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Direito Penal e Processual Penal 
Contemporâneo
 (na visão dos Tribunais)
Professor Pedro Coelho
Insta: @profpedrocoelhodpu
Youtube: Professor Pedro Coelho
Site: https://profpedrocoelho.com.br/
30. MAIS UMA TESE EM REPETITIVO CRIMINAL (TEMA 1189) – LEI MARIA DA PENHA.
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, DE PENAS DE CESTA BÁSICA OU OUTRAS DE 
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA, BEM COMO A SUBSTITUIÇÃO DE PENA QUE IMPLIQUE O PAGAMENTO ISOLADO DE MULTA.
Obs.1: Cabe conversão da PPL e PRD´s quando essas não sejam de caráter pecuniário?
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I - prestação pecuniária; II - perda de bens e valores; III - limitação de fim de semana. IV - 
prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; V - interdição temporária de direitos; VI - limitação de fim de semana.
Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico 
impossibilita a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Obs.2: Qual foi a intenção do legislador com o art. 17 da LMP?
A intenção do legislador ao impedir a aplicação EXCLUSIVA da pena de multa foi a de ampliar a função de prevenção geral das penas 
impostas nos casos de crimes cometidos nesse contexto. Dessa forma, pretende-se demonstrar à sociedade que a prática de agressão 
contra a mulher acarreta consequências graves para o autor, que vão além do aspecto financeiro. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art1
Obs.3: Interessante caso do crime de ameaça (art. 147 do CPB).
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal 
injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, OU MULTA.
Entende-se que a vedação também existe em relação à multa estabelecida como uma pena autônoma na parte 
secundária do tipo penal, como é o caso do crime de ameaça (art. 147 do Código Penal). Com efeito, a imposição 
desse tipo de penalidade (multa) em crimes cometidos de acordo com o artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 só pode 
ocorrer de forma cumulativa, nunca de maneira isolada (REsp 2.049.327-RJ, Rel. Ministro Sebastião Reis 
Júnior, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 14/6/2023).
Conclusão (TEMA 1189) - "A vedação constante do art. 17 da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) obsta a 
imposição, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de pena de multa isoladamente, ainda 
que prevista de forma autônoma no preceito secundário do tipo penal imputado".
31. A reincidência específica como único fundamento só justifica o agravamento da pena em fração mais gravosa 
que 1/6 em casos excepcionais e mediante detalhada fundamentação baseada em dados concretos do caso (REsp 
2.003.716-RS, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 25/10/2023 - TEMA 
1172 - REPETITIVO).
31.1. Reincidência – Agravante do Código Penal.
Art. 61 - São circunstâncias que SEMPRE AGRAVAM A PENA, quando não constituem ou qualificam o crime: I - a reincidência; (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ATENÇÃO! Ocorrerá reincidência quando o agente cometer NOVO crime, depois de transitar em julgado a sentença que, 
no país ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Entretanto, se a condenação anterior tiver gerado 
cumprimento ou extinção da pena há mais de 5 anos até a data do cometimento da nova infração penal, a reincidência 
não será considerada existente (sistema da temporariedade da reincidência).
Art. 64 - Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração 
posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, 
se não ocorrer revogação; II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. 
file:///C:/Users/pedro.coelho/Dropbox/EBEJI/Preparação de Aulas Processo Penal - EBEJI Pedro/GRAN CURSOS/Pós Graduação - Gran Jurídico/2024 - Penal e Processual Penal Contemporâneo/202201526193
file:///C:/Users/pedro.coelho/Dropbox/EBEJI/Preparação de Aulas Processo Penal - EBEJI Pedro/GRAN CURSOS/Pós Graduação - Gran Jurídico/2024 - Penal e Processual Penal Contemporâneo/202201526193
http://www.stj.jus.br/repetitivos/temas_repetitivos/pesquisa.jsp?novaConsulta=true&tipo_pesquisa=T&cod_tema_inicial=1172&cod_tema_final=1172
http://www.stj.jus.br/repetitivos/temas_repetitivos/pesquisa.jsp?novaConsulta=true&tipo_pesquisa=T&cod_tema_inicial=1172&cod_tema_final=1172
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art61
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art61
Obs.1: Superado esse prazo, a condenação pretérita servirá como maus antecedentes?
