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QUESTÕES DE ÉTICA CORRIGIDAS E COMENTADAS DO XVIII EXAME DA OAB (2015.3)

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RESOLUÇÃO DAS QUESTÕES DE ÉTICA DO XVIII EXAME DE ORDEM 
(2015.3) 
 
Comparativos com o novo CPC e o novo Código de Ética e Disciplina 
 
BRENO GUSTAVO GONÇALVES DOS SANTOS1 
JOSÉ LUCAS SILVA NUNES2 
 
 
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Dicas para estudar ética para a OAB, além de correção de questões de 
outros exames. 
 
 
Questão 1 
 
Paulo é contratado por Pedro para promover ação com pedido condenatório em 
face de Alexandre, por danos causados ao animal de sua propriedade. Em 
decorrência do processo, houve condenação do réu ao pagamento de 
indenização ao autor, fixados honorários de sucumbência correspondentes a dez 
por cento do apurado em cumprimento de sentença. O réu ofertou apelação 
contra a sentença proferida na fase cognitiva. Ainda pendente o julgamento do 
recurso, Pedro decide revogar o mandato judicial conferido a Paulo, 
desobrigando-se de pagar os honorários contratualmente ajustados. Nos termos 
do Código de Ética da OAB, a revogação do mandato judicial, por vontade de 
Pedro, 
 
A) não o desobriga do pagamento das verbas honorárias contratadas. 
B) desobriga-o do pagamento das verbas honorárias contratadas. 
C) desobriga-o do pagamento das verbas honorárias contratadas e da verba 
sucumbencial. 
D) não o desobriga do pagamento das verbas honorárias sucumbenciais, mas o 
desobriga das verbas contratadas. 
 
 
1 - Aprovado no XVI exame de Ordem. 
2 - Aprovado no XVI exame de Ordem. 
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Resolução 
 
Os honorários contratuais são distintos dos honorários sucumbenciais. Estes 
dizem respeito à verba devida ao advogado pela parte vencida no processo; 
aqueles, por sua vez, são devidos pelo cliente que contrata o advogado. 
Observe que no enunciado contém a informação de que já houve sentença no 
processo, sendo que a parte ré apelou desta, estando pendente de julgamento. 
Após a interposição do recurso é que o cliente, no caso, Pedro, decidiu revogar 
o mandato. 
A alternativa C está evidentemente errada, porquanto o advogado não trabalha 
de forma gratuita, salvo a advocacia pro bono, o que não ocorreu no presente 
caso. 
Lado outro, os honorários contratuais decorrem da prestação de serviço pelo 
advogado. Dessa forma, não seria razoável desobrigar Pedro do pagamento dos 
honorários contratuais, uma vez que o advogado, no caso, Paulo, já havia 
prestado seus serviços. Destarte, eliminam-se as alternativas D e B, restando 
apenas a alternativa A. 
A alternativa correta é a A. 
Importante: Levando em consideração o presente caso, o contratante, Pedro, 
não está desobrigado também a pagar as verbas sucumbenciais. Elas são 
devidas da mesma forma que os honorários contratuais. Entretanto, os 
honorários de sucumbência serão calculados proporcionalmente. 
Fundamentação: Art. 14 do Código de Ética e Disciplina. (A mesma regra foi 
repetida no novo CED, passando a ser o art. 17). 
Art. 14. A revogação do mandato judicial por vontade do cliente não o desobriga 
do pagamento das verbas honorárias contratadas, bem como não retira o 
direito do advogado de receber o quanto lhe seja devido em eventual 
verba honorária de sucumbência, calculada proporcionalmente, em face do 
serviço efetivamente prestado. 
 
 
Questão 2 
 
Os advogados criminalistas X e Y atuavam em diversas ações penais e 
inquéritos em favor de um grupo de pessoas acusadas de pertencer a 
determinada organização criminosa, supostamente destinada ao tráfico de 
drogas. Ao perceber que não havia outros meios disponíveis para a obtenção de 
provas contra os investigados, o juiz, no âmbito de um dos inquéritos instaurados 
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para investigar o grupo, atendendo à representação da autoridade policial e 
considerando manifestação favorável do Ministério Público, determinou o 
afastamento do sigilo telefônico dos advogados constituídos nos autos dos 
aludidos procedimentos, embora não houvesse indícios da prática de crimes por 
estes últimos. As conversas entre os investigados e seus advogados, bem como 
aquelas havidas entre os advogados X e Y, foram posteriormente usadas para 
fundamentar a denúncia oferecida contra seus clientes. Considerando-se a 
hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. 
 
