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Resumo de Organização e Desenvolvimento dos Tecidos no Ser Humano

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Organização e Desenvolvimento dos Tecidos no Ser Humano- 2ºperíodo
Gartner 3ºedição 
Embriologia Clínica 9ºedição
Felipe Cabral- Turma 58
Leonardo Buback- Turma 58
Sistema Reprodutor Masculino 			2
Sistema Reprodutor Feminino 			8
Embriologia						16		
Sistema Circulatório					37
Sistema Imunológico (Tecido Linfoide) 		43
Cavidade Oral						54
Trato Digestivo						59
Glândulas Digestivas					68
Tegumento							75
Sistema Respiratório					80
Sistema Urinário					90
Sistema Endócrino					99
Sistema Reprodutor Masculino
Consiste em dois testículos produtores de gametas e testosterona, ductos genitais, vesículas seminais, próstata, glândulas bulbouretrais (de Cowper) e o pênis. As glândulas produzem a porção não-celular do sêmen, que promove o meio nutritivo e fluído aos espermatozoides.
1- Testículos
Os testículos se desenvolvem retroperitonealmente na cavidade abdominal e, à medida que descem em direção ao escroto, levam parte do peritônio, esta é a túnica vaginal, que reveste parcialmente o testículo e forma um compartimento seroso que permite a mobilidade da gônada dentro do compartimento escrotal.
Estrutura geral e suprimento vascular
Envolvendo o testículo, existe uma camada de tecido conjuntivo denso modelado, a túnica albugínea. Abaixo da túnica albugínea, existe uma camada de tecido conjuntivo frouxo, a túnica vasculosa, que forma a cápsula vascular nos testículos.
Na parte posterior do testículo, a túnica albugínea se espessa e forma o mediastino do testículo, a partir do qual, a túnica albugínea envia septos que dividem a gônada em 250 compartimentos, os lóbulos testiculares. Cada lóbulo testicular contém de 1 a 4 túbulos seminíferos produtores de espermatozoides, que são envolvidos pela túnica vasculosa. Na túnica vasculosa, existe aglomerados de células intersticiais (de Leydig) que produzem testosterona e estão organizadas próximas aos vasos.
Dos túbulos seminíferos, os espermatozoides seguem para os túbulos retos, que os leva até a rede testicular no mediastino do testículo. Daí, os espermatozoides são levados ao epidídimo pelos ductos eferentes.
O suprimento arterial do testículo provem da artéria testicular (um ramo da aorta abdominal). Os leitos vasculares do testículo são drenados pelo plexo venoso pampiniforme, que se encontra enrolado entorno da artéria testicular. O sangue do plexo pampiniforme é mais frio que o sangue da artéria testicular, com isso, forma-se um sistema contracorrente de troca de calor, o que ajuda a manter a temperatura testicular 2ºC a menos que a corporal, possibilitando o desenvolvimento dos espermatozoides.
Túbulos seminíferos
São túbulos produtores de espermatozoides e circundados por extensos leitos capilares. Envolvendo esses túbulos, existe uma delgada camada de tecido conjuntivo, a túnica própria. A túnica própria contém colágeno tipo I, fibroblastos, e, em animais inferiores, células mióides (que dão contratilidade aos túbulos). O epitélio germinativo é composto por duas linhagens de células: as células de Sertoli e as células da linhagem seminífera.
Células de Sertoli
São células cilíndricas altas, cujas membranas plasmáticas laterais possuem complexas invaginações e realizam zônulas oclusivas entre si. A membrana plasmática apical possui muitas pregueações que se projetam para a luz dos túbulos. Essas células fornecem suporte estrutural e nutricional para os gametas em desenvolvimento. As zônulas de oclusão separam o lúmen dos túbulos seminíferos em dois compartimentos: (1)basal ou abluminal, mais estreito e próximo à membrana basal, que contém as espermatogônias e (2)adluminal, mais largo e próximo ao lúmen, que contém as demais células da linhagem seminífera. Com isso as zônulas de oclusão das células de Sertoli formam a barreira hematotesticular, protegendo os gametas em desenvolvimento do sistema imunológico do corpo, já que a mudança do material genético decorrente do processo de maturação pode ser vista como estranha aos componentes desse sistema. As células de Sertoli também fagocitam o citoplasma eliminado durante a espermatogênese, sintetizam e liberam ABP (proteína de ligação à andrógeno, que se liga à testosterona e aumenta a concentração desta nos túbulos seminíferos, possibilitando a espermatogênese), sintetizam e liberam FAM (fator antimülleriano, que impede a formação de ductos de Müller, que são precursores do sistema reprodutor feminino), sintetizam e liberam inibina (um hormônio que inibe a liberação de FSH pela adeno-hipófise), secretam de frutose para nutrição dos espermatozoides e sintetizam e secretam transferrina testicular, uma apoproteína que se liga ao ferro e o conduz para os gametas em formação.
Células da linhagem seminífera ou espermatogênica
As espermatogônias são as únicas células localizadas no compartimento basal, as demais células encontram-se no compartimento adluminal.
 As espermatogônias são células diploides (2n e 2c) que sofrem mitose e originam outras espermatogônias e espermatócitos I (2n e 4c). Os espermatócitos I migram do compartimento basal para o adluminal e entram na primeira divisão meiótica (fase reducional, pois a ploidia muda de 2n para n) formando espermatócitos II (1n e 2c), que sofrem nova divisão meiótica (fase equacional) e originam as espermátides (1n e 1c). As espermátides transformam-se em gametas quando formam um flagelo, reorganizam suas organelas e perdem boa parte do seu citoplasma. Todo esse processo de formação de gametas chama-se espermatogênese.
 São subdivisões da espermatogênese:
Espermatócitogênese: EspermatogôniaEspermatócito I
Meiose: Espermatócito I Espermatócito IIEspermátide
Espermiogênese: Espermátide Gameta
Espermiação: liberação do espermatozoide pronto na luz do túbulo seminífero) 
 
Com o chegar da puberdade, os estímulos externos ao organismo são percebidos pelo córtex cerebral, que envia estímulos ao hipotálamo e este passa a secretar GnRH (Hormônio estimulador da liberação de Gonadotrofinas), que age sobre os gonadotropos da adeno-hipófise e faz com que estes liberem LH e FSH. O LH faz com que as células de Leydig secretem testosterona, e o FSH age sobre as células de Sertoli, estimulando a produção de ABP e com isso, aumentando a concentração de testosterona nos túbulos seminíferos. A alta concentração de testosterona induz as espermatogônias a começarem o processo de espermatogênese.
Existem três categorias de espermatogônias:
Espermatogônias A escuras: São células pequenas com abundante heterocromatina, tornando o núcleo mais escuro. São células de reserva, que não entram no processo de espermatogênese espontaneamente. Quando estimuladas, entram em mitose e originam espermatogônias A escuras e pálidas.
Espermatogônias A pálidas: São semelhantes às espermatogônias A escuras, entretanto, seu núcleo possui mais eucromatina, tornando o núcleo mais claro. São essas células que são induzidas pela testosterona a se proliferar e originar espermatogônias A pálidas e B.
Espermatogônia B: São essas células que se dividem mitoticamente para originar os espermatócitos I (processo de espermatócitogênese). 
Os espermatócitos I são as maiores células da linhagem seminífera e, assim que são formados, migram para o compartimento adluminal e formam zônulas de oclusão adicionais com as células de Sertoli, afim de manter a integridade da barreira hematotesticular enquanto migram de compartimento. Durante a primeira divisão meiótica, o número de material genético muda de 4c para 2c e a ploidia muda de 2n para n, formando os espermatócitos II. Na segunda divisão meiótica, o número de material genético muda de 2c para c, além disso a célula continua haploide, formando as espermátides (1c e 1n).
Nas laminas histológicas, os espermatócitos visíveis são praticamente os primários, já que sua divisão meiótica demora. Somente a prófase I da primeira divisão meiótica dura 22 dias e possui os seguintes estágios: leptóteno (condensação dos cromossomas), zigóteno (pareamento), paquíteno (formaçãodas tétrades), diplóteno e diacinese (crossing-over entre os cromossomos homólogos). Durante a mitose das espermatogônias e a meiose dos espermatócitos, a divisão nuclear (cariocinese) é acompanhada de uma divisão citoplasmática (citocinese) modificada. A medida que as células se dividem, pontes citoplasmáticas são formadas entre as células filhas. Com isso, o ciclo celular do epitélio germinativo forma um sincício de células, essa ligação entre as células do epitélio permite a comunicação e sincronização adequada de todo o epitélio.
Correlação Clínica: 
A síndrome de Klinefelter é uma anormalidade causada pela não-disjunção dos cromossomas XX, portanto, indivíduos com essa síndrome apresentem cariótipo XXY. Os testículos desses indivíduos sofrem um processo de hialinização e tornam-se inférteis. Além disso, esses indivíduos são altos, magros, apresentam algumas características masculinas e algum retardo mental.
Espermiogênese: Todas as espermátides que fazem parte da progênie de uma espermatogônia A pálida estão ligadas por pontes citoplasmáticas, além disso, elas ocupam uma posição próxima ao lúmen do túbulo. Durante sua transformação em espermatozoides, elas perdem parte de seu citoplasma, arranjam suas mitocôndrias na forma de uma bainha mitocondrial em sua peça intermediária, acumulam enzimas hidrolíticas e formam um flagelo. O professor não fala em sala sobre as quatro fases da espermiogênese, portanto elas serão apenas citadas aqui:
Fase de Golgi: Formação dos grânulos pré-acrossômicos, vesícula acrossômica, determinação do polo anterior do SPTZ e formação do axonema do flagelo.
Fase de capuz: Aumento do tamanho da vesícula acrossômica e formação do acrossoma.
Fase acrossômica: O núcleo se condensa, a célula se alonga, as mitocôndrias mudam de posição
Fase de maturação: Eliminação do citoplasma da espermátide, espermiação e fagocitose dos restos celulares pelas células de Sertoli. Nesta fase, os espermatozoides ainda estão imóveis e incapazes de fertilizar um ovócito II. Os espermatozoides só ganharão motilidade quando passarem pelo epidídimo e só serão capacitados ao entrarem no sistema reprodutor feminino.
