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79 CAPÍTULO 5 ANATOMIA FUNCIONAL DA COLUNA VERTEBRAL 1. INTRODUÇÃO A coluna vertebral é o eixo ósseo do corpo, situada no dorso, na linha mediana, capaz de sustentar, amortecer e transmitir o peso corporal. Além disto, supre a flexibilidade necessária à movimentação, protege a medula espinhal e forma com as costelas e o esterno o tórax ósseo, que funciona como um fole para os movimentos respiratórios. A freqüência de problemas clínicos ou cirúrgicos é alta. Pesquisas mostram que 50 a 80% dos adultos serão vítimas, no decurso de suas vidas, de alguma forma de dor decorrente de afecções da coluna vertebral, muitas vezes, por uma postura errada durante o trabalho ou o repouso. A coluna é formada de 33 vértebras: 24 pré-sacrais, sendo 7 cervicais, 12 torácicas e 5 lombares; pelo sacro composto de 5 vértebras fundidas e pelo cóccix formado de 4 vértebras rudimentares fundidas entre si, sendo que a 1 a . vértebra coccígea, um pouco mais volumosa, se articula com o ápice do sacro através de um disco intervertebral rudimentar. 2. CURVATURAS No embrião, a coluna vertebral tem a forma de “C” com concavidade anterior e com o desenvolvimento a curvatura muda progressivamente. À medida que o recém-nascido adquire controle sobre seu corpo a forma da coluna progressivamente se altera. Nas regiões torácica e sacral, a curvatura original permanece, ou seja, com concavidade anterior e nas regiões cervical e lombar a curvatura primitiva desaparece e, gradualmente, aparecem as curvaturas em sentido oposto. A curvatura cervical desenvolve-se à medida que a criança tenta erguer a cabeça - por volta dos 3 meses - e se consolida na época de sentar e do engatinhar; ocasião em que estende a cabeça e o pescoço para olhar para frente. A curvatura lombar, só observada no ser humano, desenvolve-se quando tracionada anteriormente pelos músculos iliopsoas e ligamentos nos esforços de ficar de pé, porém, torna-se firme, bem consolidada, por volta dos 2 anos de idade. 80 No adulto, as curvaturas com mesma direção da coluna embrionária são denominadas primárias e as curvaturas de direção oposta, com concavidade posterior são secundárias. As curvaturas secundárias (cervical e lombar) são extremamente móveis em relação às primárias (torácica e sacral). Das três curvaturas pré-sacrais, a torácica é a menos móvel, enquanto que o sacro, formado de vértebras soldadas, não apresenta qualquer movimento entre os seus segmentos. As curvaturas cervical e lombar são compensatórias da postura ereta assumida pelo ser humano. A cervical suporta o peso da cabeça e alivia, em parte, a ação dos músculos da nuca em manter a extensão da cabeça e do pescoço. A lombar compensa a desvantagem da curvatura torácica - de concavidade anterior - e sustenta o peso do corpo. Nas mulheres, a curvatura cervical é mais branda e a lombar mais acentuada. Na intimidade de cada curvatura, a curva é suave e gradual e a estes níveis a coluna é relativamente forte; porém as áreas de transição de uma curvatura para outra são mais agudas, estão sujeitas à maior força de tração, possuem maior mobilidade e são potencialmente mais vulneráveis. Na transição lombossacral, o ângulo é de 37 o a 48 o (no sexo feminino os valores, em média, são maiores que no masculino) e está sujeito a grande tensão e também à maior freqüência de lesões. 3.0. ESTRUTURA GERAL DAS VÉRTEBRAS Embora existam características particulares para as vértebras de cada uma das porções da coluna, todas elas possuem uma estrutura básica, comum (figura 1). Assim, cada vértebra está constituída por um anel ósseo que circunda um forame, o forame vertebral, o qual pode ser considerado como um segmento do canal vertebral, onde se aloja a medula espinhal. A parte anterior do anel é o corpo vertebral, cilindróide e com superfícies superior e inferior planas. A parte posterior do anel, denominada arco vertebral, consiste em um par de pedículos e em um par de lâminas. Os pedículos projetam-se posteriormente da parte superior do contorno posterior do corpo vertebral e se unem com as lâminas que se fundem no plano mediano. No ponto de fusão das lâminas no plano mediano, projeta-se posteriormente o processo espinhoso; no ponto de fusão dos pedículos com as lâminas projetam-se três processos adicionais com direções diferentes: o processo transverso, lateralmente; o processo articular superior, cranialmente, e o processo articular inferior, caudalmente. Estes dois últimos processos apresentam uma face articular. 