A) A prova é lícita, pois não havia outro meio disponível para a obtenção de 
provas. 
B) A prova é lícita, pois tratava-se de investigação de prática de crime cometido 
no âmbito de organização criminosa. 
C) Considerando que não havia outro meio disponível para a obtenção de 
provas, bem como que se tratava de investigação de prática de crime cometido 
no âmbito de organização criminosa, é ilícita a prova obtida a partir dos diálogos 
havidos entre os advogados e seus clientes. É, no entanto, lícita a prova obtida 
a partir dos diálogos havidos entre os advogados X e Y. 
D) A prova é ilícita, uma vez que as comunicações telefônicas do advogado são 
invioláveis quando disserem respeito ao exercício da profissão, bem como se 
não houver indícios da prática de crime pelo advogado. 
 
Resolução 
 
A questão pode ser resolvida sem nenhum conhecimento sobre o sigilo 
profissional do advogado. Basta lembrar que se trata de uma questão de ética e 
não de processo penal. As alternativas A, B e C adentram à seara processual 
penal. 
Partindo da premissa de que “o advogado pode tudo, só não pode fazer 
publicidade”, já explicada em outra postagem, não poderia ser utilizada a 
interceptação telefônica como meio de prova, pois esta seria ilícita. Dessa forma, 
eliminaríamos as alternativas A, B e C (sendo que esta seria eliminada, pois a 
última frase diz que a prova seria lícita se a escuta fosse realizada entre os 
advogados X e Y). 
Por uma questão lógica, não seria razoável permitir que uma escuta telefônica 
de diálogos entre cliente e advogado, ou mesmo entre dois advogados a respeito 
dos clientes, fosse usada como prova para incriminar o cliente, pois a relação 
entre os dois é regida pelo princípio da confiança. Para a melhor defesa, o 
advogado, muitas vezes, precisa saber como ocorreram os fatos. 
A alternativa correta é a D. 
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Fundamentação: Art. 7º, inc. II, do EOAB. 
Art. 7º São direitos do advogado: 
II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus 
instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica 
e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia; 
 
 
Questão 3 
 
A advogada Ana retirou de cartório os autos de determinado processo de 
conhecimento em que representava a parte ré, para apresentar contestação. 
Protocolou a petição tempestivamente, mas deixou de devolver os autos em 
seguida por esquecimento, só o fazendo após ficar pouco mais de um mês com 
os autos em seu poder. Ao perceber que Ana não devolvera os autos 
imediatamente após cumprir o prazo, o magistrado exarou despacho pelo qual a 
advogada foi proibida de retirar novamente os autos do cartório em carga, até o 
final do processo. Nos termos do Estatuto da Advocacia, deve-se assentar 
quanto à sanção disciplinar que 
 
A) não se aplica porque Ana não chegou a ser intimada a devolver os autos. 
B) não se aplica porque Ana ficou menos de três meses com os autos em seu 
poder. 
C) aplica-se porque Ana reteve abusivamente os autos em seu poder. 
D) aplica-se porque Ana não poderiater retirado os autos de cartório para 
cumprir o prazo assinalado para contestação. 
 
Resolução 
 
Podemos aplicar novamente aquele macete: “o advogado pode tudo, só não 
pode fazer publicidade.” Se ele pode tudo, as alternativas C e D estão excluídas, 
pois, caso contrário, a advogada Ana não poderia retirar os autos em carga mais, 
o que lhe prejudicaria. 
Lado outro, sabe-se que o prazo para contestar no procedimento ordinário (ou 
processo de conhecimento como diz o enunciado) é de 15 dias, findo o qual será 
intimado o autor para apresentar réplica (ou impugnação à contestação). Não 
seria razoável ser permitido que o advogado permaneça com os autos 03 meses 
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em seu poder. Isso impediria a marcha processual e prejudicaria a celeridade. 
Destarte, elimina-se a alternativa B. 
Restou, portanto, a alternativa A. 
O advogado, quando exceder o prazo legal com os autos em sua posse, deverá 
ser intimado para devolvê-lo. Não o fazendo, será expedido mandado de 
busca e apreensão e perderá o direito de fazer carga do processo. 
 