Estrutura dos espermatozoides: Os espermatozoides possuem uma cabeça, que contém o núcleo e uma cauda, que é dividida em colo, peça intermediária e peça principal e peça terminal.
Cabeça dos espermatozoides: Contém núcleo e acrossoma. O acrossoma está em contato com a membrana plasmática anterior do gameta e possui as seguintes enzimas: neuraminidase, hialuronidase, fosfatase ácida, arilsulfatase, acrosina e esterases.
Cauda dos espermatozoides: O colo conecta a cabeça à cauda e contém dois centríolos, um dos quais geralmente está fragmentado. A peça intermediária é caracterizada pela presença da bainha mitocondrial. A peça principal é o segmento mais longo da cauda. A peça terminal é constituída pelo axonema central do flagelo.
2- Ciclo do epitélio seminífero
A cada 16 dias, um ciclo do epitélio seminífero ocorre, e o processo de espermatogênese, necessita de 4 ciclos para se completar. Portanto, da passagem de uma espermatogônia A pálida até um espermatozoide, 64 dias são gastos.
Células intersticiais (de Leydig)
As células de Leydig estão contidas no tecido conjuntivo da túnica vasculosa e produzem testosterona. São típicas células produtoras de esteroides, com REL e aparelho de Golgi bem desenvolvidos. Ao microscópio óptico, essas células apresentam-se vacuolizadas, devido ao grande acúmulo de gotículas lipídicas em seu citoplasma, entretanto, vesículas de secreção para a testosterona não são encontradas, pois esse hormônio esteroidal é liberado assim que é produzido. Pigmentos de lipocromo podem ser encontrados nas células de homens idosos. Além disso, existem proteínas cristalizadas, formando os cristais de Reinke, que são exclusivas das células intersticiais humanas.
Histofisiologia dos testículos
Os espermatozoides são produzidos aos milhões por dia, por um tipo de secreção que pode ser considerado holócrino. As células de Sertoli também produzem um fluido rico em frutose que nutre e ajuda na motilidade dos espermatozoides.
O LH se liga à receptores de LH nas células de Leydig e ativa a adenilato ciclase, formando AMPc. O AMPc ativa proteínas quinases, que induzem esterases de colesterol a clivar as moléculas lipídicas das gotículas em colesterol livre. Além disso, o LH ativa a enzima colesterol desmolase, que transforma colesterol livre em pregnenolona. Por fim, a testosterona é formada em um processo que envolve o REL e as mitocôndrias.
Entretanto, a concentração de testosterona no sangue não é capaz de ativar as espermatogônias A pálidas, portanto, o FSH, outra gonadotrofina, se liga aos receptores de FSH nas células de Sertoli e induz a produção e secreção de ABP. Desse modo, a concentração local de testosterona nos testículos aumenta e dá-se início a espermatogênese.
Ocorre um feedback negativo entre a concentração de testosterona sobre a secreção de LH, assim como entre a concentração de inibina (hormônio produzido pelas células de Sertoli) sobre a secreção de FSH. Além disso, é interessante observar que os hormônios estrógenos também podem se ligar ao ABP e, dessa forma, inibir a espermatogênese.
A testosterona, além de estimular a espermatogênese, é importante para o bom funcionamento das glândulas acessórias do sistema reprodutor masculino e para o aparecimento de características sexuais. Portanto, as células que precisam de testosterona produzem a enzima 5α-redutase, que converte testosterona à sua forma mais ativa, a diidrotestosterona.
3- Ductos Genitais
Podem ser divididos em duas categorias, aqueles localizados dentro dos testículos (intratesticulares) e aqueles localizados fora deles (extratesticulares).
Ductos genitais intratesticulares:
Túbulos retos: Conduzem os espermatozoides dos túbulos seminíferos até a rede testicular. Esses túbulos são curtos e revestidos pelas células de Sertoli na porção próxima aos túbulos seminíferos e por um epitélio cubico simples na porção restante.
Rede testicular: Uma rede de túbulos localizados no mediastino testicular e revestidos por epitélio cúbico simples. As células epiteliais possuem um curto flagelo.
Ductos eferentes: São em número de 10 a 20 e conduzem os espermatozoides da rede testicular para o epidídimo, perfurando a túnica albugínea. O epitélio desses ductos é constituído por áreas de células cubicas não-ciliadas e áreas de células cilíndricas ciliadas. Acredita-se que o epitélio dos ductos eferentes absorva o fluido produzido pelas células de Sertoli.
Ductos genitais extratesticulares
Epidídimo: Pode ser subdividido em três regiões: cabeça, corpo e cauda. A cabeça se origina da confluência dos 10 a 20 ductos eferentes e torna-se altamente espiralada, continuando com o corpo. A parte distal da cauda, que armazena os espermatozoides, torna-se menos espiralada a medida que se continua com o ducto deferente. O canal do epidídimo é revestido por um epitélio pseudoestratificado prismático estereociliado com dois tipos celulares: células basais, com o papel de renovar o epitélio, e células principais, que possuem prolongamentos de membrana denominados estereocílios que possuem a função e reabsorver o fluido do lúmen e fagocitar restos citoplasmáticos não fagocitados pelas células de Sertoli. As células principais também produzem glicerofosfocolina, uma glicoproteína que inibe a capacitação dos espermatozoides antes destes entrarem no sistema reprodutor feminino. Uma camada e músculo liso envolve o canal do epidídimo e fornece contrações peristálticas ao mesmo.
Ducto deferente: Um tubo muscular de parede espessa que conduz os espermatozoides do epidídimo para o ducto ejaculador. Possui o mesmo epitélio que o epidídimo. A túnica de músculo liso possui três camadas: longitudinais interna e externa e circular média. A porção terminal de cada ducto deferente é denominada ampola. Quando a ampola se aproxima da próstata, ela recebe o ducto da vesícula seminal e forma-se do ducto ejaculador.Correlação Clínica:
A vasectomia (deferentectomia), é realizada através de um pequeno corte no saco escrotal e retirada de um segmento inicial do ducto deferente, tornando assim, a pessoa infértil. Um mês após o procedimento, um espermograma deve ser realizado para detectar a presença de espermatozoides no sêmen, caso a azoospermia seja constatada, a deferentectomia obteve sucesso. Aproximadamente até 5 anos após a cirurgia, ela ainda pode ser revertida.
Ducto ejaculador: Um tubo reto e curto, formado pela ampola do ducto deferente e ducto da vesícula seminal. Desemboca na uretra prostática, no colículo seminal. O epitélio é prismático simples e a túnica muscular está ausente.
4- Glândulas genitais acessórias
O sistema reprodutor masculino possui 2 vesículas seminais, 1 próstata e 2 glândulas bulbouretrais (de Cowper).
Vesículas seminais
A vesícula seminal não possui a função de acumular espermatozoides, entretanto, no momento da ejaculação, parte dos espermatozoides refluem e acumulam-se temporariamente nesta glândula.
A mucosa da vesícula seminal é altamente contorcida e revestida por um epitélio pseudoestratificado prismático. A altura das células cilíndricas varia de acordo com a concentração sérica de testosterona, quanto mais testosterona, mais altas as células. A túnica muscular possui duas camadas, uma circular interna e outra longitudinal externa. Externamente, existe uma adventícia de tecido conjuntivo fibroelástico.
Essa glândula produz um liquido amarelado (devido ao pigmento lipocromo) e viscoso, rico em frutose, vitamina C, aminoácidos, proteínas e prostaglandinas que correspondem a 70% do volume do sêmen. A vesícula seminal também produz a enzima vesiculase, que coagula parte do sêmen, formando um tampão na vagina que impede com que os espermatozoides saiam do sistema reprodutor feminino.
Próstata
A próstata é atravessada pela uretra e perfurada pelos ductos ejaculadores. Possui uma cápsula de tecido conjuntivo denso não-modelado. Estroma constituído de tecido conjuntivo, ricamente vascularizado e com algumas células musculares lisas.
A próstata é um conglomerado de 30 a 50 glândulas tubuloalveolares compostas que são dispostas em 3 camadas distintas:
	Glândulas da mucosa: Mais próximas da uretra;
	Glândulas da submucosa: Estão entre as glândulas da mucosa e principais;
Glândulas principais: Estão na porção mais periférica da próstata, são as maiores, mais numerosas e compõem a maior parte do órgão.
Cada glândula possui o seu próprio ducto que lança a secreção na uretra prostática e o lúmen dos alvéolos prostáticos podem possuir concreções prostáticas (corpos amiláceos), compostas por glicoproteínas calcificadas que aumentam de número com a idade. A secreção prostática é rica em fosfatase ácida, fibrinolisina (composto que impede a rápida coagulação do sêmen) e ácido cítrico. A secreção prostática e sua regulação são controladas pela diidrotestosterona.
Correlações clínicas:
A medida que os homens envelhecem, o estroma e as glândulas prostáticas da mucosa e da submucosa começam a crescer, condição chamada de HPB (hiperplasia prostática benigna). O aumento da próstata pode estrangular a uretra e resultar em dificuldade para micção (estrangúria). Para aliviar os sintomas, pode-se realizar RTU (ressecção transuretral), um procedimento cirúrgico que visa melhorar a micção dos pacientes.
Seguido do câncer de pele, o adenocarcinoma de próstata é o câncer mais comum em homens e afeta principalmente as glândulas principais e está presente em cerca de 30% dos pacientes com mais de 75 anos. Um teste simples que visa complementar o diagnóstico do adenocarcinoma prostático juntamente com a palpação, biópsia e ultrassonografia da próstata é o teste de PSA (antígeno prostático específico) no exame de sangue. Caso o nível de PSA esteja alto, suspeita-se de câncer.
