do seu proprietário 
Ação Regressiva - 
Devedor, credor, coisa certa, coisa incerta 
Coisa certa 
Exemplo: Barco 
1- Força Maior (Natureza) Destruição total 
2- Caso Fortuito (Exemplo: Furto) Destruição total 
3- Se devedor causar a destruição (culpa) assume o prejuízo do Barco e paga 
indenização ao Credor 
4- Perda Parcial – diminuir o valor do objeto ou substituição do bem, depende do credor 
A coisa certa é a perfeitamente identificada e individualizada em suas características. 
Como ensina RENAN LOTUFO, a coisa é certa quando em sua identificação houver 
indicação da quantidade, do gênero e de sua individuação, que a torne única. Se a 
obrigação consiste em dar coisa certa, não poderá o credor ser constrangido a receber 
outra (art.313 do CC), por haver sido originariamente pactuado que receberia bem 
especializado e determinado. Ensina FÁBIO ULHÔA COELHO que "a obrigação de 
dar coisa certa é sempre determinada, já que a definição do objeto da prestação não 
depende de uma declaração negocial definidora no momento da execução". 
Com efeito, mesmo que o devedor, no instante da tradição, culmine por oferecer bem 
ainda mais valioso que o avençado, será lícito ao credor a recusa da prestação 
substitutiva, em homenagem ao princípio da especificidade. Em síntese, justamente por 
possuir direito subjetivo a uma prestação especializada, não será o credor obrigado a 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 10 
 
aceitara aliud pro alio (uma coisa por outra). Contudo, caso consinta em receber 
prestação diversa em substituição à originária, estará praticando um modo extintivo da 
obrigação - a dação em pagamento (art. 356 do CC). 
Dentre as obrigações de dar coisa certa, insere-se a obrigação de dar coisa futura, 
hajavista que, apesar de não existente ao tempo da celebração do negócio jurídico, já 
é certa e determinada. Em outra oportunidade, já frisamos que o bem negociado 
poderá ter existência atual ou futura, tal qual disciplina o art. 483 do Código Civil. É 
bastante usual a alienação de imóveis em construção. Nos contratos aleatórios, é da 
própria essência do risco assumido por uma das partes a imposição de prestações que 
dependerão do acaso, seja pela sua exigibilidade (art. 458 do CC), seja pela própria 
quantidade da coisa, como na venda de coisa futura (v.g., compra de safra ou de 
mercadorias em bolsa com preço fixo). Se a coisa não vier a existir, haverá ineficácia 
superveniente do negócio jurídico. - Curso de Direito Civil vol. 2 – Cristiano Chaves de 
Farias; Nelson Rosenvald – 2014, pág. 166. 
Depositário depositante 
Ex.: emprestar um livro e perdi 
Se por minha culpa – tenho que pagar 
Se não, Res Perit In Domino SUO 
07/03/2014 - Alex 
Frutos 
 - Atributos que a coisa proporciona sem perder suas características. 
Há três tipos: 
Frutos Naturais - referem-se às frutas - Maça, Manga, Goiaba,... 
Frutos Artificiais - Industriais, produzidos artificialmente: Goiaba 
Frutos Civis – decorrentes de relações jurídicas: Aluguel 
Os Frutos podem ser classificados como: 
Percebidos – Colhidos (consumidos – comeu a maçã e o restantes – estocados) Devedor 
de boa fé 
Pendentes – ainda por amadurecer 
Percipientes – Deveriam ser colhidos, mas não foram. É perda. 
Produtos: Exploração à custa do próprio bem, o bem se acaba. Ex.: Poço de Petróleo, 
uma Mina de ferro....um dia acaba 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 11 
 
Obrigação de Dar - Restituir 
O Direito Civil é aplicado de maneira supletiva se não estiver pactuado entre as partes. 
Benfeitorias: Melhorias que você agrega ao bem. Podem ser: 
Necessárias – imprescindíveis à manutenção da coisa; Piscina – Escola de natação; 
Úteis – aperfeiçoamento da coisa; Piscina – num colégio; 
Voluptuárias – embelezar, deleite. Piscina – numa casa. 
Ex.: Relação locatícia: Benfeitorias Necessárias não precisa de autorização e cabe 
restituição. 
Contrato de locação: se solicito o bem e não o devolvo no prazo legal – O devedor se 
torna um devedor de má fé e este responde por tudo que acontecer com o bem. Não se 
aplicando o Res Perit In Domino SUO. 
Coisa incerta – Obrigações Genéricas 
Objeto da prestação é determinada de forma ampla. Você determina: 
O “Gênero / Espécie” e a Quantidade. Ex.: Manga-larga / 10 
In Medium Est Virtus – a virtude está no meio // O Direito civil regula para que o 
devedor não entregue o pior e nem o credor exija o melhor. 
No momento em que eu separei os 10 cavalos, a obrigação se torna certa. Este momento 
de escolha se chama concentração, que é a especificação da obrigação genérica, 
tornando-a obrigação certa. 
Animus Jocandi – Brincadeira 
Obrigação de DAR - Dinheiro / Obrigação Pecuniária 
Regida pelo Princípio Nominalista – vale o valor que está disposto no Contrato (foi 
relativizado). Ex.: Contrato para pagar R$100,00 daqui seis meses. Surgiu a Teoria da 
Dívida de Valor através de Cláusulas móveis, visando atualizar o valor do bem. 
 Dívida de valor: é aquela, que embora paga em dinheiro, procura atender ao 
verdadeiro valor do objeto da prestação, incorporando as variações que possa assumir. 
Ou seja, o débito não mais concerne a um quantum, mas ao pagamento de uma soma 
que corresponda a certo valor apto a preservar o poder aquisitivo originário do credor. 
Neste caso, o dinheiro não é o objeto da prestação, mas meio de valorá-la, oscilando de 
acordo com a sua variação. 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 12 
 
