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USINA SENADOR FILINTO MULLER

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS 
 
 
 
 
MAIARA LAÍS PINTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
USINA SENADOR FILINTO MULLER: DO 
ÁPICE AO ESQUECIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dourados – MS 
2011 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR 
 
 
 
 
MAIARA LAÍS PINTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
USINA SENADOR FILINTO MULLER: DO 
ÁPICE AO ESQUECIMENTO 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão do Curso 
de Pós Graduação Lato Sensu 
 – Metodologia do Ensino Superior, 
requisito parcial para obtenção do 
título de Especialista. Orientador: Prof. Pedro Rauber. 
 
 
 
 
 
Dourados-MS 
2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 PINTO, Maiara Laís. 
Usina Senador Filinto Muller:do ápice ao esquecimento. Dourados: UNIGRAN, 
2011. 
__ p. 
 
Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu, Especialização 
em Metodologia do Ensino Superior, apresentado à Coordenação de Pós-
Graduação – UNIGRAN. 
Orientador: Prof. Pedro Rauber 
 
 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR 
 
 
 
MAIARA LAÍS PINTO 
 
 
 
 
 
 
 
USINA SENADOR FILINTO MULLER: DO 
ÁPICE AO ESQUECIMENTO 
 
 
 
 
 
 
Aprovado em: _____ / _____ / 2011 
OrientadoR: Prof. Pedro Rauber _________________________ 
 
 
 
 
__________________________________ 
 Denis D’Amato De Déa 
Coordenador de Pós-Graduação 
 
 
 
 
 
 
 
Dourados – MS 
2011 
Usina Senador Filinto Muller: do ápice ao esquecimento 
 PINTO, Maiara Laís 
 RAUBER, Pedro 
 
Resumo: Este artigo é resultado de uma pesquisa realizada sobre um patrimônio 
histórico de Dourados/MS - Usina Senador Filinto Muller. Sua construção é da década 
de 1940 e foi a primeira Usina a gerar energia na cidade. Os objetivos da pesquisa 
consistiram na implantação e na função da Usina Filinto Müller para Dourados/MS; 
identificação de conceitos de patrimônio; a investigação se a sociedade douradense 
identifica e reconhece a Usina enquanto um bem patrimonial. Como metodologia foram 
realizadas pesquisa bibliográfica, em jornais da cidade, bem como a aplicação de 
questionários aos alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Presidente Vargas 
localizada nesta cidade, com o intuito de perceber o que estes alunos compreendem 
sobre Patrimônio e sua relação com a Usina. 
 
Palavras-chave: Dourados/MS - patrimônio – representação. 
 
Abstract: This article is the result of a survey on a heritage of Dourados / MS -
 Plant SenatorMuller Muller. Its construction is of the 1940s and was the first plant to 
generate energy in the city. The objectives of the research consisted in the 
implementation and function of plant Miiller to Dourados / MS, identification of 
concepts of equity,research Douradense if society recognizes and identifies the 
plant as an asset.The methodology literature search was performed in city 
newspapers, as well as the application of questionnaires to high school 
students from President VargasState School located in this city, in order to understand 
what these studentsunderstand about Heritage and its relationship to plant . 
 
Keywords: Dourados / MS - property - representation 
 
 
 Introdução 
 
 O interesse em pesquisar sobre a Usina Senador Filinto Muller surgiu após 
identificar que ela foi tombada como patrimônio histórico em Dourados/MS, mas que 
atualmente está “abandonada” pelo poder público e nunca foi revitalizada. 
 Além deste ponto percebeu-se que douradenses não sabem deste fato e não 
identificam-se com a Usina, sendo está uma característica importante para o patrimônio 
pois é uma forma de rememorar a história local, os valores, as crenças, as tradições e de 
valorizar a comunidade local. Ao se entender os significados do bem material e/ou 
imaterial possibilitam interpretar e ser representado pelo patrimônio. 
 O patrimônio discutido neste artigo é parte integrante da cidade Dourados/MS. 
As cidades são espaços de relações sociais, utilizados pelas pessoas para morar, praticar 
o lazer, para trabalhar, de relações políticas, ou seja, o homem o utiliza com um 
determinado fim e o transforma conforme suas necessidades. 
Pesavento em O imaginário da cidade aponta que as cidades, entre os séculos 
XVII e XVIII, eram vistas como lugares fechados por muralhas, e que com o 
Iluminismo ressurge como um espaço aberto, “[...] apoiada no movimento e na 
diversidade, é expressão tanto de um processo de transformações capitalista do mundo 
quanto da renovação cultural trazida pelo Iluminismo, que explicava a realidade sob 
novas luzes” (2002;38). 
Castrogiovani define a cidade como “uma construção física e imaginária, 
compreende um lugar e faz parte do todo geográfico. O tecido urbano é dinâmico e está 
inserido no processo histórico de uma sociedade [...]” (2000;25). 
 A cidade, enquanto espaço físico é composto por diferentes construções 
arquitetônicas, que variam no tamanho, forma e cor. Recorrendo a Bagli, entendemos 
que: 
 a paisagem urbana se caracteriza por aquilo que sobre o solo esta 
construído. Nela, há multiplicidade de formas, edifícios (com poucos 
ou muitos andares, grandes ou pequenos), casas, sobrados, prédios 
comerciais e públicos, ruas (largas ou estreitas) avenidas, alamedas, 
vielas, travessas, monumentos obeliscos, praças. [...] (2006;102) 
 