Glândulas bulbouretrais (de Cowper)
Estão localizadas na raiz do pênis, junto ao início da uretra membranosa, entretanto, desembocam na uretra peniana. A capsula fibroelástica dessa glândula não possui apenas células musculares lisas, mas também células musculares esqueléticas derivadas do diafragma da pelve. Produzem uma secreção viscosa que contem galactose e ácido siálico com a função de lubrificar a uretra antes da ejaculação.
Histofisiologia das glândulas genitais acessórias
As glândulas bulbouretrais são as primeiras a liberarem a secreção para a uretra masculina, lubrificando-a. Momentos antes da ejaculação, a próstata libera sua secreção e os espermatozoides são liberados da ampola do ducto deferente. Por fim, a vesícula seminal adiciona sua secreção ao sêmen, aumentando o volume do ejaculado, que é, em média de 3ml.
Portanto a ordem de secreção é: Glândulas de CowperPróstataAmpola do ducto deferenteVesícula seminal.
5- Pênis
O pênis é formado por três colunas de tecido erétil revestidas por tecido conjuntivo denso fibroso, a túnica albugínea. Dorsalmente, duas colunas dos tecidos eréteis são denominadas corpo cavernoso. A túnica albugínea do corpo cavernoso é descontinua, permitindo a comunicação entre os tecidos eréteis. Ventralmente, existe o corpo esponjoso, menos denso, que contém a uretra peniana e as glândulas de Littré, que produzem uma secreção mucosa e a lançam na uretra. Na extremidade do pênis, o corpo esponjoso se dilata e forma a glande do pênis.
Obs.: A uretra prostática possui epitélio de transição, já o epitélio da uretra membranosa em diante, é estratificado prismático.
Os três tecidos eréteis estão envolvidos por tecido conjuntivo frouxo e por uma pele, sem hipoderme. A pele continua distalmente formando o prepúcio sobre a glande do pênis. Quando o menino é circuncidado, é o prepúcio que é retirando, evitando assim, o acúmulo de impurezas que resultam na formação do esmegma que pode levar ao câncer de pênis.
Estrutura do tecido erétil
O tecido erétil contém numerosos espaços revestidos por endotélio (epitélio pavimentoso simples) e separados uns dos outros por trabéculas de tecido conjuntivo e células musculares lisas.
Mecanismo de ereção, ejaculação e detumescência
Quando flácido, o tecido erétil do pênis possui pouco sangue, pois o sangue é desviado dos corpos cavernosos. A ereção ocorre quando o sangue é levado para os corpos cavernosos (e em menor dimensão para o corpo esponjoso), provocando a distensão da túnica albugínea. O sistema nervoso autônomo parassimpático estimula a produção de óxido nítrico que, por relaxar as células musculares lisas dos vasos, induz uma vasodilatação nas artérias que levam sangue ao pênis, aumentando o aporte de sangue para o tecido erétil.
Com o estímulo continuo da glande do pênis, o sistema nervoso autônomo simpático provoca a ejaculação e, após desta, a detumescência peniana.
Correlação clínica:
O óxido nítrico (NO), liberado pelas células endoteliais sob estímulo parassimpático ativa a guanilatociclase das células musculares lisas, aumentando a concentração intracelular de GMPc a partir do GTP, e deste modo, provoca o relaxamento das células musculares lisas e vasodilatação. Após a ejaculação, ou quando os impulsos parassimpáticos cessam, outra enzima, a GMPc fosfodiesterase (PDE), degrada o GMPc, permitindo que as células musculares lisas se contraiam novamente e, desta forma, acaba a ereção.
O citrato de sildenafil (Viagra) produz ereções pois inibe a PDE, e desta maneira, mantem a concentração intracelular de GMPc alta, impedindo que as células musculares lisas se contraiam.
6- Embriologia do sistema reprodutor masculino
Tem origem no mesoderma intermediário, assim como todo o sistema urinário.
Células germinativas primordiais se originam da parede do intestino primitivo (endoderma) e migram para a crista gonadal através do mesentério dorsal, onde originam espermatogônias ou ovogônias (a depender do sexo do bebe). Essa migração das células germinativas primordiais é influenciada pelos genes: STELLA, BMP4 e FRAGILIS.
Obs.: Os genes sox9 e FGF influenciam na formação dos cordões seminíferos, que originam a rede intratesticular deformação e transporte dos espermatozoides (túbulos seminíferos, túbulos retos e rede testicular).
No braço curto (p) do cromossoma Y, existe um gene chamado (SRY), que faz com que o indivíduo produza TDF (ou FDT= fator determinante de testículo), que age sobre a gônada indiferenciada e a estimula a desenvolver sua medula e transformar-se em testículo.
Os testículos começam a se desenvolver com 7 semanas, já os ovários, com 12 semanas. Caso a gônada masculina não desça para o escroto, o indivíduo nasce com criptorquidia, que, em caso de bilateralidade, torna o indivíduo estéril. Essa condição deve ser tratada cirurgicamente.
Do mesonéfron (rim intermediário) surgem os ductos mesonéfricos (de Wolff), que sofrem ação do FAM (fator antimülleriano, produzido pelas células de Sertoli, que impede a transformação de ductos de Wolff em ductos de Müller) e da testosterona, e se transformam nos ductos eferentes, canal do epidídimo, ducto deferente e ducto ejaculador do feto masculino. Na ausência do FAM, os ductos mesonéfricos se transformam em paramesonéfricos (de Müller) que originarão componentes do sistema reprodutor feminino.
Obs.: Durante o período embrionário, a própria β gonadotrofina coriônica humana (βHCG) estimula as células de Leydig a produzirem testosterona. Após o nascimento, o papel do βHCG na produção de testosterona é substituído pelo LH.
Obs.: Durante o desenvolvimento embrionário, o desenvolvimento de uma túnica albugínea espessa é indicativo de que a gônada em formação trate-se de um testículo e não de um ovário.
Sistema Reprodutor Feminino
Importante: As questões sobre o sistema reprodutor feminino nas provas de residência costumam ser difíceis e recorrentes, portanto, deve-se ter uma atenção especial a este assunto.
Constituído pelos órgãos reprodutores internos (2 ovários, 2 ovidutos, útero e vagina) e pela genitália externa (clitóris, grandes e pequenos lábios). Estes órgãos permanecem parcialmente desenvolvidos até o momento da liberação dos hormônios gonadotróficos pela hipófise durante a puberdade. A partir de então, várias mudanças culminam na menarca (primeira menstruação), que é seguida pela menacme (período fértil da mulher), menopausa (fase final da vida fértil feminina) e climatério (período após a vida fértil). Após a menarca, os ciclos menstruais se repetem a cada 28 dias e, no climatério, uma involução limitada dos órgãos reprodutores começa.
1- Ovário
Os ovários estão presos ao ligamento largo do útero pelo mesovário, uma prega peritoneal que veicula vasos para a gônada. Recobrindo o ovário, existe o epitélio germinativo (obs.: a denominação epitélio germinativo é incorreta, pois essas células não originam as células germinativas. Elas são apenas uma modificação do mesotélio peritoneal). Abaixo do epitélio germinativo, existe a túnica albugínea, que nos ovários, é de tecido conjuntivo denso não-modelado e pouco vascularizada.
Cada ovário é subdividido em um córtex altamente celularizado e em uma medula, constituída por tecido conjuntivo frouxo muito vascularizado. Os vasos da medula ovariana, são derivados da artéria ovárica (um ramo da aorta abdominal).
Córtex Ovariano
O córtex do ovário é constituído por um estroma (parte não funcional da gônada) que contêm células intersticiais (semelhantes aos fibroblastos), e por um parênquima (parte funcional da gônada) que corresponde aos folículos ovarianos nos mais diversos graus de maturação.
As ovogônias se desenvolvem do endoderma do saco vitelino, sofrem várias divisões mitóticas e após a sexta semana de desenvolvimento embrionário migram sobre a influência dos genes STELLA, FRAGILIS E BMP4 através do mesentério dorsal para povoar o córtex ovariano. Cerca de 1 milhão de ovogônias tornam-se envolvidas por células foliculares e sobrevivem até a época de nascimento como folículos primordiais. As ovogônias restantes sofrem um processo de atresia (degeneração e morte).
As células foliculares passam a produzir a substância inibidora de meiose (um fator parácrino), que age sobre as ovogônias e param a meiose I na fase de diplóteno da prófase, formando os ovócitos I. Os ovócitos I permanecem parados nesta fase até pouco antes da ovulação, quando o pico LH estimula a meiose através da substância indutora de meiose, com formação do ovócito II e o primeiro corpúsculo polar.
Ao final do 5º mês fetal, existem 5 a 7 milhões de ovogônias 1 milhão de ovogônias sobrevivem até o nascimento na forma de folículos primordiais Na menarca, cerca de 300-400 mil folículos primordiais estão presentes Aproximadamente 450 ovócitos II são liberados durante a menacme feminina.
Desenvolvimento do fenótipo sexual feminino durante a embriogênese
Tanto na ausência de testosterona como na de FAM (fator antimülleriano), o desenvolvimento natural do fenótipo é feminino. A ausência de testosterona, não permite o desenvolvimento dos ductos de Wolff (mesonéfricos), e a ausência de FAM permite o desenvolvimento dos ductos de Müller (paramesonéfricos), os precursores do trato genital feminino, que originam os ovidutos, útero e a parte superior da vagina.
Obs.: A ausência do fator determinante de testículo (FDT ou TDF) estimula o desenvolvimento do córtex e inibe o desenvolvimento da medula da gônada primitiva.
O córtex ovariano e o início da puberdade
Antes do início da puberdade, todos os folículos ovarianos são folículos primordiais. O hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), um decapeptídeo produzido pelo núcleo arqueado e área pré-óptica do hipotálamo, é liberado de forma pulsátil, em intervalos de 90 minutos e resulta em um aumento de receptores para GnRH nas células basófilas da adeno-hipófise, além da liberação igualmente pulsátil de gonadotrofinas (LH e FSH), que culmina no início do desenvolvimento folicular e do ciclo ovariano.
