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TTeeoollooggiiaa Módulo II Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas Sumário Unidade 3 – Deus e a Criação .......................................................................................4 3.1 – Teologia da Santíssima Trindade ......................................................................4 3.2 – Teologia do batismo e da confirmação............................................................ 12 3.3 – Direito canônico ............................................................................................. 16 3.4 – Teologia e espiritualidade............................................................................... 22 Unidade 4 – Conhecendo as Religiões......................................................................... 25 4.1 – Religiões ocidentais........................................................................................ 25 4.2 – Religiões orientais .......................................................................................... 34 4.3 – Paganismo ...................................................................................................... 42 Unidade 5 – Complementação Filosófica .................................................................... 47 5.1 – Teoria do conhecimento ................................................................................. 47 5.2 – Antropologia teológica ................................................................................... 54 5.3 – Antropologia filosófica ................................................................................... 57 5.4 – Metafísica....................................................................................................... 59 Encerramento.............................................................................................................. 69 Bibliografia ................................................................................................................ 70 4 Unidade 3 – Deus e a Criação Olá! Nesta unidade abordaremos a questão de Deus e a criação do cosmos. Analisaremos a teologia da santíssima trindade, bem como as teologias do batismo e da confirmação. Posteriormente trataremos do direito canônico e seus desdobramentos no campo teológico. Também abordaremos pormenorizadamente a tênue relação entre a espiritualidade e a teologia. Bom curso! 3.1 – Teologia da Santíssima Trindade A doutrina cristã da Santíssima Trindade define Deus como três entidades divinas: � o Pai; � o Filho (Jesus Cristo); � e o Espírito Santo. As três entidades são distintas, mas são uma única substância essencial. A Santíssima Trindade é considerada um mistério da fé cristã. De acordo com esta doutrina, não há um só Deus em três pessoas. Cada pessoa é Deus, todo por inteiro. 5 Elas são distintas umas da outras em suas relações de origem: como o IV Concílio de Latrão, declarou: "é o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede". Embora distintas em suas relações, essas entidades são únicas em tudo. Todo o trabalho de criação e de graça é uma operação única e comum a todas as três pessoas divinas que, ao mesmo tempo, operam de acordo com suas propriedades únicas, de modo que todas as coisas são do Pai, pelo Filho e no Espírito Santo. As três pessoas são co-iguais, co-eternas e cosubstanciais. O Trinitarianismo (uma divindade em três pessoas) contrasta com posições que incluem o Binarismo, ou seja, uma divindade em duas pessoas, ou duas divindades, e o Unitarismo que refere-se a uma divindade em uma pessoa, análoga à interpretação judaica do Shemá e crença muçulmana no Tawhid, e ao Modalismo que refere-se a uma divindade manifestada em três aspectos distintos, e por fim o social trinitarianismo, que concebe a Santíssima Trindade como três pessoas unidas pelo amor mútuo. O "Escudo da Santíssima Trindade" ou "Scutum Fidei", diagrama do simbolismo ocidental cristão tradicional é o simbolo da santíssima trindade. Em português a palavra Trindade é derivado do latim Trinitas, ou seja, "o número três, uma tríade". Também pode ser derivada da palavra correspondente em grego, Τριάς, ou seja, "um conjunto de três" ou "número três". O primeiro registro do uso desta palavra grega na teologia cristã (embora não sobre a Trindade Divina) foi de Teófilo de Antioquia, em cerca de 170. Ele escreveu: "De igual maneira também os três dias que foram antes dos luminares, são tipos da Trindade [Τριάδος], de Deus e Sua Palavra, e Sua sabedoria. E o quarto é o tipo de homem, que precisa de luz, que por isso não pode ser Deus, a Palavra, a sabedoria, o homem ". 6 Tertuliano, um teólogo latino que viveu no início do século III, é creditado com o uso das palavras "Trindade", "pessoa" e "substância", para explicar que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são "um em essência e não uma Pessoa ". Cerca de um século mais tarde, em 325, o Concílio de Nicéia estabeleceu a doutrina da Trindade como ortodoxia e adotou o Credo de Nicéia, que descreveu Cristo como: "Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus, gerado, não criado, sendo de uma substância como o Pai ". Na doutrina da Santíssima Trindade, cada pessoa é entendida como sendo a essência idêntica ou a natureza de Deus e não apenas semelhantes fisicamente. A figura de Cristo, pode-se dizer, dominou as discussões teológicas e conselhos da igreja até o final do século VII, que resultou nos credos de Nicéia e de Constantinopla, bem como a declaração cristológica da dogmática “Epístola de Leão I Flavianus”, e na condenação do pluriteísmo (acreditar em vários deuses). A partir desses conselhos, as seguintes doutrinas cristológicas foram condenadas como heresias: Ebionismo É o nome de uma das ramificações do cristianismo primitivo, que pregava que Jesus de Nazaré não teria vindo abolir o Torá, como prega a doutrina apostólica. Desta forma, pregavam que tanto os judeus como os convertidos deveriam seguir os mandamentos do santo Torá, o que levou a um choque com outras ramificações do cristianismo e do judaísmo. Docetismo Palavra oriunda do grego δοκέω [dokeō], "para parecer", é o nome dado a uma doutrina cristã do século II, considerada herética pela igreja primitiva. Antecedente do 7 gnosticismo, defendia que o corpo de Jesus Cristo era uma ilusão e que sua crucificação teria sido apenas aparente. Basilidianismo Foi considerado herético, nomeado por Tertuliano no século VII, em sua obra “Contra todas as heresias”, ratificado pela igreja de Roma e relegado a categoria de demônio pelos teólogos demonólogos católicos ulteriores. Sabelianismo No cristianismo, o sabelianismo (também conhecido como modalismo, patripassianismo, monarquianismo modalista ou monarquianismo modal) é a crença não-trinitária de que o Deus Pai, Deus Filho e o Espírito Santo são diferentes "modos" ou "aspectos" de um Deus único percebido pelo crente, ao invés de três pessoas distintas de Deus. O termo sabelianismo deriva de Sabélio, um padre e teólogo do século III d.C., e defensor da tese. Ele foi um discípulo de Noeto, motivo pelo qual os seguidores desta crença são chamados nasfontes históricas de Noecianos. Arianismo O arianismo foi uma visão cristológica sustentada pelos seguidores de Arius, presbítero de Alexandria nos primeiros tempos da igreja primitiva, que negava a existência da cosubstancialidade entre Jesus e Deus que os igualasse, fazendo do Cristo a figura mais importante das escrituras sagradas, depois de Deus. Jesus então, neste sentido, seria subordinado a Deus, e não o próprio Deus. Segundo Ário só existe um Deus, e Jesus é seu filho e não o próprio. Ao mesmo tempo afirmava que Deus seria um grande eterno mistério, oculto em si mesmo e que nenhuma criatura conseguiria revelá-lo, visto que Ele não pode revelar a si mesmo. 8 Apolinarianismo Foi proposto por Apolinário de Laodicéia, falecido em 390 d.C., nessa concepção Jesus não poderia ter tido uma mente humana, mas sim, tinha um corpo humano, a alma inferior e uma mente divina. Nestorianismo Nestorianismo é uma doutrina cristológica proposta por Nestório, Patriarca de Constantinopla (428 – 431 d.C.). A doutrina que foi formada durante os estudos de Nestório sob Teodoro de Mopsuéstia, na Escola de Antioquia, enfatiza a desunião entre as naturezas humana e divina de Jesus. Os ensinamentos de Nestório o colocaram em conflito com alguns dos mais proeminentes líderes da igreja antiga, principalmente Cirilo de Alexandria, que o criticou particularmente por negar o título Theotokos ("Mãe de Deus") para a Virgem Maria. Nestório e seus ensinamentos foram condenados como heréticos no Primeiro Concílio de Éfeso em 431 d.C., e no Concílio de Calcedônia em 451 d.C., o que acabou por provocar uma intriga religiosa. Monofisismo Trata-se da posição cristológica de que Cristo tinha apenas uma natureza. É uma visão contrária à calcedoniana, que afirma que Cristo manteve suas duas naturezas. O monofisismo sempre foi considerado herético pela igreja ocidental e pela maior parte da igreja oriental. 