Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO CEI PARA A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO 10ª RODADA – 19 DE MARÇO DE 2014 NOVAS INSTRUÇÕES: O material do Curso será sempre enviado nas quartas-feiras, via email. No caso de não recebimento nesse dia, antes de solicitarem o reenvio, confiram a caixa de spam; As Rodadas terminam, também, nas quartas-feiras. Exemplificando: o material dessa Rodada está sendo enviado hoje, quarta-feira, e vocês terão até a próxima quarta-feira para responder, e, ainda, os mediadores terão até a quarta- feira seguinte para fazer a correção individual e enviar a ata; As respostas/peças devem ser enviadas em arquivo Word, tamanho 12, sendo aceito, também, no caso de resposta (e não peça), o envio no próprio corpo do email; ATENÇÃO: a fim de propiciar um contato mais direto e individualizado com o mediador, alteramos nosso procedimento e agora as respostas/peças devem ser enviadas diretamente para o email do mediador (indicado abaixo); Qualquer dúvida sobre o funcionamento do Curso, estarei sempre à disposição: caiodireito@gmail.com I. 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 2 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com Sumário: - Questões objetivas sem gabarito/comentários; - Questões objetivas com gabarito/comentários; - Questões dissertativas; e - Peça EMAIL DOS MEDIADORES: CAIO (Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional e Princípios Institucionais da Defensoria Pública): caio.cursocei@gmail.com; PEDRO (Direito Internacional Privado e Processo Civil): pedro.cursocei@gmail.com; ALDO (Direito Penal Militar, Processo Penal Militar, Direitos Humanos e Direito Internacional Público): aldocosta.cursocei@gmail.com; ALEXANDRE (Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito Administrativo): alexandre.cursocei@gmail.com; HENDRIKUS (Direito Previdenciário, Direito Tributário e Direito Eleitoral): hendrikus.cursocei@gmail.com; EDILSON (Direito Internacional Privado e Direito Civil): edilson.cursocei@gmail.com; II. MUITA ATENÇÃO: cada resposta deve ser enviada para o email do respectivo mediador, sob pena de não ser corrigida! III. 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 3 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com QUESTÕES OBJETIVAS DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 1. A intimação de julgados proferidos pelo Superior Tribunal Militar, quando o réu estiver preso, poderá ser feita, de modo suficiente, na pessoa do defensor. 2. A instrução provisória de insubmissão faz as vezes do inquérito policial militar e só pode ser arquivada a requerimento do Ministério Público Militar. 3. O arquivamento do inquérito que, na lei comum, se pode complementar com a decisão do juiz do feito, na lei militar só se aperfeiçoa depois de exaurido o prazo para a representação do Corregedor, ou, oferecida essa, com a decisão do Superior Tribunal Militar que a indeferiu ou com o novo despacho do Juiz que, insistindo o Procurador-Geral, determinar o arquivamento. 4. A vedação da concessão do “sursis”, com base no art. 617, II, “a”, do CPPM, segundo o qual a suspensão condicional da pena não se aplica em tempo de paz por desrespeito a superior e desacato, exige que haja concurso dos dois crimes. 5. O Superior Tribunal Militar poderá proceder à correição parcial a requerimento das partes, para o fim de ser corrigido erro ou omissão inescusáveis, abuso ou ato tumultuário, em processo, cometido ou consentido por juiz, desde que, para obviar tais fatos, não haja recurso previsto no Código de Processo Penal Militar, ou mediante representação do auditor corregedor, para corrigir arquivamento irregular em inquérito ou processo. 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 4 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com DIREITO PENAL Sobre o tema “Organização Criminosa”, julgue os dois itens a seguir. 6. Considera-se organização criminosa a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada por divisão formal de tarefas, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam iguais ou superiores a quatro anos, mesmo quando se tratar de organização transnacional. 7. Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, com prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. Sobre o tema “crimes contra o meio ambiente”, julgue os dois itens a seguir. 8. É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela prática criminosa. 9. A pessoa jurídica pode ser condenada à pena de prestação de serviços à comunidade. 10. Quem tiver cometido “crimes contra humanidade”, em cumprimento de uma decisão emanada de um Governo ou de um superior hierárquico, quer seja militar ou civil, será isento de responsabilidade criminal. DIREITO PROCESSUAL PENAL 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 5 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com A respeito da fixação, na sentença condenatória, de valor mínimo para reparação dos danos causados pelo crime, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido, julgue os dois itens a seguir. 11. Tal expediente, inserido no CPP através da Lei 11719/2008, somente se aplica aos crimes praticados posteriormente à entrada em vigor da mencionada lei. 12. A fixação de valor mínimo para reparação, na sentença condenatória, consiste em medida legal de obrigatória observância pelo juiz, sendo dispensado pedido expresso do ofendido ou do Ministério Público, não incidindo, portanto, obviamente, o contraditório para o réu. DIREITO CONSTITUCIONAL A respeito do tema “plebiscito”, julgue os três itens a seguir. 13. Pesquisas de opinião, abaixo-assinados e declarações de organizações comunitárias, favoráveis à criação, à incorporação ou ao desmembramento de município, não são capazes de suprir o rigor e a legitimidade do plebiscito. 14. A expressão “populações diretamente interessadas”, prevista no art. 18, § 3º, da Constituição Federal, recebe, da jurisprudência do STF, uma interpretação que busca a máxima unidade constitucional, abrangendo realmente, portanto, toda a população dos municípios/Estados/territórios que eventualmente se pretenda desmembrar. PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 6 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com 15. O assistido tem direito à atuação de Defensores Públicos distintos quando verificada a existência de interesses antagônicos ou colidentes entre destinatários de suas funções. DIREITO CIVIL 16. Em razão da falta de previsão legal, já que não há previsão no rol taxativo da lei 8.036/90 (dispõe sobre os casos em que é possível o saque dos valores relacionados ao FGTS), não é admissível, para a satisfação do crédito alimentar, o levantamento do saldo de conta vinculada ao FGTS. 17. Nos contratos de promessa de compra evenda de imóvel, é cabível ao magistrado reduzir o percentual da cláusula penal com o objetivo de evitar o enriquecimento sem causa por qualquer uma das partes. 18. Nos contratos com direitos e deveres recíprocos, a cláusula penal estipulada apenas para o caso de inadimplemento de um dos pactuantes pode ser imposta ao outro, ante o seu descumprimento contratual. DIREITO DO CONSUMIDOR 19. O shopping center deve reparar os danos morais decorrentes de tentativa de roubo, não consumado apenas em razão de comportamento do próprio cliente, ocorrida nas proximidades da cancela de saída de seu estacionamento, mas ainda em seu interior. 20. É dever do fornecedor fazer chegar ao consumidor, de forma simples, acessível e correta, as informações relevantes relacionadas aos respectivos produtos ou serviços. 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 7 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com PROCESSO CIVIL In INFORMATIVO 533ininininiininini 21. O saldo de depósito em fundo de previdência privada complementar na modalidade Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) é impenhorável, a menos que sua natureza previdenciária seja desvirtuada pelo participante. 22. Não é possível o ajuizamento de ação de improbidade administrativa exclusivamente em face de particular, com a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda. 23. A existência de pendência de julgamento no STF sobre a modulação dos efeitos de decisão proferida em ação direta de inconstitucionalidade não enseja o sobrestamento do recurso especial. 24. O artigo 515 do Código de Processo Civil preceitua “A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.”. Assim, no julgamento de apelação, a utilização de novos fundamento legais pelo tribunal, segundo a Corte Cidadã, para manter a sentença recorrida, não viola o referido dispositivo. 25. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, o direito de preferência em razão da idade no pagamento de precatórios, previsto no art. 100, § 2º, da CF, não pode ser estendido aos sucessores do titular originário do precatório, ainda que também sejam idosos. DIREITO ADMINISTRATIVO 26. Considere a seguinte situação hipotética: candidato a concurso público impetrou mandado de segurança destinado a combater ato ilegal no curso do 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 8 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com certame, ocorrido ainda em sua primeira fase. Com a realização de todas as fases e posterior homologação do resultado do concurso, houve decisão judicial de extinção da ação de impugnação, por perda do objeto. Tal decisão contraria a jurisprudência do STJ, que entende não ser a hipótese de perda do objeto da ação. 27. O ato de improbidade administrativa que importa lesão ao erário pode ser configurado por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente, fazendo incidir contra ele, aplicadas isolada ou cumulativamente de acordo com a gravidade do fato, as sanções de ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até dez vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos. 28. O efeito prodrômico típico do ato administrativo refere-se à possibilidade do recurso administrativo, quando interposto, ser decidido em desfavor do administrado (possível reformatio in pejus), não havendo se confundir a situação com a incidência do efeito prodrômico no processo penal, este referente, ao contrário, à vedação do reformatio in pejus em recursos manejados exclusivamente pela defesa do acusado quando diante de uma sentença condenatória. 29. O princípio da publicidade determina, como regra geral, que os atos da Administração Pública sejam dotados de transparência e objeto de divulgação. Nesse sentido, a veiculação de notícia sobre a prática de ato administrativo pelo programa “A Voz do Brasil”, cuja retransmissão obrigatória pelas radiodifusoras vem sendo considerada constitucional pelo STF, não basta por si só para atender 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 9 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com ao comando do princípio da publicidade, sendo necessária também a publicação em órgão da imprensa oficial. 30. A doutrina administrativista, citando Augustín Gordillo, aponta como um problema crucial da Administração Pública, no âmbito do princípio da moralidade, a existência de uma “moral paralela”, uma duplicidade concomitante de regras, processos e sistemas à sombra das estruturas estatais. Exemplo é o caso dos servidores públicos que exercem suas funções de forma aparentemente legal, mas sem responsabilidade ou espírito de servir à comunidade. O combate à essa administração ou “moral paralela” apenas pode ser efetivado com o fortalecimento dos órgãos estatais de controle, como o Ministério Público. DIREITO DO TRABALHO 31. Conforme expressa disposição legal, o empregado afastado do posto de trabalho para cumprir o serviço militar obrigatório não faz jus aos depósitos de FGTS do período de ausência que seriam devidos pelo empregador. Hipótese diversa ocorre no afastamento em virtude de acidente de trabalho, onde há determinação legal para que o empregador siga efetuando os depósitos fundiários em favor do empregado. 32. Quando devidas ao trabalhador, as parcelas referentes ao adicional de periculosidade pago em caráter permanente, à gratificação por tempo de serviço e ao adicional noturno pago com habitualidade integram a base de cálculo das horas extras. 33. Nenhum Estado-Membro da Organização Internacional do Trabalho poderá dela retirar-se sem aviso prévio ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho. A retirada tornar-se-á efetiva dois anos depois que este aviso prévio 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 10 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com houver sido recebido. A retirada não afetará, para o Estado-Membro que houver ratificado uma convenção, a validez das obrigações desta decorrentes, ou a ela relativas, durante o pedido previsto pela mesma convenção. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 34. Regra geral, os recursos no processo trabalhista possuem apenas efeito devolutivo, sendo possível à parte proceder, via petição, à execução provisória do julgado até a penhora de bens. Por silente a CLT, na hipótese de litisconsortes com procuradores diversos, aplica-se subsidiariamente o art. 191 do CPC, sendo conferido prazo recursal em dobro. 35. Apesar da CLT prever que os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal terão aplicação subsidiária às execuções trabalhistas, os embargos à execução no processo do trabalho possuem norma própria no texto consolidado. Assim, enquanto no rito da Lei 6.830/80, Lei de Execução Fiscal, garantido o juízo, o executado dispõe de 30 (trinta) dias para opor os embargos à execução, na seara laboral esse mesmo prazo será de apenas 08 (oito) dias. QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS Estilo CESPE (certo ou errado), com indicação do ponto segundo o Anexo da Resolução do V Concurso ALDO COSTA Assessor de ministro doSTF. É bacharel em direito pela USP (1999). Foi professor substituto da Faculdade de Direito da UnB (2002-2006), conselheiro da Comissão de Anistia (2002), pesquisador visitante no Max- 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 11 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com Planck-Institut für ausländisches und internationales Strafrecht (2007) e assessor especial do Ministro da Justiça (2010-2011). Mediador das disciplinas de Direito Penal Militar, Processo Penal Militar, Direito Internacional e Direitos Humanos DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 1. A intimação de julgados proferidos pelo Superior Tribunal Militar, quando o réu estiver preso, poderá ser feita, de modo suficiente, na pessoa do defensor. Ponto 16 – Citação, intimação e notificação. O sistema constituído pelo Código de Processo Penal Militar é o de que a intimação do réu para tomar ciência de ato e termo processual só lhe será feita pessoalmente se ele encontrar-se na prisão, pois, do contrário, aquela providência será executada na pessoa do defensor. Nesse mesmo sentido, a jurisprudência do Supremo: “A leitura concatenada do § 2º do art. 288 com o art. 537, ambos do Código de Processo Penal Militar, não induz à conclusão da necessidade da intimação pessoal do réu quanto ao julgamento de segundo grau quando ele o aguardou solto. Essa intimação pessoal só é essencial quando ele estiver preso” (STF HC 99.109). ERRADO 2. A instrução provisória de insubmissão faz as vezes do inquérito policial militar e só pode ser arquivada a requerimento do Ministério Público Militar. Ponto 18.4 – Insubmissão. A instrução provisória de instrução é o procedimento especial, previsto no Código de Processo Penal Militar (art. 463 e seu §1º), para a apuração do crime de insubmissão. Essa instrução especial faz as vezes do inquérito policial militar que, à semelhança dela, como se vê do disposto do art. 9º do CPPM, “é a apuração sumária de fato que, nos termos legais, configure crime militar, e de sua autoria” e que “tem o caráter de 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 12 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal”. Assim, essa instrução provisória especial só pode ser arquivada, como sucede com o inquérito policial militar, a requerimento do Ministério Público Militar, tendo em vista que é a ele que, em face dela, por ter o monopólio da ação penal, caberá pedir seu arquivamento ou denunciar. (STF HC 79.533). CERTO 3. O arquivamento do inquérito que, na lei comum, se pode complementar com a decisão do juiz do feito, na lei militar só se aperfeiçoa depois de exaurido o prazo para a representação do Corregedor, ou, oferecida essa, com a decisão do Superior Tribunal Militar que a indeferiu ou com o novo despacho do Juiz que, insistindo o Procurador-Geral, determinar o arquivamento. Ponto 3 – Inquérito policial militar. O arquivamento do inquérito que, na lei comum, se pode complementar com a decisão do juiz do feito, na lei militar só se aperfeiçoa depois de exaurido o prazo para a representação do Corregedor (CPPM, art. 498, § 1º), ou, oferecida essa, com a decisão do Superior Tribunal Militar que a indeferiu ou com o novo despacho do Juiz que, insistindo o Procurador-Geral, determinar o arquivamento. Mas o Superior Tribunal Militar só pode determinar a correição parcial, acolhendo representação do Corregedor, em relações a decisões de caráter não jurisdicional, tal como a que acolhe o pedido do Ministério Público para arquivamento de inquérito (STF HC 68.739). Já as decisões jurisdicionais geram coisa julgada, o que impede que a inércia das partes seja suprida pelo órgão judiciário legitimado à correição (STF HC 78.309). CERTO 4. A vedação da concessão do “sursis”, com base no art. 617, II, “a”, do CPPM, segundo o qual a suspensão condicional da pena não se aplica em tempo de paz por desrespeito a superior e desacato, exige que haja concurso dos dois crimes. Ponto 21.2 – Suspensão condicional da pena. 