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Aula 05

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Curso Teórico de Direito Administrativo para TRT GO 
Profº Cyonil Borges – aula 05 
 
 
Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 1 
 
AULA 05: Agentes Públicos – Aspectos 
Constitucionais 
E aí pessoal? Tudo bem? 
Agentes públicos é quase um livro dentro de outro livro. O assunto é 
o mais exigido em concursos públicos. Há centenas e centenas de 
questões de prova sobre o tópico! Como nosso curso pretende ser 
completo, houve um enorme trabalho para selecionar tais questões. 
No mais, vamos estudar! 
Grande abraço e boa aula a todos! 
Cyonil Borges. 
 
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Sumário 
1. Definição de Agentes Públicos ............................................. 3 
2. Classificação de Agentes Públicos ....................................... 6 
3. Organização Funcional ....................................................... 13 
3.1. Cargos, Empregos e Funções ........................................ 13 
3.2. Cargos Vitalícios, Efetivos e Comissionados .................... 16 
3.3. Criação e Extinção de Cargos Públicos ............................ 19 
3.4. Padrão, Classe, Carreira, Cargos Isolados, e Quadro ........ 20 
4. Acessibilidade .................................................................... 21 
4.1. Concursos Públicos ...................................................... 21 
4.2. Acumulação de cargos .................................................. 39 
4.3. Contratação Temporária ............................................... 48 
5. Estabilidade X Estágio Probatório ...................................... 54 
6. Associação sindical e direito de greve ............................... 58 
7. Direitos Sociais dos Servidores Públicos ............................ 60 
8. O Sistema Remuneratório dos Agentes Públicos ................ 63 
8.1. Figuras Pecuniárias Básicas .......................................... 63 
8.2. Fixação da Remuneração dos Servidores e Revisão Geral . 64 
8.3. Tetos Remuneratórios .................................................. 66 
8.4. Equiparações e Vinculações .......................................... 69 
 
 
 
Curso Teórico de Direito Administrativo para TRT GO 
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1. Definição de Agentes Públicos 
O Estado possui as atribuições mais diversas a serem cumpridas. 
Porém, por não ter existência física, o Estado precisa de 
“alguém” que materialize suas ações. Este “alguém” são os agentes 
públicos, os quais podem ser vistos como o conjunto de pessoas 
que, de alguma forma, exercem uma função pública, como 
“prepostos” do Estado. 
O conceito de agentes públicos é encontrado espalhado pelas 
legislações, mas nos parece conveniente recorrer à Lei 8.429/1992, 
popularmente conhecida como "Lei de Improbidade Administrativa", 
que, em seu art. 2o, assim define agente público: 
Reputa-se agente público, para efeitos desta Lei, todo aquele 
que exerce, ainda que transitoriamente ou sem 
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação 
ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, 
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo 
anterior. 
Apesar de a Lei de Improbidade ser de natureza civil, o conceito nela 
contido pode ser utilizado para a definição geral. O conceito engloba 
dos mais altos escalões até os que executam as mais simples tarefas 
do dia a dia do labor administrativo. 
Perceba do conceito que não é necessário que o sujeito exerça a 
função em caráter permanente, para que seja considerado agente 
público. É o caso dos membros do juri, que apenas 
temporariamente realizam a função pública. E, ainda, não é preciso 
que haja remuneração para que alguém seja considerado agente 
público. É o caso dos integrantes das mesas no processo eleitoral, 
que não recebem dinheiro, mas sim compensações por participarem 
das eleições. 
Por fim, em razão de volta e meia ser utilizado em provas, veja-se, 
no essencial, a abordagem conceitual de agentes públicos, dada por 
Celso Antônio Bandeira de Mello: 
Quem quer que desempenhe funções estatais, enquanto as 
exercita, é um agente público. (...), a noção abarca tanto o 
Chefe do Poder Executivo (em quaisquer das esferas) como os 
senadores, deputados e vereadores, os ocupantes de cargos ou 
empregos da Administração direta dos três Poderes, os 
servidores das autarquias, das fundações governamentais, das 
empresas públicas e sociedades mistas nas distintas órbitas de 
governo, os concessionários e permissionários de serviço 
público, os requisitados, os contratados sob locação civil de 
serviços e os gestores de negócios públicos. 
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Apenas uma crítica ao conceito: os terceirizados (contratados em 
regime de locação civil de serviços) não devem ser considerados 
agentes públicos. A doutrina majoritária, da qual discorda o autor, 
não aponta terceirizados como agentes públicos pelo fato de estes 
manterem vínculo com uma empresa que os contratou, e não com o 
Estado. 
Fixação 
FCC - Ana (CVM)/Planejamento e Execução Financeira/2003 
Segundo os estudos de Celso Antônio Bandeira de Mello, os agentes 
públicos podem ser definidos como todos aqueles que, 
a) exclusivamente vinculados ao Estado, prestam serviço a este, seja 
permanentemente seja de forma ocasional. 
b) vinculados ou não ao Estado, prestam serviço a este, de forma ocasional. 
c) vinculados ou não ao Estado, prestam serviço a este, seja permanentemente 
seja de forma ocasional. 
d) exclusivamente vinculados ao Estado, prestam serviço a este, 
permanentemente. 
e) exclusivamente ou não vinculados ao Estado, prestam serviço a este, 
permanentemente. 
Comentários: 
Como sobredito, não é necessário que se tenha um vínculo permanente para 
que alguém seja considerado agente público. A ligação pode ser eventual 
(ocasional). 
Gabarito: alternativa C. 
Fixação 
CESPE - AUFC/Apoio Técnico e Administrativo/Psicologia/2011 
À luz do disposto na Lei n.o 8.112/1990 e em suas posteriores alterações, 
julgue o item, a respeito dos agentes públicos, servidores públicos, direitos e 
deveres e responsabilidades, bem como de processo administrativo disciplinar, 
sindicância e inquérito. 
Em sentido estrito, todas as pessoas que servem ao poder público, de forma 
transitória ou definitiva, remuneradas ou não, são consideradas servidores 
públicos. 
Comentários: 
O conceito dado é de AGENTES públicos e não de servidores, observando 
tratar-se de “sentido amplo” e não “restrito”. O conceito de agentes públicos 
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é amplo, é gênero, que, portanto, comporta espécies, como, por exemplo, 
os servidores estatutários, regidos, na esfera federal, pela Lei 8.112, de 
1990. 
Vamos corrigir a questão: 
Em sentido AMPLO, todas as pessoas que servem ao poder público, de 
forma transitória ou definitiva, remuneradas ou não, são consideradasAGENTES públicos. 
Gabarito: ERRADO. 
Fixação 
Correlacione os termos da Coluna I com as definições da Coluna II. 
Ao final, escolha a opção que contenha a sequência correta para a 
coluna II. 
COLUNA I COLUNA II 
(1) Servidor Público ( ) Toda pessoa física que manifesta, 
por algum tipo de vínculo, a vontade do 
Estado, nas três esferas de governo, os 
três poderes do Estado. 
(2) Agente Público ( ) Sob o regime contratual, mantém 
vínculo funcional permanente com a 
Administração Pública. 
 
(3) Empregado Público ( ) É a expressão utilizada para identificar 
aqueles que mantém relação funcional 
com o Estado em regime legal. São 
titulares de cargos públicos. 
 
a) 2 / 3 / 1 
b) 1 / 2 / 3 
c) 3 / 2 / 1 
d) 2 / 1 / 3 
e) 1 / 3 / 2 
Comentários: 
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Nessa questão, utilizou-se dos conceitos RESTRITOS de cada um das 
figuras acima. 
Agente público é o gênero; empregado público é quem ocupa emprego 
público; e servidor é o ocupante de cargo. Isso em sentido restrito. Mas 
para investigar melhor os conceitos acima, passemos para a próxima seção. 
Gabarito: alternativa A. 
2. Classificação de Agentes Públicos 
A doutrina clássica, capitaneada por Hely Lopes Meirelles, apresenta 
as seguintes espécies de agentes públicos: políticos, administrativos, 
honoríficos, delegatários e credenciados. Vamos por partes. Abaixo, 
“passearemos” nos conceitos e peculiaridades de cada uma dessas 
categorias. 
Os Agentes Políticos são aqueles incumbidos das mais altas 
diretrizes estabelecidas pelo Estado. Tais agentes ocupam os mais 
elevados postos da Administração Pública, sejam cargos, funções, 
mandatos ou comissões, com ampla liberdade funcional e regidos 
normas específicas. São exemplos unânimes entre os 
doutrinadores: membros do Legislativo (Deputados, Senadores e 
Vereadores), chefes de Poder Executivo (presidente da República, 
governadores e prefeitos), e assessores diretos destes (Ministros e 
Secretários estaduais, municipais e distritais). 
