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Escolas Penais, Conflito Aparente de Normas e Teoria do Delito

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ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E CULTURA PIO DÉCIMO
FACULDADE PIO DÉCIMO
COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO
DIREITO PENAL I - PARTE GERAL
PROFº ESP. GEORGE MAIA SANTOS
TRABALHO FINAL
ARACAJU
2015
CARLOS HENRIQUE DE LIMA ANDRADE
HORTÊNCIA DE SANTANA SANTOS
TRABALHO FINAL
Trabalho apresentado à coordenação do Curso de Direito da Faculdade Pio Décimo, como requisito da nota da 2ª avaliação da disciplina de Direito Penal I – Parte Geral, sob a requisição e orientação do PORFº Esp. George Maia Santos
ARACAJU
2015
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO
Este trabalho buscar comprovar nosso entendimento sobre as escolas penais, teoria do delito e conflito aparente de normas penais.
O segundo capítulo faz uma abordagem sucinta sobre as escolas penais. Todavia, do decorrer da pesquisa verificamos que é antes de falarmos sobre as escolas especificamente se fazia necessário tratar sobre a evolução histórica do Direito Penal. Para tanto, buscamos retratar onde surge na história à noção de direito penal. A Bíblia sagrada foi fonte para nossa pesquisa, na qual narra a primeira desobediência e sanção por tal ato. 
Ainda no segundo capítulo, abordamos as escolas penais, cada uma com suas especificidades. Buscamos, a todo instante, demonstrar quais as características mais marcantes de cada uma. Além do mais, sempre destacamos o quanto uma escola interferia na outra, ou conservava seus ideais.
No capítulo 2, referente à Parte I do trabalho, abordamos o tema delito. Para tanto, buscamos as definições terminológicas bem como seus conceitos. Também, tratamos sobre a evolução do conceito de delito. Os ideais do professor Luiz Flávio Gomes foram primordiais para a construção desta parte.
O capítulo 3 deste trabalho corresponde a Parte II do solicitado. Esta parte é composta por 40 questões subjetivas. Todavia, destacamos que sendo verificado que muitas questões foram repetidas, apenas conta a resposta de 30, uma vez que estas são diferentes umas das outras. As perguntas envolvem assuntos sobre teoria do delito.
Por fim, o capítulo 4, que corresponde à parte III, há a resolução de casos práticos. Todas as questões, num total de 4, dizem respeito a conflito aparente de normas. Desta forma, fizemos um denso estudo sobre o tema para a melhor resposta as questões.
O capítulo 5 traz as considerações finais do trabalho. Destacamos que tudo apresentado neste trabalho foi baseado em livros, especialmente o do professor Luiz Flávio Gomes, sites especializados, e entendimentos dos tribunais. Por último, expomos nossas referências de pesquisa. 
2	PARTE I
2.1	EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL
A breve análise do Direito Penal é imprescindível para a compreensão dos mais variados temas. O referido assunto além de servir aos estudiosos do Direito, sobretudo no tocante ao entendimento do crime, das penas e princípios, é fonte para outras ciências, como por exemplo, a história, sociologia, antropologia e tantas outras. 
A avaliação da história da humanidade apresenta grande ligação com o Direito Penal. Rogério Greco 2015 (p. 15) aponta a liberdade como uma característica fundamental do ser humano. Entretanto, continua o autor discorrendo que desde a criação, e o autor segue a corrente do criacionismo, o homem se tornou perigoso aos seus semelhantes. Seguindo a Teoria do Criacionismo, Rogério Greco afirma trazer o livro da Bíblia Sagrada, Gênesis, o primeiro caso de desobediência e pena. Ao contrariarem a ordem de Deus de não comer do fruto proibido, Adão e Eva iniciaram a história das penas. Assim relata a Bíblia Sagrada: 
3 A serpente+ era o mais cauteloso* de todos os animais selvagens, que Jeová Deus havia feito. Assim, ela disse à mulher: “Foi isso mesmo que Deus disse, que vocês não devem comer de toda árvore do jardim?”+ 2  Então a mulher disse à serpente: “Podemos comer do fruto das árvores do jardim.+ 3  Mas, sobre o fruto da árvore que está no meio do jardim,+ Deus disse: ‘Não comam dele,* não, nem toquem nele; do contrário, vocês morrerão.’” 4  Então a serpente disse à mulher: “Vocês certamente não morrerão.+ 5  Pois Deus sabe que, no mesmo dia em que comerem dele, seus olhos se abrirão e vocês serão como Deus, sabendo o que é bom e o que é mau.”+6  Assim, a mulher viu que a árvore era boa para alimento e que era desejável aos olhos, sim, a árvore era agradável de contemplar. Então ela pegou do seu fruto e começou a comê-lo.+ Depois deu também do fruto ao seu marido, quando ele estava com ela, e ele começou a comê-lo.+ 7  Então os olhos de ambos se abriram, e eles perceberam que estavam nus. Por isso costuraram folhas de figueira para cobrir a sua nudez.*+8  Mais tarde eles ouviram a voz de Jeová Deus, que estava andando pelo jardim, por volta da hora em que a brisa soprava, e o homem e sua esposa se esconderam da face de Jeová Deus entre as árvores do jardim. 9  E Jeová Deus chamava o homem e lhe dizia: “Onde você está?” 10  Por fim, ele respondeu: “Ouvi a tua voz no jardim, mas fiquei com medo porque eu estava nu, por isso me escondi.” 11  Com isso, ele perguntou: “Quem lhe disse que você estava nu?+ Por acaso você comeu da árvore de que lhe ordenei que não comesse?”+ 12  O homem disse: “A mulher que me deste para estar comigo, foi ela que me deu do fruto da árvore, por isso comi.” 13  Jeová Deus disse então à mulher: “O que você fez?” A mulher respondeu: “A serpente me enganou, por isso comi.”+14  Então Jeová Deus disse à serpente:+ “Por ter feito isso, você é maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens. Sobre o seu ventre você rastejará, e comerá pó todos os dias da sua vida. 15  E porei inimizade*+ entre você+ e a mulher,+ e entre o seu descendente*+ e o descendente*dela.