Pela teoria da dívida de valor, pelo qual a atualização da prestação pecuniária é uma 
exigência de equidade e visa a evitar o enriquecimento sem causa, preservando o valor 
real da moeda. 
http://professor.ucg.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/15449/material/DO%20OB
JETO%20E%20DA%20PROVA%20DO%20PAGAMENTO.pdf - acesso em 29/03/2014 
Características dos Direitos Reais 
a) tipicidade ou legalidade — os direitos reais somente existem se a respectiva figura 
estiver prevista em lei (art. 1.225 do CC-02 e arts. 524 e 674 do CC-16); 
b) taxatividade — a enumeração legal dos direitos reais é taxativa (numerus clausus), 
ou seja, não admite ampliação pela simples vontade das partes; 
c) publicidade — primordialmente para os bens imóveis, por se submeterem a um 
sistema formal de registro, que lhes imprime essa característica; 
d) Absoluto/Oponibilidade – eficácia erga omnes — os direitos reais são oponíveis a 
todas as pessoas, indistintamente. Consoante vimos acima, essa característica não 
impede, em uma perspectiva mais imediata, o reconhecimento da relação jurídica real 
entre um homem e uma coisa. Ressalte-se, outrossim, que essa eficácia erga omnes 
deve ser entendida com ressalva, apenas no aspecto de sua oponibilidade, uma vez que 
o exercício do direito real — até mesmo o de propriedade, mais abrangente de todos — 
deverá ser sempre condicionado (relativizado) pela ordem jurídica positiva e pelo 
interesse social, uma vez que não vivemos mais a era da ditadura dos direitos; 
e) inerência ou aderência — o direito real adere à coisa, acompanhando-a em todas 
as suas mutações. Essa característica é nítida nos direitos reais em garantia (penhor, 
anticrese, hipoteca), uma vez que o credor (pignoratício, anticrético, hipotecário), 
gozando de um direito real vinculado (aderido) à coisa, prefere outros credores 
desprovidos dessa prerrogativa; 
f) sequela — como consequência da característica anterior, o titular de um direito real 
poderá perseguir a coisa afetada, para buscá-la onde se encontre, e em mãos de quem 
quer que seja. É aspecto privativo dos direitos reais, não tendo o direito de sequela o 
titular de direitos pessoais ou obrigacionais. 
Por tudo isso, o poder atribuído ao titular de um direito real é juridicamente muito 
mais expressivo do que aquele conferido ao titular de um direito de natureza pessoal ou 
obrigacional. - Novo Curso de Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 
 
 
 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 13 
 
Obrigações Híbridas (ver lucro) 
Processo de retomada do bem = ericção. Prestação pessoal decorre da propriedade de 
um bem 
Embora o tópico possa parecer mais adequado à classificação das obrigações, a 
distinção entre direitos pessoais e reais traz sempre à lembrança figuras jurídicas 
situadas em uma área intermediária. 
De fato, existem obrigações, em sentido estrito, que decorrem de um direito real sobre 
determinada coisa, aderindo a essa e, por isso, acompanhando-a nas modificações do 
seu titular. São as chamadas obrigações in rem, obrem ou propter rem, também 
conhecidas como obrigações reais ou mistas. 
Ao contrário das obrigações em geral, que se referem ao indivíduo que as contraiu, as 
obrigações propter rem se transmitem automaticamente para o novo titular da coisa a 
que se relacionam. 
É o caso, por exemplo, da obrigação do condômino de contribuir para a conservação 
da coisa comum (art. 1.315 do CC-02 e art. 624 do CC-16) ou a dos vizinhos de 
proceder à demarcação das divisas de seus prédios (art. 1.297 do CC-02 e art. 569 do 
CC-16), em que a obrigação decorre do direito real, transmitindo-se com a 
transferência da titularidade do bem. Também era a hipótese, prevista no art. 678 do 
CC-16 (sem correspondência no CC-02), da obrigação do enfiteuta de pagar o foro. 
Por outro lado, muitas vezes confundido com tais obrigações mistas é o instituto da 
renda constituída sobre imóvel, que, como direitoreal na coisa alheia previsto somente 
no CC-16 (arts. 749 a 754), é, em verdade, uma limitação da fruição e disposição da 
propriedade, com oponibilidade erga omnes. 
Por fim, distinga-se a obrigação propter rem das obrigações com eficácia real. Nestas, 
sem perder seu caráter de direito a uma prestação, há a possibilidade de oponibilidade 
a terceiros, quando houver anotação preventiva no registro imobiliário, como, por 
exemplo, nos casos de locação e compromisso de venda, como dispõe o art. 8.º da Lei 
n. 8.245/9113. - Novo Curso de Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 
pág. 46 
Três tipos de obrigações: 
Obrigação de Dar 
Credor X Devedor 
Credor – depositante 
Devedor – indenização para o devedor. Exemplo: perca de um bem (moto, carro, etc.) 
por motivo de caso fortuito ou força maior. Depositário é quem esta cuidando do bem. 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 14 
 
Coisa certa X coisa Incerta 
CONSIDERAÇÕES TERMINOLÓGICAS 
Nos Códigos do mundo em geral, e no nosso em particular, consagrou-se a 
denominação Direito das Obrigações, dando-se destaque ao aspecto passivo (a 
obrigação), e não ao ativo (o crédito) da relação jurídica obrigacional. 
Entretanto, para que não existam impropriedades terminológicas prejudiciais à 
compreensão de nossa matéria, qual seria o alcance e significado da palavra 
obrigação? 
Obrigação, segundo difundida definição, significa a própria relação jurídica pessoal 
que vincula duas pessoas, credor e devedor, em razão da qual uma fica “obrigada” a 
cumprir uma prestação patrimonial de interesse da outra. 
Nesse sentido é o pensamento de WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO: “A 
obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e 
credor, e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, 
devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu 
patrimônio”. 
Nessa fase de criação de um conceito mais técnico de obrigação, não podemos 
esquecer do seu caráter transitório (repudia ao Direito moderno a ideia de uma 
obrigação perpétua, pois isso corresponderia à ideia de servidão humana), bem como 
do seu conteúdo econômico, esclarecendo-se que a menção à prestação positiva ou 
negativa se refere à modalidade de prestação (fazer/dar ou não fazer), o que veremos 
em capítulo próprio. 
JOÃO DE MATOS ANTUNES VARELA, um dos maiores estudiosos da disciplina, 
amparado na doutrina alemã, amplia ainda mais o conceito analítico de obrigação, 
para considerá-la, mais do que uma relação jurídica obrigacional, um verdadeiro 
processo conducente à satisfação do interesse do credor: 
“A obrigação, com todos poderes e deveres que se enxertam no seu tronco, 
pode mesmo considerar-se como um processo (conjunto de actos 
logicamente encadeados entre si e subordinado a determinado fim), 
conducente ao cumprimento”. 
Em perspectiva mais restrita, por outro lado, a palavra obrigação significaria o 
próprio dever de prestação imposto ao devedor. Todavia, não raramente a expressão 
dever jurídico transcende os limites do direito, invadindo a esfera da moral (fala-se, 
nesse caso, em dever ou obrigação religiosa, sentimental etc.). 
Em nosso entendimento, é mais adequado empregarmos a expressão obrigação para 
referirmos à própria relação jurídica obrigacional vinculativa do credor e do devedor, 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 15 
 