Folículos ovarianos
Os folículos ovarianos são envolvidos por estroma e são constituídos por um ovócito I e células foliculares associadas a ele. As células foliculares são derivadas do epitélio germinativo e, possivelmente, dos cordões sexuais primitivos do mesonéfron.
Os folículos presentes do ovário são:
Folículos primordiais (que ainda não se encontram em desenvolvimento);
Folículos primários unilaminares e multilaminares;
Folículos secundários (ou antrais);
Folículos de Graaf (maduros);
O desenvolvimento dos folículos primários é independente do FSH, pois a diferenciação e proliferação das células foliculares são estimuladas somente for fatores parácrinos. Entretanto, os folículos secundários e de Graaf, possuem seu processo de maturação dependente de FSH. O desenvolvimento folicular geralmente resulta na liberação de um único ovócito II.
Folículos primordiais
O folículo primordial é constituído por um ovócito primário parado no diplóteno da prófase I, circundado por células foliculares achatadas. As células foliculares circundam completamente o ovócito e estão unidas umas às outras por desmossomas além de serem separadas do estroma por uma lâmina basal. Os folículos primordiais se transformam em folículos primários.
Correlações clínicas:
O longo tempo em que o ovócito I permanece parado na meiose (até 45 anos) pode ser responsável, em parte, pela alta frequência de erros na meiose, como a não disjunção de cromossomos. Além disso, as paradas na divisão meiótica dessas células tornam-nas mais suscetíveis à radiação e outros efeitos genotóxicos e mutagênicos.
Folículos primários
O ovócito I cresce, as células foliculares tornam-se cuboides e, enquanto uma única camada de células foliculares reveste o ovócito I, diz-se que o folículo é primário unilaminar. Quando as células foliculares se estratificam e formam várias camadas entorno do ovócito I, diz-se que o folículo primário é multilaminar, e a camada de células foliculares recebe o nome de camada granulosa.
A atividade proliferativa das células da granulosa (ou células foliculares da camada granulosa) é estimulada pela ativina, uma molécula de sinalização produzida pelo ovócito I que também age na adeno-hipófise, aumentando a secreçãode FSH. Durante o estágio de folículo primário multilaminar, o ovócito I também secreta as glicoproteínas ZP1, ZP2 e ZP3, que juntas, formam a zona pelúcida entre o ovócito I e a camada granulosa. Os prolongamentos das células da granulosa invadem a zona pelúcida e estabelecem junções comunicantes com o ovócito I, a existência dessa comunicação entre células da granulosa e ovócito I, é importante para o progresso da meiose.
As células do estroma começam a se organizar ao redor do folículo primário multilaminar, formando a teca interna, constituída por uma camada celular muito vascularizada, e uma teca externa, constituída por células do estroma sem modificações.
As células da teca interna possuem receptores para LH e características de células produtoras de esteroides, com citoplasma composto por numerosas gotículas lipídicas e REL bem desenvolvido. Essas células da teca interna produzem androstenediona, um hormônio sexual masculino, que penetra nas células da granulosa, e por ação da enzima aromatase, se transforma em estradiol.
Folículos secundários (ou antrais)
A partir desse ponto, o tamanho do ovócito I se mantem constante e ocorre a formação de espaços intercelulares preenchidos por liquido folicular entre as células da granulosa. A continuação do desenvolvimento das células da granulosa se dá por dependência de FSH que, juntamente com o estradiol, estimulam essas células a adicionarem receptores para LH em suas membranas.
O liquido folicular contém glicosaminoglicanos, proteoglicanos, proteínas de ligação à esteroides, progesterona, estradiol, inibina-B, ativina e foliostatina, os quais regulam a secreção de LH e FSH.
Obs.: A inibina-B é produzida pelas células da granulosa (CAI NA RESIDENCIA).
Com a produção de muito liquido folicular, forma-se uma grande cavidade dentro do folículo, o antro folicular. Dentro do antro folicular, encontra-se o ovócito I, rodeado pela zona pelúcida e, agora, pela coroa radiada, que é formada por células da granulosa que se soltaram da camada granulosa e agora estão rodeando o ovócito I externamente à zona pelúcida. Além disso, existe um grupo de células que ligam o ovócito I à camada granulosa, essas células de ligação recebem o nome de cúmulo oóforo.
No estágio de folículo antral, dois tipos de células da granulosa são distinguíveis: as células da membrana granulosa (que revestem todo o folículo) e as células granulosas do cúmulo oóforo (que formam o cúmulo oóforo). Apesar desse folículo estar próximo da maturação completa, a maioria deles entram em processo de atresia, restando apenas algumas células da camada granulosa, que formam a glândula intersticial ovariana, com poucas células secretoras de hormônios andrógenos até a menopausa.
Folículos de Graaf (maduros)
O diâmetro desse folículo pode chegar ao tamanho de todo o ovário, sendo observado como uma saliência na superfície do órgão. A continuação da formação do liquido folicular, leva o cúmulo oóforo a se separar das células da membrana granulosa e flutuar livremente dentro do folículo momentos antes da ovulação (ovocitação).
Correlações clínicas:
O ovário policístico é caracterizado pelo amadurecimento múltiplo de vários folículos, mas a atresia destes não ocorre, sendo armazenados no ovário na forma de cistos. Provavelmente é causado por elevadas taxas de insulina no sangue, acarretando em alta produção de hormônios andrógenos, que provocam alterações menstruais, acne e obesidade.
Ovulação (ovocitação)
Por volta do 14º dia do ciclo menstrual, o estradiol produzido pelos folículos entra na corrente sanguínea e provoca elevação de sua concentração sérica, resultando em: (1) interrupção da liberação de FSH pela adeno-hipófise e (2) liberação de uma grande quantidade de LH.
O pico de LH aumenta o fluxo sanguíneo para os ovários e os capilares da teca externa começam a extravasar plasma, provocando edema na região. Concomitantemente ao edema, são liberados histamina, prostaglandinas, colagenase e ativador de plasminogênio (já que a conversão de plasminogênio em plasmina facilita a proteólise da membrana granulosa, resultando na ovocitação). O pico de LH também libera a substância indutora da meiose (que faz com que o ovócito I parado em diplóteno da prófase I continue a meiose e forme o primeiro glóbulo polar e o ovócito II). Obs.: A formação do glóbulo polar é importante para que parte do material genético do ovócito I seja expulso com a perda do mínimo de citoplasma possível, formando o ovócito II, que entra na segunda divisão meiótica e para na metáfase até o momento da fecundação.
A presença e a formação de proteoglicanos e ácido hialurônico atrai água, levando assim ao aumento do tamanho do folículo de Graaf e enfraquecimento continuo da membrana granulosa. Pouco antes da ovulação, a parede do folículo é pressionada contra a parede do ovário, formando uma região avascular, denominada estigma, que se torna enfraquecida. A parede do estigma e a membrana granulosa se degeneram nesse local, formando uma abertura entre a cavidade peritoneal e o antro do folículo de Graaf. Os resquícios do folículo de Graaf se transformam em um corpo hemorrágico e depois no corpo lúteo.
O infundíbulo da trompa uterina é dotado de fimbrias que “varrem” o ovócito II para dentro da trompa. A partir de então, o ovócito II está pronto para ser fecundado e, caso não o seja dentro de 24h, ele é fagocitado.
Correlações clínicas:
Em algumas mulheres, uma dor abdominal de intensidade variável pode acompanhar a ovulação, o sinal de Mittelschmerz (CAI NA RESIDÊNCIA). Nesses casos, a ovulação causa um sangramento leve dentro da cavidade abdominal, que resulta em dor súbita e constante.
Algumas mulheres não ovulam (anovulação) devido a uma liberação inadequada de gonadotrofinas. O tratamento pode ser feito administrando gonadotrofinas à mulher, ou um agente ovulatório, como o medicamente clomide.
Corpo lúteo
Após a ovocitação, o antro do folículo de Graaf é dominado por sangue, que logo se coagula, sendo denominado de corpo hemorrágico. O coágulo é lentamente removido por macrófagos e o nível continuo de LH no sangue converte o corpo hemorrágico na glândula endócrina temporária que é o corpo lúteo.
O corpo lúteo, altamente vascularizado, é constituído por células granuloso-luteínicas (células granulosas modificadas) e por células teco-luteínicas (células da teca interna modificadas).
As células granuloso-luteínicas correspondem a 80% do corpo lúteo e desenvolvem todas as organelas necessárias para a síntese de esteroides. Essas células produzem progesterona e convertem os hormônios andrógenos produzidos pelas células teco-luteínicas em estrógenos, além de produzirem inibina-A.
As células teco-luteínicas, correspondem a 20% do corpo lúteo e estão em sua periferia. Essas células se coram mais intensamente e produzem progesterona, estrógenos e andrógenos.
A progesterona e os hormônios estrógenos inibem a secreção de LH e FSH respectivamente. A ausência de FSH impede o desenvolvimento de novos folículos e, desta forma, de uma nova ovocitação. Caso a gravidez não ocorra, a ausência de LH provocada pela secreção de progesterona, faz com que o corpo lúteo se degenere lentamente após 14 dias, formando o corpo lúteo da menstruação ou espúrio. Caso a gravidez ocorra, a gonadotrofina coriônica humana (hCG) secretada inicialmente pelo sinciciotrofoblasto do blastocisto e depois pela placenta, mantem o corpo lúteo por 3-4 meses, formando o corpo lúteo da gravidez, que cresce até um diâmetro de 5 cm e continua secretando hormônios, embora a placenta sozinha consiga manter a gravidez. A placenta também produz o hormônio relaxina, que facilita o parto pelo amolecimento da sínfise púbica e do colo uterino.
Corpo albicans
Após um certo tempo, os corpos lúteos são invadidos por fibroblastos, tornam-se fibróticos e afuncionais. Seus resquícios sofrem destruição (luteólise) e são fagocitados por macrófagos. O tecido conjuntivo fibroso rico em colágeno I que se forma no lugar é o corpo albicans. O corpo albicans pode ser percebidocomo uma cicatriz na superfície do ovário.
