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Programa de Formação e Aperfeiçoamento Teológico Central Gospel Escola Internacional de Ministros Módulo 1 / Curso 1 - FUNDAMENTOS DA FÉ Editora Central Gospel Setor de Cursos (21) 2448-1255 cursoteologico1@editoracentralgospel.com PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 1 Copyright 2013 por Editora Central Gospel Ltda. Presidente Vice-presidente Diretora Executiva Gerente Financeiro Gerência editorial e de produção Coordenação acadêmica Desenvolvimento curricular Revisão final Silas Malafaia Silas Malafaia Filho Elba Alencar Talita Malafaia Silveira Gilmar Chaves Isaías Luís Araújo Junior Raquel A. da Silva Ferreira Jefferson Magno 1ª edição / 2013 As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas da Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC) 2009 da SBB, salvo indicação específica, e visam incentivar a leitura das Sagradas Escrituras. Este livro está de acordo com as mudanças propostas pelo novo Acordo Ortográfico, em vigor desde janeiro de 2009. Editora Central Gospel Ltda. Estrada do Guerenguê, 1851 – Taquara CEP: 22713-001 Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 2187-7000 www.editoracentralgospel.com Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Programa de Formação e Aperfeiçoamento Teológico Central Gospel Rio de Janeiro: 2013 150 páginas 1. Fundamentos da Fé. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 2 Sumário Apresentação do programa .......................................................................................................... 4 Ensino a distância ......................................................................................................................... 5 Apresentação do curso ................................................................................................................. 6 Biografia Rev. Bayless Conley ...................................................................................................... 7 Bibliografia do curso ..................................................................................................................... 8 CURSO 1 – FUNDAMENTOS DA FÉ ...................................................................................... 10 Aula 1 – A Bíblia é a Palavra de Deus ......................................................................................... 11 Aula 1 – A Trindade .................................................................................................................... 13 Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 14-27 Quão verdadeira é a Bíblia? ................................................................................................ 14 A inspiração divina .............................................................................................................. 23 A doutrina da Trindade ....................................................................................................... 25 Aula 2 – A divindade de Jesus .................................................................................................... 29 Aula 2 – A missão de Jesus ......................................................................................................... 30 Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 32-50 A divindade de Cristo .......................................................................................................... 32 Apaziguando a ira de Deus .................................................................................................. 36 Integralmente pago ............................................................................................................. 42 A doutrina fundamental da ressurreição ............................................................................ 47 Aula 3 – Salvação pela graça através da fé ................................................................................ 52 Aula 3 – O céu, o inferno e a volta de Cristo ............................................................................. 53 Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 55-69 A natureza da pena ligada à lei adâmica ............................................................................. 55 A morte espiritual ............................................................................................................... 58 Justificação pela fé: a essência da salvação ........................................................................ 60 Inferno ................................................................................................................................. 63 Ascensão ao céu .................................................................................................................. 67 Aula 4 – A pessoa e a obra do Espírito Santo ............................................................................ 71 Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 75-85 Uma pessoa ou um poder? ................................................................................................. 75 O Espírito é Deus? ............................................................................................................... 80 PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 3 A obra do Espírito Santo ..................................................................................................... 84 Aula 5 – A capacitação do Espírito ............................................................................................. 87 Aula 5 – Cura divina .................................................................................................................... 88 Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 90-99 Capacitados pelo Espírito .................................................................................................... 90 A transbordante unção de Deus ......................................................................................... 95 Comentários sobre Mateus 8.1-17 ..................................................................................... 97 Aula 6 – Ordenanças da Igreja ................................................................................................. 101 Aprofundamento de estudos ......................................................................................... 103-118 Quatro elementos de um sacramento .............................................................................. 103 Batismo ............................................................................................................................. 107 Comentários bíblicos acerca da unção com óleo .............................................................. 110 A Ceia do Senhor ............................................................................................................... 112 Comentários bíblicos acerca da imposição de mãos ........................................................ 117 EXPECTATIVAS DE RESPOSTA ........................................................................................... 119 Apresentação ........................................................................................................................ 120 Aula 1 ................................................................................................................................121 Aula 2 ................................................................................................................................ 125 Aula 3 ................................................................................................................................ 131 Aula 4 ................................................................................................................................ 137 Aula 5 ................................................................................................................................ 141 Aula 6 ................................................................................................................................ 