+ Este esmagará* a sua cabeça,*+ e você ferirá* o calcanhar dele.”+16  À mulher ele disse: “Aumentarei muito as dores da sua gravidez; em dores você dará à luz filhos, e terá desejo de estar com seu marido, e ele a dominará.”17  E a Adão* ele disse: “Visto que você escutou a voz da sua esposa e comeu da árvore a respeito da qual lhe dei a ordem:+‘Não coma dela’, maldito é o solo por sua causa.+ Em dor você comerá dos produtos dele todos os dias da sua vida.+ 18  Ele produzirá para você espinhos e abrolhos, e você terá de comer a vegetação do campo. 19  No suor do seu rosto comerá pão,* até que você volte ao solo, pois dele foi tirado.+ Porque você é pó e ao pó voltará.”+20  Depois disso, Adão chamou a sua esposa de Eva,* porque ela se tornaria a mãe de todos os viventes.+ 21  E Jeová Deus fez vestes compridas de pele para Adão e para sua esposa, a fim de vesti-los.+ 22  Jeová Deus disse então: “O homem se tornou como um de nós, sabendo o que é bom e o que é mau.+ Agora, para que ele não estenda a mão e pegue também do fruto da árvore da vida,+ e coma, e viva para sempre,* . . .” 23  Com isso, Jeová Deus o expulsou do jardim do Éden+ para cultivar o solo de que tinha sido tirado.+ 24  Assim ele expulsou o homem, e colocou ao leste do jardim do Éden os querubins+ e a lâmina chamejante de uma espada que girava continuamente, guardando o caminho para a árvore da vida. (BÍBIA SAGRADA, 1984, p.9)
	Como compilado, após a desobediência ocasionou a primeira punição. E, anos mais tarde, gerou o primeiro homicídio, Caim mata Abel, surgindo à primeira sentença. Independente de teoria sobre o surgimento do mundo há apenas uma certeza, a de que as regras e punições pela desobediência são fundamentais a unidade dos grupos sociais. A pena, que é formada do latim poena e do grego poené, significa inflição de dor física e moral ao transgressor de uma lei. As penais, por inferência de seu significado, têm importante papel na história da humanidade, pois surgem com a finalidade de preservar a harmonia do grupo, de se defender de interesses contrários ao da agremiação. O homem sozinho não conseguiria sobreviver sozinho, haja vista que seria um constanteconflito se assim fosse. Esta frustração é que leva a criação desses grupos e sua necessidade mantê-los longe da ameaça sob pena se sanção.
	O Direito, para melhor entender o surgimento do Direito Penal, pega emprestado da história seus estudos sobre o início, fazendo uso das divisões, ou fases. Cumpre salientar que essas fases não se sucederam por completo, significando afirmar que o surgimento de um não excluiu o outro. 
2.1.1	VIGANÇA PRIVADA
	A vingança privada tem por característica relevante a desproporcionalidade da vingança ao mal praticado. A vingança era pura e simplesmente, como aduz Rogério Greco 2015, p. 16, retribuição a alguém pelo mal praticado. Interessante notar que o titular da vingança era da vítima, seus parentes, ou pela tribo – ou grupo social, no qual estava o lesionado inserido. 
	Neste contexto, ainda que de forma distorcida, surge a ideia de proporcionalidade ao mal praticado, com o surgimento da Lei de Talião. De origem latina, este termo quer dizer “na mesma medida”. Apesar de ainda ser a vingança privada, o “olho por olho” e “dente por dente” traz um conceito embrionário de justiça. 
2.1.2	VINGANÇA DIVINA
	A vingança divina era aplicada pelos sacerdotes. Há uma junção quase que inseparável entre Direito e Religião. Por esta ligação, e as civilizações antigas serem adeptas de diversos deuses, é que fora motivo para a barbárie das penas. As infrações eram tidas como pecado divino, e assim sendo só a pena do deus ofendido é que seria a remissão do pecado. 
2.1.3	VINGANÇA PÚBLICA
	Talvez a melhor descrição sobre o tipo de vingança em exame seja as penas cruéis e os arbítrios estatais. Sob o argumento de fortalecimento do Estado, eram aplicadas as penas desumanas, com finalidade intimidatória. Foi um período marcado pelo arbítrio do soberano detentor do poder, uma vez que os processos eram sigilosos, prevalecendo o interesse do soberano. 
2.2	ESCOLAS PENAIS
2.2.1	ESCOLA CLÁSSICA
	Como amplamente difundido pelos diversos estudos do tema, na verdade não existiu uma escola clássica. 
Não houve, realmente, uma escola “Clássica”. Tal denominação lhe foi dada pelos positivistas, com uma conotação nitidamente pejorativa, no sentido de antiga, anterior, ultrapassada. (GRECO, 2015, p. 49).
	Tendo seu surgimento datado do século XVIII, a Escola Clássica é banhada pelos ideais iluministas. Esta Escola pode ser considerada como a célula embrionária do Direito Penal que temos hoje. Seu surgimento foi marcado pela clássica obra de Cesare, o Marquês de Beccaria em Dos Delitos e das Penas. Hoje, o que conhecemos por Dignidade da pessoa Humana teve surgimento com a Escola Clássica. 
	O crime na visão desta escola era assim considerado quando atendesse a dois elementos: livre-arbítrio e consciência. A pena, quando materializada autoria de crime, tinha por finalidade manter a ordem social, evoluindo ainda de penas que tinha como fim o corpo do delituoso para as privativas de liberdade como prioritárias. 
	A escolha voluntária do agente para a prática do crime era muito importante para a análise dos casos sob a influência dos ideais da Escola Clássica. Ao passo da premissa de que a prática do crime consistia em um ato consciente e voluntário, a pena deveria assumir o papel de levar o agente a refletir sobre o ato delituoso e suas consequências. Desta forma, infere-se que assume a pena, um caráter preventivo. Sobre as penas, disserta Becarrias: 
Para que o castigo produza o efeito que dele se deve esperar, basta que o mal que causa ultrapasse o bem que o culpado retirou do crime. Devem contar-se ainda como parte do castigo os terrores que precedem a execução e a perda das vantagens que o crime devia produzir. Toda severidade que ultrapasse os limites se torna supérflua e, por conseguinte, tirânica. (BECCARIAS, 2002, p. 31). 
