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Personalidade Psicopatica implicacoes forenses e medico legais

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CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Personalidade Psicopática – implicações forenses e médico legais” 
 
 
 
 
Sabrina Veríssimo Pinheiro Nunes 
R.A. 43.23.28-2 
Turma: 329-B 
Telefones: 3559-8340 e 9624-0871 
Professor Orientador: Antônio José Eça 
 
 
 
 
São Paulo 
2003 
Personalidade Psicopática – implicações forenses e médico-legais – Sabrina Veríssimo Pinheiro Nunes 
___________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
“Personalidade Psicopática – implicações forenses e médico legais” 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Banca Examinadora do 
Centro Universitário das Faculdades 
Metropolitanas Unidas, como exigência parcial 
para obtenção do título de Bacharel em Direito, 
sob orientação do Professor Antônio José Eça. 
 
 
 
 
São Paulo 
2003 
Personalidade Psicopática – implicações forenses e médico-legais – Sabrina Veríssimo Pinheiro Nunes 
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CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 _______________________________( ) 
 Professor Antônio José Eça 
 _______________________________( ) 
 Professor Argüidor 
 _______________________________( ) 
 Professor Argüidor 
 
 
 
São Paulo 
2003 
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DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha família que sempre foi companheira e 
soube me apoiar e incentivar, principalmente nas 
horas mais difíceis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao ilustre professor e orientador Antonio José Eça, 
pelo apoio, profissionalismo e preocupação que sempre 
demonstrou no decorrer de todo o trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SINOPSE 
 
O presente trabalho tem por objetivo a discussão sobre questão do 
portador de personalidade psicopática que comete crimes, e como este deve ser 
entendido e tratado, pois só assim será possível dar um encaminhamento jurídico 
apropriado a seu caso. 
 
Procurou-se mostrar as implicações na área da Psiquiatria para se 
conhecer melhor o transtorno de personalidade em questão, em segundo plano, 
foi mostrado as implicações na área do Direito para se saber qual o trato dado 
pela legislação com relação a esse transtorno, e por fim juntou-se esses 
conhecimentos, adequando a Justiça correta às personalidades psicopáticas 
criminosas. 
 
A partir de doutrinas e jurisprudências demonstramos a importância 
do tema e suas problemáticas, para então chegar a conclusão de que a questão, 
de como tratar ou penalizar um psicopata que cometeu um crime, é um 
problema de todos, não só dos envolvidos ( psicopata, magistrado e perito), 
como do Estado, e principalmente da sociedade, que leiga, sofre as 
conseqüências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
Introdução ..........................................................................................................9 
 
Capítulo I – Generalidades .............................................................................11 
1. História do conceito ......................................................................................11 
2. Conceito atual ...............................................................................................15 
 
Capítulo II – Aspectos da Psicopatologia .....................................................17 
1. Distúrbios psíquicos .....................................................................................17 
1.1. Classificação ..........................................................................................17 
2. Os psicopatas: características .......................................................................18 
2.1 Classificação ...........................................................................................21 
 
Capítulo III – Aspectos Jurídicos ...................................................................24 
1. Elementos do crime .....................................................................................24 
2. Responsabilidade e Imputabilidade ..............................................................26 
2.1. Conceito de Responsabilidade Penal .....................................................26 
2.2. Conceito de Imputabilidade Penal .........................................................27 
2.2.1. Critérios de avaliação ...................................................................28 
 
Capítulo IV – Aspectos da Psicopatologia Forense ......................................29 
1. Conduta Criminosa dos psicopatas ...............................................................29 
2. Relação Direito e Psicopatologia ..................................................................31 
3. Perturbação da saúde mental: capacidade de imputação do psicopata .......32 
3.1 . Sanção Penal Cabível ............................................................................34 
3.1.1. Pena e Medida de Segurança .......................................................36 
3.1.2. Pressupostos para aplicação, imputação e espécies de Medida de 
Segurança ......................................................................................................37 
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3.1.3. Psicopata: qual a sanção ideal? .....................................................38 
 
Capítulo IV – Criminosos em série ................................................................40 
 
 
Capítulo V – Decisões Judiciais versus Laudos Médicos ............................42 
 
 
Conclusão .........................................................................................................44 
 
Jurisprudência .................................................................................................48 
 
Bibliografia .......................................................................................................51 
 
Anexos ...............................................................................................................53 
A. Laudo médico ...............................................................................................53 
B. Entrevista com o “Maníaco do Parque” .....................................................68 
C. Decisão do caso “Maníaco do Parque” .......................................................81D. Psicopatas conhecidos .................................................................................84 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
A personalidade é a totalidade relativamente estável e previsível dos 
traços emocionais e comportamentais que caracterizam a pessoa na vida 
cotidiana, sob condições normais. Um transtorno da personalidade é uma 
variação desses traços de caráter que vai além da faixa encontrada na maioria 
das pessoas. Essa variação é inflexível e causa desajustes. 
 
Entre os portadores desse transtorno de personalidade está a 
personalidade psicopática, que devido essa variação, tem alteração dos 
sentimentos, dos impulsos, dos instintos, do sentido ético e moral que se traduz 
por uma alteração de conduta e comportamentos sociais. 
 
Este trabalho versará sobre o estudo das personalidades psicopáticas e 
o seu cometimento de crime abrangendo o universo do portador do transtorno de 
personalidade (suas características, seu comportamento), como se encaixa no 
Direito (sua capacidade de imputação), quais as conseqüências do seu crime 
(pena cabível) e a hipótese da aplicação da Medida de Segurança. 
 
Trata-se de um tema relevante e que gera opiniões diversas tanto na 
área médica como na área forense, e principalmente entre elas, por isso é 
interessante a busca de discussões, através dos doutrinadores, sobre os 
conceitos, resultados e, indubitavelmente, tentativas de soluções, uma vez que 
todos possuem um único desejo: a preservação do bem estar dentro do convívio 
social. 
 
Primeiramente será apresentado os aspectos psicopatológicos dos 
portadores de personalidade psicopática, mostrando a problemática de se 
conceituar e diagnosticar esse transtorno. 
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Após, enfocaremos os aspectos jurídicos, tratando da dificuldade da 
imputar e responsabilizar o indivíduo por determinado fato. 
 
Em seguida será feita a junção dos dois aspectos – Direito e 
Psicopatologia – resultando na Psicopatologia Forense, e a partir daqui mostrar 
como os portadores de personalidade psicopática criminosos são considerados 
semi-imputáveis e como o Direito se utiliza da Psicopatologia para aplicar a 
sanção penal. 
 
E por último haverá a discussão da aplicação da Medida de Segurança 
em substituição à Pena Privativa de Liberdade e da utilização dos laudos 
médicos pelos magistrados. 
 
Para finalizar haverá a conclusão, jurisprudências, entrevistas e 
reportagens, esperando com isto ter conseguido alcançar a proposta inicialmente 
estabelecida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO I – GENERALIDADES 
 
1. HISTÓRIA DO CONCEITO 
 
A evolução dos conceitos sobre a personalidade psicopática 
transcorreu, durante mais de um século, oscilando entre a bipolaridade orgânica-
psicológica, passando à transitar também sobre as tendências sociais e parece ter 
aportado finalmente, numa idéia bio-psico-social que, senão a mais verdadeira, 
ao menos a mais sensata. 
 
Conceituar a personalidade psicopática, ou tão somente psicopata, é 
algo que vem preocupando tanto a Psiquiatria como o Direito, evidentemente 
essa preocupação contínua e perene existe porque sempre houve personalidades 
anormais como parte da população geral. 
 
O que houve primeiro foi a definição para a relação entre o crime e o 
criminoso e aquelas pessoas que se entendiam pré dispostas para o crime, os 
delinqüentes. 
 
O estudo da evolução da Criminalidade realizado por Lombroso, 
permite fixar o fio condutor desta ciência e as suas diretrizes atuais, além de 
estabelecer as bases para novos progressos. 
 