A composição dos espaços urbanos são construídos e utilizados pela sociedade, 
que lhes remetem significados, mas podem ter ressignificações, conforme o grupo que o 
utiliza. Magnani aponta que “[...]são práticas sociais que dão significado e ressignificam 
tais espaços, através de uma lógica que opera com muitos eixos de 
significação[...].”(1996, p.39) 
Este autor utiliza categorias, como os pedaços, as manchas, os trajetos e os 
circuitos como forma de compreender os usos dos espaços nas cidades, em que o 
reconhecimento e a importância destes pontos tornam-se referência para as atividades 
que compõem o cotidiano. “Fazem parte do patrimônio da cidade, configuram aquele 
repertório de significantes que possibilitam guardar histórias e personagens que 
estariam esquecidas não fosse pela permanência, na paisagem urbana, de tais suportes” 
(MAGNANI.1996;45). 
Inserido na cidade estão os patrimônios, que são representados pela 
materialização de lugares, edifícios, crenças, dos “heróis nacionais”, que representam a 
história da cidade. Recorrendo a Corrêa, em O espaço urbano, entendemos que: 
 
[...] o cotidiano, o futuro próximo, bem como as crenças, valores e 
mitos criados no bojo da sociedade de classes e, em parte, projetados 
nas formas espaciais: monumentos, lugares sagrados, uma rua 
especial, etc. O espaço urbano assume assim uma dimensão simbólica 
que, entretanto, é variável segundo os diferentes grupos sociais, 
etários,etc. (1989;p.09). 
 Considerando estas definições percebe-se que a Usina Senador Filinto Muller 
está inserida neste contexto, ou seja, a história de Dourados/MS encontra-se 
materializada na sua construção, possui um significado para os douradenses que 
conhecem a sua história e a vivenciaram, tornando-se assim um símbolo para eles. 
 Para a realização deste artigo foi realizada leitura bibliográfica, pesquisa em 
arquivos públicos (Centro de Documentação Regional e Museu) e pesquisa de campo. 
Uma importante fonte de pesquisa foi a imprensa. Optou-se por este meio de 
comunicação, pois através desta fonte é possível “recuperar” os fatos que marcaram a 
instalação da Usina, já que a imprensa tem o “papel” de registrar os acontecimentos. 
A imprensa, como fonte de pesquisa, somente passou a ser utilizada pela história 
a partir da corrente dosAnnales, que surgiu na França no século XX. As mudanças 
provocadas por esta corrente introduziu novas temáticas a ser estudada pela História. 
Segundo Tânia De Luca um dos discursos utilizados para não incorporar os 
jornais como documento para a pesquisa, era de que os 
 
[...] jornais pareciam pouco adequados para a recuperação do passado, 
uma vez que essas ‘enciclopédias do cotidiano’ continham registros 
fragmentários do presente, realizados sob o influxo de interesses, 
compromissos e paixões [...] ( 2005; 112). 
 
Através deste antigo meio de comunicação é possível conhecermos o 
desenvolvimento dos seres humanos, as novidades e descobertas na área científica, 
social e econômica de qualquer lugar do mundo. A imprensa nos proporciona identificar 
a nossa história e analisar o cotidiano de uma determinada população. Capelato em seu 
livro a História da Imprensa e história do Brasil destaca que: 
 
O jornal, como afirma Wilhelm Bauer, é uma verdadeira mina de 
conhecimento:fonte de sua própria história e das situações mais 
diversas: meio de expressão de idéias e depósito de cultura. Nele 
encontramos dados sobre a sociedade, seus usos e costumes, 
informações sobre questões econômicas e políticas (1988; 21) 
 
No Brasil, somente a partir de 1970, os historiadores passaram a utilizar mais 
sistematicamente este meio como fonte de conhecimento e pesquisa. Também foram 
assumindo as novas temáticas propostas pela citada escola francesa, entre elas os 
aspectos da vida cotidiana. 
Este meio de comunicação, atualmente é considerado uma importante forma de 
memória e de registro dos eventos e de manifestações sociais. Em pesquisas realizadas 
no jornal da cidade encontrou-se noticiais sobre a construção e a implantação da Usina 
Senador Filinto Muller. 
As obras memorialistas foram um tipo de fonte utilizada durante esta pesquisa. 
Estas obras foram escritas por personagens da história douradense em que utilizaram o 
que viveram e presenciaram para poder escrever está história. 
Recorrendo a Betoni (2002,24): 
 
 
[...]Com a divisão do Estado de Mato Grosso, criando o Mato Grosso 
do Sul, a necessidade de construir uma identidade sul-mato-grossense 
talvez tenha encorajado os autores a rememorarem seu passado, 
apresentado-se como brasileiros especiais, comparados com os 
pioneiros norte-americanos e até mesmo com os primeiros cristãos. É 
nesse sentido que os memorialistas sacralizam os papéis exercidos 
pelos primeiros habitantes da região, atribuindo a eles um caráter 
civilizador e defensores da Pátria, dentre outras funções 
desempenhadas, com o fim específico de valorizar sua presença no 
local. 
 