145 PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 4 Apresentação do Programa Caro aluno, seja bem-vindo! Estamos muito felizes por sua decisão em realizar este curso e, desde este momento inicial, nos colocamos à sua disposição para apoiar em tudo que for necessário, para que você alcance êxito. O Programa de Formação e Aperfeiçoamento Teológico Central Gospel tem como seu principal objetivo contribuir para o aprofundamento do seu conhecimento de Deus, de Jesus e do Espírito Santo, através de um estudo objetivo e sistemático da Sua Palavra. O resultado que esperamos alcançar é o seu crescimento espiritual e capacitação intelectual. MÓDULO 1 PROFESSOR AULAS Fundamentos da Fé Rev. Bayless Conley 6 Vivendo Sobrenatural & Curando através dos Dons do Espírito Santo Dr. A.L. Gill 6 Panorama do Novo Testamento Dr. John Amstutz 10 Louvor e Adoração Rev. LaMar Boschman 5 Temor do Senhor Rev. John Bevere 1 MÓDULO 2 PROFESSOR AULAS O Poder da Oração Dr. Dick Eastman 5 O Ministério de Misericórdia Rev. Buddy Bell 5 Panorama do Velho Testamento Rev.Gornold-Smith 10 A Essência do Evangelho Rev. Terry Law 5 Jesus, Aquele que Cura Hoje Rev. Bayless Conley 5 Vivendo pela Fé Rev. Bill Winston 2 MÓDULO 3 PROFESSOR AULAS Introdução Rev. Berin Gilfillan 1 Treinamento para a igreja Dr. Stan DeKoven 3 Grupo de Comunhão Rev. Larry Stockstill 5 Evangelismo de Poder Dr. Reinhard Bonnke 5 A Integridade do Líder Dr. Jack Hayford 2 Visão de Liderança Dr. David Shibley 5 Implantando a Igreja Dr. Jim Feeney 5 Sendo Guiado pelo Espírito Santo Rev. Bayless Conley 5 Guardiões da Promessa Dr. Ed Cole 1 7 Montanhas Dr. Lance Wallnau 2 MÓDULO 4 PROFESSOR AULAS Mentalidade do Deserto Drª. Joyce Meyer 7 Desenvolvendo Líderes Rev. Brain Houston 5 Líder do Grupo de Comunhão Pr. Billy Hornsby 1 Reconciliação Dr. A.R. Bernard 4 Evangelismo Pessoal Rev. Ray Comfort 5 Guerra Espiritual Rev. Dean Sherman 5 Autoridade e Perdão Rev. John Bevere 2 Vitória Espiritual Pra. Marilyn Hickey 3 MÓDULO 5 PROFESSOR AULAS Conexão Cristo Dr. T.L. Osborn 7 Vivendo para Ofertar Rev. Wayne Myers 5 Ancião Bíblico Rev. Dick Benjamim 5 Alcançando a Nova Geração Pr. Willie George 7 Administrando para o Amanhã Pr. Jim Wideman 4 Ministrando para os Jovens Pr. Blaine Bartel 4 PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 5 Ensino a distância O curso que estamos realizando ocorre sob a modalidade a distância. Essa modalidade de ensino possui algumas características próprias. São pressupostos da Educação a distância: Dedicação; Maturidade intelectual; Interação; Responsabilidade. São benefícios da Educação a distância: Possibilidade de estudar em qualquer hora e lugar; Contato com pessoas de diversos lugares; Aprofundamento do conteúdo apreendido; Celeridade de processo ensino-aprendizagem. A Educação a distância é o caminho da Educação contemporânea. Cada vez mais experiências nesta área têm surgido e obtido êxito. É muito importante lembrar que, num curso EAD, somos autodidatas, ou seja, aprenderemos o tanto quanto nos empenharmos! Todavia, estudar dessa maneira não significa estar sozinho no processo. Além dos seus colegas de curso, você vai poder contar com o auxílio dos professores-tutores que o acompanharão, auxiliando e tirando dúvidas. Além das trocas realizadas com os professores, é importante que você se comunique também com seus colegas de curso. Partilhar experiências e refletir em conjunto, mesmo a distância, é fundamental para a construção e socialização do conhecimento. Por fim, desejamos que Deus abençoe ricamente a sua vida por meio dessa aula! Que o Espírito Santo, nosso Mestre por excelência, conceda-lhe o necessário entendimento espiritual da Palavra de Deus! Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito (Jo 14.26). PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 6 Apresentação do Curso O Curso Fundamentos da Fé proporciona o aprendizado das principais bases do Cristianismo discutidas e consolidadas pela Igreja ao longo dos anos. Os temas abordados são de suma importância para o cristão de hoje, pois as igrejas locais estão enfrentando uma invasão de falsas doutrinas, que distorcem os verdadeiros princípios bíblicos. Está organizado em seis aulas, as quais são compostas de videoaulas, esboços e aprofundamento de estudos por meio da leitura de textos e de questões para reflexão, acompanhadas de expectativas de resposta, para a autoavaliação da aprendizagem. CURSO FUNDAMENTOS DA FÉ Aulas Carga horária 1. A Bíblia é a Palavra de Deus / A Trindade 5h 2. A divindade de Jesus / A missão de Jesus 6h 3. Salvação pela graça através de fé / O céu, o inferno e a volta de Cristo 7h 4. A pessoa e a obra do Espírito Santo 5h 5. A capacitação do Espírito / Cura divina 5h 6. Ordenanças da Igreja 7h Total 35h Este estudo é indispensável para todo aquele que deseja ampliar seus conhecimentos sobre as doutrinas básicas do Cristianismo e edificar sua fé sobre o único fundamento: Cristo. Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo (1 Co 3.11). PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 7 Rev. Bayless Conley Bayless Conley e sua esposa Janet são os pastores titulares da Cottonwood Church em Los Alamitos (Califórnia), com mais de 5.000 membros, onde foram feitas as gravações do currículo. A paixão de seus corações é anunciar um viver com Cristo para um mundo agonizante, o que eles estão fazendo de forma brilhante em sua comunidade local, bem como em todo o mundo através de um dinâmico programa de televisão chamado Respostas com Bayless Conley. Este curso, ministrado pelo Rev. Bayless é excelente para o cristão que quer aprofundar seus conhecimentos bíblicos, pois são ensinados, com clareza, os princípios básicos e as verdades doutrinárias fundamentais do Cristianismo. Hoje, Bayless e Janet dedicam-se ao ensino da Palavra, focando sua aplicação na vida diária. Eles acreditam no incrível potencial dado por Deus a cada ser humano e estão ajudando as pessoas a descobrir e desenvolver esse potencial em toda a sua plenitude. Site: www.cottonwood.org PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 8 Bibliografia A importância de ser cheio do Espírito Santo – Silas Malafaia Quem é o Espírito Santo? Quais são as suas atribuições? O que caracteriza sua ação? O que é ser cheio do Espírito? Por que e como ser cheio? Neste livro, essas e outras questões relevantes são discutidas,com o intuito de conscientizá-lo de que o Espírito Santo é Deus e possui todos os atributos divinos que o possibilitaram criar tudo e que capacitou Jesus e Seus discípulos com sabedoria e poder para realizar a obra que lhes foi confiada. Autoridade Espiritual – Silas Malafaia Nesta obra, o pastor Silas Malafaia destaca a importância da obediência à autoridade espiritual, porque a obediência permite ao homem conquistar grandes vitórias, participar de experiências profundas com o Senhor, receber autoridade e dons divinos específicos para ser um instrumento de Deus. Em contrapartida, mostra as características dos insubmissos e as consequências da desobediência à autoridade espiritual que levam à privação de vários benefícios e a severos castigos. Autoridade para curar – Ken Blue O propósito deste livro é ajudar cristãos e congregações locais a iniciarem um ministério de cura e serem bem equipados neste ofício. Quando a Igreja Primitiva pregava o Evangelho de Jesus Cristo, sua pregação era validada e ilustrada por sinais, geralmente curas e libertações. Essa combinação de pregação e manifestação de poder de Deus produziu efeitos marcantes. No Novo Testamento, praticamente todos os relatos de multidões que se voltaram para Deus apontam que esses dois elementos estavam presentes. Apesar das especulações dispensacionalistas, que afirmam que o dom de cura e de milagres desapareceu com os apóstolos, esse aspecto da vida e do testemunho da Igreja não é um fenômeno exclusivo do primeiro século. Descobrindo a Bíblia – Alex Varughese (ed.) A Bíblia desempenha um papel importante na fé e na educação cristã do homem. Praticamente todos os cristãos afirmam que a Bíblia é a Escritura inspirada e a Palavra de Deus, e pelo menos uma versão dela pode ser encontrada em cada lar cristão. A maioria dos cristãos está familiarizada com as histórias de Adão e Eva, Noé, Abraão, José, Moisés, Samuel, Davi, Jesus, Pedro, Paulo e outras personalidades bíblicas conhecidas. Mas, apesar da popularidade da Bíblia e de sua posição sagrada na Igreja e na sociedade, há um nível alarmante de “analfabetismo bíblico” entre os cristãos hoje em dia. Uma das principais razões para essa crise é a falta de uma abordagem disciplinada na compreensão e no estudo da Bíblia. Um objetivo importante de Descobrindo a Bíblia é ajudar os leitores a desvendar o mundo por trás dos relatos bíblicos e fornecer-lhes o conhecimento básico necessário para captar o significado e a mensagem das Escrituras. Fundamentos da fé – James Montgomery Boice Esta obra aborda de modo sistemático, claro e objetivo a teologia cristã, proporcionando uma visão geral, abrangente e acessível. Sua análise sobre as questões atuais facilita a leitura tanto para recém-convertidos, como para pastores, mestres e estudiosos da bíblia. Por sua praticidade e fundamentação teológica, essa obra torna-se uma referência no assunto, sendo recomendada por diversos estudiosos, seminários teológicos e jornais acadêmicos dos Estados Unidos. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 9 Lições da Palavra de Deus: Autoridade Espiritual – Pr. Gilmar Chaves / Pr. Jefferson Magno Esta revista é a primeira do novo currículo da Editora Central Gospel para a Escola Dominical. Ele foi elaborado pensando em como tornar o processo de ensino- aprendizagem mais eficiente e dinâmico. Nesse novo ciclo, a revista apresenta mudanças substanciais tanto na parte textual – com uma profundidade maior nos comentários – quanto no projeto gráfico, que se apresenta muito mais atrativo, estimulante e motivador. Manual de defesa da fé - Peter Kreeft / Ronald K. Tacelli Desafios ao cristianismo são feitos por ateus, por pessoas questionadoras e por futuros cristãos. Fé e razão são conflitantes? Deus existe? A Bíblia é apenas um mito? Por que Deus permite a existência do mal? Jesus era divino? Existe vida após a morte? É possível ocorrerem milagres? Jesus ressuscitou dos mortos? O cristianismo é a única religião verdadeira? O Manual de defesa da fé categoriza e resume os argumentos mais fortes a favor das principais doutrinas cristãs. Além disso, nele você encontrará refutações instigantes aos principais argumentos contra o Cristianismo. Manual prático de teologia – Eduardo Joiner Pregadores, pastores, evangelistas, missionários, professores, seminaristas e estudiosos da Palavra de Deus dispõem agora de uma ferramenta prática, que reúne, de maneira clara, objetiva e sucinta, os grandes temas da teologia cristã. Sem desconhecer os demais compêndios teológicos existentes hoje em língua portuguesa, não poderíamos deixar de afirmar que o livro do grande teólogo e professor norte-americano Eduardo Joiner continua, há mais de 100 anos, à frente das obras atualmente existentes no mercado, por seu rico conteúdo, objetividade e clareza. Para escrevê-lo, seu autor realizou uma longa e diversificada pesquisa que envolveu, entre outras fontes e ferramentas, os melhores livros de teologia sistemática existentes na sua língua nativa, o inglês. O Manual Prático de Teologia explica, com clareza e simplicidade, os 40 mais importantes temas da teologia cristã. O Novo Comentário Bíblico AT e NT – Earl D. Radmacher / Ronald B. Allen / H. Wayne House O Novo Comentário Bíblico AT e NT com recursos adicionais foge ao padrão convencional, pois foi desenvolvido para os leitores de todos os níveis, tanto os leigos que querem enriquecer seus conhecimentos bíblicos e culturais, como estudantes da Bíblia, professores de escola dominical, pastores e líderes eclesiásticos. Resultado de pesquisas confiáveis e consistentes de mais de 40 renomados estudiosos da Bíblia, este comentário contém um estudo conciso da Bíblia, com considerações importantes sobre cada versículo, os personagens principais das histórias narradas, questões e temas relevantes, atuais e contextualizados. Tudo isto escrito em linguagem clara e direta. É a Palavra de Deus ao alcance de todos! Manual de educação cristã – Gilmar Vieira Chaves O Manual de Educação Cristã é utilizado como o material de apoio ao CPEC (Curso de Preparação para Educadores Cristãos), curso que visitará todas as regiões do território brasileiro e outros países, destacando a importância da educação cristã como meio de divulgação da Palavra de Deus e crescimento espiritual do Seu povo e da Sua Igreja. O CPEC foi idealizado para ser uma ferramenta muito útil na formação e no aperfeiçoamento de professores para o exercício criativo e inovador do magistério na Escola Dominical e em todas as atividades que envolvam a prática da educação cristã. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 10 AULA 1 A Bíblia é a Palavra de Deus A Trindade FUNDAMENTOS DA FÉ PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 11 MÓDULO 1 / CURSO 1 – FUNDAMENTOS DA FÉ AULA 1 – A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS / A TRINDADE A Bíblia é a Palavra de Deus Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra (2 Tm 3.16,17). A palavra Bíblia não aparece nas Escrituras. Este termo originou-se da palavra grega biblos, nome dado à folha de papiro usada para a escrita. Um pequeno rolo de papiro era chamado biblion e bíblia era o nome dado ao conjunto destes rolos. Sendo assim, a palavra Bíblia significa coleção de pequenos livros. Com o surgimento do papel, os rolos deixaram de ser usados e a palavra biblos passou a significar livro. Ela contém sessenta e seis livros separados devárias formas literárias, tais como cartas, história, narrativas, poesia épica, canções líricas e apocalipse, mas com um só tema. Deus compilou este livro durante um período de 1500 anos – desde 1400 a.C. a 100 d.C. Os seus quarenta autores incluíram pastores de ovelhas, pescadores, guerreiros, sacerdotes, profetas, reis, um médico, um estudioso e um copeiro. A tão diversificada verdade bíblica que vem impactando cada geração e cada cultura, nação e tribo só poderia ter sido colocada em conjunto pela mão de Deus. A Bíblia é diferente de todos os demais livros do mundo em razão da sua inspiração divina (2 Pe 1.21; Jó 32.8). Por isso, ela é chamada a Palavra de Deus. O vocábulo inspirada significa soprada para dentro, ou seja, comunicada aos escritores por Deus, por meio do seu Santo Espírito (Jo 14.26). Os escritores da Bíblia foram inspirados a escrever Sua Palavra, tocados profundamente, orientados na escolha e interpretação dos fatos (1 Co 2.13) (CHAVES, Gilmar; MAGNO, Jefferson. Autoridade Espiritual. Revista Lições da Palavra de Deus, n.33. Rio de Janeiro: Central Gospel, Ano 9, p.41). PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 12 Esboço da aula 1. A Bíblia é inspirada por Deus (Jr 1.9). A Bíblia é verdadeira, porque vem de Deus (Dt 4.2,5-14). As palavras do Antigo e do Novo Testamento foram inspiradas por Deus (2 Pe 1.20,21). 2. A Bíblia é o guia para o viver do cristão (Sl 78.5; Dt 4.40), pois: estabelece como os homens devem viver e desfrutar a vida (1 Rs 2.3; 1 Cr 28.8; Sl 119.32); é imprescindível para a formação do homem de Deus (Pv 2; 3.1-23); representa a mais alta autoridade em todos os assuntos para a Igreja (Sl 119.66,98; Pv 1.7). 3. A Bíblia é o livro dos pensamentos de Deus (Is 55.7-11). Deus e Sua Palavra são um (Jo 1.1). Deus e Sua Palavra são imutáveis (1 Pedro 1.24,25; Sl 33.10,11). A Escritura Sagrada, como a Palavra de Deus escrita, é perfeita (Sl 12.6; Sl 19.7- 10). A Palavra de Deus oferece soluções para todos os problemas da vida (Sl 111.10; Pv 8.14). 4. A Palavra de Deus: tem poder (Is 55.11; 1 Co 1.18; Hb 4.12); proporciona crescimento espiritual (1 Pe 2.2); forma discípulos de Jesus (Jo 8.31); faz-nos livres quando nós a conhecemos (Sl 119.45); produz fé (Rm 10.17); muda o pensamento e transforma as vidas dos que nela creem (Rm 12.1,2). 5. A Palavra de Deus fornece tudo que o cristão necessita para desenvolvimento da vida espiritual (Mt 4.4). A Palavra de Deus contém promessas para vida eterna (1 Pe 1.3,4). Deus se expressa através da Sua Palavra, trabalhando no coração e na mente dos cristãos (1 Ts 2.13). PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 13 A Trindade Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt 28.19). A natureza divina é uma unidade de três pessoas. Mas como Deus pode ser uno e trino ao mesmo tempo? A palavra Trindade não se encontra no texto bíblico, no entanto a doutrina da Trindade está revelada de forma clara na Palavra de Deus. O nosso Deus é uno, mas também trinitário, um único Deus que se manifesta em três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito Santo. Eles são iguais em substância, porém diferentes nas funções que exercem (CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de Educação Cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p.114,115). Esboço da aula 6. Os cristãos creem num único Deus (1 Co 8.6; 1Tm 1.17). “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6.4; Is 43.10-11; 44.8). Há somente um Deus verdadeiro. Todos os outros deuses e ídolos são falsos (Lv 26.1; Dt 32.21). 7. Um Deus que se expressa em três pessoas distintas (2 Co 13.13). No tempo da criação, Deus disse: “Façamos...” (Gn 1.26). Deus refere-se a si mesmo no plural (Gn 11.6,7; Is 6.8). A Trindade inclui: Deus, o Pai; Deus, o Filho; Deus, o Espírito Santo (Mt 28.19). As três pessoas divinas presentes de forma distinta (Lc 3.22). 8. A Bíblia refere-se a cada uma das três pessoas da Trindade como Deus (Jd 20,21). Deus é Deus (Êx 3.14). Jesus é Deus (Jo 1.1,14; 14.6-11; Is 9.6). O Espírito Santo é Deus (At 5.3,4). PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 14 APROFUNDAMENTOS DE ESTUDOS Leia, com atenção, o texto e responda às questões propostas, as quais visam ao desenvolvimento do seu aprendizado. Texto 1 - Quão verdadeira é a Bíblia? Desde o início da Igreja cristã até boa parte do século 18, a grande maioria dos cristãos de todas as denominações reconhecia que as Escrituras do Antigo e do Novo Testamento eram unicamente a Palavra de Deus. Nesses livros Deus fala. E porque Deus fala nas Escrituras – como não faz em nenhum outro lugar da mesma forma – todos os que alegavam ser cristãos reconheciam a Bíblia como uma autoridade divina trazendo a todos um conjunto de verdades objetivas que transcendem a compreensão subjetiva. Nesses livros, os atos de salvação de Deus na história são revelados a nós para que possamos crer. E os eventos dessa história são divinamente interpretados para que homens e mulheres possam entender o evangelho e responder a ele com inteligência, tanto em pensamentos como em ações. A Bíblia é a Palavra de Deus escrita. Como a Bíblia é a Palavra de Deus, as Escrituras do Antigo e do Novo Testamento têm autoridade e não falham. A visão dos primeiros 16 séculos Há