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Aula 02a - Educação Em Saúde

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Profª Camila Louise Baena Ferreira
Londrina, 2015.
Educação em saúde
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	Para se compreender as concepções de educação em saúde é necessário buscar entender as concepções de educação, saúde e sociedade a elas subjacentes. 
	Acrescentamos, também, a necessidade de se compreender essas concepções na interface com as concepções a respeito do trabalho em saúde e suas relações com os sujeitos do trabalho educativo.
	Educação, saúde e trabalho são compreendidos como práticas sociais que fazem parte do modo de produção da existência humana
fenômenos constituintes das relações sociais
produtores, reprodutores ou transformadores das relações sociais
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Exemplos
	Anos 80: inicia-se as campanhas publicitárias do Ministério da Saúde para a prevenção da AIDS
1987 – estratégia: linguagem didática para explicar o que era a doença, com ênfase na prevenção
Início da difusão do uso de camisinha
“AIDS, você precisa evitar”
“Camisinha – o seu grito de liberdade”
“Amor não mata”
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1988/ 1990 – Estratégia: campanhas ganham agressividade e usam a imagem da morte para conscientizar
	“A AIDS mata sem piedade. Não permita que essa seja a última viagem da sua vida”
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Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade 
João amava Teresa que amava Raimundo
 que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
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	1995/ 1998 – estratégia: campanha mais direta e agressiva descreve um homem mulherengo que conversa com seu pênis, o Braúlio, sobre a necessidade da camisinha
	“Previna-se do vírus, não das pessoas”
	“Quem vê cara não vê AIDS
	Use camisinha-de-vênus”
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2001 – estratégia: campanha direcionada a casais, abordava valores como da fidelidade. 
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	2003 – estratégia: campanha direcionada aos adolescentes e por conta do número do aumento dos índices da AIDS em jovens, esta campanha trouxe cantora Kelly Key, escolhida musa da campanha do carnaval
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2006
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	Sociedades ocidentais
	Predomínio da compreensão da educação como um ato normativo
 			a prescrição e a instrumentalização são as práticas dominantes
	Nessa perspectiva, não é necessário conhecer o sujeito, pois a prescrição é sempre igual independente do sujeito 
 	Essa forma de conceber a educação, baseada numa pretensa objetividade e neutralidade do conhecimento, produzido pela razão científica
	compreensão da saúde como fenômeno objetivo e produto de relações causais imediatamente apreensíveis pela ciência hegemônica no campo, a biologia.
		racionalismo de ímpeto controlador, tanto na educação quanto na saúde
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	Assim, o professor pode reduzir-se a um transmissor das informações, e o aluno, um mero receptor passivo das informações educativas. 
	Por sua vez, o profissional de saúde pode tornar-se um operador de protocolos e condutas, e o ‘ doente’, um corpo onde se dá a doença e, conseqüentemente, o ato médico. 
	Em geral, o que vemos são homens desempenhando um papel pré-definido e apassivado nas relações professor-aluno e profissional de saúde-doente.
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Final do séc. XIX e o início do século XX:
momento histórico importante na construção de concepções e práticas de educação e saúde 
 	Higiene  ideologia liberal (sem intervenção do Estado)
A higiene centrava-se nas responsabilidades individuais na produção da saúde e construía formas de intervenção caracterizadas como a prescrição de normas, voltadas para os mais diferentes âmbitos da vida social (casa, escola, família, trabalho), que deveriam ser incorporadas pelos indivíduos como meio de conservar a saúde. 
Arouca (2003), ressalta que a Higiene acaba por reduzir à aplicação de medidas higiênicas a solução dos problemas de saúde, que se constituem a partir das condições de existência.
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	Advento da filosofia da educação (John Dewey)
ênfase à primazia das características dos indivíduos para o desenvolvimento do processo educativo 
tomar a construção de hábitos como um norte para a educação que são claramente identificáveis no que denominamos como educação sanitária.
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	Essa forma de conceber a saúde tem sido caracterizada como um ‘conceito ampliado’, pois não reduz a saúde à ausência de doença, promovendo a idéia de que uma situação de vida saudável não se resolve somente com a garantia do acesso aos serviços de saúde – o que também é fundamental –, mas depende, sobretudo, da garantia de condições de vida dignas que, em conjunto, podem proporcionar a situação de saúde. 
	Nesse sentido, são indissociáveis o conceito de saúde e a noção de direito social.
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	Na interface da educação e da saúde, constituída com base no pensamento crítico sobre a realidade, torna-se possível pensar educação e, saúde como:
 	formas do homem reunir e dispor recursos para intervir e transformar as condições objetivas, visando a alcançar a saúde como um direito socialmente conquistado, a partir da atuação individual e coletiva de sujeitos político-sociais.
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Concluindo
	Educação em saúde é o processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação sobre o tema pela população em geral. 
	É também o conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores do setor, para alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades. 
	A educação em saúde potencializa o exercício da participação popular e do controle social sobre as políticas e os serviços de saúde, no sentido de que respondam às necessidades da população. 
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	Pedagogia freireana: concepção de processo ensino-aprendizagem como uma troca, como um processo dialógico entre educador e educando, que se dá numa realidade vivida. 
	O conhecimento advém da reflexão crítica sobre essa realidade, construindo-se, ao mesmo tempo em que o homem vai se constituindo e se posicionando como um ser histórico. 
	Nesse sentido, não cabem relações verticais entre educador e educando, ou a transferência de conhecimentos e a normatização de hábitos, que marcaram o pensamento hegemônico da educação sanitária no século passado e que ainda hoje estão presentes nas práticas educativas em saúde.
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Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. O SUS de A a Z : garantindo saúde nos municípios / Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. – 3. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Campanhas publicitárias. AIDS. Disponível no youtube (Comunicação e Educação em Saúde)
MOROSINI, Márcia V; FONSECA, Angélica Ferreira; PEREIRA, Isabel B. Dicionário da Educação Profissional em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz/ Fiocruz: Rio-de- Janeiro, 2009. 
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