Lombroso ao efetuar estudos sobre o homem delinqüente, estabeleceu 
um tipo particular de indivíduo, definido pelos seus caracteres físicos e 
psíquicos e pela prática no crime, denominado: “Criminoso Nato”. 
 
A obra de Lombroso foi continuada pela chamada “Escola de 
Antropologia Criminal de Roma”, a qual remodelou o conceito do “Criminoso 
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Nato”, definindo assim, a “Constituição Delinqüencial”, grupo biológico, com a 
característica fundamental da predisposição ao delito, essência esta, de uma 
personalidade, alcançando assim, o conceito comparável aos das personalidades 
psicopáticas. 
 
A “Escola de Graz” salienta a importância de dois fatores, 
determinantes da vida psíquica de cada indivíduo: o terreno (constituição 
biológica individual) e o ambiente. Admite uma tendência criminógena, 
transmissível por hereditariedade, com disposições instintivas que levam 
determinado indivíduo, mais facilmente do que outros, a entrar em conflitos com 
as leis penais. 
 
A concepção do “Criminoso Nato” de Lombroso e da “Constituição 
Delinqüencial” da Escola de Antropologia Criminal de Roma refere-se a um tipo 
peculiar de indivíduos, com características próprias, predispostas 
especificamente para o crime. 
 
Entre essa peculiaridade de indivíduos criminosos está a personalidade 
psicopática. São “indivíduos fronteiriços” que se separam do grosso da 
população em termos de comportamento, conduta moral e ética. 
 
Girolano Cardamo, professor de Medicina da Universidade de Pavia, 
retratou uma das primeiras descrições registradas pela Medicina sobre algum 
comportamento que pudesse se identificar à idéia de personalidade psicopática. 
Neste relato, Cardamo falou em “Improbidade”, quadro que não alcançava a 
insanidade total, porque as pessoas que padeciam dessa “Improbidade” 
mantinham a aptidão para dirigir sua vontade. 
 
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Pablo Zacchias, considerado por alguns como fundador da Psiquiatria 
Médico Legal, descreve, em Questões Médico Legais, as mais notáveis 
concepções, as quais logo resultariam significado às “Psicopatias” e aos 
“Transtornos de Personalidade”. 
 
Em 1801, Philippe Pinel publica seu Tratado Médico Filosófico sobre 
a Alienação Mental e descreve que os loucos em nenhum momento, sofrem de 
um prejuízo de seu entendimento, e que estavam sempre dominados por uma 
espécie de furor instintivo, como se o único dano fosse em suas faculdades 
instintivas. 
 
Prichard, em 1835, designou a expressão “Insanidade Moral”, para 
caracterizar a conduta anti-social e a falta do senso ético de certos criminosos e 
afirmava que existiam insanidades sem o comprometimento intelectual, mas 
possivelmente com prejuízo afetivo e volitivo (da vontade); esta denominação 
igualou-se ao atual conceito de psicopatia. 
 
Em 1888, é definida pela primeira vez uma insanidade como 
inferioridade psicopática, mas foi em 1896 que surgiu o termo “Personalidade 
Psicopática”, esta designada por Kraepelin, o qual, trouxe átona o debate 
científico, relacionando assim, anomalias ou transtornos psíquicos com o 
cometimento do crime.No ano de 1923, Kurt Schneider, em sua obra Personalidades 
Psicopáticas define:1 
 
“Personalidades psicopáticas são as anormais, que sofrem por sua 
anormalidade ou fazem sofrer a sociedade”. 
 
1 Kurt Schneider, Personalidades Psicopáticas, 1923 
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 Frase esta criticada por José Alves Garcia, em sua obra 
Psicopatologia Forense, onde qualificou a definição de Kurt Schneider como 
irrelevante. Pode-se destacar nelas certas características e propriedades que as 
definem de maneira nada comparável aos sintomas de outras doenças. 
 
 A concepção de Schneider traz um certo determinismo, porque define 
o psicopata, portador de uma personalidade estranha, separada de seu meio. A 
psicopatia, portanto não é exógena, sua essência é constitucional e inata. 
 
Schneider englobou no conceito de personalidade psicopática todos os 
desvios da normalidade, não suficientes para serem considerados doenças 
mentais francas, incluindo nesses tipos, também aquele que hoje se entende por 
sociopata (psicopatia). 
 
 Muito mais tarde Mira y López conceitua a Personalidade 
psicopática:2 
 
“Personalidade mal estruturada, predisposta à desarmonia 
intrapsíquica, que tem menos capacidade que a maioria dos membros 
de sua idade, sexo e cultura para adaptar-se às exigências da vida 
social”. 
 
Em 1941, Cleckley escreveu um livro chamado “A Máscara da 
Saúde”, o qual se referia a este tipo de criminosos. Em 1964 descreveu as 
características mais freqüentes do que hoje é chamado de psicopata. 
 
Na década de 60, Karpmam afirmou:3 
 
 
2 Mira y López 
3 Karpmam, 1961 
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“Dentro dos psicopatas há dois grandes grupos; os depredadores e os 
parasitas”. 
 
Os depredadores são aqueles que tomam as coisas pela força e os 
parasitas tomam-nas através da astúcia . 
 
Outros autores, mais precisamente nas décadas de 60 e 70, foram 
também definindo os traços característicos da psicopatia com termos tais como; 
perturbações afetivas, perturbações do instinto, deficiência superegóica, 
tendência a viver somente o presente, baixa tolerância e frustrações. Alguns 
classificam esse transtorno como anomalias do caráter e da personalidade, 
ressaltando sempre a impulsividade e a propensão para condutas anti-sociais. 
 
2. CONCEITO ATUAL 
 
As divergências, ainda hoje, existem, entre os que defendem a origem 
desses desvios em certa predisposição constitucional, os que sustentam 
encontrar a causa nas deficiências funcionais do cérebro e aqueles que admitem 
que os desvios se originam em possíveis rejeições sofridas pela criança nos 
primeiros anos de vida. 
 
A personalidade está sujeita, entretanto, a transtornos em seu 
desenvolvimento e em sua continuidade, quando se evidenciam as hipóteses dos 
seus desdobramentos , como na identidade; quando ocorrem transtornos da 
relação da pessoa com o mundo exterior; transtornos da percepção, como os 
estados depressivos e obsessivos, enfim uma infinidade existente de desvios de 
personalidade, com profundos reflexos em todo o comportamento do indivíduo 
e, evidentemente, com suas conseqüências na esfera do mundo jurídico. 
 
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O renomado Nélson Hungria define os psicopatas como:4 
 
“Portadores de psicopatias a escala de transição entre psiquismo 
normal e as psicoses funcionais. Seus portadores são uma mistura de 
caracteres normais e caracteres patológicos. São os inferiorizados ou 
degenerados psíquicos. Não se trata propriamente de doentes, mas de 
indivíduos cuja constituição é “ab initio”, formada de modo diverso 
da que corresponde ao “homo medius”. 
 
No entanto, em meio a tantas definições, a discussão atualmente não 
reflete só a preocupação de conceituar, mas sim a tentativa de buscar correlação 
entre a criminalidade e esse tipo de transtorno de personalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 Nélson Hungria, Conferência realizada na Sociedade Brasileira de Criminologia, em 29/09/1942 (apud Heitor 
Piedade Júnior. Personalidade Psicopática, Semi-Imputabilidade e Medida de Segurança, p. 140). 
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CAPÍTULO II – ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS 
 
1. OS DISTÚRBIOS PSÍQUICOS 
 
A Psicopatologia pesquisa sobre as doenças mentais, sua etiologia e 
sua classificação. 
 
Segundo Gerardo Vasconcelos5, as causas mais freqüentes dos 
distúrbios mentais são: doenças em geral, endo-intoxicações, exo-intoxicações, 
infecções, herança psíquica, crenças e superstições, causas psíquicas, causas 
mecânicas, disposições individuais e fisiológicas. 
 