sem que se possa apontar atecnia na adoção da palavra para significar apenas o dever 
de prestar, por se tratar de expressão plurissignificativa. 
Conceitos correlatos 
Não se deve confundir, ainda, obrigação (debitum) e responsabilidade (obligatio), por 
somente se configurar esta última quando a prestação pactuada não é adimplida pelo 
devedor. A primeira corresponde, em sentido estrito, ao dever do sujeito passivo de 
satisfazer a prestação positiva ou negativa em benefício do credor, enquanto a outra se 
refere à autorização, dada pela lei, ao credor que não foi satisfeito, de acionar o 
devedor, alcançando seu patrimônio, que responderá pela prestação. 
Em geral, toda obrigação descumprida permite a responsabilização patrimonial do 
devedor, não obstante existam obrigações sem responsabilidade (obrigações naturais 
— debitum sem obligatio), como as dívidas de jogo e as pretensões prescritas. Por 
outro lado, poderá haver responsabilidade sem obrigação (obligatio sem debitum), a 
exemplo do que ocorre com o fiador, que poderá ser responsabilizado pelo 
inadimplemento de devedor, sem que a obrigação seja sua. 
Interessa, ainda, em respeito à técnica, a fixação de dois outros importantes conceitos 
correlatos ao de obrigação: o estado de sujeição e o ônus jurídico. 
O estado de sujeição consiste na situação da pessoa que tem de suportar, sem que nada 
possa fazer, na sua própria esfera jurídica, o poder jurídico conferido a uma outra 
pessoa. Ao exercício de um direito potestativo corresponde o estado de sujeição da 
pessoa, que deverá suportá-lo resignadamente (ex.: o locador, no contrato por tempo 
indeterminado, denuncia o negócio jurídico, resilindo-o, sem que o locatário nada 
possa fazer). Esse estado de sujeição, por tudo que se disse, não traduz uma relação 
jurídica obrigacional, por ser inexistente o dever de prestar. 
O ônus jurídico, por sua vez, caracteriza-se pelo comportamento que a pessoa deve 
observar, com o propósito de obter um benefício maior. O onerado, pois, suporta um 
prejuízo em troca de uma vantagem. É o caso do donatário, beneficiado por uma 
fazenda, a quem se impõe, por exemplo, o pagamento de uma pensão mensal vitalícia à 
tia idosa do doador (doação com encargo). Não se trata, pois, de um dever de prestar, 
correlato à satisfação de um crédito, mas, sim, de um encargo que deve ser cumprido 
em prol de uma vantagem consideravelmente maior. O ônus não é imposto por lei, e só 
se torna exigível se o onerado aceita a estipulação contratual. 
Direitos Reais = Direito das Coisas 
Direitos de Crédito (pessoais) = Direito das Obrigações, 
Conclusão – Classificação Básica das Obrigações 
Obrigações de fazer – a essência está no conceito da fungibilidade, se a obrigação pode 
ou não ser substituída. Inadimplemento culposo, possibilidade de poder ser realizado 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 16 
 
por outra pessoa. Se for infungível, pode ser usado a tutela ressarcitória, ou seja, será 
pago uma indenização. Modernamente se privilegia a tutela específica, que tenta 
garantir a eficácia prática, o bem da vida pretendido. Se tenta fazer com que a obrigação 
seja cumprida. Se substitui o que antigamente era pago com o corpo por bens, e o que se 
pagava com a liberdade pelo patrimônio. Exemplo: busca e apreensão. Ver “astreinte” – 
multa. Obs. A tutela ressarcitória é usada nas obrigações fungíveis. 
Obrigações de não fazer – se abster de realizar certos procedimentos. Exemplo: LOUS 
tem gabarito baixo (não pode ter construções altas), o zoneamento (que poder ser 
exclusivo residencial). Outro exemplo é a faixada de condomínio. Esta não pode ser 
modificada. 
Modalidades especiais de obrigações 
1 - Critério subjetivo (entre sujeitos, relacionado ao número de sujeitos) 
1.1 - Obrigações fracionárias – há uma pluralidade de sujeitos ativos ou passivos cuja 
obrigação correlata é divisível “pro rata”, ou seja, proporcionalmente entre eles. Ex.: 
condomínio, herdeiros. Uma dívida de R$300,00 de três pessoas, o credor só poderá 
cobrar R$100,00 de cada devedor. “concursu partes flunt” verificar. 
1.2 - Obrigações conjuntivas – também conhecidas como unitária ou de mão própria – 
também envolve uma pluralidade de sujeitos no polo ativo oupassivo, que tem que 
cumprir a obrigação “em bloco”. Ex.: bens indivisíveis. 
1.3 - Obrigações disjuntivas – só ocorre em relação aos devedores, corresponde a 
relação jurídica em que o credor pode exigir alternativamente a prestação em sua 
integralidade a qualquer um dos devedores, cujo cumprimento desonera os demais sem 
assistir-lhes direito a ação regressiva. No ex.: dos R$300,00, um pagando a dívida total, 
os outros estão exonerados. O credor escolhe qual o devedor irá pagar, podendo acioná-
lo juridicamente. 
1.4 - Obrigações solidárias (mais importante) – (passiva) mesmo exemplo acima: um 
credor e três devedores com uma dívida de R$300,00. Neste caso o credor também pode 
escolher qual o devedor deve pagar integralmente a dívida, porém, este devedor tem 
direito a ação de regresso para reaver o valor fracionado dos outros dois devedores, e 
assim, reaver os R$200,00. Em sucessão, se um dos devedores morre, pode se cobrar 
de modo solidário aos herdeiros do falecido? Obs. Não se presume a obrigação 
solidária, tem que ser expressamente consignada em lei ou em contrato. 
14/03/2014 
Há também a solidariedade ativa. Ex.: três credores e um devedor. O devedor pode 
pagar a apenas um credor, ou um desses credores pode exigir o pagamento total, e os 
outros credores têm que se acertarem. Na sucessão se aplica o mesmo principio da 
passiva assim como se o bem for indivisível. 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 17 
 