De modo mais simples, pode-se afirmar que os agentes políticos 
“transpiram” o poder. São aqueles que você se recorda quando se 
fala em Poder Constituído. Por exemplo: quando se pensa em Poder 
Executivo Federal, qual a primeira imagem que vem à lembrança? O 
presidente da República, o Ministro de Estado. São agentes políticos, 
e, assim, sucede-se no Poder Legislativo. 
Fixação 
(2013/CESPE/MPU/TÉCNICO) Os ministros de Estado são 
considerados agentes políticos, dado que integram os mais altos 
escalões do poder público. 
Comentários: 
Os Agentes Políticos são aqueles incumbidos das mais altas diretrizes 
estabelecidas pelo Poder Público, em outros termos, são aqueles que 
desenham o destino da nação, como, por exemplo, o auxiliar direto do chefe 
do Executivo Federal, os Ministros de Estado. 
Gabarito: CERTO. 
Professor, a classificação acima é dita unânime, e quais são as 
divergências? 
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Há discussão doutrinária sobre a inclusão, na categoria dos agentes 
políticos, dos Magistrados, membros do Ministério Público, e dos 
Tribunais de Contas. Alguns autores mostram-se a favor; outros se 
apresentam contrários. 
Então como se comportar na PROVA? 
O STF, no Recurso Extraordinário 228.977/SP, referindo-se 
especificamente aos Magistrados, tratou-os como agentes políticos, 
investidos para o exercício de atribuições constitucionais, sendo 
dotados de plena liberdade funcional no desempenho de suas 
funções, com prerrogativas próprias e legislação específica. 
Assim, sem maiores discussões, além dos integrantes do 
Legislativo, Chefes de Executivo (e seus auxiliares diretos), os 
Magistrados podem ser enquadrados na categoria de agentes 
políticos. 
Quanto aos membros do Ministério Público, ou seja, promotores 
de justiça e procuradores da República, prevalece a corrente 
doutrinária a favor de situá-los como agentes políticos, de forma 
idêntica ao tratamento conferido aos Representantes Diplomáticos. 
Quanto aos membros dos Tribunais de Contas, o STF classificou-
os como agentes administrativos e não políticos. Abaixo, vejamos 
parte do teor da Reclamação 6.702 do Supremo: 
A doutrina, de um modo geral, repele o enquadramento 
dos Conselheiros dos Tribunais de Contas na categoria de 
agentes políticos, os quais, como regra, estão fora do alcance 
da Súmula Vinculante nº 13, salvo nas exceções acima 
assinaladas, quais sejam, as hipóteses de nepotismo cruzado 
ou de fraude à lei. 
Abre-se um parêntese para esclarecer que o entendimento da 
Suprema Corte não se afina à doutrina majoritária, para quem os 
membros dos Tribunais de Contas são agentes políticos, mas, enfim, 
é extraída de julgado do STF. E, ainda que decisão cautelar, deverá 
ser aceita para efeito de concursos públicos. 
Duas são as principais características comuns dos agentes políticos: 
a) grande parte das competências é de extração constitucional, e 
b) de regra, tais agentes não se submetem às regras comuns 
aplicáveis aos servidores públicos. É o caso, por exemplo, dos 
juízes, os quais não se submetem à Lei 8.112/1990. 
Fixação 
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(2010/CESPE/TRE-MT/Técnico) Não podem ser considerados 
agentes públicos os detentores de mandatos eletivos, pois, além de 
serem investidos nos cargos mediante eleição, e não por nomeação, 
eles desempenham funções por prazo determinado. 
Comentários: 
O agente público é conceito gênero, e os políticos espécies daquele. Os 
agentes políticos são por eleição ou nomeação. Exemplo de agentes eleitos: 
parlamentares, detentores, portanto, de mandato eletivo. Exemplo de 
agentes nomeados: ministros e juízes. Os ministros são de livre escolha e 
exoneração [ad nutum]. Os juízes são, de regra, nomeados depois da 
aprovação em concursos públicos, de provas e títulos. 
Gabarito: ERRADO. 
Fixação 
CESPE - TA (ANATEL)/2012 
A respeito dos agentes públicos, julgue o item subsecutivo. 
Os agentes políticos definem e implementam estratégias políticas para que o 
Estado atinja seus fins e sua investidura se dá, exclusivamente, mediante 
eleição. 
Comentários: 
Lembre-se de que nem todo agente político é investido 
mediante eleição. Como sobredito, os Ministros são nomeados 
em cargos demissíveis ad nutum, e os Juízes, não são, 
igualmente, eleitos, são nomeados, depois de árduo concurso 
público de provas e títulos. 
Gabarito: ERRADO. 
Já os Agentes Administrativos constituem o maior contingente dos 
agentes públicos, e são os que exercem cargos, empregos ou funções 
públicos, no mais das vezes, de caráter permanente. Não são 
membros de Poder do Estado, sequer exercem atribuições políticas ou 
governamentais. Tais agentes integram, sim, o quadro funcional dos 
entes da Federação, bem como o das Entidades da Administração 
Indireta, como, por exemplo, autarquias e empresas públicas. 
Os agentes administrativos submetem-se à hierarquia funcional e 
ao regime jurídico estabelecido pela Entidade à qual pertencem. São 
agentes administrativos: servidores estatutários [cargos efetivos e 
comissionados],os empregados [vulgarmente conhecidos como 
celetistas], e os agentes temporários [contratados para 
atendimento a necessidades excepcionais e temporárias, conforme 
previsto no inc. IX do art. 37 da CF/1988]. 
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Professor, os temporários são agentes públicos 
administrativos? 
Sim, são! Os contratados temporários são os agentes públicos 
administrativos, apesar de não ocuparem cargo ou emprego 
público. Os temporários desempenham FUNÇÃO temporária, em 
razão de necessidade pública de caráter excepcional. 
Na doutrina moderna, os agentes administrativos são catalogados 
como servidores estatais, em sentido amplo. Esse, por 
exemplo, é o entendimento de Maria Sylvia di Pietro. Vejamos: 
São servidores públicos, em sentido amplo, as pessoas físicas 
que prestam serviços ao Estado e às entidades da 
Administração Indireta, com vínculo empregatício e mediante 
remuneração paga pelos cofres públicos. 
Assim, não há problemas se você vir, em prova, expressões do tipo 
“servidor temporário”, pois, neste caso, o examinador estará a 
empregando em sentido amplo. Agora, caso a expressão servidor 
seja empregada em sentido estrito, pede-se considerar apenas 
aquele que ocupa cargo público. Nesse contexto, dispõe a Lei 
8.112/1990: 
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa 
legalmente investida em cargo público. 
Enfim, a análise, em sua prova, variará de acordo com a indagação 
da ilustre banca organizadora. 
Por sua vez, os Agentes Honoríficos são cidadãos que, em razão de 
sua condição cívica, sua honorabilidade ou de sua reconhecida 
capacidade profissional, são convocados para colaborar 
transitoriamente com o Estado, sem vínculos empregatícios ou 
estatutários, e, no mais das vezes, não recebendo remuneração 
por tal atividade. Esta, aliás, é a principal característica dos 
honoríficos: não são, de regra, remunerados em espécie. 
Todavia podem receber compensações, como, por exemplo, folgas 
por terem trabalhado nas eleições como mesários. 
Os agentes honoríficos são classificados, pela doutrina moderna, 
como particulares em colaboração com o Poder 
Público. E, apesar de não serem servidores públicos, são agentes 
públicos que exercem função pública, sendo, por consequência, 
considerados funcionários públicos, ao menos para fins penais. Sobre 
o tema, dispõe o art. 327 do Código Penal: 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os 
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou 
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sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função 
pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce 
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e 
quem trabalha para empresa prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os 
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 
ocupantes de cargos em comissão ou de função de 
direção ou assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública 
ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela 
Lei nº 6.799, de 1980). 
Em razão da transitoriedade do vínculo, a função pública 
desempenhada pelos agentes honoríficos não há de ser considerada 
para efeitos de acumulação de cargos, funções ou empregos públicos. 
São exemplos de agentes honoríficos: jurados, os mesários 
eleitorais, os comissários de menores. 
Os Agentes Delegados ou Delegatários são particulares que têm 
sob sua incumbência a execução de certas atividades, obras ou 
serviços públicos, por sua conta e risco, enfim, em seu nome próprio. 
Sujeitam-se às normas e à fiscalização permanente do Estado, em 
especial do Poder Público delegante (da Administração Direta e, 
conforme o caso, das Agências Reguladoras). 
São exemplos de agentes delegatários: concessionários, 
permissionários e autorizatários de serviços públicos; os titulares de 
cartório (tabeliães); leiloeiros; e tradutores oficiais. Lembra-se, por 
relevante, que, da lista apresentada, os tabeliães submetem-se a 
concurso público de provas E títulos (art. 236 da CF/1988). E, por 
fim, reforçar que, à semelhança dos honoríficos, os delegatários são 
classificados como “particulares em colaboração com o Poder 
Público”. 
