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Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
1
CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA
ASPECTOS AMBIENTAIS DE UMA REFINARIA E RESPECTIVAS
FORMAS DE CONTROLE
2
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
3
CURITIBA
2002
ASPECTOS AMBIENTAIS DE UMA REFINARIA
E RESPECTIVAS FORMAS DE CONTROLE
ELOISIA B. A. P. COELHO
Equipe Petrobras
Petrobras / Abastecimento
UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap
4
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
 333.72 Coelho, Eloisia B. A. P.
 C672 Curso de formação de operadores de refinaria: aspectos ambientais de
 uma refinaria e respectivas formas de controle / Eloisia B. A. P. Coelho. –
 Curitiba : PETROBRAS : UnicenP, 2002.
 46 p. : il. color. ; 30 cm.
 Financiado pelas UN: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC,
 RECAP, SIX, REVAP.
 1. Meio ambiente. 2. Refinaria. 3. Resíduos. 4. Controle. I. Título.
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
5
Apresentação
É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você.
Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife-
renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos de
você e de seu perfil empreendedor.
Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o
Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada
pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos
que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria.
Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos
de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc-
nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po-
dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um
processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado
pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da
Petrobras.
Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras
fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar
seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na
Petrobras.
Nome:
Cidade:
Estado:
Unidade:
Escreva uma frase para acompanhá-lo durante todo o módulo.
6
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
Sumário
1 ASPECTOS AMBIENTAIS DE UMA REFINARIA DE PETRÓLEO, FORMAS DE
CONTROLE E ATUAÇÃO DO OPERADOR .................................................................... 7
1.1 Introdução ..................................................................................................................... 7
1.2 Evolução dos conceitos sobre proteção ambiental ........................................................ 7
1.3 O Planeta Terra e seus Recursos Ambientais (Naturais) .............................................. 8
1.4 Poluição Ambiental ..................................................................................................... 13
1.4.1 Poluição química .............................................................................................. 13
1.4.2 Poluição Térmica ............................................................................................. 14
1.4.3 Poluição Radiativa ........................................................................................... 14
1.4.4 Poluição Sonora ............................................................................................... 15
1.4.5 Poluição Biológica ........................................................................................... 15
1.5 Legislação Ambiental ................................................................................................. 15
1.6 Monitoramento Ambiental .......................................................................................... 18
1.7 Efluentes Atmosféricos ............................................................................................... 18
1.7.1 Sistema de Contaminação do ar ......................................................................... 18
1.7.2 Contaminantes Atmosféricos ........................................................................... 19
1.7.3 Aspectos atmosféricos da contaminação do ar ................................................ 20
1.7.4 Os efeitos da contaminação do ar .................................................................... 22
1.8 Efluentes Hídricos....................................................................................................... 24
1.8.1 Principais fontes de poluição hídrica em uma refinaria ................................... 24
1.8.2 Principais contaminantes encontrados nos efluentes hídricos
de uma refinaria ............................................................................................... 25
1.8.3 Segregação de efluentes hídricos ..................................................................... 26
1.8.4 Tratamentos Localizados ................................................................................. 26
1.8.5 Estação de Tratamento de Efluentes Hídricos – ETEH ................................... 27
1.8.6 Tratamentos Secundários/Terciários ................................................................ 29
1.9 Resíduos Sólidos ......................................................................................................... 32
1.9.1 Introdução ........................................................................................................ 32
1.9.2 Resíduos Sólidos .............................................................................................. 33
1.9.3 Gerenciamento de resíduos sólidos .................................................................. 33
1.9.4 Alternativas de Disposição .............................................................................. 34
1.10 Atuação do Operador .................................................................................................. 40
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
7
1Aspectos Ambientais de umaRefinaria de Petróleo, Formasde Controle e Atuação doOperador
1.1 Introdução
O homem, hoje, mais do que nunca, deve
estar atento às alterações por ele provocadas
no meio ambiente. Deve preocupar-se efeti-
vamente, quando constatar qualquer rompi-
mento, do equilíbrio, com a natureza, perse-
guindo, então, soluções criativas e exeqüíveis.
Assim é necessário ter sempre em mente que
toda ação inteligente deve ser pensada e pla-
nejada antes de ser praticada. Toda atividade
humana deve, portanto, buscar, como finali-
dade, o bem estar da comunidade, e, desta for-
ma, torna-se óbvio que o conhecimento minu-
cioso do ambiente em que vivemos constitui
matéria de relevante interesse. Surge, então, à
necessidade do respeito e culto à Ecologia, que
deve ser posta entre as primeiras áreas no ramo
das ciências.
A Ecologia estuda, entre outros assuntos,
a estrutura e o desenvolvimento das comuni-
dades em suas relações com o meio ambiente
e sua conseqüente adaptação a ele. Estuda, ain-
da, os aspectos a partir dos quais os processos
tecnológicos ou os sistemas de organização
social interagem com as condições de vida do
homem.
A experiência constatou que a capacidade
do homem em prever as conseqüências de um
empreendimento em relação ao meio ambien-
te, até há pouco tempo, era muito limitada. Al-
gumas vezes, esta preocupação era relegada a
um plano secundário. Como conseqüência, o
avanço tecnológico, sem preocupação ecoló-
gica provocou, muito freqüentemente, a alte-
ração dos elementos naturais, atingindo, por
vezes, situações irreversíveis, aniquilando-
se bens essenciaisà preservação da espécie.
A sociedade, estruturada sobre o conceito de
que os valores econômicos predominavam
sobre todos os demais, começa a se modificar
pela própria conscientização do homem, no
sentido de que toda alteração do meio ambien-
te deve sempre concorrer para a melhoria das
condições de vida presente e das gerações futuras.
Torna-se assim imperiosa, a qualquer cus-
to, a manutenção do equilíbrio entre o homem
e a natureza, como condição única de preser-
vação e melhoria da qualidade de vida. Para
tanto, deve-se agir de forma ordenada, visan-
do controlar ou eliminar os agentes modifica-
dores do meio ambiente. Esta filosofia de ação
traduz a convicção de que a atividade indus-
trial, bem equacionada, não é incompatível
com a preservação do meio ambiente. A in-
dústria será uma contribuição à qualidade de
vida do homem, desde que orientada para tal.
Tendo em vista as presentes considerações,
é primordial que o homem exercite seus co-
nhecimentos técnicos imensos para aplicá-los
em benefício de sua própria sobrevivência,
pois como a natureza não é uma fonte inesgo-
tável de riquezas, deve ser preservada perma-
nentemente.
1.2 Evolução dos conceitos sobre proteção
ambiental
No período pós-guerra, a maior preocu-
pação era a retomada do crescimento econô-
mico, a reconstrução dos países que sofreram
grandes perdas e o suprimento de toda uma
demanda reprimida de consumo da população
economicamente ativa dos Estados Unidos. A
consciência ecológica era ainda incipiente,
priorizava-se a construção de novas indústrias.
Os aspectos ambientais podem ser dividos
em quatro fases distintas.
O primeiro movimento na formação de
uma consciência ambiental foi a preocupação
sobre os recursos hídricos e o saneamento bási-
co. Este estágio foi denominado de conscienti-
zação.
Somente nos anos 70, com o aumento sig-
nificativo de indústrias poluidoras do ar e da
água e com contaminações acidentais, o mun-
do começou a se preocupar com os efeitos
danosos da poluição.
A Conferência de Estocolmo (1972) tra-
tou, basicamente, do controle da poluição do
8
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
ar e da água. Nesta época, surgiram, também, os
primeiros organismos oficiais de controle da
poluição. Já no final da década, verificou-se que,
apenas com o controle da poluição, os impactos
ambientais não conseguiriam ser evitados.
Na década de 80, iniciou-se a fase de pla-
nejamento ambiental, pois somente o controle
da poluição gerada não era mais aceito como
alternativa tecnicamente viável e acreditava-
se que, com um planejamento adequado, os
impactos poderiam ser minimizados. Esta dé-
cada foi marcada por grandes desastres ecoló-
gicos como o acidente da Union Carbide (em
84, na Índia), a explosão nuclear em Chénobil
(em 86), o grande derramamento de óleo pro-
vocado pelo navio Exxon Valdez (no Alasca,
em 89) e pela identificação da degradação da
camada de ozônio.
 O CONAMA (Conselho Nacional de
Meio Ambiente) passou a exigir o EIA (Estu-
do de Impacto Ambiental), como instrumento
obrigatório para o licenciamento ambiental de
atividades poluidoras ou modificadoras do
meio ambiente, em 1986. A indústria ainda
adotava, em sua maioria, uma postura reativa
em todo o mundo. Começaram a surgir as
ONG`s (Organizações Não Governamentais)
e os partidos verdes, que levantaram a bandei-
ra ecológica e demonstraram ao mundo que
somente o planejamento ambiental também
não era suficiente para se prevenir impactos
ambientais danosos à humanidade.
Os anos 90 trouxeram a globalização da
economia e, por conseguinte, dos conceitos de
gestão (por exemplo, a adoção mundial da sé-
rie ISO 9000) e também a globalização dos
conceitos relativos ao meio ambiente uma vez
que, os aspectos ambientais podem ser globais
e não apenas locais. Iniciou-se a fase do cha-
mado gerenciamento ambiental, ou seja, da
consideração da satisfação da parte interessa-
da da sociedade, como integrante da gestão em-
presarial.
A conferência do Rio de Janeiro (ECO 92)
trouxe o compromisso com o desenvolvimen-
to sustentável, o tratado da Biodiversidade e o
acordo para a eliminação gradual dos CFC`s.
Posteriormente, foi editada a primeira nor-
ma sobre gestão ambiental, a BS-7750, de ori-
gem britânica.
