Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS MAIARA LAÍS PINTO USINA SENADOR FILINTO MULLER: DO ÁPICE AO ESQUECIMENTO Dourados – MS 2011 CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR MAIARA LAÍS PINTO USINA SENADOR FILINTO MULLER: DO ÁPICE AO ESQUECIMENTO Trabalho de Conclusão do Curso de Pós Graduação Lato Sensu – Metodologia do Ensino Superior, requisito parcial para obtenção do título de Especialista. Orientador: Prof. Pedro Rauber. Dourados-MS 2011 PINTO, Maiara Laís. Usina Senador Filinto Muller:do ápice ao esquecimento. Dourados: UNIGRAN, 2011. __ p. Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu, Especialização em Metodologia do Ensino Superior, apresentado à Coordenação de Pós- Graduação – UNIGRAN. Orientador: Prof. Pedro Rauber CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR MAIARA LAÍS PINTO USINA SENADOR FILINTO MULLER: DO ÁPICE AO ESQUECIMENTO Aprovado em: _____ / _____ / 2011 OrientadoR: Prof. Pedro Rauber _________________________ __________________________________ Denis D’Amato De Déa Coordenador de Pós-Graduação Dourados – MS 2011 Usina Senador Filinto Muller: do ápice ao esquecimento PINTO, Maiara Laís RAUBER, Pedro Resumo: Este artigo é resultado de uma pesquisa realizada sobre um patrimônio histórico de Dourados/MS - Usina Senador Filinto Muller. Sua construção é da década de 1940 e foi a primeira Usina a gerar energia na cidade. Os objetivos da pesquisa consistiram na implantação e na função da Usina Filinto Müller para Dourados/MS; identificação de conceitos de patrimônio; a investigação se a sociedade douradense identifica e reconhece a Usina enquanto um bem patrimonial. Como metodologia foram realizadas pesquisa bibliográfica, em jornais da cidade, bem como a aplicação de questionários aos alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Presidente Vargas localizada nesta cidade, com o intuito de perceber o que estes alunos compreendem sobre Patrimônio e sua relação com a Usina. Palavras-chave: Dourados/MS - patrimônio – representação. Abstract: This article is the result of a survey on a heritage of Dourados / MS - Plant SenatorMuller Muller. Its construction is of the 1940s and was the first plant to generate energy in the city. The objectives of the research consisted in the implementation and function of plant Miiller to Dourados / MS, identification of concepts of equity,research Douradense if society recognizes and identifies the plant as an asset.The methodology literature search was performed in city newspapers, as well as the application of questionnaires to high school students from President VargasState School located in this city, in order to understand what these studentsunderstand about Heritage and its relationship to plant . Keywords: Dourados / MS - property - representation Introdução O interesse em pesquisar sobre a Usina Senador Filinto Muller surgiu após identificar que ela foi tombada como patrimônio histórico em Dourados/MS, mas que atualmente está “abandonada” pelo poder público e nunca foi revitalizada. Além deste ponto percebeu-se que douradenses não sabem deste fato e não identificam-se com a Usina, sendo está uma característica importante para o patrimônio pois é uma forma de rememorar a história local, os valores, as crenças, as tradições e de valorizar a comunidade local. Ao se entender os significados do bem material e/ou imaterial possibilitam interpretar e ser representado pelo patrimônio. O patrimônio discutido neste artigo é parte integrante da cidade Dourados/MS. As cidades são espaços de relações sociais, utilizados pelas pessoas para morar, praticar o lazer, para trabalhar, de relações políticas, ou seja, o homem o utiliza com um determinado fim e o transforma conforme suas necessidades. Pesavento em O imaginário da cidade aponta que as cidades, entre os séculos XVII e XVIII, eram vistas como lugares fechados por muralhas, e que com o Iluminismo ressurge como um espaço aberto, “[...] apoiada no movimento e na diversidade, é expressão tanto de um processo de transformações capitalista do mundo quanto da renovação cultural trazida pelo Iluminismo, que explicava a realidade sob novas luzes” (2002;38). Castrogiovani define a cidade como “uma construção física e imaginária, compreende um lugar e faz parte do todo geográfico. O tecido urbano é dinâmico e está inserido no processo histórico de uma sociedade [...]” (2000;25). A cidade, enquanto espaço físico é composto por diferentes construções arquitetônicas, que variam no tamanho, forma e cor. Recorrendo a Bagli, entendemos que: a paisagem urbana se caracteriza por aquilo que sobre o solo esta construído. Nela, há multiplicidade de formas, edifícios (com poucos ou muitos andares, grandes ou pequenos), casas, sobrados, prédios comerciais e públicos, ruas (largas ou estreitas) avenidas, alamedas, vielas, travessas, monumentos obeliscos, praças. [...] (2006;102) A composição dos espaços urbanos são construídos e utilizados pela sociedade, que lhes remetem significados, mas podem ter ressignificações, conforme o grupo que o utiliza. Magnani aponta que “[...]são práticas sociais que dão significado e ressignificam tais espaços, através de uma lógica que opera com muitos eixos de significação[...].”