	
	Apesar de sua notória contribuição, os classicistas começar a receber críticas por defenderem o crime como violação livre e voluntária de um princípio de justiça considerado absoluto criado pela legislação positivista. Ora, é inegável que o conceito de justiça é relativo. 
2.2.2	ESCOLA POSITIVISTA
	Tendo surgimento após a Revolução Francesa em 1789, e teve como um dos seus precursores mais importantes o médico e professor Cesare Lombroso. A obra L’uomo deliquente é que inaugurou esta corrente. Lombroso acreditava ter encontrado a “fórmula” do homem delinquente, aquele que estava pré-disposto a cometer delitos. Acreditava o autor, analisando aspectos físicos e psíquicos do home, que o delinquente apresentava características físicas peculiares, tais como forma da calota craniana, sobrancelhas etc. Já em se tratando do aspecto psíquico apresentava características de crueldade, vaidade, instabilidade, tendência à superstição etc. 
	É interessante mencionar que Lombroso passara diversos anos avaliando criminosos na busca de formular sua teoria, e que afirmou que o homem já nascia delinquente, uma regressão ao homem primitivo. Essa tese teria derivado das semelhanças físicas e morais dos delinquentes e dos homens primitivos. 
	Esta escola ainda dividiu os criminosos em cinco tipos:
Nato;
Louco;
Passional;
Ocasional;
Habitual; 
Assim, em análise com a Escola Clássica, há divergência quanto à natureza do crime, pois se naquela era visto como ato de escolha, nesta é visto como algo inerente ao ser humano que nasce com dadas características físicas e biológicas. Pode-se, em suma, apontar algumas características desta escola, quais sejam:
O crime é visto como um fenômeno social e natural oriundo de causas biológicas físicas e sociais;
 Responsabilidade social em decorrência do determinismo e da periculosidade;
A pena era vista como um fim a defesa social e a tutela jurídica.
2.3	OUTRAS ESCOLAS PENAIS
	A Escola Clássica e a Escola Positivista, de consenso geral, são as mais importantes escolas penais. As ideias de cada um delas é que darão margem ao aparecimento de diversas outras escolas ao redor do mundo. Observa-se, contudo, que as demais basicamente se apresentam como meio de conciliar os ideais das duas, ou seja, concordando, acrescentando, melhorando etc. Enfim, o que se observará logo mais é justamente essa mescla de ideias das escolas Clássica e Positivista ora com posicionamento divergente, ora somatório, ou conciliando ambas.
2.3.1	TERCEIRA ESCOLA
	Também denominada como Terza Scuola, ou ainda Escola Crítica pela doutrina e pesquisadores da ciência penal, tem por escopo um consenso entre as escolas Clássica e Positivista. Seu principal precursor foi Manuel Carnevale, com o artigo intitulado “Una Terça Scuola di Diritto Penale in Italia”, publicado no ano de 1891. 
	Esta escola adota o princípio da responsabilidade moral, mas, destaque-se, sob o fundamento do determinismo psicológico. Ainda, o crime era considerado como fenômeno individua e social, mas em ligação com o determinismo psicológico. Assim dispões Cézar Roberto Bitencourt: 
A terza scuola acolhe o princípio da responsabilidade moral e a consequente distinção entre imputáveis e inimputáveis, mas não aceita que a responsabilidade moral fundamente-se no livre-arbítrio, substituindo-o pelo determinismo psicológico: o homem é determinado pelo motivo mais forte, sendo imputável quem tiver capacidade de se deixar levar pelos motivos. A quem não tiver tal capacidade deverá ser aplicada medida de segurança e não pena. Enfim, para Impallomeni, a imputabilidade resulta da intimidabilidade e, para Alimenta, resulta da dirigibilidade dos atos do homem. (BITENCOURT, 2012, p. 2012).
2.3.2	ESCOLA MODERNA ALEMÃ
	Também conhecida como Escola da Política Criminal, teve como seu maior nome o austríaco Franz Von Liszt. Cézar Roberto Bitencourt 2012 (p.219) aduz que esta escola apresenta grande semelhança com a Terza Scuola Italiana, levando o autor afirmar que teria sido uma segunda versão desta. 
O célebre Von Liszt expõe um método no qual exclui o filosófico e os juízos de valor, apresentando, contudo, diferença entre ligações à consideração da realidade empírica não jurídica com matizesnaturalísticos. No ano de 1882 Von Liszt presenteia o mundo jurídico com seu notório trabalho, “A ideia do fim do Direito Penal Moderno”. Este trabalho fora de grande importância à época nos estudos do direito penal, podendo-se dizer que foi um “divisor de águas”. 
Especificamente, a Escola Moderna Alemã negava o livre arbítrio e defendia a determinação normal do indivíduo. Entre outros pontos relevantes, faz distinção entre imputáveis e inimputáveis condicionando a naturalidade do indivíduo, considera o crime como fenômeno jurídico e natural, atribui a pena e as medidas de segurança mecanismos de por fim ao crime. Por fim, faz distinção entre Direito Penal e as demais ciências criminais, mas abordando a harmonia entre ambas. 
2.3.3	ESCOLA TÉCNICO-JURÍDICA
	Essa escola surge em contrassenso à escola positivista e tem por finalidade confirmar a ciência penal como autônoma, gozando de atributos de ciência independente, como métodos próprios. Todavia, além dessa identidade científica, buscou-se, também, restringi-la ao Direito. Desta forma, estaria sujeitas as normas positivadas. Seu estudo, partir desta visão, seria composto por três partes: exegese, dogmática e crítica. 