81 A face superior e inferior do pedículo apresentam uma denteação, as incisuras vertebrais, superior e inferior. Cada incisura, com a vizinha da vértebra adjacente, forma um forame intervertebral para a passagem do nervo espinhal e de vasos (figura 2). 3.1. VÉRTEBRAS CERVICAIS Das vértebras cervicais, a 1ª e a 2ª vértebras (C1 e C2) são consideradas atípicas e denominadas, respectivamente, atlas e áxis. As quatro seguintes são consideradas típicas, como a 7ª, embora esta apresente algumas particularidades: o forame transversário ou transverso pode não existir e o processo espinhoso é longo e não- bifurcado, sendo facilmente palpável. Observando um livro texto e um atlas, descreva todas as estrurutas ósseas presentes no ATLAS, ÁXIS e demais vértebras cervicais. Numere cada uma delas. Forame intervertebral Incisura vertebral inferior Incisura vertebral inferior Figura 1. Estruturas gerais das vértebras. Figura 2. Incisuras vertebrais e forame intervertebral. 82 3.2. VÉRTEBRAS TORÁCICAS Articulam-se com as costelas e estas o fazem com o corpo vertebral e com o processo transverso. Para isto apresenta uma fóvea costal superior, oval, situada na emergência do pedículo, e pode apresentar uma fóvea costal inferior, pois a cabeça da costela pode ultrapassar o corpo vertebral da vértebra subjacente e alcançar o corpo da vértebra suprajacente (figura 3). Por sua vez, o processo transverso apresenta a fóvea costal do processo transverso para articular-se com o tubérculo da costela. Além dessas particularidades das vértebras torácicas, há também: os processos espinhosos são muito inclinados em relação ao plano do corpo da vértebra, os corpos vertebrais têm volume intermediário entre o das vértebras cervicais e lombares, as faces articulares situam-se principalmente em um plano frontal. 3.3. VÉRTEBRAS LOMBARES São as vértebras mais volumosas da coluna vertebral. Seus processos espinhosos são curtos e quadriláteros, situando-se no mesmo plano horizontal dos corpos vertebrais. Não apresentam fóveas costais e forame transversário e as faces articulares estão situadas em plano ântero-posterior, de modo que se articulam quase em plano sagital. 3.4. SACRO E CÓCCIX No adulto, o sacro é formado pela fusão de cinco vértebras sacrais que diminuem de tamanho no sentido craniocaudal. Desse modo, é um osso triangular recurvo, de base superior e ápice inferior, com concavidade anterior. Situa-se em cunha entre os ossos do quadril e fecha, posteriormente, o cíngulo do membro inferior. Figura 3. Vértebra torácica típica. 83 Apresenta uma base, um ápice, parte lateral e faces, pélvica e dorsal. Na base está a abertura do canal sacral, que corresponde ao canal vertebral na coluna. A face pélvica apresenta uma área óssea mediana, uma série de forames de cada lado, os forames intervertebrais e sacrais anteriores, e as duas massas laterais. A área mediana é composta pelos cinco corpos vertebrais fundidos. As linhas de fusão são conhecidas como linhas transversas e correspondem aos discos intervertebrais ossificados. O corpo da primeira vértebra sacral articula-se com a quinta vértebra lombar por um disco intervertebral. Na margem superior do contorno anterior do corpo da primeira vértebra sacral (S1), no plano mediano, há o promontóriosacral. Nos extremos das linhas transversas situam-se os forames sacrais anteriores, por onde emergem os ramos ventrais dos quatro primeiros nervos sacrais. O canal sacral se comunica com os forames sacrais anteriores e posteriores. Os nervos sacrais se dividem, ainda dentro de um túnel ósseo de comunicação, nos seus ramos anteriores e posteriores que emergem então pelos forames. Lateralmente, cinco robustos processos ósseos contornam os forames e fundem-se para formar as partes laterais, direita e esquerda, do sacro, constituindo as asas do sacro. A face dorsal do sacro é acidentada e convexa, enquanto a pélvica é lisa e côncava. A fusão das peças sacrais esconde o canal sacral, mas ele é visível no extremo inferior como uma abertura triangular, o