(1996, p.39) Este autor utiliza categorias, como os pedaços, as manchas, os trajetos e os circuitos como forma de compreender os usos dos espaços nas cidades, em que o reconhecimento e a importância destes pontos tornam-se referência para as atividades que compõem o cotidiano. “Fazem parte do patrimônio da cidade, configuram aquele repertório de significantes que possibilitam guardar histórias e personagens que estariam esquecidas não fosse pela permanência, na paisagem urbana, de tais suportes” (MAGNANI.1996;45). Inserido na cidade estão os patrimônios, que são representados pela materialização de lugares, edifícios, crenças, dos “heróis nacionais”, que representam a história da cidade. Recorrendo a Corrêa, em O espaço urbano, entendemos que: [...] o cotidiano, o futuro próximo, bem como as crenças, valores e mitos criados no bojo da sociedade de classes e, em parte, projetados nas formas espaciais: monumentos, lugares sagrados, uma rua especial, etc. O espaço urbano assume assim uma dimensão simbólica que, entretanto, é variável segundo os diferentes grupos sociais, etários,etc. (1989;p.09). Considerando estas definições percebe-se que a Usina Senador Filinto Muller está inserida neste contexto, ou seja, a história de Dourados/MS encontra-se materializada na sua construção, possui um significado para os douradenses que conhecem a sua história e a vivenciaram, tornando-se assim um símbolo para eles. Para a realização deste artigo foi realizada leitura bibliográfica, pesquisa em arquivos públicos (Centro de Documentação Regional e Museu) e pesquisa de campo. Uma importante fonte de pesquisa foi a imprensa. Optou-se por este meio de comunicação, pois através desta fonte é possível “recuperar” os fatos que marcaram a instalação da Usina, já que a imprensa tem o “papel” de registrar os acontecimentos. A imprensa, como fonte de pesquisa, somente passou a ser utilizada pela história a partir da corrente dosAnnales, que surgiu na França no século XX. As mudanças provocadas por esta corrente introduziu novas temáticas a ser estudada pela História. Segundo Tânia De Luca um dos discursos utilizados para não incorporar os jornais como documento para a pesquisa, era de que os [...] jornais pareciam pouco adequados para a recuperação do passado, uma vez que essas ‘enciclopédias do cotidiano’ continham registros fragmentários do presente, realizados sob o influxo de interesses, compromissos e paixões [...] ( 2005; 112). Através deste antigo meio de comunicação é possível conhecermos o desenvolvimento dos seres humanos, as novidades e descobertas na área científica, social e econômica de qualquer lugar do mundo. A imprensa nos proporciona identificar a nossa história e analisar o cotidiano de uma determinada população. Capelato em seu livro a História da Imprensa e história do Brasil destaca que: O jornal, como afirma Wilhelm Bauer, é uma verdadeira mina de conhecimento:fonte de sua própria história e das situações mais diversas: meio de expressão de idéias e depósito de cultura. Nele encontramos dados sobre a sociedade, seus usos e costumes, informações sobre questões econômicas e políticas (1988; 21) No Brasil, somente a partir de 1970, os historiadores passaram a utilizar mais sistematicamente este meio como fonte de conhecimento e pesquisa. Também foram assumindo as novas temáticas propostas pela citada escola francesa, entre elas os aspectos da vida cotidiana. Este meio de comunicação, atualmente é considerado uma importante forma de memória e de registro dos eventos e de manifestações sociais. Em pesquisas realizadas no jornal da cidade encontrou-se noticiais sobre a construção e a implantação da Usina Senador Filinto Muller. As obras memorialistas foram um tipo de fonte utilizada durante esta pesquisa. Estas obras foram escritas por personagens da história douradense em que utilizaram o que viveram e presenciaram para poder escrever está história. Recorrendo a Betoni (2002,24): [...]Com a divisão do Estado de Mato Grosso, criando o Mato Grosso do Sul, a necessidade de construir uma identidade sul-mato-grossense talvez tenha encorajado os autores a rememorarem seu passado, apresentado-se como brasileiros especiais, comparados com os pioneiros norte-americanos e até mesmo com os primeiros cristãos. É nesse sentido que os memorialistas sacralizam os papéis exercidos pelos primeiros habitantes da região, atribuindo a eles um caráter civilizador e defensores da Pátria, dentre outras funções desempenhadas, com o fim específico de valorizar sua presença no local. Ressalta-se que estas obras, como foram escritas pela visão do narrador, não podem ser entendidas como “oficial” e “segura”. Neste aspecto aparece a importância da análise do discurso, que: [...] deve contemplar simultaneamente três dimensões fundamentais: o intratexto, o intertexto e o contexto. O “intratexto” corresponde aos aspectos internos do texto e implica exclusivamente na avaliação do texto como objeto de significação; o “intertexto” refere-se ao relacionamento de um texto com outros textos; e o “contexto” corresponde à relação do texto com a realidade que o produziu e que o envolve. (BARROS.2004; 136-137). O intratexto está relacionado ao que compõe o texto e as suas dicotomias, sendo que isto é possível verificar através das notícias publicadas pela imprensa, como os depoimentos. O diálogo entre os textos e/ou reportagens gera “[...] a