	Em suma, a Escola Técnico-Jurídico vem para delimitar o campo de estudo do Direito Penal. Havia, até então, enorme confusão entre a ciência criminal, uma vez que incidia elementos antropológicos, sociológicos, psicológicos etc. E, como esta escola, há uma limitação do estudo do Direito Penal sob o aspecto dos crimes. Para tanto, há a vinculação as leis escritas que seriam analisadas pelos juristas com métodos e finalidades próprias, denotando perfil de ciência por natureza. 
2.3.4	ESCOLA DA NOVA DEFESA SOCIAL 
	A escola em análise tem seus ideais ainda no século XIX, mas ganha forma no pós Guerra Mundial, em 1945. Como sabido, este período histórico fora marcado por grandes atrocidades e crimes incalculáveis cometidos pelos nazistas. Frente a este lamentável a referida escola se impõe apresentando os conceitos de humanidade. 
	Seu maior nome, Felippo Gramatica, criou, ainda no ano de 1945, o Centro Internacional de Estudos de Defesa Social. O objetivo deste era o de fazer crítica avaliação concernente a novos métodos de combate à criminalidade. Como bem destaca Cézar Roberto Bitencourt 2012 (p. 225) citando Gramatica, o direito penal deve buscar adaptar o indivíduo à ordem social. 
	Por fim, em contrapartida ao sofrimento que passou o homem, apresentou inovadora forma de lida com o delinquente. Rogério Greco 2015 (p. 58) destaca que essa nova defesa social proposta consiste numa postura Estatal que assegurasse à ordem social, mas que ainda buscasse abolir o direito penal e o sistema penitenciário. 
2.4	CONCEITO DE DELITO
2.4.1	DEFINIÇÕES TERMINOLÓGICAS
	Terminologia, em sentido amplo, refere-se simplesmente ao uso e estudo de termos, ou seja, especificar as palavras simples e compostas que são geralmente usadas em contextos específicos. Luiz Flávio Gomes diz que noxa era a terminologia adotada no direito romano. Continua o autor dizendo, ainda na referência anterior, que depois veio delictum como ilícito civil, e crimen como ilícito penal. [1: Disponível In: http://www.dicionarioinformal.com.br/terminologia/, acesso em 12/12/2015.][2: GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal: parte geral: volume 2/ Luiz Flávio Gomes, Antônio García-Pablos de Molina; coordenação de Luiz Flávio Gomes, Rogério Sanches Cunha. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2009, p. 125.]
	No ordenamento jurídico brasileiro, por sua vez, crime e delito são expressões equivalentes, sinônimas. As duas terminologias são espécies do gênero infração penal, sendo as duas referentes às infrações penais que têm por pena a reclusão ou detenção, bem como isoladamente, conjuntamente ou alternativamente a pena de multa. Diferente é a contravenção, que é também uma espécie de infração penal, mas que a lei comina pena de prisão simples, isoladamente, ou multa, ou ainda alternativa ou cumulativamente.
	Essa distinção, ou ainda este tópico, é de suma relevância haja vista a confusão concernente às terminologias. Como já mencionado, crime e delito é a mesma coisa no judiciário brasileiro. Desta forma, não há diferença nem preferência a um ou outro termo, são sinônimos. Ressaltamos ainda que em virtude de termos adotado o sistema bipartido, só temos como espécies de infrações penais as contravenções penais e os crimes ou delitos. Luiz Flávio Gomes sustenta que com o advento da nova Lei de Drogas, vulgo lei n° 11.343/2006, passaríamos a um sistema tripartido, uma vez que em seu art. 28 dispõe pena distinta dos crimes e contravenções. O autor diz que temos, assim, uma terceira espécie de infração penal que o mesmo denomina de sui generis. Todavia, cumpre salientar que o Supremo Tribunal Federal não adotou tal entendimento. 
	Merece nossa atenção destacarmos ainda que crime é diferente de injusto penal. Este é ex post, ou seja, um fato que já foi valorado como típico e antijurídico. Ao contrário, o crime é ex-ante, ou seja, é retratado no Direito Penal, é revelar quais são os requisitos necessários para sua existência, poderá Luiz Flávio Gomes 2009, p. 124.
2.4.2	CONCEITO FORMAL
	Na verdade o legislador não conceitua crime, ou seja, não há no Código Penal um conceito fechado do que é delito. A missão de conceitua-lo ficou a cargo da doutrina. Assim, há conceitos desenvolvidos pela doutrina com a finalidade de esclarecer tal ponto.
	Assim, um deles é o do mencionado item 2.4.2, o conceito formal. Esse é como bem conceitua Luiz Flávio Gomes, o que o Estado descreve literalmente na lei como está. Exemplo: CP art. 121: “Matar alguém”. Neste artigo o legislador descreve o delito homicídio. Assim, no sentido formal, para que o agente cometa crime basta que o agente realize a conduta descrita na letra da lei. Rogério Greco ensina que seria toda conduta que atentasse que colidisse frontalmente contra lei penal editada pelo legislador. 
	Interessantes ponderações faz Luiz Flávio Gomes sobre o supramencionado conceito. Destaca o autor que o conceito formal é vinculado ao princípio da legalidade, correspondendo ao brocardo latino “nullum crimen nulla poenasine lege”. Defende o autor, ainda, que na contemporaneidade é imprescindível superarmos o positivismo legalista absoluto tão apegado no século XX. Hoje é de suma importância estudar o Direito Penal sob a ótica da Constituição, sob as raízes constitucionais, como descreve Luiz Flávio Gomes. 
2.4.3	CONCEITO MATERIAL
	Rogério Greco 2015 (p. 195), de forma sucinta, diz que o conceito material de crime é entendido como aquela conduta que viola os bens jurídicos mais importantes. Completa o autor que o conceito material de crime realça a importância do princípio da intervenção mínima. Luiz Flávio Gomes 2009 (p. 127), por seu turno, entende que o conceito material de crime é o que enfoca como fato ofensivo grave aos bens jurídicos mais importantes. Gomes 2009 (p.127) faz interessante anotação quando diz que o Código Penal não exprime nenhum conceito material de crime, mas que um resultado é indispensável, não bastante, assim, que o agente realize a conduta descrita na lei. Assim, completa de forma exauriente o autor:
Crime, em suma, é a realização do fato descrito na lei (aspecto formal) mais a consequente lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido (aspecto material). (GOMES, 2009, p. 128).