Em 1993, surgiu o Sistema Europeu de
Ecogestão e Auditorias (EMAS – Environment
Management Audit Scheme) e, finalmente, em
1996, foram aprovadas no Rio de Janeiro as
normas ISO 14000, representando o consenso
mundial sobre gestão ambiental.
 Nos dias atuais, não se admite mais que
uma empresa seja administrada sem que a
questão ambiental seja considerada. Quanto
maior o potencial poluidor ou extrativista das
atividades da organização, maior ênfase deve
ser dada à questão ambiental.
O mundo vive hoje grandes problemas
ambientais, que precisam ser revertidos ou
contidos:
– Degradação da camada de ozônio;
– Efeito estufa (devido a CO2, CH4 e NOx);
– Perda da biodiversidade (flora e fauna);
– Poluição do ar (CO, SO2, NOx);
– Poluição das águas (superficiais e sub-
terrâneas);
– Disposição inadequada de resíduos tó-
xicos e nucleares;
– Esgotamento de recursos naturais
(combustíveis fósseis, água, florestas);
– Lixo urbano;
– Aumento do consumo de energia.
Como elementos formadores de grupos de
pressão para resolução dos problemas podem
ser citados:
– Clientes (já se preocupam com o po-
tencial de danos dos produtos ao meio
ambiente);
– Investidores (desejam saber onde estão
aplicando seus recursos);
– Agentes financeiros (exigem avaliação
ambiental para liberar recursos);
– Seguradoras;
– Público em geral (cada vez mais cons-
ciente);
– Leis e Regulamentos (cada vez mais
restritivos);
– ONG`s (Organizações não governa-
mentais).
1.3 O Planeta Terra e seus Recursos
Ambientais (Naturais)
De uma forma geral, o Planeta Terra pode
ser dividido nas seguintes partes: núcleo (in-
terno e externo), biosfera, litosfera, hidrosfera
e atmosfera.
Crosta consiste nos
continentes e nas bacias
oceânicas
Núcleo
interno
Manto superior
Manto inferior
Núcleo externo
líquido
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
9
Admite-se que o núcleo do planeta é cons-
tituído de uma esfera de material sólido, mui-
to denso e muito quente, possivelmente uma
liga metálica formada por níquel (Ni) e ferro
(Fe). Seu centro está a 6.350 km de profundi-
dade (no centro do planeta) e tem raio de cer-
ca de 1.225 km. Nesta região, é impossível a
existência de qualquer vida conhecida atual-
mente. Saindo um pouco do centro, encontra-
se o núcleo externo, material líquido constituí-
do de ferro (Fe) e Sulfeto de ferro II (FeS),
ainda muito denso e quente. Esta região tem
uma espessura de aproximadamente 2.260 km.
No núcleo externo, também não há possibilida-
de de existir vida de acordo com o que se conhe-
ce até o presente. A massa total do núcleo (inter-
no e externo) é estimada em 1,94 x 1024 kg, o
que corresponde a cerca de 32,4% da massa
do planeta. Indo em direção à superfície da
terra, encontra-se o manto, cuja espessura cor-
responde a cerca de 2.875 km. É constituído,
principalmente, de silicatos de ferro e magné-
sio, mas apresenta também pequena quantida-
de de silicatos de cálcio, de alumínio e de
sódio. A massa do manto é estimada em 4 x
1024 kg, o correspondente a 67,2% da massa
do planeta. Também não existe vida no manto
terrestre, pois não há água e a temperatura ain-
da é elevada.
A crosta terrestre é uma fina camada de
no máximo 90 km de espessura, que apresen-
ta grande variedade de materiais. Sua massa é
estimada em 2,4 x 1022 kg, ou seja, 0,4% de
toda a massa do planeta. A crosta terrestre, ou
litosfera, é constituída de rochas, minerais,
matérias fossilizados e, na parte mais superfi-
cial, o solo, formado da mistura de minerais,
materiais orgânicos,tendo como característi-
ca a existência de vida. Muitas vezes, os mi-
nerais e matérias fossilizados podem ser en-
contrados na formação de jazidas em quanti-
dades suficientes para serem extraídos a cus-
tos economicamente viáveis, e, nesse caso, são
chamados minérios. São exemplos de jazidas:
– Jazidas de carvão mineral – Também
conhecido como hulha, o carvão mine-
ral é um dos produtos de fossilização
da madeira. Sólido, preto, opaco, in-
flamável, seu constituinte principal é o
carbono. As jazidas de carvão distribuem-
se por todo o planeta e têm diferentes
usos, como a siderurgia e a geração de
energia;
– Jazidas de Petróleo – Em algumas regiões
do planeta e a diferentes profundidades,
concentra-se em porosidades de certas
rochas um líquido viscoso, quase ne-
gro: o petróleo. No passado, possuia
pouca utilidade, era usado para ilumi-
nação e impermeabilização de alguns
materiais. Sem ele, o mundo, hoje, qua-
se pararia de funcionar: praticamente,
depende dele toda frota mundial de
veículos, assim como grande parte das
indústrias. Há várias hipóteses sobre
como o petróleo se formou. As mais
aceitas sugerem que tenha se formado,
em um processo muito lento (centenas
de milhares de anos), a partir da decom-
posição de diversos organismos mor-
tos, associada a continuas mudanças do
ambiente terrestre. Por isso, não se pode
esperar, em curto prazo , a reposição
das jazidas que hoje vêm sendo explo-
radas com rapidez muito maior do que
aquela com que os processos geológi-
cos naturais conseguem repor. O petró-
leo é constituído, principalmente, por
hidrocarbonetos, que podem ser repre-
sentados por CxHy. Alguns exemplos de
tais substâncias são o Butano (C4H10),
um dos constituintes do gás liqüefeito
de petróleo (GLP) e o isocotano
(C8H18), um dos constituintes da gaso-
lina automotiva. É pelo fato de serem
constituídos por compostos de carbo-
no e hidrogênio, que os componentes
do petróleo são bons combustíveis;
– Jazidas de Minerais de Ferro – Estas
jazidas são constituídas de rochas que
contêm teores elevados de minerais de
ferro, como a hematita (Fe2O3) e a
magnetita (Fe3O4). Misturados a estes
minerais, há outros constituintes das
rochas, como, por exemplo, silicatos
diversos, sílica e alumínio. O ferro, tem
grande importância industrial, pois
além de seu uso em diversos equipa-
mentos pesados, é matéria-prima para a
produção de vários tipos de aço;
– Jazidas de Ouro – O ouro é um ele-
mento químico elementar, isto é, encon-
tra-se na natureza sob forma não com-
binada com outros elementos químicos.
Na verdade, não é encontrado totalmente
puro, mas sim misturado, em várias pro-
porções, com prata, ferro, cobre, chum-
bo e zinco. Em estado puro, o ouro é
um sólido amarelo, resistente à corro-
são atmosférica e insolúvel em água;
10
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
Jazidas de Argila – Componente de
granulação mais fina do solo, a argila é
formada por uma mistura heterogênea
de muitos materiais em proporções va-
riáveis. Seus principais componentes
são misturas de diversos silicatos e óxi-
dos (de alumínio, magnésio, zinco, cál-
cio, potássio). Pode apresentar-se nas
cores cinza, preta, vermelha, rosa, ama-
rela, marrom, verde e branca. Utiliza-
da para a produção de tijolos, telhas,
ladrilhos, pisos cerâmicos e porcelanas.
A hidrosfera é constituída pelas águas do
planeta que podem ser subterrâneas e super-
ficiais. Partindo-se do núcleo em direção a su-
perfície, antes de chegar a esta, são encontra-
das (águas subterrâneas), formando os len-
çóis freáticos e preenchendo os poros de ro-
chas que dão origem aos aqüíferos subterrâ-
neos. Dos lençóis e aqüíferos subterrâneos, as
águas podem caminhar e chegar à superfície
(águas superficiais), se encontrarem falhas,
poros ou fraturas em rochas (fontes) ou sendo
captadas artificialmente através de poços. Che-
gando à superfície terrestre, as águas ocupam
três quartos desta e formam os oceanos, ma-
res, rios, lagos e geleiras.
As águas dos oceanos e mares são salga-
das, geralmente transparentes e, às vezes, com
odor peculiar (maresia).
As águas de rios e lagos são chamadas de
“águas doces”, ou seja, possuem baixa salini-
dade, que se define como a massa de sais dis-
solvidos por quilograma de água.
As geleiras existentes nos pólos e nos picos
das montanhas são formadas por água em esta-
do sólido, praticamente pura, pois apresentam
quantidades muito pequenas de sais.
Tal como a litosfera, a hidrosfera também é
fonte importante de materiais para a sobrevivên-
cia humana, dentre os quais o principal é a própria
água potável, obtida das águas doces. Outros com-
postos importantes também são extraídos da hi-
drosfera, como, por exemplo, o sal marinho.
A maior parte da superfície do planeta, cer-
ca de 71%, é coberta de água. Cerca de 97% desta
água está nos oceanos e não pode ser prontamente
utilizada pelos seres humanos para consumo.
Apenas 0,0092% da água do planeta faz parte de
lagos, e 0,0001%, dos rios.
A água em nosso planeta age de forma
marcante, transportando substâncias, atuando na
constituição de paisagens, na formação de diver-
sos materiais e também sofrendo transformações.
A água muda de forma, isto é, passa de
um estado de agregação para outro, e ocupa
não apenas a hidrosfera, mas também a litos-
fera, a biosfera e a atmosfera.
É importante ressaltar a diferença entre o
processo de condensação e o de precipitação.
A água na atmosfera provém da evaporação
das superfícies líquidas, do solo e da vegeta-
ção. Quando o ar úmido sobe para as camadas
mais altas da atmosfera, onde a temperatura é
mais baixa, a água se condensa na forma de
gotículas. As nuvens são grandes aglomera-
dos dessas partículas líquidas em suspensão.