Fixação 
CESPE - TA (ANATEL)/2012 
A respeito dos agentes públicos, julgue o item subsecutivo. 
O empregado de empresa concessionária do serviço de telefonia é considerado 
um agente público. 
Comentários: 
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Lembre-se de que nem todos agentes públicos são investidos em cargo 
público. Exemplo disso são os empregados das empresas delegatárias de 
serviços públicos. 
Gabarito: CERTO. 
Professor, na lista de agentes delegatários, temos os tabeliães 
e as empresas concessionárias, certo? 
Mais ou menos! 
As concessionárias são pessoas jurídicas, logo não são agentes 
públicos. Tecnicamente, os empregados das concessionárias, 
prestadoras de serviços públicos, é que podem ser considerados 
agentes públicos. As permissionárias, prestadoras de serviços em 
nome do Estado, por sua vez, podem ser pessoas físicas, e, nesse 
caso, serão automaticamente considerados agentes públicos. 
Os tabeliães prestam serviços delegados do Estado [art. 236 da CF], 
e, bem por isso, são agentes públicos. 
Abre-se um parêntese para fazermos um paralelo entre os Tabeliães 
e Concessionárias. Vejamos: 
 Os Tabeliães são pessoas físicas, enquanto Concessionárias, 
pessoas jurídicas; 
 Os Tabeliães são escolhidos por concurso público, de provas E 
títulos. As Concessionárias, por sua vez, são selecionadas por 
licitação; 
 Os Tabeliães são fiscalizados pelo Poder Judiciário. As 
Concessionárias submetem-se ao poder de fiscalização do 
Poder Concedente, no caso, Poder Executivo; 
 Os Tabeliães não se aposentam compulsoriamente, isso porque 
não exercem cargos ou empregos públicos, mas funções 
públicas; 
 Os cartórios são remunerados por meio de emolumentos. Já as 
Concessionárias, por meio de tarifas. 
Por fim, os Agentes Credenciados são os que recebem a 
incumbência da Administração para representá-la em determinado 
ato ou praticar certa atividade, mediante remuneração do Poder 
Público, em momento ou tempo certo. É o caso, por exemplo, dos 
peritos credenciados pela Justiça, para que elaborem laudos 
necessários à tomada de decisão por parte do magistrado. Muitas 
vezes, o magistrado precisa determinar, por exemplo, a 
indisponibilidade de bens de um particular, para fazer frente a uma 
eventual dívida que vai ser satisfeita judicialmente. Só que Juiz não 
sabe quanto custa um imóvel (“ilustrativamente falando”). Daí ocorre 
a designação do perito credenciado para fazer a avaliação. 
Há, ainda, duas questões pertinentes que aqui se impõem. 
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Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 12A primeira delas é sobre os militares. Estes também são agentes 
públicos, mas de uma categoria específica, com regras que lhe são 
próprias. Não são considerados, pela doutrina, servidores públicos, 
mas são, induvidosamente, agentes públicos. Não serão estudadas 
aqui as peculiaridades do regime militar. 
Outra questão pertinente diz respeito aos agentes de fato. São 
aqueles que se investem da função pública de forma emergencial ou 
irregular. Nesse contexto, a doutrina costuma distingui-los em 
necessários e putativos. Os primeiros exercem a função em razão 
de situações excepcionais, como, por exemplo, auxílio durante 
calamidades públicas [alguém que atue como “bombeiro militar”, 
socorrendo vítimas em um deslizamento]. Já os putativos são os 
que têm aparência de agente público, sem o ser de direito. É o 
caso de um servidor que fora aprovado em concurso público anulado 
posteriormente. 
Professor, e os atos praticados pelos agentes de fato 
putativos? Serão invalidados, desconsiderados pela 
Administração? 
Em regra, os atos produzidos pelos agentes de fato devem ser 
convalidados [corrigidos], pois, apesar de a sua investidura ter sido 
irregular, tudo levaria a crer que seriam agentes públicos. Isso deriva 
da aplicação da teoria da ‘aparência’, a qual informa que devem ser 
convalidados os atos dos agentes de fato, pois, aparentemente, 
seriam agentes públicos. 
Cumpre registrar que, embora a investidura seja irregular, os agentes 
de fato trabalharam em suas funções, e, por isso, não há que se falar 
de devolução dos dinheiros que receberam como retribuição 
pecuniária. Esse é o entendimento do STF [RMS 25.104]. 
Por fim, é digno de reforço que as bancas utilizam-se da expressão 
‘particulares em colaboração com o Poder Público’ para 
designar as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado, sem 
vínculo empregatício, com ou sem remuneração. Aqui estão 
abrangidos: delegatários, honoríficos, credenciados, além dos 
agentes de fato. 
Fixação 
(2010/CESPE/TRE-MT/Técnico) Não podem ser considerados 
agentes públicos os detentores de mandatos eletivos, pois, além de 
serem investidos nos cargos mediante eleição, e não por nomeação, 
eles desempenham funções por prazo determinado. 
Comentários: 
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Os detentores de mandato eletivo também são agentes públicos. Não são 
servidores. Mas agentes públicos são. 
Gabarito: ERRADO. 
3. Organização Funcional 
Vamos analisar alguns conceitos fundamentais para a completa 
compreensão do tópico agentes públicos. 
3.1. Cargos, Empregos e Funções 
Os cargos públicos podem ser vistos como as mais simples e 
indivisíveis unidades de competência a serem exercidas por um 
agente regido por estatuto próprio, que, no caso federal, é a Lei 
8.112, de 1990. 
Esta definição alinha-se, por exemplo, com o disposto na Lei Federal 
8.112, de 1990, enfim, o regime jurídico dos servidores públicos da 
União, na Administração Direta, bem como nas Autarquias (inclusive 
as de regime especial) e nas fundações públicas. 
É importante destacar, desde logo, que: 
I) A Lei 8.112, de 1990, não abrange os servidores dos demais 
entes políticos, uma vez que Estados e Municípios têm 
autonomia para tanto, devendo, assim, estabelecerem seus 
próprios regimes jurídicos de servidores; e, 
II) A Lei 8.112, de 1990, não alcança as sociedades mistas e as 
empresas públicas da União. Assim, o campo de abrangência da 
Lei restringe-se à Administração Direta [conjunto de órgãos, 
unidades desprovidas de personalidade jurídica], e à 
Administração Indireta de Direito Público [exemplo das 
Autarquias, ainda que em regime especial, como é o caso das 
Agências Reguladoras]. 
Para ilustrar, vejamos o conceito de cargo no art. 2º da Lei 
8.112/1990: 
O conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na 
estrutura organizacional que devem ser cometidas a um 
servidor. 
O conceito da Lei é criticado pela doutrina, por ser extremamente 
evasivo. Não fosse a parte final do dispositivo, a qual consigna a 
expressão ‘servidor’, o disposto pelo diploma legal serviria para 
designar quase tudo, de cargos a funções, afinal todos possuem 
atribuições e responsabilidades. 
Por isso, parte da doutrina prefere conceituar cargo público como um 
lugar inserido na organização do serviço público, regido por norma 
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própria (no caso federal, a Lei 8.112, de 1990) a ser preenchido por 
servidor público, efetivo ou em comissão, com funções próprias e 
remuneração fixada em lei. 
Perceba que os exclusivamente comissionados também ocupam 
cargos públicos, e, por isso, são, à semelhança dos efetivos, 
servidores estatutários. Os comissionados não são empregados, e, 
bem por isso, não são regidos pela CLT, apesar de, à semelhança dos 
empregados, seguirem o Regime Geral de Previdência Social (RGPS). 
O cargo público difere do emprego público essencialmente no que 
se refere ao vínculo que une o ocupante ao Estado. No caso do cargo 
público, o vínculo é estatutário; no do emprego público, o vínculo 
é contratual, sob a regência da Consolidação das Leis do Trabalho 
(CLT). Os empregados públicos não gozam de estabilidade 
semelhante a dos servidores estatutários, porém são, igualmente, 
admitidos mediante concurso público, de provas ou provas e títulos, 
como estabelece o inc. II do art. 37 da CF, de 1988. 
Aliás, quanto à estabilidade, o STF já se pronunciou, afirmando 
que os empregados públicos não a possuem. No entanto, pede-se sua 
atenção para o fato de que não detêm a estabilidade própria dos 
servidores detentores de cargos efetivos (RE 589998). 
Professor, quer dizer que os empregados públicos gozam de 
algum tipo de estabilidade? 
Sim! Os empregados públicos podem gozar, também, de estabilidade. 