	Completa o autor:
O conceito válido, hoje, de delito é o material (lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico), que pressupõe o formal (subordinação do fato à letra da lei). (GOMES, 2009, p. 128).
2.4.4	CONCEITO LEGAL
	O conceito legal de crime encontra-se na Lei de Introdução ao Código Penal, em seu artigo 1º, que diz: 
Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.O conceito legal de crime apresenta cunho formalista. Luiz Flávio Gomes 2009 (p. 127) lembra que o crime só se transforma em fato punível quando ameaçado com pena. Como já mencionado anteriormente, o fato sem previsão de punição não alcançaria efeitos na vida prática. Sem a penalidade o fato praticado pelo agente torna-se apenas uma prática reprovável socialmente. 
2.5	EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE DELITO
2.5.1	O CONCEITO NATURALISTA
	Preleciona Luiz Flávio Gomes 2009 (p. 131) que já no início do século XX o crime passou a ser visto com um fato natural. Este quer dizer um fato que se fundamenta na causalidade e no resultado. Assim, crime seria uma ação causal e um resultado externo. 	
	Franz von Liszt, um de seus defensores, conceituou, analiticamente, o delito como um ato contrário ao direito (antijurídico), culpável e sancionado com uma pena. Ainda na perspectiva naturalista, o crime é abordado em duas partes, objetivo e subjetivo. Aquela compreende a valoração do ato, quer dizer o ato humano mais a antijuridicidade. Esta corresponde à valoração do autor, se falando em culpabilidade, esta que compreende a imputabilidade mais ou dolo ou a culpa. 
	Foi na concepção naturalista que surgiu a teoria da tipicidade, criada em 1906 por Beling. Atente-se, portanto, que tal conceito, por inicialmente ser insuficiente no plano prático, começa a sofre mutações. Como no entendimento naturalista de crime, este se fundava no conceito de ação, que nada mais é do que o movimento corporal que provoca alteração no mundo exterior. Percebeu-se que não era capaz de abarcar os crimes comissivos e omissivos, pois na omissão não há o movimento corporal. Assim, entendeu-se que o crime omissivo não decorre de um fenômeno natural, mas de uma imposição legal. 
	Outra crítica que possibilitou a evolução do conceito é no que se refere à culpabilidade. Verificou-se que culpabilidade não se restringia apenas ao agente e seu ato, também não sendo apenas constituída de dolo ou de culpa. Luiz Flávio Gomes 2009 (p.132) menciona notório exemplo, dizendo que há crime doloso que não é reprovável ao seu autor direto, levando o leitor a situação hipotética de alguém que comete uma falsidade sob ameaça de arma de fogo realiza uma conduta dolosa, mas que, devido às circunstâncias, não poderá ser censurado, uma vez que não poderia agir diferente. 
2.5.2	CONCEITO NEOCLÁSSICO
	A valoração assume relevante notoriedade nesta acepção. A preocupação do neoclássico ou neokantista é de valorar os requisitos do crime de conteúdo material. A concepção neoclássica de delito insere no Direito Penal o mundo dos valores. Lembramos que o conceito de delito, analiticamente se referindo, permaneceu o mesmo, sendo um fato típico, antijurídico e culpável. O diferencial é que cada uma das mencionadas categorias passa a ter conteúdo diferente.
2.5.3	CONCEITO FINALISTA
	A teoria finalista é divergente da neokantista. Esta, como já foi exposta, valorava os conceitos, ao passo que a finalista valora a realidade. O conceito finalista de crime é construído a partir da ontologia, uma vez que parte de um dado conceito de ação que é previamente estabelecido, e que terá eficácia para vincular o legislativo. Esta corrente conserva os caracteres do delito de fato típico, antijurídico e culpável, mas atribuindo o desvalor da ação. 
	Outras modificações poderão ser apontadas com o conceito finalista de crime. Luiz Flávio Gomes 2009 (p.133) aduz as seguintes alterações: 
(a) O dolo e a culpa deixam de integrar a culpabilidade e passam a compor a tipicidade; (b) abandona-se o conceito de dolo jurídico (ou normativo), do neokantismo, que compreendia a consciência do fato mais a consciência da ilicitude, e passa a se adotar o conceito de dolo natural (dolo sem consciência da ilicitude); (c) a antijuridicidade é pessoal (contradição do fato com a norma, mas contradição relacionada com um determinado autor, tendo em vista o seu afastamento dos valores éticos tutelado por essa mesma norma); (d) a culpabilidade passa a ser puramente normativa (não possui nenhum requisito subjetivo. 
2.5.4	CONCEITO FUNCIONALISTA
	Essa corrente sustenta que a sociedade é um sistema e o Direito Penal um subsistema, que existe para cumprir determinadas funções. Para Roxin, a função do Direito Penal é de proteger os bens jurídicos de forma fragmentário e subsidiário. Na perspectiva de Jakobs, o Direito Penal é a de proteção das normas penais. 
	Roxin tem um entendimento funcionalista fundado na política criminal. Durante o século XX os sistemas eram fechados. A dogmática penal era extremamente formalista. Como defende amplamente Luiz Flávio Gomes, essa forma de se entender o Direito Penal é ultrapassada e deve ser superada. A lógica desse sistema não é o da justiça no plano prático, mas o fortalecimento da ciência penal. O crime, para Roxin, é composto por tipicidade, antijuridicidade e responsabilidade. Todavia, cada etapa do delito foi integralmente reestruturada pela política criminal.
	Já para Jakobs, o delito é toda e qualquer violação à norma penal que fere as expectativas sociais de convivência. O Direito não regula fatos naturais, mas fatos sociais. É, em linhas claras, a frustração das expectativas normativas. Assim, o Direito penal existe para não só proteger suas normas, mas, também, indiretamente, os bens jurídicos. Jakobs, ao contrário de Roxin, é mais radical. 
