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Prévia do material em texto

Programa de Formação 
e Aperfeiçoamento 
Teológico Central Gospel 
Escola Internacional de Ministros 
Módulo 1 / Curso 1 - FUNDAMENTOS DA FÉ 
 
 Editora Central Gospel 
Setor de Cursos 
(21) 2448-1255 
cursoteologico1@editoracentralgospel.com 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
1 
 
Copyright 2013 por Editora Central Gospel Ltda. 
 
Presidente 
Vice-presidente 
Diretora Executiva 
Gerente Financeiro 
Gerência editorial e de produção 
Coordenação acadêmica 
Desenvolvimento curricular 
Revisão final 
 
Silas Malafaia 
Silas Malafaia Filho 
Elba Alencar 
Talita Malafaia Silveira 
Gilmar Chaves 
Isaías Luís Araújo Junior 
Raquel A. da Silva Ferreira 
Jefferson Magno 
 
 
1ª edição / 2013 
As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas da Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC) 2009 da 
SBB, salvo indicação específica, e visam incentivar a leitura das Sagradas Escrituras. 
Este livro está de acordo com as mudanças propostas pelo novo Acordo Ortográfico, em vigor desde janeiro de 
2009. 
 
Editora Central Gospel Ltda. 
Estrada do Guerenguê, 1851 – Taquara 
CEP: 22713-001 
Rio de Janeiro – RJ 
Tel.: (21) 2187-7000 
www.editoracentralgospel.com 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Programa de Formação e Aperfeiçoamento Teológico Central Gospel 
Rio de Janeiro: 2013 
150 páginas 
1. Fundamentos da Fé. 
 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
2 
 
Sumário 
Apresentação do programa .......................................................................................................... 4 
Ensino a distância ......................................................................................................................... 5 
Apresentação do curso ................................................................................................................. 6 
Biografia Rev. Bayless Conley ...................................................................................................... 7 
Bibliografia do curso ..................................................................................................................... 8 
CURSO 1 – FUNDAMENTOS DA FÉ ...................................................................................... 10 
Aula 1 – A Bíblia é a Palavra de Deus ......................................................................................... 11 
Aula 1 – A Trindade .................................................................................................................... 13 
Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 14-27 
Quão verdadeira é a Bíblia? ................................................................................................ 14 
A inspiração divina .............................................................................................................. 23 
A doutrina da Trindade ....................................................................................................... 25 
Aula 2 – A divindade de Jesus .................................................................................................... 29 
Aula 2 – A missão de Jesus ......................................................................................................... 30 
Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 32-50 
A divindade de Cristo .......................................................................................................... 32 
Apaziguando a ira de Deus .................................................................................................. 36 
Integralmente pago ............................................................................................................. 42 
A doutrina fundamental da ressurreição ............................................................................ 47 
Aula 3 – Salvação pela graça através da fé ................................................................................ 52 
Aula 3 – O céu, o inferno e a volta de Cristo ............................................................................. 53 
Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 55-69 
A natureza da pena ligada à lei adâmica ............................................................................. 55 
A morte espiritual ............................................................................................................... 58 
Justificação pela fé: a essência da salvação ........................................................................ 60 
Inferno ................................................................................................................................. 63 
Ascensão ao céu .................................................................................................................. 67 
Aula 4 – A pessoa e a obra do Espírito Santo ............................................................................ 71 
Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 75-85 
Uma pessoa ou um poder? ................................................................................................. 75 
O Espírito é Deus? ............................................................................................................... 80 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
3 
 
A obra do Espírito Santo ..................................................................................................... 84 
Aula 5 – A capacitação do Espírito ............................................................................................. 87 
Aula 5 – Cura divina .................................................................................................................... 88 
Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 90-99 
Capacitados pelo Espírito .................................................................................................... 90 
A transbordante unção de Deus ......................................................................................... 95 
Comentários sobre Mateus 8.1-17 ..................................................................................... 97 
Aula 6 – Ordenanças da Igreja ................................................................................................. 101 
Aprofundamento de estudos ......................................................................................... 103-118 
Quatro elementos de um sacramento .............................................................................. 103 
Batismo ............................................................................................................................. 107 
Comentários bíblicos acerca da unção com óleo .............................................................. 110 
A Ceia do Senhor ............................................................................................................... 112 
Comentários bíblicos acerca da imposição de mãos ........................................................ 117 
EXPECTATIVAS DE RESPOSTA ........................................................................................... 119 
Apresentação ........................................................................................................................ 120 
Aula 1 ................................................................................................................................121 
Aula 2 ................................................................................................................................ 125 
Aula 3 ................................................................................................................................ 131 
Aula 4 ................................................................................................................................ 137 
Aula 5 ................................................................................................................................ 141 
Aula 6 ................................................................................................................................ 145 
 
 
 
 
 
 
 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
4 
 
Apresentação do Programa 
 
Caro aluno, seja bem-vindo! Estamos muito felizes por sua decisão em realizar este 
curso e, desde este momento inicial, nos colocamos à sua disposição para apoiar em 
tudo que for necessário, para que você alcance êxito. 
 
O Programa de Formação e Aperfeiçoamento Teológico Central Gospel tem como seu 
principal objetivo contribuir para o aprofundamento do seu conhecimento de Deus, de 
Jesus e do Espírito Santo, através de um estudo objetivo e sistemático da Sua Palavra. 
O resultado que esperamos alcançar é o seu crescimento espiritual e capacitação 
intelectual. 
 
MÓDULO 1 PROFESSOR AULAS 
Fundamentos da Fé Rev. Bayless Conley 6 
Vivendo Sobrenatural & Curando através dos Dons do Espírito Santo Dr. A.L. Gill 6 
Panorama do Novo Testamento Dr. John Amstutz 10 
Louvor e Adoração Rev. LaMar Boschman 5 
Temor do Senhor Rev. John Bevere 1 
MÓDULO 2 PROFESSOR AULAS 
O Poder da Oração Dr. Dick Eastman 5 
O Ministério de Misericórdia Rev. Buddy Bell 5 
Panorama do Velho Testamento Rev.Gornold-Smith 10 
A Essência do Evangelho Rev. Terry Law 5 
Jesus, Aquele que Cura Hoje Rev. Bayless Conley 5 
Vivendo pela Fé Rev. Bill Winston 2 
MÓDULO 3 PROFESSOR AULAS 
Introdução Rev. Berin Gilfillan 1 
Treinamento para a igreja Dr. Stan DeKoven 3 
Grupo de Comunhão Rev. Larry Stockstill 5 
Evangelismo de Poder Dr. Reinhard Bonnke 5 
A Integridade do Líder Dr. Jack Hayford 2 
Visão de Liderança Dr. David Shibley 5 
Implantando a Igreja Dr. Jim Feeney 5 
Sendo Guiado pelo Espírito Santo Rev. Bayless Conley 5 
Guardiões da Promessa Dr. Ed Cole 1 
7 Montanhas Dr. Lance Wallnau 2 
MÓDULO 4 PROFESSOR AULAS 
Mentalidade do Deserto Drª. Joyce Meyer 7 
Desenvolvendo Líderes Rev. Brain Houston 5 
Líder do Grupo de Comunhão Pr. Billy Hornsby 1 
Reconciliação Dr. A.R. Bernard 4 
Evangelismo Pessoal Rev. Ray Comfort 5 
Guerra Espiritual Rev. Dean Sherman 5 
Autoridade e Perdão Rev. John Bevere 2 
Vitória Espiritual Pra. Marilyn Hickey 3 
MÓDULO 5 PROFESSOR AULAS 
Conexão Cristo Dr. T.L. Osborn 7 
Vivendo para Ofertar Rev. Wayne Myers 5 
Ancião Bíblico Rev. Dick Benjamim 5 
Alcançando a Nova Geração Pr. Willie George 7 
Administrando para o Amanhã Pr. Jim Wideman 4 
Ministrando para os Jovens Pr. Blaine Bartel 4 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
5 
 
Ensino a distância 
 
O curso que estamos realizando ocorre sob a modalidade a distância. Essa modalidade 
de ensino possui algumas características próprias. 
 
São pressupostos da Educação a distância: 
 Dedicação; 
 Maturidade intelectual; 
 Interação; 
 Responsabilidade. 
 
São benefícios da Educação a distância: 
 Possibilidade de estudar em qualquer hora e lugar; 
 Contato com pessoas de diversos lugares; 
 Aprofundamento do conteúdo apreendido; 
 Celeridade de processo ensino-aprendizagem. 
 
A Educação a distância é o caminho da Educação contemporânea. Cada vez mais 
experiências nesta área têm surgido e obtido êxito. 
 
É muito importante lembrar que, num curso EAD, somos autodidatas, ou seja, 
aprenderemos o tanto quanto nos empenharmos! 
 
Todavia, estudar dessa maneira não significa estar sozinho no processo. Além dos seus 
colegas de curso, você vai poder contar com o auxílio dos professores-tutores que o 
acompanharão, auxiliando e tirando dúvidas. 
 
Além das trocas realizadas com os professores, é importante que você se comunique 
também com seus colegas de curso. Partilhar experiências e refletir em conjunto, 
mesmo a distância, é fundamental para a construção e socialização do conhecimento. 
 
Por fim, desejamos que Deus abençoe ricamente a sua vida por meio dessa aula! 
Que o Espírito Santo, nosso Mestre por excelência, conceda-lhe o necessário 
entendimento espiritual da Palavra de Deus! 
 
Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos 
ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito (Jo 14.26). 
 