Fundamentação: Art. 196 do Código de Processo Civil vigente. 
Art. 196. É lícito a qualquer interessado cobrar os autos ao advogado que 
exceder o prazo legal. Se, intimado, não os devolver dentro em 24 (vinte e 
quatro) horas, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa, 
correspondente à metade do salário mínimo vigente na sede do juízo. 
Importante: O artigo 196 do CPC de 1973 foi modificado no novo CPC, 
entretanto, a ideia permanece a mesma, de que poderá qualquer interessado 
exigir os autos do advogado que exceder o prazo. O prazo para devolução agora 
será de 3 dias, conforme dispõe o art. 234, § 2º do novo CPC. 
Art. 234. Os advogados públicos ou privados, o defensor público e o membro do 
Ministério Público devem restituir os autos no prazo do ato a ser praticado. 
§ 1o É lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado que exceder 
prazo legal. 
§ 2o Se, intimado, o advogado não devolver os autos no prazo de 3 (três) dias, 
perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa correspondente à 
metade do salário-mínimo. 
 
Questão 4 
 
Fernanda, estudante do 8º período de Direito, requereu inscrição junto à 
Seccional da OAB do estado onde reside. A inscrição foi indeferida, em razão de 
Fernanda ser serventuária do Tribunal de Justiça do estado. Fernanda recorreu 
da decisão, alegando que preenche todos os requisitos exigidos em lei para a 
inscrição de estagiário e que o exercício de cargo incompatível com a advocacia 
não impede a inscrição do estudante de Direito como estagiário. Merece ser 
revista a decisão que indeferiu a inscrição de estagiário de Fernanda? 
A) Sim, pois Fernanda exerce cargo incompatível com a advocacia e não com a 
realização de estágio. 
B) Não, pois as incompatibilidades previstas em lei para o exercício da advocacia 
também devem ser observadas quando do requerimento de inscrição de 
estagiário. 
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C) Sim, pois o cargo de serventuário do Tribunal de Justiça não é incompatível 
com a advocacia, menos ainda com a realização de estágio. 
D) Não, pois apenas estudantes do último período do curso de Direito podem 
requerer inscrição como estagiários. 
 
Resolução 
 
A resolução dessa questão é muito simples. O enunciado já diz que o fato de ser 
serventuária do Tribunal de Justiça já é impedimento para a inscrição nos 
quadros da Ordem. Basta lembrar-se da velha máxima: “quem pode mais, pode 
menos.” Entretanto, quem pode menos, NÃO pode mais. 
Se o cargo que ela exerce impede que se inscreva nos quadros da ordem como 
advogada, logicamente será vedada sua inscrição como estagiária. 
Assim, a alternativa correta é a letra B. 
Fundamentação: Art. 9º, § 3º do EOAB. 
Art. 9º Para inscrição como estagiário é necessário: 
§ 3º O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia 
pode freqüentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino 
superior, para fins de aprendizagem, vedada a inscrição na OAB. 
 
Questão 5 
 
Determinada causa em que se discutia a guarda de dois menores estava 
confiada ao advogado Álvaro, que trabalhava sozinho em seu escritório. 
Aproveitando o período de recesso forense e considerando que não teria prazos 
a cumprir ou atos processuais designados durante esse período, Álvaro realizou 
viagem para visitar a família no interior do estado. Alguns dias depois de sua 
partida, ainda durante o período de recesso, instalou-se situação que 
demandaria a tomada de medidas urgentes no âmbito da mencionada ação de 
guarda. O cliente de Álvaro, considerando que seu advogado se encontrava fora 
da cidade, procurou outro advogado, Paulo, para que a medida judicial 
necessária fosse tomada, recorrendo-se ao plantão judiciário. Paulo não 
conseguiu falar com Álvaro para avisar que atuaria na causa em que este último 
estava constituído, mas aceitou procuração do cliente assim mesmo e tomou a 
providência cabível. Poderia Paulo ter atuado na causa sem o conhecimento e a 
anuência de Álvaro? 
 