possibilidade de contrapor textos diferenciados, de pôr as várias versões a respeito de um acontecimento a se iluminarem ou a se contradizerem reciprocamente.” (BARROS, 2004, p.136). Este aspecto refere-se ao intertexto. Para finalizar o artigo utilizou-se de uma pesquisa de campo. Foi elaborado um questionário sobre o que é patrimônio histórico e cultural e conhecimentos gerais sobre a Usina Velha. Esta pesquisa foi realizada na Escola Estadual Presidente Vargas e aplicada aos alunos do Ensino Médio. Utilizando-se destes recursos (bibliografia, jornais e pesquisa de campo) objetiva-se discutir a implantação da Usina Velha e o que representa atualmente para a cidade, tendo como foco os estudantes, sendo necessário primeiramente rememorar a história de Dourados/MS. 1. História de Dourados/MS A formação do distrito de Dourados é apontada por memorialistas, como sendo uma iniciativa de um paranaense, Marcelino Pires em 1903. No ano de 1909 iniciou a discussão da formação do Patrimônio (POMPEU. 1965:11). Com a Lei n nº 658 de 15 de junho de 1914 foi criado o Distrito de Paz de Dourados, que pertencia ao município de Ponta Porã, sendo que a instalação do distrito efetivou-se somente em 1935 pelo decreto n 30, de 20 de dezembro. Outro fator relevante para o crescimento da cidade de Dourados-MS foi à política lançada em 1938. Com a criação da Divisão de Terra e Colonização. Esse órgão integrado ao Ministério da Agricultura implantou Colônias Agrícolas Nacionais (CAN), através do Decreto-Lei 3.059, de fevereiro de 1941. Este Decreto tinha como objetivo fixar o homem no campo, por meio da pequena propriedade, a qual estaria voltada para a produção de bens agrícolas em escala capitalista para outros mercados, além de produzir para sua autossuficiência. Para Lenharo (1985) a preocupação da política de colonização do Governo Federal para regiões de grandes espaços vazios, estava diretamente ligada à necessidade de expansão das relações capitalistas de produção. Dessa forma, o projeto colonizador estadonovista no Centro-Oeste, por exemplo, vinculava-se ao projeto de desenvolvimento do capitalismo no campo. Recorrendo a Arakaki: O projeto de Getulio Vargas visava à inserção da região no contexto capitalista de produção, interligando-se aos centros hegemônicos do país. A geopolítica de ocupação dos “espaços vazios” tinha duplo sentido: a proteção da fronteira seca e da fronteira ideológica. Ao sedimentar o desenvolvimento capitalista, estaria, ao mesmo tempo, protegendo a região contra possíveis investidas comunistas (2008; 132). A criação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados – CAND – foi assim pensada a partir da “Marcha para Oeste”. No então Mato Grosso a preocupação estava voltada para a concentração de grandes propriedades nas mãos de estrangeiros, especialmente nas regiões de fronteira. A pequena propriedade vinha como sinônimo de defesa e segurança nacional. Atraídos pela qualidade do solo e pela propaganda que o governo fez, muitos agricultores se dirigiram para o sul de Mato Grosso, sobretudo para a região da Grande Dourados, com o intuito de adquirir terras, principalmente no final da década de 40 e início da década seguinte. A Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) foi criada em 28 de outubro de 1943 e instalada em janeiro de 1944, mas sua efetivação legal se deu em 20 de julho de 1948, quando foi demarcada pelo governo federal. A CAND era regida pelo decreto 3.059 que delimitava a área dos lotes entregues, a qual variava entre 20 a 50 hectares, com no mínimo de 25% de floresta na área total. Os municípios que faziam parte desta Colônia Agrícola eram: Fátima do Sul, Dourados, Glória de Dourados, Deodápolis, Vicentina, Jateí e Douradina e os distritos de Panambi, Vila São Pedro, Vila Vargas, Indápolis. Sobre a implantação da CAND Betoni (2002;22) apresenta que: [...] A implantação da Colônia, com o assentamento de milhares de famílias entre fins da década de 1940 e o decorrer da década seguinte, corresponde também à expansão da frente pioneira, procedente dos estados de São Paulo e Paraná, que atinge o antigo sul de Mato Grosso precisamente nesta época. Arakaki (2008; p.36) destaca que foi partir da criação da CAND que outras companhias de colonização surgiram no município, como as colônias japonesas e dos baianos.Segundo esta autora a implantação da CAND representou um [...] impulso econômico e crescimento populacional notável para o município. Em apenas uma década, Dourados se tornou a cidade mais populosa da região sul do estado de Mato Grosso. Os dados censitários apontam para um crescimento acentuado, concentrado principalmente na zona rural, motivado pela doação de lotes de terras, como parte da política do governo varguista e de seu do projeto Marcha para Oeste (2008; 49). Além do crescimento econômico e populacional que aconteceu em Dourados/MS na década de 40, tivemos também mudanças na estrutura da cidade. Neste sentido Mercolis Alexandre Ernandes, em sua dissertação de mestrado “A construção da identidade douradense (1920-1990)”, destaca que Foi na década de 1940 que a cidade passou a se desenvolver com mais rapidez. Traçado urbano, escolas, igrejas e postos de saúde passaram a ser reivindicados, pela imprensa, em nome da população. Era necessário consolidar os ideais de