hiato sacral, pois não há fusão da quarta e quinta lâminas sacrais. No plano mediano está a crista sacral mediana, resultante da fusão de processos espinhosos. De cada lado da crista sacral mediana há uma crista sacral medial, produto da fusão dos processos articulares. Esta apresenta pequenos tubérculos articulares, lateralmente aos quais se situam os forames sacrais posteriores, por onde emergem os ramos posteriores dos quatro primeiros nervos sacrais (o quinto sai pelo hiato sacral). A face lateral do sacro é alargada até o nível de SIII, mas se estreita consideravelmente em direção caudal para converter-se, inferiormente, em simples margem. A porção alargada é áspera em seu terço dorsal, mas apresenta uma faceta articular nos dois terços pélvicos, a face auricular para articular-se com o ílio na articulação sacroilíaca. O cóccix deriva da fusão de três ou quatro peças coccígeas, constituindo um osso irregular, afilado, que representa o vestígio da cauda no extremo inferior da coluna vertebral. Articula-se com o sacro por meio de um disco intervertebral. 84 4.0. ARTICULAÇÕES INTERVERTEBRAIS As vértebras articulam-se umas com as outras de modo a conferir rigidez, mas também flexibilidade à coluna, qualidades necessárias para o suporte do peso, movimentação do tronco e ajuste de posição indispensáveis para o equilíbrio e a postura. Observação: recomendo a leitura de um livro texto para complementar essa parte de articulações. Talvez haja no questionário online, alguma pergunta que exija um conhecimento além do oferecido pela apostila. É necessário, também, a visualização de figuras, para um melhor entendimento. 4.1. ARTICULAÇÕES DOS CORPOS VERTEBRAIS (SINCONDROSES) Os corpos das vértebras unem-se por discos intervertebrais e ligamentos longitudinais anterior e posterior. Os discos intervertebrais, principais meios de união dos corpos das vértebras, estão presentes desde a superfície inferior do corpo do áxis até a junção lombossacral. Nas regiões torácica e lombar, os discos são numerados e denominados de acordo com a vértebra sob a qual se encontram, por exemplo, o disco L3 é aquele que une as vértebras L3 e L4. Na região cervical, este critério não é usado para a identificação do disco intervertebral, pois o primeiro disco cervical une os corpos das vértebras C2 (áxis) e C3. Os discos inserem, acima e abaixo, nas delgadas camadas de cartilagem hialina (placas cartilaginosas) que revestem o osso esponjoso das superfícies superior e inferior dos corpos das vértebras e nas suas bordas superior e inferior de osso compacto. O disco intervertebral consiste de duas partes; uma porção periférica de fibrocartilagem, o anel fibroso e uma parte central, mucóide, o núcleo pulposo. O anel fibroso é composto de 12 a 20 camadas fibrosas concêntricas, que passam do corpo da vértebra superior para a inferior em diagonal, ou seja, cada camada fibrosa tem uma obliqüidade diferente. O cruzamento em “X” destas camadas dá elasticidade ao anel fibroso: no estiramento do disco o “X“ fica alongado e estreito e o oposto ocorre na compressão, o “X” diminui de comprimento e se alarga. O núcleo pulposo é um material mucóide de cor amarelada “in vivo”, altamente elástico e compressível; no entanto, quando o disco é comprimido o núcleo pulposo libera o material aquoso que embebe o anel fibroso e a reabsorção deste material ocorre quando o disco não está sob tensão, por exemplo, quando a pessoa está deitada. O 85 núcleo pulposo é a melhor fonte de nutrição do disco intervertebral, devido ao seu baixo metabolismo e à sua irrigação praticamente ausente no adulto. Dentro do anel fibroso, o núcleo pulposo localiza-se posteriormente. Os discos intervertebrais são responsáveis por 25% do comprimento da coluna pré-sacral que, aproximadamente, mede 70 cm no homem e 60 cm na mulher. Os discos são os únicos responsáveis pela curvatura cervical, porque os corpos das vértebras são ligeiramente mais baixos na parte anterior; já na curvatura torácica os corpos das vértebras são os principais responsáveis, pois os discos são de espessura uniforme (anterior e posteriormente). Os discos cuneiformes, mais altos anteriormente, são os responsáveis pela curvatura lombar na parte superior; mas na parte inferior, tanto o disco como o corpo da