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A) Paulo poderia ter atuado naquela causa apenas para tomar a medida urgente 
cabível. 
B) Paulo poderia ter atuado na causa, ainda que não houvesse providência 
urgente a tomar, uma vez que o advogado constituído estava viajando. 
C) Paulo não poderia ter atuado na causa, pois o advogado não pode aceitar 
procuração de quem já tenha patrono constituído, sem prévio conhecimento 
deste, ainda que haja necessidade da tomada de medidas urgentes. 
D) Paulo não poderia ter atuado na causa, pois os prazos estavam suspensos 
durante o recesso. 
 
Resolução 
 
O enunciado da questão já indica a alternativa correta. Observem as informações 
lançadas: 
1 – Era necessária a tomada de medida urgente; 
2 – Não obstante o recesso forense, o advogado teve que recorrer ao plantonista; 
3 – Foi tentado contato com o advogado Álvaro, contudo, sem sucesso. 
Considerando que se tratava de uma medida urgente e não tendo logrado êxito 
ao contatar o advogado da causa, certamente poderia o advogado requerer as 
providências no caso de modo a evitar o dano. Com isso, eliminamos as 
alternativas C e D. 
A alternativa B está errada, tendo em vista que não é razoável que toda vez que 
o advogado viaje, seja constituído novo procurador para atuar nos autos. 
Ademais, o procurador da causa viajou por causa do recesso forense, o qual 
acarreta a suspensão dos prazos. 
A alternativa correta é a A. 
Fundamentação: Art. 11 do Código de Ética e Disciplina. 
Art. 11. O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha 
patrono constituído, sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo justo ou 
para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis. 
 
Importante: O novo CED manteve inalterada a regra acima, mudando apenas a 
numeração do artigo, que passa a ser o art. 14. 
 
 
 
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Questão 6 
 
O Presidente de determinada Seccional da OAB recebeu representação contra 
advogado que nela era inscrito por meio de missiva anônima, que narrava grave 
infração disciplinar. Considerando a via eleita para a apresentação da 
representação, foi determinado o arquivamento do expediente, sem instauração 
de processo disciplinar. Pouco tempo depois, foi publicada matéria jornalística 
sobre investigação realizada pela Polícia Federal que tinha como objeto amesma infração disciplinar que havia sido narrada na missiva anônima e 
indicando o nome do investigado naquele procedimento inquisitorial. Com base 
na reportagem, foi determinada, pelo Presidente da Seccional, a instauração de 
processo disciplinar. Sobre o procedimento adotado pelo Presidente da 
Seccional em questão, assinale a afirmativa correta. 
A) Deveria ter instaurado processo disciplinar quando recebeu a missiva 
anônima. 
B) Não poderia ter instaurado processo disciplinar em nenhuma das 
oportunidades. 
C) Deveria ter instaurado processo disciplinar em qualquer uma das 
oportunidades. 
D) Poderia ter instaurado processo disciplinar a partir da publicação da matéria 
jornalística. 
 
POLÊMICA 
 
Resolução: 
Talvez o candidato se desespere pelo substantivo “missiva”. Isso quer dizer nada 
mais que um bilhete. 
Nessa questão o candidato deve saber que não é possível a instauração de 
processo disciplinar oriundo de denúncia anônima. A OAB não permite a 
denúncia anônima. (Os motivos aqui não interessam). Dessa forma, poderíamos 
eliminar as alternativas A e C. 
Neste ponto começa a polêmica. Veja o que diz o art. 51 do CED (ainda vigente) 
Art. 51. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante 
representação dos interessados, que não pode ser anônima. 
 