progresso e civilização tão sonhados. Com o aumento da demografia novas demandas surgiram. A preocupação em organizar o espaço urbano conferia à cidade características de um lugar em transformação. Em torno da praça central, novas casas comerciais foram abertas (2009;p.40). O crescimento e o desenvolvimento de Dourados/MS podem ser notados pelos empreendimentos que está possuía no período [...] além da estrada de ferro e das rodovias, Dourados era servida por duas empresas de aviação, Consórcio Real-Aerovias e Nacional; dez empresas de ônibus, que faziam o transporte rodoviário; havia na cidade sete hotéis e dez pensões. Dourados contava ainda com três bancos, sendo um genuinamente douradense, o Banco Agrícola de Dourados. Esse banco era de propriedade do migrante mineiro Antonio Moraes dos Santos, radicado na cidade (ARAKAI. 2008; 36). Neste contexto de transformações econômicas e sociais que a cidade de Dourados/MS percebeu que era necessário um amplo desenvolvimento, e este veio com a primeira Usina Termelétrica, a Senador Filinto Muller. 2. Usina Senador Filinto Muller A Usina Senador Filinto Muller está localizada em parte da Chácara de nº 22 zona urbana, com área de 12.222 m². Ao norte o córrego Laranja Doce, ao Sul com parte da mesma chácara, ao nascente, frente com o corredor público e ao poente, com parte da mesma chácara. Esta Usina atualmente é conhecida como Usina Velha e sua construção aconteceu durante o período de Getúlio Vargas na presidência do Brasil e em duas etapas: a primeira fase foi de 1943- 1946 (energia gerada a vapor) – e a segunda de 1946-1949 (energia gerada a diesel). No ano de 1949 foi inaugurada a Usina Filinto Muller que proporcionou a geração de energia para a cidade de Dourados-MS (FERREIRA. 1999). O principal objetivo desta Usina era abastecer as casas e as vias públicas comerciais que existiam na cidade, que se concentrava principalmente nas avenidas Marcelino Pires, Weimar Torres e Joaquim Teixeira Alves (MOREIRA. 1990). Em reportagem do jornal O Douradense fica evidente a expectativa de melhoras e mudanças na vida da população douradense com a chegada da energia elétrica, acreditando que “uma nova era de vida se abrirá para todos os setores da vida diária” (A luz elétrica de Dourados, 11/05/1948). O bom funcionamento desta Usina durou pouco e no primeiro número do O Progresso este informa que desde o dia 29/01/1951 a cidade vem sofrendo com a falta de energia. Na mesma o encarregado pela Usina apresenta os problemas enfrentados na geração de energia, destacando como sendo necessário reconstruir a fornalha, comprar um jogo de grelhas para as duas fornalhas e mais um manancal da árvore para o motor (Teremos Luz dia 10 de maio. 21 de abril de 1951;1). Apesar da previsão da volta do funcionamento da Usina, destacada na reportagem citada anteriormente, está não pode ser cumprida, pois nem todos os materiais chegaram a tempo (O Progresso. 13 de maio de 1951;1). “Já está acesa a fornalha da Uzina”, foi assim que O Progresso noticiou, na primeira página, a volta do funcionamento da Usina no dia 10/06/1951. Além de destacar que a fornalha já estava acesa, informou que foram colocadas lâmpadas em outros postes e isto “indiscutivelmente vai dar um aspecto mais belo na iluminação pública”. Apesar da volta da luz em Dourados os problemas com a geração de energia ainda não tinham cessado, a preocupação agora era com a economia de energia. Utilizando-se palavras como “ordem”, “bons douradenses”, “apelo”, “bôa vontade”, a reportagem na capa do O Progresso, do dia 29/07/51, procura informar e convencer os douradenses da importância de economizar luz, pois a Usina passava por dificuldades para abastecer a cidade. Uma forma de compreender a importância da energia para a cidade e a preocupação em manter a Usina em funcionamento está num trecho da reportagem citada anteriormente: “Assim atendendo êste breve apelo, estaremos contribuindo, com uma parcela de boa vontade para mantermos em dia a preciosa dádiva que Deus, pelo engenho humano, nos concedeu”. Em Setembro de 1951 o Estado declarou a doação para Dourados da Usina termoelétrica Senador Filinto Muller e da Serraria e que a Prefeitura, no próximo, os colocaria em concorrência pública para o arrendamento (O Progresso.16 de set. 1951;1) Dourados/MS desde a implantação da CAND passava por um crescimento populacional e econômico. Estas transformações foram registradas em reportagens ao O Progresso, como a de Manoel Cursino da Cunha, que no dia 05/08/1951, com o título “Rumo a’ Dourados” escreveu: “Dourados ocupa um lugar singular destaque, nas paginas que embelezam a história de nossa Pàtria”. O aumento populacional e o crescimento econômico do município afetaram diretamente o funcionamento da Usina Termelétrica Senador Filinto Muller que tinha dificuldades para abastecer a cidade. Através da leitura e análise das reportagens deste periódico foi possível identificar a preocupação com o não funcionamento da Usina, bem como a importância que está representava para a cidade. Recorrendo ao texto feito ao O Progresso (14 de out. de 1951;1), Armando Carmello escreveu A nossa Usina Têrmo Elétrica aí está sob as vistas do governo do Estado. Temos a luz, embora não tenhamos a energia suficiente para impulcionar as industrias. Já estamos satisfeito com o grande