muitas declarações que substanciam a existência desta visão estimada das Escrituras nos documentos da Igreja primitiva. Ireneu, que vivera em Lyon no início do segundo século [em Contra Heresias, II, xxvii, 1ª edição 1885], escreveu que “deveríamos estar plenamente convencidos de que as Escrituras são de fato perfeitas, uma vez que foram ditas pela Palavra de Deus e de Seu Espírito” (Roberts e Donaldson, p. 399). Cirilo de Jerusalém, que viveu no quarto século, disse: Nem mesmo uma declaração casual pode ser feita sem as Escrituras Sagradas; nem devemos ser levados para outro lado por meras possibilidades e artifícios do discurso […] Porque essa salvação na qual cremos não depende de argumentos ingênuos, porém da demonstração das Sagradas Escrituras. (Schaff e Wace, 1893, p. 23) Em carta a Jerônimo, o tradutor da Vulgata Latina, Agostinho revelou: Eu [...] acredito com firmeza que nenhum desses autores errou ao escrever qualquer coisa que fosse. Se porventura encontro algo nesses livros que pareça contrário à verdade, decido que o texto é ora corrompido, ora o tradutor não seguiu o que realmente foi dito, ou que eu falhei ao entender [...] Os livros canônicos são livres de falsidade. (Pais da Igreja, 1951, p. 392, 409) E em seu tratado Sobre a Trindade, Agostinho advertiu: Não se disponham a render-se a meus escritos como às Escrituras canônicas; porém nessas, quando vós tiverdes descoberto até mesmo o que vós outrora não críeis, crede sem hesitação. (Schaff, 1887, p. 56) PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 15 A mesma posição é mantida por Lutero. Alguns consideram que a referência de Lutero à Bíblia como “o berço de Cristo” provaria que ele acreditava numa revelação na Bíblia, não numa idêntica a ela, e que ele tinha as Escrituras em menor estima do que o Cristo da qual ela falava. Para alguns, isso significaria que nem toda a Bíblia é a Palavra de Deus. Contudo, isso não é correto. A expressão de Lutero, o berço de Cristo, ocorre no fim do terceiro parágrafo de seu Prefácio ao Antigo Testamento. E ali, como o falecido estudioso luterano J. TheodoreMueller demonstrou, Lutero estava na verdade defendendo o valor do Antigo Testamento para os cristãos. Longe de estar condenando as Escrituras, Lutero estava na verdade preocupado em “expressar sua mais reverente estima às Escrituras Sagradas, que oferecem aos homens a bênção suprema da salvação eterna em Cristo” (Cristianismo hoje, 24/10/1960, p. 11). O próprio Lutero disse em seu Prefácio ao Antigo Testamento: Rogo e de forma verdadeira exorto que cada Cristão piedoso não seja ofendido pela simplicidade da linguagem e das histórias que encontrará aqui no Antigo Testamento. Permita que ele não duvide que, por mais simples que possam parecer, são as próprias palavras, obras, julgamentos e atos da grande majestade, poder e sabedoria de Deus. (Plass, 1959, p. 71) Em Aquelas doutrinas de homens que devem ser rejeitadas, Lutero afirmou: As escrituras, embora tenham sido também escritas por homens, não são de homens nem vêm de homens, mas de Deus. (Plass, 1959, p. 63) Em Conversa de mesa, Lutero assinalou que: Precisamos diferenciar muito bem a Palavra de Deus da palavra de homens. A palavra do homem é um pequeno som, que ecoa pelo ar, e logo se esvai, entretanto a Palavra de Deus é maior que os céus e a terra, sim, maior que a morte e o inferno, pois faz parte do poder de Deus, e perdura para sempre. (Kerr, 1943, p. 10) Em alguns momentos, Calvino é ainda mais direto. Comentando sobre 2 Timóteo 3.16, o reformista de Genebra afirmou: Esse é o princípio que distingue nossa religião de todas as outras, pois sabemos que Deus falou conosco e estamos totalmente convencidos de que os profetas não falaram de si mesmos, todavia por intermédio do Espírito Santo, pronunciavam apenas aquilo que haviam sido comissionados para declarar. Todos aqueles que desejam beneficiar-se das Escrituras precisam primeiro aceitá-las como princípio estabelecido, a Lei e os ensinamentos dos profetas não são transmitidos ao bel-prazer de homens, ou elaborados a partir de doutrinas terrenas, foram escritos por homens, contudo inspiradas pelo Espírito Santo. Devemos às Escrituras a mesma reverência que devemos a Deus, uma vez que Ele é sua única fonte e não há nada de origem humana misturado a elas. (Calvino, 1964, p. 330) Em seus comentários de Salmos, Calvino falou da Bíblia como aquela regra certa e infalível (Sl 5.11). Em Um catecismo romano, John Wesley disse algo parecido: PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 16 A Escritura é, por isso, regra suficiente em si mesma, e foi por homens divinamente inspirados ao mesmo tempo entregue ao mundo. (Wesley, 1872, p. 90). Se houver erros na Bíblia, pode ser que haja milhares. Se houver falsidade nesse Livro, não veio do Deus da verdade. (Wesley, 1872, p.82) Nos séculos 16 e 17, a glória de Cristo resplandecia em todos os cristãos, em diversos lugares, apesar das diferenças do entendimento sobre teologia ou em questões sobre a Igreja. Naquela época, os cristãos eram fiéis às verdades bíblicas. As Sagradas Escrituras eram autoridade suprema e inerrante em todos os aspectos para os seguidores de Cristo. A Palavra podia ser negligenciada e até contestada, havendo discordância sobre o que o Livro realmente ensinava, no entanto, mesmo assim, a Bíblia era aceita como a Palavra de Deus. E essa era a única regra de fé e prática infalível dos cristãos. BOICE, James Montogomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p.62-64. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 17 Vocabulário Pais da Igreja Chamamos de Pais da Igreja alguns homens que viveram no período entre a segunda metade do primeiro século e o século oito, como por exemplo: Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Pápias, Policarpo, Atanásio e Agostinho. Esses homens representaram, ensinaram, defenderam e firmaram os conceitos da fé cristã, opondo- se às doutrinas heréticas que surgiram no seu tempo, e apascentaram a igreja da sua época, tornando-se ícones na história do cristianismo. De certa forma, podemos afirmar que, com os apóstolos, a Igreja deu seus primeiros passos e, com os Pais da Igreja, ela se desenvolveu. Com eles, a Igreja tornou-se uma instituição organizada, o Cânon bíblico foi estabelecido, assim como as doutrinas fundamentais da fé cristã e as primeiras formas de liturgia. Biografia Irineu Bispo de Lyon (França) foi considerado um dos Pais da Igreja e um grande defensor da ortodoxia bíblica ou Cristianismo Apostólico na Igreja Primitiva, pois combateu fortemente os falsos ensinos de grupos heréticos que se encontravam na igreja cristã da época. Nasceu em 130 d.C., na cidade de Esmirna (Ásia Menor). Ali, tornou-se discípulo de Policarpo, bispo da cidade, sendo influenciado por sua pregação. Após mudar-se para Gália (atual sul da França), residiu na cidade de Lyon, da qual tornou-se bispo. Com sua obra chamada Adversus Haereses (Contra as Heresias), combateu o gnosticismo, que teve seu início ainda no período apostólico. Morreu martirizado em Lyon, por volta do ano 200 d.C. Cirilo Nasceu na cidade de Jerusalém, por volta do ano 315. Em 345, foi ordenado sacerdote e, em 348, tornou-se o bispo da cidade, sucedendo Máximo III. Já no início de seu ministério, empenhou-se na catequese, ensino das doutrinas da igreja para aqueles que anseiam o batismo. Sua obra Catequeses é um registro escrito de suas pregações, anotadas por copistas anônimos, voltadas para a formação dos novos convertidos. Cirilo sofreu a oposição e a dura perseguição de Acácio, arcebispo de Cesareia, em função de suas diferentes posturas e posicionamentos teológicos, por isso foi exilado três vezes. Em 381, participou do Primeiro Concílio Ecumênico de Constantinopla, no qual sua jurisdição sobre Jerusalém foi retomada. Sua morte se deu por volta do ano 387. Jerônimo Natural de Veneza e oriundo de uma família rica cristã, Jerônimo (331-420), na adolescência, foi enviado para Roma, onde estudou gramática, retórica e filosofia. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 18 Jerônimo é considerado o mais erudito dos Pais da Igreja, demonstrava uma grande habilidade com as línguas grega, latina e hebraica. Numa de suas viagens de estudos, visitou a Antioquia e ali permaneceu adotando uma vida monástica. Durante esse período, aprendeu hebraico, a fim de estudar as Escrituras em seu original. Em 382, tornou-se secretário de Dâmaso, bispo de Roma, que lhe deu ordem para revisar o texto bíblico da tradução latina de acordo com o original hebraico. A Bíblia em latim foi o segundo maior acontecimento na história da tradução bíblica. Estudiosos acreditam que uma versão em latim já existia em 180 d.C. No quarto século d.C., o bispo Jerônimo deu início à tarefa de traduzir a Bíblia para o latim, usando versões latinas existentes e a Septuaginta. Em 385 d.C., ele se mudou para Belém, onde passou os 14 anos seguintes traduzindo a Bíblia hebraica para o latim. Durante o sexto e o sétimo séculos, os pais da Igreja deram prioridade à obra de Jerônimo dentre outras versões latinas existentes. Embora a palavra vulgata (que significa comum) fosse um termo anteriormente aplicado às versões latinas iniciais, a tradução de Jerônimo acabou ficando conhecida como a Vulgata. Gradualmente, a Vulgata latina se tornou a Bíblia oficial da Europa ocidental durante a Idade Média (Varughese, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p.371). Agostinho Filósofo, teólogo, bispo e doutor da Igreja, Agostinho nasceu no ano de 354, na cidade de Tagasta (Norte da África). Sua mãe, Mônica, era cristã e dedicou-se à formação e conversão de Agostinho à fé cristã. Aoconverter-se ao catolicismo, tornou-se um bispo e combateu as heresias do seu tempo. Considerado o maior teólogo do cristianismo ocidental, converteu-se após ler Romanos 13.13,14. Apesar de ter sido criado por uma mãe religiosa, o jovem Agostinho buscou uma vida de prazeres mundanos e males. Ele nos conta o que aconteceu certo dia, quando, profundamente angustiado com o poder do mal sobre sua vida, estava sentado no jardim de seu amigo e ex-aluno Alípio. Ouvi uma voz como de menino ou menina [...] vinda de uma casa vizinha, cantando e repetindo: “Pegue e leia; pegue e leia”. [...] Então, contendo minha enxurrada de lágrimas, levantei-me, interpretando aquilo de nenhuma outra maneira a não ser uma ordem do céu para que eu abrisse o livro e lesse o primeiro capítulo que visse [...]. Então, rapidamente, retornei ao lugar onde [...] colocara o livro dos apóstolos [...]. Tomei-o, abri-o e, em silêncio, li o parágrafo que meus olhos viram primeiro: Não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências (Rm 13.13b,14). Eu não prosseguiria com a leitura, nem precisaria disso. Instantaneamente, quando a frase terminou, uma luz de segurança, por assim dizer, infundiu em meu coração, e toda a sombra de dúvida desapareceu. Esse texto de Romanos 13.13-14 levou Agostinho à conversão aos 33 anos de idade (Varughese, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p.371). PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 19 Em Cartago, aprendeu a retórica. Ali, se converteu ao cristianismo e foi batizado em 387. Foi ordenado sacerdote em 391 e, cinco anos depois, consagrado bispo de Hipona. Até sua morte, em 430, Agostinho dedicou sua vida à administração episcopal, aos estudos e escrita de livros, sermões e cartas. As obras mais famosas de Agostinho são: Confissões, uma autobiografia, e De Civitate Dei, conhecida como A Cidade de Deus, na qual desenvolveu a crença da Igreja como a cidade espiritual de Deus distinta da cidade material do homem. Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564) foram personagens importantes da Reforma Protestante. Ambos defenderam o retorno à interpretação histórico-literária da Bíblia. Martinho Lutero Nascido na Alemanha, restaurou a ideia do sacerdócio de todos os cristãos, defendeu fortemente a doutrina da justificação pela fé na pessoa de Cristo e da autoridade da Palavra. Em 31 de outubro de 1517, afixou suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, falando contra a venda de indulgências, que propunha a remissão de pecados através das obras. João Calvino Foi o fundador da Igreja Protestante na França. Em 1533, tornou público o seu afastamento do Catolicismo Romano através de um discurso escrito, considerado herético pelos religiosos da época. Sua obra mais famosa a "Instituição da Religião Cristã", concluída em 1535, lhe rendeu grande prestígio. John Wesley Wesley era o 15º filho dos 19 filhos de Samuel e Susannah Wesley. Nasceu no ano de 1703 e foi educado pela sua mãe. Em 1709, escapou de um incêndio em sua casa, passando a ser conhecido como o tição tirado do fogo. Aos 17 anos, recebeu uma bolsa para estudar na Universidade de Oxford. Em 1728, Wesley foi ordenado ao ministério, ajudando seu pai numa paróquia perto de Epworth por dois anos. Ainda em Oxford, tornou-se líder do Clube Santo, nome pelo qual era conhecido o grupo de jovens estudantes que se reuniam para estudar a Bíblia, orar e realizar obras de ação social nas prisões e entre os pobres. Os membros do grupo foram apelidados de metodistas pelos demais estudantes, devido à característica metódica de suas atividades e reuniões. Em 24 de maio de 1738, John Wesley escreveu as seguintes palavras em seu diário: À noite, fui, muito a contragosto, a uma sociedade em Aldersgate Street, onde estavam lendo o Prefácio de Lutero à Epístola aos Romanos. Aproximadamente às quinze para as nove, enquanto ele descrevia a mudança que Deus opera no coração por meio da fé em Cristo, senti meu coração estranhamente aquecido. Senti que confiava em Cristo — somente em Cristo — para a salvação, e uma segurança me foi dada de que Ele tirara todos os meus pecados, os meus próprios pecados, e de que Ele me salvara da lei do pecado e da morte. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 20 Estudiosos wesleyanos relacionam o início do avivamento evangélico no século 18 a essa experiência de John Wesley (Varughese, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p.371). Após entrar em contato com a Igreja Morávia (originada do movimento pietista e fundada pelo Conde Nicolas Von Zinzendorf, juntamente com refugiados morávios, em 1727), cujos membros possuíam uma ampla visão missionária e exerceram grande influência em sua conversão, Wesley inicia seu ministério de pregador ao ar livre. John Wesley tinha 37 anos de idade quando começou a viajar e pregar, opondo-se veementemente às práticas e políticas imorais da sociedade inglesa. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 21 QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 1. Onde os atos da salvação de Deus na história são revelados? 2. Explique como se justifica a autoridade da Bíblia como a Palavra de Deus. 3. Qual a finalidade do registro das Escrituras Sagradas? 4. Qual é o significado da expressão de Martinho Lutero “o berço de Cristo”? 5. Explique o comentário de Calvino sobre 2 Timóteo 3.16. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 22 6. Qual foi o posicionamento dos pais da Igreja em relação às Escrituras Sagradas? PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 23 Texto 2 - A inspiração divina A inspiração divina desempenhou um papel ativo no recebimento e registro da revelação pelos escritores bíblicos da antiguidade. Muito embora não possamos explicar adequadamente o método e o processo de inspiração, as Escrituras testificam que Deus teve participação ativa em seu processo de escrita (2 Tm 3.16,17; 2 Pe 1.20,21). Alguns cristãos entendem a inspiração como se o texto bíblico tivesse sido ditado por Deus aos escritores da Bíblia (teoria da inspiração ditada). Teólogos evangélicos wesleyanos reconhecem o envolvimento ativo do Espírito Santo no processo de escrita das Escrituras (teoria da inspiração dinâmica). O Espírito Santo preparou os escritores bíblicos para receber e comunicar a revelação. Os escritores bíblicos receberam entendimento especial em relação às atividades de Deus na História, as quais eles interpretaram aos olhos de suas tradições de fé e comunicaram-nas por meio da escrita. A teoria dinâmica se concentra no real envolvimento do Espírito de Deus na vida e na obra desses escritores. Uma vez que o Espírito Santo é o Agente ativo na comunicação da revelação por meio das Escrituras, precisamos submeter-nos à autoridade e à direção do Espírito para o entendimento correto da Palavra de Deus. VARUGHESE, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p. 26 PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 24 QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 7. Qual a importância da doutrina da inspiração divina das Escrituras Sagradas para a Igreja? 8. Explique a diferença entre a teoria da inspiração ditada e a teoria da inspiração dinâmica. 9. Comoo Espírito Santo agiu sobre os escritores bíblicos para levá-los a escrever os livros da Bíblia? 