3	PARTE II
3.1	RESPOSTAS DAS QUESTÕES 1 A 40
1)	A tentativa idônea é a que mais assume relevância para o Direito Penal. Trata-se de interesse uma vez que põe em risco para o bem jurídico tutelado pela norma penal. O agente, apesar de concretizar a ação, não logra êxito. Trata-se do clássico exemplo de um sujeito que atira em outra pessoa, mas esta não morre, ficando seu bem vida em risco. Merece lembrar, como anota Luiz Flávio Gomes, que a única tentativa que sofre punição. Há ligação com o crime de homicídio.
2)	Segundo Luiz Flávio Gomes, ocorre autoria colateral nos crimes dolosos quando várias pessoas executam intencionalmente o fato sem nenhum vínculo subjetivo entre elas. Ou seja: atuam sem serem coautoras. Destaca ainda o autor que pode ocorrer nos crimes dolosos, como expostos, mas também nos culposos, nestes a autoria colateral é denominada de concorrência de culpas. 
	Já a coautoria, acontece quando várias pessoas que agem com adesão ou acordo subjetivo praticam execução de crime. Todos praticam o fato. Só pode falar em coautoria nos crimes dolosos, pois nos culposos o que há é a concorrência de culpas.
3)	Imaginemos, hipoteticamente, um assalto a um dado estabelecimento comercial. No assalto, participaram 5 pessoas, sendo que cada uma exerce uma dada função. Assim temos: A que arquiteta como o grupo agirá será o coautor intelectual; B que rende o segurança é o coautor executor; C que irá pegar os pertences assume a função de coautor executor; D que fica no controle da entrada e saída das pessoas exerce a função de coautor funcional; e E que fica a espera do grupo em veículo assume a função de coautor partícipe. 
4)	Luiz Flávio Gomes apresenta 03 requisitos da coautoria. São eles: a- pluralidade de agentes de condutas; b- relevância causal e jurídica de cada uma; c- vínculo subjetivo entre os coautores. 
5)	Dispõe o artigo 17 do Código Penal vigente:
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
	Absoluta ineficácia do meio se configura no objeto ou forma que age o agente para a consecução da infração penal. Imaginemos, hipoteticamente, que um agente A tente matar B usando um cotonete. Configura hipótese de crime impossível. 
6)	A natureza jurídica, ou de onde emerge o quase-crime, vem da exclusão da tipicidade. Esta está atrelada ao fato descrito na questão anterior, uma vez que o agente usa de meios que se quer põe em risco o bem jurídico. Assim, é até estranho se falar em tipicidade. 
7)	Pode-se apontar o seguintes: a- quem repara depois do recebimentoda denúncia; b- ato voluntário do agente, observando que como é aceitável em outros ramos do Direito, na seara Penal não se admite se feita por terceiros; c- crimes nos quais não está presente o uso da violência ou grave ameaça à vítima; d- restituição ou reparação da coisa;
8)	O arrependimento eficaz denota ponto positivo, pois o agente pratica novo ato depois de executado o pretendido, com o intuito de evitar a consumação do crime. Já na desistência voluntária, o agente desiste do crime que começara o que, imagina-se, impede a finalização do ato. Nesta situação, o agente será responsabilizado pelos eventuais danos que foram praticados.
9)	O arrependimento eficaz e a desistência voluntária são dois institutos que o Código Penal prevê para afastar a antijuridicidade do ato praticado pelo agente. Assim, no que se refere à desistência voluntária, dispõe o CP de forma exauriente. 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
	O arrependimento eficaz, por seu turno, e como já explicitado na questão anterior, é marcado por novo ato praticado pelo agente que inicialmente colocara o bem jurídico em risco com o intuito de salvaguardá-lo. Assim, seus atos serão assistidos pelo instituto da pena apenas nos atos praticados.
10)	Não se admite tentativa em crimes habituais pelo simples fato de o crime habitual ter como requisito fundamental a continuidade. 
11)	No que tange a pena de crime tentado e consumado se manifesta o CP:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
	Combinado com o artigo 14 do mesmo diploma, responde-se que quanto maior a ligação do agente com o crime, maior será sua pena. Por lógica jurídica, quanto mais o agente se desvincula do crime menor será sua pena. Ora, é uma premissa lógica, uma vez que o crime consumado há maior dano ao bem jurídico. 
12)	Nos crimes materiais, diz-se que se concretizam quando do resultado naturalístico. Quando aos formais, afirma-se que se integralizam quando do próprio ato. Se referido aos permanentes, alega-se que quando da efetiva lesão ao bem jurídico. 
13)	Os requisitos do crime tentado apontados pela doutrina são: a- início da execução; b- não consumação (óbvio); c- dolo.
14)	A regra geral é que crime culposo não admite tentativa, mas o ilustre professor Luiz Flávio Gomes diz que como exceção temos a culpa imprópria. Nesta o agente prevê e quer o resultado mas age com erro vencível. 
15)	Atente-se que é tentativa, ou seja, nem na branca nem na vermelha haverá a consumação. O elo diferenciador entre ambas reside no fato que na branca não existir lesão à vítima e na vermelha há. 
16)	Tentativa imperfeita ou inacabada pode ser explicada de forma simples. O agente, pretendendo matar B, compra uma arma de fogo e munição. Carrega a arma de fogo com três munições, pois imagina que com essa quantidade será suficiente para concretizar seu objetivo. Acontece que após o primeiro disparo, o agente é ligeiramente contido, ficando impossibilitado de efetuar os demais disparos pretendidos. Assim, diz-se que é imperfeita ou inacabada porque o agente dispondo de seus meios para a concretude do fato não os usa.
17)	Quanto ao arrependimento posterior, dispõe o Código Penal:
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
	
	O instituto do arrependimento posterior tem sua natureza jurídica no cálculo da penal, uma vez que o arrependimento do agente influenciará no cálculo da pena. 
18)	Não se constataria real eficácia arrependimento posterior do agente por simples palavra. Como diz certa passagem bíblica, a fé sem obras é morta. Assim funciona a lógica no Direito Penal. Para que surta efeitos no Direito Penal há de se verificado novo ato em prol de do bem jurídico lesionado.