vértebra, contribuem para a curvatura (o corpo da 5 a vértebra lombar, por exemplo, é mais alto na frente do que atrás e o mesmo ocorre com o 5 o disco). A coluna cresce até os 25 anos e diminui na velhice, devido à redução na altura dos discos e dos corpos vertebrais. Com a idade, o núcleo pulposo perde a capacidade de reter água, diminui em altura e tende a tornar-se fibrocartilagíneo. Devido à osteoporose, os corpos vertebrais sofrem microfraturas, ou por ação de traumatismos leves ou mesmo sem uma causa aparente, levando à compressão de seus corpos e às suas comseqüências associadas, como a cifose, lordose, diminuição da capacidade respiratória, protrusão do abdome, etc. O ligamento longitudinal anterior (figura 3) é uma faixa larga e espessa de tecido conjuntivo denso que une as faces anteriores dos corpos das vértebras e dos discos intervertebrais, amarrando-os, desde o arco anterior do atlas até a face pélvica do sacro. Atua reforçando o contorno anterior dos discos intervertebrais, durante o levantamento de objetos pesados e limitando a extensão da coluna, fato que é particularmente importante na região lombar, onde o peso do corpo tende a acentuar a curvatura normal da região. O ligamento longitudinal posterior (figura 3) é uma faixa de tecido conjuntivo denso que une as faces posteriores dos corpos de todas as vértebras e discos pré-sacrais, e, portanto, está localizado na parede anterior do canal vertebral e termina na face superior do canal sacral. Ele é largo e espesso na região cervical e, gradualmente, torna- se estreito e delgado nas regiões torácica e lombar. Nestas regiões, estreita-se ao nível dos corpos das vértebras; fixando-se em suas bordas superior e inferior, mas na porção média do corpo une-se ao mesmo por tecido conjuntivo frouxo. Ao nível dos discos, o 86 ligamento expande-se bilateralmente e insere se nos mesmos, sendo esta a parte mais fraca do ligamento e de pouco valor para a proteção dos discos lombares. Atua limitando o movimento de flexão da coluna. 4.2. ARTICULAÇÕES DOS PROCESSOS ARTICULARES 4.2.1. Ligamentos dos Corpos Vertebrais Os arcos vertebrais adjacentes unem-se através de articulações sinoviais, entre as facetas das zigoapófises (ou processos articulares), denominadas articulações zigoapofisárias. A forma e o plano de orientação das facetas das zigoapófises é que determinam os tipos de movimentos entre duas vértebras. As facetas são planas e estão orientadas obliquamente - de superior e anterior para inferior e posterior - na curvatura cervical; são planas e orientadas quase no plano frontal na curvatura torácica. Na região lombar, as facetas das zigoapófises superiores são ligeiramente côncavas e voltadas medialmente, enquanto aquelas das zigoapófises inferioressão ligeiramente convexas e voltadas lateralmente, de forma que o plano destas articulações é quase sagital. No entanto, entre a 5 a vértebra lombar e a 1 a sacral as facetas são quase planas; com orientação oblíqua, entre os planos sagital e frontal, e isso ajuda a prevenir o deslizamento anterior da 5 a lombar sobre a superfície muito inclinada da face superior do sacro. As articulações zigoapofisárias possuem cápsulas articulares delgadas e suficientemente frouxas para permitir uma amplitude de movimento normal nas Ligamento longitudinal anterior Ligamento longitudinal posterior Figura 3. Ligamentos dos corpos vertebrais. 87 articulações. As cápsulas, geralmente, não contribuem para orientar ou limitar movimentos; esta função é realizada pelos ligamentos longitudinais anterior ou posterior, pelos ligamentos que unem as diversas partes de arcos vertebrais adjacentes, pelos músculos e discos intervertebrais. No entanto, as cápsulas tornam-se muito tensas em um movimento excessivo ou anormal e contribuem para limitá-lo; sendo que na flexão máxima da coluna lombar, suportam aproximadamente 40% do peso corporal. 