 Ressalta-se que estas obras, como foram escritas pela visão do narrador, não 
podem ser entendidas como “oficial” e “segura”. Neste aspecto aparece a importância 
da análise do discurso, que: 
 
[...] deve contemplar simultaneamente três dimensões fundamentais: o 
intratexto, o intertexto e o contexto. O “intratexto” corresponde aos 
aspectos internos do texto e implica exclusivamente na avaliação do 
texto como objeto de significação; o “intertexto” refere-se ao 
relacionamento de um texto com outros textos; e o “contexto” 
corresponde à relação do texto com a realidade que o produziu e que o 
envolve. (BARROS.2004; 136-137). 
 
O intratexto está relacionado ao que compõe o texto e as suas dicotomias, sendo 
que isto é possível verificar através das notícias publicadas pela imprensa, como os 
depoimentos. 
O diálogo entre os textos e/ou reportagens gera “[...] a possibilidade de contrapor 
textos diferenciados, de pôr as várias versões a respeito de um acontecimento a se 
iluminarem ou a se contradizerem reciprocamente.” (BARROS, 2004, p.136). Este 
aspecto refere-se ao intertexto. 
 Para finalizar o artigo utilizou-se de uma pesquisa de campo. Foi elaborado um 
questionário sobre o que é patrimônio histórico e cultural e conhecimentos gerais sobre a 
Usina Velha. 
 Esta pesquisa foi realizada na Escola Estadual Presidente Vargas e aplicada aos 
alunos do Ensino Médio. 
 Utilizando-se destes recursos (bibliografia, jornais e pesquisa de campo) 
objetiva-se discutir a implantação da Usina Velha e o que representa atualmente para a 
cidade, tendo como foco os estudantes, sendo necessário primeiramente rememorar a 
história de Dourados/MS. 
 
1. História de Dourados/MS 
 
A formação do distrito de Dourados é apontada por memorialistas, como sendo 
uma iniciativa de um paranaense, Marcelino Pires em 1903. No ano de 1909 iniciou a 
discussão da formação do Patrimônio (POMPEU. 1965:11). 
 Com a Lei n nº 658 de 15 de junho de 1914 foi criado o Distrito de Paz de 
Dourados, que pertencia ao município de Ponta Porã, sendo que a instalação do distrito 
efetivou-se somente em 1935 pelo decreto n 30, de 20 de dezembro. 
 Outro fator relevante para o crescimento da cidade de Dourados-MS foi à 
política lançada em 1938. Com a criação da Divisão de Terra e Colonização. Esse órgão 
integrado ao Ministério da Agricultura implantou Colônias Agrícolas Nacionais (CAN), 
através do Decreto-Lei 3.059, de fevereiro de 1941. 
Este Decreto tinha como objetivo fixar o homem no campo, por meio da 
pequena propriedade, a qual estaria voltada para a produção de bens agrícolas em escala 
capitalista para outros mercados, além de produzir para sua autossuficiência. 
Para Lenharo (1985) a preocupação da política de colonização do Governo 
Federal para regiões de grandes espaços vazios, estava diretamente ligada à necessidade 
de expansão das relações capitalistas de produção. Dessa forma, o projeto colonizador 
estadonovista no Centro-Oeste, por exemplo, vinculava-se ao projeto de 
desenvolvimento do capitalismo no campo. 
Recorrendo a Arakaki: 
 
O projeto de Getulio Vargas visava à inserção da região no contexto 
capitalista de produção, interligando-se aos centros hegemônicos do 
país. A geopolítica de ocupação dos “espaços vazios” tinha duplo 
sentido: a proteção da fronteira seca e da fronteira ideológica. Ao 
sedimentar o desenvolvimento capitalista, estaria, ao mesmo tempo, 
protegendo a região contra possíveis investidas comunistas (2008; 
132). 
 
A criação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados – CAND – foi assim 
pensada a partir da “Marcha para Oeste”. No então Mato Grosso a preocupação estava 
voltada para a concentração de grandes propriedades nas mãos de estrangeiros, 
especialmente nas regiões de fronteira. A pequena propriedade vinha como sinônimo de 
defesa e segurança nacional. 
 Atraídos pela qualidade do solo e pela propaganda que o governo fez, muitos 
agricultores se dirigiram para o sul de Mato Grosso, sobretudo para a região da Grande 
Dourados, com o intuito de adquirir terras, principalmente no final da década de 40 e 
início da década seguinte. 
A Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) foi criada em 28 de outubro 
de 1943 e instalada em janeiro de 1944, mas sua efetivação legal se deu em 20 de julho 
de 1948, quando foi demarcada pelo governo federal. A CAND era regida pelo decreto 
3.059 que delimitava a área dos lotes entregues, a qual variava entre 20 a 50 hectares, 
com no mínimo de 25% de floresta na área total. 
Os municípios que faziam parte desta Colônia Agrícola eram: Fátima do Sul, 
Dourados, Glória de Dourados, Deodápolis, Vicentina, Jateí e Douradina e os distritos 
de Panambi, Vila São Pedro, Vila Vargas, Indápolis. 
Sobre a implantação da CAND Betoni (2002;22) apresenta que: 
 
[...] A implantação da Colônia, com o assentamento de milhares de 
famílias entre fins da década de 1940 e o decorrer da década seguinte, 
corresponde também à expansão da frente pioneira, procedente dos 
estados de São Paulo e Paraná, que atinge o antigo sul de Mato Grosso 
precisamente nesta época. 
 