9 Monotelismo O monotelismo foi uma heresia surgida na Igreja Católica Ortodoxa, quando a teologia cristológica ainda possuía muitos adeptos de correntes distintas. Opôs-se ao nestorianismo que afirmava haver em Jesus Cristo duas pessoas, a divina e a humana, o que foi condenado pelo Concílio de Éfeso, em 431 d.C. Eutiques, arquimandrita de um mosteiro de Constantinopla, defendeu que havendo uma só pessoa em Jesus Cristo, também deveria haver uma só natureza, admitindo que a humana fora absorvida pela divina. O fato é que desde o início do século III, a doutrina da Trindade declarava que: “o único Deus existe em três pessoas e uma substância, Pai, Filho e Espírito Santo". Trinitarianismo, crença na Trindade, é uma marca do catolicismo romano, Ortodoxia Oriental e Ocidental, bem como das "tradições posteriores" decorrentes da Reforma Protestante, como o Anglicanismo, Batista, Metodista, o Luteranismo e Presbiterianismo. O Dicionário da Igreja Cristã descreve a Santíssima Trindade como "o dogma central da teologia cristã". Referências à Santíssima Trindade A mais antiga representação conhecida da Santíssima Trindade, está no Sarcófago Dogmático, de 350 d.C, no Vaticano. Alguns versos bíblicos fazem referência ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como entidades distintas em uma única narrativa. Os trinitarianos interpretam estas passagens como suporte para a noção de Trindade, porque esses versos falam de entidades distintas mencionados pelo nome, e não propriamente da Santíssima Trindade. 10 Já os não-trinitarianos também recorrem a estes versos, para apoiar o argumento de que a Trindade não foi prevista no momento da sua autoria. Tomemos como base a seguinte passagem: – "Assim que Jesus Cristo foi batizado, ele subiu para fora da água. Naquele momento o céu se abri, e ele viu o Espírito de Deus descendo como uma pomba e pousando sobre ele. Então uma voz dos céus disse: 'Este é o meu Filho, a quem eu amo, com ele estou bem satisfeito”. [Mt 3:16-17] [Mc 1:10-11] [Lucas 03:22] [João 1:32]; – "O anjo respondeu e disse-lhe: O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai ofuscar você, e por essa razão a Criança Santa será chamada Filho de Deus”. [Lucas 1: 35]; – "Quanto mais, então, o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, para que possamos servir ao Deus vivo!" [Hebreus 9:14 ]; – "Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus em pé à mão direita de Deus." [Atos 7:55]; O capítulo oitavo da carta de Paulo aos Romanos, que contém muitas fórmulas complexas da relação entre Deus, Cristo e o Espírito, diz: 11 – "o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos”, [Rm 8:11], "todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” [8:14- 17], e "o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus”. [8:26-27] Alguns versos também referenciam o Pai, o Filho e o Espírito Santo, como parte de uma fórma única, que os trinitarianos veem como suporte de uma Trindade, embora não explicitamente declarada. Observe no fragmento abaixo: – "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. [Mt 28:19] – "A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós”. [2 Coríntios 13:14] Como observamos, muitos textos da bíblia são passíveis de interpretações diversas. Os trinitarianos concebem-na como o maior indício da existência da Santíssima Trindade. Os não-trinitarianos, em seu turno, também encontram nas sagradas escrituras argumentos que fundamentam seu ponto de vista. O fato é que no campo teológico, este tema ainda suscinta muitas dúvidas. 12 3.2 – Teologia do batismo e da confirmação A palavra “batismo” vem do grego, e trata- se do substantivo “βάπτισµα” batisma; termo derivado de βαπτισµός batismos, lavar. É um rito cristão de admissão ou adoção, quase sempre com o uso de água, na igreja cristã e também em outras tradições religiosas. O batismo tem sido chamado de sacramento, trata-se de uma ordenança de Jesus Cristo. Em algumas tradições, o batismo é uma forma de transição. Em igrejas evangélicas o batismo não ocorre nos primeiros meses de vida, como na igreja católica, contudo ambas concebem esse rito como uma forma de purificação. Os relatos do Novo Testamento dizem que Jesus foi batizado. A forma usual de batismo entre os primeiros cristãos consistia no fiel nu e totalmente, ou parcialmente, submerso em água. João Batista, em um rio profundo, batizou Jesus em imersão. A evidência pictórica e arqueológica do batismo cristão aparece a partir do século III, e indica que era usual ter o fiel na água, enquanto a água era derramada sobre a parte superior do corpo. Outras formas comuns de batismo, agora em uso, incluem água vertendo três vezes na testa. O martírio foi identificado no início da história da Igreja como "batismo de sangue", permitindo mártires que não tinham sido batizados com água serem salvos. 13 Mais tarde, a igreja católica identificou um batismo de desejo, em razão daqueles que se prepararam para o batismo e morrem antes de receber o sacramento, portanto, são considerados salvos. Como é evidenciado também na prática cristã do batismo infantil, o batismo foi universalmente visto pelos cristãos como algo necessário para a salvação. Hoje, alguns cristãos, nãoveem o batismo como necessário e não praticam o rito. Entre os que o realizam o batismo, as diferenças podem ser encontradas na forma e no modo de batizar, bem como na compreensão do significado do rito. A maioria dos cristãos batiza: "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". No entanto, alguns batizam em nome de Jesus apenas, na maioria dos ritos cristãos. Aliás, muitos outros religiosos sustentam que somente o batismo cristão é verdadeiro. Alguns insistem na submersão ou imersão pelo menos parcial da pessoa a ser batizada, outros consideram que qualquer forma de lavagem por água, desde que a água flua sobre a cabeça, é suficiente. O batismo também tem sido usado para se referir a qualquer cerimônia, julgamento, ou a uma experiência pela qual uma pessoa é iniciada, purificada, ou nomeada. A confirmação (crisma) A confirmação é um dos sete sacramentos, através dos quais passam os católicos no processo de sua formação religiosa. Segundo a doutrina católica, neste sacramento, eles recebem o Espírito Santo e tornam-se membros da igreja católica. Trata-se de um selo espiritual, de um espírito de sabedoria e entendimento; espírito de conselho e de fortaleza; espírito de ciência e de piedade; o Espírito do santo temor na presença de Deus. 14 Deus Pai escolheu-nos com o seu sinal. Cristo, o Senhor confirmou-nos e colocou-nos em sua promessa, o Espírito, em seu coração. A maioria dos católicos acredita que a confirmação é baseada em precedentes bíblicos. Quando os apóstolos em Jerusalém, ouvindo que Samaria havia aceitado a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João, que desceram e oraram por eles, para que recebessem o Espírito Santo, uma vez que ainda não havia descido sobre nenhum deles, e só tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus. Então impuseram as mãos sobre eles, e receberam o Espírito Santo. A Igreja Ocidental No rito latino (ou seja, na Ocidental Igreja Católica), o sacramento deve ser conferido aos fiéis em torno da idade de apreciação, geralmente considerado como sendo à cerca dos 7 anos, mas a maioria das pessoas é confirmada em idades entre 14 e 15 anos, a menos que a Conferência Episcopal decida uma idade diferente, bem como se houver perigo de morte. O número de Conferências Episcopais que visam estabelecer uma idade mais avançada, tem aumentado nas últimas décadas e de acordo com seu regimento, um bispo não pode recusar-se a conferir o sacramento em crianças mais jovens que o solicitem. O sacramento é costumeiramente conferido somente a pessoas com idade suficiente para compreendê-lo, e o ministro ordinário da Confirmação é o Bispo. Só por um motivo grave, pode o bispo diocesano delegar um padre para administrar o sacramento (cânone 884, do Código de Direito Canônico, do qual trataremos adiante). No entanto, um sacerdote pode conferir o sacramento quando ele batiza alguém que não é mais um bebê, ou determina uma pessoa já batizada pela comunhão plena e pelo conhecimento, ou se a pessoa (adulto ou criança) para ser confirmada está em perigo de morte (cânon 883). 15 Sacerdotes, normalmente, administram o sacramento aos adultos durante a vigília pascal. É a conclusão do Rito de Iniciação Cristã de Adultos. Sacerdotes costumam pedir e recebem permissão para esta ocasião (Canon 882-888). Idade para a confirmação No início da Igreja, durante a Idade Média, a confirmação foi intimamente ligada com o batismo e foi muitas vezes realizado em crianças antes de seu primeiro aniversário. Como o batismo, a confirmação foi um ato para o qual os pais foram responsabilizados. O fato é que a confirmação se tornou um rito muito mais importante, quando preocupações sobre a compreensão e fé cresceram, nomeadamente, na sequência da Reforma. A idade da razão é definida pela Igreja como: "O período da vida humana no qual as pessoas são consideradas aptas para começar a ser moralmente responsáveis". As crianças sempre foram admitidas aos sacramentos de Penitência e de Comunhão, em torno da idade de sete anos. Entretanto, quando se trata de Confirmação, a lei dá grande latitude aos bispos, que são livres para determinar que uma idade mais avançada é mais adequada para a recepção do sacramento. Após o Concílio Vaticano II, a exigência tem sido para os católicos, receber a Confirmação entre o sexto e o décimo ano de vida, como podemos observar em escolas de catecismo. 