10. Qual a única maneira de alcançar o entendimento correto da Palavra de Deus? PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 25 Texto 3 – A doutrina da Trindade Deus nos revelou um pouco de Sua complexidade na doutrina da Trindade. O que sabemos sobre ela só sabemos por causa da revelação de Deus na Bíblia, e mesmo assim não a conhecemos muito bem. Na verdade, tendemos tanto a cometer erros quando lidamos com esse assunto que precisamos ser extremamente cuidadosos, para não irmos além ou interpretarmos de forma errada o que encontramos na Escritura. O primeiro ponto a ser destacado é que os cristãos creem, tanto quanto os judeus, que só há um Deus. Os cristãos também creem na Trindade, e foram de modo errôneo acusados de crer em três deuses, o que seria uma forma de politeísmo. É verdade que os cristãos veem uma pluralidade na manifestação de Deus. No entanto, isso não é politeísmo. Cristãos, assim como judeus, são monoteístas, isto é, creem em um só Deus. Sendo assim, recitamos, como o judeu: Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. Deuteronômio 6.4-9 Nessa passagem, em linguagem mais clara, está o ensinamento de que Deus é um, e que isso deve ser conhecido por Seu povo, falado por ele e ensinado a seus filhos. A mesma verdade consta no Novo Testamento, que é unicamente cristão. Lemos que o ídolo nada é no mundo e que não há outro Deus, senão um só (1 Co 8.4). Somos lembrados do fato de que há um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos (Ef 4.6). Tiago declarou: Tu crês que há um só Deus? Fazes bem (Tg 2.19). Tem se argumentado que, já que os versículos 4 a 9 de Deuteronômio 6 começam com Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR, a Trindade estaria excluída. Contudo, nesse texto, a palavra para único é echad, que significa não um em isolamento, porém um em unidade. De fato, esse termo nunca é usado na Bíblia hebraica referindo-se a uma entidade singular. Ele é empregado para aludir a um cacho de uvas, por exemplo, ou para mostrar que o povo de Israel respondeu como um só povo. Após Deus ter criado uma esposa para Adão, este disse: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar- se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. Gênesis 2.23,24 PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 26 De novo, a palavra traduzida como uma é echad. Não se sugere que o homem e a mulher se transformariam em uma única pessoa, mas uma só carne; estariam unidos como um só. De modo semelhante, Deus é um Deus, entretanto se manifesta em três pessoas. Uma de nossas dificuldades é que não temos uma palavra adequada em nossa língua para expressar a natureza das diferentes existências dentro da Trindade. O melhor termo de que dispomos é pessoa, derivado da palavra latina persona, que significa a máscara que um ator usava quando representava um personagem num drama grego. Todavia, quando falamos em máscara, já nos desviamos do sentido que pretendemos, pois não devemos pensar nas três pessoas concernentes a Deus como uma forma pela qual Ele de vez em quando representa a si mesmo para os seres humanos. Esse erro em particular é conhecido como modalismo ou sabelianismo, originário do nome do homem que popularizou a ideia na história da Igreja em meados do terceiro século. A palavra mais usada na língua grega era homoousios, que literalmente significa um ser. No entanto, de novo, isso induz ao erro se começamos a pensar que há três seres distintos com naturezas diferentes dentro da Trindade. Calvino não gostava de nenhuma dessas palavras. Ele preferia o vocábulo subsistência. Contudo, mesmo sendo provavelmente bem escolhido, o termo não transmite muito significado à maioria dos leitores do nosso século. Na verdade, a palavra pessoa está adequada, enquanto entendemos o que queremos mostrar com ela. No discurso coloquial, a palavra denota um ser humano, portanto alguém que é um indivíduo único. Temos esse conceito em mente quando falamos de despersonalizar alguém. Todavia, esse não é o significado da palavra como é usada em teologia. O ser existe independente do corpo carnal. Podemos, por exemplo, perder um braço ou uma perna em um acidente, contudo ainda seremos a mesma pessoa com todas as marcas da personalidade. Além disso, pelo menos de acordo com o ensinamento cristão, mesmo quando morremos e nosso corpo entra em decomposição ainda somos pessoas, pois o espírito, no qual está a vida, é eterno. Então, estamos falando de um senso de existência que se expressa em conhecimento, sentimento e vontade. Assim, há três pessoas ou subsistências em Deus, cada uma com conhecimento, sentimento e vontade. Entretanto, mesmo considerando esse entendimento, saímos da percepção adequada, pois, no caso de Deus, conhecimento, sentimento e vontade de cada pessoa que compõe a Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo — são idênticos. BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 96-98. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 27 QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 11. Explique por que a doutrina da Trindade não pode ser considerada uma doutrina politeísta. 12. Leia Gn 2.23,24 e Dt 6.4-9. O que estes textos têm em comum? Como compreendemos a Trindade a partir deles? 13. Calvino utilizava o termo subsistência para expressar a natureza trinitária de Deus. Verifique o significado dessa palavra em um dicionário e explique como tal sentido nos ajuda a entender a Trindade. 14. Há três pessoas ou subsistências em Deus, cada uma com conhecimento, sentimento e vontade. Essa declaração é uma boa definição para a doutrina da Trindade? Justifique. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 28 AULA 2 A divindade de Jesus A missão de Jesus PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 29 MÓDULO 1 / CURSO 1 - FUNDAMENTOS DA FÉ AULA 2 – A DIVINDADE DE JESUS / A MISSÃO DE JESUS A Divindade de Jesus De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou- se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.5,11). Cristologia, como o nome indica, é o estudo da vida de Cristo,com vistas a definir a Sua pessoa e a Sua obra. Com relação à Sua pessoa, procura entender a Sua divindade no que diz respeito ao papel que desempenhou desde a eternidade e o período do Antigo Testamento até a encarnação. Tenta ainda explicar a união das naturezas divina e humana naquele que era reconhecido pelos que com Ele conviveram como Filho de Deus e Filho do homem (CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de Educação Cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p.121). Esboço da aula 1. A divindade de Jesus (Cl 1.17). A pré-existência de Jesus: Ele já existia como o Filho de Deus antes de ter nascido de Maria (Pv 30.4; Mq 5.2; Mt 2.6). Nasceu de uma virgem e é o Filho Eterno de Deus (Mt 1.18-25; Lc 1.31-35).O próprio Deus se fez carne (Jo 1.1,2,14). Jesus chamou a si mesmo pelo nome com o qual Deus se identificava no Antigo Testamento: “Eu Sou” (Jo 8.57,58; Êx 3.13,14). A divindade de Jesus é a verdade central do Cristianismo (Jo 8.23,24). PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 30 A Missão de Jesus Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância (Jo 10.10b). A Cristologia também estuda a obra de Jesus, porque a nossa salvação ou perdição depende de crermos ou não no Cristo crucificado (Jo 8.24; 1 Co 2.2). É fundamental, para quem se dedica ao ensino cristão, entender a importância da encarnação, morte e ressurreição de Cristo. Nestes tempos de antropocentrismo, mais do que nunca a doutrina de Cristo precisa ser evidenciada, pois a teologia que não for cristocêntrica não poderá declarar a plenitude dos ensinos bíblicos (CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de Educação Cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p.121). Afinal, como humanos, nós somos totalmente incapazes de nos redimirmos. Jesus veio ao mundo resgatar a humanidade; porque, separada de Deus, encontrava-se numa situação de decadência em razão do pecado. Esta é a essência do Cristianismo: Deus alcança a humanidade por seu infinito amor e redime aos que creem por meio do sacrifício do seu único Filho. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 31 Esboço da aula 2. Deus criou o homem a Sua própria imagem e semelhança (Gn 1.26,27). Ele os fez puros e santos, dando-lhes liberdade de escolha (Gn 2.15-17,25). 3. O pecado separou o homem de Deus (Is 59.2). Adão e Eva morreram espiritualmente ao se rebelarem contra a Palavra de Deus (Gn 3). O pecado de Adão e Eva atingiu o mundo todo. A humanidade está separada de Deus, vivendo num estado de decadência (Rm 5.12). Cada pessoa é culpada pelo seu pecado e está sujeita ao julgamento divino (Rm 3.19,23). 4. O Plano de Salvação: Jesus veio ao mundo para dar Sua vida como sacrifício pela humanidade, para conduzi-la de volta ao Pai (1 Co 15.21,22). Em Cristo há perdão de pecados e salvação da morte espiritual (Mt 26.28; At 10.43; Ef 1.7-14). Deus colocou os pecados dos homens sobre Jesus, caracterizando a morte de Cristo como morte substitutiva (2 Co 5.17-21). PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 32 APROFUNDAMENTOS DE ESTUDOS Leia, com atenção, o texto e responda às questões propostas, as quais visam ao desenvolvimento do seu aprendizado. Texto 1 – A Divindade de Cristo Cristo era humano, mas também divino, e as Escrituras dão testemunho inequívoco de Sua divindade. No Antigo Testamento, as profecias messiânicas apontam para um Ser divino, como lemos em Isaías 9.6: Um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Nenhum ser humano poderia ser chamado assim. No Novo Testamento, temos este testemunho nos Evangelhos: No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1.1). Nas Epístolas, encontramos várias declarações da divindade de Cristo, como esta, do apóstolo Paulo: Cristo, que é o Deus que governa todos, seja louvado para sempre! Amém! (Rm 9.5, NTLH). No Livro de Apocalipse, Cristo declara a respeito de si mesmo: Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, o Primeiro e o Derradeiro (22.13; cf. 1.8). Além do testemunho das Escrituras, estes fatos, entre outros, evidenciam a Sua divindade: Ele recebia adoração