(...) 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal só considera maus antecedentes condenações penais transitadas em 
julgado que não configurem reincidência. Trata-se, portanto, de institutos distintos, com finalidade diversa na aplicação da pena 
criminal. 2. Por esse motivo, não se aplica aos maus antecedentes o prazo quinquenal de prescrição previsto para a 
reincidência (art. 64, I, do Código Penal). 3. Não se pode retirar do julgador a possibilidade de aferir, no caso concreto, 
informações sobre a vida pregressa do agente, para fins de fixação da pena-base em observância aos princípios constitucionais 
da isonomia e da individualização da pena. 4. Recurso extraordinário a que se dá parcial provimento, mantida a decisão recorrida 
por outros fundamentos, FIXADA A SEGUINTE TESE: Não se aplica ao reconhecimento dos maus antecedentes o prazo 
quinquenal de prescrição da reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal.
(RE 593818, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 18/08/2020).
As condenações atingidas pelo período depurador quinquenal do art. 64, inciso I, do CP, embora afastem os efeitos da 
reincidência, não impedem a configuração de maus antecedentes, na primeira etapa da dosimetria da pena (STJ, 5ª Turma, 
AgRg no HC 558.745/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 15/09/2020 e 6ª Turma, AgRg no HC 471.346/MS, 
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 21/05/2019).
Obs.2: Cuidado com fatos POSTERIORES ao crime em julgamento!
É manifestamente ilegal a negativação dos antecedentes e a aplicação da agravante da reincidência, quando fundamentadas em condenações, 
ainda que transitadas em julgado, por fatos posteriores àquele sob julgamento (STJ, 6ª Turma, AgRg no AREsp 1903802/ES, Rel. Min. Laurita 
Vaz, julgado em 21/09/2021). (...) Nem mesmo condenações transitadas em julgado, por fatos posteriores ao delito em exame, podem ser 
consideradas reveladoras de má conduta social ou personalidade desajustada e servir como supedâneo a fim de justificar o afastamento da 
reprimenda básica do mínimo legalmente previsto em lei, sob pena de malferir o princípio constitucional da presunção de não-culpabilidade 
(STJ, 5ª Turma, AgRg no HC 550.993/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 25/08/2020).
Obs.3: Quem comete crime e, depois, contravenção é reincidente? Quem é condenado por um crime e depois pratica uma contravenção é 
reincidente (art. 7º da LCP). No entanto, quem pratica uma contravenção e depois um crime não é reincidente (art. 63 do CP) (BITENCOURT, 
Cezar Roberto. Código Penal Comentado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 278-279). (...) se a infração anterior for uma contravenção penal, 
teremos a seguinte situação: (a) Condenado definitivamente pela prática de contravenção penal, que venha a praticar crime, não é reincidente 
(CP, art. 63). (b) Condenado definitivamente pela prática de contravenção, que venha a realizar nova contravenção, é reincidente, nos termos do 
art. 7º da LCP. Se, no entanto, for condenado definitivamente por crime e vem a praticar contravenção penal, é considerado reincidente, nos 
termos doart. 7º da LCP (CAPEZ, Fernando; PRADO, Stela. Código Penal Comentado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 155). (...) admite-se, 
para efeito de reincidência, o seguinte quadro: a) crime (antes) – crime (depois); b) crime (antes) – contravenção penal (depois); c) contravenção 
(antes) – contravenção (depois). Não se admite: contravenção (antes) – crime (depois), por falta de previsão legal (NUCCI, Guilherme de Souza. 
Manual de Direito Penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 453).