Os psicopatas estariam dentro das causas psíquicas, que são traumas, 
principalmente de causas emotivas, que em determinado momento 
desencadeiam um quadro patológico grave; e também das disposições 
individuais, que é a constituição, temperamento e caráter do indivíduo. 
 
Ou seja, como já foi falado, os psicopatas teriam defeitos de base 
constitucional e que ao longo de sua vida, fatores, como a impotência sexual, 
potencializariam esses defeitos. Lembrando que são incapazes de aprender por 
qualquer experiência vivida. 
 
1.1. CLASSIFICAÇÃO 
 
Adotaremos a classificação dada por Flamínio Favero6; que seguindo 
os dispositivos legais, classificou os distúrbios psíquicos em: psicoses, 
insuficiências mentais ou oligofrenias, personalidades psicopáticas e neuroses. 
 
 
5Ob. cit. 
6 Apud Gerardo Vasconcelos, ob. cit. 
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As psicoses envolvem os distúrbios qualitativos, orgânicos (psicoses 
endógenas e exógenas) e alguns psíquicos (desenvolvimentos delirantes); 
enquanto as demais referem-se aos distúrbios quantitativos. 
 
Os distúrbios qualitativos caracterizam-se pela alteração da qualidade, 
com surgimento de “algo novo” na vida psíquica do paciente, como por 
exemplo, vozes, pensamentos delirantes, visões. 
 
Os distúrbios quantitativos caracterizam-se pelo aumento ou 
diminuição de coisas consideradas normais até então; o que muda é a 
quantidade, como por exemplo as reações de um psicopata de personalidade 
explosiva, que bate na mulher porque esta não colocou o lixo para fora (há uma 
extrema desproporcionalidade entre o estímulo e a reação), ou o oligofrênico 
que não consegue ler, por pouca inteligência. 
 
2. OS PSICOPATAS: CARACTERÍSTICAS 
 
A personalidade traduz-se, na visão psicopatológica, na somatória das 
tendências somatopsíquicas da constituição do indivíduo e do meio ambiente 
com o qual interage. Daí cada um ter umapersonalidade diferente. 
 
Quanto às personalidades psicopáticas, estas são marcadas por 
desajustamento social, tendências de reação às normas, sem acomodação ao 
grupo, dificuldades de adaptação ao meio e de relações com os demais. São, 
desta forma, parte integrante do indivíduo, precocemente reveladas, e constantes 
em toda a sua existência. Caracterizada por perturbações constitucionais, 
transtornos da afetividade, dos instintos, do temperamento e do caráter, vão se 
intensificando com o desenvolvimento do indivíduo, tornando-se cada vez mais 
marcadas. Revela-se, assim, num distúrbio da conduta. 
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Mas para um melhor entendimento desses indivíduos estão elencados 
abaixo os traços e características mais significantes: 
 
Encanto Superficial e Manipulação: nem todos os psicopatas são 
encantadores, mas é expressivo o grupo deles que utilizam o encanto pessoal e, 
consequentemente capacidade de manipulação das pessoas, como meio de 
sobrevivência social. O encanto, a sedução e a manipulação são fenômenos que 
se sucedem no psicopata, partindo do princípio que somente será possível 
manipular alguém se esse alguém foi antes seduzido; 
 
Mentiras Sistemáticas e Comportamento Fantasioso: o psicopata 
utiliza a mentira como uma “ferramenta de trabalho”. O psicopata não mente 
circunstancialmente ou esporadicamente para conseguir safar-se de alguma 
situação. É comum que o psicopata priorize algumas fantasias sobre 
circunstâncias reais. Esse indivíduo pode converter-se no personagem que sua 
imaginação cria como adequada para atuar no meio com sucesso, propondo a 
todos a sensação de que estão, de fato, em frente a um personagem verdadeiro; 
 
Ausência de Sentimentos Afetuosos: o criminoso psicopático não 
manifesta nenhuma inclinação ou sensibilidade por laços sentimentais habituais 
entre familiares. Além disso, eles têm grande dificuldade para entender os 
sentimentos das outras pessoas. Na realidade são pessoas extremamente frias, do 
ponto de vista emocional; 
 
Amoralidade: os psicopatas são portadores de grande insensibilidade 
moral, faltando-lhes totalmente juízo e consciência morais, bem como noção de 
ética; 
 
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Impulsividade: a ausência de sentimentos éticos e altruístas, unidos à 
falta de sentimentos morais, impulsiona o psicopata a cometer brutalidades, 
crueldades e crimes. Essa impulsividade reflete também um baixo limiar de 
tolerância às frustrações, refletindo-se na desproporção entre estímulos e as 
respostas, ou seja, respondendo de forma exagerada diante de estímulos 
mínimos e triviais, contudo, demonstra uma absoluta falta de reação frente a 
estímulos importantes; 
 
Incorregibilidade: dificilmente ou nunca aceita os benefícios da 
reeducação, da advertência e da correção; 
 
Falta de Adaptação Social: desde os primeiros contatos, como por 
exemplo, na escola, na família, no trabalho, é manifestada uma tendência 
egocêntrica, logo, essa tendência se torna responsável pelas dificuldades de 
sociabilidade; 
 
A média da população de psicopata é de 1 a 4% em maior ou menor 
escala. A maioria das pessoas com distúrbios da personalidade antisocial não é 
criminosa e é capaz de se controlar dentro dos limites da tolerabilidade social. 
Eles são considerados somente como "socialmente perniciosos", ou têm 
personalidade odiosas. 
 
Observação muito bem feita pelo neurologista Henrique Del Nero:7 
 
 “Sofrer desse distúrbio não significa necessariamente que a pessoa seja 
ou se torne assassino.” 
 
 
 
7 Henrique Del Nero, neurologista da USP, Superinteressante - abril 
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2.1. CLASSIFICAÇÃO 
 
Dentre as várias classificações de psicopatias, a de Kurt Schneider 
inaugurou uma posição original, clássica e revolucionária na caracterização do 
problema, estas classificações serão apresentadas a seguir: 
 
1. Psicopatas Hipertímicos: indivíduos alegres, loquazes, 
despreocupados, otimistas, superficiais em seu trabalho e inclinados a 
escândalos e às desavenças conjugais. Propensos a cometerem crimes como 
brigas, disputas, estelionatos, entre outros. Possuem sexualidade exaltada. 
 
2. Psicopatas Depressivos: indivíduos tranqüilos, 
melancólicos, permanentemente deprimidos e eternamente descontentes e 
ressentidos, ligados a uma consideração pessimista da vida, iniciada, às vezes, 
na juventude. 
 
3. Psicopatas Anancásticos: inseguros, com ideação especial 
dominada por uma ação coativa ou fóbica que surge de improviso por estímulos 
desencadeantes insignificantes, às vezes, acompanhada por manifestações 
subjetivas de exaltação, produtora de intenso sofrimento ao indivíduo, como por 
exemplo, a possibilidade de matar o próprio filho. Alguns são sensitivos ou 
escrupulosos morais. 
 
4. Psicopatas Fanáticos: indivíduos dominados pelo elemento 
expansivo e criativo que se aproximam da personalidade do paranóico. Possuem 
um elevado sentimento de si mesmo, luta sempre por uma finalidade qualquer e 
suas idéias são sempre prevalecentes ou supervaloradas. Querem impor sua 
verdade ao mundo. Não procuram ajuda médica de forma alguma. 
 
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5. Psicopatas Lábeis de Estado de ânimo: irritáveis com 
extrema facilidade, seu estado de ânimo sofre oscilações imotivadas e 
desproporcionais. São sempre impulsivos e cometem crimes tais como roubo e 
abandono de trabalho. 
 
6. Psicopatas Necessitados de Valorização: personalidade em 
que a ideação se ressente da exaltação da fantasia que, junto com o relaxamento 
de crítica, conduz à pseudologia fanática. Cometem agressões e estelionatos. 
 