Os judeus sabiam que só Deus podia ser adorado, conforme o prescrito nos Dez Mandamentos (Êx 20.3-5). O próprio Jesus, no episódio da tentação no deserto, declarou: Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás (Lc 4.8). No entanto, Ele aceitava adoração (Jo 5.23; 9.38). Nem mesmo os anjos aceitavam adoração (Ap 19.10), e Jesus não o faria se não fosse divino. Ele era chamado Senhor Embora às vezes o termo senhor, com relação a Jesus, tenha sido empregado pelo povo apenas como forma respeitosa de tratamento, o Novo Testamento não deixa dúvidas de que Ele também era o Senhor divino, recebendo o mesmo título com o qual se designava o Iavé do Antigo Testamento. J. Rodman Williams observa: Há o fato ainda mais impressionante de que pelo título de Senhor — como em o Senhor Jesus Cristo — há um reconhecimento implícito de que ele é idêntico a Deus, pois sob o título há a transferência para Cristo de tudo o que se diz no AT a respeito do próprio Deus como o Senhor. Cristo é conhecido no NT como o Senhor contínuo e, portanto, Deus. (Williams, 2011, p. 275) Diante do Sinédrio, Jesus afirmou ser o Filho de Deus O próprio Cristo declarou a Sua divindade ao afirmar que era o Filho de Deus. Depois que Jesus foi preso, levaram-no ao Sinédrio, e o sumo sacerdote exigiu dele uma declaração: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. A PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 33 resposta de Jesus foi: Tu o disseste [expressão que é uma afirmativa]; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do Homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu (Mt 26.63,64; cf. Jo 10.36). Ele perdoava pecados O povo judeu tinha a convicção de que só Deus podia perdoar pecados (Sl 103.3), e Jesus surpreendeu a todos quando, diante de um paralítico, declarou: Filho, perdoados estão os teus pecados (Mc 2.5). A reação das pessoas à Sua volta foi imediata: Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? (v. 7). Em resposta, Jesus lhes deu a prova de que precisavam: Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, e toma o teu leito, e vai para tua casa. Marcos 2.10,11 O Novo Testamento não deixa dúvidas de que a Sua obra redentora é que nos garante o perdão dos pecados (Cl 1.13,14; Ef 2.1; Hb 10.12). CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de educação cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p. 125-127. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 34 Biografia J. Rodman Williams Dr. J. Rodman Williams (1918-2008), pastor presbiteriano, teólogo e educador, foi considerado o pai teológico do movimento de renovação carismática, do qual se originou a Teologia da Renovação. Foi ordenado pela Igreja Presbiteriana Unida (EUA) e, após dedicar-se ao ministério pastoral por alguns anos, passou a lecionar na Faculdade de Beloit (Beloit College) e no Seminário Teológico de Austin (Austin Theological Seminary). Através de pesquisas teológicas e de sua busca em oração, em 1965, Dr. Williams vivenciou uma experiência pentecostal e recebeu o batismo no Espírito Santo. A partir dessa experiência, tornou- se um personagem ativo e influente no crescimento do movimento carismático nadécada de 1960, chegando a assumir a presidência da Comunhão Carismática Presbiteriana Internacional (International Presbyterian Charismatic Communion). Em 1972, fundou e presidiu a Escola de Teologia Melodyland (Anaheim, Califórnia) e, em 1980, passou a fazer parte do corpo docente da Universidade Regent. Uma de suas obras mais importantes foi Teologia da Renovação (1988-1992), uma teologia sistemática completa de três volumes, a primeira publicada dentro de uma perspectiva carismática. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 35 QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 15. Leia e compare: Jo 3.13-18; Jo 5.17-24,30; Jo 8.48-59. Explique a divindade e a humanidade de Cristo com base nos textos destacados. 16. Que fatos evidenciam a divindade de Jesus? 17. Analise os textos bíblicos que fundamentam a resposta dada acima. TEXTOS FATOS Mt 8.2; 15.25 Mt 3.3; Mt 7.21-23 Mt 16.16,17 Mt 1.21; Lc 7.48-50; Jo 8.24; Hb 9.13-15 PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 36 Texto 2 – Apaziguando a ira de Deus Dividir os ofícios do Senhor Jesus Cristo nas categorias de Profeta, Sacerdote e Rei é, aparentemente, uma forma vantajosa de dar conta de Seu ministério em um capítulo inteligível. A desvantagem é que isso não mostra de maneira adequada como os vários ofícios se relacionam uns com os outros nem indica qual deles é o mais importante. De acordo com a Bíblia, o propósito de Jesus era morrer em nosso lugar (Mc 10.45), o que nos leva a uma discussão mais profunda sobre o significado de Seu sacrifício. Quando a questão em análise é a morte de Cristo, torna-se ainda mais difícil, para as pessoas da sociedade atual, aceitar o que foi feito por Ele na cruz como aspecto central de Seu ministério. Os conceitos bíblicos centrais para a compreensão desse tema são propiciação e redenção, mas cada um deles é, além de difícil, ofensivo para muitos. A propiciação se relaciona ao sacrifício, por meio do qual a ira de Deus contra o pecado é aplacada. A redenção, por sua vez, refere-se à libertação de um escravo. É fácil acreditar que Deus nos salva pagando um preço por nossa redenção? Isso não nos remete às ideias medievais que retratavam Cristo como preço do resgate pago pelo Pai ao diabo? É certo afirmar que o conceito de propiciação está fora de moda? Podemos realmente acreditar que a ira influencia, de algum modo, a questão da salvação? Se a resposta for sim, como pode ser que a morte de um homem, por mais significativa que seja, possa desviar o furor divino de nós? Essas são perguntas que precisamos ter em mente quando começamos a analisar a questão da morte de Cristo. É também relevante perguntar: “o que exatamente Sua morte conquistou? E como conquistou?” Para responder essas perguntas examinaremos, neste texto, a ideia da propiciação e, no próximo, a da redenção. Propiciação: o próprio Deus aplacando Sua ira A propiciação é um conceito pouco entendido, que tem a ver com sacrifícios, visto que se refere ao que Jesus conquistou junto a Deus com Sua morte. A redenção, por sua vez, está ligada ao que Cristo conquistou em relação a nós. Ao redimir-nos, o Cordeiro nos libertou da escravidão do pecado. Por outro lado, o foco da propiciação é Deus, de modo que podemos dizer: “Por meio de Sua morte, Jesus aplacou a ira do Pai contra o pecado e, assim, tornou possível ao Senhor ser propício ao Seu povo”. Isso requer, porém, uma explicação. Em primeiro lugar, precisamos observar que o conceito da propiciação pressupõe o conceito da ira divina. Se o pecado não provoca a ira de Deus, não há necessidade de propiciá-lo, o que faz com que o significado da morte de Cristo deva, portanto, ser expresso em outras categorias. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 37 Esse ponto chamaria a atenção de muitos pregadores modernos que argumentariam ser precisamente por essa razão que o termo não deve ser usado ou, se for, deve receber outro significado. Alguém poderia dizer: “Conseguimos entender, como a ideia da propiciação seria adequada ao paganismo, visto que, de acordo com essa linha de pensamento, considerava-se que Deus era caprichoso, ofendia-se com facilidade e, portanto, ficava com raiva frequentemente. Mas esse não é o retrato bíblico do Senhor. De acordo com a revelação cristã, Ele não está com raiva. Em vez disso, é amoroso e cheio de graça. Não é o Pai que está separado de nós por causa do nosso pecado, mas, na verdade, somos nós que estamos separados dele. Assim, não é Ele que deve ser propiciado, mas nós mesmos”. Os que fazem esse tipo de argumentação seguem uma das duas linhas de pensamento: ou rejeitam completamente a ideia de propiciação, considerando sua presença na Bíblia como um resquício pagão de uma maneira imperfeita de pensar sobre Deus, ou então interpretam o significado da palavra grega para propiciação não como a propiciação de Cristo da ira divina, mas sim como um encobrimento ou expiação de nossa culpa pelo Seu sacrifício. Em outras palavras, eles consideram a obra voltada diretamente ao homem em vez de em direção a Deus. A influência do falecido C. H. Dodd, de Cambridge, Inglaterra, acadêmico especialista nesse conceito, fez com que a palavra propiciação fosse traduzida como expiação nos textos relevantes da versão Revised Standard Version da Bíblia (Rm 3.25; Hb 2.17; 1 Jo 2.2; 4.10). Devemos apreciar a obra daqueles que fizeram distinção entre o conceito de propiciação pagão e o cristão, visto que, biblicamente, o Senhor não é caprichoso nem se ira facilmente, não sendo, portanto, um Deus a quem devemos propiciar, a fim de mantermo-nos sob Sua boa graça. Essa visão é totalmente oposta à posição cristã, já que, de acordo com ela, o Pai é visto como um Deus de graça e amor. Entretanto, por mais solidários que possamos ser com as preocupações desses acadêmicos, não podemos ignorar a amplitude da abrangência dessa questão. Primeiro, não podemos nos atrever a esquecer do que a Bíblia afirma sobre a justa ira divina contra o pecado, de acordo com a qual este será punido ou em Cristo ou na pessoa do pecador. Podemos sentir, devido a nossos preconceitos culturais particulares, que a ira e o amor do Senhor são incompatíveis. Porém, a Bíblia ensina que Deus é justiça e amor ao mesmo tempo. Além disso, Sua ira não é apenas um pequeno e insignificante elemento que, de alguma forma, está junto ao Seu muito mais significativo e incrível amor. Na verdade, a ira divina é o maior elemento que pode ser observado nas Escrituras, desde o julgamento de Deus contra o pecado no jardim do Éden até os cataclísmicos julgamentos finais registrados em Apocalipse. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 38 Segundo, embora a palavra propiciação seja usada em escritos bíblicos, ela não tem a mesma conotação que assume nos escritos pagãos. Em rituais pagãos, o sacrifício era o meio pelo qual as pessoas acalmavam uma divindade ofendida. No cristianismo, nunca são as pessoas que tomam a iniciativa ou fazem o sacrifício, mas o próprio Deus que, graças ao Seu grande amor pelos pecadores, providenciou o caminho pelo qual Sua ira contra o pecado pudesse ser desviada. Além disso, Ele mesmo é o caminho – em Jesus. Essa é a verdadeira explicação do fato do Senhor nunca ser o objeto explícito da propiciação nos escritos bíblicos. Ele não é mencionado como o objeto dela porque é, também, Seu sujeito, função muito mais importante. Em outras palavras, o próprio Deus aplaca Sua ira contra o pecado para que Seu amor possa receber e salvar os pecadores. A ideia da propiciação é mais claramenteobservada no sistema sacrificial do Antigo Testamento, já que, por meio do mesmo, Deus ensinou o caminho pelo qual os pecadores poderiam aproximar-se dele. O pecado implica a morte, como foi assinalado anteriormente. Contudo, os sacrifícios ensinam que há uma maneira de escapar dela e de aproximar-se de Deus. Outro pode morrer no lugar do pecador. Isso pode parecer assustador, até mesmo imoral, como alguns tem injustamente afirmado, mas é isso que o sistema sacrificial ensina. Desse modo, o indivíduo israelita era instruído a realizar sacrifícios toda vez que se aproximava de Deus. A família deveria matar e consumir um animal em observância anual à Páscoa, e a nação deveria ser representada anualmente pelo sumo sacerdote no Dia da Expiação, quando o sangue da oferta seria aspergido sobre o propiciatório da arca da aliança dentro do Santo dos Santos do templo judaico. Ao final desse processo, Jesus surgiu como a oferta que tiraria o pecado do mundo (Jo 1.29). A progressão é essa: um sacrifício por uma pessoa, por uma família, por uma nação, pelo mundo. O caminho para a presença de Deus está, agora, aberto a qualquer um que queira vir ao Senhor, fato simbolizado, na morte de Cristo, pelo rasgar do véu que separava o Santo dos Santos do resto do templo. BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 270-272. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 39 Biografia C. H. Dodd Nascido em 07 de abril de 1884, no País de Gales (Reino Unido), Charles Harold Dodd foi um teólogo protestante e um estudioso do Novo Testamento. Dodd estudou na Universidade de Oxford e, depois de formado, foi para Berlim (Alemanha), onde recebeu a influência de Adolf Harnack, teólogo alemão e historiador do Cristianismo. Ele ficou conhecido pela sua teoria chamada escatologia realizada, que trouxe uma nova perspectiva sobre as referências que Jesus fez acerca do Reino de Deus, atribuindo-lhes um significado presente, em vez de uma conotação escatológica futura. Foi ordenado ministro Congregacional, em 1912. Terminou sua carreira como professor de teologia na Universidade de Oxford (1915), Manchester (1930) e Cambridge (1935). A partir de 1950, dirigiu o grupo de tradutores da Nova Bíblia em Inglês (The New English Bible). Faleceu em 21 de setembro de 1973. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 40 QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 18. Por que a questão da propiciação é um problema para a sociedade atual? 19. Com suas palavras, explique o conceito de propiciação. 20. No texto, encontramos a seguinte afirmação: A Bíblia ensina que Deus é justiça e amor ao mesmo tempo. Como podemos explicar isso? 21. Diferencie o significado do termo propiciação na cultura cristã da sua conotação no paganismo. 22. Todo israelita deveria realizar um sacrifício ao aproximar-se de Deus. Houve um sacrifício que substituiu todos, durante a observância anual da Páscoa. Que sacrifício foi esse e quem foi a oferta? PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 41 23. Como se deu a progressão do sistema sacrificial? 24. Segundo o texto de abertura A Missão de Jesus, responda: nesses tempos de antropocentrismo, o ser humano terá alguma possibilidade de redimir a si mesmo? Escreva o que você entendeu a respeito da essência do Cristianismo. PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 42 Texto 3 – Integralmente pago As palavras redenção e Redentor estão entre as mais preciosas do vocabulário cristão, embora não sejam as mais usadas quando falamos do ministério de Cristo, visto que é mais comum referirmo-nos a Ele como Salvador e, muitas vezes, como Senhor. Mas essas palavras falam-nos diretamente sobre o que Jesus Cristo fez para a nossa salvação e qual foi o custo para que Ele o fizesse. No início deste século, B. B. Warfield fez um discurso para os alunos novos no qual chamava a atenção para o fato de o título Redentor transmitir uma revelação profunda. Ele escreveu assim: A palavra Redentor não apenas expressa que recebemos a salvação de Jesus, mas também reflete nossa apreciação pelo preço que lhe custou alcançá-la para nós. Denomina, especificamente, o Cristo da cruz. Sempre que a pronunciamos, visualizamos a cruz diante de nossos olhos, e nosso coração é inundado com a preciosa lembrança de que não apenas Cristo nos deu a salvação, mas de que Ele pagou um alto preço por ela (Warfield, 1970, p. 325). Resgatar: alforriar O estudo lexical de resgatar não nos dá um significado teológico amplo. De qualquer forma, voltamo-nos agora para as três doutrinas cruciais inerentes a ele. A primeira doutrina diz respeito ao estado original do homem que não tinha pecado. Nesse estado, o primeiro homem e a primeira mulher eram livres, com uma liberdade própria dos seres criados. Eles estavam em comunhão com Deus. Redenção significa que devemos ser comprados e levados de volta ao estado no qual estávamos antes disso. Aqui, é claro, o cristianismo contraria a opinião dominante do homem em nossos dias: a de que ele está galgando gradualmente seu caminho, a partir de um começo menos perfeito ou até mesmo impessoal. A popularidade dessa visão contemporânea reside na ausência de culpa pelo pecado cometido, que nos leva a crer que a humanidade é para ser louvada sendo, na verdade, salvadora de si mesma. Por outro lado, a visão bíblica acerca do significado da palavra redenção, assim como de outros termos, é que, de fato, decaímos de um estado melhor e, então, somos culpados, daí nossa necessidade de um Salvador. Na verdade, nossa culpa é tão grande e tão imensa nossa queda que nenhum outro, a não ser Deus, pode salvar-nos. A segunda maior doutrina relacionada à ideia bíblica de redenção é a Queda, como já foi sugerido. Existe um paralelo entre as formas pelas quais uma pessoa poderia tornar-se escrava antigamente e como, na Bíblia, alguém pode ser considerado escravo do pecado. [...] Na Antiguidade, era possível nascer escravo. Da mesma forma, está escrito que todos, desde Adão, nasceram no pecado. Davi escreveu: Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe (Sl 51.5). PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL 43 Davi não quis dizer que a mãe dele estava vivendo em pecado quando o concebeu ou que havia algo errado em relação ao ato da concepção em si. Ele quis dizer que nunca houve um momento em sua existência em que estivesse livre do pecado, visto que herdou essa natureza pecaminosa de seus pais, assim como eles a herdaram dos pais deles. Além disso, um indivíduo poderia tornar-se escravo ao ser conquistado, e a Bíblia se refere às pessoas dominadas pelo pecado. Davi escreveu sobre pecados intencionais e orou para que estes não tivessem domínio sobre ele (Sl 19.13). A última possibilidade, de tornar-se escravo por causa de dívidas, é sugerida por Romanos 6.23a, texto no qual está escrito que o salário do pecado é a morte. A expressão não significa que o pecado é recompensado, a não ser de forma irônica, mas sim que este é uma dívida que apenas a morte do pecador pode pagar. Os conceitos de um estado original perfeito e uma subsequente queda são importantes para a ideia expressa pela palavra redenção, mas ainda não representam a ideia principal. O cerne da questão está na terceira doutrina chave relacionada à redenção. Embora tenhamos caído em desesperadora escravidão por causa
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