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 13 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com O art. 617, II, “a”, do CPPM alude, para vedar a concessão de “sursis”, a crime “de desrespeito a superior e desacato”. A questão que se põe é a de saber se para a aplicação dessa vedação é mister que haja concurso desses dois crime, ou ela se aplica a cada um deles. À primeira vista, parece que há a necessidade desse concurso, porque o crime de desrespeito a superior, por si só, já vem expressamente referido, para a proibição da concessão do “sursis”, na letra “b” desse mesmo inciso II do art. 517 do CPPM. Sucede, porém, que, se é certo que haveria redundância em se tratar do mesmo crime isoladamente nas letras “a” e “b” do dispositivo em causa, também há redundância se se entender que, para a vedação da letra “a”, seria preciso o concurso dos crimes de desrespeito a superior e desacato a ele, pois bastaria o primeiro para que a vedação ocorresse por força da aplicação da letra “b”. Daí o entendimento no sentido de não exigir a vedação da concessão da suspensão condicional da pena a existência de concurso dos crimes de desrespeito a superior e desacato, a qual se aplica a cada um deles (STF HC 77.277). ERRADO 5. O Superior Tribunal Militar poderá proceder à correição parcial a requerimento das partes, para o fim de ser corrigido erro ou omissão inescusáveis, abuso ou ato tumultuário, em processo, cometido ou consentido por juiz, desde que, para obviar tais fatos, não haja recurso previsto no Código de Processo Penal Militar, ou mediante representação do auditor corregedor, para corrigir arquivamento irregular em inquérito ou processo. Ponto 20.3 – Correição parcial. O enunciado reproduz o texto das alíneas “a” e “b” do art. 498 do Código de Processo Penal Militar. Há previsão semelhante na Lei nº 5.010/1966, que organiza a Justiça Federal de primeira instância, cujo art. 6º, inciso I, diz competir ao Conselho da Justiça Federal conhecer de correição parcial requerida pela parte ou pela Procuradoria da 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 14 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com República, no prazo de cinco dias, contra ato ou despacho do Juiz de que não caiba recurso, ou comissão que importe erro de ofício ou abuso de poder. CERTO ______________________________________ CAIO PAIVA Defensor Público Federal em Manaus/AM e editor do site www.oprocesso.com Mediador das disciplinas de Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional e Princípios Institucionais da Defensoria Pública DIREITO PENAL Sobre o tema “Organização Criminosa”, julgue os dois itens a seguir. Ponto 12. Organização criminosa. 6. Considera-se organização criminosa a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada por divisão formal de tarefas, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam iguais ou superiores a quatro anos, mesmo quando se tratar de organização transnacional. O tema “organização criminosa” é um item específico do anexo do V Concurso da DPU, tratando-se, por ser uma lei nova, a 12850/2013, de assunto com grande possibilidade de ser cobrado na prova. Por essa razão, vamos treinar, aqui, três questões objetivas formuladas exclusivamente a partir da lei seca em questão. O enunciado apresentado contém três equívocos, que somenteforam identificados, creio, por quem tenha lido recentemente a lei com muita atenção. O conceito de organização criminosa vem disposto no art. 1º, § 1º, da Lei 12850/2013, e contém praticamente o que consta no enunciado proposto, exceto os três seguintes erros: (a) a divisão de tarefas pode ser 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 15 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com informal; (b) as infrações penais somente praticadas devem ostentar pena máxima superior a quatro anos, e não “igual ou superior”; e (c) quando se tratar de organização transnacional, dispensa-se o requisito anterior, relativo à pena máxima dos crimes. ERRADO 7. Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, com prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. O enunciado contém um singelo erro: conforme dispõe o art. 2º, § 5º, da Lei 12850/2013, o afastamento cautelar do cargo não acarreta a perda temporária da remuneração. Ainda sobre esse ponto, o § 6º do mesmo dispositivo estabelece que “A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena”. ERRADO Sobre o tema “crimes contra o meio ambiente”, julgue os dois itens a seguir. Ponto 19. Crimes contra o meio ambiente. 8. É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela prática criminosa. O enunciado apenas reproduz trecho da decisão da 1ª Turma do STF, no RE 548181, julgado em 06/08/2013 e veiculado no Informativo n. 714 (acórdão pendente de publicação). CERTO 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 16 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com 9. A pessoa jurídica pode ser condenada à pena de prestação de serviços à comunidade. Dispõe o art. 22 da Lei 9605/98 que as penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são (a) suspensão parcial ou total de atividades, (b) interdição temporária de estabelecimento/obra/atividade e (c) proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios/subvenções/doações. O art. 21 da mesma lei, por sua vez, inclui a prestação de serviços à comunidade fora das penas restritivas de direitos, ao contrário, então, do que faz o CP. Pois bem, mas como uma pessoa jurídica cumpre esse tipo de pena? A resposta vem no art. 23, que prevê quatro modos de cumprimento da prestação de serviços à comunidade pena pessoa jurídica: (a) custeio de programas e de projetos ambientais; (b) execução de obras de recuperação de áreas degradadas; (c) manutenção de espaços públicos; e (d) contribuições a entidades ambientais ou culturais. Portanto, o enunciado está correto. CERTO 10. Quem tiver cometido “crimes contra humanidade”, em cumprimento de uma decisão emanada de um Governo ou de um superior hierárquico, quer seja militar ou civil, será isento de responsabilidade criminal. Ponto 20. Crimes contra a humanidade. Atenção para este tópico específico do anexo do V Concurso da DPU, que deve ser estudado pelo Estatuto de Roma, promulgado, no Brasil, pelo Decreto n. 4388/2002. Sem o objetivo de esgotar, aqui, essa matéria, vejamos os pontos principais. Os crimes contra a humanidade são de competência do Tribunal Penal Internacional (art. 5º, 1, b). E o que são crimes contra a humanidade? O art. 7º, 1, responde: “Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque: a) Homicídio; b) Extermínio; c) Escravidão; d) Deportação ou transferência forçada de uma população; e) Prisão ou outra 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 17 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com forma de privação da liberdade física grave, em violação das normas fundamentais de direito internacional; f) Tortura; g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável; h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal; i) Desaparecimento forçado de pessoas; j) Crime de apartheid; k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental”. Transcrevo aqui, ainda, o item 2 deste artigo, que define cada um dos conceitos acima mencionados: “Para efeitos do parágrafo 1o: a) Por "ataque contra uma população civil" entende-se qualquer conduta que envolva a prática múltipla de atos referidos no parágrafo 1o contra uma população civil, de acordo com a política de um Estado ou de uma organização de praticar esses atos ou tendo em vista a prossecução dessa política; b) O "extermínio" compreende a sujeição intencional a condições de vida, tais como a privação do acesso a alimentos ou medicamentos, com vista a causar a destruição de uma parte da população; c) Por "escravidão" entende-se o exercício, relativamente a uma pessoa, de um poder ou de um conjunto de poderes que traduzam um direito de propriedade sobre uma pessoa, incluindo o exercício desse poder no âmbito do tráfico de pessoas, em particular mulheres e crianças; d) Por "deportação ou transferência à força de uma população" entende-se o deslocamento forçado de pessoas, através da expulsão ou outro ato coercivo, da zona em que se encontram legalmente, sem qualquer motivo reconhecido no direito internacional; e) Por "tortura" entende-se o ato por meio do qual uma dor ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são intencionalmente causados a uma pessoa que esteja sob a custódia ou o controle do acusado; este termo não compreende a dor ou os sofrimentos resultantes unicamente de sanções legais, inerentes a essas sanções ou por elas ocasionadas; f) Por "gravidez à força" entende-se a privação ilegal de liberdade de uma mulher que foi 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 18 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com engravidada à força, com o propósito de alterar a composição étnica de uma população ou de cometer outras violações graves do direito internacional. Esta definição não pode, de modo algum, ser interpretada como afetando as disposições de direito interno relativas à gravidez; g) Por "perseguição'' entende-se a privação intencional e grave de direitos fundamentais em violação do direito internacional, por motivos relacionados com a identidade do grupo ou da coletividade em causa; h) Por "crime de apartheid" entende-se qualquer ato desumano análogo aos referidos no parágrafo 1°, praticado no contexto de um regime institucionalizado de opressão e domínio sistemático de um grupo racial sobre um ou outros grupos nacionais e com a intenção de manter esse regime; i) Por "desaparecimento forçado de pessoas" entende-sea detenção, a prisão ou o seqüestro de pessoas por um Estado ou uma organização política ou com a autorização, o apoio ou a concordância destes, seguidos de recusa a reconhecer tal estado de privação de liberdade ou a prestar qualquer informação sobre a situação ou localização dessas pessoas, com o propósito de lhes negar a proteção da lei por um prolongado período de tempo”. Por fim, no tocante especificamente ao enunciado, o art. 33 do Estatuto de Roma, que disciplina a decisão hierárquica e suas disposições legais, estabelece que “Para os efeitos do presente artigo, qualquer decisão de cometer genocídio ou crimes contra a humanidade será considerada como manifestamente ilegal”. Logo, ao contrário do afirmado no enunciado, a obediência hierárquica não tem aplicabilidade nos casos de crimes contra a humanidade, pois a ordem do superior, neste caso, será considerada presumidamente de manifesta ilegalidade. ERRADO DIREITO PROCESSUAL PENAL A respeito da fixação, na sentença condenatória, de valor mínimo para reparação dos danos causados pelo crime, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido, julgue os dois itens a seguir. Ponto 10 – Da sentença. 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 19 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com 11. Tal expediente, inserido no CPP através da Lei 11719/2008, somente se aplica aos crimes praticados posteriormente à entrada em vigor da mencionada lei. O enunciado está em conformidade com o que decidiu, recentemente, o STJ: “A regra do art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, que dispõe sobre a fixação, na sentença condenatória, de valor mínimo para reparação civil dos danos causados ao ofendido, é norma híbrida, de direito processual e material, razão pela que não se aplica a delitos praticados antes da entrada em vigor da Lei n.º 11.719/2008, que deu nova redação ao dispositivo” (REsp 1193083, rel. min. Laurita Vaz, DJe 27/08/2013). CERTO 12. A fixação de valor mínimo para reparação, na sentença condenatória, consiste em medida legal de obrigatória observância pelo juiz, sendo dispensado pedido expresso do ofendido ou do Ministério Público, não incidindo, portanto, obviamente, o contraditório para o réu. O enunciado conflita com o que decidiu o STJ no mesmo precedente citado na questão anterior: “Para que seja fixado na sentença o início da reparação civil, com base no art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, deve haver pedido expresso do ofendido ou do Ministério Público e ser oportunizado o contraditório ao réu, sob pena de violação ao princípio da ampla defesa” (REsp 1193083, rel. min. Laurita Vaz, DJe 27/08/2013). ERRADO DIREITO CONSTITUCIONAL A respeito do tema “plebiscito”, julgue os três itens a seguir. Pontos 9 e 10. Dos direitos políticos e Organização do Estado. 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 20 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com 13. Pesquisas de opinião, abaixo-assinados e declarações de organizações comunitárias, favoráveis à criação, à incorporação ou ao desmembramento de município, não são capazes de suprir o rigor e a legitimidade do plebiscito. O enunciado reproduz, literalmente, trecho da ementa da ADI 2994, rel. min. Ellen Gracie, julgada em 12/05/2004 pelo Supremo Tribunal Federal (no mesmo sentido, cf. ADI 3615). CERTO 14. A expressão “populações diretamente interessadas”, prevista no art. 18, § 3º, da Constituição Federal, recebe, da jurisprudência do STF, uma interpretação que busca a máxima unidade constitucional, abrangendo realmente, portanto, toda a população dos municípios/Estados/territórios que eventualmente se pretenda desmembrar. O enunciado está em conformidade com o que decidiu o STF no julgamento da ADI 2650, rel. min. Dias Toffoli, DJe 17/11/2011, conforme se vê pela leitura do seguinte trecho da ementa: “1. Após a alteração promovida pela EC 15/96, a Constituição explicitou o alcance do âmbito de consulta para o caso de reformulação territorial de municípios e, portanto, o significado da expressão “populações diretamente interessadas”, contida na redação originária do § 4º do art. 18 da Constituição, no sentido de ser necessária a consulta a toda a população afetada pela modificação territorial, o que, no caso de desmembramento, deve envolver tanto a população do território a ser desmembrado, quanto a do território remanescente. Esse sempre foi o real sentido da exigência constitucional - a nova redação conferida pela emenda, do mesmo modo que o art. 7º da Lei 9.709/98, apenas tornou explícito um conteúdo já presente na norma originária. 2. A utilização de termos distintos para as hipóteses de desmembramento de estados-membros e de municípios não pode resultar na conclusão de que cada um teria um significado diverso, sob pena de se admitir maior facilidade para o desmembramento de um estado do que para o desmembramento de um município. Esse problema hermenêutico deve ser evitado por intermédio de 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 21 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com interpretação que dê a mesma solução para ambos os casos, sob pena de, caso contrário, se ferir, inclusive, a isonomia entre os entes da federação. O presente caso exige, para além de uma interpretação gramatical, uma interpretação sistemática da Constituição, tal que se leve em conta a sua integralidade e a sua harmonia, sempre em busca da máxima da unidade constitucional, de modo que a interpretação das normas constitucionais seja realizada de maneira a evitar contradições entre elas. Esse objetivo será alcançado mediante interpretação que extraia do termo “população diretamente interessada” o significado de que, para a hipótese de desmembramento, deve ser consultada, mediante plebiscito, toda a população do estado-membro ou do município, e não apenas a população da área a ser desmembrada. 3. A realização de plebiscito abrangendo toda a população do ente a ser desmembrado não fere os princípios da soberania popular e da cidadania. O que parece afrontá-los é a própria vedação à realização do plebiscito na área como um todo. Negar à população do território remanescente o direito de participar da decisão de desmembramento de seu estado restringe esse direito a apenas alguns cidadãos, em detrimento do princípio da isonomia, pilar de um Estado Democrático de Direito”. CERTO PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA 15. O assistido tem direito à atuação de Defensores Públicos distintos quando verificada a existência de interesses antagônicos ou colidentes entre destinatários de suas funções. Ponto 2.1. A Lei Complementar n. 80/1994. O enunciado apenas reproduz um – importante – direito do assistido, previsto no art. 4º- A, V, da LC 80/94. Trata-se de expediente muito comum na prática. Aliás, eu e o colega (mediador) Edilson já atuamos, juntos, em diversas audiências criminais, um defendendo cada acusado/assistido. Perceba-se, portanto, que o princípio da unidade da Defensoria, que já chegou a receber uma equivocada interpretação no sentido de que a 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 22 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com instituição não poderia representar interesses distintos e antagônicos no mesmo processo, já não mais possui incidência alguma. CERTO ______________________________________ EDILSON SANTANA Defensor Público Federal em Manaus/AM e ex Defensor Público do Estado do Maranhão Mediador das disciplinas de Direito Internacional Privado e Direito Civil Twitter: @EdilsonSGF DIREITOCIVIL 16. Em razão da falta de previsão legal, já que não há previsão no rol taxativo da lei 8.036/90 (dispõe sobre os casos em que é possível o saque dos valores relacionados ao FGTS), não é admissível, para a satisfação do crédito alimentar, o levantamento do saldo de conta vinculada ao FGTS. Pontos 6.3 – alimentos: pressupostos. A jurisprudência do STJ orienta-se pela admissão do levantamento de saldo de conta vinculada ao FGTS, a fim de satisfazer o crédito alimentar (AgRg no RMS n. 34.708/SP, AgRg no RMS n. 35.010/SP e AgRg no RMS n. 34.440/SP). Vejamos trecho da emenda do julgado no AgRg no RMS n. 34.708/SP: “Este Tribunal Superior entende ser possível a penhora de conta vinculada do FGTS (e do PIS) no caso de execução de alimentos, havendo, nesses casos, a mitigação do rol taxativo previsto no art. 20 da Lei 8.036/90, dada a incidência dos princípios constitucionais da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana”. Verifique-se que se preserva a dignidade de ambas as partes, pois o credor receberá a pensão, enquanto o devedor se livrará do risco de prisão civil. Nesse sentido dispõe o enunciado 572 da VI Jornada ele Direito Civil: “Mediante ordem judicial, 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 23 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com é admissível, para a satisfação do crédito alimentar atual, o levantamento do saldo de conta vinculada ao FGTS”. ERRADO 17. Nos contratos de promessa de compra e venda de imóvel, é cabível ao magistrado reduzir o percentual da cláusula penal com o objetivo de evitar o enriquecimento sem causa por qualquer uma das partes. Ponto 9 e 9.2.