 Arakaki (2008; p.36) destaca que foi partir da criação da CAND que 
outras companhias de colonização surgiram no município, como as colônias 
japonesas e dos baianos.Segundo esta autora a implantação da CAND representou um 
 
[...] impulso econômico e crescimento populacional notável para o 
município. Em apenas uma década, Dourados se tornou a cidade mais 
populosa da região sul do estado de Mato Grosso. Os dados 
censitários apontam para um crescimento acentuado, concentrado 
principalmente na zona rural, motivado pela doação de lotes de terras, 
como parte da política do governo varguista e de seu do projeto 
Marcha para Oeste (2008; 49). 
 
 Além do crescimento econômico e populacional que aconteceu em 
Dourados/MS na década de 40, tivemos também mudanças na estrutura da cidade. Neste 
sentido Mercolis Alexandre Ernandes, em sua dissertação de mestrado “A construção da 
identidade douradense (1920-1990)”, destaca que 
 
Foi na década de 1940 que a cidade passou a se desenvolver com mais 
rapidez. Traçado urbano, escolas, igrejas e postos de saúde passaram a 
ser reivindicados, pela imprensa, em nome da população. Era 
necessário consolidar os ideais de progresso e civilização tão 
sonhados. Com o aumento da demografia novas demandas surgiram. 
A preocupação em organizar o espaço urbano conferia à cidade 
características de um lugar em transformação. Em torno da praça 
central, novas casas comerciais foram abertas (2009;p.40). 
 
 O crescimento e o desenvolvimento de Dourados/MS podem ser notados pelos 
empreendimentos que está possuía no período 
 
[...] além da estrada de ferro e das rodovias, Dourados era servida por 
duas empresas de aviação, Consórcio Real-Aerovias e Nacional; dez 
empresas de ônibus, que faziam o transporte rodoviário; havia na 
cidade sete hotéis e dez pensões. Dourados contava ainda com três 
bancos, sendo um genuinamente douradense, o Banco Agrícola de 
Dourados. Esse banco era de propriedade do migrante mineiro 
Antonio Moraes dos Santos, radicado na cidade (ARAKAI. 2008; 36). 
 
 Neste contexto de transformações econômicas e sociais que a cidade de 
Dourados/MS percebeu que era necessário um amplo desenvolvimento, e este veio com 
a primeira Usina Termelétrica, a Senador Filinto Muller. 
 
2. Usina Senador Filinto Muller 
 
A Usina Senador Filinto Muller está localizada em parte da Chácara de nº 22 
zona urbana, com área de 12.222 m². Ao norte o córrego Laranja Doce, ao Sul com 
parte da mesma chácara, ao nascente, frente com o corredor público e ao poente, com 
parte da mesma chácara. 
 Esta Usina atualmente é conhecida como Usina Velha e sua construção 
aconteceu durante o período de Getúlio Vargas na presidência do Brasil e em duas 
etapas: a primeira fase foi de 1943- 1946 (energia gerada a vapor) – e a segunda de 
1946-1949 (energia gerada a diesel). No ano de 1949 foi inaugurada a Usina Filinto 
Muller que proporcionou a geração de energia para a cidade de Dourados-MS 
(FERREIRA. 1999). 
O principal objetivo desta Usina era abastecer as casas e as vias públicas 
comerciais que existiam na cidade, que se concentrava principalmente nas avenidas 
Marcelino Pires, Weimar Torres e Joaquim Teixeira Alves (MOREIRA. 1990). 
Em reportagem do jornal O Douradense fica evidente a expectativa de melhoras 
e mudanças na vida da população douradense com a chegada da energia elétrica, 
acreditando que “uma nova era de vida se abrirá para todos os setores da vida diária” 
(A luz elétrica de Dourados, 11/05/1948). 
O bom funcionamento desta Usina durou pouco e no primeiro número do O 
Progresso este informa que desde o dia 29/01/1951 a cidade vem sofrendo com a falta 
de energia. Na mesma o encarregado pela Usina apresenta os problemas enfrentados na 
geração de energia, destacando como sendo necessário reconstruir a fornalha, comprar 
um jogo de grelhas para as duas fornalhas e mais um manancal da árvore para o motor 
(Teremos Luz dia 10 de maio. 21 de abril de 1951;1). 
Apesar da previsão da volta do funcionamento da Usina, destacada na 
reportagem citada anteriormente, está não pode ser cumprida, pois nem todos os 
materiais chegaram a tempo (O Progresso. 13 de maio de 1951;1). 
“Já está acesa a fornalha da Uzina”, foi assim que O Progresso noticiou, na 
primeira página, a volta do funcionamento da Usina no dia 10/06/1951. Além de 
destacar que a fornalha já estava acesa, informou que foram colocadas lâmpadas em 
outros postes e isto “indiscutivelmente vai dar um aspecto mais belo na iluminação 
pública”. 
Apesar da volta da luz em Dourados os problemas com a geração de energia 
ainda não tinham cessado, a preocupação agora era com a economia de energia. 
Utilizando-se palavras como “ordem”, “bons douradenses”, “apelo”, “bôa vontade”, a 
reportagem na capa do O Progresso, do dia 29/07/51, procura informar e convencer os 
douradenses da importância de economizar luz, pois a Usina passava por dificuldades 
para abastecer a cidade. 
Uma forma de compreender a importância da energia para a cidade e a 
preocupação em manter a Usina em funcionamento está num trecho da reportagem 
citada anteriormente: “Assim atendendo êste breve apelo, estaremos contribuindo, com 
uma parcela de boa vontade para mantermos em dia a preciosa dádiva que Deus, pelo 
engenho humano, nos concedeu”. 
Em Setembro de 1951 o Estado declarou a doação para Dourados da Usina 
termoelétrica Senador Filinto Muller e da Serraria e que a Prefeitura, no próximo, os 
colocaria em concorrência pública para o arrendamento (O Progresso.16 de set. 1951;1) 
Dourados/MS desde a implantação da CAND passava por um crescimento 
populacional e econômico. Estas transformações foram registradas em reportagens ao 
O Progresso, como a de Manoel Cursino da Cunha, que no dia 05/08/1951, com o título 
“Rumo a’ Dourados” escreveu: “Dourados ocupa um lugar singular destaque, nas 
paginas que embelezam a história de nossa Pàtria”. 
 O aumento populacional e o crescimento econômico do município afetaram 
diretamente o funcionamento da Usina Termelétrica Senador Filinto Muller que tinha 
dificuldades para abastecer a cidade. 
Através da leitura e análise das reportagens deste periódico foi possível 
identificar a preocupação com o não funcionamento da Usina, bem como a importância 
que está representava para a cidade. 
Recorrendo ao texto feito ao O Progresso (14 de out. de 1951;1), Armando 
Carmello escreveu 
A nossa Usina Têrmo Elétrica aí está sob as vistas do governo do 
Estado. 
Temos a luz, embora não tenhamos a energia suficiente para 
impulcionar as industrias. 
Já estamos satisfeito com o grande melhoramento. 
Mesmo assim, cabe-nos o direito de solicitar o melhor aproveitamento 
dessa grande obra que nos legou o Território. 
 