A palavra “estabilidade”, em sentido amplo, quer se referir a maior 
independência para o exercício das atribuições públicas, espécie de 
proteção para que o agente atue sem o receio perseguições. Nos 
termos da CF, de 1988, há três situações que conferem aos 
empregados públicos estabilidade provisória: dirigentes sindicais 
[inc. VIII do art. 8º], dirigentes de Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes (CIPA) [alínea ‘a’ do inc. II do art. 10 do ADCT], e Gestante 
[alínea ‘b’ do inc. II do art. 10 do ADCT]. 
Outra questão interessante é sobre a possibilidade de, HOJE, 
contratação sob o regime de emprego público na Administração 
Direta, Autárquica e Fundacional do DF? 
Com a EC 19, de 1998, rompeu-se com a obrigatoriedade da adoção 
de regime jurídico único [caput do art. 39 da CF, de 1988], 
conferindo-se à Administração maior flexibilidade para a 
“contratação” de seus servidores, que, no caso, poderia tanto 
submeter os novos servidores ao Estatuto, como à CLT. Ocorre que o 
caput do art. 39 da CF/1988 teve sua constitucionalidade apreciada, 
liminarmente, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2135. 
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Em tal julgado, o Supremo deferiu liminar para suspender a vigência 
do dispositivo, em razão de aparente inconstitucionalidade no rito 
formal de sua aprovação. Assim, porconta das nuances do processo 
de controle de constitucionalidade [efeitos repristinatórios], com a 
suspensão da vigência do caput do art. 39, voltou a vigorar a 
redação anterior, que dispunha: 
Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, 
regime jurídico único e planos de carreira para os 
servidores da administração pública direta, das 
autarquias e fundações. 
Guardem então para a prova que com a ADI 2135, a Lei 8.112, de 
1990, voltou a ser chamada de Regime Jurídico Único. 
A Lei nº 8.112/1990 institui o chamado Regime Estatutário (legal) 
dos servidores públicos civis da União, abrangendo servidores 
públicos em âmbito federal, mais especialmente as pessoas 
jurídicas de Direito Público da União. É um sistema legal, e não 
contratual, por se tratar de uma Lei, à qual os ocupantes de cargos 
efetivos e comissionados em nível federal aderirão. 
Seu campo de abrangência diz respeito, reforça-se, à UNIÃO e não 
aos Estados e Municípios, os quais detêm competência para editar 
suas próprias leis referentes aos servidores de sua esfera, em razão 
da autonomia concedida pelo art. 18 da CF/1988. 
Por outro lado, é digno de registro que a Lei 8.112/1990 não 
abrange, por exemplo, os agentes políticos (presidente da República, 
Deputados e Magistrados, por exemplo), tampouco os particulares 
que colaboram com o poder público (Leiloeiros, tradutores, por 
exemplo), ou, ainda, os empregados públicos (conhecidos, 
vulgarmente, como celetistas). 
Com a cautelar proferida nos autos da ADI 2135, não cabe mais a 
contratação de empregados públicos na Administração Direta, 
Autárquica e Fundacional. Portanto, reforça-se a conclusão: no 
âmbito federal, o Regime Jurídico Único dos servidores públicos é o 
estabelecido pela Lei 8.112/1990, a qual, contudo, não se aplica às 
sociedades mistas, empresas públicas e demais empresas controladas 
direta ou indiretamente pela União. 
Por fim, temos a Função pública, a qual pode ser definida como o 
conjunto de atribuições que não corresponde a cargo ou a emprego 
públicos. Não se pode dizer que as funções sejam excludentes em 
relação aos cargos ou empregos públicos. De fato, na clássica 
assertiva de Hely Lopes Meirelles, todo cargo tem função, mas pode 
haver função sem cargo. Por isso se diz ser possível que a função não 
corresponda a cargo, porém, todo cargo deve ter funções. Nesse 
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contexto, quando se fala em funções públicas, têm-se claras, pelo 
menos, três situações: 
I) Na contratação temporária, que ocorre por necessidade 
temporária de excepcional interesse público (inc. IX do art. 37 
da CF, de 1988), 
II) No preenchimento de funções de confiança, referentes à 
chefia, assessoramento ou direção, e 
III) Os serviços notariais e registro, exercidos em caráter 
privado, são delegados pelo Poder Público. Os tabeliães não 
têm cargo ou emprego públicos, exercem funções públicas 
[art. 236 da CF, de 1988]. 
3.2. Cargos Vitalícios, Efetivos e Comissionados 
Quanto ao grau de independência e de proteção, os cargos 
públicos são escalonados em vitalícios, efetivos ou em comissão. 
Os vitalícios, por exemplo, são aqueles que conferem a seus 
detentores maior independência funcional, e, por isso, são cercados 
de maiores proteções, ao passo que os cargos em comissão não 
garantem qualquer proteção aos ocupantes, que podem, a qualquer 
momento, sem prévia motivação [por isso chamados de 
demissíveis “ad nutum”], ser desligados da Administração. Vamos 
ao estudo de tais cargos. 
Os cargos vitalícios são os de previsão constitucional. Segundo a CF, 
depois de adquirida a vitaliciedade, somente por meio de 
processo judicial, com sentença transitada em julgado, poderá se 
decretada a perda do cargo. Os cargos vitalícios são listados, 
exaustivamente, pela CF, sendo a Constituição da República o único 
apto a, eventualmente, estender a vitaliciedade a outros agentes 
públicos. São agentes vitalícios: Magistrados [art. 95, I]; membros do 
Ministério Público [art. 128, §5º, I, “a”], e membros dos Tribunais de 
Contas [art. 73, §3º]. 
Professor, então vitaliciedade quer dizer que o servidor não se 
aposentará compulsoriamente [70 anos de idade]? Representa 
uma proteção sem limites? 
De forma alguma! A vitaliciedade não significa que o sujeito será 
agente público “para sempre”. Não é isso. Tanto é assim que o STF, 
registrou [Súmula 36]: 
“Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria 
compulsória, em razão da idade”. 
Já cargos efetivos são aqueles que gerarão a seus ocupantes direito 
à estabilidade, nos termos constitucionais. Em sentido amplo, a 
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vitaliciedade não deixa de ser “estabilidade”, pois a expressão 
“estabilidade” refere-se à proteção, segurança. Ocorre que o 
Constituinte, para divisar com nitidez a diferença entre os institutos, 
nomeou um de “vitaliciedade” e outro de “estabilidade”, e conferiu 
aos vitalícios um plus em relação aos estáveis, já que a estabilidade 
não protege, por exemplo, contra a perda do cargo na esfera 
administrativa. 
Professor, efetividade é sinônimo para estabilidade? 
A efetividade é um atributo do cargo, e pode ser utilizado para 
designar o servidor, assim que ele toma posse. Por exemplo: assim 
que a(o) amiga(o) passar no concurso público, “sentará” em cargo 
efetivo. 
Por sua vez, a estabilidade é uma proteção no serviço público 
adquirida pelos servidores detentores de cargos efetivos, depois de 
cumpridos requisitos constitucionais necessários, como, por exemplo, 
três anos de efetivo exercício. 
Prova inequívoca de que estabilidade não se confunde com 
efetividade é o art. 19 do ADCT. Vejamos o §1º: 
Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, 
autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da 
promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos 
continuados, e que não tenham sido admitidos na forma 
regulada no art. 37, da Constituição, são considerados 
estáveis no serviço público. 
§ 1º - O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo 
será contado como título quando se submeterem a concurso 
para fins de efetivação, na forma da lei. 
Perceba que a CF reconheceu a estabilidade para certos servidores 
públicos, porém deixou evidente que a “efetivação” depende de 
aprovação em concurso público. 
Enfim, efetividade não se confunde com estabilidade. São institutos 
diversos. É possível ser efetivo, sem ser estável [servidor que 
ainda não cumpriu os requisitos constitucionais]. É possível ser 
efetivo e estável [requisitos atingidos]. É possível ser estável, 
sem ser efetivo [art. 19 do ADCT – estabilização constitucional]. 
Para que o assunto fica ainda mais claro, façamos a leitura do inc. V 
do art. 37 da CF/1988: 
V - as funções de confiança, exercidas 
exclusivamente por servidores ocupantes de cargo 
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efetivo, e os cargos em comissão, a serem 
preenchidos por servidores de carreira nos casos, 
condições e percentuais mínimos previstos em lei,destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e 
assessoramento. 
Os destaques não constam do texto original, servindo-nos para 
esclarecer que as funções de confiança são para servidores que 
ocupam cargos efetivos, enquanto que os cargos em comissão 
devem ser preenchidos por servidores de carreira, nos casos, nas 
condições e nos percentuais mínimos estabelecidos em lei. 