A FGV considerou como correta a alternativa D, sendo possível a instauração 
do processo a partir da matéria jornalística. 
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Percebam que a alternativa fala apenas que poderia ser instaurado apenas com 
a matéria jornalística, destarte, o processo se iniciaria de ofício, pois não houve 
representação. 
Se considerarmos correta a alternativa D, haveria mais de uma resposta correta, 
pois seria possível também a instauração do processo quando do recebimento 
do bilhete anônimo. Bastasse que o fizesse de ofício, assim como o faria a 
respeito da matéria jornalística. 
Assim, as alternativas A, C e D estariam corretas. 
Importante: o novo Código de Ética e Disciplina resolve a questão acima (mas 
não poderia ser aplicado, uma vez que não entrou em vigor, o que ocorrerá 
apenas no mês de abril do ano de 2016). Observem o art. 55 do novo CED: 
Art. 55. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação 
do interessado. 
§ 1º A instauração, de ofício, do processo disciplinar dar-se-á em função do 
conhecimento do fato, quando obtido por meio de fonte idônea ou em 
virtude de comunicação da autoridade competente. 
§ 2º Não se considera fonte idônea a que consistir em denúncia anônima. 
Dessa forma, a partir de abril do ano de 2016 será possível, sem qualquer 
controvérsia, a instauração de processo disciplinar com base em matéria 
jornalística. 
 
Questão 7 
 
Os advogados Márcio, Bruno e Jorge, inscritos nas Seccionais do Paraná e de 
Santa Catarina da Ordem dos Advogados resolveram constituir determinada 
sociedade civil de advogados, para atuação na área tributária. A sede da 
sociedade estava localizada em Curitiba. Como os três sócios estavam inscritos 
na Seccional de Santa Catarina, eles requereram o registro da sociedade 
também nessa Seccional. Márcio, por outro lado, já fazendo parte da sociedade 
com Bruno e Jorge, requereu, juntamente com seu irmão, igualmente advogado, 
o registro de outra sociedade de advogados também na Seccional do Paraná, 
esta com especialização na área tributária. As sociedades não são filiais. Sobre 
a hipótese descrita é correto afirmar que a sociedade de advogados de Márcio, 
Bruno e Jorge 
 
A) não poderá ser registrada na seccional de Santa Catarina, pois apenas tem 
sede na Seccional do Paraná. Márcio não poderá requerer inscrição em outra 
sociedade de advogados no Paraná. 
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B) não poderá ser registrada na seccional de Santa Catarina, pois apenas tem 
sede na Seccional do Paraná. Márcio poderá requerer inscrição em outra 
sociedade de advogados no Paraná. 
C) poderá ser registrada na seccional de Santa Catarina, pois os três advogados 
que dela fazem parte estão inscritos na Seccional em questão. Márcio não 
poderá requerer inscrição em outra sociedade de advogados no Paraná. 
D) poderá ser registrada na seccional de Santa Catarina, pois os três advogados 
que dela fazem parte estão inscritos na Seccional em questão. Márcio poderá 
requerer inscrição em outra sociedade de advogados no Paraná. 
 
Resolução 
 
Vamos analisar os dados fornecidos pelo enunciado: 
1 – Márcio, Jorge e Bruno são inscrito nas Seccionais do Paraná e Santa 
Catarina; 
2 – A sede da sociedade fica no Paraná e pretendem registrá-la também em 
Santa Catarina; 
3 – Márcio e seu irmão requereram o registro de NOVA sociedade no Paraná; 
4 – O enunciado informa que as sociedades não são filiais. 
Inicialmente o examinador quer saber se Márcio, Jorge e Bruno poderão registrar 
a sociedade em Santa Catarina. Posteriormente, se Márcio pode registrar nova 
sociedade no Paraná. 
Vamos pela parte mais fácil: Márcio pode registrar nova sociedade no Paraná? 
A resposta à pergunta é NÃO, não pode. O advogado não pode integrar mais de 
uma sociedade na mesma Seccional (estadual), conforme determina o art.15, § 
3º do EOAB. 
Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de 
serviço de advocacia, na forma disciplinada nesta lei e no regulamento geral. 
§ 4º Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de 
advogados, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo 
Conselho Seccional. 
Com isso, eliminamos as alternativas B e D. 
A outra parte, mais difícil, tem uma polêmica. A FGV considerou como certa a 
alternativa A. Mas a alternativa C também poderia ser considerada como certa. 
Vejamos: 
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1 – O enunciado diz que as sociedades não são filiais. Entretanto, quais 
sociedades não são filiais? A que o Márcio pretende registrar com seu irmão, a 
que os três pretendem registrar em Santa Catarina ou todas elas? Isso não ficou 
estabelecido. 
2 – É plenamente possível o registro em outra Seccional, desde que filial, uma 
vez que a sede se localiza em Curitiba. No enunciado não constou a informação 
se a sociedade que os três pretendem registrar em Santa Catarina seria uma 
nova ou filial. Contudo, observe este trecho do enunciado: “eles requereram o 
registro da sociedade também nessa Seccional.” Observem o artigo definido 
“DA” e o substantivo “SOCIEDADE”: da sociedade. Qual sociedade? Aquela foi 
que dita acima no enunciado, ou seja, a sociedade de Márcio, Jorge e Bruno. 
Se considerarmos que nenhuma das sociedades eram filiais, a alternativa A está 
correta. Entretanto, se levar em conta que o enunciado não deixa claro quais 
sociedades não são filiais, a alternativa C também seria correta. 
 