Folículos atrésicos
Muitos folículos se desenvolvem por ciclo menstrual, mas poucos deles chegam ao estágio de folículos de Graaf. Mesmo assim, alguns folículos maduros se formam, entretanto, apenas um deles torna-se dominante. O folículo dominante libera quantidades expressivas de inibina, diminuindo a secreção de FSH e reduzindo o desenvolvimento dos outros folículos de Graaf, tornando-os atrésicos, que são finalmente fagocitados por macrófagos.
Obs.: Lembre-se das glândulas intersticiais ovarianas, que são formadas com a atresia de alguns folículos secundários e secretam hormônios andrógenos até a menopausa.
Medula ovariana
A medula do ovário é constituída por tecido conjuntivo frouxo fibroelástico que contém grandes vasos sanguíneos e linfáticos, além de fibras nervosas. Possui poucas células intersticiais secretoras de estrógenos e células do hilo, que possuem o mesmo conjunto de organelas e componentes citoplasmáticos que as células de Leydig, portanto, são secretoras de hormônios andrógenos.
2- Tubas uterinas (ovidutos ou trompas de Falópio)
As tubas uterinas são dividias em 4 regiões anatômicas a partir do ovário:
Infundíbulo: Cuja extremidade livre possui as fimbrias que ajudam a capturar o ovócito II.
Ampola: Região mais dilatada, é onde a fertilização geralmente ocorre;
Istmo: Porção estreitada entre a ampola e o útero;
Porção Intramural: Atravessa a parede uterina e se abre no lúmen do órgão.
A mucosa da tuba uterina é dotada de muitas pregas, que são particularmente desenvolvidas na ampola mas estão presentes em todas as regiões da trompa. O epitélio prismático simples que reveste o lúmen do órgão é mais alto no infundíbulo e vai se tornando mais baixo a medida que se aproxima do útero, este epitélio é constituído por dois tipos de células:
Células intercalares (peg cells, não-ciliadas ou secretoras): Não possuem cílios e produzem uma secreção nutritiva e protetora para a manutenção dos espermatozoides, assim como para sua capacitação. A secreção dessa célula também nutre e protege o ovócito II caso ele seja fecundado.
Células ciliadas: Os cílios dessas células batem em direção ao útero, levando o ovócito II nesta direção e também impede com que bactérias e outros corpos estranhos penetrem na cavidade peritoneal.
A túnica muscular é composta pelas camadas circula interna e longitudinal externa mal definidas de músculo liso. O mesotélio peritoneal e uma delgada camada e tecido conjuntivo frouxo formam a cobertura serosa da tuba uterina.
Correlações clínicas:
Mesmo com o batimento ciliar ausente, uma mulher com a síndrome dos cílios imóveis (Síndrome de Kartagener) pode engravidar, pois os movimentos peristálticos da tuba uterina conseguem mover o ovócito II fertilizado até o útero.
3- Útero
O útero é dividido em três partes: (1)corpo, larga porção na qual as tubas uterinas se abrem, (2)fundo, a base arredondada situada superiormente às aberturas das tubas uterinas e (3)cérvix ou colo, porção estreita que se abre para dentro da vagina.
Correlação clínica:
Útero didélfo (ou útero duplo) é formado pela não fusão da parte inferior dos ductos paramesonéfricos (de Müller). Nesses casos, a parte superior da vagina geralmente é dupla, o útero apresenta-se com dois cérvix e com dois lúmens.
Corpo e fundo
A parede do corpo e do fundo o útero é dividido em três camadas:
Endométrio: Constituído por epitélio prismático simples, com células ciliadas e secretoras, e por uma lâmina própria com glândulas uterinas tubulosas simples. As células glandulares se assemelham ao epitélio, entretanto, não existem células ciliadas nas glândulas. O endométrio é constituído por duas camadas: (1)funcional, espessa camada superficial que descama na menstruação e (2)basal, estreita camada profunda cujas glândulas e células proliferam, regenerando a camada funcional após a menstruação. A camada funcional é vascularizada por uma enorme quantidade de artérias helicoidais (ou espiraladas), que tem origem nas artérias arqueadas do estrato vascular do miométrio. A camada basal é suprida por artérias retas, que também se originam das artérias arqueadas do estrato vascular do miométrio.
Miométrio: É a parede muscular do útero, composta por três camadas de músculo liso: camadas longitudinais interna e externa e uma camada circular média, ou estrato vascular, pois é ricamente vascularizada pelas artérias arqueadas. Desta forma as três camadas de músculo liso do útero correspondem aos três estratos (submucoso, vascular e subseroso). A medida que o miométrio se aproxima do colo do útero, a quantidade de músculo liso vai diminuindo e a de tecido conjuntivo fibroso aumenta. O tamanho e o número de células musculares miometriais está diretamente relacionado a concentração sérica de estrogênio, isso é constatado durante a gravidez, quando as células musculares lisas são maiores e mais numerosas. Quando os estrógenos estão ausentes da circulação sanguínea, as células miometriais sofrem apoptose, resultando em atrofia do miométrio. Estimuos sexuais e a menstruação provocam a contração do miométrio, por isso, algumas mulheres sentem dor durante o estágio pré-menstrual (cólicas).
Serosa ou adventícia: Grande parte do útero está coberto por uma adventícia (tecido conjuntivo sem revestimento mesotelial). O fundo, e a porção posterior do corpo do útero estão cobertos por peritônio, portanto, possuem uma serosa (tecido conjuntivo revestido por mesotélio). No caso do útero, a serosa também pode ser chamada de perimétrio.
Correlações clínicas:
A presença de tecido endometrial em outro lugar do corpo senão o útero é denominada endometriose. Essa condição, por muitas vezes dolorosa, pode causar dismenorreia (alteração do ciclo menstrual) e até mesmo infertilidade. Três teorias foram propostas para explicar a endometriose: (1) Teoria da regurgitação: Propõe que o fluxo menstrual escapa do útero pelas tubas uterinas e penetra na cavidade peritoneal. (2) Teoria metaplásica: Sugere que as células epiteliais do peritônio se diferenciem em células endometriais. (3) Teoria disseminação vascular: Propõe que as células endometriais penetram em canais vasculares e são disseminadas para o resto do corpo pela corrente sanguínea.
Cérvix (ou colo do útero)
O cérvix é a extremidade estreitada do útero que se projeta para dentro da vagina. O lúmen do cérvix é revestido por epitélio prismático simples mucossecretor, já o epitélio da parte que se projeta para dentro da vagina é pavimentoso estratificado não-queratinizado. A parede do colo do útero é constituída por tecido conjuntivo denso não modelado e a mucosa cervical contem glândulas cervicais. Embora a mucosa cervical se modifique durante o ciclo menstrual, ela não é descamada durante a menstruação.
Perto da época da ovulação, as glândulas cervicais secretam um muco mais fluido que facilita a entrada dos espermatozoides no útero. Em outras épocas, incluindo a gravidez, a secreção destas glândulas torna-se mais viscosa formando um tampão de muco, impedindo a entrada de esperma e microrganismos no útero. É o hormônio progesterona que regula essas mudanças na viscosidade da secreção das glândulas cervicais.
Na época do parto, o hormônio relaxina produzido pela placenta, provoca a lise do colágeno do cérvix uterino, isso resulta no seu amolecimento para possibilitar a passagem do bebe.
Correlações clínicas:
A técnica de Papanicolau (esfregaço), é uma ferramenta para diagnóstico de câncer cervical. Ela é realizada aspirando-se o liquido da vagina, ou fazendo-se raspagens do colo do útero. Uma lâmina histológica do material é preparada e examinada buscando-se alterações.
O câncer cervical é comum em mulheres, embora seja raro em virgens e em mulheres nuliparas (sem filhos). A incidência aumenta em mulheres com múltiplos parceiros sexuais e herpes.
4- Ciclo menstrual
O ciclo menstrual médio costuma ser de 28 dias e é dividido em 3 fases: fase menstrual, fase proliferativa (ou estrogênica) e fase secretora (ou progestacional).
Fasemenstrual (dias 1 a 4): Esta fase ocorre quando não há fertilização do ovócito II e o corpo lúteo perde sua funcionalidade 14 dias após a ovulação, reduzindo consequentemente os níveis de estrogênio e progesterona. Alguns dias antes da descamação do endométrio, a camada funcional do torna-se privada de sangue e necrosada pois as artérias helicoidais apresentam constrições que privam o suprimento de O2 e nutrientes. Logo em seguida, as artérias espiraladas se dilatam novamente e se rompem, o sangue liberado remove os pedaços do endométrio. Apesar de toda a camada funcional do endométrio ser descamada, ela não se solta inteiramente, necessitando de 3 a 4 dias para se soltar. Durante a fase menstrual, aproximadamente 35ml de sangue, principalmente arterial, é perdido. Antes e depois da fase menstrual, a camada basal continua vascularizada normalmente pelas artérias retas.
Fase proliferativa (dias 4 a 14): Essa fase começa assim que o fluxo menstrual cessa e ocorre ao mesmo tempo em que os folículos ovarianos se desenvolvem. Essa fase é caracterizada pela reepitelização do endométrio, reconstrução das glândulas, do tecido conjuntivo, das artérias helicoidais e da camada funcional como um todo por ação do estrogênio. Durante essa fase, a camada funcional torna-se muito espessa por causa da proliferação das células da camada basal. As novas glândulas são retas e as células começam a acumular glicogênio.
Fase secretora (dias 15 a 28): Essa fase começa após a ovulação. O endométrio continua a se espessar e as células glandulares e do estroma acumulam muito glicogênio. As glândulas tornam-se altamente espiraladas e secretam ativamente por ação da progesterona, essa secreção é responsável pela nutrição do feto antes da placenta estar formada. As artérias helicoidais alcançam seu desenvolvimento máximo e tornam-se ainda mais espiraladas.
5- Vagina
É constituída por três camadas: (1) mucosa, (2) túnica muscular e (3) adventícia.