19)	Crime falho deve ser entendido com o conceito de tentativa perfeita. Esta é quando o agente planeja uma infração penal e se mune dos meios para a concretude, mas após esgotá-las não logrou êxito, ou seja, não houve o delito. Suponha que A pretenda matar B, e para isso usa uma arma de fogo com 5 munições, mas todos os disparos efetuados não acertou o alvo pretendido, assim, diz-se que foi crime falho. 
20)	O agente, quando da execução do crime deve ter o controle dos seus atos. Assim, a desistência voluntária deve partir do próprio agente, uma vez que tendo o controle decida pelo não prosseguimento do ato.
21)	A autoria mediata ocorre de forma interessante, sendo bem comum em filmes. Procede ao agente tendo por objetivo praticar uma infração penal, usa de um terceiro para a concretude de seu objetivo. Um exemplo clássico é do médico que usa a enfermeira para praticar uma infração penal em face de uma pessoa hospitalizada. 
22)	Acontece quando o próprio agente pratica a ação, sem intermediação de terceiros. 
23)	Improbidade absoluta do objeto há ligação com o crime impossível. Ocorre improbidade absoluta do objeto a pessoa ou coisa sobre que recai a conduta é absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo. O exemplo clássico é usar arma de fogo para matar um cadáver. 
24)	A teoria adotada pelo artigo 29 do Código Penal é a monista. significa dizer que o crime, ainda que praticado por várias pessoas em colaboração, continua único, indivisível.
25)	É o patamar mínimo para efeito da punibilidade da participação, que sempre depende de uma conduta principal.
26)	Como já tratado em questão anterior, a pena e a tentativa segue a lógica que quanto maior a ligação do agente com o fato e consequente maior lesividade ao bem jurídico, maior será a pena, seguindo o raciocínio quanto a menor ligação.
27)	Foi adotada a teoria objetiva, significando dizer que a pena será reduzida em dois terços no crime tentado. 
28)	Como já tratado em outra questão, a exceção é a culpa imprópria. 
29	Na visão do autor, o domínio do fato é figura imprescindível no que se refere a conduta do agente. Roxin desenvolveu um modelo tripartido de domínio do fato, distinguindo suas várias formas. Seus tipos são autoria direta, coautoria e coautoria mediata.
30)	O que induziu o motorista responderá por homicídio doloso, e o motorista por homicídio culposo. 
4	PARTE III
4.1	RESOLUÇÃO DE CASOS PRÁTICOS
1ª QUESTÃO. CRIME. EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO. CONFLITO APARENTE DE NORMA. APLICAÇÃO DO CÓDIGO PENAL. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE.
	Nós, na qualidade de Juízes de Direito, tendo sido provocados, assim entendemos e decidimos sobre o caso:
	Trata-se de acusação em que BELTRANO é apontado por exercício ilegal da profissão. Consta nos autos que o acusado laborava numa farmácia como operador de caixa. Todavia, como a lei exige a presença do farmacêutico nas dependências do estabelecimento, BELTRANO faz-se passar por farmacêutico, para evitar prejuízos financeiros. 	
	Aparentemente temos um conflito de normas. Esta se configura quando a primeira vista duas ou mais normas poderão ser aplicadas no mesmo caso, a 282 do CP e a 47 da LCP. Mas como bem esclareça a doutrina, há de ser meramente aparente, uma vez que apenas uma norma poderá ser aplicada ao caso concreto. 
	Quando desse conflito, a doutrina indica princípios que servirão de base para sanar tal impasse. Assim, temos o princípio da especialidade, da subsidiariedade, da consunção e da alternatividade.Numa primeira análise a melhor alternativa seria usar o princípio da subsidiariedade como meio de sanar o conflito. Este significa dizer que na impossibilidade de aplicação da norma principal mais grave, aplica-se a subsidiária menos grave. Por este princípio, aplicaríamos a do artigo da Lei de Contravenções Penais, em seu artigo 47.
	Todavia, após longo trabalho de exegese, em avaliação ipsi literis, harmonizamos entendimento que contempla outro princípio, o da especialidade. A doutrina aduz que o princípio da especialidade afasta a aplicação da norma geral. Em análise dos dois dispositivos legais, entendemos que o Código Penal é mais específico, pois destaca a figura do farmacêutico no que se refere ao exercício ilegal da profissão. Ora, quando o legislador, de forma taxativa, aponta a figura do farmacêutico nos parece que houve uma motivação para tal. Ao contrário, o artigo 47 da LCP aborda o exercício ilegal da profissão de forma ampla. 
	Em análise mais profunda, consolidamos o entendimento pela exegese do parágrafo único do artigo 282 do CP. Aduz o mencionado parágrafo que se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também a multa. Pela disposição do legislador ordinário no mencionado parágrafo, nos parece que há uma preocupação maior no que se refere ao crime de exercício ilegal da profissão por finalidade lucrativa.
	Como conta nos autos, foi apurado na fase da instrução criminal que o que o motivou foi justamente para evitar prejuízos financeiros. Ora, contratar um bacharel em farmácia seria mais oneroso. Essa atitude é clara para nós que BELTRANO agiu por interesses financeiros.
	Por fim, avaliando os dois dispositivos, as informações apuradas que conta nos autos, condenamos o réu, BELTRANO, ao que dispõe o artigo 282 do Código Penal. Também condenamos ao pagamento de multa, como dispõe o parágrafo único do artigo 282 do CP, por entendermos que a finalidade de o réu ter sido passado por farmacêutico é para atender fins financeiros. 
Esse é o entendimento.
2ª QUESTÃO. CONFLITO APARENTE DE NORMAS. APLICAÇÃO DO ART. 134. ABANDONO DE RECÉM NASCIDO.