Questão 8 
 
Gabriela é sócia de uma sociedade de advogados, tendo, no exercício de suas 
atividades profissionais, representado judicialmente Júlia. Entretanto, Gabriela, 
agindo com culpa, deixou de praticar ato imprescindível à defesa de Júlia em 
processo judicial, acarretando-lhe danos materiais e morais. Em uma eventual 
demanda proposta por Júlia, a fim de ver ressarcidos os danos sofridos, deve-
se considerar que 
 
A) Gabriela e a sociedade de advogados não podem ser responsabilizadas 
civilmente pelos danos, pois, no exercício profissional, o advogado apenas 
responde pelos atos que pratica mediante dolo, compreendido por meio do 
binômio consciência e vontade. 
B) a sociedade de advogados não pode ser responsabilizada civilmentepelos 
atos ou omissões praticados pessoalmente por Gabriela. Assim, apenas a 
advogada responderá pela sua omissão decorrente de culpa, no âmbito da 
responsabilidade civil e disciplinar. 
C) Gabriela e a sociedade de advogados responderão civilmente pela omissão 
decorrente de culpa, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar da advogada, 
cuidando-se de hipótese de responsabilidade civil solidária entre ambas. 
D) Gabriela e a sociedade de advogados podem ser responsabilizadas 
civilmente pela omissão decorrente de culpa. A responsabilidade civil de 
Gabriela será subsidiária à da sociedade e ilimitada pelos danos causados, sem 
prejuízo de sua responsabilidade disciplinar. 
 
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Resolução 
 
Inicialmente o candidato deve saber que a responsabilidade da sociedade de 
advogados é subsidiária. Com essa informação, eliminamos as alternativas A, 
B e C. 
A alternativa A está errada, pois a sociedade pode ser responsabilizada, ainda 
que subsidiariamente, como dito acima. 
A alternativa B está errada, pelo mesmo motivo da alternativa A. 
A alternativa C está errada, uma vez que não se trata de responsabilidade 
solidária, mas subsidiária. 
Restou apenas a alternativa D. 
O advogado responde civilmente por omissão, ainda que decorrente de culpa, 
sem prejuízo das sanções disciplinares. 
Fundamentação: art. 17 do EOAB. 
 Art. 17. Além da sociedade, o sócio responde subsidiária e ilimitadamente pelos 
danos causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, 
sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possa incorrer. 
 
Questão 9 
 
O banco Dólar é réu em diversos processos de natureza consumerista, todos 
com idênticos fundamentos de Direito, pulverizados pelo território nacional. 
Considerando a grande quantidade de feitos e sua abrangência territorial, a 
instituição financeira decidiu contratar a sociedade de advogados X para sua 
defesa em juízo, pois esta possui filial em diversos estados da Federação. Diante 
da consulta formulada pelo banco, alguns advogados, sócios integrantes da filial 
situada no Rio Grande do Sul, realizaram mapeamento dos processos em trâmite 
em face da pessoa jurídica. Assim, observaram que esta mesma filial já atua em 
um dos processos em favor do autor da demanda. Tendo em vista tal situação, 
assinale a opção correta. 
 
