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Aula 07

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Curso Teórico de Direito Administrativo para TRT GO 
Profº Cyonil Borges – Aula 07 
 
Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 45 
 
AULA 07 – Processo Administrativo Federal 
Olá pessoal, tudo bem? 
O tema de hoje é relativamente simples, mas repleto de detalhes: o processo 
administrativo federal, mas precisamente o campo de aplicação da Lei 9.784, 
de 1999. 
Essa é uma das melhores leis que envolvem o Direito Administrativo. O texto 
é claro, não há, praticamente, resgates (os famosos conforme o artigo 
“tal”...), e há conceitos que se alinham, com perfeição, ao que expõe a 
doutrina. Enfim, a lei é ótima! Então, vamos! E com prazer, já que nos resta 
apenas isso. 
Forte abraço a todos. 
Cyonil Borges. 
 
 
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Sumário 
1. Introdução: O Campo de Abrangência da Lei 9.784, de 1999 .......................... 3 
2. Princípios do Processo Administrativo ......................................................................... 6 
3. Trâmite do Processo– Lei 9.784, de 1999 ............................................................... 12 
3.1. Competência Para a Apreciação ........................................................................... 16 
3.2. Forma, Tempo e Lugar dos Atos do Processo ................................................ 20 
3.3. Intimação e Direitos dos Administrados ........................................................... 21 
3.4. Revelia ............................................................................................................................ 23 
4. Impedimento e Suspeição (arts. 18 a 21 da Lei 9.784/1999) ........................ 23 
5. Desistência e Extinção do Processo ............................................................................ 26 
6. Anulação, Revogação e Convalidação dos Atos Administrativos..................... 27 
7. Recursos e Revisão ........................................................................................................... 30 
8. Disposições Finais .............................................................................................................. 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Introdução: O Campo de Abrangência da Lei nº 9.784, de 1999 
Nas lições preliminares do Direito Constitucional, aprendemos que os entes 
da federação, dentro de sua tríplice autonomia, possuem competência 
para se auto-organizar, ou seja, são autônomos nesse aspecto, nos 
termos da CF/1988 (art. 18). 
Assim, cada um dos entes federativos tem competência para legislar 
sobre algumas matérias referentes ao seu próprio funcionamento, como 
servidores públicos e processos administrativos, por exemplo. 
Em razão disso, a União, quando cria, por exemplo, sua própria norma a 
respeito de servidores, esta não se estenderá, automaticamente, aos 
Estados e aos Municípios da Federação. Os entes políticos estabelecem suas 
próprias normas a respeito de servidores. 
É o que ocorre, por exemplo, com a Lei 8.112/1990, a qual vale tão só para 
servidores civis federais. Nessa mesma linha, a Lei 9.784/1999 só é 
válida, obrigatoriamente, para a UNIÃO, não se estendendo aos 
demais integrantes da Federação. O que não impede, é claro, que o 
Estado-membro adote, facultativamente, a Lei 9.784/1999, como já 
entendeu o STJ. O Distrito Federal, por exemplo, recepcionou, integralmente, 
a Lei 9.784, de 1999. 
 
Abra-se um parêntese para esclarecer que a Lei é válida para toda a 
Administração Direta e Indireta da União, do Poder Executivo, bem 
como no desenrolar dos processos administrativos conduzidos nos demais 
Poderes, Tribunal de Contas e Ministério Público. Abaixo, vejamos o 
que diz o §2º do art. 1º da Lei: 
Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes 
Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função 
administrativa. 
 
Em síntese: a Lei 9.784/1999 é válida para a Administração Direta e 
Indireta, de todos os Poderes, no que diga respeito aos processos 
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administrativos federais, não se aplicando automaticamente para os 
Estados, Distrito Federal e Municípios. 
 