melhoramento. Mesmo assim, cabe-nos o direito de solicitar o melhor aproveitamento dessa grande obra que nos legou o Território. A instalação da Usina na cidade trouxe benefícios para a população, mas apesar do fornecimento de energia que prestava não “agradava” toda a população douradense, pois o abastecimento era falho. Isto é possível verificar pela notícia do O Progresso de 27/07/1952: “Dourados era servido de energia a “conta gotas”. A Usina Termelétrica Senador Filinto Muller não suportou atender a demanda local e seu funcionamento foi paralisado em 1952. Com a desativação o prédio foi abandonado e seu maquinário retirado, durante anos ela ficou sem ter a “atenção” das entidades e autoridades públicas, como destaca Ferreira (2003;21) Desativado, portando, deste 1952, o prédio da usina atualmente encontra-se bastante deteriorado pelo tempo e pela ação de pessoas desconhecidas que levaram janelas, telhas, tijolos e outros materiais de sua construção. Todos os maquinários foram levados dali por particulares, cuja ação parece não ter tido anuência do executivo local da justiça ou do próprio IPHAN, existindo basicamente ruínas da arquitetura original. Esta situação de “abandono” que a Usina “sofre” não era algo que agradava a população douradense, pois a sua história coincide com a de muitos douradenses. É possível verificar esta relação no trabalho realizado por Analina Ferreira de Carvalho, “Usina Termelétrica Senador Filinto Müller: históriae patrimônio cultural (1940- 2003)”. Esta autora utilizou-se de fontes orais para compreender a importância da Usina Velha para a população douradense e constatou que [...] muitos informantes sempre trataram do assunto com certo tom de nostalgia, relembrando de tempos em que a diversão e o lazer em tempos de folga era mais ligado à natureza e, geralmente, fazem isso também em oposição às mudanças que marcam os dias de hoje (FERREIRA. 2003;21). O visível abandono da Usina Velha e a preocupação com a deteriorização do prédio fez com que na da década de 80 iniciasse um movimento na cidade em defesa da preservação do prédio da Usina e para sensibilizar as autoridades locais, um grupo formado por artistas, cantores, pintores, fotógrafos, escritores, professores e estudantes de Dourados, vem promovendo ações em prol da preservação e da revitalização da antiga termelétrica. Tais eventos buscam sensibilizar as autoridades locais para que a Usina Velha possa ser restaurada e revitalizada com vistas a ser um lugar destinado a atividades culturais e educação patrimonial (FERREIRA. 2003; 21- 22) Como consequência destes movimentos, no ano de 1991 a Usina Senador Filinto Müller foi tombada através de uma Lei Municipal, do nº 040/91, de autoria do então vereador Carlos Roberto Cristino de Oliveira. Esta Lei Municipal foi promulgada sob n° 1694, em 15 de julho de 1991 (O PROGRESSO, 17/07/1991). Após o tombamento surgiram propostas de revitalização por algumas autoridades, como o prefeito Braz Melo, mas apesar da Usina ser considerada um patrimônio douradense ela está abandonada, restando apenas suas ruínas. Considerando a Usina Velha um patrimônio de Dourados/MS e que está representa a cidade é importante conceituar o que é patrimônio. 3. Patrimônio A Usina Senador Filinto Muller é uma obra material de Dourados/MS, sendo assim é uma forma de reconstruir a história da cidade através do que ela representa. Neste sentido é importante que se tenha em mente o porquê de sua importância (bem como a necessidade) de sua conservação. Segundo Françoise Choay (2001;18) “[...] chamar-se-á monumento tudo o que for edificado por uma comunidade de indivíduos para rememorar ou fazer que outras gerações de pessoas rememorem acontecimentos, sacrifícios, ritos e crenças”. É de interesse da população a preservação dos bens naturais e culturais, pois através dele que são formados o seu respectivo patrimônio, que conta a história, a vida de uma população inexistente ou existente, é uma maneira de divulgar, conhecer e compreender a diversidade de culturas. Os bens materiais fazem parte da identidade local, é uma forma do cidadão identificar-se com ele. Segundo a Declaração do México: Patrimônio Cultural de um povo compreende as obras, artistas, arquitetos, músicos, escritores, e sábios, assim como as criações anônimas surgidas da alma popular e o conjunto de valores que dão sentido a vida. Ou seja, as obras materiais e não materiais que expressam a criatividade desse povo: a língua, os ritos, as crenças, os lugares, e monumentos históricos, a cultura, as obras de arte e os arquivos e bibliotecas (Declaração do México. 