A precipitação ocorre quando gotículas de água
em suspensão (névoa) começam a se juntar
umas com as outras, dando origem a gotas
maiores que caem na forma de chuva. As chu-
vas são o resultado da evaporação de uma gran-
de quantidade de água e de sua posterior con-
densação e precipitação. A água que chega ao
solo pode se infiltrar ou correr pela superfície,
atingindo rios, lagos ou diretamente os ocea-
nos, que são, em qualquer caso, o destino fi-
nal de toda a água de chuva, seja pelo subsolo
ou pelos rios. As principais transformações
químicas na natureza envolvendo a água são:
fotossíntese, na qual a água é reagente, e a res-
piração, em que ela é sintetizada.
A superfície terrestre está envolvida por
uma camada gasosa, sem contornos definidos,
mas que se estende por vários quilômetros de
altitude: a atmosfera.
O ar que respiramos é um fluido, geral-
mente sem cheiro, incolor e compressível. É
essencial à vida da superfície terrestre, onde
se encontram diversos seres vivos, entre eles,
Uma maneira de compreender o papel des-
ta substância na natureza é por meio do ciclo
da água, ou ciclo hidrológico. As transforma-
ções que ocorrem em maior escala no ciclo
hidrológico são: a evaporação, a condensação,
o congelamento e a fusão.
Precipitação Condensação
Enxuradas
Vegetação
Rios
Infiltração
Oceanos
Descarga
Solo
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
11
aqueles de formas microscópicas. Na tropos-
fera (região mais baixa da atmosfera, que che-
ga a cerca de 18 km de altitude), a atmosfera é
formada por misturas de gases: nitrogênio (N2),
constituinte mais abundante, oxigênio (O2),
argônio (Ar), neônio (Ne), hélio (He), criptônio
(Kr), xenônio (Xe), gás carbônico (CO2), além
de quantidades variáveis de água (H2O), a
umidade do ar. Dependendo da região, podem
ser encontradas também partículas sólidas (poei-
ra), gotículas de materiais líquidos como a
água, formando a neblina, por exemplo; e ga-
ses como o dióxido de enxofre (SO2), dióxido
de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono
(CO), ozônio (O3), metano(CH4) e muitos
outros. Com o aumento da altitude, o ar vai
ficando cada vez mais rarefeito, pois diminui
a quantidade total dos gases componentes.
Entretanto a quantidade de certos gases aumen-
ta. Na estratosfera (região seguinte à tropos-
fera), a quantidade de ozônio, por exemplo,
aumenta muito em relação à que existe na su-
perfície. Com o aumento da altitude, a homo-
geneidade aumenta, pois deixam de existir as
partículas sólidas e líquidas. Torna-se mistura
de uma só fase, a gasosa, enquanto que, na tro-
posfera, o sistema é trifásico, com sólidos,
como a poeira, líquidos, como as nuvens e
gases constituintes do ar. O ar atmosférico tam-
bém é fonte de materiais para a utilização hu-
mana, entre os quais o oxigênio, o nitrogênio
e os gases nobres.
O oxigênio está presente no ar em con-
centrações da ordem de 20% em volume. O
oxigênio combina-se com a grande maioria dos
elementos químicos conhecidos, formando
óxidos, e é o elemento mais abundante do pla-
neta – está presente na hidrosfera, litosfera e
atmosfera. Nas condições ambientais, é parcial-
mente solúvel em água, o suficiente para man-
ter toda a vida aquática aeróbica, ou seja, que
depende de oxigênio. O oxigênio puro tem
grande importância na siderurgia (fabricação
de aço). Na medicina (uso hospitalar) e em pro-
cessos de soldas, como o realizado com os
maçaricos oxi-acetileno.
O nitrogênio é o componente mais abun-
dante no ar atmosférico. Nas condições do am-
biente, é relativamente pouco reativo quando
comparado com o oxigênio. Essa é uma caracte-
rística importante para a vida no planeta, pois se
sua interação com o oxigênio, nessas condi-
ções, resultasse em transformação química, não
existiria oxigênio na atmosfera. Em tempera-
turas mais altas, tais transformações ocorrem
mais facilmente, e essa é a principal razão da
queima de combustíveis em veículos emitir
óxidos de nitrogênio, poluentes do ar. O nitro-
gênio atmosférico é essencial à vida, pois é fonte
de compostos nitrogenados indispensáveis a
todos os seres vivos. Por interação com a ele-
tricidade, proveniente dos raios durante chuvas,
esse gás, água e oxigênio transformam-se em
amônia e óxidos de nitrogênio, que por sua vez,
arrastados pela água das chuvas e interagindo
com os componentes do solo, originam com-
postos como nitratos e sais de amônio, todos
indispensáveis para que os vegetais possam pro-
duzir aminoácidos e proteínas e conseqüente-
mente, os animais possam dispor dessas subs-
tâncias, por meio da cadeia alimentar.
Com o crescimento populacional huma-
no, a quantidade de compostos nitrogenados
obtidos por esse processo natural tornou-se in-
suficiente, e sua produção industrial passou a
ser necessária para utilização como fertilizan-
tes na agricultura. O nitrogênio, quando puro,
no estado líquido, é amplamente utilizado em
processos criogênicos, ou seja, resfriamento a
baixíssimas temperaturas.
Os gases nobres, hélio, neônio, argônio,
xenônio, criptônio e radônio são assim cha-
mados porque se acreditava que eram elemen-
tos químicos inertes. Hoje, tal visão não mais
é aceita. Todos os gases nobres existem na at-
mosfera em baixas concentrações.
Na superfície terrestre, há várias formas
de vida na litosfera, na hidrosfera e na atmos-
fera. Estas três regiões do planeta estão inti-
mamente relacionadas entre si, constituindo a
biosfera, a região em que há vida. Aceita-se
hoje que, entre as condições planetárias bási-
cas para que possa existir vida , seja essencial:
– presença de água, no estado líquido, em
quantidade suficiente;
– energia solar em quantidade adequada,
fornecendo luz e calor;
– ocorrência de interações e transforma-
ções entre materiais sólidos, líquidos e
gasosos.
Tais condições são essenciais para que os
seres vivos possam se desenvolver e se repro-
duzir, utilizando, transformando e produzin-
do grande número e variedade de materiais dos
quais dependem para sobreviver. Em seguida,
alguns desses materiais serão exemplificados:
– Carboidratos: Os vegetais produzem,
a partir da fotossíntese, os chamados
carboidratos ou hidratos de carbono:
açúcares, amido e celulose. Têm como
12
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
função fornecer parte da energia para a
sobrevivência dos seres vivos, ou seja,
função energética;
– Óleos e gorduras: Têm como função
armazenar energia para os organismos
vegetais e animais;
– Proteínas: As proteínas, misturas de
composição variável, compõem um
grupo de substâncias de fundamental
importância na constituição da matéria
viva. As proteínas, nos seres vivos,
apresentam diversas funções, dentre as
quais pode-se ressaltar: estruturação de
tecidos e recuperação de lesões, atua-
ção como catalizadores das relações
biológicas (enzimas), funções hormo-
nais, ação como anticorpos e composi-
ção sangüínea. São polímeros (substân-
cias formadas por muitos monômeros)
resultantes da união de aminoácidos.
De acordo com a visão sistêmica, a teia
da vida consiste em redes dentro de redes. A
tendência é de arranjar cada elo dentro do ou-
tro, de forma hierárquica, de modo que os sis-
temas menores estejam dentro dos maiores,
conforme abaixo:
Macromoléculas – Células – Tecidos – Órgãos –
Sistemas – Indivíduos – Populações – Co-
munidades – Ecossistema – Biosfera.
Na verdade, não há “acima” ou “abaixo”,
somente redes alinhadas dentro de outras re-
des. As redes de seres vivos têm a capacidade
de manter-se em equilíbrio, desde uma célula
até a biosfera. Toda comunidade tem a capaci-
dade de auto-regulação dinâmica, isto é, deve
manter seu estado de equilíbrio e recuperá-lo
logo, se houver alguma perturbação no seu
habitat. Contudo, o homem pode provocar al-
terações drásticas a ponto de afetar essa capa-
cidade de equilíbrio. Para a ecologia, é muito
importante ver a natureza como uma rede.
Desequilíbrios ambientais localizados podem
afetar todo o equilíbrio da rede.
É interessante lembrar que, de acordo com
a hipótese de Gaia, a própria terra comporta-
se como um ser vivo e faz parte desta rede.
Em uma comunidade, é a diversidade de seres
vivos que fornece indicações do equilíbrio em
que ela se encontra. Porém, para atingir esse
estágio de maior equilíbrio, chamado de comuni-
dade clímax, ela passa por estágios sucessivos.
Quando atinge o último, é possível afirmar que
esta passou a estável, compatível com as con-
dições da região, mantendo a diversidade bio-
lógica, conservando o mesmo tipo e número
de espécies. Quanto maior o número de espé-
cies, maior diversidade tem a comunidade.
O termo biodiversidade começou a ser usa-
do, na metade dos anos 80, pelos naturalistas
que estavam preocupados com a rápida des-
truição dos ambientes naturais e, conseqüen-
temente, das espécies que neles viviam. A bio-
diversidade ou diversidade biológica tem sido,
então, relacionada somente ao número de es-
pécies de um local. Os recursos biológicos são
os próprios organismos ou mesmo elementos
deles que tenham valor para a humanidade. Daí
a importância que essa biodiversidade tem,
sendo uma delas, o fornecimento de matéria
prima para a fabricação de medicamentos. A
biodiversidade regula o equilíbrio da natureza
e o ciclo hidrológico, portanto contribui para
a fertilidade e proteção dos solos, absorvendo e
decompondo diversos poluentes orgânicos e
minerais.