– Dos contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos; da compra e venda. “A cláusula penal pode ser conceituada como sendo a penalidade, de natureza civil, imposta pela inexecução parcial ou total de um dever patrimonial assumido” (TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 4. ed. São Paulo: Método, 2014. p. 369). No caso, incide o art. 413 do CC/2002, segundo o qual a penalidade deve obrigatoriamente (e não facultativamente) ser reduzida equitativamente pelo juiz se o seu montante for manifestamente excessivo. Trata-se de norma de ordem pública (enunciado 356 da IV Jornada de Direito Civil: Nas hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, o juiz deverá reduzir a cláusula penal de ofício), relacionada com o princípio da função social do contrato. Não é difícil encontrar casos como esses que chegam ao STJ, especialmente no que diz respeito a contratos que preveem a perda total de valores pagos (em benefício do credor), em razão do inadimplemento do devedor, a exemplo do que se decidiu no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 479.914 – RJ. Vejamos trecho do voto do relator: “embora os agravantes tenham dado causa à rescisão contratual, em virtude de seu inadimplemento, não se mostra possível falar em perda total dos valores efetivamente pagos, sob pena de se criar uma situação de privilégio para a credora, que já terá a retomada do imóvel, objeto da pactuação, além de parte significativa do preço pago”. Outra situação foi noticiada recentemente no Informativo 533 daquela Corte, resumida no seguinte trecho: “É abusiva a cláusula penal de contrato de pacote turístico que estabeleça, para a hipótese de desistência do consumidor, a perda integral dos valores pagos antecipadamente” (violação do art. 51, II, IV e § 1º, III, do CDC). À guisa de 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 24 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com complemento, trago à baila o Enunciado n. 355 da IV Jornada de Direito Civil: “Não podem as partes renunciar à possibilidade de redução da cláusula penal se ocorrer qualquer das hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, por se tratar de preceito de ordem pública”. CERTO 18. Nos contratos com direitos e deveres recíprocos, a cláusula penal estipulada apenas para o caso de inadimplemento de um dos pactuantes pode ser imposta ao outro, ante o seu descumprimento contratual. Ponto 9 e 8.1 – Dos contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos; dos efeitos das obrigações. Aplicando a ideia do artigo 408 do CC (Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora) decidiu o Superior Tribunal de Justiça pelo caráter duplo da penalidade, ou seja, para ambas as partes, nos contratos bilaterais e onerosos (aqueles com direitos e deveres recíprocos), ainda que a multa (cláusula penal) esteja expressamente prevista apenas para um dos negociantes. Nesse sentido, vejamos trecho de ementa do REsp 1.119.740/RJ: “A cláusula penal inserta em contratos bilaterais, onerosos e comutativos deve voltar-se aos contratantes indistintamente, ainda que redigida apenas em favor de uma das partes”. Tal decisão foi veiculada no Informativo 484 do STJ: “...cinge-se a questão em definir se a cláusula penal dirigida apenas ao promitente-comprador pode ser imposta ao promitente-vendedor ante o seu inadimplemento contratual. Na hipótese, verificou-se cuidar de um contrato bilateral, em que cada um dos contratantes é simultânea e reciprocamente credor e devedor do outro, oneroso, pois traz vantagens para os contratantes, comutativo, ante a equivalência de prestações. Com esses e outros fundamentos, a Turma deu provimento ao recurso para declarar que a cláusula penal contida nos contratos bilaterais, onerosos e comutativos deve aplicar-se para ambos os contratantes indistintamente, ainda que redigida apenas em favor de uma das partes. Todavia, é cediço que ela não pode ultrapassar o conteúdo econômico da obrigação 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 25 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com principal, cabendo ao magistrado, quando ela se tornar exorbitante, adequar o quantum debeatur”. CERTO DIREITO DO CONSUMIDOR 19. O shopping center deve reparar os danos morais decorrentes de tentativa de roubo, não consumado apenas em razão de comportamento do próprio cliente, ocorrida nas proximidades da cancela de saída de seu estacionamento, mas ainda em seu interior. Ponto 11 – Responsabilidade civil do fornecedor. Nesse sentido decidiu a Quarta Turma do STJ, em novembro de 2013 (REsp 1.269.691- PB). A sociedade empresária que forneça serviço de estacionamento aos seus clientes deve responder por furtos, roubos ou latrocínios ocorridos no interior do seu estabelecimento, pois, em troca dos benefícios financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo de conforto aos consumidores, assume-se o dever – implícito na relação contratual – de lealdade e segurança, como aplicação concreta do princípio da confiança. Nesse sentido, conforme a Súmula 130 do STJ, "a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorrido em seu estacionamento". Da mesma forma, o shopping center deve reparar o cliente pelos danos morais decorrentes de tentativa de roubo, não consumado apenas em razão de comportamento do próprio cliente, ocorrida nas proximidades da cancela de saída de seu estacionamento, mas ainda em seu interior. Ademais, adota-se, como mais consentânea com os princípios norteadores do direito do consumidor, a interpretação de que os danos indenizáveis estendem-se também aos danos morais decorrentes da conduta ilícita de terceiro. Entendeu-se que ainda que não haja falar em dano material advindo do evento fatídico, porquanto não se consumou o roubo, é certo que a aflição e o sofrimento da recorrida não se encaixam no que se denomina de aborrecimento cotidiano. Há, portanto,dano moral a ser indenizado. CERTO 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 26 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com 20. É dever do fornecedor fazer chegar ao consumidor, de forma simples, acessível e correta, as informações relevantes relacionadas aos respectivos produtos ou serviços. Ponto 8 – O direito à informação. O CDC assegura ao consumidor o direito à informação correta, clara e precisa acerca dos produtos e serviços (a exemplo dos artigos 6º, III e 8º). Nesse sentido, a Informação é apontada como um dos Princípios que regem o direito consumerista, de tal forma que a omissão quanto à informação pode caracterizar publicidade enganosa. Sob esse argumento jurídico é que o STJ decidiu, por exemplo, pela necessidade de fornecimento de fatura detalhada e gratuita de conta telefônica (REsp 684.712), assim como pela obrigatoriedade de discriminação, na fatura, das ligações além da franquia, quando solicitadas pelo consumidor (REsp 103.62.84). O STJ, de mais a mais, já decidiu que informação adequada, nos termos do artigo 6º, III, do CDC, é aquela que se apresenta simultaneamente completa, gratuita e útil, vedada, assim, a diluição da comunicação efetivamente relevante pelo uso de informações soltas, redundantes ou destituídas de qualquer serventia para o consumidor (REsp 586.316). Vejamos mais alguns casos decididos pelo STJ e relacionados ao tema: dever informar subsiste mesmo que o produto possa causar malefício apenas a uma baixa parcela da população, como no caso de informar que o produto contém glutém (REsp 586.316); O médico que não esclarece devidamente acerca dos riscos da cirurgia pode responder pelos danos daí advindos (REsp 332.025); Ausência de informação sobre a existência de tampinhas com defeito de impressão, capaz de retirar o direito ao prêmio, configura publicidade enganosa por omissão (REsp 327.257); Passageira que comprou bilhete aéreo para ir à França e, lá chegando, não pôde ingressar no país por não possuir visto consular, sendo que a empresa de transporte aéreo não havia alertado sobre a necessidade de visto (REsp 988.595). CERTO 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 27 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com PEDRO WAGNER Defensor Público Federal em Boa Vista/RR Mediador da disciplina de Processo Civil PROCESSO CIVIL In