1985; 04). Reafirmando o conceito de patrimônio recorro a Ribeiro (2009;2) [...]Para que um determinado bem ou objeto de memória possa ser considerado como Patrimônio, já não se tem mais em vista, nos dias de hoje, apenas aquilo que seja sinônimo de erudição e refinamento do ponto de vista de determinada classe social. A nova maneira de pensar o Patrimônio procura estender o olhar também para o simples e o aparentemente corriqueiro, considerando como significativas e relevantes as memórias de expressões culturais do ser humano comum e os fatos relacionados à sua vida cotidiana. No século XX acentuou-se a preocupação em preservar o Patrimônio da Humanidade, e criaram-se órgãos responsáveis ou que ajudam na preservação, no âmbito internacional temos a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), e no Brasil IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) entre outros. Realizou - se conferências em todo o mundo onde foram elaboradas Recomendações e Declarações (exemplo: Recomendação de Paris de 1964 e a Declaração do México de 1985), no intuito de esclarecer a população sobre a importância do assunto. Através destes órgãos organizaram-se medidas legais, como o tombamento, para que a preservação ocorra de fato, revitalizando e conservando o patrimônio, legado da humanidade que seguirá construindo e divulgando sua história. No Brasil os primeiros indícios de movimentos voltados para a preservação do patrimônio iniciaram no ano de 1910, época de uma crise política e de identidade no país. Considera-se que os intelectuais modernistas foram os principais incentivadores para a proteção do patrimônio. Em 1937 foi criado o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), atualmente este órgão é conhecido como IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). No que se refere à legislação sobre a preservação dos bens patrimoniais, até a década de 60 eram poucas, tendo um aumento considerável a partir da década de 80. Ressalta-se que durante a Ditadura Militar, período da história do Brasil marcado pela repressão, a violência, crises financeiras, também foi uma época de valorização da identidade brasileira, em que os militares faziam discursos para enaltecer os brasileiros e a população se organiza em movimentos na busca pelos seus direitos. Recorrendo a Rodrigues (2005; 21) A indústria cultural experimentava grande impulso no país e, além disso, o regime militar procurava sanar o desemprego e promover o desenvolvimento. O casamento entre patrimônio e turismo, nesse momento, parecia perfeito e se apresentava como solução para diversas situações, incluída a “salvação” do patrimônio, em razão de seu aproveitamento econômico. [...]. Neste contexto insere-se o foco de estudo deste trabalho, a Usina Senador Filinto Muller, que no ano de 1991 foi tombada como Patrimônio Municipal de Dourados/MS. Ressalta-se que este fato somente aconteceu após manifestações que existiram na cidade em prol da sua preservação. Como bem patrimonial, a Usina Filinto Muller, não deve ser visto isolado de um contexto social, político e econômico, posto que está relacionado há um todo, no caso a cidade de Dourados/MS. Neste aspcto Choay (2001;201) destaca que “[...]o conceito de monumento histórico não poderia designar um edifico isolado, separado do contexto das construções no qual se insere. A própria natureza da cidade e dos conjuntos urbanos tradicionais, seu ambiente, resulta dessa dialética da ‘arquitetura maior’ e de seu entorno. É por isso que, na maioria dos casos, isolar ou ‘destacar’ um monumento é o mesmo que mutilá-lo. O entorno do monumento mantém com ele uma relação essencial”. É tarefa importante do governo de cada nação a preocupação com a conservação de seu patrimônio seja ele natural ou cultural. As gerações precisam conhecer o espaço e os costumes do grupo social ao qual fazem parte, e também reconhecer a cultura de outros povos. A construção e a implantação da Usina estão interligadas com o desenvolvimento e crescimento da história douradense. Possui uma relação com a história de muitos moradores e do desenvolvimento da cidade, sendo este um dos motivos para que ela possa ser considerada um patrimônio desta cidade. É importante considerar que para um patrimônio, possa assim ser considerado, é necessário identificá-lo com a comunidade, pois pode auxiliar está a rememorar a história local, os valores, as crenças, as tradições e de valorizar a comunidade local. Ao se entender os significados do bem material e/ou imaterial possibilitam interpretar o patrimônio, e não considerá-lo apenascomo um objeto. Considerando estes conceitos de Patrimônio é possível identificar a Usina como tal, pois é uma obra material que está relacionada com a história da cidade e possui significado para a população que vivenciou a sua implantação, o seu funcionamento e para quem conhece a sua importância para Dourados/MS. Apesar deste aspecto percebe-se que ela não é trabalhada atualmente como um patrimônio douradense, pois está encontra abandonada pela prefeitura, nunca foi revitalizada e não é divulgada como um bem patrimonial o que faz com que muitos jovens e novos moradores da cidade não conheçam a sua historia. Considerando este fator realizou-se a uma pesquisa para identificar se isto realmente acontece e se estudantes a reconhecem como um Patrimônio Douradense. 4. Pesquisa de campo A Escola Estadual Presidente Vargas foi a primeira escola estadual na cidade de Dourados/MS a oferecer o ensino do ginásio. Sua Lei de criação foi a 427 de 2 de outubro de 1955 e em março de 1958 iniciaram suas atividades escolares (VIANA. 