16 3.3 – Direito canônico O direito canônico é o corpo de leis e regulamentos feitos ou adotados pela autoridade eclesiástica (liderança da Igreja), para o governo da organização cristã e seus membros. É a lei interna que rege eclesiasticamente a igreja Católica. A maneira como a lei da Igreja foi legislada, interpretada e às vezes adjudicada varia muito entre estes três corpos de igrejas. Isto é, autoridades eclesiásticas, governo e membros da igreja. Em todas as três tradições, um cânone era originalmente uma regra adotada por um conselho, estes cânones formaram a base do direito canônico. 17 Etimologia da palavra Grego kanon / κανών; árabe Qanon / قانون, ; hebraico kaneh / קנה, "em linha reta", uma regra, código, norma ou medida, o significado que aparece em todas as línguas é "cana". Os Cânones Apostólicos ou Cânones Eclesiásticos dos Apóstolos referem-se a uma coleção de antigos decretos eclesiásticos. A Igreja Católica reivindica que o direito canônico é o mais antigo do sistema jurídico interno na Europa Ocidental. Fora criado posteriormente às leis romanas, mas antecedendo a evolução das modernas tradições europeias de direito civil. O que começou com regras ("cânones") adotadas pelos apóstolos no Concílio de Jerusalém, no primeiro século, se desenvolveu em um sistema altamente complexo, não apenas em relação às normas do Novo Testamento, mas alguns elementos do hebraico do Antigo Testamento. Na igreja romana, as leis eclesiásticas com base em uma divina e imutável lei natural, ou em uma lei meramente circunstancial e mutável, delegaram uma autoridade formal ao papa. Este por sua vez, possuía a totalidade do legislativo, executivo e o poder judicial em sua pessoa. O material real dos cânones não é apenas doutrinário ou moral, usa a natureza como fundamento, mas abrangente aspectos da condição humana. Na igreja primitiva, os cânones foram decretados pelos bispos reunidos em ecumênicos conselhos, onde o imperador convocava todos os bispos do mundo, para assistirem o reconhecimento do bispo de Roma. Com o tempo, esses cânones foram suplementados com decretais dos bispos de Roma, que eram respostas máximas às dúvidas ou aos problemas de acordo com a máxima: "Roma locuta est, Causa finita est", em português “Roma falou, o caso está encerrado". 18 Mais tarde, eles foram reunidos em coleções, tanto não-oficiais e oficiais. A primeira coleção verdadeiramente sistemática foi montada pelo monge camaldulense Graciano, no século XI, conhecido como a “Gratiani Decretum” ("Decreto de Graciano"). Papa Gregório IX é creditado com a promulgação da primeira coleção oficial de cânones chamado “Decretalia Gregorii Noni’ ou “Liber Extra” (1234). Este texto foi seguido pelo Sextus Liber (1298), de Boniface VIII; e “Clementins” (1317), de Clemente V. Todos, de certa forma, seguiam a mesma estrutura do primeiro mencionado. Todas essas coleções, com o “Gratiani Decretum”, são referidas em conjunto como o Corpus Juris Canonici. Após a conclusão do Corpus Juris Canonici, a legislação papal subsequênte foi publicada em volumes periódicoschamados “Bullaria”. Por volta do século XIX, este corpo de legislação incluiu cerca de 10.000 normas. Muitas eram difíceis de conciliar com as outras, devido a alterações nas circunstâncias e na prática das mesmas. Esta situação impulsionou o Papa São Pio X a pedir a criação do primeiro Código de Direito Canônico, um único volume de leis claramente definidos. Sob a égide do Cardeal Gasparri Pietro, a Comissão para a Codificação do Direito Canônico foi concluída por Bento XV, que promulgou o Código, em vigor em 1918. A obra pode ter sido iniciada por Pio X, às vezes sendo chamada de "Código Pio-Beneditino", porém mais frequentemente a chamam de “Código de 1917”. Na sua preparação, séculos de materiais foram examinados, criteriosamente estudados por especialistas, acerca de sua autenticidade. 19 Código de direito canônico de 1917 Papa João XXIII, por meio de um Concílio Ecumênico, realizou o Código de 1917. Após o Segundo Concílio Ecumênico do Vaticano (Vaticano II), em 1965, tornou-se evidente que o Código precisava ser revisto à luz dos documentos de teologia do Concílio Vaticano II. Depois de vários rascunhos e muitos anos de discussão, o Papa João Paulo II promulgou o novo Código de Direito Canônico, em 1983. Contendo 1.752 cânones, é a lei atualmente obrigatória para a Igreja latina romana ocidental. O Direito Canônico das Igrejas Católicas Orientais que havia sido desenvolvido com algumas disciplinas e práticas diferentes, passou por seu próprio processo de codificação, o que resultou no Código dos Cânones das Igrejas Orientais, promulgadas em 1990, pelo Papa João Paulo II. As instituições e práticas do direito canônico caminham paralelamente com o desenvolvimento legal de grande parte da Europa e, consequentemente, tanto o direito moderno civil quanto o direito comum suportam as influências do direito canônico. Edson Luiz Sampel, um especialista brasileiro em Direito Canônico, diz que no direito canônico está contido a gênese de vários institutos do direito civil, ou seja, o direito canônico se aproxima, e muito, do direito civil, tal qual conhecemos hoje. Sampel explica que o direito canônico tem influência significativa na sociedade contemporânea. Algumas autoridades eclesiásticas são obrigadas a ter o doutorado ou pelo menos a licenciatura em direito canônico, a fim de cumprir as suas funções. Além disso, vigários gerais e vigários episcopais são licenciados em direito canônico ou teologia. E os advogados canônicos devem ter doutorado ou no mínimo serem verdadeiramente especialistas em direito canônico. 20 Conteúdo do Código O Código de Direito Canônico está ordenado em cânones que cumprem funções similares aos artigos nos textos legislativos civis e divide-se em sete livros: � Livro Primeiro: Das normas gerais; � Livro Segundo: Do povo de Deus; � Livro Terceiro: Da função de ensinar da igreja; � Livro Quarto: Da função de santificar a igreja; � Livro Quinto: Dos bens temporais da igreja; � Livro Sexto: Das sanções na igreja; � Livro Sétimo: Dos processos. Igrejas ortodoxas Os ortodoxos de língua grega recolheram cânones e comentários sobre eles em um trabalho conhecido como “Pedalion” (em grego: Πηδάλιον, "Leme"), assim chamado porque ele é feito para "orientar" a Igreja. As decisões dogmáticas dos Concílios, porém, devem ser obedecidas, em vez de serem tratadas como diretrizes, uma vez que elas são essenciais para a unidade da Igreja Cristã. Comunhão anglicana Na igreja da Inglaterra, os tribunais eclesiásticos, que anteriormente decidiam muitos assuntos como disputas relativas ao casamento, divórcio, testamentos e difamação, ainda têm jurisdição em certas igreja. 21 Assuntos como por exemplo, a disciplina do clero, alteração da propriedade da igreja e questões relacionadas com os cemitérios são profundamente discutidos. Em contraste com os outros tribunais da Inglaterra, a lei usada em matérias eclesiásticas é, parcialmente, um sistema de direito civil e não de direito comum, embora fortemente regida por estatutos parlamentares. Desde a Reforma, os tribunais eclesiásticos na Inglaterra foram geradores de profundas transformações. O ensino do direito canônico na Universidade de Oxford e Cambridge foi revogado por Henrique VIII, depois disso praticantes nos tribunais eclesiásticos foram treinados em direito civil. Outras igrejas da Comunhão Anglicana em todo o mundo (por exemplo, a igreja episcopal e a igreja anglicana) ainda funcionam sob os seus próprios sistemas privados de Direito Canônico. Em igrejas presbiterianas e em igrejas reformadas, o direito canônico é conhecido como "prática e procedimento" ou "ordem da igreja", e inclui as leis da mesma, respeitando o seu governo, disciplina, prática legal e adoração. Luteranismo “O Livro de Concordia” é a declaração doutrinária histórica da igreja luterana, que consiste em 10 documentos sobre o credo, reconhecidos como autoridade no luteranismo desde o século XVI. No entanto, “O Livro de Concórdia” é um documento confessional (conforme a crença ortodoxa) em vez de um livro de regras eclesiásticas ou disciplinares, como o direito canônico. 22 Cada igreja luterana estabelece seu próprio sistema de ordem e disciplina, ainda que sejam referidos como "cânones". A igreja luterana constitui uma das religiões mais ortodoxas. 