INFORMATIVO 533ininininiininini 21. O saldo de depósito em fundo de previdência privada complementar na modalidade Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) é impenhorável, a menos que sua natureza previdenciária seja desvirtuada pelo participante. Pontos 25 - 25 Liquidação de sentença. Execução. Regras gerais e 27 - Execução por quantia certa contra devedor solvente e contra devedor insolvente. Nesta rodada, nós trouxemos, em processo civil, todas as questões objetivas baseadas em Informativos, tendo em vista a possibilidade de entrada em vigor do novo Código de Processo Civil. Assim, a justificativa do gabarito será a transcrição dos referidos informativos, ok? Todas as respostas no Informativo 535: “O saldo de depósito em fundo de previdência privada complementar na modalidade Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) é impenhorável, a menos que sua natureza previdenciária seja desvirtuada pelo participante. O regime de previdência privada complementar é, nos termos do art. 1º da LC 109/2001, “baseado na constituição de reservas que garantam o benefício, nos termos do caput do art. 202 da Constituição Federal”, que, por sua vez, está inserido na seção que dispõe sobre a Previdência Social. Na aplicação em PGBL, o participante realiza depósitos periódicos, os quais são aplicados e transformam-se em uma reserva financeira, que poderá ser por ele antecipadamente resgatada ou recebida em data definida, seja em uma única parcela, seja por meio de depósitos mensais. Em qualquer hipótese, não se pode perder de vista que, em geral, o participante adere a esse tipo de contrato com o intuito de resguardar o próprio futuro ou de seus beneficiários, garantindo o recebimento de certa quantia, que julga suficiente para a manutenção futura do atual padrão de vida. A faculdade de “resgate da totalidade das contribuições 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 28 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com vertidas ao plano pelo participante” (art. 14, III, da LC 109/2001) não tem o condão de afastar, de forma absoluta, a natureza essencialmente previdenciária e, portanto, alimentar, do saldo existente naquele fundo. Veja-se que a mesma razão que protege os proventos advindos da aposentadoria privada deve valer para a reserva financeira que visa justamente a assegurá-los, sob pena de se tornar inócua a própria garantia da impenhorabilidade daqueles proventos. Outrossim, se é da essência do regime de previdência complementar a inscrição em um plano de benefícios de caráter previdenciário, não é lógico afirmar que os valores depositados pelo participante possam, originalmente, ter natureza alimentar e, com o decorrer do tempo, justamente porque não foram utilizados para a manutenção do empregado e de sua família no período em que auferidos, passem a se constituir em investimento ou poupança. EREsp 1.121.719-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/2/2014.” CERTO 22. Não é possível o ajuizamento de ação de improbidade administrativa exclusivamente em face de particular, com a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda. Ponto 8 - Partes. Capacidade e legitimidade. “Não é possível o ajuizamento de ação de improbidade administrativa exclusivamente em face de particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda. De início, ressalta-se que os particulares estão sujeitos aos ditames da Lei 8.429/1992 (LIA), não sendo, portanto, o conceito de sujeito ativo do ato de improbidade restrito aos agentes públicos. Entretanto, analisando-se o art. 3º da LIA, observa-se que o particular será incurso nas sanções decorrentes do ato ímprobo nas seguintes circunstâncias: a) induzir, ou seja, incutir no agente público o estado mental tendente à prática do ilícito; b) concorrer juntamente com o agente público para a prática do ato; e c) quando se beneficiar, direta ou indiretamente do ato ilícito praticado pelo agente público. Diante disso, é inviável o manejo da ação civil de improbidade exclusivamente contra o particular. Precedentes citados: REsp 896.044-PA, Segunda 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 29 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com Turma, DJe 19/4/2011; REsp 1.181.300-PA, Segunda Turma, DJe 24/9/2010. REsp 1.171.017-PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 25/2/2014.” ERRADO 23. A existência de pendência de julgamento no STF sobre a modulação dos efeitos de decisão proferida em ação direta de inconstitucionalidade não enseja o sobrestamento do recurso especial. Ponto 21 - Duplo grau de jurisdição. Recursos. “Não enseja o sobrestamento do recurso especial a pendência de julgamento no STF sobre a modulação dos efeitos de decisão proferida em ação direta de inconstitucionalidade. Isso porque o sobrestamento somente é cabível no caso de juízo de admissibilidade de recurso extraordinário interposto nesta Corte Superior. AgRg no AREsp 18.272-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 4/2/2014.” CERTO 24. O artigo 515 do Código de Processo Civil preceitua “A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.”. Assim, no julgamento de apelação, a utilização de novos fundamento legais pelo tribunal, segundo a CorteCidadã, para manter a sentença recorrida, não viola o referido dispositivo. Ponto 21 - Duplo grau dejurisdição. Recursos “No julgamento de apelação, a utilização de novos fundamentos legais pelo tribunal para manter a sentença recorrida não viola o art. 515 do CPC. Isso porque o magistrado não está vinculado ao fundamento legal invocado pelas partes ou mesmo adotado pela instância a quo, podendo qualificar juridicamente os fatos trazidos ao seu conhecimento, conforme o brocardo jurídico mihi factum, dabo tibi jus (dá-me o fato, que te darei o direito) e o princípio jura novit curia (o juiz conhece o direito). Precedentes citados: AgRg no Ag 1.238.833-RS, Primeira Turma, DJe 7/10/2011 e REsp 1.136.107-ES, 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 30 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com Segunda Turma, DJe 30/8/2010. REsp 1.352.497-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 4/2/2014.” CERTO 25. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, o direito de preferência em razão da idade no pagamento de precatórios, previsto no art. 100, § 2º, da CF, não pode ser estendido aos sucessores do titular originário do precatório, ainda que também sejam idosos. Ponto 44.1 – Ação civil pública. “O direito de preferência em razão da idade no pagamento de precatórios, previsto no art. 100, § 2º, da CF, não pode ser estendido aos sucessores do titular originário do precatório, ainda que também sejam idosos. De fato, os dispositivos constitucionais introduzidos pela EC 62/2009 mencionam que o direito de preferência será outorgado aos titulares que tenham 60 anos de idade ou mais na data de expedição do precatório (art. 100, § 2º, da CF) e aos titulares originais de precatórios que tenham completado 60 anos de idade até a data da referida emenda (art. 97, § 18, do ADCT). Além disso, esse direito de preferência é personalíssimo, conforme previsto no art. 10, § 2º, da Resolução 115/2010 do CNJ. RMS 44.836-MG, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 20/2/2014” CERTO ______________________________________ ALEXANDRE CABRAL Defensor Público Federal em Brasília/DF. Mediador das disciplinas de Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito Administrativo. DIREITO ADMINISTRATIVO 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 31 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com 26. Considere a seguinte situação hipotética: candidato a concurso público impetrou mandado de segurança destinado a combater ato ilegal no curso do certame, ocorrido ainda em sua primeira fase. Com a realização de todas as fases e posterior homologação do resultado do concurso, houve decisão judicial de extinção da ação de impugnação, por perda do objeto. Tal decisão contraria a jurisprudência do STJ, que entende não ser a hipótese de perda do objeto da ação. 4.3. Existência, validade e eficácia do ato administrativo. O entendimento cobrado está sedimentando no âmbito do STJ. Ainda que encerrado ou homologado o certame, o ato jurídico ilegal objeto do mandado de segurança segue vigendo no mundo jurídico, não significando o prosseguimento e mesmo o fim do processo de seleção fato hábil a ensejar a declaração judicial de perda do objeto, o que importaria em sedimentar o ato ilegal. Nesse sentido, no recente AgRg no RMS 28125 / AC (DJe 20/02/2014), a Corte da Cidadania (6ª turma) consignou: “Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o término de fase de concurso público, ou mesmo a homologação de seu resultado final, não configura prejudicialidade ao julgamento do writ, pois o ato tipo por ilegal ainda permanece no mundo jurídico, e requer a manifestação do Poder Judiciário”. Em mesmo pedagógico sentido no AgRg no AREsp 261391 / ES (2ª Turma –DJe 15/04/2013): PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CURSO DE FORMAÇÃO DE CABOS. BOMBEIRO MILITAR. CONCLUSÃO. PERDA DO OBJETO. NÃO OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. 