2002;53). Para a realização da pesquisa foram aplicados 70 questionários na Escola Presidente Vargas, incluindo o período matutino, vespertino e noturno. Dos entrevistados 100% estão cursando o ensino médio, sendo a maioria do sexo feminino. Os questionários foram aplicados somente para os alunos do Ensino Médio e de forma aleatória, conforme o tempo disponível que estes tivessem na escola eles responderam as questões. Optou-se por aplicar no Ensino Médio, pois os alunos possuem um quadro mais amplo de disciplinas que envolvem aspectos relacionados à cultura como (história, geografia, sociologia e filosofia) como também o tempo que este já freqüenta a escola ( no mínimo 5 anos). Figura 1: gênero dos entrevistados A maioria dos questionários foi respondida por pessoas do sexo feminino e idade entre 15 a 23 anos, sendo que 37% possuem 16 anos e 33% 17 anos. Figura 2: idade dos entrevistados Outro aspecto abordado no questionário foi com relação a naturalidade, pois o foco da pesquisa é a história de Dourados/MS, sendo essencial identificar a cidade natal de cada um. A maioria dos alunos nasceu em Dourados/MS e outros vêm de diferentes regiões do Estado do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Paraná. Figura 3: cidade natal No que se refere ao questionário específico sobre o assunto as perguntas permearam sobre identificar se os alunos sabem o que é patrimônio histórico cultural, bem como as informações e história sobre a Usina Senador Filinto Muller. A primeira pergunta era: O que você entende por patrimônio histórico e cultural? Nesta questão apenas 10% dos alunos não souberam responder. As respostas foram diversificadas e aproximadamente 44% dos estudantes consideram como patrimônio “Uma obra ou monumento antigo e de importância para a cidade, que faz parte da cultura do lugar”; 27% dos alunos definem como “Algo antigo (prédios) e que muitas vezes não pode ser destruído/deve ser preservado”. Considerando estas duas afirmações é possível perceber que os alunos possuem uma “noção” do que é patrimônio histórico e cultural. Segundo os mesmos este assunto já foi abordado na escola nas disciplinas de História, Geografia, Português, Sociologia e Artes, porém aproximadamente 34% dos entrevistados afirmaram que o assunto nunca foi abordado. A terceira pergunta era específica sobre a Usina, “O que você sabe sobre a Usina Senador Filinto Muller, conhecida como Usina Velha?”. A partir deste questionamento foi possível perceber que a maioria dos alunos não tem conhecimento sobre o assunto (58%). Os alunos que possuem algum conhecimento sobre o assunto é superficial, ou seja, sabem apenas: “onde está localizada”, “que está desativada”, “que só há ruínas dela hoje” e que “não conhece a história, apenas ouviu falar”. Porém apesar da maioria dos alunos não conhecerem a história da Usina Velha alguns alunos souberam responder com uma maior riqueza de detalhes sobre este patrimônio. Alguns alunos firmaram que “No passado quando ainda funcionava foi sinônimo de progresso na região, gerando empregos e energia elétrica no período em que esteve em funcionamento, sendo hoje um ponto turístico douradense, como também “Que foi a primeira usina a distribuir energia para uma certa parte da cidade”. Outro questionamento foi “Você acha que a Usina tem alguma identificação com a história de Dourados/MS? Por que?”. Aproximadamente 51% dos alunos afirmaram que Sim e aproximadamente 48% dos alunos não souberam responder. As maiorias dos alunos consideram que ela tem relação com a história de Dourados/MS, porém tiveram dificuldade em justificar. Segundo os mesmo a identificação existe porque “ela foi construída a muito tempo”, “a ela ter iniciado teoricamente a “modernização”de Dourados (distribuindo energia)” e “por fazer parte do patrimônio histórico de Dourados”. Após questionar sobre a identificação que existe entre a cidade de Dourados/MS e a Usina perguntou-se se a Usina Velha se encaixa enquanto um patrimônio histórico e cultural de Dourados? Por quê?Nesta questão é preciso destacar que não foi afirmado que a Usina já é um patrimônio, para que assim o aluno não fosse induzido a uma resposta afirmativa Analisando as respostas aproximadamente 55% dos alunos afirmam que ela se encaixa enquanto um patrimônio, porque “tem lembranças do passado de nossa cidade”, “pois existe a muito tempo” e “é um símbolo de Dourados e deve ser preservada”. É interessante percebermos que os alunos relacionam patrimônio como sendo algo “velho”, pois em quase todas as respostas eles fazem ressalvas de que a Usina é algo que existe há muito tempo, sendo até afirmado por alguns alunos que o próprio nome “Usina Velha” tem relação com a sua importância para a cidade. O sexto questionamento foi Dourados deveria se mobilizar para a preservação da Usina enquanto patrimônio? Que mobilização você sugere? Nesta questão aproximadamente 20% não souberam responder e aproximadamente 79% afirmaram que sim. Para os alunos seria interessante realizar passeatas, palestras, utilizar as mídias para divulgar a história da Usina, fazer uma revitalização e cuidar da sua preservação. Ressalta-se também que os alunos afirmam a importância de realizar este tipo de atividades nas escolas. Para finalizar o questionário perguntou-se aos alunos da importância de acontecerem debates, palestras e movimentos em geral para discutir sobre a revitalização da Usina e que esta seja símbolo da identidade douradense? Aproximadamente 34% dos alunos não souberam responder e cerca de 64% afirmaram que sim. A maioria dos alunos justificou está importância, pois muitos não sabem ou sabem pouco da história da Usina, como também “quanto mais se adia o debate sobre a Usina Velha mais ela se deteriora, aos poucos a historia presente no velho edifício se perde junto a deteriorização da ruínas”. Com base nestas informações é possível perceber que os alunos possuem pouco conhecimento sobre a história deste patrimônio douradense, mas que tem interesse em conhecê-la melhor. 