Vamos à breve explicação. O servidor ocupante de cargo de Auditor 
da Receita Federal, por exemplo, cumpridos os requisitos 
constitucionais necessários, é detentor de cargo efetivo e estável. 
Imagina que a Lei reserve 50% dos cargos comissionados na Receita 
para os servidores de carreira. Nesse caso, os Analistas Tributários, 
embora ocupantes de cargos efetivos, não poderiam assumir cargos 
comissionados, por não fazerem parte da carreira de Auditor. Conclui-
se que vários cargos efetivos não fazem parte de determinadas 
carreiras. 
De outro lado, interessante notar que cargos em comissão podem ser 
ocupados por pessoas alheias à Administração, o que não ocorre com 
as funções de confiança, haja vista estas serem providas 
EXCLUSIVAMENTE por servidores de cargos EFETIVOS. 
Por fim, alguns pontos comuns entre ambos: 
I) destinam-se à Direção e ao Assessoramento Superior. É por 
isso que, recorrentemente, referem-se a tais cargos como 
D.A.S. Ressalta-se que tanto os cargos em comissão, como as 
funções de confiança, devem ter por finalidades atribuições de 
comando ou de assessoria. Um cargo de motorista não pode 
ser, por exemplo, um cargo comissionado (exclusivamente), 
pois não é de comando ou assessoria, apesar de ser um cargo 
de direção [de volante!], 
II) são preenchidos sem a necessidade de concurso público 
prévio, não oferecendo garantia de permanência. Dispensa-se, 
ainda, a motivação para a exoneração de seus ocupantes; 
III) não há nomeação para funções de confiança, mas mera 
designação. De fato, como para ocupar função de confiança o 
servidor já tem de ser detentor de cargo efetivo, não é lógico 
ser renomeado. Vejamos o que diz o § 4o do art. 15 da Lei 
8.112, de 1990: 
O início do exercício de função de confiança coincidirá 
com a data de publicação do ato de designação, salvo 
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quando o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer 
outro motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil 
após o término do impedimento, que não poderá exceder a 
trinta dias da publicação. 
Perceba que o início do exercício da função de confiança é 
imediato, e tem início com a publicação do ato que designa 
para tal. 
Por fim, reforça-se que os cargos comissionados são estatutários 
[Recurso Especial 621647 do STJ], isto é, regidos por Estatutos, que, 
na esfera federal, é a Lei 8.112/1990. Apesar disso, os 
exclusivamente comissionados contribuem para o RGPS, e não para 
o regime próprio dos servidores públicos. 
3.3. Criação e Extinção de Cargos Públicos 
Não há dúvida de que o instrumento a ser utilizado para a criação e 
extinção de cargos públicos é a Lei. 
Como a criação de cargos públicos dá-se por lei, a extinção ocorre, 
igualmente, por lei, como decorrência do princípio da simetria jurídica 
ou paralelismo das formas. É dizer, como se faz, desfaz-se. Se o 
cargo público é criado por lei, por lei deve ser extinto. 
Professor, essa é uma regra sem exceções? 
No Direito Administrativo é muito incomum regras sem exceções. O 
inc. VI do art. 84 da CF, de 1988, possibilita que, por Decreto 
Autônomo, cargos públicos sejam extintos, com o detalhe de 
que devem estar vagos. 
E, quanto à criação, há outra exceção. As Casas Legislativas podem 
criar, internamente, cargos públicos, mediante Resoluções. 
Esclareça-se que essa permissão constitucional é de pouca valia, 
afinal a remuneração de tais cargos é matéria sujeita à reserva legal. 
Com outras palavras, apesar de a Resolução [ato interna corporis] 
não ser objeto de sanção ou veto pelo chefe do Executivo, 
conferindo-se ao Legislativo maior flexibilidade, como a remuneração 
é matéria de Lei, caberá ao chefe do Executivo se pronunciar sobre a 
adequação e conveniência, o que reduziu a garantia das Casas 
Legislativas. 
Por fim, esclareça-se que a competência para a criação de cargos é 
dos chefes do Executivo [art. 61, §1o, inciso II, “a”, da CF/1988], mas 
se os cargos forem da estrutura do Executivo. Ante a 
independência dos Poderes [art. 2o da CF/1988], o Judiciário tem 
competência para a iniciativa de leis para a criação de seus próprios 
cargos. 
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3.4. Padrão, Classe, Carreira, Cargos Isolados, e Quadro 
Essa passagem é para que a(o) amiga(o) possa ter uma breve noção 
a respeito de como se organizam os quadros de pessoal da 
Administração Pública. Vamos lá. 
Os cargos a serem ocupados por servidores públicos organizados 
em carreira são distribuídos em padrões e classes. 
Classes constituem o agrupamento de cargos da mesma 
profissão, com idênticas atribuições, responsabilidades e 
vencimentos. Classes, portanto, constituem os “degraus” de 
crescimento em uma carreira. 
Interessante notar que PADRÃO é a subdivisão de uma classe, ou 
seja, DENTRO DAS CLASSES, TEMOS OS PADRÕES. 
 
Quando um servidor ocupante de cargo organizado em carreira 
muda de CLASSE é PROMOVIDO. Já quando ele muda de padrão, 
SEM MUDAR DE CLASSE, é PROGREDIDO. 
 
Continuemos a entender a organização dos quadros da 
Administração. 
Carreira é o agrupamento de classes de uma mesma profissão 
ou atividade, organizadas sob o fundamento da hierarquia. Para 
o ingresso em uma carreira referente a cargos efetivos, o 
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provimento deverá ser originário (a ocorrer por nomeação), 
devendo ser precedido, sob a égide da atual Constituição Federal, 
de concurso público (nesse ponto, uma paradinha, e leiam ao art. 
37, inc. II, CF). 
De outra parte, há cargos que não se encontram organizados em 
carreira, sendo únicos em sua categoria. São tais cargos ditos 
isolados. Um exemplo destes é o cargo de Ministro. No ano “X”, tem 
determinadas atribuições e remuneração; no ano “Y”, as atribuições e 
remuneração são as mesmas. Ou seja, não há alteração na 
complexidade das atribuições, à semelhança do que ocorre com 
os cargos organizados em carreira. 
Ao somatório de carreiras, cargos isolados, e, ainda, das funções 
de um mesmo órgão ou Poder dá-se a denominação de quadro. 
E assim se organiza a Administração: cargos organizados em 
carreira, exemplo, técnico de controle externo do TCU, e cargos 
isolados, exemplo, auditor, o que substitui os Ministros, do TCU. 
Ah! Um último detalhe. Se um sujeito de cargo de nível médio galga 
todas as classes e níveis de sua carreira, chegando ao topo de tal 
carreira, mesmo que ele seja excelente, não poderá ser 
“ascendido” a uma carreira de nível superior, uma vez que o 
STF vem decidindo que isso é inconstitucional, por se tratar de uma 
situação que não é mais autorizada pela atual constituição. Ou seja, 
se o sujeito em questão quiser passar para uma carreira de nível 
superior, terá de prestar novo concurso.4. Acessibilidade 
 
4.1. Concursos Públicos 
Ao se falar em acesso a cargos públicos, o que primeiro vem à 
cabeça? Devo fazer um concurso público para isso! Pois é. De fato, 
para o acesso a cargos efetivos (ou empregos permanentes), 
devemos fazer um concurso. Mas essa regra, veremos, tem essa 
exceções. 
Repassemos, inicialmente, os conteúdos gerais a respeito do 
concurso público, a partir do regramento constitucional estabelecido 
no inc. II do art. 37 da CF: 
A investidura em cargo ou emprego público depende 
de aprovação prévia em concurso público de provas de 
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza 
e a complexidade do cargo ou emprego, na forma 
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo 
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em comissão declarado em lei de livre nomeação e 
exoneração. 
Várias observações podem ser feitas em relação a este inciso. 
Primeiro ponto. 
A exigência de concurso público não é exclusiva para acesso aos 
cargos públicos, os empregos públicos observam, igualmente, o 
princípio do concurso público. Nesse contexto, perceba que as 
empresas estatais exploradoras de atividades econômicas (§1º do art. 
173 da CF, de 1988), como as sociedades de economia mista e as 
empresas públicas, devem contratar seu pessoal por meio de 
concurso público. Esse, inclusive, é o entendimento do STF. 
Professor, todo o acesso a cargo público demanda concurso 
público? 
Sem entrar em detalhes, um item assim estaria ERRADO, uma vez 
que, por exemplo, cargos em comissão não demandam concurso. 
Nesse primeiro ponto, ressalta-se que o inc. I do art. 37 da CF, com 
redação dada pela EC 19/98, dispõe: 
Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis 
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos 
em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. 
Verifica-se a possibilidade de não só os brasileiros, natos ou 
naturalizados, terem acesso a cargos, empregos ou funções públicas. 
