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Aula 13 - Sistemas Comparativos de Saúde

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Profª M.e Camila Louise Baena Ferreira
Londrina, 2015.
Sistemas comparativos de saúde
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Brasil: SUS = Sistema + único + saúde?
O que é um sistema de saúde?
Conjunto de agências (instituições e empresas) e agentes (trabalhadores de saúde) cuja atuação tem como objetivo principal garantir a saúde das pessoas e das populações
 Agências: organizações públicas ou privadas, governamentais ou não, que têm como finalidade promover, proteger, recuperar e reabilitar a saúde dos indivíduos e sociedade. 
Ou seja, fazem parte do sistema de saúde tanto um hospital particular que atende pessoas com planos de saúde como um posto de saúde pertencente a uma prefeitura.
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Portanto, o sistema de saúde no Brasil, apesar do adjetivo único, é composto por estabelecimentos e serviços pertencentes a diversas organizações públicas e privadas, com fins lucrativos ou não.
 Hospitais beneficentes e filantrópicos: organizações privadas sem fins lucrativos 
 
 podem até cobrar pelos serviços prestados, mas a princípio não visam ao lucro
 
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Agentes
Antigamente: médico mais conhecido agente de saúde
 visitando a casa do paciente ou em seu consultório particular
Hoje: quase a totalidade dos profissionais de saúde está vinculada a alguma organização, seja pública ou privada
Problema: vínculos diversificados de trabalho
 “dupla militância”/ dupla inserção
 consequências para a gestão do sistema público de saúde
(muitos querem reproduzir nos serviços públicos a lógica do setor privado, em que cada ato médico ou procedimento tem um preço, tabelado ou fixado pelo mercado)
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Mediante contratos de trabalho, convênios ou credenciamentos, tornando mais complexa a análise de um sistema de saúde
A insistência em destacar os agentes nessa definição de sistema tem o sentido de chamar a atenção para certa autonomia que eles possuem na realização do seu trabalho e nas suas relações com as agências.
Por mais que as organizações procurem interferir na atuação dos profissionais, eles detêm certos graus de liberdade no exercício de suas atividades
Ligação entre agentes e agências
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Serviços de saúde envolvem o exercício legal da medicina e outras profissões cujo fim explícito é preservar ou restaurar a saúde, individual e coletiva
 não se incluem nesse termo a chamada “medicina popular” (curandeiros, rezadeiras, etc), nem as indústrias farmacêuticas e de equipamentos médico-hospitalares 
 
 serviços x bens
 interferem sobre a saúde da população e compõem o setor saúde (complexo produtivo da saúde/ complexo médico-industrial) 
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Idéia ampla de sistema de saúde
A idéia de sistema de saúde é mais ampla do que o conjunto de estabelecimentos, serviços, instituições, profissionais e trabalhadores de saúde
O sistema de saúde é integrado não só pelos serviços de saúde, mas também pela mídia, escolas, financiadores, indústrias de equipamentos e de medicamentos, universidades, institutos de pesquisa, etc...
 Cuidado para não confundir serviços de saúde e sistema de saúde!
 subsistema do sistema de saúde
Alguns documentos técnicos: sistema de saúde x sistema de serviços de saúde
 (mais abrangente x mais restrito) 
 - ações específicas: consulta, vacinação, exames...
 -ações inespecíficas: informação, educação, comunicação, financiamento
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Na prática...
Quando usamos a expressão sistema de saúde geralmente estamos nos referindo ao sistema de serviços de saúde
Apenas em documentos técnico e científicos esta distinção é mais valorizada
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	Mesmo nesse sistema de serviços de saúde é difícil verificar um objetivo único. Distintos objetivos manifestam-se no seu interior e muitos interesses externos atravessam o sistema.
Assim, o objetivo pode ser assegurar a saúde das pessoas, mas também o lucro dos empresários e o emprego dos trabalhadores que atuam no sistema.
	Conciliar esse conjunto de objetivos e de interesses contraditórios é um dos grande desafios dos sistemas de saúde em todo o mundo. 
O conhecimento da política, da economia, da história e da cultura de cada sociedade é fundamental não só para compreender as dificuldades e impasses, mas também para identificar oportunidades e buscar alternativas.
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Problemas e desafios dos sistemas de saúde no mundo
Os sistemas de saúde, de um modo geral, seguem o tipo de proteção social adotado pelos países. Três tipos se destacam em todo o mundo:
Seguridade social
- sistemas de saúde universais (destinados para toda a população)
o direito à saúde está vinculado à condição de cidadania, sendo financiado, solidariamente, por toda a sociedade por meio de contribuições e impostos
Inglaterra, Canadá, Cuba, Suécia, Brasil, entre outros
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Seguro social (Alemanha)
Controlado pelo Estado/ meritocrático
Serviços são garantidos para aqueles que contribuem com a previdência social
Assistência (residual)
Proporciona algum atendimento apenas para aqueles que comprovem a sua condição de pobreza 
Há restrições à intervenção do Estado na atenção à saúde
Parte significativa da população que não pode ter acesso ao sistema de saúde, seja pagando do próprio bolso ou mediante planos de saúde ficam descobertas
Estados Unidos: cerca de 47 milhões de americanos estão excluídos do sistema de saúde + 25 milhões com cobertura precária
Mesmo os que têm seguro-saúde sofrem enormes restrições pelas empresas de planos de saúde para o acesso a diversos meios diagnósticos e exames pois o governo tem evitado regular esse mercado 
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Sistemas de saúde contemporâneos
Semelhanças
Políticas sociais mais inclusivas
Avanços tecnológicos
Inúmeras contradições geradas pela transformação da doença em mercadoria altamente geradora de valor
Divergências
Acesso das populações aos serviços
Forma de organização
Essas diferenças são resultado de uma complexa interação entre elementos históricos, econômicos, políticos e culturais específicos de cada sociedade.
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Feudalismo
Surge a partir da queda do Império Romano no final do século V
Romanos eram ótimos guerreiros e conquistaram um grande território para Roma.
Com a vinda de pessoas aprisionadas pelo regime, as cidades romanas se incharam e com isso os problemas sociais aumentaram sociais aumentaram consideravelmente.
E já não davam conta dos desempregados, doentes, desnutridos escravizados conquistados pelos seus exércitos.
Os antigos romanos costumavam reunir a população esfomeada em grandes eventos sangrentos promovendo espetáculos de lutas entre guerreiros para distrair a população, onde eram distribuídos alimentos à população.
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	Essa forma de fazer política foi muito criticada pelos adversários do Imperador e foi batizada de política do pão e circo; ou seja, dar pão à população em troca da diversão e assim manter o seu poder hegemônico através da distração. 
O objetivo era diminuir a insatisfação popular contra os governantes.
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Documentário
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Importância de estudar outros sistemas de saúde
Comparar com o que já foi construído no Brasil
Reforçar os avanços
Corrigir as falhas
Analisar as identidades e divergências do nosso sistema com outros existentes no mundo
Evitaríamos assim, assumir uma postura deslumbrada e subserviente diante de sistemas de saúde de países desenvolvidos
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Os Estados Unidos são o único país desenvolvido que deixaram sob a responsabilidade do mercado o atendimento à saúde da população.
A cobertura universal foi tentada
nas décadas de 30 e 40, e no governo de Bill Clinton mas derrotada em todas as oportunidades.
A participação governamental nos EUA na saúde restringe-se ao atendimento de idosos (Programa Medicare) e pessoas de baixa renda (Programa Medicaid), criados na administração do democrata Kennedy-Johnson (anos 60).
Demais pessoas: recebem seguro pela via do empregador ou compram individualmente o seu plano de saúde
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Gastos em saúde
Os gastos com saúde são crescentes e alcançam aproximadamente 18% do Produto Interno Bruto (PIB)  soma de tudo que se produz em bens e serviços no país durante o ano
Maioria dos países europeus + Canadá, Costa Rica e Cuba: 8 a 10% do PIB em saúde (sistemas de saúde universais)
Maior eficiência e menos gastos
 