ESQUEMATIZANDO:
31.2. Controvérsia do caso concreto.
Cinge-se a controvérsia a definir se é possível a elevação da pena por circunstância agravante, na fração maior que 
1/6, utilizando como fundamento unicamente a reincidência específica do réu.
Infração Penal Anterior Infração Penal Posterior Consequência
Crime Crime Reincidência
Contravenção Penal Contravenção Penal Reincidência
Crime Contravenção Penal Reincidência
Contravenção Penal Crime PRIMÁRIO
31.3. Análise.
Uma análise evolutiva do ordenamento jurídico nacional mostra que ANTES DO CÓDIGO PENAL DE 1940 a configuração da agravante da 
reincidência tinha como pressuposto o cometimento de crimes de mesma natureza. O Código Penal de 1940, em sua redação original, 
ampliou o conceito da agravante da reincidência ao permitir que o crime anteriormente cometido fosse de natureza diversa do atual, 
inaugurando a classificação da REINCIDÊNCIA EM ESPECÍFICA E GENÉRICA, com ressalva expressa de que pena mais gravosa incidiria ao 
reincidente específico. Durante esse período histórico, a diferença de tratamento entre reincidência específica e genérica para fins de cominação 
de pena já era discutível, com posições jurídicas antagônicas. Nesse contexto, sobreveio a vigência da Lei n. 6.416/1977 que, alterando o 
Código Penal, aboliu a diferenciação entre reincidência específica e genérica e, por consequência, suprimiu o tratamento diferenciado no 
tocante à dosimetria da pena. Assim, considerando que a redação vigente do Código Penal estatuída pela Lei n. 7.209/1984 teve origem na Lei n. 
6.416/1977, a interpretação da norma deve ser realizada de forma restritiva, evitando, com isso, restabelecer parcialmente a vigência da 
lei expressamente revogada. Inclusive, tal interpretação evita incongruência decorrente da afirmativa de que a reincidência específica, 
por si só, é mais reprovável do que a reincidência genérica.
31.3. TEMA 1172 (3ª Seção do STJ) - Não é possível a elevação da pena pela presença da agravante da reincidência em fração mais 
prejudicial ao apendo do que a de 1/6 utilizando-se como fundamento unicamente a reincidência específica do réu. Fica 
ressalvada a excepcionalidade da aplicação de fração mais gravosa do que 1/6 mediante fundamentação concreta a respeito da 
reincidência específica.
Obs.5: Possibilidade de multirreincidência como critério diferenciado.
É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação integral da atenuante da confissão espontânea com a 
agravante da reincidência, seja ela específica ou não. Todavia, nos casos de multirreincidência, deve ser reconhecida a 
preponderância da agravante prevista no art. 61, I, do Código Penal, sendo admissível a sua compensação proporcional com a 
atenuante da confissão espontânea, em estrito atendimento aos princípios da individualização da pena e da proporcionalidade. 
(...) "Deveras, a condição de multirreincidência exige maior reprovação do que a conduta de um acusado que tenha a condição 
de reincidente em razão de um evento único e isolado em sua vida. Ora, se a simples reincidência é, por lei, reprovada com maior 
intensidade, porque demonstra um presumível desprezo às solenes advertências da lei e da pena, reveladora de especial 
tendência antissocial, por questão de lógica e de proporcionalidade, e em atendimento ao princípio da individualização da 
pena, há a necessidade de se conferir um maior agravamento na situação penal do réu nos casos de multirreincidência, em 
função da frequência da atividade criminosa, a qual evidencia uma maior reprovabilidade da conduta, devendo, assim, 
prevalecer sobre a confissão. Assim, a recidiva prepondera nas hipóteses em que o acusado possui várias condenações por 
crimes anteriores, transitadas em julgado, reclamando repressão estatal mais robusta (REsp n. 1.931.145/SP e REsp n. 
1.947.845/SP, ambos do relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, julgado em 22/6/2022, DJe de 24/6/2022).
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