 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
6 
 
Apresentação do Curso 
 
O Curso Fundamentos da Fé proporciona o aprendizado das principais bases do 
Cristianismo discutidas e consolidadas pela Igreja ao longo dos anos. Os temas 
abordados são de suma importância para o cristão de hoje, pois as igrejas locais estão 
enfrentando uma invasão de falsas doutrinas, que distorcem os verdadeiros princípios 
bíblicos. 
 
Está organizado em seis aulas, as quais são compostas de videoaulas, esboços e 
aprofundamento de estudos por meio da leitura de textos e de questões para reflexão, 
acompanhadas de expectativas de resposta, para a autoavaliação da aprendizagem. 
 
CURSO FUNDAMENTOS DA FÉ 
Aulas Carga 
horária 
1. A Bíblia é a Palavra de Deus / A Trindade 5h 
2. A divindade de Jesus / A missão de Jesus 6h 
3. Salvação pela graça através de fé / O céu, o inferno e a volta de 
Cristo 
7h 
4. A pessoa e a obra do Espírito Santo 5h 
5. A capacitação do Espírito / Cura divina 5h 
6. Ordenanças da Igreja 7h 
Total 35h 
 
Este estudo é indispensável para todo aquele que deseja ampliar seus conhecimentos 
sobre as doutrinas básicas do Cristianismo e edificar sua fé sobre o único fundamento: 
Cristo. 
Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus 
Cristo (1 Co 3.11). 
 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
7 
 
 
 
 
 
Rev. Bayless Conley 
 
Bayless Conley e sua esposa Janet são 
os pastores titulares da Cottonwood 
Church em Los Alamitos (Califórnia), 
com mais de 5.000 membros, onde 
foram feitas as gravações do currículo. 
 
A paixão de seus corações é anunciar 
um viver com Cristo para um mundo 
agonizante, o que eles estão fazendo 
de forma brilhante em sua 
comunidade local, bem como em todo 
o mundo através de um dinâmico 
programa de televisão chamado 
Respostas com Bayless Conley. 
 
Este curso, ministrado pelo Rev. 
Bayless é excelente para o cristão que 
quer aprofundar seus conhecimentos 
bíblicos, pois são ensinados, com 
clareza, os princípios básicos e as 
verdades doutrinárias fundamentais 
do Cristianismo. 
 
Hoje, Bayless e Janet dedicam-se ao 
ensino da Palavra, focando sua 
aplicação na vida diária. Eles acreditam 
no incrível potencial dado por Deus a 
cada ser humano e estão ajudando as 
pessoas a descobrir e desenvolver esse 
potencial em toda a sua plenitude. 
 
Site: www.cottonwood.org 
 
 
 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
8 
 
Bibliografia 
 
A importância de ser cheio do Espírito Santo – Silas Malafaia 
Quem é o Espírito Santo? Quais são as suas atribuições? O que caracteriza sua 
ação? O que é ser cheio do Espírito? Por que e como ser cheio? 
 
Neste livro, essas e outras questões relevantes são discutidas,com o intuito de 
conscientizá-lo de que o Espírito Santo é Deus e possui todos os atributos divinos 
que o possibilitaram criar tudo e que capacitou Jesus e Seus discípulos com 
sabedoria e poder para realizar a obra que lhes foi confiada. 
 
Autoridade Espiritual – Silas Malafaia 
Nesta obra, o pastor Silas Malafaia destaca a importância da obediência à 
autoridade espiritual, porque a obediência permite ao homem conquistar grandes 
vitórias, participar de experiências profundas com o Senhor, receber autoridade e 
dons divinos específicos para ser um instrumento de Deus. 
 
Em contrapartida, mostra as características dos insubmissos e as consequências da 
desobediência à autoridade espiritual que levam à privação de vários benefícios e 
a severos castigos. 
 
Autoridade para curar – Ken Blue 
O propósito deste livro é ajudar cristãos e congregações locais a iniciarem um 
ministério de cura e serem bem equipados neste ofício. 
 
Quando a Igreja Primitiva pregava o Evangelho de Jesus Cristo, sua pregação era 
validada e ilustrada por sinais, geralmente curas e libertações. Essa combinação de 
pregação e manifestação de poder de Deus produziu efeitos marcantes. No Novo 
Testamento, praticamente todos os relatos de multidões que se voltaram para 
Deus apontam que esses dois elementos estavam presentes. 
 
Apesar das especulações dispensacionalistas, que afirmam que o dom de cura e de 
milagres desapareceu com os apóstolos, esse aspecto da vida e do testemunho da 
Igreja não é um fenômeno exclusivo do primeiro século. 
 
Descobrindo a Bíblia – Alex Varughese (ed.) 
A Bíblia desempenha um papel importante na fé e na educação cristã do homem. 
Praticamente todos os cristãos afirmam que a Bíblia é a Escritura inspirada e a 
Palavra de Deus, e pelo menos uma versão dela pode ser encontrada em cada lar 
cristão. 
 
A maioria dos cristãos está familiarizada com as histórias de Adão e Eva, Noé, 
Abraão, José, Moisés, Samuel, Davi, Jesus, Pedro, Paulo e outras personalidades 
bíblicas conhecidas. Mas, apesar da popularidade da Bíblia e de sua posição 
sagrada na Igreja e na sociedade, há um nível alarmante de “analfabetismo 
bíblico” entre os cristãos hoje em dia. Uma das principais razões para essa crise é a 
falta de uma abordagem disciplinada na compreensão e no estudo da Bíblia. 
 
Um objetivo importante de Descobrindo a Bíblia é ajudar os leitores a desvendar o 
mundo por trás dos relatos bíblicos e fornecer-lhes o conhecimento básico 
necessário para captar o significado e a mensagem das Escrituras. 
 
Fundamentos da fé – James Montgomery Boice 
Esta obra aborda de modo sistemático, claro e objetivo a teologia cristã, 
proporcionando uma visão geral, abrangente e acessível. Sua análise sobre as 
questões atuais facilita a leitura tanto para recém-convertidos, como para 
pastores, mestres e estudiosos da bíblia. Por sua praticidade e fundamentação 
teológica, essa obra torna-se uma referência no assunto, sendo recomendada por 
diversos estudiosos, seminários teológicos e jornais acadêmicos dos Estados 
Unidos. 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
9 
 
 
Lições da Palavra de Deus: Autoridade Espiritual – Pr. Gilmar Chaves / Pr. 
Jefferson Magno 
Esta revista é a primeira do novo currículo da Editora Central Gospel para a Escola 
Dominical. Ele foi elaborado pensando em como tornar o processo de ensino-
aprendizagem mais eficiente e dinâmico. 
 
Nesse novo ciclo, a revista apresenta mudanças substanciais tanto na parte textual 
– com uma profundidade maior nos comentários – quanto no projeto gráfico, que 
se apresenta muito mais atrativo, estimulante e motivador. 
 
Manual de defesa da fé - Peter Kreeft / Ronald K. Tacelli 
Desafios ao cristianismo são feitos por ateus, por pessoas questionadoras e por 
futuros cristãos. Fé e razão são conflitantes? Deus existe? A Bíblia é apenas um 
mito? Por que Deus permite a existência do mal? Jesus era divino? Existe vida 
após a morte? É possível ocorrerem milagres? Jesus ressuscitou dos mortos? O 
cristianismo é a única religião verdadeira? 
 
O Manual de defesa da fé categoriza e resume os argumentos mais fortes a favor 
das principais doutrinas cristãs. Além disso, nele você encontrará refutações 
instigantes aos principais argumentos contra o Cristianismo. 
 
Manual prático de teologia – Eduardo Joiner 
Pregadores, pastores, evangelistas, missionários, professores, seminaristas e 
estudiosos da Palavra de Deus dispõem agora de uma ferramenta prática, que 
reúne, de maneira clara, objetiva e sucinta, os grandes temas da teologia cristã. 
 
Sem desconhecer os demais compêndios teológicos existentes hoje em língua 
portuguesa, não poderíamos deixar de afirmar que o livro do grande teólogo e 
professor norte-americano Eduardo Joiner continua, há mais de 100 anos, à frente 
das obras atualmente existentes no mercado, por seu rico conteúdo, objetividade 
e clareza. 
 
Para escrevê-lo, seu autor realizou uma longa e diversificada pesquisa que 
envolveu, entre outras fontes e ferramentas, os melhores livros de teologia 
sistemática existentes na sua língua nativa, o inglês. O Manual Prático de Teologia 
explica, com clareza e simplicidade, os 40 mais importantes temas da teologia 
cristã. 
 
O Novo Comentário Bíblico AT e NT – Earl D. Radmacher / Ronald B. Allen / H. 
Wayne House 
O Novo Comentário Bíblico AT e NT com recursos adicionais foge ao padrão 
convencional, pois foi desenvolvido para os leitores de todos os níveis, tanto os 
leigos que querem enriquecer seus conhecimentos bíblicos e culturais, como 
estudantes da Bíblia, professores de escola dominical, pastores e líderes 
eclesiásticos. 
 
Resultado de pesquisas confiáveis e consistentes de mais de 40 renomados 
estudiosos da Bíblia, este comentário contém um estudo conciso da Bíblia, com 
considerações importantes sobre cada versículo, os personagens principais das 
histórias narradas, questões e temas relevantes, atuais e contextualizados. Tudo 
isto escrito em linguagem clara e direta. É a Palavra de Deus ao alcance de todos! 
 
Manual de educação cristã – Gilmar Vieira Chaves 
O Manual de Educação Cristã é utilizado como o material de apoio ao CPEC (Curso 
de Preparação para Educadores Cristãos), curso que visitará todas as regiões do 
território brasileiro e outros países, destacando a importância da educação cristã 
como meio de divulgação da Palavra de Deus e crescimento espiritual do Seu povo 
e da Sua Igreja. 
 