 7. Psicopatas Explosivos: irritáveis e coléricos, podem cometer 
homicídios e lesões corporais pelo menor estímulo externo. São acometidos por 
amnésia no momento da contenda. Cometem atos de violência e crimes 
passionais. 
 
8. Psicopatas Abúlicos: caracterizam-se pelo enfraquecimento 
da volição, da vontade. Por não possuírem vontade própria, são facilmente 
influenciáveis, absorvendo os bons e os maus exemplos de seu meio. 
Normalmente, envolvem-se com o crime através de jogos, roubos. 
 
9. Psicopatas Astênicos: sensitivos, assustadiços, dominados 
pelo sentimento de incapacidade e de inferioridade que, junto a qualquer 
deficiência orgânica são acometidos de difuso sentimento de estranheza 
comparável a alguns estados dissociativos. São os únicos que possuem aspectos 
físico-corporais. Procuram com freqüência, ajuda médica. São cometedores de 
suicídios reiteradamente. 
 
10. Psicopatas Desalmados: sem sensibilidade ética, e em geral, 
com embotamento afetivo, sem compaixão ou culpa, defeituosos morais, 
inimigos da sociedade, com tendência à delinqüência. 
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 Segundo o jurista e criminólogo, JasonAlbergaria, os psicopatas que 
interessam à Criminologia são os tipos fundamentais, como por exemplo, os 
Hipertímicos, que tendem à difamação, à indolência e à fraude; os Fanáticos 
praticam o delito político; os Explosivos, os delitos contra a pessoa e os 
Abúlicos cometem furtos, fraudes e apropriações indébitas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO III – ASPECTOS JURÍDICOS 
 
1. ELEMENTOS DO CRIME 
 
Para uma ação humana ser considerada criminosa precisa 
corresponder objetivamente à conduta descrita pela lei, contrariando a ordem 
jurídica e incorrendo seu autor no juízo de censura ou reprovação social. Nesse 
sentido que Noronha diz:8 
 
“Considera-se delito como um ação típica, antijurídica e culpável.” 
 
Isto quer dizer que para a norma penal os elementos do crime são a 
Tipicidade, a Ilicitude e a Culpabilidade. 
 
Tipicidade – O tipo é a descrição abstrata da ação proibida ou da ação 
permitida. A ação, também chamada conduta, compreende o comportamento 
humano, que pode ser comissivo ou omissivo. 
 
Exprime elementos essenciais da ação descrita, como por exemplo, se 
a ação é dolosa ou culposa. Abrange a ação com seus elementos objetivos e 
subjetivos, o resultado e até o objeto, quando for o caso. 
 
Ilicitude – Para que haja crime, exige-se que o fato material causado 
seja lesivo de interesses protegidos. É protegido todo fato que a lei penal manda 
fazer ou deixar de fazer sob pena de uma sanção. Uma ação pode ser típica, mas 
não ser ilícita, logo, não é criminosa por falta de um de seus elementos. 
 
 
8 E. Magalhães Noronha, Direito Penal: Introdução e Parte Geral, p.97 
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Culpabilidade – Magalhães Noronha entende que culpabilidade é:9 
 
“...a reprovação pela prática de um fato lesivo a um interesse 
penalmente tutelado, que o agente quis ou a que deu causa por 
negligência, imprudência ou imperícia...” 
 
Já para Fragoso culpabilidade consiste na:10 
 
“...reprovabilidade da conduta ilícita (típica e antijurídica) de quem 
tem capacidade genérica de entender e querer (imputabilidade) e 
podia, nas circunstâncias em que o fato ocorre, conhecer a sua 
ilicitude, sendo-lhe exigível comportamento que se ajuste ao 
direito...” 
 
Ou seja, é o nexo subjetivo que liga o crime ao seu autor, revestindo, 
no Direito Penal, as formas de dolo e culpa. Dentro da culpabilidade existem os 
seguintes elementos: Imputabilidade, Possibilidade de Consciência do Injusto e 
Exigibilidade de Conduta conforme o Direito. Para o estudo em questão merece 
especial atenção a Imputabilidade, estudada no item a seguir. 
 
A culpabilidade possui a finalidade de aferir a capacidade de delinqüir 
do agente, então se faz necessário o exame da intensidade do dolo e o grau de 
culpa. A razão pela qual a vontade se determina é um outro requisito importante 
para determinar a periculosidade individual. Lembrando que tudo isso deverá ser 
muito bem analisado no momento da aplicação da sanção. 
 
 
 
 
 
9 E. Magalhães Noronha, Culpabilidade e Periculosidade, p.59 
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2. RESPONSABILIDADE E IMPUTABILIDADE 
 
Responsabilidade e imputabilidade são dois termos que não se 
desagregam, e a proximidade de sentido é tamanha que pode ser observada até 
mesmo no Código Penal, na denominação do seu Título III, da Parte Geral. O 
Código atual, após a reforma de 1984, trata da imputabilidade nos artigos 26 a 
28, enquanto no Código anterior à reforma tratava da responsabilidade nos 
artigos 22 a 24. 
 
 Nas opiniões de dois juristas conhecidos há divergências, para 
Magalhães Noronha, responsabilidade e a imputabilidade são sinônimos, no 
entanto para Damásio11: 
 
 “...imputabilidade e responsabilidade não se confundem...” 
 
Mas, como dito acima, esses dois termos caminham juntos, sendo a 
imputabilidade um pressuposto, e a responsabilidade uma conseqüência, enfim, 
podemos dizer que a imputabilidade é a capacidade de poder ser 
responsabilizado pelo ato. 
 
2.1. CONCEITO DE RESPONSABILIDADE PENAL 
 
A responsabilidade diz respeito à possibilidade jurídica, portanto será 
decretada ou não pela justiça e deverá ser analisada cada caso. 
 
Segundo Magalhães Noronha, em seu livro Direito Penal, parte geral, 
a responsabilidade seria um dever de prestar contas, como descrito abaixo :12 
 
10 Heleno Cláudio Fragoso, Lições de Direito Penal, p.196 
11 Damásio E. de Jesus, Direito Penal, p.410 
12 E. Magalhães Noronha, Direito Penal, pg. 161 
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“...responsabilidade penal é a obrigação que alguém tem de arcar 
com as conseqüências jurídicas do crime. É o dever que tem a pessoa 
de prestar contas de seu ato. Ela depende da imputabilidade do 
indivíduo, pois não pode sofrer as conseqüências do fato criminoso 
(ser responsabilizado) senão o que tem a consciência de sua 
antijuridicidade e quer executá-lo...” 
 
 A responsabilidade penal implica, então em atribuir certo ato 
considerado como crime a um indivíduo, que somente sofrerá a punição 
adequada a sua ação se tiver capacidade ( condições psíquicas, intelecto-
volitivas) de entender o caráter ilícito do ato praticado. 
 
2.2. CONCEITO DE IMPUTABILIDADE PENAL 
 
O termo imputar, vem do latim “imputare”, que significa atribuir a 
alguém responsabilidade de algo.13 
 
 No Código Penal não há um definição do que é imputabilidade, mas, 
prevê no artigo 26 as condições em que são possíveis o seu reconhecimento. 
 
Para Magalhães Noronha a imputabilidade é como:14 
 
“...o conjunto de requisitos pessoais que conferem ao indivíduo 
capacidade, para que, juridicamente, lhe possa ser atribuído um fato 
delituoso...” 
 
 Desta forma, a imputabilidade diz respeito à capacidade do indivíduo 
ter um juízo de reprovação em relação a conduta criminosa, que possa entender 
 
13 De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, V.02, p.802 
14 E. Magalhães Noronha, Direito Penal, p.161 
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a ilicitude do ato e de determinar-se de acordo com esse entendimento, em 
linhas gerais é a capacidade de ter consciência se seu ato foi bom ou mau. 
 