Remissão (perdão) – esta hipótese ocorre quando da solidariedade passiva. O credor 
pode perdoar a divida de uma das partes e exigir de qualquer uma das outras partes o 
restante do débito. 
Renúncia – o credor pode abrir mão de cobrar toda a divida de um devedor, pode 
cobrar apenas uma parte e o restante de outros ou outros devedores. 
Responsabilidade civil – não há solidariedade, se um dos membros deu perda ao bem, 
apenas ele responde por perdas e danos. 
1.5 - Obrigações “in solidum” - conceito são aquelas em que os devedores encontram-
se obrigados a uma mesma prestação, não com um vínculo jurídico, como na 
solidariedade, mas em decorrência de uma circunstância fática. Ex.: uma casa que está 
assegurada e alguém a incendeia. O proprietário pode cobrar pelo bem à seguradora ou 
ao causador do dano. 
1.6 - Obrigações subsidiárias – quando a obrigação originária não é cumprida, então o 
devedor subsidiário, ou seja, o próximo, é cobrado para cumprir a obrigação que 
garantiu o contrato. Existe uma ordem de preferencia para o cumprimento da obrigação. 
Ex.: fiador e serviço terceirizado. 
2 - Critério objetivo 
2.1 - Obrigações alternativas – é aquela em que o devedor obriga-se alternativamente 
ao cumprimento de duas ou mais prestações, sendo que, o adimplemento de uma delas o 
desonera das demais. Se não estiver escrito a preferencia da prestação a ser paga, o 
devedor pode escolher qual prestação pagar. Se houver mais de um devedor a escolha 
tem que ser unânime. 
Responsabilidade – perdendo-se o bem por culpa do devedor – perda de todas as 
prestações. 
Direito de escolha do devedor (perdendo os dois bens, o valor a ser ressarcido será o do 
último bem perdido mais perdas e danos) - Direito de escolha do credor (credor exige o 
valor correspondente ao bem que ele escolheria mais perdas e danos) 
Perdendo-se o bem por culpa do devedor – perda de uma das prestações 
Direito de escolha do devedor (não há problema porque o devedor tem o bem 
remanescente) - Direito de escolha do credor (o credor pode optar pelo bem 
remanescente, mas se o credor escolher o bem que foi perdido, este pode requerer o 
valor do bem perdido mais perdas e danos) 
Perda do bem sem culpa do devedor – resolve-se a prestação 
2.2 - Obrigações facultativas – são aquelas cujo objeto consiste no cumprimento de 
uma obrigação, sendo facultado ao devedor substituí-la. Se o bem se perder sem culpa 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 18 
 
do devedor, se resolve a obrigação, não há obrigação alternativa. Se for com culpa, cabe 
perdas e danos. Ex. deve o barco, mas o devedor pode pagar o carro. 
2.3 - Obrigações Cumulativas – são aquelas cujo objeto consiste no cumprimento de 
duas ou mais prestações conjuntamente (uma e outra). Ex. deve o barco E o carro. A 
data de entrega do objeto não precisa ser simultânea, mas só se completa quando das 
duas. Se perda, aplica-se o mesmo anterior. 
2.4 - Obrigações Divisíveis – são aquelas cujo objeto pode ser fracionado sem 
descaracterizar sua natureza constitutiva. Ex. obrigação pecuniária. 
2.5 - Obrigações Indivisíveis – são aquelas cujo objeto não pode ser dividido, sob pena 
de descaracterizar sua natureza. Existem três modalidades de bens indivisíveis: os 
naturalmente indivisíveis, os indivisíveis por força de lei e os indivisíveis 
convencionalmente. 
Distinções entre obrigações solidárias e indivisíveis: 
Obrigações solidárias Obrigações indivisíveis 
Envolve uma relação subjetiva Decorre de uma circunstância fática, 
objetiva do bem. 
Servem como garantia da obrigação Unidade intrínseca da prestação 
 
 
Quanto a seus efeitos: 
No caso de morte a obrigação solidaria se converte em fracionária quanto aos herdeiros 
do “decujus”. Na obrigação indivisível, a indivisibilidade permanece, diferente da 
solidária, que só pode cobrar dos herdeiros de modo fracionado 
No caso de perdas e danos (com culpa) – perda do objeto da prestação – solidária: a 
solidariedade permanece quanto ao valor total do bem. As perdas e danos são exigíveis 
de quem deu causa. Assim, o credor pode exigir o valor total do bem a qualquer 
devedor, mas a indenização de perdas e danos será cobrada do devedor que deu causa à 
perda. Na obrigação indivisível, a obrigação se converte em fracionária convertendo em 
pecuniário para haver a divisão. 
Naturalmente – um animal 
Por força de lei – módulo rural (extensão mínima que uma propriedade agrícola pode 
ter, dependendo da região, para proteger a agricultura familiar). 
Convencionalmente – por força de contrato, as partes concordaram. 
2.6 - Obrigações Líquidas – são aquelas cujo objeto é certo e determinado, 
existente/individualizada. 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 19 
 
2.7 - Obrigações Ilíquidas – são obrigações certas, mas indeterminadas. Existem mas 
não é possível mensurá-la (quantum). Ex. dívida trabalhista 
Método de liquidação (apuração judicial): por cálculo (quando os elementos necessários 
para a apuração da dívida se encontram no processo), por artigos (inexistem 
documentos suficientes no, autos para averiguar o que está faltando, pode ser preciso 
pericia, busca e apreensão, etc.) e por arbítrio (não existem dados suficientes nos autos e 
nem pode haver, não há como mensurar o valor do bem como humilhação, vida 
humana, dignidade da pessoa, etc.) 
21/03/2014 
3 - Critério acidental 
3.1 - Acidente - o elemento acidental a um negocio jurídico é aquele que por sua 
própria natureza pode ou não incidir sobre determinada relação, ou seja, possui 
características acessória, eventual, incidental. Em suma, não essencial. 
3.2 - Obrigação condicional – é aquela cuja eficácia encontra-se sujeita a ocorrência de 
um acontecimento futuro e incerto. A eficácia fica suspensa em decorrência da 
condição, ou seja, depende de ocorrer para ter eficácia. Ex. dote 
3.3 – Obrigação a termo - É aquela cuja eficácia encontra-se sujeita a um evento futuro 
e certo. Ex. promessa de presente quando completar maior idade. A eficácia também 
fica em suspenso até que ocorra o fato. 
3.4 – Obrigações modais – são aquelas que atribuem um ônus ou um encargo ao 
credor. Obs. O não cumprimento do ônus não afeta o negocio principal. Ex.terreno que 
é vendido com uma condição de preservar uma determinada área. 
3.5 – Obrigação pura – é aquela que não é sujeita a nenhum acidente. Punição, termo 
ou encargo. Ex. contrato de compras e vendas puro e simples. 
4 - Critério conteudístico 
4.1 – Obrigação de meio - é a obrigação pela qual o devedor compromete-se a erigir 
todos os esforços necessários a alcançar o objeto determinado, não podendo, contudo, 
assegurar seu resultado. Ex. advogado, médico. 
4.2 – Obrigação de resultados – o devedor se compromete a realizar o objeto da 
relação do negocio. Ex. contrato de transporte, cirurgia plástica. 
4.3 – Obrigação de garantia – é aquela em que o devedor assume o risco de realização 
da obrigação principal comprometendo-se a adimpli-la se o devedor originário não o 
fizer. O secundário que está dando a garantia é que tem de cumprir. Ex. fiador de 
locação. 
 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 20 
 