O CPEC foi idealizado para ser uma ferramenta muito útil na formação e no 
aperfeiçoamento de professores para o exercício criativo e inovador do magistério 
na Escola Dominical e em todas as atividades que envolvam a prática da educação 
cristã. 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
10 
 
 
 
AULA 1 
A Bíblia é a 
Palavra de Deus 
A Trindade 
 
 
FUNDAMENTOS 
DA FÉ 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
11 
 
MÓDULO 1 / CURSO 1 – FUNDAMENTOS DA FÉ 
 
AULA 1 – A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS / A TRINDADE 
 
A Bíblia é a Palavra de Deus 
Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para 
corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e 
perfeitamente instruído para toda a boa obra (2 Tm 3.16,17). 
 
A palavra Bíblia não aparece nas 
Escrituras. Este termo originou-se da 
palavra grega biblos, nome dado à 
folha de papiro usada para a escrita. 
Um pequeno rolo de papiro era 
chamado biblion e bíblia era o nome 
dado ao conjunto destes rolos. Sendo 
assim, a palavra Bíblia significa coleção 
de pequenos livros. Com o surgimento 
do papel, os rolos deixaram de ser 
usados e a palavra biblos passou a 
significar livro. 
 
Ela contém sessenta e seis livros 
separados devárias formas literárias, 
tais como cartas, história, narrativas, 
poesia épica, canções líricas e 
apocalipse, mas com um só tema. 
 
Deus compilou este livro durante um 
período de 1500 anos – desde 1400 
a.C. a 100 d.C. Os seus quarenta 
autores incluíram pastores de ovelhas, 
pescadores, guerreiros, sacerdotes, 
profetas, reis, um médico, um 
estudioso e um copeiro. A tão 
diversificada verdade bíblica que vem 
impactando cada geração e cada 
cultura, nação e tribo só poderia ter 
sido colocada em conjunto pela mão 
de Deus. 
A Bíblia é diferente de todos os demais 
livros do mundo em razão da sua 
inspiração divina (2 Pe 1.21; Jó 32.8). 
Por isso, ela é chamada a Palavra de 
Deus. O vocábulo inspirada significa 
soprada para dentro, ou seja, 
comunicada aos escritores por Deus, 
por meio do seu Santo Espírito (Jo 
14.26). Os escritores da Bíblia foram 
inspirados a escrever Sua Palavra, 
tocados profundamente, orientados na 
escolha e interpretação dos fatos (1 Co 
2.13) (CHAVES, Gilmar; MAGNO, Jefferson. 
Autoridade Espiritual. Revista Lições da 
Palavra de Deus, n.33. Rio de Janeiro: Central 
Gospel, Ano 9, p.41). 
 
 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
12 
 
Esboço da aula 
1. A Bíblia é inspirada por Deus (Jr 1.9). 
 A Bíblia é verdadeira, porque vem de Deus (Dt 4.2,5-14). 
 As palavras do Antigo e do Novo Testamento foram inspiradas por Deus (2 Pe 
1.20,21). 
 
2. A Bíblia é o guia para o viver do cristão (Sl 78.5; Dt 4.40), pois: 
 estabelece como os homens devem viver e desfrutar a vida (1 Rs 2.3; 1 Cr 28.8; Sl 
119.32); 
 é imprescindível para a formação do homem de Deus (Pv 2; 3.1-23); 
 representa a mais alta autoridade em todos os assuntos para a Igreja (Sl 
119.66,98; Pv 1.7). 
 
3. A Bíblia é o livro dos pensamentos de Deus (Is 55.7-11). 
 Deus e Sua Palavra são um (Jo 1.1). 
 Deus e Sua Palavra são imutáveis (1 Pedro 1.24,25; Sl 33.10,11). 
 A Escritura Sagrada, como a Palavra de Deus escrita, é perfeita (Sl 12.6; Sl 19.7-
10). 
 A Palavra de Deus oferece soluções para todos os problemas da vida (Sl 111.10; 
Pv 8.14). 
 
4. A Palavra de Deus: 
 tem poder (Is 55.11; 1 Co 1.18; Hb 4.12); 
 proporciona crescimento espiritual (1 Pe 2.2); 
 forma discípulos de Jesus (Jo 8.31); 
 faz-nos livres quando nós a conhecemos (Sl 119.45); 
 produz fé (Rm 10.17); 
 muda o pensamento e transforma as vidas dos que nela creem (Rm 12.1,2). 
 
5. A Palavra de Deus fornece tudo que o cristão necessita para desenvolvimento da 
vida espiritual (Mt 4.4). 
 A Palavra de Deus contém promessas para vida eterna (1 Pe 1.3,4). 
 Deus se expressa através da Sua Palavra, trabalhando no coração e na mente 
dos cristãos (1 Ts 2.13). 
 
 
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 
 
13 
 
A Trindade 
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do 
Filho, e do Espírito Santo (Mt 28.19). 
 
A natureza divina é uma unidade de três 
pessoas. Mas como Deus pode ser uno e trino 
ao mesmo tempo? A palavra Trindade não se 
encontra no texto bíblico, no entanto a 
doutrina da Trindade está revelada de forma 
clara na Palavra de Deus. O nosso Deus é uno, 
mas também trinitário, um único Deus que se 
manifesta em três pessoas diferentes: Pai, 
Filho e Espírito Santo. Eles são iguais em 
substância, porém diferentes nas funções que 
exercem (CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de 
Educação Cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, 
p.114,115). 
 
Esboço da aula 
6. Os cristãos creem num único Deus (1 Co 8.6; 1Tm 1.17). 
 “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6.4; Is 43.10-11; 44.8). 
 Há somente um Deus verdadeiro. Todos os outros deuses e ídolos são falsos (Lv 
26.1; Dt 32.21). 
 
7. Um Deus que se expressa em três pessoas distintas (2 Co 13.13). 
 No tempo da criação, Deus disse: “Façamos...” (Gn 1.26). 
 Deus refere-se a si mesmo no plural (Gn 11.6,7; Is 6.8). 
 A Trindade inclui: Deus, o Pai; Deus, o Filho; Deus, o Espírito Santo (Mt 28.19). 
 As três pessoas divinas presentes de forma distinta (Lc 3.22). 
 
8. A Bíblia refere-se a cada uma das três pessoas da Trindade como Deus (Jd 20,21). 
 Deus é Deus (Êx 3.14). 
 Jesus é Deus (Jo 1.1,14; 14.6-11; Is 9.6). 
 O Espírito Santo é Deus (At 5.3,4). 
 
 
 
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14 
 
APROFUNDAMENTOS DE ESTUDOS 
Leia, com atenção, o texto e responda às questões propostas, as quais visam ao 
desenvolvimento do seu aprendizado. 
 
Texto 1 - Quão verdadeira é a Bíblia? 
Desde o início da Igreja cristã até boa parte do século 18, a grande maioria dos cristãos 
de todas as denominações reconhecia que as Escrituras do Antigo e do Novo 
Testamento eram unicamente a Palavra de Deus. 
 
Nesses livros Deus fala. E porque Deus fala nas Escrituras – como não faz em nenhum 
outro lugar da mesma forma – todos os que alegavam ser cristãos reconheciam a Bíblia 
como uma autoridade divina trazendo a todos um conjunto de verdades objetivas que 
transcendem a compreensão subjetiva. 
 
Nesses livros, os atos de salvação de Deus na história são revelados a nós para que 
possamos crer. E os eventos dessa história são divinamente interpretados para que 
homens e mulheres possam entender o evangelho e responder a ele com inteligência, 
tanto em pensamentos como em ações. A Bíblia é a Palavra de Deus escrita. Como a 
Bíblia é a Palavra de Deus, as Escrituras do Antigo e do Novo Testamento têm 
autoridade e não falham. 
 
A visão dos primeiros 16 séculos 
Há muitas declarações que substanciam a existência desta visão estimada das 
Escrituras nos documentos da Igreja primitiva. 
 
Ireneu, que vivera em Lyon no início do segundo século [em Contra Heresias, II, xxvii, 
1ª edição 1885], escreveu que “deveríamos estar plenamente convencidos de que as 
Escrituras são de fato perfeitas, uma vez que foram ditas pela Palavra de Deus e de Seu 
Espírito” (Roberts e Donaldson, p. 399). 
 
Cirilo de Jerusalém, que viveu no quarto século, disse: 
 
Nem mesmo uma declaração casual pode ser feita sem as Escrituras Sagradas; 
nem devemos ser levados para outro lado por meras possibilidades e artifícios do 
discurso […] Porque essa salvação na qual cremos não depende de argumentos 
ingênuos, porém da demonstração das Sagradas Escrituras. (Schaff e Wace, 1893, 
p. 23) 
 
Em carta a Jerônimo, o tradutor da Vulgata Latina, Agostinho revelou: 
 
Eu [...] acredito com firmeza que nenhum desses autores errou ao escrever 
qualquer coisa que fosse. Se porventura encontro algo nesses livros que pareça 
contrário à verdade, decido que o texto é ora corrompido, ora o tradutor não 
seguiu o que realmente foi dito, ou que eu falhei ao entender [...] Os livros 
canônicos são livres de falsidade. (Pais da Igreja, 1951, p. 392, 409) 
 
E em seu tratado Sobre a Trindade, Agostinho advertiu: 
 
Não se disponham a render-se a meus escritos como às Escrituras canônicas; 
porém nessas, quando vós tiverdes descoberto até mesmo o que vós outrora não 
críeis, crede sem hesitação. (Schaff, 1887, p. 56) 
 
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15 
 
A mesma posição é mantida por Lutero. Alguns consideram que a referência de Lutero 
à Bíblia como “o berço de Cristo” provaria que ele acreditava numa revelação na Bíblia, 
não numa idêntica a ela, e que ele tinha as Escrituras em menor estima do que o Cristo 
da qual ela falava. Para alguns, isso significaria que nem toda a Bíblia é a Palavra de 
Deus. Contudo, isso não é correto. 
 