2.2.1. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 
 
Existem três critérios de avaliação da capacidade penal do indivíduo, 
o método biológico, o método psicológico, e o método biopsicológico. O 
critério adotado pela Legislação Brasileira é o critério que une os dois primeiros: 
o biopsicológico.- Método biológico: sem levar em consideração investigações 
minuciosas, o agente que possui uma enfermidade mental ou desenvolvimento 
mental deficiente, e ainda, perturbação transitória da mente, ser sempre 
considerado inimputável. 
 
- Método psicológico: neste leva-se em consideração apenas as 
condições psíquicas do agente no momento do fato, sem se preocupar com 
existência de doença mental ou qualquer distúrbio psíquico. 
 
- Método biopsicológico: é a união dos métodos acima mencionados, 
primeiramente verifica-se se o agente é doente mental ou tem desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado, e se no momento da ação era incapaz de 
entendimento ou autodeterminação, ou seja é necessário uma relação de causa-
conseqüência. De qualquer forma, deve o agente ser submetido ao exame de 
sanidade mental. 
 
No que se refere aos portadores de personalidade psicopática, que são 
os fronteiriços entre a sanidade psíquica e a doença mental (incapacidade 
intelectiva e volitiva plena) haverá maiores explicações no próximo capítulo. 
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CAPÍTULO IV – ASPECTOS DA PSICOPATOLOGIA FORENSE 
 
1. CONDUTA CRIMINOSA DOS PSICOPATAS 
 
A psicopatia é reconhecida precocemente em um indivíduo: ela 
começa na infância ou adolescência e continua na vida adulta (o diagnóstico é 
possível em torno de 15 a 16 anos). Crianças psicopatas manifestam tendências 
e comportamentos que são altamente indicativos de seu distúrbio. Por exemplo, 
eles são aparentemente imunes a punição dos pais, e não são afetados pela dor. 
Nada funciona para alterar seu comportamento indesejável, e consequentemente 
os pais geralmente desistem, o que faz a situação piorar. Os mais violentos 
mostram uma história de torturar pequenos animais quando eles eram crianças e 
também vandalismo, mentiras sistemáticas, roubo, agressão aos colegas da 
escola e desafio à autoridade dos pais e professores. 
 
No entanto, como já foi dito anteriormente apenas uma pequena fração 
dos psicopatas se desenvolve em criminosos violentos, como estupradores e 
assassinos . 
 
Os criminosos psicopatas praticam crimes , via de regra, por impulsos 
irresistíveis. São comuns nesses indivíduos, os atos incendiários, a perversão 
sexual, a mitomania, o cinismo, o homicídio, etc. No momento da ação ele se 
encontra desprovido de emoção, e mesmo depois não sente culpa, não há 
angústia ou conflito interno. A história registra casos de psicopatas que se 
tornaram celebridades. Um psicopata clássico foi Donatien-Alphonse-François 
de Sade (1740-1814), um nobre francês cuja preferências sexuais perversas e 
novelas (tais como Justine) originaram o termo sadismo; outro foi o do pintor 
italiano Michelangelo Merisi, o Caravaggio (1571-1610). Ele morreu, aos 39 
anos, após uma atribulada vida de desajustes e crimes – além, claro, de uma das 
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mais importantes obras legadas à história da arte. No livro Loucos Egrégios, o 
médico Juan Antonio Vallejo-Nágera apontou vários indícios de que a obra de 
Caravaggio teria sido influenciada por seu comportamento anti-social. Ele 
chamou a atenção para alguns detalhes macabros da obra de Caravaggio. No 
quadro O Sacrifício de Isaac, observa a expressão fria do ancião enquanto este 
se prepara para sacrificar o próprio filho. 
 
Na opinião do pesquisador canadense Robert Hare, os criminosos 
psicopatas:15 
“...são predadores intra-espécie que usam charme, manipulação, 
intimidação e violência para controlar os outros e para satisfazer 
suas próprias necessidades. Em sua falta de consciência e de 
sentimento pelos outros, eles tomam friamente aquilo que querem, 
violando as normas sociais sem o menor senso de culpa ou 
arrependimento. 
 
Os crimes cometidos por criminosos psicopatas mais violentos 
apresentam, pelo menos: multiplicidade de golpes, ausência de motivos 
plausíveis, ferocidade na execução, ausência de premeditação, instantaneidade 
na ação, falta de remorso. 
 
Entretanto, já é consenso entre os autores que o psicopata pode entrar 
em estado de estreitamento de consciência e, nesse estado, praticar os mais 
cruéis delitos, cujos atos, às vezes bem ordenados, podem até ser premeditados, 
mas é uma premeditação mórbida, doentia. 
 
E esses casos acabam causando polêmicas jurídicas, mormente 
quando, em vez da explosão momentânea, há premeditação e, posteriormente ao 
crime, condutas dissimuladoras, com ocultação do cadáver e fuga do criminoso, 
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o que muitas vezes confunde autoridades, podendo parecer uma pessoa 
mentalmente normal. Exemplo disso são os assassinos em série, que 
premeditam, matam e despistam as autoridades. 
 
Aliás, o exemplo citado cima, o assassino em série ou serial (Serial 
Killer) é um tipo especial de portador de personalidade psicopática, de extrema 
periculosidade e incorrigível. 
 
2. RELAÇÃO DIREITO E PSICOPATOLOGIA 
 
Após falarmos sobre as duas áreas de conhecimento podemos agora 
traçar um paralelo entre ambas, considerando diferenças e semelhanças que 
apresentam ao tratarem do doente mental; sobre aquilo que a Psicopatologia 
entende por doente mental e como o Código Penal o utiliza. 
 
 Os distúrbios psíquicos se dividem em: 
 
1. qualitativos: 
a) orgânicos: 
- causa conhecida : psicoses exógenas ou sintomáticas, por exemplo, 
infecção que causa alteração cerebral, diabetes, medicamentos, etc. 
- causa desconhecida: psicoses endógenas (são geneticamente 
determinadas e não têm cura); por exemplo, esquizofrenia, PMD, 
psicose epiléptica, etc. 
 
b) psíquicos 
- desenvolvimentos delirantes 
 
 
15 Robert Hare, pesquisador e especialista canadense em sociopatia criminosa 
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2. quantitativos: 
- personalidade psicopática; 
- desenvolvimento neurótico ou simples; 
- oligofrenia 
 
Para a Psicopatologia estes são distúrbios psíquicos e como tais 
necessitam de especial atenção e tratamento adequado, pois enquanto distúrbios 
traduzem-se em anormalidade. 
 
O Código Penal, por sua vez, embora se apoiando na Psicopatologia, 
adotou critérios rígidos na consideração dos distúrbios psíquicos para a 
aplicação da pena. Procurou dividi-los em 4 (quatro) aspectos distintos: “doença 
mental”, desenvolvimento mental incompleto”, “desenvolvimento mental 
retardado” e “perturbação da saúde mental”. 
 
3. PERTUBAÇÃO DA SAÚDE MENTAL: CAPACIDADE DE 
IMPUTAÇÃO DO PSICOPATA 
 
Como já foi dito anteriormente, a lei reputa, para os efeitos da 
responsabilidade penal e da capacidade civil, que o indivíduo possua saúde 
mental e maturidade psíquica; isto para que tenha discernimento do certo e do 
errado no tocante de suas ações e omissões, que vem a ser imputabilidade. 
 
A norma que trata da imposição da imputabilidade se faz presente no 
artigo 26 da parte geral do CódigoPenal, o caput torna inimputáveis 
determinados casos patológicos e o parágrafo único traz outros casos que são 
semi-imputáveis. 
 
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 “É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o 
agente em virtude de perturbação de saúde mental ou por 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era 
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento.” 
 
De suma importância para este trabalho é a análise do parágrafo único, 
pois contém uma causa especial de diminuição da pena, em face da diminuição 
da responsabilidade, embora persista a culpabilidade. 
 
 Conforme o artigo terá reduzida a pena dos agentes que no momento 
da ação ou omissão não eram inteiramente capazes de entender a ilicitude do ato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, mas somente nos casos 
de desenvolvimento mental incompleto ou retardardo, e de perturbações da 
saúde mental. 
 