3.4 – Teologia e espiritualidade Um dos maiores problemas do assunto formação espiritual tem sido o divórcio entre teologia e espiritualidade. Pensadores modernos lamentam que os nossos santos costumavam ser teólogos e nossos teólogos costumavam ser santos, ao contrário de hoje. O que poderia ser mais desastroso do que nossos teólogos deixando de falar de forma significativa para a vida cristã, é o fato de que aqueles que assumem esta tarefa, muitas vezes são teologicamente iletrados. Aqueles que procurem formar nossa compreensão da vida com Deus, muitas vezes o fazem através dos modos da razão, o que não são teologicamente aceitos. O que acontece, inevitavelmente, é que são oferecidos contas seculares de formação humana e não uma evolução de formação verdadeiramente espiritual (formação através da obra do Espírito de Deus). A teologia serve à discussão da formação espiritual, constantemente, chamando-a de volta ao Evangelho e à obra de Deus, para resgatar suas criaturas, enviando seu Filho e Espírito. A teologia, portanto, procura pensar ao longo dos contornos do Evangelho, de modo que nosso raciocínio sobre esta vida com Deus seja distintamente cristão. 23 Em vez disso, o próprio Evangelho é o motor pelo qual entendemos a formação cristã. A formação espiritual, em seu coração, não é a formação humana, mas a formação do homem pelo Espírito de Deus. Para os cristãos, portanto, a teologia e a espiritualidade não devem ser vistas como disciplinas isoladas, mas, sim, são dois componentes necessários aos fiéis que caminham para o chamado de Cristo. Não há aqui nenhuma divisão entre a teologia e a espiritualidade, há uma dissociação entre a mente que conhece a Deus, e ao coração que ama. Não se trata apenas de teologia e espiritualidade. Embora sejam diferentes, são mantidas juntas. A teologia é a apreensão de Deus por um homem restaurado à imagem e semelhança de Deus. A teologia sem espiritualidade é vazia, espiritualidade sem teologia é cega. Albert Einstein já parafraseava essa máxima, ele dizia: “A religião sem a ciência é cega, e a ciência sem religião é manca”.Só no Ocidente, e apenas durante o século XII, quando a pesquisa teológica dos mosteiros migrou para as novas universidades, que o pensamento cristão começou a se tornar uma atividade distinta, enquanto contemplação. A espiritualidade é a teologia com atitude, a teologia com a alma, mas não uma alma sem corpo. Uma espiritualidade verdadeiramente cristã será encarnada, mas não vai idolatrar o corpo, e sim a alma. Então, o que é "espiritualidade"? Talvez a espiritualidade seja uma daquelas coisas que é mais fácil mostrar do que dizer. Se assim for, trata-se do melhor guia contemporâneo para se chegar à santidade. A teologia, em seu turno, é muito mais do que uma ciência de interpretar excepcionais experiências religiosas. O objetivo de uma vida cristã torna-se não a 24 totalidade, mas a iluminação. Uma aceitação deste pacote complicado e confuso de experiências, como um teatro possível para o trabalho criativo de Deus. Em um sentido importante, então, a "espiritualidade" é quase sinônimo de discipulado, com início onde você está, até o próximo passo no seguimento de Jesus, aonde quer que ele possa nos levar. Por isso uma boa dose de santidade tem a ver com discernimento, um aspecto crucial da santidade é um aumento da concentração: a concentração da mente, da vontade e dos afetos sobre o santo Deus e de seus caminhos conosco. A espiritualidade autêntica é uma prática do exílio, tal qual para os nômades em uma viagem: "Exílio, a casa que eu tenho com Deus, Deus, a casa que eu tenho no exílio". (provérbio árabe) No final, a espiritualidade reside no "Eu" interior, é a transformação em um ser humano bom, que almeja uma vida baseada no Grande Mandamento, amar o outro e no outro, como a si mesmo. 25 Unidade 4 – Conhecendo as Religiões Olá. Nesta unidade iremos falar sobre as religiões mais populares, seus surgimentos, suas características e suas peculiaridades. Abordaremos tanto as religiões ocidentais quanto as orientais. Falaremos também, sobre alguns seguimentos religiosos pagãos e de suas filosofias. Durante esta unidade poderemos conhecer um pouco mais sobre a cultura de cada uma dessas religiões e matar a curiosidade a respeito de suas tradições. Bom estudo! 4.1 – Religiões ocidentais A palavra religião vem do latim “Re-Ligare”, que em português significa “religação” com o divino. A definição de religião engloba qualquer forma de manifestação mística ou religiosa, sendo elas seitas, doutrinas, mitologias, filosofias que tenham como característica o pensamento metafísico, ou seja, qualquer coisa que se dê além do mundo físico. Durante o curso, falamos bastante sobre a religião católica, que é uma das religiões mais antigas, datada no ano de 381 d.C., e uma das que tem mais seguidores no mundo com um total de 1,1 bilhão de fiéis. A partir de agora iremos conhecer as outras religiões dentro do mundo cristão ocidental, dando destaque as suas características religiosas. 26 Espiritismo A doutrina espírita é baseada em uma teoria científica- filosófica que surgiu no século XIX. O codificador da doutrina espírita é o francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido como Allan Kardec. Kardec dedicou grande parte de sua vida aos estudos mediúnicos. Nesta época, ele realizava as sessões de “mesas girantes”. Durante estes encontros, havia movimentações de objetos e também algumas intervenções espirituais. Seus estudos resultaram na criação da obra “O Livro dos Espíritos”. Este livro traz os ensinamentos do espiritismo e a explicação dos fenômenos espirituais. Para divulgar seus estudos e conhecimentos, Allan Kardec criou a Revue Spirit (Revista Espírita) e fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espirituais. Depois disso, o espiritismo começou a ganhar adeptos na França. Kardec sofreu grande influência do cientificismo e também do pensamento evolucionista. No espiritismo podemos encontrar explicações sobre as experiências espirituais; o conhecimento do mundo espiritual; a realização e prática de passes magnéticos, com a finalidade de trazer equilíbrio psíquico e emocional; a psicografia (mensagem do plano espiritual, podendo ser de parentes, conhecidos ou de algum outro espírito iluminado); as cirurgias espirituais, entre outros. Para o espiritismo, a nossa existência baseia-se na evolução espiritual, levando em conta que vivemos em mundo de provas e expiações do qual estamos aqui para evoluirmos moralmente. A prática da caridade e da benevolência para a doutrina ajuda muito na evolução espiritual. 27 O espiritismo fala bastante da interferência do mundo espiritual no mundo material. Muitos sofrimentos e aflições vêm da interferência de espíritos não evoluídos ou das faltas cometidas por nós em outras reencarnações. Devemos destacar que o espiritismo nos diz também que somos assistidos pelos espíritos benevolentes, dos quais nos auxiliam para o caminho do amor e do bem. A doutrina espírita tem elo com os textos bíblicos e com os evangelhos, seguindo alguns de seus preceitos como referência. O livro usado pelos espíritas é “O Evangelho Segundo o Espiritismo” que traz os ensinamentos de Cristo e a compreensão do mundo espiritual. Devemos destacar que existem muitos autores de literatura espírita e há grandes acervos de livros sobre o tema. Um nome de muito destaque dentro da literatura espírita é o médium Chico Xavier. Umbanda A umbanda surgiu da cultura afro, do indígena tupiniquim, além do catolicismo. Também sofre influências do kardecismo, das religiões orientais e de religiões místicas, mas podemos dizer que a sua mais forte influência está no candomblé, que é de origem africana. A religião umbandista tem um pouco mais de 100 anos, porém sua origem é milenar. O atabaque, instrumento musical de percussão usado no candomblé, foi inserido na umbanda por influência dos Pretos Velhos (entidades que se manifestam e que em vida foram escravos). O candomblé chegou ao Brasil com a vinda dos negros que saíam da África para serem escravizados pelos seus senhores. 28 A umbanda também aderiu à influência da cultura europeia através do catolicismo, misturando a crença dos orixás com os santos católicos. Essa mistura aconteceu porque na época os escravos não podiam adorar os orixás e para contrariar os seus senhores, eles começaram a adorar os santos da igreja católica. Quando rezavam para esses santos, estavam na realidade louvando os orixás. No terreiro de umbanda existe a incorporação mediúnica das entidades espirituais nos médiuns. O fundamento da religião, assim em como outras tantas, é a caridade e o auxílio espiritual. Abaixo mostramos alguns dos orixás da religião umbandista: Ogum: orixá do ferro, guerra, fogo, tecnologia e deus da sobrevivência; Oxóssi: orixá da caça e da fartura; Logunedé: orixá jovem da caça e da pesca; Xangô: orixá do fogo e trovão, protetor da justiça; Iansã: orixá feminino dos ventos, relâmpagos e tempestades. Também é o orixá das paixões; Oxum: orixá feminino dos rios, do ouro, deusa das riquezas materiais e espirituais, dona do amor e da beleza, protege bebês e recém-nascidos; Omolu: orixá da transformação; Olokun: orixá divindade do mar; Olossá: orixá feminino dos lagos e lagoas; Iemanjá: orixá feminino das águas, “Rainha do Mar”. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Orix%C3%A1 29 Evangélica A palavra evangélica é usada para definir quase todasas doutrinas cristãs protestantes, o uso deste termo se originou durante a Reforma Protestante no século XVI, nos países anglo-saxões. No Brasil quando falamos em evangélicos, estamos nos expressando de forma genérica, às correntes protestantes pentecostais e neopentencostais, que surgiram a partir do século XX. Pode-se dizer que todo evangélico é protestante, mas nem todo protestante se considera evangélico. Este movimento começou na Europa no século XVI, através das críticas de Martinho Lutero às práticas e às doutrinas da igreja católica. O rompimento de Lutero com o Vaticano desencadeou a Reforma Protestante, onde depois disso fundaram-se outras correntes cristãs como a igreja luterana, calvinista e a metodista. Uma grande parte das igrejas protestantes rejeita os cultos, os santos e o celibato clerical. O protestantismo admite o divórcio e os métodos contraceptivos. Vejamos abaixo a subdivisão da religião: � Protestantismo pentecostal: esta corrente surgiu nos primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos. Os fiéis metodistas insatisfeitos com a falta de fervor dos cultos, comeraçam a transformar esses encontros de fé em cultos fervorosos com fortes expressões de emoção. Logo esta corrente se espalhaou em todos os Estados Unidos e pelos países da América Latina. Os pentecostais acreditam em milagres que curam, cobram o dízimo e costumam pregar o evangelho aos não convertidos. � Protestantismo neopentecostal: surgiu nos anos 70 e difere-se do pentencostalismo tradicional por estimular os fiéis a buscarem prosperidade no lugar da graça. A igreja neopentecostal não dita regras rígidas aos seus fiéis, seus 30 cultos costumam apresentar sessões de exorcismos e de curas milagrosas. Algumas igrejas mantêm a presença na mídia, como nos veículos de rádio e televisão. Adventista A Igreja Adventista do Sétimo Dia foi criada no ano de 1863, nos Estados Unidos. Seu estudo teológico da bíblia prega a palavra de Deus, deixando de lado o mundo material. A princípio a religião era liderada por William Miller que pregava a vinda de Cristo dando o dia que isso aconteceria. Por causa disso, mais de 100.000 pessoas se reuniram para esperar a vinda de Cristo, fato que não aconteceu. Depois desse acontecimento, a igreja adventista passou por uma restauração e começou a ser liderada por Ellen Gould. Ellen restaurou a fé das pessoas, mas com a mesma concepção de que Jesus voltaria, agora sem data definida. Os adventistas seguem com rigor o ensino da bíblia onde se pede para guardar o sábado, para não se ter nenhum vício, não comer certos tipos de carnes, se utilizar do batismo como meio de confissão e fé etc. A religião adventista acredita nas sagradas escrituras e segue os ensinamentos de Deus. Os seguidores desta religião acreditam: � No Deus Truíno: Pai, Filho e Espírito Santo; � No Deus Pai como criador de tudo; 31 � No Deus Filho encarnado em Cristo; � No Deus Espírito Santo como fonte de inspiração, realização da encarnação e redenção; � No Deus como criador do mundo e de tudo o que há nele; � Na natureza humana semelhante a Deus; � No conflito entre Jesus e Satanás; � Na trajetória de Cristo como homem obediente e temente a Deus etc. A religião adventista possui no mundo 17 milhões de seguidores, sendo que desses 1,6 milhões são brasileiros. Esta religião é a décima segunda com o maior corpo religioso e a sexta maior dentro do movimento religioso internacional. Mórmon A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias ensina que Jesus é o Cristo e o Salvador. Os membros da igreja são chamados de santos ou santos dos últimos dias. Esta religião é focada na família, no trabalho árduo, no serviço ao próximo, na honestidade, na fé e na oração. O propósito da religião mórmon é: “ajudar todos os filhos de Deus a entender seu potencial e alcançar o seu destino mais elevado...”. Os mórmons seguem a palavra do “Livro de Mórmon” que foi traduzido pelo profeta Joseph Smith, diretamente das placas de ouro das quais recebeu do anjo 32 Morôni. O livro relata que após a ressurreição, Cristo visitou o continente americano (que neste caso já existia) e seus habitantes. Acredita-se que um profeta guia a religião mórmon nos dias de hoje, mas a religião não força seus seguidores a acharem que tudo é verdade e nem quer que sejam cegos e que acreditem em tudo. A religião ensina que os homens e as mulheres devem orar e que devem tirar suas próprias verdades no que se refere às escrituras do Livro dos Mórmons. A igreja passou por uma restauração em 06 de abril de 1830, mas relata-se que a religião foi fundada por Cristo por volta de 1830 anos atrás. O termo mórmon vem do nome de um local onde o profeta Alma ensinou o Evangelho de Cristo ao povo do Rei Noé, que vivia na terra de Lei-Néfi aproximadamente ao ano de 146 a.C. É muito comum, atualmente, missionários peregrinos propagarem a religião em muitos lugares do mundo, com o objetivo de trazerem mais adeptos para a igreja. Muitos rapazes ao completarem 19 anos decidem cumprir esta missão e acabam indo estudar na sede da igreja que fica nos Estados Unidos. Lá eles aprendem técnicas de abordagem, a língua do país para onde irão, instruções para planejamento do tempo etc. O período de estudo dura em média de 3 a 12 semanas e durante este tempo ficam isolados e longe de suas famílias. Eles costumam folgar uma vez por semana e só podem ligar para as suas casas nos dia das mães e no Natal. O namoro é expressamente proibido. Os ensinamentos da religião estão também na organização econômica e social entre as pessoas. A verdade é que a religião mórmon é uma das que mais atraem adeptos para sua igreja. 33 Testemunhas de Jeová A religião das testemunhas de Jeová surgiu no ano de 1870, nos Estados Unidos, quando Charles Taze Russel e seus amigos formaram um grupo de estudo com uma visão intransigente as escrituras da bíblia. A interpretação peculiar da bíblia pelos membros da religião sempre gerou muitas polêmicas. Hoje a religião conta com mais de 7 milhões de seguidores, e eles são bastante conhecidos por sua persistência em evangelizar as pessoas de casa em casa e também nas ruas. Os seguidores da religião não aceitam as doutrinas de outras religiões cristãs, por terem um apego muito forte sobre o que eles verdadeiramente acreditam e interpretam sobre a bíblia. Os membros desta religião recusam-se a receber transfusão de sangue e muitos fanáticos não aceitam tratamento médico, o que por muitas vezes geram discussões entre pacientes e médicos. As testemunhas de Jeová encaram a religião como um modo de vida, sendo que tudo em suas vidas gira em torno da adoração de Jeová (Deus). As roupas, o emprego, a família, a profissão, a diversão e o comportamento são todos influenciados pela religião. As escrituras da bíblia são encaradas como um guia das práticas obrigatórias a serem seguidas. Tanto os homens quanto as mulheres que frequentam a religião são considerados ministros de Deus. O batismo acontece por imersão completa do corpo dentro d’água, este ritual não é realizado por imposição. As crianças não podem ser batizadas porque ainda não possuem poder de escolha. Para poder ser batizado, demoram-se anos e o seguidor tem que expressar convictamente que deseja ser batizado. As testemunhas de Jeová praticam o serviço voluntário e encaram o amor ao próximo como a verdadeira raiz do cristianismo. Todos os membros da religião são 34 ligados ao voluntariado, o maior trabalho voluntário da religião do qual merece destaqueé a contribuição social aos deficientes auditivos, alfabetizando-os na língua dos surdos e mudos (LIBRAS) e prestando-lhes auxílio em outras áreas, muitas vezes como intérpretes desta língua. 4.2 – Religiões orientais As religiões orientais se desenvolveram no continente asiático. Para o mundo ocidental é comum que se tenha a impressão de que os países do oriente são bastante parecidos, mas os países asiáticos são diferentes uns dos outros. O continente asiático tem uma diversidade de religiões, e por isso, daremos ênfase às mais conhecidas. As filosofias orientais têm uma visão totalmente diferente de Deus que chega a ser incompatível com a visão cristã. Para os seguidores das religiões orientais, não existe a distinção entre Deus e sua criação. O que se ensina é que Deus é tudo e tudo é Deus, sem que se haja diferenças entre ambos. Em algumas dessas religiões existe a adoração de deuses, ao invés de somente um Deus. Não devemos esquecer que no oriente há a existência das religiões monoteístas, ou seja, a religião judaica e a religião islâmica. Durante o curso falamos bastante da religião judaica, que é a mais antiga religião monoteísta, originada há 3500 anos a.C. Cabe destacar que o judaísmo deu origem ao cristianismo e ao islamismo. A religião judaica conta com cerca de 12 a 15 milhões de seguidores no mundo. Para completarmos o assunto sobre as religiões monoteístas do oriente, daremos ênfase à religião islâmica que é também uma religião milenar. 