A instalação da Usina na cidade trouxe benefícios para a população, mas apesar 
do fornecimento de energia que prestava não “agradava” toda a população douradense, 
pois o abastecimento era falho. Isto é possível verificar pela notícia do O Progresso de 
27/07/1952: “Dourados era servido de energia a “conta gotas”. 
A Usina Termelétrica Senador Filinto Muller não suportou atender a demanda 
local e seu funcionamento foi paralisado em 1952. Com a desativação o prédio foi 
abandonado e seu maquinário retirado, durante anos ela ficou sem ter a “atenção” das 
entidades e autoridades públicas, como destaca Ferreira (2003;21) 
 
Desativado, portando, deste 1952, o prédio da usina atualmente 
encontra-se bastante deteriorado pelo tempo e pela ação de pessoas 
desconhecidas que levaram janelas, telhas, tijolos e outros materiais 
de sua construção. Todos os maquinários foram levados dali por 
particulares, cuja ação parece não ter tido anuência do executivo local 
da justiça ou do próprio IPHAN, existindo basicamente ruínas da 
arquitetura original. 
 
Esta situação de “abandono” que a Usina “sofre” não era algo que agradava a 
população douradense, pois a sua história coincide com a de muitos douradenses. É 
possível verificar esta relação no trabalho realizado por Analina Ferreira de Carvalho, 
“Usina Termelétrica Senador Filinto Müller: históriae patrimônio cultural (1940-
2003)”. 
Esta autora utilizou-se de fontes orais para compreender a importância da Usina 
Velha para a população douradense e constatou que 
 
[...] muitos informantes sempre trataram do assunto com certo tom de 
nostalgia, relembrando de tempos em que a diversão e o lazer em 
tempos de folga era mais ligado à natureza e, geralmente, fazem isso 
também em oposição às mudanças que marcam os dias de hoje 
(FERREIRA. 2003;21). 
 
O visível abandono da Usina Velha e a preocupação com a deteriorização do 
prédio fez com que na da década de 80 iniciasse um movimento na cidade em defesa da 
preservação do prédio da Usina e para sensibilizar as autoridades locais, um grupo 
formado por 
 
artistas, cantores, pintores, fotógrafos, escritores, professores e 
estudantes de Dourados, vem promovendo ações em prol da 
preservação e da revitalização da antiga termelétrica. Tais eventos 
buscam sensibilizar as autoridades locais para que a Usina Velha 
possa ser restaurada e revitalizada com vistas a ser um lugar destinado 
a atividades culturais e educação patrimonial (FERREIRA. 2003; 21-
22) 
 
 Como consequência destes movimentos, no ano de 1991 a Usina Senador Filinto 
Müller foi tombada através de uma Lei Municipal, do nº 040/91, de autoria do então 
vereador Carlos Roberto Cristino de Oliveira. Esta Lei Municipal foi promulgada sob n° 
1694, em 15 de julho de 1991 (O PROGRESSO, 17/07/1991). 
 Após o tombamento surgiram propostas de revitalização por algumas 
autoridades, como o prefeito Braz Melo, mas apesar da Usina ser considerada um 
patrimônio douradense ela está abandonada, restando apenas suas ruínas. 
 Considerando a Usina Velha um patrimônio de Dourados/MS e que está 
representa a cidade é importante conceituar o que é patrimônio. 
 