Desses somente nos interessa as perturbações da saúde mental, que é o 
termo jurídico que abriga os indivíduos que estão entre o campo da doença 
mental e da normalidade, os chamados fronteiriços ou border-line. São eles: a 
personalidade psicopática (objeto de estudo), o débil mental leve, o 
desenvolvimento simples e alguns casos o neurótico e o início e fim de psicoses 
(mais raro). 
 
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Assim, os portadores de personalidades psicopáticas são considerados 
semi-imputáveis, pois apesar de entenderem o caráter ilícito da ação, não são 
capazes de controlar seus atos. 
 
 No entanto, não se pode esquecer que o julgamento dos termos da 
responsabilidade compete à ação do juiz, que tendo dúvidas quanto ao 
desenvolvimento mental do acusado deve nomear um perito (o delegado, o 
Ministério Público, os familiares ou representante do acusado também podem 
requerer a instauração do incidente de insanidade mental) que atestará de forma 
clara esse aspecto, pois a existência da incapacidade de imputação é uma 
circunstância preliminar e imprescindível para a melhor e mais correta 
interpretação causal dos fatos, e posteriormente na aplicação das penas. 
 
3.1. SANÇÃO PENAL CABÍVEL 
 
Como foi visto, verificou-se que os criminosos psicopatas estão 
dispostos no artigo 26, parágrafo único, do Código Penal, pois estão 
enquadrados no termo “Perturbação Mental”, isto é, possuem capacidade de 
entendimento em relação ao cometimento da ação criminosa, entretanto, têm 
uma perturbação de conduta que lhes tiram o controle, não ocorre a chamada, 
excludente de culpabilidade, todavia a responsabilidade é reconhecida de forma 
diminuída, no tocante à sua intensidade. 
 
Sendo assim, o juiz proferirá uma sentença condenatória, prevista nos 
termos do Artigo 387 do Código de Processo Penal.16 E terá a opção de aplicar 
 
16 Artigo 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
 
I – mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e cuja existência 
reconhecer; 
II – mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação da 
pena, de acordo com o disposto nos arts. 42 e 43 do Código Penal; 
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pena reduzida de um a dois terços. Segundo o artigo a atenuação é facultativa, 
mas há decisões também no sentido de ser obrigatória, como para Paulo José da 
Costa Júnior:17 
“...preferimos, entretanto, sustentar que o poder, referido na norma, 
significa dever. A faculdade do magistrado está em dosara 
redução...” 
 
Ou necessitando o condenado de especial tratamento essa pena poderá 
ser substituída por internação ou tratamento ambulatorial, regra prevista no 
artigo 98 do Código Penal: 
 
“ Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e 
necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena 
privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou 
tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, 
nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.” 
 
Essa alternativa imposta no artigo 98 demonstra a reforma penal de 
1994, a qual trouxe a substituição da aplicação aos semi-imputáveis e 
imputáveis do “sistema vicariante” e não mais do duplo binário (pena + medida 
de segurança), em que se pode aplicar somente pena ou medida de segurança 
para os semi-imputáveis e unicamente a pena para os imputáveis. 
 
 
 
 
III – aplicará as penas, de acordo com essas conclusões, fixando a quantidade das principais e, se for o caso, a 
duração das acessórias; 
IV – declarará, se presente, a periculosidade real e imporá as medidas de segurança que no caso couberem; 
V – atenderá quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto no 
Título XI deste Livro; 
VI – determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será 
feita a publicação (art. 73, § 1º, do Código Penal). 
 
17 Paulo J. C. Júnior, Direito Penal-curso completo, p.96 
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3.1.1. PENA E MEDIDA DE SEGURANÇA 
 
Pena é a conseqüência jurídica decorrente de uma violação do tipo 
penal, considerada assim como sanção penal, e a medida de segurança? 
 
Segundo Damásio18: 
 
“...enquanto a pena é retributiva-preventiva, tendendo a readaptar 
socialmente o delinqüente, a medida de segurança possui natureza 
essencialmente preventiva, visto que evita que um sujeito que praticou 
um crime e se mostra perigoso venha cometer novas infrações 
penais.” 
 
 Além disso, diz que as penas são proporcionais à gravidade da 
infração, enquanto a proporcionalidade das medidas de segurança é estabelecida 
de acordo com a periculosidade do sujeito e que a imposição das penas 
pressupõe prática de um crime, enquanto as medidas de segurança podem ser 
aplicadas aos autores de quase-crimes ( não é o entendimento que vigora em 
nossa legislação). 
 
Já para Noronha19 
 
“...na pena prevalece o cunho repressivo, ao passo que na medida de 
segurança predomina o fim preventivo; porém, como já fez sentir, a 
prevenção também não é estranha à pena.” 
 
Ao contrário do que leciona Damásio, para Noronha, Mirabete, entre 
outros ambas pressupõem a prática de ato ilícito e manifestam o “jus puniendi” 
 
18 Damásio E. de JESUS, Direito Penal : Parte Geral, v. 01, p. 475. 
19 E. Magalhães NORONHA, Direito Penal : Introdução e Parte Geral, V.01, p. 312. 
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estatal, colimando que o indivíduo que delinqüiu e se revelou perigoso não torne 
a delinqüir. 
 
Conforme Grispigni, tanto a medida de segurança quanto a pena são 
espécies de sanções penais que apresentam traços comuns : 20 
 
“ambas importam diminuição de bens jurídicos; baseiam-se as duas na 
existência de um crime; servem para intimidação em massa como para 
readaptação do delinqüente e ambas são aplicadas jurisdicionalmente.” 
 
3.1.2. PRESSUPOSTOS PARA A APLICAÇÃO, IMPOSIÇÃO E 
ESPÉCIES DA MEDIDA DE SEGURANÇA 
 
O Código Penal adota a medida de segurança pós delitual, ou seja é 
necessário que tenha havido um fato criminoso. Além disto, é também 
necessário que haja periculosidade do autor. 
 
 Periculosidade é 21: 
 
“...a potência, a capacidade, a aptidão ou a idoneidade que um homem 
tem para converter-se em causa de ações danosas.” 
 
O prazo para cumprimento da medida de segurança é indeterminado, 
enquanto a perícia médica não constatar a cessação da periculosidade (§ 1º do 
artigo 97 do Código Penal). Para isso, necessário se faz a realização de um 
exame após o prazo mínimo de três anos (artigo 97, §§ 1º e 2º, CP). 
 
 
20 Filipo Grispigni, Le problème de l’unifiction de la peine et des mesures de sûreté, in Scuola Positiva, p. 434 
21 Soler, Exposición y critica del estado peligroso, p. 21 
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Para desinternação a extinção da medida de segurança só ocorrerá, 
após um ano (prazo indicativo das condições para o livramento condicional; se 
não praticar fato indicativo de persistência de sua periculosidade (C.P., art. 97, § 
3º). Se solto, a medida de segurança se extingue com a extinção da punibilidade. 
 
Quanto as espécies de medidas de segurança são a detentiva e a 
restritiva. A primeira consiste na internação em hospital de custódia e tratamento 
psiquiátrico, enquanto a segunda resulta de tratamento ambulatorial. 
 
3.1.3. PSICOPATA: QUAL A SANÇÃO IDEAL? 
 
O criminoso portador de personalidade psicopática, além do alto grau 
de periculosidade, é de difícil corrigibilidade, portanto o tratamento ambulatorial 
é praticamente nulo, primeiramente, porque não possui uma patologia e em 
segundo lugar, esses criminosos não possuem a mínima possibilidade de 
ressocialização. 
 
Sendo assim, é recomendável a análise profunda da personalidade do 
agente, por parte do perito, para no momento do julgamento o juiz aproveitá-la, 
pois a pena está totalmente descartada pelo seu caráter inadequado em relação à 
punição e prevenção desses criminosos. A prisão poderá resultar em um fato 
evasivo, e, posteriormente, eclodir em fugas lideradas pelo mesmo. 
 