4.2.2. Ligamentos dos Arcos Vertebrais As lâminas de vértebras adjacentes são unidas internamente por fortes ligamentos elásticos denominados amarelos (flavos), que realmente são amarelos “in vivo”, devido a sua riqueza em fibras elásticas. Os ligamentos flavos ficam tensos em qualquer posição assumida pela coluna vertebral, sendo importante em sua estabilização. São melhor visualizados do interior do canal vertebral, pois estão localizados na parede posterior do mesmo. Estendem se lateralmente sobre as cápsulas articulares, constituindo o limite posterior do forame intervertebral e assim protegem os nervos de serem pinçados (ou beliscados) durante os movimentos de flexão da coluna. As pontas dos processos espinhosos, desde a 7 a vértebra cervical até o sacro são unidas pelo ligamento supraespinhal, - tecido conjuntivo denso encorpado com orientação longitudinal -, que limita a flexão da coluna. Ele se continua superiormente como o ligamento da nuca, de formato triangular, com a base fixada na protuberância e crista occipitais externas e o ápice na ponta do processo espinhoso da 7 a vértebra cervical. Os ligamentos interespinhais são delgadas membranas de tecido conjuntivo denso que unem os corpos dos processos espinhosos adjacentes e são contínuos com os ligamentos amarelos e supra-espinhais. Os ligamentos interespinhais são bem desenvolvidos na região lombar, não estão sob tensão e, portanto, não limitam o movimento de flexão. Os ligamentos intertransversais unem lateralmente os processos transversos vizinhos e são mais desenvolvidos na região lombar inferior e tendem a faltar, principalmente, na região cervical. 4.3. ARTICULAÇÕES ATLANTO-AXIAIS 88 As facetas superiores dos processos articulares do áxis e as inferiores das massas laterais do atlas formam articulações planas. O arco anterior e o ligamento transverso do atlas formam com o dente do áxis uma articulação cilindróide. As três articulações funcionam como uma unidade e permitem a rotação da cabeça. 4.4. ARTICULAÇÕES ATLANTO-OCCIPITAIS Ocorrem entre os côndilos occipitais e as faces superiores das massas laterais do atlas. As duas articulações funcionam como uma unidade, elipsóide e biaxial, permitindo assim os movimentos de flexão, extensão e flexão lateral da cabeça. 4.5. ARTICULAÇÕES COSTOVERTEBRAIS A maioria das costelas se articula com a coluna vertebral em dois pontos: a articulação costovertebral, entre a cabeça da costela e as fóveas costais superior e inferior dos corpos de duas vértebras adjacentes e a articulação costotransversal, entre o tubérculo da costela e a fóvea costal transversal do processo transverso da vértebra correspondente. Na articulação costovertebral, sinovial, envolvida pela cápsula articular, a cavidade articular é dividida em duas, superior e inferior, pela presença de um ligamento intra-articular, curto, situado horizontalmente, que vai da cabeça da costela para o disco intervertebral. A cápsula articular está reforçada anteriormente, pelo ligamento radiado. A articulação costotransversal, também sinovial, é revestida por uma cápsula articular que é espessa, inferiormente, mas delgada nas outras porções. Os ligamentos costotransversais próprio, lateral e superior reforçam a articulação. 4.6. ARTICULAÇÃO SACROILÍACA São articulações sinoviais simples do tipo plano e portanto capazes de movimentos em várias direções, mas de amplitude muito limitada. São formadas pelas faces auriculares do íleo e do sacro. A cavidade articular constitui apenas uma parte da articulação entre o sacro e o íleo. Uma grande área, póstero-superior a face auricular do íleo, entre a tuberosidade ilíaca e o sacro está ocupada pelo forte ligamento sacroilíaco interósseo, o qual posteriormente se confunde com o ligamento sacroilíaco dorsal, um forte espessamento da cápsula articular. Anteriormente a cápsula articular também apresenta um espessamento, o ligamento sacroilíaco ventral, que é bem menos espesso 89 que o dorsal. Além destes, a articulação sacroilíaca apresenta dois ligamentos a distância: o ligamento sacrotuberal e o ligamento sacroespinhal. 5.0. ANORMALIDADES CONGÊNITAS E ADQUIRIDAS DA COLUNA VERTEBRAL 5.1. CIFOSE Geralmente, é um aumento exagerado na curvatura torácica. Uma pessoa cifótica, em linguagem popular, é conhecida como corcunda. A cifose torácica pode ser uma compensação de uma lordose lombar ou devido à compressão dos corpos vertebrais, como na osteoporose. 5.2. LORDOSE A lordose é um aumento exagerado nas curvaturas cervical e lombar. Pode ser uma compensação de uma cifose ou à flacidez muscular com ou sem aumento de peso anterior à coluna - como na obesidade e na gravidez. 