 
Modalidades especiais de obrigações – Critérios: 
Objetivo Subjetivo Acidental Conteudístico 
Obrigações alternativas - 
o devedor obriga-se 
alternativamente ao 
cumprimento de duas ou 
mais prestações, 
adimplemento de uma 
desonera das demais. 
Escolha depende do 
contrato. 
Obrigações 
fracionárias - 
pluralidade de 
sujeitos, obrigação 
correlata é divisível 
“pro rata”. 
Obrigação 
condicional - 
depende de um 
acontecimento 
futuro e incerto, 
depende de ocorrer 
para ter eficácia. 
Obrigação de 
meio devedor 
compromete-se a 
alcançar o objeto 
determinado, sem 
garantia. 
Obrigações facultativas - 
uma obrigação, sendo 
facultado ao devedor 
substitui-la, com ou sem 
indenização a depender 
da culpa. 
Obrigações 
conjuntivas - 
pluralidade de 
sujeitos, tem que 
cumprir a obrigação 
“em bloco”. 
Obrigação a termo 
depende de um 
evento futuro e 
certo, eficácia 
também fica em 
suspenso até que 
ocorra o fato. 
 
Obrigação de 
resultados - 
devedor se 
compromete a 
realizar o objeto 
da relação do 
negocio. 
Obrigações Cumulativas 
- duas ou mais prestações 
conjuntamente (uma e 
outra), não precisa ser 
simultânea. 
 
Obrigações 
disjuntivas - credor 
escolhe devedor a 
pagar, desonerando os 
demais, sem ação 
regressiva. 
Obrigações modais - 
ônus ou um encargo 
ao credor. Obs. O 
não cumprimento do 
ônus não afeta o 
negocio principal. 
 
Obrigação de 
garantia - devedor 
pode pagar pelo 
do devedor 
originário. 
Obrigações Divisíveis - 
objeto pode ser 
fracionado sem 
descaracterizar sua 
natureza. 
Obrigações solidárias 
- credor escolhe 
devedor a pagar, 
devedor tem direito a 
ação de regresso. 
Obrigação pura - não 
é sujeita a nenhum 
acidente, Punição, 
termo ou encargo. 
 
Obrigações Indivisíveis - 
objeto não pode ser 
dividido, sob pena de 
descaracterizar sua 
natureza. Três tipos: 
naturalmente, por força 
de lei, 
convencionalmente. 
 
Obrigações “in 
solidum” - devedores 
obrigados a uma 
mesma prestação, sem 
vínculo jurídico. 
 
Obrigações Líquidas - 
objeto é certo e 
determinado, 
existente/individualizada. 
 
Obrigações 
subsidiárias – cobra 
do garantidor 
 
Obrigações Ilíquidas - 
obrigações certas, mas 
indeterminadas. 
 
 
 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 21 
 
 
Prova da V1 até aqui - 26/03/2014 
Teoria do Pagamento 
1 - Conceito – cumprimento da obrigação, é a satisfação do crédito. Isso não se limita 
a obrigação pecuniária, mas a qualquer tipo de obrigação. O termo pagamento, 
diferentemente do que a linguagem comum nos sugere, não significa apenas a entrega 
de uma soma em dinheiro, mas poderá também traduzir, em sentido mais amplo, o 
cumprimento voluntário de qualquer espécie de obrigação.1 
Assim, nesse sentido, paga não apenas aquele que entrega a quantia em dinheiro 
(obrigação de dar), mas também o indivíduo que realiza uma atividade (obrigação de 
fazer) ou, simplesmente, se abstém de um determinado comportamento (obrigação de 
não fazer).¹ 
 
2 - Natureza jurídica – existem três doutrinas: A doutrina minoritária diz que é de 
natureza jurídica, um ato jurídico stricto sensu, que o pagamento é um ato jurídico, 
uma mera manifestação de vontade. A doutrina majoritária diz que é um negócio 
jurídico, um acordo de vontades. A terceira doutrina defende a natureza jurídica como 
sendo um negócio jurídico unilateral (o credor fica esperando, obrigação de fazer), 
bilateral (o credor também se manifesta para receber a dívida, obrigação de dar) e os 
que apoiam o negócio jurídico misto (depende). 
Os adeptos da primeira subteoria (ato jurídico em sentido estrito) defendem que o 
pagamento é um simples comportamento do devedor, sem conteúdo negocial, cujo 
principal e único efeito, previsto pelo ordenamento jurídico, é a extinção da obrigação.¹ 
A segunda subteoria (negócio jurídico) identifica no pagamento mais do que um 
simples comportamento, mas uma declaração de vontade, acompanhada de um 
elemento anímico complexo: o animus solvendi. Dentre esses pensadores, há os que 
defendem a natureza contratual (bilateral) do pagamento, que consistiria em um 
acordo liberatório entre as partes.¹ 
3 - Condições Subjetivas 
3.1 – Sujeito ativo - Alienação a “Non Domino” (não pertence). O sujeito ativo deve 
resolver a obrigação, é o devedor. O termo resolver é de origem latina “solvens”. 
3.2 – Sujeito passivo - O sujeito passivo é o credor, é o “accipiens”. 
3.3 - Pagamento a terceiro (credor putativo) – o devedor pagou à pessoa errada. O 
credor pode continuar cobrando a dívida, inclusive com juros. Se o devedor, de boa fé, 
pelas circunstâncias do fato não pudesse desconfiar da ilegitimidade do terceiro, ou seja, 
 