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
13
A população mundial está crescendo apro-
ximadamente 1,8% ao ano. Isto significa que
são introduzidas na população mundial 96
milhões de pessoas a cada ano. Entretanto, em
relação às espécies de outros seres vivos, o
panorama é de desaparecimento de 8 a 28 mil
espécies por ano.
Para satisfazer suas necessidades, o ser
humano baseia-se em propriedades para ex-
trair, purificar, misturar e/ou sintetizar materiais
utilizando recursos do mundo físico.Com es-
tes procedimentos, obtém, a cada dia, maior
variedade e quantidade de materiais. Para isso,
interfere no mundo físico, extraindo cada vez
mais recursos naturais.
Os alimentos de origem vegetal podem ser
obtidos sazonalmente, entretanto, a produção
é limitada por zonas de superfície terrestre
onde há condições apropriadas (basicamente
tipo de solo, água, energia, clima adequado).
Alimentos de origem animal, para serem obti-
dos, também dependem de condições apropria-
das (espaço, alimento, água) para criação dos
animais. Ambos são considerados recursos
naturais renováveis. Minerais e combustíveis
fósseis são considerados recursos naturais
não renováveis, pois o planeta os contêm em
quantidades fixas e, como vêm sendo extraí-
dos e consumidos pelos seres humanos de for-
ma ininterrupta ao longo dos anos, seus esto-
ques, conseqüentemente, estão diminuindo, o
que pode, no futuro próximo, exaurí-los, caso
o consumo continue nos níveis atuais.
1.4 Poluição Ambiental
Há dois tipos de perturbações no ambien-
te: as naturais e as decorrentes de atividades
humanas : antrópica. As naturais, ou aconte-
cem no decorrer do tempo geológico, ou re-
sultam de cataclismos como vulcanismo, fu-
racões, enchentes e terremotos, tais perturba-
ções podem até ser previstas, mas não são con-
troláveis. Já as perturbações decorrentes de
atividades humanas podem ser previstas e con-
troladas. O ser humano depende de materiais
para a sua sobrevivência, utilizando-os con-
forme as propriedades que apresentam, para
isso, interfere no ambiente basicamente de duas
formas: extraindo certos materiais (renováveis
ou não) e lançando outros. Dessa interferên-
cia podem decorrer problemas quanto à escas-
sez de recursos naturais, caso a extração seja
predatória e de poluição, se o lançamento de
materiais no ambiente for feito sem controle.
Esse controle adquire cada vez mais impor-
tância quando se pretende garantir um ambien-
te de qualidade para as futuras gerações. Nes-
se sentido, há necessidade de ações individuais,
coletivas e governamentais, que envolvam di-
ferentes interesses econômicos, políticos e
sociais.
Considerando-se a conceituação genérica
de poluição como a introdução de agentes
perturbadores ou modificadores nos quatro
ambientes (atmosfera, hidrosfera, litosfera e
biosfera), têm-se, basicamente, os seguintes
tipos de poluição:
– poluição química – introdução de agen-
tes químicos;
– poluição térmica – aumento excessivo
de temperatura do ambiente;
– poluição radiativa – introdução de
agentes radiativos;
– poluição sonora – aumento excessivo
de ruído no ambiente;
– poluição biológica – aumento excessi-
vo de carga orgânica e nutrientes, e in-
trodução de agentes patogênicos.
1.4.1 Poluição química
Serão considerados, a seguir, dois exem-
plos de atividades do ser humano que acarre-
taram e vêm acarretando perturbações sérias
no meio ambiente: uso do praguicida DDT
(Diclodifenilcloroetano) e a produção de ener-
gia por combustão. Com estes exemplos, pode-
se ter uma idéia da extensão dos problemas
ligados à introdução de agentes químicos no
ambiente.
A combustão
O fenômeno da combustão, normalmente
incompleta, que se dá nas fontes emissoras
pode ser representado por:
Combustível + ar
Óxidos de Carbono + Dióxido de Enxofre + Óxi-
dos de Nitrogênio + Água + Fuligem + Hidrocar-
bonetos + Energia Térmica
Entre os óxidos de carbono, o CO2 (Dió-
xido de Carbono), também conhecido como
gás carbônico, vai para a atmosfera. Parte é
absorvida pela hidrosfera, biosfera e litosfera,
onde participa, por exemplo, do processo de
fotossíntese e da formação de carbonato de
cálcio, constituinte dos calcários e da carapa-
ça de certos seres vivos. Parte permanece na
14
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
atmosfera. Embora tenha baixa toxicidade,
apresenta perigo potencial para os seres vivos,
pois está relacionado ao aumento da tempera-
tura média da atmosfera terrestre. Isto ocorre
porque o aumento de sua concentração inten-
sifica o chamado “efeito estufa”. O efeito es-
tufa é um fenômeno natural; sem ele as condi-
ções de vida no planeta Terra seriam difíceis,
pois é um dos principais responsáveis pela
manutenção da temperatura terrestre em níveis
apropriados à vida. O problema é decorrente
da intensificação de tal efeito, provocada pelo
aumento da concentração do gás carbônico na
atmosfera e não da existência dele.
O monóxido de carbono também vai para
a atmosfera, onde pode permanecer por alguns
dias. Entretanto é muito tóxico por ser facil-
mente absorvido pela hemoglobina do sangue,
prejudicando no organismo humano sua fun-
ção de transportar oxigênio a todas as células.
O dióxido de enxofre (SO2), gás irritante aos
seres vivos vai para a atmosfera, interage com o
oxigênio e com a água e pode gerar ácido sulfú-
rico, um dos responsáveis pela chuva ácida. O
ácido sulfúrico é um poluente secundário.
O dióxido de nitrogênio (NO2) também vai
para a atmosfera e nela chega a permanecer
por cerca de 150 anos. Seus principais sorve-
douros são suas interações com outras espécies
químicas presentes na atmosfera, gerando po-
luentes secundários como o ácido nítrico, ou-
tro dos responsáveis pela chuva ácida.
A fuligem (fumaça negra) é formada por
partículas sólidas de carbono e é um dos prin-
cipais constituintes da poeira, chamada de
material particulado (MP). Permanece por al-
gum tempo no ar e seus principais sorvedou-
ros são o solo e os seres vivos.
Um dos principais problemas das grandes
metrópoles, decorrente da queima de com-
bustíveis, é a dificuldade de dispersão dos po-
luentes em certos períodos do ano, principal-
mente no outono e inverno. Isto porque, nesta
época, são freqüentes os eventos conhecidos
como inversões térmicas. A inversão térmica
é um fenômeno natural em que, nas proximi-
dades da superfície terrestre, o ar fica mais frio do
que em altitudes mais elevadas, o que dificulta
sua circulação. Em outras palavras, o ar frio não
sobe por ser mais denso que o ar quente.
O praguicida DDT
O DDT foi considerado, durante muito
tempo, como muito eficaz para combater o
mosquito da malária, piolhos e pragas agríco-
las. Entretanto, o uso indiscriminado mostrou
que ele pode, por seu baixo potencial de de-
gradação, permanecer muitos anos no solo bem
como ser acumulado nos tecidos gordurosos
dos seres vivos, pois apresenta solubilidade em
meios apolares, como gordura.
Como este praguicida não tem especifici-
dade (não é absorvido apenas por determina-
dos seres vivos), também contribui para ma-
tar vários membros da cadeia alimentar e cau-
sar danos a quase toda a cadeia. O solo, a água
e os seres vivos são alguns dos sorvedouros
para o praguicida. A toxicidade aguda pode
ocorrer pela inalação, pela absorção pela pele
ou pela ingestão de sementes ou vegetais.
A toxicidade também por ser crônica, ou
seja, pode provir da adsorção continuada de
pequenas quantidades do praguicida, que se
vão acumulando nos organismos.
1.4.2 Poluição Térmica
A chamada poluição térmica decorre da
elevação da temperatura de um ambiente aci-
ma dos níveis considerados normais, de for-
ma que acarretam perturbações nesse ambien-
te. Hoje estão bem estudados os efeitos em
ambientes aquáticos próximos a usinas gera-
doras de eletricidade – termelétricas e nuclea-
res. Tais usinas retiram água destes ambientes
e devolvem aquecida. A operação de tais usi-
nas acarreta diferentes tipos de perturbações,
que podem afetar a flora e a fauna. Algumas
dessas perturbações são mecânicas, provoca-
das pela própria movimentação das águas nas
proximidades das usinas. O arraste de sedimen-
tos, por exemplo, torna as águas turvas e, con-
seqüentemente, dificulta a fotossíntese e a ali-
mentação dos seres vivos. Essa movimenta-
ção também faz com que voltem, às águas, os
poluentesque, anteriormente, estavam sedi-
mentados no fundo do ambiente aquático.
Outro tipo de perturbação é que a água fica
aquecida e, com isso, parte dos gases nela dis-
solvidos, como oxigênio e gás carbônico, es-
capa para o ar, comprometendo os processos
de respiração e fotossíntese.
1.4.3 Poluição Radiativa
Há diversos materiais, naturais ou sinteti-
zados pelo ser humano, que são radiativos, isto
é emitem radiações. As radiações conhecidas
como alfa, beta e gama têm várias caracterís-
ticas , como por exemplo, o poder de penetração
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
15
em diferentes tecidos vivos e objetos. Fala-se
em poluição radiativa quando atividades hu-
manas ou acidentes, delas decorrentes, intro-
duzem materiais radiativos no ambiente, e pro-
vocam um aumento nos índices de radiação.