No caso, do portador de personalidade psicopática o ideal é o 
cumprimento de medida de segurança, mesmo sendo, computada em um prazo 
de um a três anos, porque é difícil ou praticamente impossível, a cessação de 
periculosidade ser extinta, ao ser realizada pelo perito. 
 
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Nestes casos substituição da pena pela medida de segurança, esta será 
cumprida no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, como dispõe o 
artigo 99 da Lei 7210, de 11 de Julho de 1984: 
 
“O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico destina-se aos 
inimputáveis e semi-imputáveis referidos no art. 26 e seu parágrafo 
único do Código Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO IV – CRIMINOSOS EM SÉRIE 
 
Os criminosos em série, também conhecidos por seu nome em inglês, 
serial killer´s, geralmente são psicopatas muito violentos, há casos também de 
doentes mentais, mas são raros. E como o próprio nome diz, são criminosos que 
matam em seqüência, quase sempre da mesma forma e que escolhem 
determinadas vítimas de acordo com sua fantasia. 
 
Algumas características são próprias dos criminosos em série, como o 
grande prazer de demonstrarem que possuem poder sobre os outros. Donos de 
um enorme sadismo, sentem prazer em assistir o sofrimento alheio, e não sentem 
remorso por isso. Grande parte deles não assume seus crimes, confessando, 
somente, através de pequenos deslizes movidos pela vontade de reviver o 
momento do crime, pois são muito dissimulados. Tendem a cometer crimes de 
natureza sexual. 
 
Há também uma curiosidade em relação a esses criminosos, existe 
uma incidência muito pequena de assassinas mulheres e negros, mas não existe 
explicações do porquê isto ocorre. 
 
São eles, os criminosos em série, que tem grande exposição na mídia e 
acabam ficando na história. Aqui no Brasil tivemos, o caso do “Chico 
Picadinho”, do “Bandido da Luz Vermelha”, do “Maníaco do Parque”, entre 
outros. 
 
Estatísticas feitas por investigadores norte-americanos:22 
82 % dos serial killer´s sofreram abusos na infância 
 
22 Fontes: FBI, John Douglas e Ncjd (National Archive of Criminal Justice Data) 
 
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5% dos serial killer´s mentalmente doentes no momento dos crimes 
35 a 500 é o número de serial killer´s soltos 
93% dos serial killer´s são homens 
65% das vítimas são mulheres 
75% dos serial killer´s conhecidos no mundo estão nos Estados Unidos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO V – DECISÕES JUDICIAIS VERSUS LAUDOS MÉDICOS 
 
 Existe no Brasil um descaso dos juizes com relação aos laudos 
elaborados pelos médicos-peritos, no momento de sua decisão. Fala-se que os 
médicos resolvem as questões, os juizes decidem as soluções, entretanto, não é 
que temos visto, como por exemplo, no caso do “Chico Picadinho” e do 
Maníaco do Parque, em que os médicos deram o diagnóstico, mas a Justiça não 
o aceitou, em sua decisão. 
 
 Vejamos por exemplo a opinião de Fragoso com relação a 
Psiquiatria23: 
 
“É um ramo da medicina muito subjetivo, onde tudo são hipóteses, 
conjecturas, inferências sem base na realidade, falsificações para o 
encalço de fantasias, deixando apenas de manifesto a persistente 
indemonstrabilidade das pretendidas causas genéticas do crime.” 
 
No entanto verificamos que a Psiquiatria possui critérios de 
avaliação que o juiz não levaria em conta no julgamento do criminoso, 
verificando a ocorrência de alterações de comportamento consideradas 
anormais, mas que para o juiz seriam normais. 
 
O que ocorre na realidade é que ao mesmo tempo que a lei possibilita 
que a justiça chame um perito para elaborar um laudo sobre as funções psíquicas 
do acusado, com o fim específico deatribuir-lhe ou não capacidade de 
imputação acerca do crime praticado, a mesma lei também permite que o juiz 
decida a causa sem que esteja adstrito ao laudo apresentado pelo perito. 
 
 
23 Heleno Cláudio FRAGOSO, Lições de direito penal : Parte Geral, p. 349. 
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E esse juiz influenciado pela sociedade, que infelizmente é aguçada 
pelos meios de comunicação, não leva em conta o laudo médico e aplica a pena 
privativa de liberdade; principalmente nos casos de psicopatas violentos, que 
tem uma grande exposição na mídia. 
 
Dificilmente a sociedade aceitaria a decisão de um juiz que absolveu 
um psicopata que estuprou e matou brutalmente suas vítimas, pois como 
sabemos, para a aplicação da Medida de Segurança é necessário primeiro a 
absolvição perante o Tribunal do Júri. Para a sociedade o psicopata estaria 
ficando impune. 
 
Em suma, é evidente que o juiz não deverá sempre aceitar o laudos 
apresentados pelos peritos, tendo em vista que a prática também tem nos 
mostrado a existência de médicos que atestam uma disfunção psíquica que não 
existe para que o criminoso seja considerado inimputável ou semi-imputável 
pelo Poder Judiciário. Todavia, deve existir um meio termo na conduta do juiz 
que infelizmente, nos dias atuais, tem se mostrado bastante radical ao 
desconsiderar laudos bem elaborados e adstritos a ética profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCLUSÃO 
 
 A personalidade psicopática sofre do chamado transtorno de 
personalidade, que traz como conseqüência direta um desregramento de 
conduta, a qual determina a perda dos sentimentos éticos. Portanto de acordo 
com a legislação, a capacidade de imputação em relação ao cometimento de 
crime é de semi-responsabilidade, porque o criminoso psicopata identifica a 
conduta delituosa, mas não possui total responsabilidade sobre seus atos, pois 
está conduzido por impulsos advindos de sua malgrada personalidade. 
 
 Assim, através da reforma de 1984, quando se criou o sistema vicariante, 
o semi-imputável poderá receber pena reduzida de um a dois terços ou no caso 
de necessidade de um tratamento ambulatorial, substitui-se pela medida de 
segurança. 
 
Primeiro, com relação ao tratamento ambulatorial, é praticamente nulo, 
nesses casos, pois o fronteiriço não possui patologia e sim, um transtorno de 
personalidade e a aplicação de uma pena é extremamente perigosa e inadequada. 
 
Perigosa, pois o nosso sistema penitenciário é caótico, ultrapassado e 
comprometido. 
 
 Assistindo à televisão ou lendo os jornais, quase que diariamente, 
deparamo-nos com notícias de rebeliões em presídios, devido à superpopulação 
carcerária, à falta de cumprimento de benefícios já adquiridos e assim por 
diante. 
 
E inadequada, pois o criminoso fronteiriço não possui chance, mesmo 
que por uma imposição normativa, de retornar à sociedade. A reincidência entre 
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esses criminosos é elevadíssima, podendo cometer assassinatos em série e com 
certa premeditação, razão pela qual, esses indivíduos constituem um problema 
muito sério, não só para o Sistema Penal, como para todos os segmentos da 
sociedade. 
 
O ideal para esses casos seria o cumprimento da medida de segurança, 
porque, não haveria redução da pena, mas sim, um prolongamento por tempo 
indeterminado, o qual, se prolongaria pela realização do exame de cessação de 
periculosidade, o que provavelmente jamais aconteceria. 
 
 Mas, o nosso grande problema diz respeito a substituição da pena pela 
medida de segurança dessa medida, um vez que dificilmente o juiz leva em 
conta o laudo médico realizado no acusado. 
 
 No entanto devemos lembrar que é através do diagnóstico do perito 
que o juiz terá condições de formar o seu convencimento. Não significa dizer 
que este ficará vinculado ao diagnóstico, mas que certamente será de grande 
valia na hora da decisão. Daí a responsabilidade na sua elaboração, devendo 
serem refutadas, de ambas as partes, as posições tendenciosas, que, por vezes, 
são fruto de influências da sociedade, da imprensa ou dos próprios órgãos 
públicos encarregados da manutenção da justiça e da ordem social, 
principalmente nos casos de grandes repercussões na sociedade como nos casos 
de assassinos em série. 
 