35 Budismo O budismo tem sua origem na Índia e foi criado por Sidarta Gautama entre os anos de 483-563 a.C., o qual é conhecido por Buda. A religião budista segue uma visão ética-filosofica e suas raízes vêm do hinduísmo. Os seguidores desta religião consideram Buda um guia espiritual, não um Deus. Os praticantes do budismo têm total liberdade de seguirem qualquer outra religião além dela. Para a religião hindu, Buda é considerado o Vishnu, um dos deuses da mitologia hindu – Deus responsável pela manutenção do universo. Com o avanço do islamismo e com a formação do império árabe durante o século VII, o avanço do budismo foi interrompido na Índia, mas apesar disso os ensinamentos acabaram se espalhando pelo continente asiático e adaptou-se com novas características a cada lugar por onde se instalou. A religião budista acredita na reencarnação incessante e que estamos neste mundo com a finalidade de passar pelos sofrimentos mundanos. Levando-se em consideração que os atos cometidos em vida poderão interferir em uma próxima existência (ideia conhecida como carma). O ser humano ao enfrentar e resistir aos sofrimentos desta vida poderá atingir a pureza espiritual, que para o budismo leva o nome de nirvana, podendo assim cessar suas reencarnações. Os seguidores budistas não consomem carne porque acreditam que os animais também reencarnam. Para o budismo a meditação é o melhor caminho para se atingir o nirvana, isto se baseia em verdades como: 36 � Na existência relacionada à dor; � Na origem da dor que vem da falta de conhecimento e dos desejos materiais. A superação da dor é quando nos livramos da ignorância. E para que isso ocorra cabe a nós percorrermos oito caminhos, dos quais são: � A compreensão correta; � O pensamento correto; � A palavra; � A ação; � O modo de vida; � O esforço; � A atenção; � E a meditação. A filosofia budista também nos mostra alguns preceitos básicos a serem seguidos dentro da religião como: � Não maltratar os seres vivos, pois eles são reencarnações do espírito; � Não roubar; � Ter uma conduta sexual respeitosa; 37 � Não mentir; � Não enganar ou difamar; � Evitar drogas ou estimulantes de qualquer tipo. O budismo nos diz que ao seguir estas condutas, conseguiremos alcançar a evolução espiritual e a diminuição do peso do carma em outras vidas. Hinduísmo A religião hindu é muito antiga, seus manuscritos sagrados aparecem com a data entre 1400 a 1500 a.C. No hinduísmo aparecem várias crenças, seitas e milhões de deuses. Os textos que mais se destacam na religião são o Veda (o mais importante), o Upanishadas, o Malabharata, o Aranyakas, o Brahmanas, o Sutras e o Ramayana. Nestas escrituras aparecem os hinos, as histórias, os rituais, as filosofias, os poemas, entre outros. O hinduísmo é uma religião politeísta, com cerca de 330 milhões de deuses, mas seu Deus supremo é Brahma. Para a filosofia hindu, Brahma é um Deus impessoal que não pode ser conhecido e sua existência poderá ser dividida de três formas variadas, dependendo das suas encarnações, podendo ser: � Brahma (Criador); � Vishnu (Preservador); � Shiva (Destruidor). 38 A crença hindu vem dos Vedas, neles contêm uma diversificada mitologia religiosa com mitos, teologia e história. Para ser aceito no hinduísmo, deve-se aceitar a cultura indiana e suas lendas. Para os seguidores hindus, Brahma é tudo e toda realidade, sem Brahma é ilusão. O objetivo espiritual da religião é se tornar um com Brahma, deixando de lado a ilusão do ser individual. Esta liberdade espiritual leva o nome de moksha, que para se alcançar este estado de espírito, a pessoa precisa reencarnar várias vezes até que se alcance a autorrealização da verdade (a verdade que apenas Brahma existe, e mais nada). Eles acreditam na teoria da causa e efeito, o que seria determinante ao carma. Os hindus seguem o vegetarianismo por acreditarem na reencarnação de todos os seres, que tanto os homens quanto os animais devem ser tratados com respeito. Eles praticam os estudos dos textos antigos, a meditação, a vida pacífica, rituais de oração e fazem grupos de oração dentro de suas casas. No hinduísmo a vaca é um animal sagrado porque Krishna, o oitavo avatar do deus Vishnu, é retratado como vaqueiro. A vaca é um símbolo da mãe terra e da fertilidade do solo. Esta crença hindu é o retrato fiel do sentimento de amor e respeito pelos animais. Uma corrente alternativa da tradição hindu é o Vaishnavismo. Esta corrente se difere das outras porque sua adoração é à Vishnu e aos seus avatares Rama e Krishna, como seu supremo Deus. A filosofia desta religião se baseia nos textos do Upanishads, do Bhagavad Gita, do Padma Purana e do Bhagavata Purana. A maior parte dos seguidores desta crença está na Índia, mas o número de seguidores do vaishnavismo vem crescendo relativamente fora do país de origem, através do movimento novaiorquino chamado de Hare Krishna. 39 Na religião vaishnavita existem quatro grandes linhagens de sucessão discipular que levam o nome de sampradayas, cada um representada por um deus. Cada linhagem citada anteriormente, aborda uma filosofia entre a alma e Deus, e as diferenças entre cada uma delas são muito sutis. As linhagens vaishnavas são a Lakshmi-sampradaya (segue a deusa Lakshmi), a Brahma-sampradaya (segue o deus Brahma), a Kumara- sampradaya (segue os quatro Kumaras) e a Rudra-sampradya (segue o deus Shiva). Também existem as linhagens asampradaya que seguem tradições diferentes dos sampradayas. Hare Krishna A religião Hare Krishna foi fundada em 1966, na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, pelo indiano Bhaklivedanta Swani Prabhupada. A origem desta religião é o hinduísmo vaishnava. Hare Krishna é a abreviação do maha- mantra: “Hare Krishna, Hare Krishna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare”. Este mantra é feito em homenagem a Deus, como demonstração de amor e devoção. Hare e Rama são nomes dadosa Deus. Hare (Deus mãe) e Rama (Deus – fonte de prazer). Esta religião prega a autorrealização, o conhecimento espiritual, defende um modo simples e natural de vida. Os princípios que norteiam a filosofia Hare Krishna são: � Não comer carne e nem os derivados dela; 40 � Praticar sexo só depois do casamento; � Não participar de jogos de azar; � Não usar intoxicantes (drogas); � Não tomar nada derivado da cafeína (intoxicante); � Não comer cebola e alho (intoxicante). Religião monoteísta – Islamismo O islamismo é a segunda maior religião do planeta, com o número de 935 milhões de seguidores e a grande parte de seus fiéis são do Oriente Médio e do Norte da África. Esta é uma religião monoteísta, que foi revelada pelo profeta Maomé que nasceu em Meca, na Arábia Saudita, em 570 d.C. Segundo as escrituras, Maomé obteve os preceitos básicos do islã (que significa submissão e obediência a Alá “Deus”) pelas mãos do anjo Gabriel. O islã traz consigo as orientações religiosas, dogmática e moral, organizadas dentro do Corão, livro sagrado dos muçulmanos. Para a religião existe somente um Deus “Alá” e Maomé foi seu último profeta. Dentro do islamismo existem influências de várias religiões, além do princípio religioso da revelação divina a Maomé. Existem elementos do judaísmo como a circuncisão, o monoteísmo, a ideia do juízo final e os gênios do bem e do mal, chamados de djinn. Os preceitos que estão no Corão são dados como absolutos e sem 41 existências de falhas. Outra fonte de orientações para os muçulmanos é a Suna, que contém ditos do profeta. Para o islamismo, o juízo final prega que os bons irão para o paraíso e os maus irão arder no inferno. Mas seguem o preceito de que uma pessoa não escolhe o bem ou o mal, porque o destino de cada um já está traçado. O islã também dita a doutrina moral e política. As obrigações dos fiéis do islamismo são: � Orações obrigatórias, cinco vezes ao dia, voltado para Meca; � Não exercer culto ou adoração de imagens; � E visitar Meca pelo menos uma vez na vida. As cerimônias religiosas são feitas dentro de templos que levam o nome de Mesquitas e quem coordena as orações em público é o Imã. Os teólogos da religião levam o nome de Ulemás. A poligamia é aceita em algumas nações islâmicas (está prescrito no Corão) e cada marido pode ter quatro esposas. Os muçulmanos foram divididos em dois blocos um chamado de Sunitas e o outro de Xiitas No Sharia, livro com alguns preceitos da religião e que serve como guia diário dos muçulmanos, diz que: o fiel deve pagar o zakat (subsídio aos pobres) e que jejue no Ramadã (mês sagrado do islã, onde se comemora a revelação feita a Maomé). Religião monoteísta – Judaísmo (complementação) Dentro da religião judaica acredita-se que “YHWH” (Javé ou Jeová) seja o criador do universo, sendo um ser onipotente que rege o mundo. 42 Os cultos desta religião acontecem nas sinagogas, para os judeus a adoração às imagens ou ídolos é considerada um pecado mortal. Os homens judeus costumam usar em suas cabeças uma pequena touca que recebe o nome de Kippa, em respeito a Deus. Na religião judaica existem várias seitas, cada qual com sua crença, mas todas seguem a demonstração de respeito com Deus. O judaísmo é uma religião que, em comparação às outras estudadas, possui um número menor de adeptos no mundo, o que gira em torno de 12 a 15 milhões de pessoas. Entre os rituais desta religião podemos dar destaque à circuncisão, que é realizada em meninos com até oito dias de vida, isso representa a marca da aliança entre Deus e Abraão, e seus descendentes. Outro ritual que merece destaque é o que marca o início da vida adulta, o Bar Mitzvah (para os meninos que completam 13 anos e um dia) e o Bat Mitzvah (para meninas que completam 12 anos e um dia). Ao completar 13 anos, o menino é chamado para fazer sua primeira leitura do Torá. Tanto os meninos quanto as meninas aos completarem estas idades citadas acima, poderão participar de todas as áreas da vida da comunidade e assumirão as responsabilidades da lei, do ritual, da tradição e da ética judaica. Os judeus não consomem carne de porco, de coelho e de cavalo. Também não comem caranguejo, camarão, lagostas e nenhum fruto do mar, mas podem consumir peixes que contenham escamas. É proibida a mistura de leite com carne, devendo ter um espaço de 6 horas entre alimentos de uma dessas origens. 