1 Novo Curso de Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 – pág. 145-147 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 22 
 
seu erro fosse escusável, o pagamento é resultado válido. Em suma, alguém fingiu ser o 
verdadeiro credor e o devedor pagou de boa fé. Esse credor aparente é chamado de 
“credor putativo”. Pagamento efetuado ao credor putativo 
Art. 309 do Código Civil: “O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado 
depois que não era credor. ” 
Credor putativo é aquele que se apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro 
credor. Recebe tal denominação, portanto, quem aparenta ser credor, como é o caso do 
herdeiro aparente. Se, por exemplo, o único herdeiro conhecido de uma pessoa 
abonada, e que veio a falecer, é o seu sobrinho, o pagamento a ele feito de boa-fé é 
válido, mesmo que se apure, posteriormente, ter o de cujus, em disposição de última 
vontade, nomeado outra pessoa como seu herdeiro testamentário. 
Pode ainda ser lembrada, como exemplo de credor putativo, a situação do locador 
aparente, que se intitula proprietário de um apartamento e o aluga a outrem. Provada 
a boa-fé deste, os pagamentos de aluguéis por ele efetuados serão considerados 
válidos, ainda que aquele não seja o legítimo dono. Como credor putativo, porém, não 
pode ser considerado o falso procurador. 
A boa-fé tem, assim, o condão de validar atos que, em princípio, seriam nulos. Ao 
verdadeiro credor, que não recebeu o pagamento, resta somente voltar-se contra o 
accipiens, isto é, contra o credor putativo, que recebeu indevidamente, embora também 
de boa-fé, pois o solvens nada mais deve. 
Além da boa-fé, exige-se a escusabilidade do erro que provocou o pagamento para a 
exoneração do devedor. A boa-fé, no entanto, pode ser elidida demonstrando-se que o 
solvens tinha ciência de que o accipiens não era o credor. Se, caso contrário, o erro 
que provocou o pagamentoincorreto é grosseiro, não se justifica proteção a quem agiu 
com desídia, negligência ou imprudência.2 
3.4 - Pagamento por terceiro interessado – não integra a obrigação jurídica, mas tem 
interesse, está indiretamente vinculado. O devedor, em uma relação de pagamento, é 
aquele que paga a obrigação. Esse pagamento também pode ser efetuado por um 
terceiro, alguém interessado ou não interessado. Quando se fala de interesse está se 
referindo ao interesse jurídico. Exemplo: fiador. O terceiro interessado poderá, caso o 
credor se recuse injustamente a receber o pagamento ou dar quitação regular, usar dos 
meios conducentes à exoneração do devedor, como, por exemplo, a ação de 
consignação em pagamento. Por isso, não é lícita a recusa do credor que exige receber 
o pagamento das mãos do próprio devedor.3 
 
3.5 - Pagamento por terceiro não interessado - é o sujeito que não tem vínculo com a 
obrigação, mas paga em nome e em conta do devedor (art. 304 do CC-02 e art. 930 do 
CC-16). Exemplo: um pai ou um amigo que paga uma dívida, não tendo, a priori, o 
 
2 Direito Civil 1 Esquematizado - Parte Geral Obrigações Contratos- 1ª ed. - Pedro Lenza - Ano 2011 pág. 
574 
3 Novo Curso de Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 – pág. 149-150 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 23 
 
direito de cobrar a dívida. Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, 
usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. 
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, 
salvo oposição deste. 
 
Há também o terceiro que paga em nome e em conta própria (art. 305 do CC-02 e art. 
931 do CC-16), ou seja, em seu próprio nome podendo depois cobrar esta dívida. Não 
se trata de sub-rogação, pois ele não substitui juridicamente o credor. Por exemplo: um 
credor tem como garantia a hipoteca de uma casa. Um terceiro, pagando a dívida em seu 
próprio nome passa a ser o titular de um crédito, pode cobrar depois do devedor o valor, 
mas não pode cobrar a casa, a hipoteca, porque este era um acordo do devedor com o 
credor original. Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem 
direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. 
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento. 
 
O credor tem que notificar o devedor sobre o desejo de um terceiro quitar a dívida para 
que este possa autorizar. Se o devedor não for notificado ou não concordar e mesmo 
assim o terceiro pagar a dívida, este, o terceiro, não pode cobrar a dívida, será como 
pagar em nome e em conta do devedor. Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com 
desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha 
meios para ilidir a ação. 
 
Impugnação por terceiro – aquele a quem se paga pode ser: voluntario ou consensual, 
legal ou judicial. Se o bem for fungível - Credor (ou representante) – aquele a quem se 
paga, pode ser voluntária ou consensual, legal e judicial. Art. 307. Só terá eficácia o 
pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em 
que ele consistiu. 
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível4, não se poderá mais reclamar do credor que, 
de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. 
 
28/03/2014 
4 – Condições Objetivas (Quitação) 
4.1 – Do recibo – é necessário pedir o recibo como prova de quitação da obrigação. Se 
o credor se negar a dar o recibo, o pagamento deve ser feito em “consignação de 
pagamento”. Nome do devedor, especificação da dívida, se parcela ou outro e a título ou 
a respeito de que, data local e firma. 
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe 
seja dada. 
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a 
espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, 
com a assinatura do credor, ou do seu representante. 
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos 
ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. 
 
 
4 Adj. - Que se gasta; Que se consome com o primeiro uso – Dicionário Aurélio Século XXI 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 24 
 
Periodicidade – quando se tem uma prestação de trato sucessivo (mês a mês), pagas 
regularmente, se a última foi paga reputa-se que a anterior foi inadimplida. 
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em 
contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. 
Termos e circunstâncias – a depender do local, mesmo que não haja a existência do 
recibo, presume-se que a prestação está inadimplida. 
Dívidas literais – títulos de credito. Ex. nota promissória. Art. 321. Nos débitos, cuja 
quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, 
declaração do credor que inutilize o título desaparecido. 
4.2 – Do espaço - Dívidas “quisíveis”ou querable e “portáveis” ou portable – 
quisível ou devem ser adimplidas no local onde se encontra o devedor e o portável 
devem ser adimplidas no local onde se encontra o credor. De regra, quando não obsta 
em contrato, deve ser pago no local do devedor. Se existe mais de um local especificado 
no contrato o direito de escolha é do credor. 
Reiteração – prestação continuada de tratos sucessivos, prevista em um lugar, mas é 
cumprida em outra localidade, essa nova localidade passa a ser o local de cumprimento 
para fins legais. 
4.3 – Do tempo “números clausus” - Pode pedir o pagamento antes do tempo, ou seja, 
possibilidade de antecipação. Ex. falência, hipoteca (exigir o pagamento antecipado 
para não tentar executar a hipoteca). 
 