A expressão de Lutero, o berço de Cristo, ocorre no fim do terceiro parágrafo de seu 
Prefácio ao Antigo Testamento. E ali, como o falecido estudioso luterano J. TheodoreMueller demonstrou, Lutero estava na verdade defendendo o valor do Antigo 
Testamento para os cristãos. Longe de estar condenando as Escrituras, Lutero estava 
na verdade preocupado em “expressar sua mais reverente estima às Escrituras 
Sagradas, que oferecem aos homens a bênção suprema da salvação eterna em Cristo” 
(Cristianismo hoje, 24/10/1960, p. 11). 
 
O próprio Lutero disse em seu Prefácio ao Antigo Testamento: 
 
Rogo e de forma verdadeira exorto que cada Cristão piedoso não seja ofendido pela 
simplicidade da linguagem e das histórias que encontrará aqui no Antigo Testamento. 
Permita que ele não duvide que, por mais simples que possam parecer, são as próprias 
palavras, obras, julgamentos e atos da grande majestade, poder e sabedoria de Deus. 
(Plass, 1959, p. 71) 
 
Em Aquelas doutrinas de homens que devem ser rejeitadas, Lutero afirmou: 
 
As escrituras, embora tenham sido também escritas por homens, não são de homens nem 
vêm de homens, mas de Deus. (Plass, 1959, p. 63) 
 
Em Conversa de mesa, Lutero assinalou que: 
 
Precisamos diferenciar muito bem a Palavra de Deus da palavra de homens. A palavra do 
homem é um pequeno som, que ecoa pelo ar, e logo se esvai, entretanto a Palavra de 
Deus é maior que os céus e a terra, sim, maior que a morte e o inferno, pois faz parte do 
poder de Deus, e perdura para sempre. (Kerr, 1943, p. 10) 
 
Em alguns momentos, Calvino é ainda mais direto. Comentando sobre 2 Timóteo 3.16, 
o reformista de Genebra afirmou: 
 
Esse é o princípio que distingue nossa religião de todas as outras, pois sabemos que Deus 
falou conosco e estamos totalmente convencidos de que os profetas não falaram de si 
mesmos, todavia por intermédio do Espírito Santo, pronunciavam apenas aquilo que 
haviam sido comissionados para declarar. Todos aqueles que desejam beneficiar-se das 
Escrituras precisam primeiro aceitá-las como princípio estabelecido, a Lei e os 
ensinamentos dos profetas não são transmitidos ao bel-prazer de homens, ou elaborados 
a partir de doutrinas terrenas, foram escritos por homens, contudo inspiradas pelo 
Espírito Santo. 
 
Devemos às Escrituras a mesma reverência que devemos a Deus, uma vez que Ele é sua 
única fonte e não há nada de origem humana misturado a elas. (Calvino, 1964, p. 330) 
 
Em seus comentários de Salmos, Calvino falou da Bíblia como aquela regra certa e 
infalível (Sl 5.11). Em Um catecismo romano, John Wesley disse algo parecido: 
 
 
 
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16 
 
A Escritura é, por isso, regra suficiente em si mesma, e foi por homens divinamente 
inspirados ao mesmo tempo entregue ao mundo. (Wesley, 1872, p. 90). 
 
Se houver erros na Bíblia, pode ser que haja milhares. Se houver falsidade nesse Livro, não 
veio do Deus da verdade. (Wesley, 1872, p.82) 
 
Nos séculos 16 e 17, a glória de Cristo resplandecia em todos os cristãos, em diversos 
lugares, apesar das diferenças do entendimento sobre teologia ou em questões sobre 
a Igreja. Naquela época, os cristãos eram fiéis às verdades bíblicas. As Sagradas 
Escrituras eram autoridade suprema e inerrante em todos os aspectos para os 
seguidores de Cristo. A Palavra podia ser negligenciada e até contestada, havendo 
discordância sobre o que o Livro realmente ensinava, no entanto, mesmo assim, a 
Bíblia era aceita como a Palavra de Deus. E essa era a única regra de fé e prática 
infalível dos cristãos. 
 
BOICE, James Montogomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 
2011, p.62-64. 
 
 
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17 
 
Vocabulário 
Pais da Igreja 
Chamamos de Pais da Igreja alguns homens que viveram no período entre a segunda 
metade do primeiro século e o século oito, como por exemplo: Clemente de Roma, 
Inácio de Antioquia, Pápias, Policarpo, Atanásio e Agostinho. Esses homens 
representaram, ensinaram, defenderam e firmaram os conceitos da fé cristã, opondo-
se às doutrinas heréticas que surgiram no seu tempo, e apascentaram a igreja da sua 
época, tornando-se ícones na história do cristianismo. 
 
De certa forma, podemos afirmar que, com os apóstolos, a Igreja deu seus primeiros 
passos e, com os Pais da Igreja, ela se desenvolveu. Com eles, a Igreja tornou-se uma 
instituição organizada, o Cânon bíblico foi estabelecido, assim como as doutrinas 
fundamentais da fé cristã e as primeiras formas de liturgia. 
 
Biografia 
Irineu 
Bispo de Lyon (França) foi considerado um dos Pais da Igreja e um grande defensor da 
ortodoxia bíblica ou Cristianismo Apostólico na Igreja Primitiva, pois combateu 
fortemente os falsos ensinos de grupos heréticos que se encontravam na igreja cristã 
da época. 
 
Nasceu em 130 d.C., na cidade de Esmirna (Ásia Menor). Ali, tornou-se discípulo de 
Policarpo, bispo da cidade, sendo influenciado por sua pregação. Após mudar-se para 
Gália (atual sul da França), residiu na cidade de Lyon, da qual tornou-se bispo. 
 
Com sua obra chamada Adversus Haereses (Contra as Heresias), combateu o 
gnosticismo, que teve seu início ainda no período apostólico. Morreu martirizado em 
Lyon, por volta do ano 200 d.C. 
 
Cirilo 
Nasceu na cidade de Jerusalém, por volta do ano 315. Em 345, foi ordenado sacerdote 
e, em 348, tornou-se o bispo da cidade, sucedendo Máximo III. 
 
Já no início de seu ministério, empenhou-se na catequese, ensino das doutrinas da 
igreja para aqueles que anseiam o batismo. Sua obra Catequeses é um registro escrito 
de suas pregações, anotadas por copistas anônimos, voltadas para a formação dos 
novos convertidos. 
 
Cirilo sofreu a oposição e a dura perseguição de Acácio, arcebispo de Cesareia, em 
função de suas diferentes posturas e posicionamentos teológicos, por isso foi exilado 
três vezes. Em 381, participou do Primeiro Concílio Ecumênico de Constantinopla, no 
qual sua jurisdição sobre Jerusalém foi retomada. Sua morte se deu por volta do ano 
387. 
 
Jerônimo 
Natural de Veneza e oriundo de uma família rica cristã, Jerônimo (331-420), na 
adolescência, foi enviado para Roma, onde estudou gramática, retórica e filosofia. 
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18 
 
Jerônimo é considerado o mais erudito dos Pais da Igreja, demonstrava uma grande 
habilidade com as línguas grega, latina e hebraica. 
 
Numa de suas viagens de estudos, visitou a Antioquia e ali permaneceu adotando uma 
vida monástica. Durante esse período, aprendeu hebraico, a fim de estudar as 
Escrituras em seu original. Em 382, tornou-se secretário de Dâmaso, bispo de Roma, 
que lhe deu ordem para revisar o texto bíblico da tradução latina de acordo com o 
original hebraico. 
 
A Bíblia em latim foi o segundo maior acontecimento na história da tradução bíblica. 
Estudiosos acreditam que uma versão em latim já existia em 180 d.C. No quarto século 
d.C., o bispo Jerônimo deu início à tarefa de traduzir a Bíblia para o latim, usando 
versões latinas existentes e a Septuaginta. Em 385 d.C., ele se mudou para Belém, 
onde passou os 14 anos seguintes traduzindo a Bíblia hebraica para o latim. Durante o 
sexto e o sétimo séculos, os pais da Igreja deram prioridade à obra de Jerônimo dentre 
outras versões latinas existentes. 
 
Embora a palavra vulgata (que significa comum) fosse um termo anteriormente 
aplicado às versões latinas iniciais, a tradução de Jerônimo acabou ficando conhecida 
como a Vulgata. Gradualmente, a Vulgata latina se tornou a Bíblia oficial da Europa 
ocidental durante a Idade Média (Varughese, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central 
Gospel, 2012, p.371). 
 
Agostinho 
Filósofo, teólogo, bispo e doutor da Igreja, Agostinho nasceu no ano de 354, na cidade 
de Tagasta (Norte da África). Sua mãe, Mônica, era cristã e dedicou-se à formação e 
conversão de Agostinho à fé cristã. Aoconverter-se ao catolicismo, tornou-se um bispo 
e combateu as heresias do seu tempo. 
 