O lúmen da vagina é revestido por um espesso epitélio pavimentoso estratificado não-queratinizado. Entre as células epiteliais existem células de Langehans que são APCs. As células epiteliais são estimuladas pelos hormônios estrógenos a sintetizar e armazenar glicogênio, que é liberado no lúmen quando as células da vagina descamam. A flora bacteriana vaginal (flora bacteriana de Dödderlein), de ocorrência natural, metaboliza o glicogênio, formando ácido lático, o qual é responsável pelo baixo pH da vagina e proteção contra infestação por bactérias estranhas. A lâmina própria da vagina é ricamente vascularizada e não possui glândulas.
A túnica muscular é composta por feixes de músculo liso, predominantemente longitudinais. Externamente, existem células musculares estriadas esqueléticas que circundam a vagina formando um esfíncter.
A adventícia da vagina é composta por tecido conjuntivo frouxo que se prende as estruturas a que circundam. Esse tecido contém um rico suprimento vascular e é inervada por derivados nervosos dos nervos esplâncnicos pélvicos.
Obs.: Por causa da ausência de glândulas na lâmina própria da vagina, alguns autores não consideram que este órgão possua uma mucosa.
Obs.: Colpocitologia: Estudo das células vaginais.
6- Genitália externa
Os grandes lábios são pregas de pele contendo tecido adiposo e uma camada de músculo liso. Essas estruturas são homólogas ao escroto dos homens. Numerosas glândulas sebáceas se abrem nos grandes lábios.
Os pequenos lábios são duas pequenas pregas de pele localizadas medialmente e profundamente aos grandes lábios. São destituídas de tecido adiposo e de folículos pilosos. Contém muitas glândulas sebáceas e são ricamente vascularizadas e inervadas.
O espaço entre os dois pequenos lábios é o vestíbulo, que recebe a secreção das glândulas de Bartholin e das glândulas vestibulares menores. O vestíbulo recebe a porção terminal da uretra e da vagina e, nas virgens, contêm o hímen.
O clitóris está localizado superiormente, na junção dos pequenos lábios. Este órgão é homólogo ao pênis dos homens e está revestido por epitélio pavimentoso estratificado não-queratinizado além de possuir dois corpos eréteis, contendo numerosos vasos e nervos sensoriais (corpúsculos de Meissner e Pacini), que são sensíveis durante a excitação sexual.
7- Glândulas mamárias
O professor fala de uma forma bem resumida sobre as glândulas mamárias. Em caso de interesse, ler páginas 491-494 do Gartner 3º edição.
Correlação clínica:
O câncer de mama é a segunda maior causa de morte relacionada ao câncer nas mulheres. Pode ser de dois tipos: (1)ductal, que atinge os ductos que transportam leite e (2)lobular, que atinge a porção secretora. Quando o diagnóstico não é precoce, o prognóstico é ruim, pois ocorrem metástases para pulmão, ossos e cérebro. O auto-exame através da palpação, mamografia e biópsia são técnicas diagnósticas. Embora o câncer de mama atinja mais mulheres velhas, os tipos mais agressivos apresentam-se em idades menores.
Embriologia Geral
1- Transporte dos gametas
O ovócito II expulso do ovário durante a ovocitação é levado para dentro da tuba uterina pelas fimbrias. Na tuba, ele se movimenta lentamente em direção ao útero principalmente pelo movimento peristáltico dos ovidutos.
Existem duas fases no transporte dos espermatozoides até o trato reprodutor feminino, a emissão e a ejaculação.
Emissão: O sêmen é enviado para a porção prostática da uretra, através dos ductos ejaculatórios. A emissão é uma resposta do S.N.A.Simpático;
Ejaculação: O sêmen é expelido do orifício externo da uretra masculina. Isso é resultado do fechamento do esfíncter da bexiga e da contração muscular;
As prostaglandinas presentes no sêmen, estimulam a contração do miométrio, facilitando a movimentação dos espermatozoides rumo à ampola da tuba uterina. Os espermatozoides também apresentam velocidades diferentes, a depender do pH do local, movendo-se lentamente no pH ácido da vagina e velozmente no pH básico do útero.
Correlações clinicas:
Homens com 20 milhões de espermatozoides por mL de sêmen, ou com 50 milhões de espermatozoides no total, são considerados férteis.
A denominação infértil, se refere a baixa produção de espermatozoides, já a denominação estéril, se refere a nenhuma produção de gametas.
Criptorquia (ou criptorquidia) é o nome da condição em que um testículo (ou ambos) não descem para a bolsa escrotal, permanecendo na cavidade abdominal. Se tal condição não for tratada cirurgicamente, o adulto torna-se estéril, já que os gametas necessitam de uma temperatura menor que a corporal para se desenvolver.
Monospermia: Fertilização de um ovócito II por apenas um espermatozoide.
Dispermia: Fertilização de um ovócito II por dois espermatozoides, levando a formação de um embrião triploide. Esta condição, somada a outras aberrações cromossômicas, são responsáveis por 45-50% dos abortamentos naturais.
2- Maturação dos espermatozoides
Os espermatozoides recém ejaculados são incapazes de fecundar ovócitos, antes eles precisam passar por um processo de capacitação. Durante a capacitação, uma cobertura glicoproteica e proteínas seminais são removidas da superfície do acrossomo, os componentes da membrana dos espermatozoides também são amplamente alterados.
A capacitação dos espermatozoides geralmente ocorre no útero ou nas tubas uterinas por substâncias secretadas pelas células prismáticas secretoras do útero e pelas peg cells das tubas uterinas.
3- Fecundação
Após a ovulação, o ovócito II deve ser fecundado em até 24 horas. Após esse período ele atinge o útero, onde a fecundação não é possível. 
Após a ejaculação, cerca de 300 milhões de espermatozoides são lançados no canal vaginal. Estes migram através do muco das glândulas cervicais, que é mais fluido na ocasião da ovulação, entrando no útero. A substância vesiculase, produzida pela vesícula seminal, promove a formação de um coágulo de sêmen na entrada do útero, fechando os espermatozoides lá dentro. Em adição, as prostaglandinas produzidas pela próstata estimulam a contração das paredes uterinas,facilitando a movimentação.
Os espermatozoides são atraídos para dentro da tuba uterina onde está o ovócito II por substâncias quimiotácticas produzidas tanto pelo próprio ovócito II, quanto pelas células da parede da tuba.
Durante seu percurso, os espermatozoides são capacitados por secreções das glândulas uterinas que removem a cobertura proteica presente na cabeça dos referidos.
Na ocasião do encontro entre espermatozoide e ovócito II, o primeiro obstáculo a ser superado é a Corona radiata, um invólucro de células foliculares. O contato entre a cabeça do espermatozoide e a Corona radiata promove a fusão do acrossomo com a membrana plasmática do espermatozoide, formando canais por meio dos quais escapa a enzima hialuronidase – que degradará a matriz extracelular da corona, desagregando as células que a compõe e permitindo a passagem do espermatozoide.
Em seguida, o espermatozoide precisa atravessar a zona pelúcida – um invólucro proteico formado pelas proteínas ZP1, ZP2 e ZP3. Incialmente ocorre um duplo reconhecimento – promovido por receptores e ligantes – entre a proteína ZP3 da zona pelúcida e a membrana do espermatozoide. Tal reconhecimento desencadeia a liberação da enzima acrosina pelo acrossomo, que degrada a zona pelúcida permitindo a passagem do espermatozoide, que cai no espaço perivitelino (entre o ovócito II e a zona pelúcida). Até este momento, têm-se a chamada reação acrossômica.
OBS.: O acrossomo é formado pela vesícula acrossômica (junção das cisternas côncavas do complexo de Golgi) e pelos grânulos acrossômicos (grânulos que contêm as enzimas hialuronidade, acrosina, neuraminidase (sialidase) e esterases.
A reação acrossomica é seguida pela reação cortical, que se inicia no momento em que ocorre contato entre as membranas plasmáticas do espermatozoide e do ovócito II. A referida reação possui um componente rápido e outro lento:
Componente rápido – o contato entre as membranas plasmáticas das duas células promove a alteração do potencial de repouso do ovócito II.
Componente lento – grânulos corticais na periferia do ovócito II se fundem a membrana deste, liberando enzimas lisossômicas no espaço perivitelino que degradarão a ZP3, impedindo que outros espermatozoides fecundem o ovócito II.
A reação cortical é seguida pela fertilização. A penetração do ovócito II pelo espermatozoide induz o término da meiose – com a formação do óvulo e do 2º corpúsculo polar – e em seguida a formação do pró-núcleo feminino. O espermatozoide então joga no interior do ovócito II seu núcleo e seus microtúbulos (o axonema do flagelo), havendo a formação do pró-núcleo masculino. O óvulo contento dois pró-núcleos haploides é chamado de oótide. A fusão dos pró-núcleos da origem ao zigoto, diploide.
Dispermia – dois espermatozoides fecundam o mesmo óvulo, originando um zigoto triploide incompatível com a vida.
Homens com menos que 20 milhões de SPTZ por mL de sêmen ou 50 milhões de SPTZ no ejaculado total são considerados inférteis.
Pré-seleção do sexo do embrião – com base em diferenças entre espermatozoides X e Y (capacidade natatória, velocidade de migração em um campo elétrico e diferenças morfológicas), uma amostra selecionada de espermatozoides pode ser utilizada na inseminação artificial para aumentar as chances de produzir o sexo desejado.
Tecnologias de reprodução assistida
A obstrução das trompas é uma razão para infertilidade feminina.
Tecnologias de reprodução assistida
Fecundação in vitro e transferência de embriões: são aspirados alguns ovócitos II, cuja maturação simultânea foi induzida por medicamentos. Estes são alocados em uma placa de Petri com espermatozoides viáveis e a fecundação é monitorada microscopicamente. Através de um cateter, os zigotos em fase de clivagem são alocados no interior do útero para que se implantem. A probabilidade de gravidez múltipla é maior, assim como a probabilidade de aborto espontâneo.
Criopreservação de embriões: embriões fecundados por FIV podem ser conservados por longo tempo ao serem congelados com um crioprotetor.