Consignação em Pagamento 
1 – conceito – instituto jurídico pelo qual o devedor pode, em vista de eventual 
circunstância obstativa ou impeditiva por parte do credor, de cumprir sua obrigação, 
depositar o bem em juízo ou fora dele e assim, extinguir a dívida isentando-se de 
quaisquer ônus de mora. Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito 
judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais. 
O pagamento da obrigação não é só um dever por parte do devedor, é também um 
direito de se ver livre da obrigação. Pode pagar em consignação pra evitar os juros, 
multas ou outras consequências advindas de um possível atraso. 
2 – Conteúdo – são obrigações de dar, as mais comuns são as pecuniárias. Ex. 
obrigação de dar coisa incerta. Deve-se transformar a coisa incerta em coisa certa. Se a 
critério do credor... 
3 – Hipóteses - 1) Quando o credor se recusa a receber o pagamento ou a dar recibo. 
2) o credor não vai buscar o bem e não manda representante buscá-lo. 3) quando não se 
sabe do credor. Ex. ausência, morte (sem saber quem são os herdeiros). 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 25 
 
Art. 335. A consignação tem lugar: 
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação 
na devida forma; 
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; 
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em 
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; 
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. 
4 – Levantamento – quando o devedor toma de volta o depósito, mas isso depende: 
se o credor já tiver aceitado o pagamento ou se manifestado em impugnar o depósito, o 
devedor não pode desistir. 
5 – Despesas – as despesas são regidas pelo ônus da sucumbência 
02/04/2014 
6 – Procedimentos – Lei 8.951/94 
6.1 - Extrajudicial – deposita o valor em um banco oficial, isto é, gerido pelo Estado, 
exemplo caixa, e no local onde a dívida deveria ser adimplida. O credor deve ser 
notificado e é indispensável o aviso de recebimento do aviso de depósito (aviso 
postal). O credor tem dez dias para se manifestar a respeito do depósito, para impugnar, 
caso em contrário será considerado a dívida paga. Se o credor impugnar o depósito, o 
devedor terá 30 dias para ingressar em juízo sem pagar mora. Três pontos essenciais: 
depósito, banco oficial e aviso de recebimento. 
6.2 – Judicial – o depósito pode ser em qualquer banco, comprovante é essencial para 
o julgamento do juiz. O banco tem que está dentro da comarca onde se realizaria o 
pagamento, por razão de competência territorial. O credor será avisado através de 
citação, ele será citado e tem o prazo de 15 dias para se manifestar. A contumácia 
implica que os argumentos de fato serão reputados como verdadeiros. (Revelia - ficção 
jurídica pela qual o réu não se manifesta no processo, levando a reputar os fatos 
alegados como verdadeiros). 
 
Pagamento com Sub-rogação 
1 – Conceito: pagamento com sub-rogação é o instrumento jurídico pelo qual terceiro 
paga a dívida ou assegura os meios necessários para o devedor adimplir dada obrigação 
e com isso investindo-se nos direitos e prerrogativas do credor originário, ou seja, 
substituindo-o. 
2 - Efeitos - Tem dois efeitos: liberatório e transladativo - Caio deve a Tício R$100,00 
e Mévio paga a dívida, assim a dívida é transferida para o novo credor, Mévio. Esse 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 26 
 
instituto não pode ser presumido, tem que estar expressamente registrado. Art. 349. A sub-
rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em 
relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. 
3 – Modalidades 
3.1 - Modo convencional: tem que ser expressamente consignado a sub-rogação entre 
as partes, um terceiro não interessado pode pagar em nome e em conta própria. Quem 
pagou será o novo credor, porém não terá todas as prerrogativas (como fiança, hipoteca 
ou outros) do credor anterior, apenas ao valor pago, ou seja, os R$100,00 do exemplo. 
Art. 347. A sub-rogação é convencional: 
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus 
direitos; 
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a 
condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. 
 
3.2 - Modalidade legal - Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: 
a) Terceiro interessado – está expresso em lei. Quem paga sub-roga-se com os direitos 
do credor. III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo 
ou em parte. 
b) Adquirente de imóvel hipotecado – adquire-se a hipoteca de uma casa e com isso, 
adquirem-se todas as prerrogativas da hipoteca, ou seja, a garantia (imóvel) será do 
novo credor. É um terceiro não interessado porque a relação não tem vínculo jurídico. II 
– do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o 
pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; 
c) Credor paga dívida de devedor comum – exemplo: Três credores de um mesmo 
devedor, sendo que um destes tem uma garantia, como uma hipoteca. Um destes 
credores pode pagar ao credor que tem a hipoteca como forma de adquirir uma garantia 
da dívida. I - do credor que paga a dívida do devedor comum; 
Art. 348. Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto à cessão do crédito. 
Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão 
até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor. 
Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da 
dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever. 
 
Imputação em Pagamento 
1 – Conceito – Imputação em Pagamento é a faculdade jurídica mediante a qual o 
devedor escolhe entre dívidas líquidas e vencidas em face de um mesmo credor, aquela 
que está adimplindo quando de pagamento parcial, ou seja, o devedor escolhe qual a 
dívida irá pagar primeiro, já que todas estão vencidas. Art. 352. A pessoa obrigada por dois 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 27 
 
ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles 
oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. 
2 – Omissão do Devedor – se o devedor fizer o pagamento, mas não especificar 
qual dívida está pagando, a faculdade de escolha é transferida para o credor. Quando 
este fizer o recibo de pagamento ele vai adimplir a dívida que quiser. Art. 353. Não tendo o 
devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a 
quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando 
haver ele cometido violência ou dolo. 
3 – Ordem Legal - Se o credor também for omisso, não especificar a dívida, o 
código civil estabelece uma ordem legal: primeiro os juros vencidos, segundo as dívidas 
vencidas a mais tempo (não a data de aquisição da dívida). Se houver mais de uma 
dívida com vencimento na mesma data o critério é a mais onerosa. Art. 354. Havendo 
capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo 
estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital. 
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, 
esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e 
vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa. 
 
 
Dação em Pagamento5 
1 – Conceito - é o negocio jurídico mediante o qual o credor aquiesce em receber 
prestação diversa da anteriormente compactuada, extinguindo a obrigação originária. A 
dação em pagamento, validamente celebrada entre um dos credores solidários e o 
devedor, libera este para com aquele e para com os outros credores solidários, até o 
valor da coisa recebida. Dação em pagamento é o ato pelo qual o credor consente em 
receber coisa, que não seja dinheiro, em substituição da prestação que era devida. 
Conseguintemente, consentindo o accipiens na datio in solutum, pago ficou, e a 
obrigação está extinta para os outros credores solidários.6 
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. 
2 – Evicção – situação jurídica pela qual o legítimo proprietário de um bem tem o 
direito de reavê-lo nas mãos de quem indevidamente o detenha. Exemplo: obrigação de 
dar coisa certa. Entrega de um carro. O devedor oferece outro bem (barco) em lugar do 
carro, em dação, ou seja, em lugar do outro bem. O bem entregue em lugar do original 
(carro) não pode ser de outra pessoa. Evictor é o verdadeiro dono do objeto (barco) e 
Evicto é o sujeito que recebeu o bem. (Evicção7 - Ocorre a evicção — que traduz a 
 
5 Ver páginas 463 e 464 do livro de Cristhiano Chaves 
6 Direito Civil 1 Esquematizado - Parte Geral Obrigações Contratos- 1ª ed.- Pedro Lenza - Ano 2011 – 
pág. 507 
7 Evicção - Novo Curso de Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 – pág. 211 
S. f. Jur. 
 1. Ato ou efeito de evencer. 2. Perda, parcial ou total, que sofre o adquirente duma coisa em 
consequência da reivindicação judicial promovida pelo verdadeiro dono ou possuidor. – Dicionário 
Aurélio Século XXI 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 28 
 
ideia de “perda” —, quando o adquirente de um bem vem a perder a sua propriedade 
ou posse em virtude de decisão judicial que reconhece direito anterior de terceiro sobre 
o mesmo). 
 