Estas atividades estão relacionadas à extração
e processamento de materiais radiativos; pro-
dução, armazenamento e transporte de com-
bustível nuclear, produção, uso e testes de ar-
mas nucleares, operação de reatores nuclea-
res; e uso de materiais radiativos na medicina,
na indústria e na pesquisa. Os efeitos da radia-
ção nos organismos vivos são, entre outros,
mutações genéticas, câncer, necroses e altera-
ções de metabolismo. Conforme a intensida-
de e a natureza da radiação, ela pode ser fatal.
1.4.4 Poluição Sonora
O som é um fenômeno físico ondulatório
periódico, resultante de variações da pressão
em meio elástico que se sucedem com regula-
ridade. Pode ser representado por uma série
de compressões e rarefações do meio em que
se propaga, a partir da fonte sonora. Não há
deslocamento permanente de moléculas, ou
seja, não há transferência de matéria, apenas
de energia. Ruído é “qualquer sensação sono-
ra indesejável”. Há quem considere o ruído
como “um som indesejável que invade o am-
biente e ameaça nossa saúde, produtividade,
conforto e bem estar”. A ação perturbadora do
som depende de suas características, como in-
tensidade/duração, bem como da sensibilida-
de auditiva, um parâmetro variável de pessoa
para pessoa.
O trânsito é o grande causador do ruído
na vida das grandes cidades. As característi-
cas dos veículos barulhentos são o escapamen-
to furado ou enferrujado, as alterações no si-
lencioso ou no cano de descarga, as alterações
no motor e os maus hábitos ao dirigir, como
acelerações e freadas bruscas e o uso excessi-
vo de buzina. A partida e a chegada de aviões
a jato são acompanhadas de ruídos de grande
intensidade, que perturbam, sobremaneira, os
moradores das imediações.
O ruído gerado pelas indústrias também
pode atingir as comunidades vizinhas e preci-
sa ser controlado. Normalmente, é feito o
enclausuramento das grandes máquinas.
A Resolução CONAMA Nº 001, de 08 de
março de 1990 estabelece os padrões para con-
trole de ruído.
1.4.5 Poluição Biológica
Devido à precariedade da rede de esgotos
sanitários em nosso país, grandes volumes de
água contaminada com fezes humanas, restos
de alimentos e detergentes são diariamente
despejados sem tratamento em córregos, rios
e mares, atingindo as formas de vida nesses
ecossistemas aquáticos, além de comprome-
ter seriamente a saúde humana. Os esgotos
domésticos provocam três tipos de contami-
nação das águas:
– contaminação por bactérias: principal-
mente por coliformes presentes nas fe-
zes humanas, responsáveis pela gran-
de incidência de diarréias e infecções.
Porcentagem considerável da mortali-
dade infantil no país é atribuída a doen-
ças transmitidas através de água conta-
minada;
– contaminação por substâncias orgâni-
cas recalcitrantes, ou de difícil degra-
dação. Como exemplo, pode-se citar,
os detergentes sulfônicos, cuja ação
tóxica não é muito acentuada, mas os
efeitos secundários são graves. Des-
troem as células dos microorganismos
aquáticos, o que impede a oxidação
microbiológica dos materiais biodegra-
dáveis contidos nos esgotos. Reduzem,
também, a taxa de absorção de oxigê-
nio, diminuindo a velocidade de auto-
depuração dos rios;
– eutrofização de lagos e lagoas, devido
ao excesso de nutrientes, com cresci-
mento excessivo de espécies não de-
sejáveis em detrimento de outras espé-
cies (desequilíbrio do ecossistema).
1.5 Legislação Ambiental
No Brasil, a legislação ambiental teve iní-
cio em 1934, através de dois decretos, um apro-
vando o Código Florestal e o outro relativo ao
Código da água.
Relacionam-se, abaixo, os principais mar-
cos da evolução da legislação ambiental bra-
sileira.
– 1973 – Criação, no âmbito do Ministé-
rio do Interior, da Secretaria Especial do
Meio Ambiente – SEMA.
– 1981 – Política Nacional do Meio
Ambiente, Constituição do Sistema Na-
cional do Meio Ambiente (SISNAMA),
Criação do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA).
16
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
– 1985 – Criação do Ministério do Desen-
volvimento Urbano e Meio Ambiente.
– 1988 – A Constituição Federal aborda
a questão do Meio Ambiente, o con-
trole da poluição e a disposição final
de resíduos sólidos, de maneira
abrangente definindo:
Art. 225 – Todos têm o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se
ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações.
Parágrafo 1 – Para assegurar a efetivi-
dade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
V– controlar a produção, a comerciali-
zação e o emprego de técnicas, méto-
dos e substâncias que comportem ris-
co para a vida, a qualidade de vida e o
meio ambiente.
– 1989 – Extinção da SEMA e criação
do Instituto Brasileiro do Meio Ambi-
ente e dos Recursos Naturais Renová-
veis (IBAMA), vinculado ao Ministé-
rio do Interior, criação do Fundo Nacio-
nal do Meio Ambiente (FNMA).
– 1990 – Criação da SEMAM/PR (Se-
cretaria do Meio Ambiente da Presidên-
cia da República).
– 1992 – Transformação da SEMAM/
PR em Ministério do Meio Ambiente
(MMA).
– 1993 – Criação, mediante transforma-
ção, do Ministério do Meio Ambiente
e da Amazônia Legal.
– 1997 – Instituição da Política Nacio-
nal de Recursos Hídricos e criação do
Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, criação do Conse-
lho Nacional de Recursos Hídricos.
– 1998 – Lei nº 9.605, de 12 de feverei-
ro – Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas
e atividades lesivas ao meio ambiente,
e dá outras providências. Medida Pro-
visória nº 1.710, de 07 de agosto -
Acrescenta dispositivo à Lei nº 9.605,
de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe
sobre as sanções penais e administrati-
vas derivadas de condutas e atividades
lesivas ao meio ambiente.
– 1999 – Transformação do Ministério do
Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos
e da Amazônia Legal em Ministério do
Meio Ambiente.
Integram a estrutura básica do Minis-
tério do Meio Ambiente, o Conselho
Nacional do Meio Ambiente, o Conse-
lho Nacional da Amazônia Legal, o
Conselho Nacional de Recursos
Hídricos, o Comitê do Fundo Nacional
do Meio Ambiente, o Instituto de Pes-
quisas Jardim Botânico do Rio de Ja-
neiro e até cinco Secretarias. Constitui
área de competência do Ministério do
Meio Ambiente, a política nacional do
meio ambiente e dos recursos hídricos;
política de preservação, conservação e
utilização sustentável de ecossistemas,
e biodiversidade de florestas; proposi-
ção de estratégias, mecanismos e ins-
trumentos econômicos e sociais para a
melhoria da qualidade ambiental e do
uso sustentável dos recursos naturais;
políticas para integração do meio am-
biente e produção; políticas e progra-
mas ambientais para a Amazônia Legal;
e zoneamento ecológico-econômico.
– 2000 – Criação da Agência Nacional
de Águas (ANA), entidade federal de
implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricose de coordenação do
Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos.
 Conforme pode ser verificado, a política
nacional do Meio Ambiente está estabelecida
legalmente desde 1981. O Sistema Nacional
do Meio Ambiente (SISNAMA) é constituído
pelos órgãos e entidades da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal, dos Municípios e pe-
las Fundações instituídas pelo Poder Público,
responsáveis pela proteção e melhoria da qua-
lidade ambiental. O SISNAMA apresenta a
seguinte composição:
Conselho do Governo: Representado pe-
los Ministros de Estado.
Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA): 25 membros dos ministérios. O
presidente é o Ministro de Meio Ambiente. É o
órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA
e tem, através de resoluções, estabelecido nor-
mas e padrões ambientais, destacando-se a
classificação das águas doces, salobras e sali-
nas do território nacional, padrões de qualida-
de do ar, padrões de emissões atmosféricas; o
Programa Nacional de Controle da Qualidade
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
17
do Ar (PRONAR), os critérios básicos e as
diretrizes gerais para uso e implementação da
Avaliação do Impacto Ambiental e o Progra-
ma de Controle da Poluição por veículos
Automotores (PROCONVE).
Órgão Central: Ministério do Meio Am-
biente.
Órgão Executor: Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-
nováveis – IBAMA.
Órgãos Seccionais: Órgãos Ambientais
Estaduais.
Órgãos Locais: Órgãos ambientais Mu-
nicipais.
A Política Nacional do Meio Ambiente tem
por objetivo a preservação, melhoria e recu-
peração da qualidade ambiental propícia à
vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento sócio-econômico, aos inte-
resses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana, atendidos os se-
guintes princípios:
– Equilíbrio ecológico; racionalização do
uso do solo, do subsolo, da água e do
ar; planejamento e fiscalização do uso
dos recursos ambientais; proteção dos
ecossistemas; controle e zoneamento
das atividades potencial ou efetivamen-
te poluidoras; acompanhamento do es-
tado da qualidade ambiental; recupe-
ração de áreas degradadas; proteção de
áreas ameaçadas de degradação e edu-
cação ambiental em todos os níveis de
ensino.
Tem como objetivos: a compatibilização
do desenvolvimento econômico social, com a
preservação da qualidade do meio ambiente e
do equilíbrio ecológico; subsidiar a atuação
institucional para o cumprimento das prescri-
ções constitucionais relativas ao princípio de
que a defesa e preservação do Meio Ambiente
cabem ao poder público e à sociedade civil;
assessorar as ações governamentais para a
priorização de programas e projetos; promo-
ver a captação de recursos internos e exter-
nos; financiar atividades pioneiras no desen-
volvimento de pesquisas.