Considerado o maior teólogo do cristianismo ocidental, converteu-se após ler 
Romanos 13.13,14. Apesar de ter sido criado por uma mãe religiosa, o jovem 
Agostinho buscou uma vida de prazeres mundanos e males. Ele nos conta o que 
aconteceu certo dia, quando, profundamente angustiado com o poder do mal sobre 
sua vida, estava sentado no jardim de seu amigo e ex-aluno Alípio. 
 
Ouvi uma voz como de menino ou menina [...] vinda de uma casa vizinha, cantando e repetindo: “Pegue 
e leia; pegue e leia”. [...] Então, contendo minha enxurrada de lágrimas, levantei-me, interpretando 
aquilo de nenhuma outra maneira a não ser uma ordem do céu para que eu abrisse o livro e lesse o 
primeiro capítulo que visse [...]. Então, rapidamente, retornei ao lugar onde [...] colocara o livro dos 
apóstolos [...]. Tomei-o, abri-o e, em silêncio, li o parágrafo que meus olhos viram primeiro: Não em 
glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e 
inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências 
(Rm 13.13b,14). Eu não prosseguiria com a leitura, nem precisaria disso. Instantaneamente, quando a 
frase terminou, uma luz de segurança, por assim dizer, infundiu em meu coração, e toda a sombra de 
dúvida desapareceu. 
 
Esse texto de Romanos 13.13-14 levou Agostinho à conversão aos 33 anos de idade 
(Varughese, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p.371). 
 
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19 
 
Em Cartago, aprendeu a retórica. Ali, se converteu ao cristianismo e foi batizado em 
387. Foi ordenado sacerdote em 391 e, cinco anos depois, consagrado bispo de 
Hipona. Até sua morte, em 430, Agostinho dedicou sua vida à administração episcopal, 
aos estudos e escrita de livros, sermões e cartas. 
 
As obras mais famosas de Agostinho são: Confissões, uma autobiografia, e De Civitate 
Dei, conhecida como A Cidade de Deus, na qual desenvolveu a crença da Igreja como a 
cidade espiritual de Deus distinta da cidade material do homem. 
 
Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564) foram personagens 
importantes da Reforma Protestante. Ambos defenderam o retorno à interpretação 
histórico-literária da Bíblia. 
 
Martinho Lutero 
Nascido na Alemanha, restaurou a ideia do sacerdócio de todos os cristãos, defendeu 
fortemente a doutrina da justificação pela fé na pessoa de Cristo e da autoridade da 
Palavra. Em 31 de outubro de 1517, afixou suas 95 teses na porta da igreja do castelo 
de Wittenberg, falando contra a venda de indulgências, que propunha a remissão de 
pecados através das obras. 
 
João Calvino 
Foi o fundador da Igreja Protestante na França. Em 1533, tornou público o seu 
afastamento do Catolicismo Romano através de um discurso escrito, considerado 
herético pelos religiosos da época. Sua obra mais famosa a "Instituição da Religião 
Cristã", concluída em 1535, lhe rendeu grande prestígio. 
 
John Wesley 
Wesley era o 15º filho dos 19 filhos de Samuel e Susannah Wesley. Nasceu no ano de 
1703 e foi educado pela sua mãe. Em 1709, escapou de um incêndio em sua casa, 
passando a ser conhecido como o tição tirado do fogo. Aos 17 anos, recebeu uma 
bolsa para estudar na Universidade de Oxford. 
 
Em 1728, Wesley foi ordenado ao ministério, ajudando seu pai numa paróquia perto 
de Epworth por dois anos. Ainda em Oxford, tornou-se líder do Clube Santo, nome pelo 
qual era conhecido o grupo de jovens estudantes que se reuniam para estudar a Bíblia, 
orar e realizar obras de ação social nas prisões e entre os pobres. Os membros do 
grupo foram apelidados de metodistas pelos demais estudantes, devido à 
característica metódica de suas atividades e reuniões. 
 
Em 24 de maio de 1738, John Wesley escreveu as seguintes palavras em seu diário: 
 
À noite, fui, muito a contragosto, a uma sociedade em Aldersgate Street, onde estavam lendo o Prefácio 
de Lutero à Epístola aos Romanos. Aproximadamente às quinze para as nove, enquanto ele descrevia a 
mudança que Deus opera no coração por meio da fé em Cristo, senti meu coração estranhamente 
aquecido. Senti que confiava em Cristo — somente em Cristo — para a salvação, e uma segurança me foi 
dada de que Ele tirara todos os meus pecados, os meus próprios pecados, e de que Ele me salvara da lei 
do pecado e da morte. 
 
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20 
 
Estudiosos wesleyanos relacionam o início do avivamento evangélico no século 18 a 
essa experiência de John Wesley (Varughese, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central 
Gospel, 2012, p.371). 
 
Após entrar em contato com a Igreja Morávia (originada do movimento pietista e 
fundada pelo Conde Nicolas Von Zinzendorf, juntamente com refugiados morávios, em 
1727), cujos membros possuíam uma ampla visão missionária e exerceram grande 
influência em sua conversão, Wesley inicia seu ministério de pregador ao ar livre. John 
Wesley tinha 37 anos de idade quando começou a viajar e pregar, opondo-se 
veementemente às práticas e políticas imorais da sociedade inglesa. 
 
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21 
 
QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 
1. Onde os atos da salvação de Deus na história são revelados? 
 
 
 
 
2. Explique como se justifica a autoridade da Bíblia como a Palavra de Deus. 
 
 
 
 
 
3. Qual a finalidade do registro das Escrituras Sagradas? 
 
 
 
 
4. Qual é o significado da expressão de Martinho Lutero “o berço de Cristo”? 
 
 
 
 
 
 
5. Explique o comentário de Calvino sobre 2 Timóteo 3.16. 
 
 
 
 
 
 
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22 
 
6. Qual foi o posicionamento dos pais da Igreja em relação às Escrituras Sagradas? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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23 
 
Texto 2 - A inspiração divina 
A inspiração divina desempenhou um papel ativo no recebimento e registro da 
revelação pelos escritores bíblicos da antiguidade. Muito embora não possamos 
explicar adequadamente o método e o processo de inspiração, as Escrituras testificam 
que Deus teve participação ativa em seu processo de escrita (2 Tm 3.16,17; 2 Pe 
1.20,21). 
 
Alguns cristãos entendem a inspiração como se o texto bíblico tivesse sido ditado por 
Deus aos escritores da Bíblia (teoria da inspiração ditada). Teólogos evangélicos 
wesleyanos reconhecem o envolvimento ativo do Espírito Santo no processo de escrita 
das Escrituras (teoria da inspiração dinâmica). 
 
O Espírito Santo preparou os escritores bíblicos para receber e comunicar a revelação. 
Os escritores bíblicos receberam entendimento especial em relação às atividades de 
Deus na História, as quais eles interpretaram aos olhos de suas tradições de fé e 
comunicaram-nas por meio da escrita. 
 
A teoria dinâmica se concentra no real envolvimento do Espírito de Deus na vida e na 
obra desses escritores. Uma vez que o Espírito Santo é o Agente ativo na comunicação 
da revelação por meio das Escrituras, precisamos submeter-nos à autoridade e à 
direção do Espírito para o entendimento correto da Palavra de Deus. 
 
VARUGHESE, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p. 26 
 
 
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24 
 
QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 
7. Qual a importância da doutrina da inspiração divina das Escrituras Sagradas para a 
Igreja? 
 
 
 
 
 
8. Explique a diferença entre a teoria da inspiração ditada e a teoria da inspiração 
dinâmica. 
 
 
 
 
 
 
9. Comoo Espírito Santo agiu sobre os escritores bíblicos para levá-los a escrever os 
livros da Bíblia? 
 
 
 
 
 
10. Qual a única maneira de alcançar o entendimento correto da Palavra de Deus? 
 
 
 
 
 
 
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Texto 3 – A doutrina da Trindade 
Deus nos revelou um pouco de Sua complexidade na doutrina da Trindade. O que 
sabemos sobre ela só sabemos por causa da revelação de Deus na Bíblia, e mesmo 
assim não a conhecemos muito bem. Na verdade, tendemos tanto a cometer erros 
quando lidamos com esse assunto que precisamos ser extremamente cuidadosos, para 
não irmos além ou interpretarmos de forma errada o que encontramos na Escritura. 
 
O primeiro ponto a ser destacado é que os cristãos creem, tanto quanto os judeus, que 
só há um Deus. Os cristãos também creem na Trindade, e foram de modo errôneo 
acusados de crer em três deuses, o que seria uma forma de politeísmo. 
 
É verdade que os cristãos veem uma pluralidade na manifestação de Deus. No entanto, 
isso não é politeísmo. Cristãos, assim como judeus, são monoteístas, isto é, creem em 
um só Deus. 
 
Sendo assim, recitamos, como o judeu: 
 
Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu 
Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras 
que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás 
assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também 
as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás 
nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. Deuteronômio 6.4-9 
 
Nessa passagem, em linguagem mais clara, está o ensinamento de que Deus é um, e 
que isso deve ser conhecido por Seu povo, falado por ele e ensinado a seus filhos. 
 
A mesma verdade consta no Novo Testamento, que é unicamente cristão. Lemos que o 
ídolo nada é no mundo e que não há outro Deus, senão um só (1 Co 8.4). Somos 
lembrados do fato de que há um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por 
todos, e em todos (Ef 4.6). Tiago declarou: Tu crês que há um só Deus? Fazes bem (Tg 
2.19). 
 
Tem se argumentado que, já que os versículos 4 a 9 de Deuteronômio 6 começam com 
Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR, a Trindade estaria excluída. 
Contudo, nesse texto, a palavra para único é echad, que significa não um em 
isolamento, porém um em unidade. 
 