Injeção intracitoplasmática de espermatozoide: quando a FIV falha, um espermatozoide pode ser injetado diretamente no interior de um espermatozóide para produzir um zigoto.
Fecundação assistida in vivo: ovócitos II e espermatozoides são alocados na tuba uterina, permitindo que a fecundação ocorra tão naturalmente quanto possível – ainda que com tal assistência.
Mãe substituta: um zigoto produzido por FIV pode ser transferido para o útero de outra mulher, quando a mãe biológica não é capaz de gestar o embrião.
Podem ser listadas como consequências da fecundação: (1) término da meiose; (2) restauração da diploidia; (3) variação genética; (4) determinação do sexo; (5) estimula a clivagem do zigoto recém-formado.
A fecundação é um processo que dura cerca de 24 horas.
4-Clivagem do zigoto
Cerca de 30 horas após a fecundação, o zigoto inicia uma série de sucessivas mitoses que aumentam o número de células do concepto sem aumentar o volume – visto que este está contido dentro da zona pelúcida. As células originadas das referidas mitoses são chamadas de blastômeros.
Quando existem em torno de 8 blastômeros, ocorre a compactação destes.
Cerca de três dias após a fecundação, o concepto possui entre 12-32 blastômeros, sendo então denominado mórula. É nesta forma que o concepto alcança o útero.
5-Blastocisto
Quatro dias após a fecundação, no útero, forma-se no interior da mórula uma cavidade preenchida por fluido uterino que atravessou a zona pelúcida, a cavidade blastocística, que separa os blastômeros em dois grupos: (1) o trofoblasto, camada celular externa que formará a parte embrionária da placenta; e (2) o embrioblasto, a massa celular interna que formará o embrião. O concepto é então denominado blastocisto. 
Seis dias após a fecundação, a zona pelúcida se degenera e desaparece e o blastocisto adere ao epitélio uterino – geralmente da parede posterior do útero -, pelo seu polo embrionário. O trofoblasto então sofre intensa proliferação celular, se diferenciando em duas camadas: (1) o citotrofoblasto, camada interna; e o (2) sinciciotrofoblasto, camada externa formada por uma massa multinucleada.
OBS.: O blastocisto é chamado de inicial antes da degeneração da zona pelúcida, e tardio após a ocorrência de tal evento. 
A massa do sinciciotrofoblasto adjacente ao polo embrionário emite prolongamentos digitiformes que penetram o epitélio uterino – através de enzimas que erodem os tecidos maternos –, invadindo o tecido conjuntivo e resultando em na fixação superficial do blastocisto no útero ao final primeira semana.
Sete dias após a fecundação, surge uma camada de células – chamada hipoblasto – na superfície do embrioblasto, voltada para a cavidade blastocística. O hipoblasto surge provavelmente por delaminação do embrioblasto.
6-Fator precoce de gravidez
Dentro de 24 a 48 horas após a fecundação, inicia-se a produção do fator precoce de gravidez, pelas células trofoblásticas. Esta proteína imunossupressora é a base do teste de gravidez nos primeiros 10 dias após a fecundação. Acredita-se que sua secreção vise diminuir as reações inflamatórias decorrentes da implantação do blastocisto no útero.
SEGUNDA SEMANA
7-Término da implantação
A implantação do blastocisto no útero termina ao fim da segunda semana. A massa do sinciciotrofoblasto se expande, aprofundando gradativamente o blastocisto no endométrio. As células adjacentes ao local da penetração acumulam lipídios e glicogênio, passando a ser chamadas de células deciduais, estas são absorvidas pelas vilosidades do sinciciotrofoblasto e são importante fonte de nutrição para o concepto.
O sinciciotrofoblasto também passa a produzir a hCG (hormônio gonadotrofina coriônica), que é jogado no sangue materno presente nas lacunas do sinciciotrofoblasto. O hCG atua sobre o corpo lúteo gravídico, mantendo sua atividade na secreção de estrogênio e progesterona. Tal substância pode ser detectada no sangue materno após a segunda semana de gestação, sendoa base para o teste de gravidez.
Gravidez ectópica: quando o blastocisto se implanta fora do útero. Em 95% dos casos as implantações ectópicas ocorrem na tuba uterina – geralmente na ampola ou no istmo. Uma mulher com tal condição apresenta todos os sintomas de gravidez, além de dor abdominal, sangramento anormal e peritonite. A dor pode ser confundida com apendicite quando na tuba uterina direita. Gestações ectópicas produzem β-hCG mais lentamente. A ultrassonografia endovaginal é útil na detecção inicial de gestações ectópicas. Mulheres com doença pélvica inflamatória possuem a trompa irregular, de modo que o risco de gravidez ectópica tubária é maior. A gravidez no colo do útero também é uma gravidez de risco, em vista da menor elasticidade da referida região. Em caso de gravidez ectópica, é necessário que seja retirado o trecho da trompa com o embrião – seu crescimento romperá vasos, o que representa risco de vida para a mulher.
A pílula do dia seguinte age ao causar um desequilíbrio hormonal, interferindo na preparação do útero para a implantação – que se completa pouco antes do embrião chegar ao útero. Deste modo, o embrião chega a um útero despreparado e falha na implantação.
8-Cavidade amniótica, disco embrionário e saco vitelino
Surge uma pequena cavidade no embrioblasto – este, após ter originado o hipoblasto, se transforma no epiblasto, camada de células que originará todos os três folhetos embrionários. Esta cavidade é revestida por amnioblastos derivados do epiblasto, sendo então denominada cavidade amniótica, e seu revestimento, âmnio.
As duas camadas originadas do embrioblasto – epiblasto e hipoblasto – são denominadas conjuntamente de disco embrionário.
O blastocele passa a ser chamado de cavidade exocelômica, e é revestido pela membrana exocelômica derivada do hipoblasto – sendo então chamada de saco vitelino primitivo.
O epiblasto é o assoalho da cavidade amniótica. O hipoblasto é o teto do saco vitelino.
9-Redes lacunares
Simultaneamente aos eventos anteriormente relatados, surgem cavidades isoladas no sinciciotrofoblasto – as lacunas. Estas são preenchidas por sangue – proveniente de capilares endometriais rompidos – e por restos de glândulas uterinas, sendo seu conteúdo denominado embriotrofo. Este é importante meio de transporte de nutrientes e gases para o embrião. A comunicação entre os capilares endometriais rompidos e as lacunas do sinciciotrofoblasto forma a circulação útero-placentária primitiva.
Por volta do 10º dia o embrião encontra-se totalmente implantado no endométrio, havendo apenas uma falha no epitélio endometrial durante os próximos dois dias. Esta falha é inicialmente coberta por um tampão, até que o epitélio se regenere pouco depois.
No 12º dia as lacunas sinciciotrofoblásticas coalescem (se fundem) para formar as redes lacunares. Os capilares endometriais ao redor do embrião se tornam sinusóides, que são eroditos pelo sinciciotrofoblasto de modo que o sangue flua livremente para as redes lacunares.
10-Mesoderma e celoma extra-embrionário
O endoderma extra-embrionário que reveste o saco vitelino primitivo dá origem a uma camada de tecido conjuntivo que se interpõe entre o citotrofoblasto e o resto do embrião, revestindo o âmnio e o saco vitelino primitivo – trata-se do mesoderma extra-embrionário.
Por volta do 12º dia surgem cavidades no mesoderma extraembrionário, estas coalescem, dando origem ao celoma extra-embrionário. Este celoma divide o mesoderma extra-embrionário em dois folhetos: (1) somático, que reveste o citotrofoblasto e envolve o âmnio; e (2) esplâncnico, que envolve o saco vitelino – exceto na região do pedículo. Com a formação do celoma extra-embrionário, o saco vitelino primitivo é estrangulado e diminui de tamanho, sendo chamado de saco vitelino secundário.
OBS.: O saco vitelino não contém vitelo, mas possui importantes funções – como originar as células germinativas primordiais.
11-Saco coriônico
Ao fim da 2ª semana ocorrem proliferações celulares no citotrofoblasto, que se expandem para dentro do sinciciotrofoblasto – estas são chamadas de vilosidades coriônicas primárias.
O córion – a parede do saco coriônico, que reveste o embrião – é formada pelo: sinciociotrofoblasto, citotrofoblasto e folheto somático do mesoderma extra-embrionário. O celoma extra-embrionário, neste ponto, passa a ser chamado de cavidade coriônica, e o embrião está suspenso nesta cavidade através do pedículo.
No 14º dia as células hipoblásticas – em uma região específica – se tornam prismáticas, formando uma área circular espessada – a placa pré-cordal, importante organizador da cabeça.
Correlações clínicas
Gravidez ectópica: o blastocisto se implanta fora do útero. Entre 95% e 98% dessas implantações ocorrem na ampola ou no istmo da tuba uterina.
Placenta prévia: o embrião se implanta próximo ao orifício interno do útero, de modo a placenta cobre parcialmente ou totalmente o orifício. Pode causar sangramento por separação prematura durante a gravidez ou durante o parto.
Pílula do dia seguinte: causa um desequilíbrio hormonal que impede a preparação adequada do útero para a implantação, impedindo-a.
DIU (dispositivo intra-uterino): impede a implantação ao provocar reações inflamatórias no útero.
TERCEIRA SEMANA
12-Linha primitiva
No início da 3ª semana surge uma faixa espessada caudalmente no plano mediano do epiblasto – a linha primitiva. Na extremidade cefálica desta, a proliferação celular origina o nó primitivo. Surgem depressões nestes elementos: o sulco primitivo na linha primitiva e a fosseta primitiva no nó primitivo.
Células epiblásticas migram através das depressões para a região profunda do epiblasto. Estas formam o mesoderma (intra)embrionário entre o epiblasto e o hipoblasto. A seguir, as células hipoblásticas são deslocadas por células epiblásticas – que formarão o endoderma (intra)embrionário. O restante das células epiblásticas que não migraram originarão o ectoderma (intra)embrionário.