1. A posição desta Corte superior é firmada no sentido de que "o exame da legalidade do ato apontado como coator em concurso público não pode ser subtraído do Poder Judiciário em decorrência pura do encerramento do certame, o que tornaria definitiva a ilegalidade ou abuso de poder alegados, coartável pela via do Mandado de Segurança.". CERTO 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 32 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com 27. O ato de improbidade administrativa que importa lesão ao erário pode ser configurado por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente, fazendo incidir contra ele, aplicadas isolada ou cumulativamente de acordo com a gravidade do fato, as sanções de ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até dez vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos. 6. Improbidade administrativa. Importante no tema improbidade administrativa ter em mente os arts de 9º a 12 da Lei 8.429/92. Assim, os atos de improbidade de enriquecimento ilícito (art. 9º) e os que atentam contra princípios da Administração (art. 11) são necessariamente dolosos. Já os atos que causam lesão ao erário, podem ser dolosos ou culposos, comissivos ou omissivos (art. 10). Observe o atento candidato que o art. 12 (das penas) costuma ser objeto de inúmeras questões como esta proposta – confundindo a resposta com o grau da sanção (“peguinha”). No caso em tela, a multa civil possível é de até duas vezes o valor do dano, não dez, decorrendo deste ponto o erro na assertiva. ERRADO 28. O efeito prodrômico típico do ato administrativo refere-se à possibilidade do recurso administrativo, quando interposto, ser decidido em desfavor do administrado (possível reformatio in pejus), não havendo se confundir a situação com a incidência do efeito prodrômico no processo penal, este referente, ao contrário, à vedação do reformatio in pejus em recursos manejados exclusivamente pela defesa do acusado quando diante de uma sentença condenatória. 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 33 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com 4. Ato administrativo. 4.1. Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies nção pública. A questão promove uma perigosa confusão conceitual. Dentro da seara processual penal, o efeito prodrômico da sentença condenatória se relaciona com a vedação da reformatio in pejus, seja ela direta ou indireta, na hipótese de recurso exclusivo do réu. Diversamente, já na seara administrativa, o efeito prodrômico do ato administrativo (ou efeito inicial, prévio), é secundário e ocorre nos atos administrativos compostos e nos atos administrativos complexos, não guardando relação alguma com recurso administrativo. Assim, no Direito Administrativo, efeito prodrômico, que é atípico, não típico, surge antes do ato sequer estar formado, obrigando para que haja tal formação a ocorrência de uma formalidade. Assim, quando a primeira autoridade se manifesta no ato composto ou complexo, surge a obrigação de uma segunda autoridade competente fazê-lo na sequência – condição necessária para existência do ato, independente da vontade da autoridade envolvida. ERRADO 29. O princípio da publicidade determina, como regra geral, que os atos da Administração Pública sejamdotados de transparência e objeto de divulgação. Nesse sentido, a veiculação de notícia sobre a prática de ato administrativo pelo programa “A Voz do Brasil”, cuja retransmissão obrigatória pelas radiodifusoras vem sendo considerada constitucional pelo STF, não basta por si só para atender ao comando do princípio da publicidade, sendo necessária também a publicação em órgão da imprensa oficial. 3. Princípios constitucionais e infraconstitucionais de Direito Administrativo. A Assertiva possui texto voltado a tema cobrado reiteradamente em provas da organizadora CESPE. Preliminarmente, a retransmissão obrigatória em horário fixo da “Voz do Brasil” – ex vi Lei nº 4.117/62 (art. 38, “e”), consoante o julgamento da ADI nº 561-MC/DF, foi recepcionada pela vigente Constituição. Quanto à necessidade da 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 34 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com publicação em imprensa oficial, no dizer do professor Diógenes Gasparini, comumente referenciado sobre o ponto: "A publicação para surtir os efeitos desejados é a do órgão oficial. De sorte que não se considera como tendo atendido ao princípio da publicidade a mera notícia, veiculada pela imprensa falada, escrita ou televisada, dos atos praticados pela administração pública, mesmo que a divulgação ocorra em programas dedicados a noticiar assuntos relativos ao seu dia a dia, como é o caso da Voz do Brasil, conforme já decidiu o STF ao julgar o RE 71.652 (GASPARINI, Diógenes, Direito Administrativo, 4ª edição, 1995 , pág 08, Editora Saraiva). CERTO 30. A doutrina administrativista, citando Augustín Gordillo, aponta como um problema crucial da Administração Pública, no âmbito do princípio da moralidade, a existência de uma “moral paralela”, uma duplicidade concomitante de regras, processos e sistemas à sombra das estruturas estatais. Exemplo é o caso dos servidores públicos que exercem suas funções de forma aparentemente legal, mas sem responsabilidade ou espírito de servir à comunidade. O combate à essa administração ou “moral paralela” apenas pode ser efetivado com o fortalecimento dos órgãos estatais de controle, como o Ministério Público. 3. Princípios constitucionais e infraconstitucionais de Direito Administrativo. A lição que embasa a questão proposta vem da leitura da obra da Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, citada por Alexandre Mazza, dentre outros. A ilustre doutrinadora esclarece conceitos trabalhados originalmente por Augustín Gordillo1, apontando a existência de mecanismos paraestatais dentro da própria Administração hábeis a mitigar o conceito de moralidade administrativa. Trata-se da existência de um verdadeiro parassistema de condutas individuais nocivas de descumprimento daquela moral objetiva que se espera na Administração, ainda que dentro de aparente legalidade. Nesse sentido, correto o texto na maior parte. Todavia, ao contrário do que afirma a 1 Professor da Universidade de Buenos Aires e titular da Universidade de Paris 1 (Sorbonne). 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 35 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com assertiva em sua conclusão, segundo o professor Gordillo: “só por meio da participação popular no controle da Administração Pública será possível superar a existência desta administração paralela e, em consequência, da moral paralela.”2 . ERRADO DIREITO DO TRABALHO 31. Conforme expressa disposição legal, o empregado afastado do posto de trabalho para cumprir o serviço militar obrigatório não faz jus aos depósitos de FGTS do período de ausência que seriam devidos pelo empregador. Hipótese diversa ocorre no afastamento em virtude de acidente de trabalho, onde há determinação legal para que o empregador siga efetuando os depósitos fundiários em favor do empregado. 15. FGTS; 2.2. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho. Ambas as hipóteses tratadas na questão são de suspensão sui generis do contrato de trabalho. Assim, são as duas situações em que, apesar da suspensão contratual, há obrigação de pagamento de alguma prestação, no caso, dos depósitos fundiários, devidos tanto ao empregado afastado em virtude de acidente de trabalho quanto ao que se encontra cumprindo serviço militar obrigatório – sendo contados os períodos como de efetivo serviço. Nesse sentido é o texto da CLT, art. 4º, parágrafo único e também o art. 15º, §5º da Lei 8.036/90 – Lei do FGTS, que merecem leitura. CERTO 32. Quando devidas ao trabalhador, as parcelas referentes ao adicional de periculosidade pago em caráter permanente, à gratificação por tempo de serviço e ao adicional noturno pago com habitualidade integram a base de cálculo das horas extras. 2 (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 26 ed. São Paulo, Atlas, p.78/79). 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 36 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com 4. Duração do trabalho. 