De fato, esse termo nunca é usado na Bíblia hebraica referindo-se a uma entidade 
singular. Ele é empregado para aludir a um cacho de uvas, por exemplo, ou para 
mostrar que o povo de Israel respondeu como um só povo. 
 
Após Deus ter criado uma esposa para Adão, este disse: 
 
Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, 
porquanto do varão foi tomada. Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-
se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. Gênesis 2.23,24 
 
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26 
 
De novo, a palavra traduzida como uma é echad. Não se sugere que o homem e a 
mulher se transformariam em uma única pessoa, mas uma só carne; estariam unidos 
como um só. De modo semelhante, Deus é um Deus, entretanto se manifesta em três 
pessoas. 
 
Uma de nossas dificuldades é que não temos uma palavra adequada em nossa língua 
para expressar a natureza das diferentes existências dentro da Trindade. O melhor 
termo de que dispomos é pessoa, derivado da palavra latina persona, que significa a 
máscara que um ator usava quando representava um personagem num drama grego. 
 
Todavia, quando falamos em máscara, já nos desviamos do sentido que pretendemos, 
pois não devemos pensar nas três pessoas concernentes a Deus como uma forma pela 
qual Ele de vez em quando representa a si mesmo para os seres humanos. Esse erro 
em particular é conhecido como modalismo ou sabelianismo, originário do nome do 
homem que popularizou a ideia na história da Igreja em meados do terceiro século. 
 
A palavra mais usada na língua grega era homoousios, que literalmente significa um 
ser. No entanto, de novo, isso induz ao erro se começamos a pensar que há três seres 
distintos com naturezas diferentes dentro da Trindade. 
 
Calvino não gostava de nenhuma dessas palavras. Ele preferia o vocábulo subsistência. 
Contudo, mesmo sendo provavelmente bem escolhido, o termo não transmite muito 
significado à maioria dos leitores do nosso século. 
 
Na verdade, a palavra pessoa está adequada, enquanto entendemos o que queremos 
mostrar com ela. No discurso coloquial, a palavra denota um ser humano, portanto 
alguém que é um indivíduo único. Temos esse conceito em mente quando falamos de 
despersonalizar alguém. 
 
Todavia, esse não é o significado da palavra como é usada em teologia. O ser existe 
independente do corpo carnal. Podemos, por exemplo, perder um braço ou uma perna 
em um acidente, contudo ainda seremos a mesma pessoa com todas as marcas da 
personalidade. 
 
Além disso, pelo menos de acordo com o ensinamento cristão, mesmo quando 
morremos e nosso corpo entra em decomposição ainda somos pessoas, pois o espírito, 
no qual está a vida, é eterno. Então, estamos falando de um senso de existência que se 
expressa em conhecimento, sentimento e vontade. 
Assim, há três pessoas ou subsistências em Deus, cada uma com conhecimento, 
sentimento e vontade. Entretanto, mesmo considerando esse entendimento, saímos 
da percepção adequada, pois, no caso de Deus, conhecimento, sentimento e vontade 
de cada pessoa que compõe a Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo — são idênticos. 
 
BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 
2011, p. 96-98. 
 
 
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27 
 
QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 
11. Explique por que a doutrina da Trindade não pode ser considerada uma doutrina 
politeísta. 
 
 
 
 
 
12. Leia Gn 2.23,24 e Dt 6.4-9. O que estes textos têm em comum? Como 
compreendemos a Trindade a partir deles? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13. Calvino utilizava o termo subsistência para expressar a natureza trinitária de Deus. 
Verifique o significado dessa palavra em um dicionário e explique como tal sentido 
nos ajuda a entender a Trindade. 
 
 
 
 
 
 
14. Há três pessoas ou subsistências em Deus, cada uma com conhecimento, 
sentimento e vontade. Essa declaração é uma boa definição para a doutrina da 
Trindade? Justifique. 
 
 
 
 
 
 
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AULA 2 
A divindade de 
Jesus 
A missão de Jesus 
 
 
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29 
 
MÓDULO 1 / CURSO 1 - FUNDAMENTOS DA FÉ 
 
AULA 2 – A DIVINDADE DE JESUS / A MISSÃO DE JESUS 
 
A Divindade de Jesus 
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 
que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-
se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, 
achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e 
morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome 
que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que 
estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é 
o Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.5,11). 
Cristologia, como o nome indica, é o 
estudo da vida de Cristo,com vistas a 
definir a Sua pessoa e a Sua obra. Com 
relação à Sua pessoa, procura entender 
a Sua divindade no que diz respeito ao 
papel que desempenhou desde a 
eternidade e o período do Antigo 
Testamento até a encarnação. Tenta 
ainda explicar a união das naturezas 
divina e humana naquele que era 
reconhecido pelos que com Ele 
conviveram como Filho de Deus e Filho 
do homem (CHAVES, Gilmar Vieira. Manual 
de Educação Cristã. Rio de Janeiro: Central 
Gospel, 2012, p.121). 
 
Esboço da aula 
1. A divindade de Jesus (Cl 1.17). 
 A pré-existência de Jesus: Ele já existia como o Filho de Deus antes de ter 
nascido de Maria (Pv 30.4; Mq 5.2; Mt 2.6). 
 Nasceu de uma virgem e é o Filho Eterno de Deus (Mt 1.18-25; Lc 1.31-35).O 
próprio Deus se fez carne (Jo 1.1,2,14). 
 Jesus chamou a si mesmo pelo nome com o qual Deus se identificava no Antigo 
Testamento: “Eu Sou” (Jo 8.57,58; Êx 3.13,14). 
 A divindade de Jesus é a verdade central do Cristianismo (Jo 8.23,24). 
 
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30 
 
A Missão de Jesus 
Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância (Jo 10.10b). 
 
A Cristologia também estuda a obra de Jesus, porque a nossa salvação ou perdição 
depende de crermos ou não no Cristo crucificado (Jo 8.24; 1 Co 2.2). É fundamental, 
para quem se dedica ao ensino cristão, entender a importância da encarnação, morte 
e ressurreição de Cristo. 
 
Nestes tempos de antropocentrismo, 
mais do que nunca a doutrina de Cristo 
precisa ser evidenciada, pois a teologia 
que não for cristocêntrica não poderá 
declarar a plenitude dos ensinos 
bíblicos (CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de 
Educação Cristã. Rio de Janeiro: Central 
Gospel, 2012, p.121). 
 
Afinal, como humanos, nós somos 
totalmente incapazes de nos 
redimirmos. Jesus veio ao mundo 
resgatar a humanidade; porque, 
separada de Deus, encontrava-se numa 
situação de decadência em razão do 
pecado. Esta é a essência do 
Cristianismo: Deus alcança a 
humanidade por seu infinito amor e 
redime aos que creem por meio do 
sacrifício do seu único Filho. 
 
 
 
 
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31 
 
Esboço da aula 
2. Deus criou o homem a Sua própria imagem e semelhança (Gn 1.26,27). 
 Ele os fez puros e santos, dando-lhes liberdade de escolha (Gn 2.15-17,25). 
 
3. O pecado separou o homem de Deus (Is 59.2). 
 Adão e Eva morreram espiritualmente ao se rebelarem contra a Palavra de 
Deus (Gn 3). 
 O pecado de Adão e Eva atingiu o mundo todo. A humanidade está separada 
de Deus, vivendo num estado de decadência (Rm 5.12). 
 Cada pessoa é culpada pelo seu pecado e está sujeita ao julgamento divino 
(Rm 3.19,23). 
 
4. O Plano de Salvação: Jesus veio ao mundo para dar Sua vida como sacrifício pela 
humanidade, para conduzi-la de volta ao Pai (1 Co 15.21,22). 
 Em Cristo há perdão de pecados e salvação da morte espiritual (Mt 26.28; At 
10.43; Ef 1.7-14). 
 Deus colocou os pecados dos homens sobre Jesus, caracterizando a morte de 
Cristo como morte substitutiva (2 Co 5.17-21). 
 
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32 
 
APROFUNDAMENTOS DE ESTUDOS 
Leia, com atenção, o texto e responda às questões propostas, as quais visam ao 
desenvolvimento do seu aprendizado. 
 
Texto 1 – A Divindade de Cristo 
Cristo era humano, mas também divino, e as Escrituras dão testemunho inequívoco de 
Sua divindade. 
 
No Antigo Testamento, as profecias messiânicas apontam para um Ser divino, como 
lemos em Isaías 9.6: 
 
Um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o 
seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. 
 
Nenhum ser humano poderia ser chamado assim. 
 
No Novo Testamento, temos este testemunho nos Evangelhos: No princípio, era o 
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1.1). Nas Epístolas, 
encontramos várias declarações da divindade de Cristo, como esta, do apóstolo Paulo: 
Cristo, que é o Deus que governa todos, seja louvado para sempre! Amém! (Rm 9.5, 
NTLH). No Livro de Apocalipse, Cristo declara a respeito de si mesmo: Eu sou o Alfa e o 
Ômega, o Princípio e o Fim, o Primeiro e o Derradeiro (22.13; cf. 1.8). 
 
Além do testemunho das Escrituras, estes fatos, entre outros, evidenciam a Sua 
divindade: 
 
Ele recebia adoração 
Os judeus sabiam que só Deus podia ser adorado, conforme o prescrito nos Dez 
Mandamentos (Êx 20.3-5). O próprio Jesus, no episódio da tentação no deserto, 
declarou: Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás (Lc 4.8). No entanto, Ele 
aceitava adoração (Jo 5.23; 9.38). Nem mesmo os anjos aceitavam adoração (Ap 
19.10), e Jesus não o faria se não fosse divino. 
 