	Nós, na qualidade de Juízes de Direito, tendo sido provocados, assim entendemos e decidimos sobre o caso:
	Consta nos autos que MARIA, mulher de família tradicional, convivente com valores sociais conservadores, manteve relação sexual com ANTÔNIO FIRMINO. Acontece que a ré acabou engravidando de ANTÔNIO, e, como o meio social em que convive é extremamente conservador, resolve viajar durante todo o período de gestação. Após dois meses de nascimento da criança, a ré, para a situação de seus pais, que iriam lhe visitar, abandona a criança numa lixeira da região.
	Estamos diante de um caso que a doutrina chama de conflito aparente de normas. O Código Penal vigente, em seus artigos 133 e 134, tratam sobre o crime de expor, abandonar ou deixar pessoa incapaz de defender-se dos perigos alheios. Em exegese do artigo 134 logo surgem às dúvidas quanto a discussão sobre o exato período em que uma criança poderá ser considerada recém-nascida. 
	Todavia, analisando o caso minuciosamente, entendemos que a infração penal cometida pela ré se amolda no que está contido no artigo 134. Ora, o objetivo da mãe, como consta nos autos, foi para esconder sua desonra. Conta à narrativa que seus pais iriam lhe visitar. 
	No que se refere à discussão que paira sobre recém-nascido, entendemos que em dois meses a criança ainda é considerada recém nascido. Ora, nesse curtíssimo espaço de tempo o ser ainda está sob grande dependência mãe, o que caracteriza o que dispõe o artigo 134. 
	Ante o exposto, decidimos o caso com base legal do artigo 134 do CP.
3ª QUESTÃO. CONFLITO APARENTE DE NORMAS. CONSUÇÃO. APLICAÇÃO DO ARTIGO147 DO CP. SÚMULA 17 DO STJ.
	Nós, na qualidade de Juízes de Direito, tendo sido provocados, assim entendemos e decidimos sobre o caso:
	Trata-se de um caso que o SICRANO fora indiciado por crime de furto tipificado no artigo 155 do CP. Todavia, durante o decurso do processo, SICRANO, portando arma de fogo, se dirige até a casa de BELTRANO a fim de constrangê-lo a desistir de depor como vítima. Acontece que, no momento, SICRANO pratica dá uma coronhada na cabeça de BELTRANO, lhe causando um corte profundo na mencionada parte do corpo.
	Ante o caso, suscita-se qual norma penal incriminadora BELTRANO responderá pela nova prática. São levantadas, assim, três hipóteses, quais sejam os artigos 129, caput, 147, caput, e 344, caput, todos do Código Penal. 
	O caso em tela apresenta o que a doutrina chama de princípio da consunção. Este acontece quando crime é meio necessário ou normal à fase de preparação ou execução de outro crime. A doutrina diz que a consunção absorve o ato incriminador preparatório. O caso que nos foi apresentado se adequa no que a doutrina subdivide a consunção em crime progressivo, pois o agente, tendo por dolo inicial um dado fato criminoso, resolve ir além e produzir um resultado mais grave. 
	Destacamos ainda o que dispõe a súmula 17 do Superior Tribunal de Justiça. Esta permite que um crime de maior lesividade seja absorvido por um de menor gravidade se for usado como mero instrumento de consecução deste último. 
	Assim, entendemos que a agressão física em face de BELTRANO foi meio para a consecução do dolo inicial, qual seja o de ameaçá-lo a não depor no caso do furto do bebedouro. Assim, com base no princípio da consunção e súmula 17 do STJ, entendemos que se aplica o disposto no artigo 147 do Código Penal.
4ª QUESTÃO. CONFLITO APARENTE DE NORMAS. ARTIGO 190, INCISO I, DA LEI N° 9.279/96. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE.
	Nós, na qualidade de Juízes de Direito, tendo sido provocados, assim entendemos e decidimos sobre o caso:
	O caso em exame denota conflito aparente de normas. Ressalta esta que a doutrina que tal conflito, quando suscitado, não pode persistir, uma vez que é meramente parente, pois apenas uma norma penal incriminadora deverá ser posta. Assim, ante o processo de exegese da questão assim decidimos.
	BEÇTRANO foi preso em flagrante delito, sendo indiciado pela Promotoria pelos que dispõe o art. 190, caput, do CP e artigo 190, inciso I, da lei nº 9.279/96 c/c artigo 69 (concurso material) do Código Repressivo. Todavia, após o processo de análise, tendo sido constatado conflito aparente de normas, tendo sido avaliada as provas, que o réu gozará do princípio da especialidade. 
	Á luz do princípio da especialidade, lei especial afasta a aplicação da lei geral. Assim, tendo em vista que há disposição especial quanto ao caso em exame, deve prevalecer o que dispõe o artigo 190, inciso I da lei n° 9.279/96.
5	CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A Parte Geral do código penal é de suma relevância para o entendimento da parte especial. Os assuntos e conceitos que nela são descrito servirão de subsídio para a compreensão dos tipos penais descritos na parte especial. 
	As escolas penais proporciona ao estudioso da ciência jurídica uma noção da evolução da ciência criminal, sua influência para o que entendemos hoje sobre crime e assuntos correlatos.
	Quanto ao conceito de delito, é, sem sobra de dúvidas, imprescindível. A compreensão do que é, assim como dos requisitos, é ferramenta para a compreensão do que estudaremos na parte especial do código.
	No que se refere ao conflito aparente de normas, destacamos que se trata de um assunto de grande relevância. Não é raro presenciarmos casos que há dúvida sobre qual tipo penal se aplica no caso prático. Assim, os princípios estudados foram fundamentais para sanar eventuais dúvidas. 
REFERÊNCIAS
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das Penas. São Paulo:W V C 2002.
BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Penal Parte Geral 1. São Paulo: Saraiva, 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Geral. São Paulo: Saraiva, 2011.
GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal- Parte Geral, vol. I. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
GRECO, Rogério. Curso deDireito Penal Parte Geral volume 1. Rio de Janeiro: Impetus, 2015.
JURÍDICO, Âmbito. Evolução histórica do Direito Penal e Escolas Penais. Disponível in:http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=514. Acessado em 17/11/2015, às 23h36.
VIGIA, Associação de Bíblias e Tratados Torre de. Bíblia Sagrada. São Paulo: 1993, JW.

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