 Tudo isto se deve ao desconhecimento do assunto, que pode ser 
facilmente verificado quando a mídia veicula notícias sobre crimes praticados 
com demasiada violência, levando a população e até profissionais da saúde 
mental a um juízo associativo entre psicopatia e anos de prisão. Claro que 
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representam um perigo para a sociedade, porém na verdade precisam serem 
isolados e estudados. 
 
 Outro ponto a ser falado é a situação dos Hospitais de Custódia e 
Tratamento Psiquiátrico, apareceu nos jornais a alguns anos atrás no Estado de 
Goiás, um juiz que estava mandando os internos para casa, diante das péssimas 
condições do Hospitais de Custódia Tratamento Psiquiátrico e daquela região, 
chegando ao ponto dos parentes pedirem ao Juiz que encontrasse outra solução, 
pois tinham medo, diante do perigo que oferecia o doente liberado. 
 
 Assim como acontece outros casos piores, como presos colocados em 
liberdade após o transcurso do prazo máximo de prisão (“Bandido da luz 
vermelha”); na iminência de ser solto, também pelo cumprimento máximo de 
prisão (“Chico picadinho”), só não o sendo diante de pedido de interdição 
perante a Justiça Cível. Tudo isso se deve pela própria abertura dada pelo 
Código Penal às medidas de segurança (artigo 99 do Código Penal). 
 
 Mas a verdade é que não é novidade dizer que o sistema 
prisional necessita melhorias, tanto nos presídios, como nos Hospitais de 
Custódia e Tratamento Psiquiátrico. Todavia, não podemos relegar à Justiça toda 
a responsabilidade sobre a questão, esta, sobretudo, decorre do Estado como um 
todo, especificamente ao Poder Legislativo, pois ao Poder Judiciário cabe a 
aplicação da lei, lei esta elaborada por aquele, e ao Poder Executivo fazer 
cumprir as decisões do Judiciário. 
 
 Através deste trabalho podemos constatar que o psicopata, embora 
entenda o caráter ilícito de suas ações, não possui freios para não cometê-las, e 
que isso acontece devido um desvio de personalidade que vai além de sua 
pessoa. 
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Portanto não há como acreditar que a medida de segurança não deva 
substituir a pena privativa de liberdade, ainda que reduzida, porque só através 
dela é que se poderá deter um psicopata, uma vez que não aprendem com 
experiências, nem punições, pois são incorrigíveis. 
 
Então de suma importância se faz, que o estudioso do Direito tenha 
conhecimentos na área da Psiquiatria Forense, pois, só assim terá condiçõesde 
poder avaliar se um diagnóstico é confiável ou se há necessidade de se consultar 
outro profissional, e assim constatar se deve aplicar a medida de segurança. 
 
Por fim , requeremos que, em nome da defesa social, os criminosos 
portadores de personalidades psicopáticas sejam submetidos a um eficaz 
sistema de medida de segurança (medida de segurança com caráter até de 
“medida perpétua”, se um dia for possível, e quando for o caso), pois a presença 
dos criminosos psicopáticos no convívio social é nociva, inconveniente e 
perigosa. Não visando somente uma preocupação com moldes idealizadores para 
esses indivíduos, mas sim, a preocupação de completar estudos benéficos à 
Ciência Penal, Criminológica, Psiquiátrica, Social e, indubitavelmente a 
segurança da sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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JURISPRUDÊNCIA 
 
“A personalidade psicopática não se inclui na categoria das moléstias 
mentais, acarretadoras da irresponsabilidade do agente. Inscreve-se no elenco 
das perturbações da saúde mental, em sentido estrito, determinantes da redução 
de pena”. RT 462/409 - TJMT – Ap. Crim. – Relator Des. Costa Lima. 
 
“Personalidade psicopática não significa, necessariamente, que o 
agente sofre de moléstia mental, embora o coloque na região fronteiriça 
transição entre o psiquismo normal e as psicoses funcionais”. RT 495/304 – 
TJSP – Ap. Crim. – Relator Des. Adriano Marrey. 
 
“A personalidade psicopática se revela pelas perturbações da conduta 
e não como enfermidade psíquica. Destarte, embora não enfermo mental, é o 
indivíduo portador de anomalia psíquica, que se manifestou quando do seu 
procedimento violento, ao cometer o crime, justificando, de um lado, a redução 
da pena, dada a sua semi-responsabilidade; e de outro, a imposição, por 
imperativo legal, da medida de segurança”. RT 442/412 – TJSP – Rev. Crim. – 
Relator Des. Adriano Marrey. 
 
Semi-imputabilidade – Réu com perturbação de saúde mental – 
Ocorrência – Redução obrigatória da pena – Inteligência do parágrafo único do 
artigo 26 do Código Penal – Pedido deferido na espécie. (Revisão Criminal n. 
221.301-3 – São Vicente – 3º Grupo de Câmaras Criminais – Relator: Djalma 
Lofrano – 06.11.97 – V.U.). 
 
“A diminuição da pena, prevista neste parágrafo, é obrigatória e não 
facultativa (STJ,Resp 10.476, DJU 23.9.91, p. 13090; TJSP, RJTJSP 103;453; 
contra: STJ, RT 655/366).” 
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“A redução da pena pode ser aplicada de acordo com o vulto da 
deficiência mental do réu (TJSP, mv, RT 599/312), ou, ainda, em função da 
gravidade do fato e da capacidade de delinquir demonstrada (TJSP, RT 
645/266). Se o juiz apenas a diminui de um e não de dois terços, fica obrigado a 
motivar essa decisão (TACrSP, Julgados 67/56).” 
 
 
Medida de Segurança – Internação em Hospital Psiquiátrico – 
Cumprimento na própria cadeia pública local, por falta de vaga em 
estabelecimento adequado – Inadmissibilidade – Constrangimento ilegal 
configurado – Concessão de “Habeas Corpus” – Liberdade condicionada a 
tratamento em ambulatório. 
 
Ementa da Redação: O Estado só poderá exigir o cumprimento de 
medida de segurança de internação (detentiva, portanto), se estiver aparelhado 
para tanto. A imprevidência do Estado-Administração, não justifica o 
desrespeito ao direito individual, pois, além de ilegal, não legítima a finalidade 
de tal instituto. RT 612/303 – HC 41.405-3 – Santos – 4ª C. – j. 4.11.85 – 
Relator. Des. Renato Talll – v. u. 
 
Medida de Segurança – Semi-imputável – Internação em Hospital de 
Custódia e Tratamento Psiquiátrico pelo prazo mínimo de um ano – Redução 
pretendida – Inadmissibilidade – Apelação improvida – Inteligência e aplicação 
dos arts. 26 parágrafo único, 61, II, “e”, 97, § 1º, e 98 do Código Penal. 
 
Ementa da Redação: A medida de segurança imposta a acusado com 
responsabilidade diminuída é executada, em princípio, por tempo 
indeterminado, fixado apenas o prazo mínimo. Perdurará enquanto não for 
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averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. RT 612/303 
– Ap. 46.250-3 – 1ª C. – j. 1.9.86 – Relator. Des. Jarbas Mazzoni. 
 
Medida de Segurança – Inaplicabilidade do prazo máximo de 30 anos 
para o cumprimento de pena previsto constitucionalmente – Internação que pode 
prolongar-se indefinidamente se não constatada a cessação da periculosidade do 
agente. 
 
Ementa da Redação: O prazo máximo de 30 anos para o cumprimento 
de pena prevista constitucionalmente não se aplica à medida de segurança, pois 
a internação pode prolongar-se indefinidamente se não constatada a cessação de 
periculosidade do agente. Ag em Execução Penal 260.868-3/9 – 2ª Câm. – j. 
09.11.1998 – rel. Des. Egydio de Carvalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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