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação 
primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. 
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação 
primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. Art. 356. O credor 
pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. 
Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão 
pelas normas do contrato de compra e venda. 
Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão. 
 
3 – “In Solitum” x “Pro Solvendo” – é aquela em que um novo objeto, por si só, 
extingue a dívida. No exemplo acima, ao invés de entregar o carro, foi entregue um 
barco e este corresponde ao valor do barco, assim, resolvendo (in solitum) a dívida. A 
“pro solvendo” é aquela que não resolve a dívida por completo. No exemplo, se fosse 
entregue uma moto em lugar do carro. 
 
Assim, se o devedor obriga-se a pagar a quantia de R$ 1.000,00, poderá solver a dívida 
por meio da dação, entregando um automóvel ou prestando um serviço, desde que o 
credor consinta com a substituição das prestações. 
Aliás, cumpre-nos registrar que a obrigação primitiva não precisa ser, 
necessariamente, pecuniária. Pouco importa se fora inicialmente pactuada obrigação 
de dar, de fazer ou de não fazer. O que realmente interessa é a natureza diversa da 
nova prestação.8 
 
Ressalte-se, todavia, que a dação em pagamento não se confunde com a pluralidade de 
prestações existente nas obrigações alternativas, haja vista que, nestas, a diversidade 
de prestações está prevista no próprio título da obrigação (p. ex.: nos termos do 
contrato, eu me obrigo a entregar um imóvel ou dez mil reais). 
Da mesma forma, não é idêntica às obrigações facultativas, porque aqui também existe 
prévia estipulação negocial da prestação subsidiária (p. ex.: nos termos do contrato, eu 
me obrigo a entregar um imóvel, sendo facultada, em caráter subsidiário, e ao meu 
critério, a entrega de dez mil reais). 
 
Diferentemente, na dação em pagamento, estipula-se uma prestação (a entrega de dez 
mil reais), e, ulteriormente, por meio de uma nova estipulação negocial entre devedor e 
credor, este aceita liberá-lo, recebendo, por exemplo, em troca do dinheiro, um imóvel. 
 
REQUISITOS DA DAÇÃO EM PAGAMENTO 
 
São requisitos dessa forma de extinção das obrigações: 
a) a existência de uma dívida vencida — visto que ninguém pode pretender solver uma 
dívida que não seja existente e exigível; 
b) o consentimento do credor — vale dizer, não basta a iniciativa do devedor, uma vez 
que, segundo a legislação em vigor, a dação só terá validade se o credor anuir (até 
porque, por princípio, este não estaria obrigado a receber coisa diversa da que fora 
pactuada, na forma do art. 313, do CC-02 e art. 863 do CC-16); 
 
8 Novo Curso de Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 – pág. 211 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 29 
 
c) a entrega de coisa diversa da devida — somente a diversidade essencial de 
prestações caracterizará a dação em pagamento, ou seja, a obrigação será extinta 
entregando o devedor coisa que não seja a res debita; 
d) o ânimo de solver (animus solvendi) — o elemento anímico, subjetivo, da dação em 
pagamento é, exatamente, o animus solvendi. Sem esta intenção de solucionar a 
obrigação principal, o ato pode converter-se em mera liberalidade, caracterizando, até 
mesmo, a doação. 9 
 
25/04/2014 
Novação (art. 360-367CC) 
1 – Conceito – modalidade da extinção da relação jurídica obrigacional mediante a 
criação de um novo vínculo de natureza substitutiva. 
É criar uma nova obrigação em virtude de um acordo entre as partes. Não há a quitação 
da dívida anterior, há o surgimento de nova obrigação com outros termos. Não é o 
mesmo que negociação de dívida, é algo novo, um novo contrato. Ex. uma dívida 
pecuniária que é convertida em prestação de serviço. 
Art. 360. Dá-se a novação: 
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior; 
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor; 
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite 
com este. 
 1 – Requisitos 
2.1 – “Obligatio Novanda” – tem que ser válida e preexistente. Art. 367. Salvo as 
obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas. 
2.2 – “Aliquidi Novi” – uma obrigação nova. 
2.3 – “Animus Novandi” – vontade de renovar de ambas as partes, com o interesse de 
constituir uma nova obrigação. Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas 
inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira. 
3 – Efeitos 
3.1 – Liberatório – as garantias anteriores deixam de existir Art. 364. A novação extingue os 
acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, 
contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia 
pertencerem a terceiro que não foi parte na novação. 
3.2 – Constitutivo 
4 – Modalidade 
4.1 – Objetiva – mudança do objeto da prestação, também em relação aos sujeitos 
 
9 Novo Curso de Direito Civil vol. 2 Obrigações - Pablo Stolze - 2011 – pág. 212 
Notas de aulas - Direito Civil II 
 
André Teles Página 30 
 
4.2 – Subjetiva 
4.2.1 – Passiva (devedor) 
a) Por expropriação – devedor é retirado da relação 
b) Por delegação – o devedor consente em passar a obrigação Art. 362. A novação por 
substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste. 
Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o 
primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição. 
Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que 
contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores 
solidários ficam por esse fato exonerados. 
Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal. 
 
4.2.2 – Ativa (credor) 
Se A deve a B e C se propõe a pagar por B, mas não tem o recurso no momento. 
A deve a B e B deve a C – proposta de B: propor a C e a A novar ficando a dívida entre 
A e C, que constituirá uma nova obrigação, o seja, A devendo a C. 
07-05-2014 
Compensação (art. 368-381 CC) 
1 – Conceito – é uma modalidade de extinção de obrigações mediante dívidas 
contrapostas que ocorre quando as partes da relação jurídica obrigacional são 
simultaneamente credora e devedora uma da outra. Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo 
tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem. 
2 – Espécies – pode ser convencional, por manifestação de vontade das partes, ou 
judicial e a compensação legal, que

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