Os estrangeiros podem assumir cargos e empregos públicos, nos 
termos da Lei. Contudo, tal acesso dos estrangeiros não é amplo e 
irrestrito, afinal há cargos privativos de brasileiro natos. São 
cargos privativos de brasileiros natos [§3º do art. 12 da CF]: 
Presidente e Vice-Presidente da República; Presidente da Câmara dos 
Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do STF; cargos da 
carreira diplomática; oficial das Forças Armadas; Ministro de Estado 
da Defesa; e seis brasileiros que compõem o Conselho da República. 
Segundo ponto. 
O concurso público só pode ser de provas ou de provas e títulos, 
não se admitindo certames só de títulos (inc. II do art. 37), pois 
o requisito objetivo para comparação entre os candidatos é a prova. 
Os títulos são qualificativos, que indicam que alguém tem um ‘talento 
diferenciado’ para o desempenho do cargo pretendido. 
Professor, e o famoso exame curricular? Não é cabível? 
Ressalta-se que as contratações temporárias referidas no inc. IX 
do art. 37 da CF/1988 não estão sujeitas à regra do concurso público, 
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cabendo, no entanto, conforme o caso, processo seletivo simplificado 
mediante provas, provas e títulos, ou análise curricular. De forma 
idêntica, alerta-se para a inexigibilidade de concurso público para o 
preenchimento de determinados cargos vitalícios, tais como os de 
Ministros do STF e do Tribunal de Contas da União, dentre outros. 
Terceiro ponto. 
A aprovação de um candidato nas vagas previstas em um edital 
gera o direito subjetivo de nomeação. O concurso é um procedimento 
administrativo composto de várias etapas, tais como a inscrição, a 
aprovação e a nomeação do candidato, para citar apenas algumas. 
A inscrição não gera ao candidato o direito à realização das 
provas, haja vista que a Administração pode alterar a data ou 
mesmo desistir de realizá-las, tratando-se, pois, de uma expectativa 
de direito dos candidatos. 
Fixação 
CESPE - ACE (TC-DF)/2012 
Com relação aos agentes administrativos, julgue o item a seguir. 
Os candidatos inscritos em concurso público não têm direito adquirido 
à realização do certame.1 
Na doutrina, boa parte dos autores tem entendido que a aprovação 
gera ao candidato expectativa de direito à investidura no cargo ou 
emprego em questão. Com outras palavras, o aprovado em concurso 
público teria mera expectativa de direito à nomeação. Contudo, esse 
entendimento doutrinário foi superado pela jurisprudência do STJ e 
do STF. 
Por uma questão de moralidade, assim se manifestou o STJ: 
Servidor público - Concurso - Aprovação de 
candidato dentro do número de vagas previstas 
em edital - Direito líquido e certo à nomeação e à 
posse no cargo. (Recurso em Mandado de Segurança 
n° 19.922) 
Confere-se tranquilidade a centenas, milhares, de candidatos, os 
quais aprovados em concurso público, nas vagas previstas no 
edital, simplesmente não eram chamados pela Administração. Com 
tais precedentes, muitos terão chance de não serem “deixados de 
lado” pela Administração. 
Professor, e nos concursos em que não há vagas, os concursos 
com cadastro reserva? 
 
1 Gabarito: Certo. 
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Pois é, se não há vagas previstas no edital, não haveria como que se 
falar de direito à nomeação. Essa é, provavelmente, a razão de 
concurso com cadastro de reserva. Entretanto, isso também vem 
mudando. Mesmo quando não haja vagas previstas em um edital, ou, 
havendo, e o candidato seja aprovado fora delas, caso demonstre que 
há necessidade de sua nomeação, também passa a ter direito de ser 
nomeado. Nesse contexto, vejamos decisão do STJ (MS 18881): 
1. O princípio da moralidade impõe obediência às regras 
insculpidas no instrumento convocatório pelo Poder Público, de 
sorte que a oferta de vagas vincula a Administração, 
segundo, ainda, o princípio da legalidade. 
2. A partir da veiculação expressa da necessidade de prover 
determinado número de cargos, através da publicação de edital 
de concurso, a nomeação e posse de candidato aprovado dentro 
das vagas ofertadas é direito subjetivo líquido e certo, tutelado 
na via excepcional do Mandado de Segurança. 
3. Tem-se por ilegal o ato omissivo da Administração que 
não promove a nomeação de candidato aprovado e 
classificado até o limite de vagas previstas no edital, por 
se tratar de ato vinculado, máxime quando expirado o 
prazo de validade do certame. 
4. In casu, a impetrante foi classificada na 81a. posição 
para o cargo de Administrador da Advocacia-Geral da 
União, cujo Edital previu originária e expressamente a 
existência de 49 vagas, acrescidos dos cargos que 
vagarem durante o período de validade do concurso 
público; diante da existência de 45 cargos vagos, além 
daqueles 49 referidos, impõe-se reconhecer o direito 
líquido e certo da impetrante à nomeação e posse no 
cargo para o qual foi devidamente habilitada dentro do 
número de vagas oferecidas pela Administração. 
Perceba que, no caso concreto, a candidata não passou nas vagas 
previstas, originariamente, no edital. Porém, com a aberturade 
novas vagas, considerando que o edital mencionava a possibilidade 
de nomeação para as vagas que viessem a abrir durante a validade 
do certame, restaria demonstrada a necessidade de nomeação, a 
qual, insista-se, mesmo não passando nas vagas previstas no 
concurso, passou a ter o direito de ser nomeada. 
Na realidade, o entendimento que devemos fazer é o seguinte: a 
realização de um concurso, a data em que ele vai ser realizado, o 
número de vagas a ser provido, tudo isso é discricionário à 
Administração. Entretanto, a partir do instante em que a 
Administração lança o edital, determinando o número de vagas a 
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serem providas, isso passa a vincular sua atuação, determinando 
que haja os provimentos, até o número de vagas previsto no edital. 
Claro que esse dever de nomeação não há de se cumprir ‘a ferro e 
fogo’, isto é, há situações em que o dever de nomear aqueles que 
tenham sido aprovados em vagas previstas em um edital pode ser 
posto de lado. Nesse contexto, dispõe a jurisprudência do STF (RE 
598.099): 
Não obstante, quando se diz que a Administração Pública 
tem a obrigação de nomear os aprovados dentro do 
número de vagas previsto no edital, deve-se levar em 
consideração a possibilidade de situações 
excepcionalíssimas que justifiquem soluções 
diferenciadas, devidamente motivadas de acordo com o 
interesse público. 
Não se pode ignorar que determinadas situações excepcionais 
podem exigir a recusa da Administração Pública de nomear 
novos servidores. Para justificar o excepcionalíssimo não 
cumprimento do dever de nomeação por parte da 
Administração Pública, uma vez já preenchidas as condições 
acima delineadas, é necessário que a situação justificadora 
seja dotada das seguintes características: 
a) Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma 
situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à 
publicação do edital do certame público. Pressupõe-se com isso 
que, ao tempo da publicação do edital, a Administração Pública 
conhece suficientemente a realidade fática e jurídica que lhe 
permite oferecer publicamente as vagas para preenchimento via 
concurso. 
b) Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por 
circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à época da 
publicação do edital. Situações corriqueiras ou mudanças 
normais das circunstâncias sociais, econômicas e políticas não 
podem servir de justificativa para que a Administração Pública 
descumpra o dever de nomeação dos aprovados no concurso 
público conforme as regras do edital. 
c) Gravidade: os acontecimentos extraordinários e 
imprevisíveis devem ser extremamente graves, implicando 
onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade 
de cumprimento efetivo das regras do edital. Crises econômicas 
de grandes proporções, guerras, fenômenos naturais que 
causem calamidade pública ou comoção interna podem 
justificar a atuação excepcional por parte da Administração 
Pública. 
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d) Necessidade: a solução drástica e excepcional de não 
cumprimento do dever de nomeação deve ser extremamente 
necessária. Isso quer dizer que a Administração somente pode 
adotar tal medida quando absolutamente não existirem outros 
meios menos gravosos para a lidar com a situação excepcional 
e imprevisível. Em outros termos, pode-se dizer que essa 
medida deve ser sempre a ultima ratio da Administração 
Pública. 
Enfim, é possível que a Administração Pública não nomeie alguém 
que tenha sido aprovado em vagas previstas em um edital, desde 
que se cumpram determinadas condicionantes. 
Quarto ponto. 
A validade do concurso é delineada no inc. III do art. 37 da CF/1988: 
O prazo de validade do concurso público será de até 
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período 
Apesar de ser uma questão mais do que batida em concurso público, 
atenta que a vigência do concurso inicia-se com a homologação 
[ato de controle a posteriori, que reconhece a legitimidade do 
procedimento], é de até dois anos, prorrogável por igual período. 