7. Adicionais legais. O adicional de periculosidade pago permanentemente integra cálculo da indenização por horas extras – Súmula 132 TST, verbis: “Adicional de Periculosidade - Pagamento em Caráter Permanente - Cálculo de Indenização e Horas Extras I - O adicional de periculosidade, pago em caráter permanente, integra o cálculo de indenização e de horas extras (ex-Prejulgado nº 3). (ex-Súmula nº 132 - RA 102/1982, DJ 11.10.1982/ DJ 15.10.1982 - e ex-OJ nº 267 da SBDI-1 - inserida em 27.09.2002) II - Durante as horas de sobreaviso, o empregado não se encontra em condições de risco, razão pela qual é incabível a integração do adicional de periculosidade sobre as mencionadas horas. (ex-OJ nº 174 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)”. Vale destacar o item II do verbete acima, que aponta a exclusão do adicional de periculosidade se as horas em tela forem em período de sobreaviso. Já a gratificação por tempo de serviço, tem natureza salarial, igualmente integrando todos os cálculos que tenham por base a remuneração (e a indenização por horas extras aqui se enquadra). Veja-se a Súmula 203/TST. Por fim, o adicional noturno habitual também merece ser contabilizado para indenização de horas extras, por ser verba de caráter salarial, como explicita a Súmula 60/TST: Adicional Noturno - Salário I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos. II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT. (ex-OJ nº 6 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996). CERTO 33. Nenhum Estado-Membro da Organização Internacional do Trabalho poderá dela retirar-se sem aviso prévio ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho. A retirada tornar-se-á efetiva dois anos depois que este aviso prévio houver sido recebido. A retirada não afetará, para o Estado-Membro que houver 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 37 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com ratificado uma convenção, a validez das obrigações desta decorrentes, ou a ela relativas, durante o pedido previsto pela mesma convenção. 30. A Organização Internacional do Trabalho. Importante fazer um breve histórico: A Organização Internacional do Trabalho – OIT foi criada em 1919, como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde suaprimeira reunião. Na primeira Conferência Internacional do Trabalho, realizada em 1919, a OIT adotou seis convenções. Em agosto de 1940, a Segunda Guerra levou à mudança temporária da sede da Organização de Genebra (Suíça) para Montreal, no Canadá. Atualmente a sede segue na cidade de Genebra. Em 1944, os delegados da Conferência Internacional do Trabalho adotaram a Declaração de Filadélfia que, como anexo à sua Constituição, constitui, desde então, a carta de princípios e objetivos da OIT. Esta Declaração antecipava em quatro meses a adoção da Carta das Nações Unidas (1946) e em quatro anos a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), para as quais serviu de referência. No final da guerra, nasce a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de manter a paz através do diálogo entre as nações. A OIT, em 1946, se transforma em sua primeira agência especializada. Em 1969, ano em que comemorava seu 50º aniversário, a OIT recebeu o Prêmio Nobel da Paz. 3 Quanto ao texto da assertiva, se encontra reproduzindo o determinado pelo artigo 1, item 5 da Constituição da Organização Internacional do Trabalho. CERTO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 34. Regra geral, os recursos no processo trabalhista possuem apenas efeito devolutivo, sendo possível à parte proceder, via petição, à execução provisória do 3 Fonte: http://www.oitbrasil.org.br. 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 38 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com julgado até a penhora de bens. Por silente a CLT, na hipótese de litisconsortes com procuradores diversos, aplica-se subsidiariamente o art. 191 do CPC, sendo conferido prazo recursal em dobro. 6. Recursos no processo trabalhista. 7. Execução no processo trabalhista. A primeira parte da assertiva narra, noutras palavras, o determinado legalmente pelo caput do art. 899 da CLT – regra geral, recursos na seara laboral possuem efeito meramente devolutivo, sendo permitida execução provisória de sentença até a penhora. O vício na afirmativa se encontra na segunda parte, ao aduzir pela aplicação do art. 191 do CPC (prazo recursal em dobro para procuradores diversos de litisconsortes). Ante a celeridade do processo trabalhista, é indevida tal aplicação. Como afirma a OJ 310 da SDI-1/TST, verbis: LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM DOBRO. ART. 191 DO CPC. INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO TRABALHO. DJ 11.08.03 A regra contida no art. 191 do CPC é inaplicável ao processo do trabalho, em decorrência da sua incompatibilidade com o princípio da celeridade inerente ao processo trabalhista. ERRADO 35. Apesar da CLT prever que os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal terão aplicação subsidiária às execuções trabalhistas, os embargos à execução no processo do trabalho possuem norma própria no texto consolidado. Assim, enquanto no rito da Lei 6.830/80, Lei de Execução Fiscal, garantido o juízo, o executado dispõe de 30 (trinta) dias para opor os embargos à execução, na seara laboral esse mesmo prazo será de apenas 08 (oito) dias. 8. Embargos à execução no processo trabalhista. 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 39 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com O tema comporta análise atenta, sendo recomendada leitura de todo normativo dos embargos do executado (embargos à execução) na CLT – art. 884, §1º a § 5º. Realmente a CLT (art. 889) determina aplicação subsidiária das normas da execução fiscal à execução trabalhista, e sim, há previsão específica quanto ao prazo dos embargos à execução no processo do trabalho. Todavia, o prazo em comento é de apenas 5 (cinco), não 8 (oito) dias, conforme art. 884, caput, CLT. ERRADO QUESTÕES DISSERTATIVAS ALDO COSTA DIREITO INTERNACIONAL ENVIE A RESPOSTA PARA aldocosta.cursocei@gmail.com, indicando no campo assunto “número da rodada e matéria” Foi criada entre cinco Estados fundadores, uma organização internacional. Nos termos do respectivo tratado constitutivo, a nova organização internacional tinha por objetivo o aprofundamento geral das relações econômicas entre os seus Estados-membros, em ordem a conseguir, num período preestabelecido, uma interpenetração completa dos respectivos mercados nacionais. Ficou também estabelecido, no tratado constitutivo, que as decisões dos órgãos da organização seriam tomadas, em determinados casos, por maioria de votos. Indaga-se: do ponto de vista da respectiva estrutura, como se qualifica esta organização internacional? 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 40 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com Máximo de 15 linhas ALEXANDRE CABRAL DIREITO/PROCESSO DO TRABALHO ENVIE A RESPOSTA PARA alexandre.cursocei@gmail.com, indicando no campo assunto “número da rodada e matéria” O princípio da Aplicação da Norma Mais favorável é importante aspecto do princípio da Proteção, ou Princípio Tutelar, do Direito do Trabalho. Disserte sobre a tríplice dimensão da aplicação da norma mais favorável, identificando em que momentos o referido princípio se aplica, bem como abordando necessariamente o emprego no Brasil da teoria da acumulação e da teoria do conglobamento a ele relacionadas. Máximo de 15 linhas PEDRO WAGNER DIREITO CIVIL ENVIE A RESPOSTA PARA pedro.cursocei@gmail.com, indicando no campo assunto “número da rodada e matéria” Disserte sobre substituição processual e sucessão processual, abordando aspectos da tutela coletiva. Máximo de 15 linhas 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 41 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com CAIO PAIVA DIREITO PROCESSUAL PENAL ENVIE A RESPOSTA PARA caio.cursocei@gmail.com, indicando no campo assunto “número da rodada e matéria” Em que consiste a denominada “audiência de custódia”? Qual a sua natureza jurídica? Quais as suas vantagens? A sua concretização depende de algum implemento normativo interno? O CPP contém regramento que satisfaça esse direito? Responda objetivamente. Máximo de 15 linhas PEÇA JUDICIAL CAIO PAIVA DIREITO PROCESSUAL PENAL ENVIE A PEÇA PARA caio.cursocei@gmail.com, indicando no campo assunto “número da rodada e matéria” ZEMAR, cidadão de nacionalidade afegã, foi preso em flagrante, nas dependências da Polícia Federal de Manaus/AM, quando apresentou passaporte afegão contendo visto brasileiro falso, na tentativa, portanto, de prorrogar a sua estadia no país, como turista, incorrendo no crime previsto no art. 304 do Código Penal. O flagrante seguiu o procedimento legal, tendo a autoridade policial adotado todas as medidas exigidas pela legislação de regência, inclusive cópia integral dos autos para a DPU no prazo de vinte e quatro horas. 1 0 ª R o d a d a - P á g i n a | 42 CEI – Círculo de Estudos pela Internet: www.cursocei.com Considere que, em seu interrogatório, ZEMAR tenha dito que o motivo de sua vinda para o Brasil foi devido a grave e generalizada violação de direitos humanos no seu país de origem (Afeganistão). Considere, ainda, que a Embaixada do Afeganistão forneceu documentação relativa à ocupação lícita de ZEMAR, que trabalhava naquele país como engenheiro de telecomunicações. Considere, também, que a DPU obteve declaração da dona da pensão onde ZEMAR ficou por alguns dias, tendo ela declarado que ZEMAR poderia voltar a residir no
Compartilhar