3. Patrimônio 
 
A Usina Senador Filinto Muller é uma obra material de Dourados/MS, sendo 
assim é uma forma de reconstruir a história da cidade através do que ela representa. 
Neste sentido é importante que se tenha em mente o porquê de sua importância (bem 
como a necessidade) de sua conservação. 
Segundo Françoise Choay (2001;18) “[...] chamar-se-á monumento tudo o que 
for edificado por uma comunidade de indivíduos para rememorar ou fazer que outras 
gerações de pessoas rememorem acontecimentos, sacrifícios, ritos e crenças”. 
 É de interesse da população a preservação dos bens naturais e culturais, pois 
através dele que são formados o seu respectivo patrimônio, que conta a história, a vida 
de uma população inexistente ou existente, é uma maneira de divulgar, conhecer e 
compreender a diversidade de culturas. 
 Os bens materiais fazem parte da identidade local, é uma forma do cidadão 
identificar-se com ele. Segundo a Declaração do México: 
 
Patrimônio Cultural de um povo compreende as obras, artistas, 
arquitetos, músicos, escritores, e sábios, assim como as criações 
anônimas surgidas da alma popular e o conjunto de valores que dão 
sentido a vida. Ou seja, as obras materiais e não materiais que 
expressam a criatividade desse povo: a língua, os ritos, as crenças, os 
lugares, e monumentos históricos, a cultura, as obras de arte e os 
arquivos e bibliotecas (Declaração do México. 1985; 04). 
 
 Reafirmando o conceito de patrimônio recorro a Ribeiro (2009;2) 
 
[...]Para que um determinado bem ou objeto de memória possa ser 
considerado como Patrimônio, já não se tem mais em vista, nos dias 
de hoje, apenas aquilo que seja sinônimo de erudição e refinamento do 
ponto de vista de determinada classe social. A nova maneira de pensar 
o Patrimônio procura estender o olhar também para o simples e o 
aparentemente corriqueiro, considerando como significativas e 
relevantes as memórias de expressões culturais do ser humano comum 
e os fatos relacionados à sua vida cotidiana. 
 
 No século XX acentuou-se a preocupação em preservar o Patrimônio da 
Humanidade, e criaram-se órgãos responsáveis ou que ajudam na preservação, no 
âmbito internacional temos a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a 
educação, a ciência e a cultura), e no Brasil IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e 
Artístico Nacional) entre outros. 
Realizou - se conferências em todo o mundo onde foram elaboradas 
Recomendações e Declarações (exemplo: Recomendação de Paris de 1964 e a 
Declaração do México de 1985), no intuito de esclarecer a população sobre a 
importância do assunto. Através destes órgãos organizaram-se medidas legais, como o 
tombamento, para que a preservação ocorra de fato, revitalizando e conservando o 
patrimônio, legado da humanidade que seguirá construindo e divulgando sua história. 
No Brasil os primeiros indícios de movimentos voltados para a preservação do 
patrimônio iniciaram no ano de 1910, época de uma crise política e de identidade no 
país. Considera-se que os intelectuais modernistas foram os principais incentivadores 
para a proteção do patrimônio. 
Em 1937 foi criado o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
(SPHAN), atualmente este órgão é conhecido como IPHAN (Instituto do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional). No que se refere à legislação sobre a preservação dos 
bens patrimoniais, até a década de 60 eram poucas, tendo um aumento considerável a 
partir da década de 80. 
Ressalta-se que durante a Ditadura Militar, período da história do Brasil 
marcado pela repressão, a violência, crises financeiras, também foi uma época de 
valorização da identidade brasileira, em que os militares faziam discursos para enaltecer 
os brasileiros e a população se organiza em movimentos na busca pelos seus direitos. 
Recorrendo a Rodrigues (2005; 21) 
A indústria cultural experimentava grande impulso no país e, além 
disso, o regime militar procurava sanar o desemprego e promover o 
desenvolvimento. O casamento entre patrimônio e turismo, nesse 
momento, parecia perfeito e se apresentava como solução para 
diversas situações, incluída a “salvação” do patrimônio, em razão de 
seu aproveitamento econômico. [...]. 
 
Neste contexto insere-se o foco de estudo deste trabalho, a Usina Senador Filinto 
Muller, que no ano de 1991 foi tombada como Patrimônio Municipal de Dourados/MS. 
Ressalta-se que este fato somente aconteceu após manifestações que existiram na cidade 
em prol da sua preservação. 
 Como bem patrimonial, a Usina Filinto Muller, não deve ser visto isolado de um 
contexto social, político e econômico, posto que está relacionado há um todo, no caso a 
cidade de Dourados/MS. Neste aspcto Choay (2001;201) destaca que 
 
“[...]o conceito de monumento histórico não poderia designar um 
edifico isolado, separado do contexto das construções no qual se 
insere. A própria natureza da cidade e dos conjuntos urbanos 
tradicionais, seu ambiente, resulta dessa dialética da ‘arquitetura 
maior’ e de seu entorno. É por isso que, na maioria dos casos, isolar 
ou ‘destacar’ um monumento é o mesmo que mutilá-lo. O entorno do 
monumento mantém com ele uma relação essencial”. 
 