5. Considerações finais Através desta pesquisa identificou-se que a Usina Termoelétrica Senador Filinto Muller foi implantada em Dourados/MS durante um período de amplo crescimento econômico e populacional da cidade. Ressalta-se que este fato está relacionado à implantação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados/CAND. A luz elétrica era algo esperado por todos e prometia melhorar a situação dos douradenses. Após 6 anos de construção, em 1949 ela foi inaugurada, mas após dois anos, em 1951, foi desativada. O impulso econômico que a Usina ajudaria a gerar não foi plenamente possível, já que a sua estrutura não suportou o crescimento populacional e a necessidade de Dourados/MS. Apesar de um curto período de funcionamentoa Usina Velha deixou marcas na história da cidade e na vida de muitos douradenses. Após anos de “abandono” pelos setores públicos, no final da década de 80 e início de 90, iniciaram movimentos organizados pela população para que acontecesse sua preservação. Esta ação resultou no tombamento da Usina Senador Filinto Muller, como patrimônio cultural de Dourados/MS em 1991. O patrimônio de uma cidade tem relação com a história do município e uma identificação com os munícipes. Analisando os dados dos questionários confirmou-se que atualmente a história da Usina Velha não representa os douradenses. Está conclusão está no fato de que os alunos não obtêm pleno conhecimento da história deste patrimônio. Apesar desta consideração os alunos consideram a Usina como importante para a cidade, bem como sentem a necessidade deste assunto ser abordado mais vezes em sala de aula, como também pela própria comunidade. Considerando este aspecto é que se conclui a importância de se trabalhar nas escolas a educação patrimonial, o que provocaria uma discussão mais ampla do assunto, bem como a importância da preservação do patrimônio cultural e assim aconteça uma maior identificação entre o patrimônio e a população. Ao se pensar em educação patrimonial e possível inserir a proposta da educação libertadora de Paulo Freire que visa a formação do educando como cidadão, que são capazes de formular opiniões, criativos e agir no meio e transformá-lo (PIRENÓPOLIS. 2006). Além deste aspecto ressalta-se que os patrimônios podem ser utilizados como fonte de pesquisa in loco para as aulas de história local, sendo uma forma dinâmica e diferenciada de aprendizado. Referencial Bibliográfico ARAKAKI, Suzana. Dourados: memórias e representações de 1964. 2003. 145 f. Dissertação (Mestrado em História) – UFMS, Dourados. BAGLI,Priscila.Rural e Urbano: harmonia e conflito na cadência da contradição.IN: SPOSETO,Mª Encarnação Beltrão & WHITACKER, Arthur Magan (orgs.).Cidade e campo: relações e contradições entre urbano e rural. São Paulo:Expressão popular,2006.p.81-109 BETONI, Walteir Luiz. Dourados: entre a memória e a história. Dissertação (Mestrado em História), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Dourados-MS: UFMS,2002. CASTROGIOVANI,Antônio Carlos (Org).Turismo urbano.São Paulo: Contexto,2000. CAPELATO, Maria Helena Rolim. Imprensa e história do Brasil. São Paulo: Contexto/EDUSP, 1988. CHOAY, Françoise. A alegoria do Patrimônio. São Paulo: UNESP, 2001. CORRÊA,Roberto Lobato.O espaço urbano.São Paulo:Ática,1989. DE LUCA, Tânia Regina. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005, p.111-153. ERNANDES, Mercolis Alexandre. A construção da identidade douradense : 1920 a 1990 (Mestrado em história. Dourados, MS : UFGD,2009. FERREIRA, Analina [atualmente CARVALHO]. Memória de Pioneiros: a Usina Filinto Mulier. Dourados: UFMS, 1999. (Relatório de Iniciação Científica) 27p. ICOMOS. Declaração o México. Conferência Mundial sobre as Políticas Culturais. 1985. LENHARO, Alcir. Colonização e trabalho no Brasil: Amazônia, Nordeste e Centro-Oeste. Campinas: Ed. UNICAMP, 1985. MAGNANI,José Guilherme C. & TORRES,Lilian de Lucca (orgs).Na metrópole.São Paulo: FAPESP,1996. MOREIRA, Regina Heloiza Targa. Memória fotográfica de Dourados. Campo Grande: UFMS, 1990. PESAVENTO,Sandra Jatahy.O imaginário da cidade: visões literárias do urbano.Porto Alegre.2 ed.UFRGS,2002. PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005. PIRENÓPOLIS.Magaly Cabral Pirenópolis PATRIMÔNIO E AÇÕES EDUCATIVAS. Instituto do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional. 2006. POMPEU, Ercília de Oliveira. Monografia do município de Dourados. Dourados, 1965. Texto mimeografado. RODRIGUES, Marly. Preservar e consumir: o patrimônio histórico e o turismo. p 15- 27 IN: FUNARI, Pedro Paula; PINSKY, Jaime. Turismo e patrimônio cultural. São Paulo: Contexto, 2005. 4 ed. RIBEIRO, Monike Garcia. Um estudo de caso de memória e patrimônio.Disponível em: < http://oolhodahistoria.org/n12/artigos/monike.pdf> Acessado em: 18/10/2010 VIANA, Irene Quaresma Azevedo.O ensino da história nas escolas públicas de Dourados, no período de 1971 a 2002: “O caso da Escola Estadual Presidente Vargas. Dourados,MS:UFGD,2007. Fonte utilizada Jornal O Douradense Jornal O Progresso
Compartilhar