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Campanha Presidente Barack Obama
Debate sobre o sistema de saúde, defendendo a necessidade de mudanças, com destaque para uma maior participação do governo na atenção à saúde
Reduzir custos
Oferecer um plano de assistência governamental para os excluídos (uma espécie de seguro universal e obrigatório) por meio de uma agência  opção pública de seguro
Subsidiar o seguro das famílias pobres sem Medicaid
Aumentar a liberdade de escolha de planos de saúde
Introduz um pacote de serviços obrigatórios
proíbe a rejeição de pessoas nos seguros ou a sua expulsão quando apresentam alto risco de adoecer
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Consequências
Diante da derrota anterior do governo Clinton, Obama preferiu deixar com o Congresso a elaboração da nova lei.
Três comissões na Casa dos Representantes (deputados) + duas no Senado
Pressão de grupos econômicos (seguradoras, hospitais, indústria farmacêutica, associações de médicos, etc): contrários à proposta
Oposição: acusa o presidente de querer socializar a saúde e aumentar o papel do governo na vida do cidadão.
Deturpações na mídia: população não poderia escolher seu plano de saúde ou manter seu médico, racionamento no uso dos serviços, assistência aos imigrantes ilegais, financiamento aborto...
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Nove meses de governo: reforma não havia avançado
 - aprovação do presidente caiu de 70 para 55 pontos
- Desaprovação subiu de 20 para 38%
É muito difícil garantir o direito universal à saúde e organizar um sistema em função das necessidades da população, quando grandes interesses econômicos invadem o setor, conformando um complexo médico-industrial orientado para a competição e o lucro; ou então quando a ideologia dominante reforça o egoísmo e a competição, secundarizando os valores éticos de solidariedade e igualdade, bem como o respeito e compaixão pelo outro.
 
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Brasil x EUA
Apesar de nosso país trilhar um caminho bastante diferente dos EUA, médicos, mídia e as classes médias e alta de um modo geral parecem defender ou preferir o modelo americano.
A influência da cultura e do modo de vida americano, mediante filmes, propagandas de tecnologias e de medicamentos, intercâmbios, formação de especialistas, publicações técnico-científicas e reportagens especiais na televisão, cria uma imagem artificialmente positiva desse sistema de saúde.
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Bibliografia
CAMPOS, G. W. S (org). Tratado de saúde coletiva. HUCITEC: São Paulo, 2014.
PAIM, Jairnilson Silva. O que é o SUS. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2009.
SISCKO (documentário). Roteiro e direção de Michael Moore, EUA, 2007.
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