É tarefa importante do governo de cada nação a preocupação com a conservação 
de seu patrimônio seja ele natural ou cultural. As gerações precisam conhecer o espaço 
e os costumes do grupo social ao qual fazem parte, e também reconhecer a cultura de 
outros povos. 
A construção e a implantação da Usina estão interligadas com o 
desenvolvimento e crescimento da história douradense. Possui uma relação com a 
história de muitos moradores e do desenvolvimento da cidade, sendo este um dos 
motivos para que ela possa ser considerada um patrimônio desta cidade. 
É importante considerar que para um patrimônio, possa assim ser considerado, é 
necessário identificá-lo com a comunidade, pois pode auxiliar está a rememorar a 
história local, os valores, as crenças, as tradições e de valorizar a comunidade local. Ao 
se entender os significados do bem material e/ou imaterial possibilitam interpretar o 
patrimônio, e não considerá-lo apenascomo um objeto. 
Considerando estes conceitos de Patrimônio é possível identificar a Usina como 
tal, pois é uma obra material que está relacionada com a história da cidade e possui 
significado para a população que vivenciou a sua implantação, o seu funcionamento e 
para quem conhece a sua importância para Dourados/MS. 
Apesar deste aspecto percebe-se que ela não é trabalhada atualmente como um 
patrimônio douradense, pois está encontra abandonada pela prefeitura, nunca foi 
revitalizada e não é divulgada como um bem patrimonial o que faz com que muitos 
jovens e novos moradores da cidade não conheçam a sua historia. 
Considerando este fator realizou-se a uma pesquisa para identificar se isto 
realmente acontece e se estudantes a reconhecem como um Patrimônio Douradense. 
 
4. Pesquisa de campo 
 
 A Escola Estadual Presidente Vargas foi a primeira escola estadual na cidade de 
Dourados/MS a oferecer o ensino do ginásio. Sua Lei de criação foi a 427 de 2 de 
outubro de 1955 e em março de 1958 iniciaram suas atividades escolares (VIANA. 
2002;53). 
Para a realização da pesquisa foram aplicados 70 questionários na Escola 
Presidente Vargas, incluindo o período matutino, vespertino e noturno. Dos 
entrevistados 100% estão cursando o ensino médio, sendo a maioria do sexo feminino. 
Os questionários foram aplicados somente para os alunos do Ensino Médio e de 
forma aleatória, conforme o tempo disponível que estes tivessem na escola eles 
responderam as questões. 
Optou-se por aplicar no Ensino Médio, pois os alunos possuem um quadro mais 
amplo de disciplinas que envolvem aspectos relacionados à cultura como (história, 
geografia, sociologia e filosofia) como também o tempo que este já freqüenta a escola 
( no mínimo 5 anos). 
 
 
Figura 1: gênero dos entrevistados 
 
 A maioria dos questionários foi respondida por pessoas do sexo feminino e idade 
entre 15 a 23 anos, sendo que 37% possuem 16 anos e 33% 17 anos. 
 
Figura 2: idade dos entrevistados 
 Outro aspecto abordado no questionário foi com relação a naturalidade, pois o 
foco da pesquisa é a história de Dourados/MS, sendo essencial identificar a cidade natal 
de cada um. A maioria dos alunos nasceu em Dourados/MS e outros vêm de diferentes 
regiões do Estado do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Paraná. 
 