Isto é, faculta-se à Administração prorrogar a validade do concurso, 
tratando-se, portanto, de ato discricionário do Poder Público. 
Sobre o tema, três observações interessantes: 
I) o prazo inicial determina a prorrogação. Assim, um concurso 
pode ter vigência de seis meses, prorrogáveis por mais seis; 
II) o concurso só pode ter seu prazo de vigência prorrogado 
caso ainda esteja em vigor. Assim, concursos vencidos não 
podem ser prorrogados; e, 
III) a contagem de prazo de vigência ocorre a partir da 
homologação do resultado, enfim, oportunidade em que a 
Administração reconhece a legitimidade de todas as etapas do 
concurso. 
Quinto ponto. 
A questão do ingresso dos deficientes nos quadros da Administração. 
Vejamos, mais uma vez, o disposto na CF/1988: 
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e 
empregos públicos para as pessoas portadoras de 
deficiência e definirá os critérios de sua admissão 
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De pronto, perceba que o dispositivo constitucional não isenta os 
portadores de deficiência de prestar concurso para ingresso nos 
quadros da Administração. O dispositivo não fixa, ainda, qual é o 
percentual. O que se preserva, contudo, é o direito de tais pessoas de 
participarem de concursos públicos, para cargos que sejam 
compatíveis com as deficiências que portem. A propósito, a Lei 
8.112/1990, ao regulamentar a matéria, previu: 
Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o 
direito de se inscrever em concurso público para 
provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis 
com a deficiência de que são portadoras; para tais 
pessoas serão reservadas até 20% das vagas oferecidas 
no concurso. 
Perceba, pelo dispositivo, que o limite é máximo. Na esfera federal, 
o Decreto 3.298, de 1999, estabeleceu o limite mínimo: 
Art. 37. Fica assegurado à pessoa portadora de deficiência o 
direito de se inscrever em concurso público, em igualdade de 
condições com os demais candidatos, para provimento de cargo 
cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que é 
portador. 
§ 1o O candidato portador de deficiência, em razão da 
necessária igualdade de condições, concorrerá a todas as 
vagas, sendo reservado no mínimo o percentual de cinco por 
cento em face da classificação obtida. 
Interessante notar que, a partir de decisões judiciais, pode-se 
afirmar que nem todo concurso precisa reservar vagas para 
deficientes. Nesse contexto, o STF, no Mandado de Segurança 26310, 
considerou legítimo o edital de concurso para o preenchimento de 
duas vagas que não reservou nenhuma para deficientes. Entendeu a 
Corte Suprema que reservar uma vaga, ou seja, cinquenta por 
cento das vagas existentes, implicaria majoração indevida dos 
percentuais legalmente estabelecidos. 
A partir do entendimento do STF, pode-se dizer que nem todo 
concurso público reservará vagas para deficientes. 
Aliás, a própria definição de deficiência, por vezes, é cercada de 
polêmica, como foi o caso dos monoculares. 
O STF, ao tratar do RMS 26.071, entendeuque candidato, portador 
de visão monocular, tinha o direito de ocupar o cargo de técnico 
judiciário do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A decisão foi 
adotada por unanimidade da Primeira Turma do Supremo Tribunal 
Federal (STF). 
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No caso, os ministros da Turma concordaram com o entendimento do 
relator de que visão monocular é uma necessidade especial e legitima 
o portador a concorrer às vagas especiais nos concursos públicos. 
Perceba que o candidato, embora possuidor de visão monocular, não 
era considerado deficiente, por conta das normas que tratam da 
matéria, pois teria plena capacidade visual em um dos olhos. Ora, é 
gritante, pelo menos para nós, que tal situação deva ser considerada 
deficiência, na linha do decidido, felizmente, pelo STF. Destaca-se 
que esse é o posicionamento do STJ (visão monocular é deficiência, 
para efeitos de participação em concursos). E aqueles que tenham 
audição somente em um dos ouvidos também vem sendo 
considerados em concursos públicos como deficientes. Mas, enfim, é 
difícil, pensamos, que o examinador adentre a caracterização do que 
é deficiência, para efeito de prova de concurso. 
A comprovação da deficiência por parte do pleiteante às vagas nessa 
concorrência própria deve ser feita na data dos demais, pois, para o 
STJ, se assim não se proceder, será ofendido o princípio da isonomia 
[MS 14.038]. 
É de incumbência da junta médica oficial a avaliação se o portador de 
deficiência possui condições de exercer o cargo pretendido, ou, ainda, 
informar se o candidato é deficiente. Caso não seja deficiente, o 
candidato, que houver concorrido para a vaga nessa qualidade, terá 
sua aprovação invalidada, e deverá ser convocado o deficiente 
seguinte na ordem de classificação, para que se adote o idêntico 
procedimento de verificação. 
Sexto ponto. 
O estabelecimento de limitações ao acesso a cargos e empregos 
públicos. Há a possibilidade de, em determinadas situações, fixar 
exigência de altura, sexo, condição física, para acesso ao cargo ou 
emprego pretendido. 
As limitações ao acesso aos cargos e empregos públicos só devem ser 
aceitas quando razoáveis e em consonância com a ordem jurídica. No 
caso de veto à participação de candidato, deverá sempre ser 
motivada. Tal regra encontra-se consolidada na Súmula 684 do STF: 
É inconstitucional o veto não motivado à participação de 
candidato a concurso público. 
Também não devem ser admitidas, de regra, as odiosas restrições 
discriminatórias, em relação à origem, sexo, raça, religião. De toda 
forma, há necessidade de estabelecimento de requisitos que 
permitam aferir a aptidão do interessado em ingressar no serviço 
público. Tais requisitos, em virtude do princípio da legalidade, devem 
ter previsão legal, e não apenas no edital do certame. Sobre o 
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tema, dispõe o Recurso Extraordinário 184.432-RS, apreciado pelo 
STF: 
O edital de concurso não é instrumento idôneo para o 
estabelecimento de limite de idade para a inscrição em 
concurso público; para que seja legítima tal exigência é 
imprescindível a previsão em lei. 
Nada impede que o edital mencione ou reproduza o que dispõe a Lei, 
a título de exigência. O que se veda é realização de exigências 
exclusivamente por meio de edital. 
O momento de exigência dos requisitos para o exercício das 
atribuições do cargo também é importante. Segundo a Súmula 266 
do STJ, os requisitos devem ser cumpridos quando da posse, e não 
no momento de inscrição. Quanto às carreiras jurídicas e do 
Ministério Público, o STF afastou a aplicação da Súmula do STJ, para, 
por exemplo, autorizar a exigência de três anos de atividade jurídica 
no ato de inscrição do concurso público. Detalhe: a Resolução 
87/2012 do CNMP fixa a exigência dos três anos de atividade jurídica 
na data da posse. Há, assim, uma dualidade. Tratando-se de 
concursos para a Magistratura, atividade exigida na data da inscrição 
definitiva. E MP, data da posse. 
Com relação às limitações de idade, o STF (Súmula 683) permite a 
sua existência, desde que a natureza das atribuições do cargo as 
exija. E este limite de idade, mínimo ou máximo, deve estar pautado 
na razoabilidade e proporcionalidade. 
Por fim, a questão da exigência dos exames psicotécnicos, que pode 
ser entendida, em certa medida, como uma espécie de limitação. 
A jurisprudência do STF é bastante rica sobre o assunto, por isso 
parece-nos suficiente a interpretação da Súmula 686 do STF: 
Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a 
habilitação de candidato a cargo público. 
Não há dúvida: só a LEI pode exigir exames psicotécnicos. Para o 
STJ, a exigência de psicotécnicos demanda a observância de três 
fatores [RMS 29087]: 
- Previsão legal: não basta, por exemplo, a simples previsão 
em Edital; 
- Cientificidade e objetividade dos critérios adotados: o que 
afasta amadorismos de teste empregados sem qualquer rigor 
científico; 
- Possibilidade de revisão do resultado obtido pelo 
candidato: o direito de uma segunda opinião é inerente à 
natureza humana. 
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Fixação 
CESPE - OI (ABIN)/2008 
Na segunda fase do concurso para provimento de cargo de policial, Flávio 
matriculou-se no curso de formação, já que tinha sido aprovado nas provas 
objetivas, no exame psicotécnico e no teste físico, que compunham a chamada 
primeira fase. No entanto, a administração pública anulou o teste físico, 
remarcando nova data para a sua repetição, motivo pelo qual foi anulada a 
inscrição de Flávio no curso de formação. 
Acerca dos atos administrativos referentes à situação hipotética apresentada, 
julgue o item subsequente. 
Conforme entendimento do STF, o exame psicotécnico, para ser admitido em 
concursos públicos, deve estar previsto em lei e conter critérios objetivos de 
reconhecido caráter científico, sendo prescindível a possibilidade de reexame na 
esfera administrativa.2 
Sétimo ponto. 