5.3. ESCOLIOSE A escoliose é a deformidade em que existe uma ou mais curvaturas laterais da coluna. Pode ser funcional (ou fisiológica) e estrutural (ou patológica). No primeiro caso, a coluna curva-se lateralmente devido à diferença de peso nas duas metades do corpo em conseqüência: a) da poliomielite; b) da diferença de comprimento dos membros inferiores, devido à fraturas mal reduzidas, à uma prótese mal adaptada ou a um joelho valgo unilateral, c) de uma má postura. A escoliose estrutural, geralmente, aparece na infância e é progressiva. A causa é o crescimento desigual das vértebras, como a presença de vértebras em cunha ou hemivértebras. 5.4. ESPINHA BÍFIDA A espinha bífida é um defeito de fechamento do arco vertebral: falta o processo espinhoso e, às vezes, parte das lâminas adjacentes. Na maioria dos casos, aparece na 5 a vértebra lombar ou no sacro. A forma benigna, chamada espinha bífida oculta, às vezes é assintomática e o defeito ósseo é um achado radiológico. A pele relacionada ao defeito ósseo, às vezes, apresenta uma mancha avermelhada e com uma quantidade maior de pêlos. Nos casos graves, denominada espinha bífida aberta, as meninges e o líquor se 90 exteriorizam e formam uma hérnia, denominada meningocele e em casos mais graves herniam, além das meninges e do líquor, a medula espinhal - é a mielomeningocele. 5.5. ESPONDILÓLISE A espondilólise é um defeito de fechamento do arco vertebral ao nível da lâmina, logo posterior ao pedículo. Quando a falha é bilateral, uma parte anterior da vértebra (incluindo corpo, pedículos, processos transversos e zigoapófises superiores) está unida, por tecido conjuntivo denso, com o restante do arco vertebral (lâminas, zigoapófises inferiores e processo espinhoso). Ou seja, não há continuidade óssea entre as duas zigoapófises superiores com as inferiores. Em conseqüência de um trauma ou de uma hiperextensão, a parte anterior da 5 a lombar pode deslizar junto com o restanteda coluna sobre a 1 a vértebra sacral. A este deslizamento patológico denomina-se espondilolistese 5.6. OSTEOFITOSE A osteofitose é o crescimento de esporões ósseos com forma e tamanho variáveis, denominados osteófitos (bicos de papagaio, em linguagem leiga), nas bordas superior e ou inferior dos corpos das vértebras. Os osteófitos podem se desenvolver nos contornos anteriores, ântero-laterais, posteriores ou póstero-laterais das bordas dos corpos vertebrais e além de limitar movimentos, podem comprimir a medula espinhal ou suas raízes nervosas. A doença pode estar circunscrita a duas ou três vértebras de uma região ou ser universal, ou seja, acometer todas as vértebras pré-sacrais. 5.7. HÉRNIA DE DISCO A hérnia de disco é o extravasamento do núcleo pulposo, devido a uma fraqueza do anel fibroso: o núcleo pulposo hernia e pode comprimir a medula espinhal ou suas raízes nervosas. A protrusão pode ser precipitada por trauma, mas a degeneração - por envelhecimento do disco - é um fator importante. A compressão do disco em uma direção, movimenta, o núcleo pulposo em direção oposta. Assim, a herniação pode acontecer em diversas direções (anterior, posterior, ântero-lateral e póstero-lateral). Na curvatura cervical, a hérnia é mais freqüente no disco entre as vértebras C5 e C6. Na curvatura lombar, a maior freqüência acontece no 5 o disco, seguido em ordem decrescente no 4 o e 3 o discos. 91 6.0. O MITO DA POSIÇÃO ERETA É um erro comum considerar o ser humano mal adaptado à postura ereta e apontá-la como causa de várias patologias, entre as quais destacam-se as hérnias de disco e os osteófitos. Os estudos paleontológicos mostram que a postura ereta é uma característica dos nossos antepassados antropóides e hominídeos há cerca de 25 a 30 milhões de anos. Tanto a postura quanto a forma de locomoção bípede se tornaram uma constante no Plioceno, há uns 12 milhões de anos atrás e estavam completamente estabelecidos nas formas humanas ancestrais há mais de 1 milhão de anos. Com esta longa história de evolução progressivamente mais eficiente é difícil imaginar circunstâncias nas quais patologias atribuíveis à postura ereta pudessem ter persistido no reservatório genético do qual surgiu a moderna humanidade. Assim, patologias como hérnias abdominais, prolapso uterino, lesões de discos intervertebrais e