4.3 – Paganismo A palavra pagão vem do latim “paganus”, que é aquele que mora em paganus, campo ou natureza. O paganismo, ao contrário do que muitos pensam, não é o culto ao demônio. O paganismo cultua o respeito e o amor às forças na Natureza. Seus deuses estão totalmente vinculados a este culto, refletindo a relação entre homem em equilíbrio com o mundo e com a natureza. 43 Neste item veremos algumas filosofias pagãs que irão desmistificar algumas lendas que giram em torno desta filosofia de vida. Ao estudar o paganismo, poderemos esclarecer muitas dúvidas e curiosidades sobre estas diferentes religiões. Wicca A wicca faz parte do paganismo moderno e é conhecida também por bruxaria. Seu surgimento começou por volta de 1940. Seguidores desta modalidade de religião vivem em comunhão com a natureza e com a psique humana, tudo ligado ao aperfeiçoamento espiritual do eu. O propósito da wicca é fazer com que as pessoas vivam em harmonia com os cosmos, é atingir plenitude por meio da psique para quem seus resultados tenham o propósito da bondade e cura. As mulheres iniciadas dentro da wicca recebem a denominação de sacerdotisas e os homens são os sacerdotes. A religião, às vezes, recebe o nome de Arte. Para que alguém se inicie na wicca é preciso ter pelo menos 18 anos de idade. A filosofia wicca não procura converter nenhuma pessoa e muito menos oferece a iniciação, só será iniciado que se demonstrar adequado, tendo que esperar um ano e um dia para que seja aceito entre os membros. Dentro da wicca na Inglaterra existem quatro tradições principais (os outros países seguem as tradições dessas correntes), vejamos: � Gardneriana: segue a linha de Gerald Gardner, ele foi o maior responsável pelo renascimento da bruxaria moderna; 44 � Alexandrinos: descedem de Alex e Maxine Sanders, ambos desenvolveram as ideias de Gardner; � Tradicionalistas: seus métodos são passados por gerações e suas ideias são anteriores ao renascimento moderno; � Hereditários: suas tradições são compartilhadas dentro de suas famílias por laços de sangue ou de casamento. Existem também bruxos que não seguem nenhuma corrente! Dentro da wicca são comemorados oitos festivais sazonais, que recebem o nome de Sabá. Os rituais acontecem ao ar livre, onde são celebrados as estações do ano e o dom da vida. Estes rituais servem como um meio de se conectar à divindade de fora e de dentro de cada um. A wicca segue o caminho do amor e da magia, ou seja, o encontro da natureza e dos antigos deuses. Druidismo O druidismo é uma filosofia que surgiu na Europa no século XX, e ela se baseia nas tradições celtas evocando os deuses da antiguidade. Existem ordens do druidismo que trabalham com qualquer espírito que esteja por perto. Os membros desta filosofia costumam honrar os espíritos do lugar de onde se encontram naquele momento. Esta filosofia dá importância ao mistério da poesia e explora a cura, a mitologia sagrada e a adivinhação. Vale ressaltar que algumas ordens druidistas são organizações 45 voltadas à caridade e muitas delas não são pagãs. No druidismohá também o ensino do esoterismo e tem ordens que trabalham com a arte ou com a filosofia cristã. O druidismo não segue nenhuma filosofia baseada em leis ou regras já estabelecidas. Tudo o que se aprende é com a natureza. As hierarquias não são tão importantes, mas é preciso que se leve a sério o funcionamento da ordem. As crenças do druidismo estão no amor pela natureza e na percepção espiritual. A filosofia desta ordem é extremamente ligada ao salvamento ecológico do mundo. A tradição nórdica A tradição nórdica surgiu da mitologia escandinava e anglo-saxã de várias fontes, incluindo a Islândia. Esta prática está em constante evolução, ela explora as mitologias do norte da Europa e os mistérios das Runas (oráculo, imagem ao lado). Os valores desta filosofia estão na lealdade, na coragem e no bom companheirismo. Os seguidores da tradição nórdica cultuam os deuses como Thor, Tyr, Vanir, entre outros. Mas o Deus maior para eles é Odin, o qual seria o “Pai de todas as coisas”. Dentro desta tradição se cultivam a comunhão com Divindade e a prática da magia que traz a cura e o aprimoramento espiritual. A tradição é subdividida em dois grupos com algumas distinções de divindades, um seria os Aesir e o outro os Vanir. Muitos pagãos seguidores da tradição nórdica cultuam tanto os deuses Aesir quanto os deuses Vanir, embora se especializem somente com o trabalho de um desses panteões (deuses). 46 Xamanismo O xamanismo é uma religião que tem sua essência da realidade espiritual. Talvez esta prática pagã seja a mais diversificada e menos clara entre as outras da mesma categoria. Os seguidores do xamanismo dão grande importância à experiência individual, mesmo quando trabalham em grupo, este trabalho é caracterizado pelo caminho solitário. Para se tornar um xamã, precisa-se de muito treinamento, alguns entram para esta religião através de chamados espirituais. A pessoa que se torna membro do xamanismo precisa ser alguém capaz de trabalhar com as forças do mundo espiritual. Os xamãs são videntes, curadores e visionários. A prática xamânica moderna varia entre os treinados pelos caminhos da prática tradicional, como nas tribos nativas americanas, até os que reconstroem a prática através dos relatos históricos e também de suas experiências individuais. O xamanismo puro, praticado nas sociedades tribais junto à religiosidade tribal, é muito pouco acessível, ao contrário do xamanismo moderno. 47 Unidade 5 – Complementação Filosófica Olá! Nesta unidade trataremos da teoria do conhecimento, disciplina imprescindível aos estudos teológicos. Posteriormente, analisaremos os estudos litúrgicos, sob uma perspectiva antropológica. Reservamos um espaço em nossa discussão para as questões de natureza filosófica. A metafísica também será um importante objeto de análise durante esta unidade. Por fim, trataremos de questões de cunho ético e moral, sob um prisma contemporâneo. Aliando os relevantes conceitos de administração paroquial. Bom curso! 5.1 – Teoria do conhecimento 48 A epistemologia, o estudo da teoria do conhecimento, é uma das áreas mais importantes da filosofia. As questões que esta disciplina aborda perpassam toda a complexidade da condição humana. O que é o conhecimento? O primeiro problema encontrado na epistemologia é a definição de conhecimento. Grande parte do tempo, os filósofos usam a teoria tripartite de conhecimento, que o analisa como crença verdadeira justificada, ou seja, um modelo de trabalho estabelecido. A teoria tripartite tem, no entanto, suas controvérsias: casos mostram que algumas crenças justificadas não constituem conhecimento. Análises da teoria do conhecimento têm sido propostas, mas não há ainda consenso sobre o que é o conhecimento. Esta questão fundamental da epistemologia permanece sem solução. Embora os filósofos sejam incapazes de fornecer uma análise geralmente aceita de conhecimento, todos nós entendemos aproximadamente do que estamos falando quando usamos a palavra "conhecimento". Felizmente, isso significa que é possível obter respostas com a epistemologia. Contudo, deixando sem solução a questão fundamental sobre o que é o conhecimento, vem à tona a seguinte questão: de onde tiramos nosso conhecimento? Uma segunda questão importante na epistemologia diz respeito a melhor fonte de nosso conhecimento e nela há duas tradições: – o empirismo sustenta que o nosso conhecimento é baseado principalmente na experiência; – e o racionalismo sustenta que o nosso conhecimento é baseado principalmente na razão. 49 Embora a visão de mundo científico moderno empresta muito do empirismo, há razões para pensar que uma síntese das duas tradições é mais plausível do que qualquer um delas individualmente. Como é que as nossas crenças se justificam? Há maneiras melhores e piores para formar crenças. Em termos gerais, é importante considerar as evidências no momento de decidir em que acreditar, porque ao fazê-lo estamos mais propensos a formar crenças que não são verdadeiras. Quando somos induzidos a acreditar em algo e quando não somos, isso constitue outro tema na teoria do conhecimento. As três teorias mais proeminentes da justificação epistêmica são: – fundacionalismo: é qualquer teoria epistemológica que se baseie no conceito de crenças básicas, ou fundamentos para a construção do conhecimento; – coerentismo: tem duas vertentes, a primeira diz respeito à justificação e a outra à verdade. Ambas tratam das crenças; – confiabilismo: é uma teoria que propõe que uma crença justificada pode ser considerada conhecimento quando é derivada de um método confiável. Como percebemos o mundo à nossa volta? Muito de nosso conhecimento, ao que parece, vem a nós através dos sentidos e da percepção. Percepção, porém, é um processo complexo. A maneira da qual nós experimentamos o mundo pode ser determinada em parte pelo mundo, mas também é determinada em parte por nós mesmos. Nós não recebemos passivamente as informações através de nossos sentidos. Sem dúvida, é uma mescla tanto de nossas experiências como a partir de observações. 