Em relação à Lei Federal Nº 9.605, de fe-
vereiro de 1998, denominada “Lei dos Crimes
Ambientais”, tomando como base a indústria,
é importante ressaltar os seguintes itens:
– esta lei trata das sanções penais e ad-
ministrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente;
– quem, de qualquer forma, concorre para
a prática dos crimes previstos nesta Lei,
incide nas penas a estes cominadas, na
medida da sua culpabilidade, bem como
o diretor, o administrador, o membro de
conselho e de órgão técnico, o auditor,
o gerente, o preposto ou mandatário de
pessoa jurídica, que, sabendo da con-
duta criminosa de outrem, deixar de im-
pedir a sua prática, quando podia agir
para evitá-la;.
– as pessoas jurídicas serão responsabi-
lizadas administrativa, civil e penal-
mente, conforme o disposto nesta Lei,
nos casos em que a infração seja co-
metida por decisão de seu representan-
te legal ou contratual, ou de seu órgão
colegiado, no interesse ou benefício da
sua entidade;
– a responsabilidade das pessoas jurídi-
cas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou partícipes do
mesmo fato;
– Penalidades.
Causar poluição de qualquer natureza, em
níveis tais, que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem
a mortandade de animais ou a destruição sig-
nificativa da flora (Pena – reclusão, de um a
quatro anos, e multa).
Tomar uma área, urbana ou rural, impró-
pria para a ocupação humana.
Causar poluição atmosférica que provo-
que a retirada, ainda que momentânea, dos ha-
bitantes das áreas afetadas, ou que cause da-
nos diretos à saúde da população.
Causar poluição hídrica que torne neces-
sária a interrupção do abastecimento público
de água de uma comunidade.
Dificultar ou impedir o uso público das
praias.
Lançar resíduos sólidos, líquidos ou ga-
sosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleo-
sas, em desacordo com as exigências estabe-
lecidas em leis ou regulamentos (Pena – re-
clusão, de um a cinco anos).
Incorre nas mesmas penas previstas no
parágrafo anterior quem deixar de adotar,
quando assim o exigir a autoridade competen-
te, medidas de precaução em caso de risco de
dano ambiental grave ou irreversível.
Produzir, processar, embalar, importar, ex-
portar, comercializar, fornecer, transportar, ar-
mazenar, guardar, ter em depósito ou usar pro-
duto ou substância tóxica, perigosa ou nociva
18
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
 à saúde humana ou ao meio ambiente, em
desacordo com as exigências estabelecidas em
leis ou nos seus regulamentos (pena – reclu-
são, de um a quatro anos, e multa).
Nas mesmas penas, incorre quem aban-
dona os produtos ou substâncias referidos, ou
os utiliza em desacordo com as normas de se-
gurança.
Se o produto ou a substância for nuclear
ou radioativa, a pena é aumentada de um sex-
to a um terço.
Construir, reformar, ampliar, instalar ou
fazer funcionar, em qualquer parte do territó-
rio nacional, estabelecimentos, obras ou ser-
viços potencialmente poluidores, sem licença
ou autorização dos órgãos ambientais compe-
tentes, ou contrariando as normas legais e re-
gulamentares pertinentes (pena – detenção, de
um a seis meses ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente).
É importante ressaltar que os órgãos de
controle ambiental estadual possuem legisla-
ção ambiental própria baseada nas leis fede-
rais. A legislação ambiental estadual pode ser
igual ou mais restritiva que a federal, nunca
mais permissiva. Com o processo de descen-
tralização do controle ambiental, alguns mu-
nicípios também possuem legislação própria
e seguem a mesma hierarquia, ou seja, fede-
ral, estadual, municipal.
1.6 Monitoramento Ambiental
O monitoramento ambiental está relacio-
nado com os aspectos ambientais significati-
vos e com o atendimento à legislação ambien-
tal vigente. São realizadas análises de labora-
tório para verificar se os aspectos ambientais
estão controlados e se os padrões estabeleci-
dos pela legislação estão sendo atendidos. O
monitoramento também pode ser realizado por
analisadores contínuos.
Em uma refinaria, de uma forma geral, são
realizados os seguintes monitoramentos:
– efluentes hídricos gerados nas unida-
des de processo;
– entrada e saída das unidades de trata-
mento de efluentes hídricos específicos;
– entrada e saída das diversas etapas da
Estação de Tratamento de Efluente
Hídrico – ETEH;
– qualidade do efluente final;
– qualidade da água do corpo receptor;
– qualidade das águas subterrâneas;
– gases de combustão dos equipamentos
de combustão;
– condições operacionais dos equipa-
mentos de combustão;
– qualidade do combustível e da maté-
ria-prima;
– qualidade do ar;
– caracterização de resíduos sólidos.
Em relação à qualidade do efluente final e
do corpo receptor, são realizadas além das aná-
lises físico-químicas, análises biológicas e de
toxicidade crônica. Dependendo do tipo de
indústria, pode ser necessário o monitoramento
ambientaldas coberturas vegetais e da fauna.
1.7 Efluentes Atmosféricos
1.7.1 Sistema de Contaminação do ar
A contaminação do ar pode ser definida
como qualquer condição atmosférica em que
certas substâncias alcancem concentração su-
ficientemente elevada, acima do nível normal,
aceita pela legislação, produzindo efeitos no
homem, em animais, na vegetação e materiais.
Por substância, entende-se qualquer elemento
ou composto químico capaz de permanecer ou
ser arrastado pelo ar. Estas podem existir na
atmosfera em forma de gases, de gotas líqui-
das ou de partículas sólidas.
A contaminação do ar pode ser represen-
tada como um sistema integrado de 3 compo-
nentes básicos:
Fontes de
Emissão
Atmosfera Receptores
Contaminantes Mistura ou
Transformação
Química
Existe uma certa dificuldade de se de-
monstrar claramente a relação entre os níveis
de emissão e as concentrações atmosféricas, e
entre as concentrações atmosféricas e os efei-
tos desfavoráveis (principalmente à saúde hu-
mana) dos contaminantes do ar.
O estudo das fontes de emissão, tais como
motores de combustão e queima de óleo em
fornos e caldeiras, requer conhecimento tanto
do funcionamento da máquina, quanto da en-
genharia de projeto destes equipamentos. En-
tender o comportamento físico e químico dos
contaminantes na atmosfera exige conhecimen-
tos de meteorologia, mecânica de fluidos, quí-
mica, e física de aerossóis. Por último, a evolu-
ção dos efeitos dos contaminantes nas pessoas,
nos animais e nas plantas requer noções de fisiolo-
gia, bioquímica, medicina e patologia vegetal.
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
19
A contaminação do ar é um problema
mundial, e os contaminantes chegam a disper-
sar em toda a atmosfera.
A origem da contaminação do ar é a fonte
de emissão. As fontes de emissão mais impor-
tantes são:
– os veículos;
– a incineração de resíduos;
– consumo de combustíveis industriais;
– os processos industriais.
Entre os controle típicos de fonte, encon-
tram-se os equipamentos de lavagem de ga-
ses, a substituição de combustíveis por outro
que cause menor contaminação, assim como
modificações do próprio processo. Os conta-
minantes são emitidos para a atmosfera, que
serve como meio de transporte, diluição e
transformação física e química. A melhor ma-
neira de se combater a poluição do ar, é im-
pedir que os contaminantes cheguem à atmos-
fera.
1.7.2 Contaminantes Atmosféricos
Existe uma variedade tão grande das subs-
tâncias capazes de permanecerem no ar, que
fica difícil estabelecer uma classificação or-
denada. Entretanto, os contaminantes atmos-
féricos podem ser divididos em dois grandes
grupos:
– contaminantes primários: proceden-
tes diretamente das fontes de emissão.
– contaminantes secundários: origina-
dos por interação química entre os con-
taminantes primários e os componen-
tes normais da atmosfera.
Principais produtores de CFC
Principal emissão de carbono pelo desflorestamento tropical
Emissões relativas de carbono pela queima de combustíveis
fósseis
As substâncias consideradas, normalmen-
te, como contaminantes atmosféricos, podem
ser classificadas conforme tabela a seguir:
Tipo ContaminantesPrimários
Contaminantes
Secundários
Fontes de
emissão artificial
Compostos de
Enxofre SO2, SO3 H2SO4
NO NO2
Compostos
Cl – C3
Queima de Com-
bustíveis que con-
tenham enxofre
CO, CO2
HF, HCI Industrias
metalúrgica
Queima de
combustíveis
Queima de com-
bustíveis e proces-
sos em altas tem-
peraturas
Queima de com-
bustíveis, uso de
solventes
Compostos de
Halogênios
Óxidos de
Carbono
Compostos de
Carbono
Compostos de
Nitrogênio
—
—
Aldeídos,
cetonas, ácidos
Como representação dos óxidos de nitro-
gênio, NO e NO2, é comum utilizar a fórmula
abreviada NOx. Do mesmo modo, emprega-se
a fórmula SOx para designar os óxidos de en-
xofre SO2 e SO3.
Tanto o CO (monóxido de carbono) quanto
o CO2 (dióxido de carbono) são provenientes
da combustão de produtos de carbono, especi-
ficamente de sua combustão incompleta e com-
pleta, respectivamente. Não se considera o CO2
como um contaminante, entretanto, a concen-
tração de CO2 tem aumentado progressivamen-
te, e seu possível efeito na meteorologia tem
se transformado em um tema de inquietude.
Alguns compostos de halogênios, tais
como HF (ácido fluorídrico) e HCl (ácido clo-
rídrico), originam-se em certas operações in-
dustriais, entre elas, as metalúrgicas. Os com-
postos de fluor são perigosos e irritantes para
as pessoas, animais e plantas, mesmo quando
presentes em concentrações muito baixas.
Por partículas, entende-se qualquer subs-
tância, com exceção da água pura, presente na
atmosfera em estado sólido ou líquido, cujo
tamanho é microscópio. Utilizam-se vários
termos em relação às partículas no ar.