Ele era chamado Senhor 
Embora às vezes o termo senhor, com relação a Jesus, tenha sido empregado pelo 
povo apenas como forma respeitosa de tratamento, o Novo Testamento não deixa 
dúvidas de que Ele também era o Senhor divino, recebendo o mesmo título com o qual 
se designava o Iavé do Antigo Testamento. J. Rodman Williams observa: 
 
Há o fato ainda mais impressionante de que pelo título de Senhor — como em o Senhor 
Jesus Cristo — há um reconhecimento implícito de que ele é idêntico a Deus, pois sob o 
título há a transferência para Cristo de tudo o que se diz no AT a respeito do próprio Deus 
como o Senhor. Cristo é conhecido no NT como o Senhor contínuo e, portanto, Deus. 
(Williams, 2011, p. 275) 
 
Diante do Sinédrio, Jesus afirmou ser o Filho de Deus 
O próprio Cristo declarou a Sua divindade ao afirmar que era o Filho de Deus. Depois 
que Jesus foi preso, levaram-no ao Sinédrio, e o sumo sacerdote exigiu dele uma 
declaração: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. A 
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33 
 
resposta de Jesus foi: Tu o disseste [expressão que é uma afirmativa]; digo-vos, porém, 
que vereis em breve o Filho do Homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo 
sobre as nuvens do céu (Mt 26.63,64; cf. Jo 10.36). 
 
Ele perdoava pecados 
O povo judeu tinha a convicção de que só Deus podia perdoar pecados (Sl 103.3), e 
Jesus surpreendeu a todos quando, diante de um paralítico, declarou: Filho, perdoados 
estão os teus pecados (Mc 2.5). A reação das pessoas à Sua volta foi imediata: Por que 
diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? (v. 7). Em 
resposta, Jesus lhes deu a prova de que precisavam: 
 
Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar 
pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, e toma o teu leito, e vai para tua 
casa. Marcos 2.10,11 
 
O Novo Testamento não deixa dúvidas de que a Sua obra redentora é que nos garante 
o perdão dos pecados (Cl 1.13,14; Ef 2.1; Hb 10.12). 
CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de educação cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 
2012, p. 125-127. 
 
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34 
 
Biografia 
J. Rodman Williams 
Dr. J. Rodman Williams (1918-2008), pastor presbiteriano, teólogo e educador, foi 
considerado o pai teológico do movimento de renovação carismática, do qual se 
originou a Teologia da Renovação. 
 
Foi ordenado pela Igreja Presbiteriana Unida (EUA) e, após dedicar-se ao ministério 
pastoral por alguns anos, passou a lecionar na Faculdade de Beloit (Beloit College) e no 
Seminário Teológico de Austin (Austin Theological Seminary). Através de pesquisas 
teológicas e de sua busca em oração, em 1965, Dr. Williams vivenciou uma experiência 
pentecostal e recebeu o batismo no Espírito Santo. A partir dessa experiência, tornou-
se um personagem ativo e influente no crescimento do movimento carismático nadécada de 1960, chegando a assumir a presidência da Comunhão Carismática 
Presbiteriana Internacional (International Presbyterian Charismatic Communion). Em 
1972, fundou e presidiu a Escola de Teologia Melodyland (Anaheim, Califórnia) e, em 
1980, passou a fazer parte do corpo docente da Universidade Regent. 
 
Uma de suas obras mais importantes foi Teologia da Renovação (1988-1992), uma 
teologia sistemática completa de três volumes, a primeira publicada dentro de uma 
perspectiva carismática. 
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35 
 
QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 
15. Leia e compare: Jo 3.13-18; Jo 5.17-24,30; Jo 8.48-59. Explique a divindade e a 
humanidade de Cristo com base nos textos destacados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
16. Que fatos evidenciam a divindade de Jesus? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17. Analise os textos bíblicos que fundamentam a resposta dada acima. 
TEXTOS FATOS 
Mt 8.2; 15.25 
Mt 3.3; Mt 7.21-23 
Mt 16.16,17 
Mt 1.21; Lc 7.48-50; Jo 8.24; Hb 9.13-15 
 
 
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36 
 
Texto 2 – Apaziguando a ira de Deus 
Dividir os ofícios do Senhor Jesus Cristo nas categorias de Profeta, Sacerdote e Rei é, 
aparentemente, uma forma vantajosa de dar conta de Seu ministério em um capítulo 
inteligível. A desvantagem é que isso não mostra de maneira adequada como os vários 
ofícios se relacionam uns com os outros nem indica qual deles é o mais importante. 
 
De acordo com a Bíblia, o propósito de Jesus era morrer em nosso lugar (Mc 10.45), o 
que nos leva a uma discussão mais profunda sobre o significado de Seu sacrifício. 
Quando a questão em análise é a morte de Cristo, torna-se ainda mais difícil, para as 
pessoas da sociedade atual, aceitar o que foi feito por Ele na cruz como aspecto central 
de Seu ministério. 
 
Os conceitos bíblicos centrais para a compreensão desse tema são propiciação e 
redenção, mas cada um deles é, além de difícil, ofensivo para muitos. A propiciação se 
relaciona ao sacrifício, por meio do qual a ira de Deus contra o pecado é aplacada. A 
redenção, por sua vez, refere-se à libertação de um escravo. 
 
É fácil acreditar que Deus nos salva pagando um preço por nossa redenção? Isso não 
nos remete às ideias medievais que retratavam Cristo como preço do resgate pago 
pelo Pai ao diabo? É certo afirmar que o conceito de propiciação está fora de moda? 
Podemos realmente acreditar que a ira influencia, de algum modo, a questão da 
salvação? Se a resposta for sim, como pode ser que a morte de um homem, por mais 
significativa que seja, possa desviar o furor divino de nós? 
 
Essas são perguntas que precisamos ter em mente quando começamos a analisar a 
questão da morte de Cristo. É também relevante perguntar: “o que exatamente Sua 
morte conquistou? E como conquistou?” 
 
Para responder essas perguntas examinaremos, neste texto, a ideia da propiciação e, 
no próximo, a da redenção. 
 
Propiciação: o próprio Deus aplacando Sua ira 
A propiciação é um conceito pouco entendido, que tem a ver com sacrifícios, visto que 
se refere ao que Jesus conquistou junto a Deus com Sua morte. A redenção, por sua 
vez, está ligada ao que Cristo conquistou em relação a nós. 
 
Ao redimir-nos, o Cordeiro nos libertou da escravidão do pecado. Por outro lado, o 
foco da propiciação é Deus, de modo que podemos dizer: “Por meio de Sua morte, 
Jesus aplacou a ira do Pai contra o pecado e, assim, tornou possível ao Senhor ser 
propício ao Seu povo”. 
 
Isso requer, porém, uma explicação. Em primeiro lugar, precisamos observar que o 
conceito da propiciação pressupõe o conceito da ira divina. Se o pecado não provoca a 
ira de Deus, não há necessidade de propiciá-lo, o que faz com que o significado da 
morte de Cristo deva, portanto, ser expresso em outras categorias. 
 
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37 
 
Esse ponto chamaria a atenção de muitos pregadores modernos que argumentariam 
ser precisamente por essa razão que o termo não deve ser usado ou, se for, deve 
receber outro significado. 
 
Alguém poderia dizer: “Conseguimos entender, como a ideia da propiciação seria 
adequada ao paganismo, visto que, de acordo com essa linha de pensamento, 
considerava-se que Deus era caprichoso, ofendia-se com facilidade e, portanto, ficava 
com raiva frequentemente. Mas esse não é o retrato bíblico do Senhor. De acordo com 
a revelação cristã, Ele não está com raiva. Em vez disso, é amoroso e cheio de graça. 
Não é o Pai que está separado de nós por causa do nosso pecado, mas, na verdade, 
somos nós que estamos separados dele. Assim, não é Ele que deve ser propiciado, mas 
nós mesmos”. 
 
Os que fazem esse tipo de argumentação seguem uma das duas linhas de pensamento: 
ou rejeitam completamente a ideia de propiciação, considerando sua presença na 
Bíblia como um resquício pagão de uma maneira imperfeita de pensar sobre Deus, ou 
então interpretam o significado da palavra grega para propiciação não como a 
propiciação de Cristo da ira divina, mas sim como um encobrimento ou expiação de 
nossa culpa pelo Seu sacrifício. Em outras palavras, eles consideram a obra voltada 
diretamente ao homem em vez de em direção a Deus. 
 
A influência do falecido C. H. Dodd, de Cambridge, Inglaterra, acadêmico especialista 
nesse conceito, fez com que a palavra propiciação fosse traduzida como expiação nos 
textos relevantes da versão Revised Standard Version da Bíblia (Rm 3.25; Hb 2.17; 1 Jo 
2.2; 4.10). 
 
Devemos apreciar a obra daqueles que fizeram distinção entre o conceito de 
propiciação pagão e o cristão, visto que, biblicamente, o Senhor não é caprichoso nem 
se ira facilmente, não sendo, portanto, um Deus a quem devemos propiciar, a fim de 
mantermo-nos sob Sua boa graça. Essa visão é totalmente oposta à posição cristã, já 
que, de acordo com ela, o Pai é visto como um Deus de graça e amor. 
 
Entretanto, por mais solidários que possamos ser com as preocupações desses 
acadêmicos, não podemos ignorar a amplitude da abrangência dessa questão. 
 