varizes dos membros inferiores e do testículo, que trazem consigo claras desvantagens para a sobrevivência e a reprodução do seu portador, ainda mais nos tempos pré-históricos, se decorrentes de uma má adaptação à postura ereta, já teriam sido eliminadas, sendo extintas pela seleção natural. Desta forma, é necessária outra explicação, que não a postura ereta, para tais patologias. Uma boa teoria é a de que elas são decorrentes de uma recente (em termos evolutivos) alteração ambiental à qual o ser humano ainda não se adaptou bem. Esta alteração ambiental foi a passagem da vida nômade à sedentária que trouxe consigo a realização de esforços repetitivos e constantes, geralmente acompanhados da manipulação e do transporte de objetos de grande peso. Em síntese, a postura e a locomoção eretas não trazem por si só maiores problemas. Estes são decorrentes do trabalho constante e repetitivo com objetos de grande peso e/ou da execução também repetitivas de movimentos, que constituem fenômenos evolutivamente recentes. 7.0. MOVIMENTOS DA COLUNA VERTEBRAL Os movimentos da coluna vertebral são o resultado de pequenos movimentos permitidos entre as vértebras adjacentes. A amplitude de movimento entre duas vértebras depende, fundamentalmente, da altura do disco: quanto mais alto o disco, maior seu grau de compressão e, em conseqüência, maior a amplitude de movimento permitida. A direção do movimento, no entanto, depende particularmente da forma e do plano de orientação das facetas zigoapofisárias. Os fatores limitantes de movimento nas 92 articulações em geral, como os ligamentos e o grau de alongamento dos músculos antagonistas aqui também são importantes. A amplitude do movimento de flexão é limitada pelos ligamentos posteriores (longitudinal posterior, flavo, supraespinhal e da nuca) e pelos músculos posteriores (ou extensores); limitam a amplitude do movimento de extensão o ligamento longitudinal anterior, o contato entre os processos espinhosos e os músculos anteriores (ou flexores). A amplitude do movimento de flexão lateral é limitada, na curvatura lombar, pelos músculos e ligamentos intertransversais do lado convexo - o oposto ao movimento, e na região cervical, pelos músculos do lado convexo e pelo contato entre os processos unciformes do lado côncavo - o do movimento. A extraordinária mobilidade da região cervical deve-se à altura dos discos, ao plano de orientação das facetas das zigoapófises e ao número proporcionalmente grande de articulações para um segmento curto da coluna. A curvatura torácica permite movimentos limitados na parte superior e é mais móvel próxima à junção toracolombar. A pouca mobilidade nas porções superior e média da curvatura é devida à união das dez vértebras superiores com o esterno através das costelas e os discos serem baixos. A direção quase frontal das facetas das zigoapófises, limitam a flexão e a extensão, exceto na parte inferior em que as facetas dispõem-se em um plano que se aproxima do sagital. A extensão além de ser limitada pelo ligamento longitudinal anterior, pela superposição dos processos espinhosos, também o é pela superposição das lâminas. As lâminas das vértebras torácicas são as mais altas da coluna e mais altas que os corpos de suas respectivas vértebras. A flexão lateral e a rotação são mais amplas próximo à junção toracolombar. Na parte superior da curvatura lombar, a flexo-extensão e a flexão lateral têm relativamente grande amplitude devido às facetas estarem dispostas no plano sagital e suficientemente afastadas e à altura dos discos. Nesta porção da curvatura lombar o movimento de rotação é limitado, porque as facetas - neste movimento - se trancam quase de imediato. A 4ª e 5ª vértebras lombares possuem facetas dispostas obliquamente, entre os planos sagital e frontal, que permitem maior amplitude do movimento de rotação. A flexão lateral é acompanhada de certo grau de rotação para o mesmo lado e vice-versa, devido à obliqüidade das facetas das zigoapófises. Os movimentos lombares são sincrônicos com os do quadril e os do pescoço com os da cabeça. No ato de tocar os dedos no chão, ocorre inicialmente flexão lombar, seguida da inclinação anterior da pelve no quadril, o que amplia o movimento.
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