A) Os advogados deverão recusar, por meio de qualquer sócio do escritório ou 
filial, a atuação da sociedade de advogados na defesa do banco, pois os 
advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem representar 
em juízo clientes de interesses opostos. 
B) Os advogados deverão identificar quem são os sócios do escritório que atuam 
na causa, pois estes não poderão realizar a defesa técnica do banco em 
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quaisquer dos processos em trâmite, sendo autorizada, porém, a atuação dos 
demais sócios da sociedade de advogados, de qualquer filial. 
C) Os advogados deverão recusar a defesa do banco pela filial da sociedade de 
advogados no Rio Grande do Sul e indicar as outras filiais para atuação nos 
feitos, pois todos os sócios da filial ficam impedidos de representar em juízo a 
instituição financeira, em razão de já haver atuação em favor de cliente com 
interesses opostos. 
D) Os advogados deverão informar ao banco que há atuação de advogados 
daquela filial em um dos processos em favor do autor da demanda, a fim de que 
a instituição financeira decida se deseja, efetivamente, que a sua defesa técnica 
seja realizada pela sociedade de advogados, garantindo, assim, o 
consentimento informado do cliente. 
 
Resolução 
 
A presente questão demanda um pouco de conhecimento do EOAB, pois o 
candidato poderia marcar a alternativa C, considerando que estariam impedidos 
de advogar somente os advogados da Seccional, por uma questão territorial. 
Contudo, está errada a alternativa C. 
O EOAB é expresso ao dizer que dois advogados que compõem a mesma 
sociedade não podem representar clientes com interesses opostos. Veja o que 
diz o art. 15, § 6º do Estatuto: 
Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de 
serviço de advocacia, na forma disciplinada nesta lei e no regulamento geral. 
§ 6º Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não 
podem representar em juízo clientes de interesses opostos. 
Assim, a alternativa correta é a letra A. 
 
Questão 10 
 
Alice, advogada, em audiência judicial, dirigiu a palavra de maneira ríspida a 
certa testemunha e ao magistrado, tendo este entendido que houve a prática dos 
crimes de injúria e desacato, respectivamente. Por isso, o juiz determinou a 
extração de cópias da ata e remessa à Promotoria de Justiça com atribuição 
para investigação penal da comarca. Considerando a situação narrada, a 
disciplina do Estatuto da OAB e o entendimento do Supremo Tribunal Federal, 
sobre as manifestações de Alice, proferidas no exercício de sua atividade 
profissional, é correto afirmar que 
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A) podem configurar injúria e desacato puníveis, pois o Supremo Tribunal 
Federal declarou inconstitucional a imunidade profissional prevista no Art. 7º, § 
2º, do Estatuto da OAB, já que a Constituição Federal consagra a incolumidade 
da honra e imagem. 
B) não podem constituir injúria ou desacato puníveis. Isso porque o advogado 
tem imunidade profissional, nos termos do Art. 7º, § 2º, do Estatuto da OAB, cuja 
integral constitucionalidade foi declarada pelo Supremo Tribunal Federal. 
C) não podem constituir injúria, mas podem configurar desacato punível. Isso 
porque o advogado tem imunidade profissional, nos termos do Art. 7º, § 2º, do 
Estatuto da OAB, mas esta, de acordo com o Supremo Tribunal Federal, não 
compreende o desacato, sob pena de conflitar com a autoridade do magistrado 
na condução da atividade jurisdicional. 
D) não podem constituir injúria ou desacato puníveis, mas podem caracterizar 
crime de desobediência. Isso porque o advogado tem imunidade profissional, 
nos termos do Art. 7º, § 2º, do Estatuto da OAB, cuja constitucionalidade foi 
declarada pelo Supremo Tribunal Federal, com a ressalva ao delito de 
desobediência, a fim de não conflitar com a autoridade do magistrado na 
condução da atividade jurisdicional. 
 
Resolução 
 
A questão não é difícil, pois cobra o entendimento do STF no julgamento da ADIn 
1.127-8 do ano de 2006, ou seja, a decisão ocorreu há 9 anos. 
Lembrem-se: o advogado tem imunidade profissional apenas quanto ao 
crime de INJÚRIA E DIFAMAÇÃO, pois o STF, no julgamento acima, declarou 
inconstitucional a imunidade profissional do advogado relativo ao desacato. 
Importante lembrar que a imunidade é relativa ao exercício da profissão. 
A alternativa correta é a letra C. 
Fundamentação: Art. 7º, § 2º do EOAB. 
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, 
difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no 
exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções 
disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. 
 
Obrigado. 
Bons estudos.

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