Os contaminantes secundários resultam
das reações químicas na atmosfera. Vários ti-
pos de reações podem ocorrer: reações térmi-
cas em fase gasosa, reações fotoquímicas em
fase gasosa, reações térmicas em fase líquida.
As reações térmicas em fase gasosa pro-
vêm da colisão de duas moléculas com níveis
de energia apropriados e constituem o tipo
normal de reações químicas.
As reações fotoquímicas implicam na
dissociação e na excitação de uma molécula
após absorção de certa radiação. As reações
de fase líquida, geralmente de natureza iônica,
20
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
podem ser catalisadas pelas substâncias pre-
sentes no líquido.
A tabela a seguir mostra as diferenças de
concentração típicas entre o ar limpo e o ar
contaminado para os principais contaminan-
tes atmosféricos.
 Comparação dos níveis de concentração entre o
ar limpo e o ar contaminado
 Componentes Ar limpo Ar contaminado
SO2 0,001 – 0,01 ppm 0,02 – 2 ppm
CO 310 – 330 ppm 350 – 700 ppm
CO2 1 ppm 5 – 200 ppm
NO 0,001 – 0,01 ppm 0,01 – 0,5 ppm
Hidrocarbonetos 1 ppm 1 – 20 ppm
Partículas 10 – 20ug/m³ 70 – 700ug/m³
1.7. 3 Aspectos atmosféricos da contaminação do ar
Logo que são introduzidos na atmosfera,
os contaminantes são submetidos ao processo
de dispersão. Simultaneamente, seu transpor-
te pelo vento e a formação de uma mistura tur-
bulenta dão origem a uma série de reações
químicas que transformam os contaminantes
primários em secundários.
Os aspectos atmosféricos da contamina-
ção do ar podem ser divididos de acordo com
os seguintes tópicos:
– a química do ar;
– a meteorologia;
– o transporte e a dispersão dos contami-
nantes.
A química do ar compreende o estudo dos
processos de transformação exercidos sobre os
contaminantes atmosféricos. A duração des-
tes processos pode variar desde alguns segun-
dos até várias semanas.
A meteorologia é o estudo da dinâmica,
em particular, em relação à quantidade de
movimento e de energia. As escalas meteoro-
lógicas de movimento podem classificar-se da
seguinte forma:
Macroescala: fenômenos que ocorrem so-
bre milhares de quilômetros, tais como as zo-
nas de alta e baixa pressão, situadas sobre os
oceanos e os continentes.
Mesoescala: fenômenos que ocorrem so-
bre centenas de quilômetros, tais como as bri-
sas entre a terra e o mar, os ventos entre as
montanhas e vales e as frentes migratórias de
baixa e alta pressão.
Microescala: fenômenos que ocorrem so-
bre distâncias inferiores a 10 quilômetros, tais
como a dispersão da fumaça de uma chaminé.
Cada uma destas escalas de movimento
desempenha um papel na contaminação do ar.
Os efeitos micrometeorológicos ocorrem
em questão de minutos e horas. Os mesome-
teorológicos em horas ou dias e os macrome-
teorológicos em dias ou várias semanas.
Prever o transporte e a dispersão dos con-
taminantes requer conhecimento dos efeitos dos
ventos e da turbulência sobre o movimento das
partículas ou moléculasde gás na atmosfera.
Fundamentos de meteorologia
A energia expendida nos processos atmos-
féricos é derivada originalmente do sol. Esta
transferência de energia do sol para a terra é
feita por radiação do calor através das ondas
eletromagnéticas. Uma parte desta radiação é
refletida pelo topo das nuvens e pelas superfí-
cies do solo e água da terra.
A terra irradia energia em proporção à sua
temperatura. Devido a essa temperatura, a
emissão corresponde à região infravermelho
do espectro. O dióxido de carbono (CO2), é
um dos gases de maior importância, presentes
na atmosfera, pois é invisível à radiação solar,
mas absorve a maior parte da radiação infra-
vermelho emitida pela terra, onde a energia
calorífica é conservada.
Este CO2, presente na atmosfera, é
reciclado através dos oceanos e plantas, mas o
desmatamento indiscriminado e a queima de
cada vez mais combustíveis fosseis está au-
mentando em muito as concentrações de CO2
na atmosfera.
Respiração
Fotossíntese
CO2
da respiração
O2
Fitóplancton
Carvão mineral e petróleo
CO2
da queima
de combustivel
CO2
Sedimentos Ca
lcár
io
Matéria orgânica morta
e decompositora
Luz solar
Sol
20% são absorvidos
pela atmosfera
22% são refletidos
pela atmosfera
Gases do
efeito estufa
17% escapam
para a atmosfera
9% são refletidos
pela superfície ou
poeira e neblina
83% são seguros
e reemitidos
Radiação
infravermelha
49% são
absorvidos
pela superfície
Radiação
infravermelha
emitida por
nuvens e gotas
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
21
Para manter o balanço de calor da atmos-
fera, existe a constante transferência de calor
entre o Equador e os Pólos. Esta força de ba-
lanço térmico é a principal causa do movimen-
to atmosférico na terra.
A porção da terra próxima ao Equador age
como uma fonte de calor e, nos Pólos, como
um absorvedor.
Associados a esta circulação principal,
existem os movimentos do ar provocados pela
existência do gradiente de pressão. Existe uma
força que empurra o ar das pressões mais altas
(frio) para a mais baixa. O vento nada mais é
do que o ar em movimento.
Na camada inferior da atmosfera, esten-
dendo da superfície até 2 km, a distribuição
de temperatura varia consideravelmente, de-
pendendo das características da superfície. Esta
região, denominada baixa troposfera, é a de
maior interesse na meteorologia da poluição
do ar, uma vez que dentro dessa camada é onde
ocorrem os fenômenos que interferem na dis-
persão das poluentes atmosféricos. Na tropos-
fera (0 a 18 km de altitude), existe uma varia-
ção de temperatura com a altitude, mas, na
baixa troposfera, esta taxa de variação não é
observada e inversões de temperatura podem
ocorrer.
Uma vez que a atmosfera tem a tendência
de aumentar ou diminuir os movimentos de ar
através dos processos atmosféricos, seus efei-
tos na poluição do ar são extremamente im-
portantes.
A estabilidade atmosférica é altamente
dependente da distribuição vertical da tempe-
ratura em função da altitude.
Devido ao decréscimo de pressão com a
altura, um volume de ar elevado a uma altitu-
de maior, encontrará a pressão decrescida, ex-
pandirá, e devido a esta expansão, resfriará.
Se esta expansão se der sem perda ou ganho
de calor, a troca é adiabática. Similarmente,
um volume de ar forçado para baixo encontra-
rá pressões altas, contrairá e aquecerá.
A curva que fornece a taxa de aquecimen-
to ou resfriamento é chamada curva adiabática
seca, e não deve ser confundida com a varia-
ção da temperatura com a altura num determi-
nado momento, que é chamada de curva am-
biente (real). A curva adiabática é função, prin-
cipalmente, da temperatura do ar e da superfí-
cie, sobre a qual ele está se movendo, e a troca
de calor entre os dois.
Se a temperatura decresce mais rapida-
mente com a altura do que a adiabática seca, o
ar é instável, se decresce mais lentamente é
estável e se a variação permanece igual a cur-
va adiabática seca, a atmosfera está em equilí-
brio estável (neutro).
A velocidade do vento é responsável pela
diluição dos poluentes, ou seja, a concentra-
ção de poluentes no ar é inversamente propor-
cional à velocidade do vento.
Devido à rugosidade do solo, a velocida-
de do vento varia com a altura, é menor na
superfície e cresce à medida que se afasta do
solo.
10°C
–55°C
–35°C
–1°C
100°C
O3
NO+, O2+
NO+, O2+ , O
+
N2, O2,
CO2, H2O
⇑
Termos
fera
Mesosf
era
Estrato
sfera
Tropos
fera
Nível do mar
18 km
37 km
55 km
74 km
93 km
111 km
Ionosfera
Altitude
Regiões da
atmosfera
Algumas
importantes
espécies
químicas
Densidade
do ar
Veículos de
vôo Temperaturas
médias
22
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
A dispersão vertical de poluentes do ar está
relacionada diretamente, às variações da tem-
peratura com a altura, que condiciona o grau
de estabilidade atmosférica e por sua vez, a
concentração e dispersão dos poluentes através
dos movimentos verticais das camadas de ar.
Maior decréscimo de temperatura com a
altura implica em melhor dispersão e menor
decréscimo em pior dispersão. O caso extre-
mo é a inversão de temperatura, que confina
os poluentes numa camada próxima ao solo,
aumentando em muito a concentração.
As plumas, emitidas por uma chaminé,
tomam diferentes formas segundo a variação
vertical de temperatura, quando comparada
com a curva adiabática seca.
Um dos principais objetivos da meteoro-
logia, aplicada à contaminação do ar, é a pre-
visão da dispersão dos contaminantes. Esta
dispersão depende dos seguintes fatores: na-
tureza física dos contaminantes (gás, partícu-
la), velocidade e dispersão dos ventos, estabi-
lidade atmosférica, nível de turbulência, con-
dições de emissão (velocidade de saída), tem-
peratura.
1.7.4 Os efeitos da contaminação do ar
Existe evidência real de que a contamina-
ção do ar afeta a saúde das pessoas e dos ani-
mais, provoca danos à vegetação, deteriora os
materiais, afeta o clima, reduz a visibilidade e a
radiação solar. Alguns destes efeitos são
mensuráveis, tais como os danos causados aos
materiais e a redução de visibilidade, entretan-
to a maioria deles é difícil de medir, como os
danos causados à saúde humana e aos animais.
Efeitos da contaminação do ar sobre as proprie-
dades atmosféricas
Os contaminantes do ar podem afetar as
propriedades atmosféricas das seguintes formas:
– redução da visibilidade;
– formação de neblina;
– redução da radiação solar;
– alteração das temperaturas e distribui-
ção dos ventos.