O concurso para seleção de servidores é diferente do concurso 
modalidade de licitação. Pode parecer sem sentido dizer isso, mas há 
bancas organizadoras que insistem em cobrar em provas. Os de lá 
(de Licitações) têm por objeto a escolha de um ALGO (trabalho 
técnico, artístico, científico), e os de cá (Lei 8.112/1990), a escolha 
de ALGUÉM. Portanto, não podem ser confundidos. 
Fixação 
(2013/CESPE/TELEBRAS/Analista Administrativo) O concurso é 
a modalidade de licitação utilizada para escolha de trabalho técnico e 
científico ou provimento de cargos públicos, devendo os critérios de 
seleção empregados nessa modalidade constarem em edital. 
Comentários: 
Esse item é um ‘clássico’ em provas. E essa prova é de 2013! Na realidade, 
os concursos, como modalidade de licitação, destinam-se à seleção de 
trabalhos técnicos, artísticos ou científicos (§ 5º do art. 22 da Lei 
8.666/1993). Já os concursos para seleção de ocupantes de cargos públicos 
são regidos pela Lei 8.112/1990, em âmbito federal. Daí o erro do item, já 
que se trata de concursos distintos – um, para seleção de ALGO (trabalhos), 
regido pela Lei 8.666/1993; outro, para seleçãode ALGUÉM (servidores), 
regido pela Lei 8.666/1993. 
Gabarito: ERRADO. 
Oitavo ponto. 
A publicidade do edital norteador do certame. Como ato 
administrativo que é, o edital precisa ser tornado público. Quanto a 
 
2 Gabarito: Errado. 
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isso, não pode mais haver dúvidas a essa hora, ok? A questão é 
saber qual o instrumento que deve ser utilizado para divulgá-lo, e, 
sobretudo, as convocações dos candidatos aprovados. Quanto ao 
edital, afirma a Lei 8.112, de 1990 (art. 12): 
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua 
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário 
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação. 
Para a doutrina, o ideal seria que o próprio edital informasse datas 
prováveis de realização das provas, de divulgação dos resultados, de 
convocação para a posse e tudo o mais. Só que isso muitas vezes não 
é possível, uma vez que a Administração, como todos nós, pode 
sofrer contingências. Daí, cumpre aos candidatos acompanhar as 
divulgações de resultado. Mas, por onde, não é? Seria o caso de ler o 
Diário Oficial todos os dias? Sobre o tema, vejamos trecho de decisão 
do STJ (AgRg/RMS 37.227): 
DIREITO ADMINISTRATIVO. DIREITO DO CANDIDATO 
APROVADO EM CONCURSO PÚBLICO A SER COMUNICADO 
PESSOALMENTE SOBRE SUA NOMEAÇÃO. 
O candidato tem direito a ser comunicado pessoalmente sobre 
sua nomeação no caso em que o edital do concurso estabeleça 
expressamente o seu dever de manter atualizados endereço e 
telefone, não sendo suficiente a sua convocação apenas por 
meio de diário oficial se, tendo sido aprovado em posição 
consideravelmente fora do número de vagas, decorrer curto 
espaço de tempo entre a homologação final do certame e a 
publicação da nomeação. 
Nessa situação, a convocação do candidato apenas por 
publicação em Diário Oficial configura ofensa aos princípios da 
razoabilidade e da publicidade. A existência de previsão 
expressa quanto ao dever de o candidato manter atualizado seu 
telefone e endereço demonstra, ainda que implicitamente, o 
intuito da Administração Pública de, no momento da nomeação, 
entrar em contato direto com o candidato aprovado. Ademais, 
nesse contexto, não seria possível ao candidato construir real 
expectativa de ser nomeado e convocado para a posse em curto 
prazo. Assim, nessa situação, deve ser reconhecido o direito do 
candidato a ser convocado, bem como a tomar posse, após 
preenchidos os requisitos constantes do edital do certame. 
Precedente citado: AgRg no RMS 35.494-RS. 
A decisão acima cuida dos candidatos aprovados fora das vagas 
previstas no edital. Quanto aos candidatos aprovados dentro do 
número de vagas, o STJ (RMS 22.508) assim se manifestou: 
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Estado é obrigado a intimar pessoalmente nomeado em 
concurso público 
A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu 
restabelecer o prazo para que uma mulher nomeada em 
concurso público apresente os documentos necessários e realize 
os exames médicos exigidos para a posse no cargo de 
assistente administrativo do estado de Roraima. A mulher 
afirmou que mora numa cidade que não tem acesso ao Diário 
Oficial e, por isso, não tomou conhecimento de sua nomeação. 
Por isso, perdendo o prazo para apresentar a documentação. 
No STJ, o recurso em mandado de segurança foi impetrado 
contra a decisão do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) que, 
ao negar o pedido, afirmou que não há no edital qualquer 
previsão de convocação pessoal dos candidatos para qualquer 
ato relativo ao concurso. 
A defesa da candidata alega que a manutenção da posição do 
TJRR ofende o direito individual líquido e certo dela ser 
empossada no cargo para o qual conseguiu aprovação em 
concurso público. Para tanto, citou a Súmula 16 do Supremo 
Tribunal Federal (STF), que afirma que todo funcionário 
nomeado por concurso público tem direito à posse. Afirmou, 
ainda, que o Estado tem a obrigação de promover sua 
intimação pessoal, ainda mais porque ela é servidora efetiva do 
estado de Roraima, não devendo ser reconhecida sua 
responsabilidade pelo prejuízo causado, uma vez que tal 
intimação não ocorreu. Por fim, solicitou a restituição do prazo 
para a posse. 
Para a relatora, ministra Laurita Vaz, mesmo que no edital não 
haja norma prevendo a intimação pessoal de candidato, a 
administração pública tem o dever de intimar pessoalmente 
quando há o decurso de tempo razoável entre a homologação 
do resultado e a data da nomeação – nesse caso, mais de um 
ano –, em atendimento aos princípios constitucionais da 
publicidade e razoabilidade. 
Os ministros da Quinta Turma seguiram o voto da relatora para 
que seja restituído o prazo para a apresentação dos 
documentos. Eles levaram em consideração que, mesmo com 
as dificuldades de acesso à informação, a nomeada protocolou 
pedido administrativo de nomeação e posse no cargo, 
aproximadamente 60 dias após a publicação do edital de 
convocação. A decisão foi unânime. 
Precedentes 
O caso não é inédito, mas reforça a nova jurisprudência que o 
STJ está firmando sobre o tema. A relatora do recurso, ministra 
Laurita Vaz, citou dois precedentes do STJ. Em 2008, a Quinta 
Turma decidiu que um candidato aprovado em concurso para 
escrivão da Polícia Civil do Estado da Bahia teria direito a nova 
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convocação para posse. Ele foi informado da nomeação apenas 
por publicação no Diário Oficial do estado. O relator foi o 
ministro Arnaldo Esteves Lima (RMS 22508). 
Este ano, a Sexta Turma aderiu ao mesmo entendimento. 
Seguindo voto da ministra Maria Thereza de Assis Moura, o 
órgão considerou uma violação aos princípios da publicidade e 
da razoabilidade a efetivação do ato de nomeação somente 
mediante publicação no diário oficial. No caso analisado, 
também não havia previsão expressa de intimação pessoal do 
candidato. O concurso era para procurador do estado de Minas 
Gerais e a nomeação se deu mais de três anos da data de 
homologação do concurso (RMS 21554). 
Entenda que o candidato tem o direito de ser notificado pessoalmente 
acerca de sua convocação para a posse. A mera notificação via diário 
oficial, portanto, é insuficiente para isso. 
Nono ponto. 
Não se pode atrelar o valor da inscrição ao salário mínimo. Na visão 
do STF é inconstitucional. 
Décimo ponto. 
O controle judicial das questões formuladas para as provas de 
um concurso. 
De modo geral, tem-se entendido como indevido o controle judicial 
das questões de prova de um concurso. Entretanto, esse 
posicionamento encontra exceções. Nesse quadro, já decidiu o STF: 
MS N. 30.859-DF 
RELATOR: MIN. LUIZ FUX 
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. 
ANULAÇÃO DE QUESTÕES DA PROVA OBJETIVA. 
DEMONSTRAÇÃO DA INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À ORDEM DE 
CLASSIFICAÇÃO E AOS DEMAIS CANDIDATOS. PRINCÍPIO DA 
ISONOMIA OBSERVADO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO 
COMPROVADOS. PRETENSÃO DE ANULAÇÃO DAS QUESTÕES 
EM DECORRÊNCIA DE ERRO GROSSEIRO DE CONTEÚDO NO 
GABARITO OFICIAL. POSSIBILIDADE.

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