Primeiro, não podemos nos atrever a esquecer do que a Bíblia afirma sobre a justa ira 
divina contra o pecado, de acordo com a qual este será punido ou em Cristo ou na 
pessoa do pecador. Podemos sentir, devido a nossos preconceitos culturais 
particulares, que a ira e o amor do Senhor são incompatíveis. Porém, a Bíblia ensina 
que Deus é justiça e amor ao mesmo tempo. 
 
Além disso, Sua ira não é apenas um pequeno e insignificante elemento que, de 
alguma forma, está junto ao Seu muito mais significativo e incrível amor. Na verdade, a 
ira divina é o maior elemento que pode ser observado nas Escrituras, desde o 
julgamento de Deus contra o pecado no jardim do Éden até os cataclísmicos 
julgamentos finais registrados em Apocalipse. 
 
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38 
 
Segundo, embora a palavra propiciação seja usada em escritos bíblicos, ela não tem a 
mesma conotação que assume nos escritos pagãos. Em rituais pagãos, o sacrifício era o 
meio pelo qual as pessoas acalmavam uma divindade ofendida. No cristianismo, nunca 
são as pessoas que tomam a iniciativa ou fazem o sacrifício, mas o próprio Deus que, 
graças ao Seu grande amor pelos pecadores, providenciou o caminho pelo qual Sua ira 
contra o pecado pudesse ser desviada. Além disso, Ele mesmo é o caminho – em Jesus. 
Essa é a verdadeira explicação do fato do Senhor nunca ser o objeto explícito da 
propiciação nos escritos bíblicos. Ele não é mencionado como o objeto dela porque é, 
também, Seu sujeito, função muito mais importante. Em outras palavras, o próprio 
Deus aplaca Sua ira contra o pecado para que Seu amor possa receber e salvar os 
pecadores. 
 
A ideia da propiciação é mais claramenteobservada no sistema sacrificial do Antigo 
Testamento, já que, por meio do mesmo, Deus ensinou o caminho pelo qual os 
pecadores poderiam aproximar-se dele. 
 
O pecado implica a morte, como foi assinalado anteriormente. Contudo, os sacrifícios 
ensinam que há uma maneira de escapar dela e de aproximar-se de Deus. Outro pode 
morrer no lugar do pecador. Isso pode parecer assustador, até mesmo imoral, como 
alguns tem injustamente afirmado, mas é isso que o sistema sacrificial ensina. 
 
Desse modo, o indivíduo israelita era instruído a realizar sacrifícios toda vez que se 
aproximava de Deus. A família deveria matar e consumir um animal em observância 
anual à Páscoa, e a nação deveria ser representada anualmente pelo sumo sacerdote 
no Dia da Expiação, quando o sangue da oferta seria aspergido sobre o propiciatório da 
arca da aliança dentro do Santo dos Santos do templo judaico. Ao final desse processo, 
Jesus surgiu como a oferta que tiraria o pecado do mundo (Jo 1.29). 
 
A progressão é essa: um sacrifício por uma pessoa, por uma família, por uma nação, 
pelo mundo. O caminho para a presença de Deus está, agora, aberto a qualquer um 
que queira vir ao Senhor, fato simbolizado, na morte de Cristo, pelo rasgar do véu que 
separava o Santo dos Santos do resto do templo. 
 
BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 
2011, p. 270-272. 
 
 
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Biografia 
C. H. Dodd 
Nascido em 07 de abril de 1884, no País de Gales (Reino Unido), Charles Harold Dodd 
foi um teólogo protestante e um estudioso do Novo Testamento. Dodd estudou na 
Universidade de Oxford e, depois de formado, foi para Berlim (Alemanha), onde 
recebeu a influência de Adolf Harnack, teólogo alemão e historiador do Cristianismo. 
 
Ele ficou conhecido pela sua teoria chamada escatologia realizada, que trouxe uma 
nova perspectiva sobre as referências que Jesus fez acerca do Reino de Deus, 
atribuindo-lhes um significado presente, em vez de uma conotação escatológica 
futura. 
 
Foi ordenado ministro Congregacional, em 1912. Terminou sua carreira como 
professor de teologia na Universidade de Oxford (1915), Manchester (1930) e 
Cambridge (1935). A partir de 1950, dirigiu o grupo de tradutores da Nova Bíblia em 
Inglês (The New English Bible). 
 
Faleceu em 21 de setembro de 1973. 
 
 
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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 
18. Por que a questão da propiciação é um problema para a sociedade atual? 
 
 
 
 
 
 
19. Com suas palavras, explique o conceito de propiciação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20. No texto, encontramos a seguinte afirmação: A Bíblia ensina que Deus é justiça e 
amor ao mesmo tempo. Como podemos explicar isso? 
 
 
 
 
21. Diferencie o significado do termo propiciação na cultura cristã da sua conotação no 
paganismo. 
 
 
 
 
 
 
22. Todo israelita deveria realizar um sacrifício ao aproximar-se de Deus. Houve um 
sacrifício que substituiu todos, durante a observância anual da Páscoa. Que 
sacrifício foi esse e quem foi a oferta? 
 
 
 
 
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23. Como se deu a progressão do sistema sacrificial? 
 
 
 
 
 
 
24. Segundo o texto de abertura A Missão de Jesus, responda: nesses tempos de 
antropocentrismo, o ser humano terá alguma possibilidade de redimir a si mesmo? 
Escreva o que você entendeu a respeito da essência do Cristianismo. 
 
 
 
 
 
 
 
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Texto 3 – Integralmente pago 
As palavras redenção e Redentor estão entre as mais preciosas do vocabulário cristão, 
embora não sejam as mais usadas quando falamos do ministério de Cristo, visto que é 
mais comum referirmo-nos a Ele como Salvador e, muitas vezes, como Senhor. Mas 
essas palavras falam-nos diretamente sobre o que Jesus Cristo fez para a nossa 
salvação e qual foi o custo para que Ele o fizesse. 
 
No início deste século, B. B. Warfield fez um discurso para os alunos novos no qual 
chamava a atenção para o fato de o título Redentor transmitir uma revelação 
profunda. Ele escreveu assim: 
 
A palavra Redentor não apenas expressa que recebemos a salvação de Jesus, mas também 
reflete nossa apreciação pelo preço que lhe custou alcançá-la para nós. Denomina, 
especificamente, o Cristo da cruz. Sempre que a pronunciamos, visualizamos a cruz diante 
de nossos olhos, e nosso coração é inundado com a preciosa lembrança de que não 
apenas Cristo nos deu a salvação, mas de que Ele pagou um alto preço por ela (Warfield, 
1970, p. 325). 
 
Resgatar: alforriar 
O estudo lexical de resgatar não nos dá um significado teológico amplo. De qualquer 
forma, voltamo-nos agora para as três doutrinas cruciais inerentes a ele. 
 
A primeira doutrina diz respeito ao estado original do homem que não tinha pecado. 
Nesse estado, o primeiro homem e a primeira mulher eram livres, com uma liberdade 
própria dos seres criados. Eles estavam em comunhão com Deus. 
 
Redenção significa que devemos ser comprados e levados de volta ao estado no qual 
estávamos antes disso. Aqui, é claro, o cristianismo contraria a opinião dominante do 
homem em nossos dias: a de que ele está galgando gradualmente seu caminho, a 
partir de um começo menos perfeito ou até mesmo impessoal. A popularidade dessa 
visão contemporânea reside na ausência de culpa pelo pecado cometido, que nos leva 
a crer que a humanidade é para ser louvada sendo, na verdade, salvadora de si 
mesma. 
 
Por outro lado, a visão bíblica acerca do significado da palavra redenção, assim como 
de outros termos, é que, de fato, decaímos de um estado melhor e, então, somos 
culpados, daí nossa necessidade de um Salvador. Na verdade, nossa culpa é tão grande 
e tão imensa nossa queda que nenhum outro, a não ser Deus, pode salvar-nos. 
 
A segunda maior doutrina relacionada à ideia bíblica de redenção é a Queda, como já 
foi sugerido. Existe um paralelo entre as formas pelas quais uma pessoa poderia 
tornar-se escrava antigamente e como, na Bíblia, alguém pode ser considerado 
escravo do pecado. 
 
[...] 
 
Na Antiguidade, era possível nascer escravo. Da mesma forma, está escrito que todos, 
desde Adão, nasceram no pecado. Davi escreveu: Eis que em iniquidade fui formado, e 
em pecado me concebeu minha mãe (Sl 51.5). 
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Davi não quis dizer que a mãe dele estava vivendo em pecado quando o concebeu ou 
que havia algo errado em relação ao ato da concepção em si. Ele quis dizer que nunca 
houve um momento em sua existência em que estivesse livre do pecado, visto que 
herdou essa natureza pecaminosa de seus pais, assim como eles a herdaram dos pais 
deles. 
 
Além disso, um indivíduo poderia tornar-se escravo ao ser conquistado, e a Bíblia se 
refere às pessoas dominadas pelo pecado. Davi escreveu sobre pecados intencionais e 
orou para que estes não tivessem domínio sobre ele (Sl 19.13). 
 
A última possibilidade, de tornar-se escravo por causa de dívidas, é sugerida por 
Romanos 6.23a, texto no qual está escrito que o salário do pecado é a morte. A 
expressão não significa que o pecado é recompensado, a não ser de forma irônica, mas 
sim que este é uma dívida que apenas a morte do pecador pode pagar. Os conceitos 
de um estado original perfeito e uma subsequente queda são importantes para a ideia 
expressa pela palavra redenção, mas ainda não representam a ideia principal. 
 
O cerne da questão está na terceira doutrina chave relacionada à redenção. Embora 
tenhamos caído em desesperadora escravidão por causa

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