Talvez o efeito mais visível da contami-
nação do ar sobre as propriedades da atmosfe-
ra seja a redução da visibilidade que acompa-
nha, freqüentemente, o ar contaminado. A re-
dução de visibilidade é esteticamente desagra-
dável, assim como pode levar à situação de
perigo.
A visibilidade é reduzida devido aos efei-
tos produzidos pelas moléculas gasosas e as
partículas sobre a radiação visível: a absorção
e a dispersão da luz. A dispersão da luz é a
causa principal da falta de visibilidade.
Efeitos da contaminação do ar sobre os materiais
Os contaminantes atmosféricos podem
afetar os materiais de forma a deteriorar sua
composição química. As partículas ácidas ou
alcalinas, em particular as que contêm enxo-
fre, corroem os materiais.
Efeitos da contaminação do ar sobre a vegetação
Os contaminantes conhecidos como fito-
tóxicos (substâncias nocivas para a vegetação)
são o dióxido de enxofre e o etileno. O cloro,
o cloreto de hidrogênio, o amoníaco e o mer-
cúrio são menos tóxicos. Em geral, os conta-
minantes gasosos penetram na planta, junto
com o ar, durante o processo normal de respi-
ração da planta, destruindo a clorofila e inter-
rompendo a fotossíntese. Os danos podemvariar desde uma redução na velocidade de
crescimento até a morte da planta. Os sinto-
mas aparecem nas folhas e, em muitos casos,
é possível conhecer os contaminantes por meio
dos sintomas específicos.
Efeitos da contaminação do ar sobre a saúde hu-
mana
Considerem-se os mecanismos pelos quais
os contaminantes podem afetar o corpo humano.
Os contaminantes penetram no corpo hu-
mano através do sistema respiratório. O siste-
ma respiratório divide-se em sistema respira-
tório superior (cavidade nasal e traquéia) e sis-
tema inferior (bronquíolos e pulmões). Na en-
trada dos pulmões, a traquéia divide-se em,
duas árvores de brônquios, formados por uma
série de ramificações de diâmetro cada vez
mais reduzido. A árvore bronquial completa
consta de mais de 20 bifurcações terminadas
nos bronquíolos, cujo diâmetro aproximado é
de 0,05cm. Nas extremidades dos bronquíolos,
encontra-se um grande número de diminutas
cavidades chamadas alvéolos. É através das
membranas alveolares que o oxigênio do ar
contido nas cavidades difunde-se aos vasos
capilares do pulmão, enquanto o dióxido de
carbono difunde-se em sentido contrário. Ape-
sar dos alvéolos terem um diâmetro aproxi-
mado de apenas 0,02 cm, apresentam uma su-
perfície total para transferência de gás de apro-
ximadamente 50 m², devido ao número de al-
véolos existentes.
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
23
Certos contaminantes afetam a resistên-
cia dos pulmões.O sistema respiratório tem
vários níveis de defesa contra a invasão de
corpos estranhos. As partículas grandes são
filtradas pelos pêlos do nariz e são retiradas
pela mucosa que cobre a cavidade nasal e a
traquéia.
A maioria das partículas são eficazmente
eliminadas pelo sistema respiratório superior.
As partículas menores atravessam, geral-
mente, o sistema respiratório superior e não
são retidas. Dentre essas, algumas partículas
muito pequenas depositam-se nas paredes dos
brônquios ou podem penetrar profundamente
no pulmão.
No caso dos gases, a proporção absorvida
nas vias respiratórias superiores e a que chega
às últimas cavidades dos pulmões é determi-
nada pela Lei de solubilidade. Por exemplo, o
SO2 é muito solúvel, como conseqüência, será
prontamente absorvido pelas vias respiratórias,
causando um aumento da resistência destas
vias, estimulando a secreção de mucosidade.
Por outro lado, o CO (monóxido de carbono)
e o NO2 (dióxido de nitrogênio) são relativa-
mente insolúveis e podem penetrar profunda-
mente no pulmão. É importante notar que um
mesmo efeito pode ser provocado por mais de
um contaminante. Tanto o dióxido de enxo-
fre, quanto o formaldeído, por exemplo, pro-
duzem irritação e uma maior resistência das
vias do sistema respiratório superior, e tanto o
monóxido de carbono, quanto o dióxido de
nitrogênio impedem o transporte de oxigênio
pela hemoglobina.
No caso da presença simultânea de vários
contaminantes, os efeitos observados podem
ser atribuídos à ação combinada de mais de
um contaminante. Um bom exemplo deste fato
é o caso do SO2 (dióxido de enxofre) e as par-
tículas. Os efeitos sobre a saúde são muito mais
graves quando ambos estão presentes do que
quando existe apenas um deles. Uma possível
explicação deste efeito relaciona-se com o fato
do SO2 ser absorvido por partículas muito pe-
quenas, que são capazes de alcançar zonas
mais profundas dos pulmões.
Monóxido de carbono (CO)
O monóxido de carbono afeta a capacida-
de do sangue de transportar o oxigênio. Du-
rante o funcionamento normal, as moléculas
de hemoglobina, contidas nos glóbulos verme-
lhos do sangue, transportam o oxigênio para
ser trocado por dióxido de carbono nos vasos
capilares que unem as artérias com as veias. O
monóxido de carbono é relativamente insolú-
vel e chega facilmente aos alvéolos, junto com
o oxigênio. O monóxido de carbono difunde-
se através das paredes alveolares e compete
com o oxigênio pela ligação com qualquer um
dos quatro átomos de ferro da molécula de
hemoglobina. A afinidade do átomo de ferro
pelo CO é, aproximadamente, 210 vezes maior
que pelo oxigênio, o que confere ao CO uma
considerável vantagem nesta competição.
Quando uma molécula de hemoglobina adquire
uma molécula de CO, se converte em Carbo-
xihemoglobina (COHb). A presença de carbo-
xihemoglobina diminui a capacidade total do
sangue de levar oxigênio às células. Os sinto-
mas de envenenamento por CO dependem da
quantidade de COHb e do tempo de exposição.
A formação de COHb é um processo re-
versível, com vida média de duas a quatro ho-
ras, após exposição a baixas concentrações.
Níveis relativamente baixos de COHb po-
dem afetar a habilidade para estimar interva-
los de tempo e reduzir a sensibilidade visual.
Óxidos de enxofre
O dióxido de enxofre (SO2) é altamente
solúvel e, como conseqüência, é absorvido nos
condutos úmidos do sistema respiratório su-
perior. Exposição a níveis de SO2 da ordem de
1 ppm produz a constrição das vias respiratórias.
Níveis mais elevados de SO2 estão associados
com níveis elevados de partículas, favorecen-
do o aumento de problemas respiratórios.
Óxidos de nitrogênio
O dióxido de nitrogênio (NO2) transfor-
ma-se nos pulmões em nitrosoaminas, algu-
mas delas cancerígenas.
O NO2 pode passar para o sangue, forman-
do um composto chamado metahemoglobina.
Sabe-se que o dióxido de nitrogênio irrita os
alvéolos, produzindo sintomas parecidos aos
do enfisema, após exposição prolongada a con-
centrações da ordem de 1 ppm.
Gás sulfídrico
O gás sulfídrico é incolor, inflamável e
extremamente tóxico. A toxidade do H2S é
igual a do HCN e seis vezes a do CO.
Exposição à alta concentração de H2S pode
causar a morte em pouco tempo. O sulfeto de
hidrogênio tem um odor distinto e desagradá-
vel (semelhante ao do ovo podre). Em baixas
concentrações, pode ser sentido, entretanto al-
tas concentrações paralisam os nervos aliáticos.
24
Aspectos Ambientais de uma Refinaria e Respectivas Formas de Controle
A concentração usualmente permitida para
8 horas de exposição é 20 ppm, e a relação
entre toxidade e concentração pode ser obser-
vada a seguir:
Fadiga após várias horas de exposição 70 – 150
Concentração limite para uma hora de exposição 170 – 300
Condições graves após 30 minutos 400 – 700
Morte em 30 minutos Acima de 600
Toxidade Concentraçãode H2S (ppm)
Sabe-se que em determinadas zonas, a
concentração de certos contaminantes atmos-
féricos tem alcançado níveis excessivamente
altos durante várias horas ou vários dias.
Por mais terríveis que sejam os resultados
de um episódio ocasional de contaminação
atmosférica, deve haver uma intensa preocu-
pação também com os efeitos produzidos so-
bre a população que vive em atmosfera conta-
minada. Uma das tarefas mais difíceis é a ob-
tenção de uma relação quantitativa da exposi-
ção à contaminação atmosférica e seus efeitos
sobre a saúde. A dificuldade consiste em se-
parar o efeito produzido pela contaminação
atmosférica na saúde e aqueles causados por
hábitos pessoais tais como: fumar, regimes
alimentares, fatores hereditários.
As enfermidades do sistema respiratório
estão, geralmente, relacionadas com a conta-
minação do ar. O sistema respiratório reage
de maneira distinta aos contaminantes atmos-
féricos, tais como bronquite, bronquite crôni-
ca e enfisema. A bronquite é uma enfermida-
de, caracterizada por inflamação da árvore
bronquial, acompanhada de um aumento da
produção de mucosidade e tosse, dificultando o
funcionamento das vias respiratórias. O enfisema
pulmonar é uma doença em que ocorre a des-
truição dos alvéolos de forma progressiva.
Os principais contaminantes do ar atmos-
férico em uma refinaria são: dióxido de enxo-
fre, monóxido de carbono, óxidos de nitrogê-
nio, material particulado e hidrocarbonetos.
As principais fontes de poluição atmosfé-
rica são:

Outros materiais