50 Como devemos entender o processo de percepção e como isso afeta a nossa compreensão do mundo em que vivemos é, portanto, uma questão vital para a epistemologia. Não sabemos nada? A área da epistemologia que ganhou espaço é o ceticismo filosófico. Reflexões acerca do que é o conhecimento, bem como chegamos a adquirí-lo é a questão de maior relevância nos estudos cognitivos. Há uma longa tradição filosófica que diz que nós não sabemos muito a respeito do cosmos, e os argumentos de apoio a esta posição são muito difíceis de refutar. O problema mais persistente na teoria do conhecimento não está ligado no que o conhecimento é ou de onde ele vem, mas se existe tal coisa em tudo. A teoria do conhecimento, portanto, é um produto de dúvida. Quando nós nos perguntamos seriamente se sabemos algo, somos naturalmente levados a um exame de saber, na esperança de sermos capazes de distinguir entre as crenças confiáveis e as não confiáveis. Assim Kant, filósofo fundador da moderna teoria do conhecimento, representa uma reação natural contra o ceticismo em voga. Poucos filósofos, hoje em dia, atribuem a este assunto uma importância fundamental. Entretanto, ele nos apresenta um conjunto de "críticas" que botam em cheque todo um modus vivendi daqueleperíodo. Constituindo assim uma parte essencial da filosofia moderna. Em tempo muito quente, tanto os seres humanos como os animais saem do sol para a sombra, se puderem. Os seres humanos podem ter uma "crença" explícita de que a sombra é mais agradável, mas os animais também procuram pela sombra em situações semelhantes. 51 A fim de trazer esta visão em harmonia com os fatos do comportamento humano, é evidentemente necessário ter em conta a influência das palavras. O animal que deseja sombra em um dia quente é atraído pela visão da escuridão, o homem pode pronunciar a palavra "sombra" e perguntar-se onde haveria sombra. O animal, por sua vez, não. De acordo com os behavioristas, é o uso das palavras e sua eficácia na produção de respostas condicionais que constitui o "pensar". É desnecessário para os nossos propósitos perguntar se este ponto de vista oferece toda a verdade sobre o assunto. Percebe-se que o comportamento verbal tem as características que nos levam a considerá-lo como, pré-eminentemente, uma marca de "crença", mesmo quando as palavras são repetidas como um hábito corporal simples. Verdade em lógica. Há também, no entanto, um método mais lógico de discutir esta questão. Na lógica, tomamos como certo uma palavra que tem um "significado", o que significa existe de alguma forma, e isso só pode ser explicado em termos behavioristas. Dadas as leis da sintaxe na linguagem, podemos construir proposições juntando as palavras da língua, e essas proposições têm significados que resultam em palavras separadas e não arbitrárias. Parece até possível definir a "verdade" em termos de "sentido" e "fato", ao contrário da definição pragmática que demos um momento atrás. Se assim for, haverá duas definições válidas de "verdade", ou seja, o fato e o sentido. A definição puramente formal da "verdade" pode ser ilustrada por um caso simples. A palavra "Platão" significa um certo homem, a palavra "Sócrates" significa outro certo homem, a palavra "amor" significa uma certa relação. Isso é bem verdade, até que se prove o contrário. 52 Na definição do conhecimento, existem duas questões que devem ser levadas em consideração, isto é, o grau de certeza e o grau de precisão. Todo o conhecimento é mais ou menos incerto e mais ou menos vago. Em outras palavras, estamos diante de um universo incógnito a ser desvendado pelo homem, em sua busca da compreensão de Deus e do Cosmos. O conhecimento vago tem mais probabilidade de verdade do que um conhecimento preciso, contudo, o primeiro é menos útil. Um dos objetivos da ciência é aumentar a precisão sem diminuir a segurança. Em conhecimentos científicos avançados, a distinção entre o que é um fato e o que é inferência é clara, embora às vezes, seja difícil comprovar na teoria. Em astronomia, por exemplo, os dados são principalmente certos padrões em preto e branco nas placas fotográficas. Estes são chamados de fotografias desta ou daquela parte do céu, mas é claro que a inferência está muito envolvida com o uso do conhecimento sobre as estrelas ou planetas. De um modo geral, os métodos muito diferentes são necessários para as observações que fornecem os dados a uma ciência quantitativa. Mas, assim como achamos necessário admitir que o conhecimento pode ser apenas uma característica de comportamento, então teremos que refletir sobre a inferência, uma capacidade humana fundamental na contrução do saber. O que um estudioso reconhece como inferência refere-se a uma operação refinada, pertencente a um alto grau de desenvolvimento intelectual, mas há um outro tipo de inferência que é praticada até mesmo por animais, através de seus instintos. Devemos considerar esta forma primitiva de inferência antes que possamos tornar claro que se entende por "fatos". Quando um cão ouve o gongo e vai imediatamente para a sala de jantar ele está, obviamente, praticando a inferência. Isto é, a sua resposta é adequada não somente pelo 53 barulho do gongo, mas também porque o ruído representa um sinal: a reação do animal, portanto, é essencialmente similar a nossas reações às palavras. Assim, parece que os fatos, no sentido em que estamos usando a palavra, consistem em eventos breves, despertando em nós reações diversas, algumas das quais podem ser chamadas de "inferências", ou pelo menos podemos dizer que há vestigios da presença da inferência. Para a teoria do conhecimento, a questão da validade da inferência é vital. Infelizmente, nada muito satisfatório pode ser dito sobre isso, e as discussões mais cuidadosas têm sido feitas pelos mais céticos. Métodos de inferência na construção do saber É costume distinguir dois tipos de dedução: inferência e indução. Dedução é obviamente de grande importância prática, uma vez que compreende a totalidade do pensamento lógico. A dedução pura consiste apenas em dizer a mesma coisa de outra maneira. Aplicação a um caso particular pode ter importância, porque nós trazemos a experiência de que não existe o acaso. Na dedução pura, lidamos com x e y, isto é, com hipóteses e não com objetos empiricamente comprovados, como as figuras de Sócrates e Platão, mencionadas anteriormente. A teoria do conhecimento é em parte lógico, na parte psicológica a conexão entre esses campos do saber é muito tênue. A parte lógica pode vir a ser, principalmente, uma organização do que passa pelo conhecimento, de acordo com os diferentes graus de certeza, algumas partes de nossas crenças envolvem suposições mais duvidosas do que estão envolvidas em outras partes. Ou seja, nossos sentidos podem nos trair, nos dando a falsa impressão da verdade, esta por sua vez, como já dizia Einstein, é relativa. A lógica e os fatos de percepção do outro, têm o mais alto grau de certeza. Quando se leva em consideração a memória, a certeza é menor; onde há matéria não 54 observada, a certeza é ainda mais diminuída; além de todas estas etapas temos o que um homem cauteloso da ciência admitiria ser um equívoco. A tentativa de aumentar a certeza científica por meio de alguma filosofia especial parece impossível, portanto. Por esta razão, nos limitamos à discussões que não assumam qualquer posição definitiva sobre a filosofia em oposição a questões científicas. Como já mencionamos, a ciência deve caminhar ao lado da religião, só a assim a primeira não será cega e a segunda não será manca. 5.2 – Antropologia teológica A antropologia teológica se refere ao estudo do ser humano (antropologia). Ela se difere da ciência social, uma vez que lida principalmente com o estudo comparativo das características físicas e sociais da humanidade em tempos e lugares distintos. Um aspecto importante desta ciência é que ela estuda a natureza inata e a constituição do ser humano, conhecida como a natureza da humanidade, a essência do ser. Ela está preocupada com a relação entre as noções como corpo, alma e espírito, que juntos formam uma pessoa, com base nas descrições da bíblia. Há três visões tradicionais da constituição humana: o dicotomismo "corpo e alma"; o tricotomismo "corpo, alma e espírito"; e o monismo "mente e corpo" (no sentido da antropologia). Sob esta perspectiva, o conceito de homem está fundado sobre a distinção ontológica entre o criador e a criatura. O homem é uma criação material, e assim 55 limitado, mas infinito, uma vez que a sua alma imortal tem uma capacidade indefinida de crescer próximo do divino. Agostinho de Hipona, figura decorrente em nosso curso, foi um dos primeiros autores cristãos com uma clara e robusta visão antropológica.
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