São os produtos da diferenciação de cada um dos folhetos embrionários: (1) ectoderma embrionário – epiderme, sistema nervoso central e periférico, olho, orelha interna, células da crista neural e tecidos conjuntivos da cabeça; (2) mesoderma embrionário – todos os músculos esqueléticos, células sanguíneas, revestimento dos vasos sanguíneos, músculo liso visceral, revestimento seroso de todas as cavidades do corpo, ductos e órgãos dos sistemas reprodutivo e secretor, maior parte do sistema cardiovascular, tecidos conjuntivos do tronco; (3) endoderma embrionário – revestimentos epiteliais das vias respiratórias e trato gastrointestinal, glândulas que se abrem no trato gastrointestinal e fígado.
Células do mesoderma embrionário originam o mesênquima – o tecido conjuntivo embrionário.
No início da 4ª semana a linha primitiva para de produzir mesoderma, desse modo ela diminui de tamanho e se torna uma estrutura insignificante na região sacrococcígea do embrião. Ela desaparece ao fim da 4ª semana. Sua permanência causa o teratoma sacrococcígeo – um tumor de origem embrionária geralmente benigno, que afeta predominantemente indivíduos do sexo feminino.
13-Notocorda
Células mesenquimais do nó e fosseta primitivos migram cefalicamente, formando um tubo – o processo notocordal. Este logo é penetrado por um canal notocordal que se expande a partir da fosseta. O processo notocordal cresce até a placa pré-cordal – o primórdio da membrana bucofaríngea e importante organizador da cabeça. Outras células mesenquimais migram para as adjacências da placa pré-cordal, formando a área cardiogênica, onde o coração começará a se desenvolver ao fim da 3ª semana.
O assoalho do processo notocordal se funde ao endoderma embrionário subjacente. As camadas fundidas se degeneram, criando uma ligação entre o canal notocordal e o saco vitelino. O remanescente do processo notocordal se achata, formando a placa notocordal. A partir de sua extremidade cefálica, as células notocordais proliferam e a placa notocordal se dobra, formando a notocorda. A extremidade proximaldo canal notocordal persiste como um canal neuroentérico, comunicando a cavidade amniótica com o saco vitelino – mas logo desaparece. Por fim o endoderma abaixo da notocorda se regenera, formando novamente uma camada contínua.
São funções da notocorda: (1) definir o eixo do embrião; (2) fornecer os sinais necessários para o desenvolvimento do esqueleto axial e do sistema nervoso central; (3) ela persiste como o núcleo pulposo dos discos intervertebrais.
Caudalmente a linha primitiva, outra área circular, a membrana cloacal surge. Nas membranas clocal e bucofaríngea, o disco embrionário permanece bilaminar pois a forte adesão entre o ectoderma e o endoderma impedem a migração do mesoderma entre eles. 
14-Alantoide
No 16º dia surge o alantoide – uma evaginação caudal do saco vitelino que se estende para o pedículo do embrião. Nos seres humanos, o alantoide forma os vasos sanguíneos que servirão a placenta, o úraco e as artérias umbilicais.
15-Tubo e cristas neurais
Com o desenvolvimento da notocorda, as células ectodérmicas acima são induzidas a formar uma placa achatada – a placa neural. Estas células ectodérmicas são então denominadas conjuntamente como neuroectoderma, que originará o sistema nervoso central. A placa neural cresce cefálicamente até a membrana bucofaríngea, ultrapassando a notocorda.
Por volta do 18º dia a surge um sulco mediano que divide a placa neural em duas pregas neurais. No fim da 3ª semana as pregas neurais começam a se unir, a partir da extremidade cefálica, formando o tubo neural. Assim que o tubo neural é formando, o neuroectoderma se destaca do ectoderma adjacente, que se regenera acima do tubo.
As cristas neurais se originam a partir de células do neuroectoderma das cristas das pregas neurais que se soltam no processo de formação do tubo neural. Após o destacamento do tubo neural e regeneração do ectoderma sobrejacente, estas células formam uma massa achatada e irregular, a crista neural, entre o tubo neural e o ectoderma de superfície. Em seguida, a crista neural única se divide em direita e esquerda. As células da crista neural originam os melanócitos, células da medula da suprarrenal, componentes musculares da cabeça, gânglios espinais, gânglios do SNA, parte dos gânglios dos nervos cranianos V, VII, IX e X e as bainhas de neurilema dos nervos periféricos.
Defeitos de tubo neural – alterações na neurulação que afetem o fechamento do tubo neural são responsáveis por graves anormalidades como a meroanencefalia (ausência de parte do encéfalo), grave e comum anormalidade.
16-Mesoderma e celoma (intra)embrionários
O mesoderma embrionário se divide em três segmentos contínuos; (1) mesoderma paraxial; (2) mesoderma intermediário; e (3) mesoderma lateral – que se delamina, continuo com o mesoderma extra-embrionário que envolve o âmnio e o saco vitelino.
No fim da terceira semana, o mesoderma paraxial começa a se dividir em pares de corpos cuboides em sequência cefalocaudal, os somitos, lateralmente ao tubo neural. Entre o 20º e 30º dia – o período somítico do desenvolvimento humano – existem cerca de 38 pares de somitos. Ao fim da 5ª semana, este número sobre para 42 a 44 pares.
O celoma intra-embrionário se forma a partir da coalescência de espaços isolados que se formam no mesoderma lateral. Este divide o mesoderma lateral em dois folhetos: (1) folheto somático – sob o ectoderma e contínuo com o mesoderma extra-embrionário somático que reveste o âmnio; e (2) folheto esplâncnico, adjacente ao endoderma e contínuo com o mesoderma extra-embrionário esplâncnico.
O folheto somático juntamente do ectoderma relacionado forma a somatopleura. O folheto esplâncnico juntamente do endoderma relacionado forma a esplancnopleura.
17-Desenvolvimento inicial do sistema cardiovascular
Na 3ª semana, as necessidades nutricionais do embrião demandam a formação de uma circulação uteroplacentária. Os vasos sanguíneos se originam a partir de angioblastos, diferenciados a partir do mesênquima, que se agrupam nas ilhotas sanguíneas para desecandear a vasculogênse – a formação dos vasos. Os angioblastos se diferenciam em células endoteliais, e os demais componentes do vaso se originam a partir do mesênquima circundante. Em seguida ocorre a angiogênese – a expansão e ramificação dos vasos.
O sangue começa a ser produzido na 5ª semana, a partir das células endoteliais, principalmente no fígado – e mais tarde no baço, medula óssea e linfonodos. Os eritrócitos fetais possuem como precursores os hemangioblastos, diferentemente dos eritrócitos adultos.
O coração e os grandes vasos se desenvolvem a partir do mesênquima da área cardiogênica. Surgem inicialmente dois tubos endocárdicos, que se fundem para formar o tubo endocárdico primitivo –, precursor do endocárdio. Ao redor do tubo endocárdico está a geléia cardíaca –, precursora das valvas e esqueleto fibroso do coração – envolvida pelo manto mioepicárdico –, precursor do miocárdio e epicárdio.
O coração tubular se une aos vasos sanguíneos do embrião do pedículo, do córion e do saco vitelino para formar o sistema cardiovascular primitivo. O coração começa a bater entre o 21º e o 22º dias.
18-Desenvolvimento das vilosidades coriônicas
No início da 3ª semana o mesênquima invade as vilosidades coriônicas primárias, formando um eixo central de tecido mesenquimal. Neste ponto estas passam a ser denominadas vilosidades coriônicas secundárias e já atingiram alto grau de ramificação.
O tecido mesenquimal das vilosidades coriônicas secundárias forma vasos sanguíneos. A partir do momento em que estes são visíveis, tem-se as vilosidades coriônicas terciárias. As redes arteriocapilares formadas pelos vasos das vilosidades coriônicas terciárias logo se conectam ao coração através dos vasos do córion e do pedículo, estabelecendo as funções normais da circulação na absorção de nutrientes e oxigênio e excreção de produtos tóxicos e gás carbônico.
Simultaneamente, células citotrofoblasticas se proliferam e se estendem além do sinciciotrofoblasto, formando a capa citotrofoblástica cuja função é envolver o saco coriônico e fixa-lo no endométrio. As vilosidades que se prendem à capa citotrofoblástica são chamadas de vilosidades-tronco, as que crescem ao redor destas são chamadas vilosidades terminais e são responsáveis pela maior parte das trocas de material entre o sangue materno e o sangue do embrião, estas últimas são banhadas por sangue materno nos espaços intervilosos.
QUARTA ~ OITAVA SEMANA
19-Dobramento do embrião
A proliferação acentuada de células em determinadas regiões resulta no dobramento do embrião nos planos mediano e horizontal – dobramento ventral e lateral, respectivamente –, moldando o embrião, que passa a assumir uma forma cilíndrica mais parecida com a humana. 
O dobramento ventral das regiões cefálica e caudal puxa o âmnio, surgindo as pregas cefálica e caudal na cavidade amniótica expandida. O encéfalo em desenvolvimento se expande além da membrana bucofaríngea, colocando-se acima do coração após o dobramento ventral. Surge o septo transverso, logo abaixo do coração, ele se originará o tendão central do diafragma posteriormente. A extremidade caudal do embrião cresce pela expansão do tubo neural – primórdio da medula espinal. A eminência caudal se projeta sobre a membrana cloacal (futura região do ânus).
O dobramento do embrião provoca o estrangulamento do saco vitelino, havendo uma porção cefálica – o intestino –, uma porção caudal – o intestino posterior –, e a porção central – o intestino médio. O intestino anterior se situa entre o encéfalo e o coração, e a membrana orofaríngea o separa do estomodeu. O intestino posterior – primórdio do cólon descendente – se dilata e forma a cloaca – primórdio da bexiga e reto. A linha primitiva cefálica à membrana cloacal antes do dobramento se torna caudal a referida após o evento.
Durante o dobramento, o celoma intra-embrionário se comunica livremente com o celoma extra-embrionário.
O pedículo do embrião se prende à superfície ventral do embrião e o alantoide é

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