Figura 3: cidade natal 
 
 No que se refere ao questionário específico sobre o assunto as perguntas 
permearam sobre identificar se os alunos sabem o que é patrimônio histórico cultural, 
bem como as informações e história sobre a Usina Senador Filinto Muller. 
A primeira pergunta era: O que você entende por patrimônio histórico e cultural? 
Nesta questão apenas 10% dos alunos não souberam responder. As respostas foram 
diversificadas e aproximadamente 44% dos estudantes consideram como patrimônio 
“Uma obra ou monumento antigo e de importância para a cidade, que faz parte da 
cultura do lugar”; 27% dos alunos definem como “Algo antigo (prédios) e que muitas 
vezes não pode ser destruído/deve ser preservado”. 
 Considerando estas duas afirmações é possível perceber que os alunos possuem 
uma “noção” do que é patrimônio histórico e cultural. Segundo os mesmos este assunto 
já foi abordado na escola nas disciplinas de História, Geografia, Português, Sociologia e 
Artes, porém aproximadamente 34% dos entrevistados afirmaram que o assunto nunca 
foi abordado. 
A terceira pergunta era específica sobre a Usina, “O que você sabe sobre a Usina 
Senador Filinto Muller, conhecida como Usina Velha?”. A partir deste questionamento 
foi possível perceber que a maioria dos alunos não tem conhecimento sobre o assunto 
(58%). 
Os alunos que possuem algum conhecimento sobre o assunto é superficial, ou 
seja, sabem apenas: “onde está localizada”, “que está desativada”, “que só há ruínas 
dela hoje” e que “não conhece a história, apenas ouviu falar”. 
Porém apesar da maioria dos alunos não conhecerem a história da Usina Velha 
alguns alunos souberam responder com uma maior riqueza de detalhes sobre este 
patrimônio. Alguns alunos firmaram que “No passado quando ainda funcionava foi 
sinônimo de progresso na região, gerando empregos e energia elétrica no período em 
que esteve em funcionamento, sendo hoje um ponto turístico douradense, como também 
“Que foi a primeira usina a distribuir energia para uma certa parte da cidade”. 
Outro questionamento foi “Você acha que a Usina tem alguma identificação com 
a história de Dourados/MS? Por que?”. Aproximadamente 51% dos alunos afirmaram 
que Sim e aproximadamente 48% dos alunos não souberam responder. 
As maiorias dos alunos consideram que ela tem relação com a história de 
Dourados/MS, porém tiveram dificuldade em justificar. Segundo os mesmo a 
identificação existe porque “ela foi construída a muito tempo”, “a ela ter iniciado 
teoricamente a “modernização”de Dourados (distribuindo energia)” e “por fazer parte 
do patrimônio histórico de Dourados”. 
 Após questionar sobre a identificação que existe entre a cidade de Dourados/MS 
e a Usina perguntou-se se a Usina Velha se encaixa enquanto um patrimônio histórico e 
cultural de Dourados? Por quê?Nesta questão é preciso destacar que não foi afirmado 
que a Usina já é um patrimônio, para que assim o aluno não fosse induzido a uma 
resposta afirmativa 
 Analisando as respostas aproximadamente 55% dos alunos afirmam que ela se 
encaixa enquanto um patrimônio, porque “tem lembranças do passado de nossa 
cidade”, “pois existe a muito tempo” e “é um símbolo de Dourados e deve ser 
preservada”. 
 É interessante percebermos que os alunos relacionam patrimônio como sendo 
algo “velho”, pois em quase todas as respostas eles fazem ressalvas de que a Usina é 
algo que existe há muito tempo, sendo até afirmado por alguns alunos que o próprio 
nome “Usina Velha” tem relação com a sua importância para a cidade. 
 O sexto questionamento foi Dourados deveria se mobilizar para a preservação da 
Usina enquanto patrimônio? Que mobilização você sugere? Nesta questão 
aproximadamente 20% não souberam responder e aproximadamente 79% afirmaram 
que sim. 
 Para os alunos seria interessante realizar passeatas, palestras, utilizar as mídias 
para divulgar a história da Usina, fazer uma revitalização e cuidar da sua preservação. 
Ressalta-se também que os alunos afirmam a importância de realizar este tipo de 
atividades nas escolas. 
 Para finalizar o questionário perguntou-se aos alunos da importância de 
acontecerem debates, palestras e movimentos em geral para discutir sobre a 
revitalização da Usina e que esta seja símbolo da identidade douradense? 
 Aproximadamente 34% dos alunos não souberam responder e cerca de 64% 
afirmaram que sim. A maioria dos alunos justificou está importância, pois muitos não 
sabem ou sabem pouco da história da Usina, como também “quanto mais se adia o 
debate sobre a Usina Velha mais ela se deteriora, aos poucos a historia presente no 
velho edifício se perde junto a deteriorização da ruínas”. 
 Com base nestas informações é possível perceber que os alunos possuem pouco 
conhecimento sobre a história deste patrimônio douradense, mas que tem interesse em 
conhecê-la melhor. 
 
5. Considerações finais 
 
 Através desta pesquisa identificou-se que a Usina Termoelétrica Senador Filinto 
Muller foi implantada em Dourados/MS durante um período de amplo crescimento 
econômico e populacional da cidade. Ressalta-se que este fato está relacionado à 
implantação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados/CAND. 
 A luz elétrica era algo esperado por todos e prometia melhorar a situação dos 
douradenses. Após 6 anos de construção, em 1949 ela foi inaugurada, mas após dois 
anos, em 1951, foi desativada. 
 O impulso econômico que a Usina ajudaria a gerar não foi plenamente possível, 
já que a sua estrutura não suportou o crescimento populacional e a necessidade de 
Dourados/MS. 
 Apesar de um curto período de funcionamentoa Usina Velha deixou marcas na 
história da cidade e na vida de muitos douradenses. Após anos de “abandono” pelos 
setores públicos, no final da década de 80 e início de 90, iniciaram movimentos 
organizados pela população para que acontecesse sua preservação. 
 Esta ação resultou no tombamento da Usina Senador Filinto Muller, como 
patrimônio cultural de Dourados/MS em 1991. 
 O patrimônio de uma cidade tem relação com a história do município e uma 
identificação com os munícipes. Analisando os dados dos questionários confirmou-se 
que atualmente a história da Usina Velha não representa os douradenses. Está 
conclusão está no fato de que os alunos não obtêm pleno conhecimento da história deste 
patrimônio. 
 Apesar desta consideração os alunos consideram a Usina como importante para a 
cidade, bem como sentem a necessidade deste assunto ser abordado mais vezes em sala 
de aula, como também pela própria comunidade. 
 Considerando este aspecto é que se conclui a importância de se trabalhar nas 
escolas a educação patrimonial, o que provocaria uma discussão mais ampla do assunto, 
bem como a importância da preservação do patrimônio cultural e assim aconteça uma 
maior identificação entre o patrimônio e a população. 
 Ao se pensar em educação patrimonial e possível inserir a proposta da educação 
libertadora de Paulo Freire que visa a formação do educando como cidadão, que são 
capazes de formular opiniões, criativos e agir no meio e transformá-lo (PIRENÓPOLIS. 
2006). 
 Além deste aspecto ressalta-se que os patrimônios podem ser utilizados como 
fonte de pesquisa in loco para as aulas de história local, sendo uma forma dinâmica e 
diferenciada de aprendizado. 
 
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Fonte utilizada 
 
Jornal O Douradense 
 
Jornal O Progresso

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