Fixação 
Sandro tem 20 anos de idade e é agente administrativo da Superintendência Regional 
do Trabalho e Emprego (SRTE) de um estado da Federação. Ele pretende mover um 
processo administrativo no âmbito do MTE em face de resolução emanada pelo ministro 
em 2001. Pretende, ainda, mover outro processo perante a Superintendência em que 
atua contra o despacho do superintendente que indeferiu seu pedido de gozo de férias 
de 45 dias consecutivos. 
Considerando a situação hipotética apresentada acima e à luz da Lei n.º 9.784/1999, 
que regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal, julgue 
o item que se segue. 
Os dispositivos da Lei n.º 9.784/1999 se aplicam, entre outros, aos órgãos do Poder 
Judiciário da União quando no desempenho de função administrativa.1 
Visto o campo de aplicação da Lei Federal de Processo Administrativo, 
passemos a falar do vocábulo “processo”, em si 
Etimologicamente, processo indica algo que caminha para adiante, voltado 
para objetivo certo. Juridicamente, processo é visto, comumente, como algo 
relacionado à função jurisdicional, ou seja, é instrumento da jurisdição, 
por intermédio do qual os magistrados ou Tribunais resolvem litígios entre os 
interessados (partes nos processos). Na esfera administrativa, também 
temos processos, os quais, pelas suas peculiaridades, devem ser 
diferenciados com relação aos processos judiciais. Vejamos. 
Os processos judiciais contêm o exercício da função jurisdicional, havendo, 
de regra, um conflito de interesses a ser resolvido. O “de regra” é porque há 
situações que não haverá conflitos. Isso costuma ser raro, mas pode 
acontecer, a exemplo da jurisdição voluntária. Contudo, como a matéria não 
é de nosso interesse aqui, melhor não a aprofundar, ok? 
No processo judicial a relação é trilateral: há partes (interessados) 
diferentes envolvidas, além da presença do “Estado-Juiz”, ao qual incumbe a 
tutela jurisdicional (noutras palavras, resolver o problema). No processo 
administrativo nem sempre ocorrerá conflito a ser resolvido, e, por vezes, o 
processo administrativo implica mero desempenho de atividade 
administrativa, como nos processos administrativos licitatórios. 
Diferentemente dos processos judiciais, os processos administrativos, 
quase sempre, são “bilaterais”, dado que, havendo conflito, de um lado 
estará o interessado e de o outro o Estado, que será, concomitantemente, 
 
1
 Gabarito: Certo 
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parte e “juiz”. De fato, lembrando os Processos Administrativos Disciplinares, 
recordemos que nestes (os PADs), a Administração Pública, a qual integra a 
relação como parte interessada, é que “dirá o direito”, ou seja, tomará a 
decisão quanto à responsabilidade do servidor potencialmente infrator. 
Ressalta-se, ainda, que o processo judicial culmina, de regra, em umadecisão que restará imodificável e definitiva, após o trâmite natural do 
assunto (o “tal” trânsito em julgado, coisa julgada). Já no processo 
administrativo, as decisões decorrentes poderão ainda ser questionadas 
no Poder Judiciário, ante o princípio da inafastabilidade de jurisdição, 
estabelecido no inc. XXXV do art. 5º da CF/1988 (a lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito). 
Lembre-se, por oportuno, de que o Poder Judiciário não possui um “amplo e 
irrestrito” poder, para assim adentrar no exame das decisões proferidas em 
processos administrativos. Apenas para reforçar: o Judiciário não pode 
invadir o mérito das decisões administrativas, por mais que tenha 
legitimidade para apreciar os atos dessa natureza, quando demandado a 
tanto. 
É útil de destaque que, administrativamente, o uso dos termos 
“processos” ou “procedimentos” administrativos é indistinto. Dessa forma, 
podemos falar processo licitatório ou procedimento licitatório. Ambas as 
formas estão corretas. Não é prudente que o examinador faça qualquer 
distinção, especialmente porque esta dicotomia (processo x procedimento) é 
ponto sem solução entre os processualistas. Sendo, para nosso objetivo, 
uma discussão estéril. Em todo caso, se a organizadora ingressar neste 
“terreno minado”, acompanha o entendimento de que o procedimento 
representa a série de atos encadeados numa sequência lógica (é algo 
dinâmico), ao passo que o processo é a relação jurídica propriamente dita (é 
algo estático). 
É o que ocorre na esfera judicial! As expressões processo e procedimento 
guardam distinções. O procedimento, judicialmente, constitui um conjunto 
de formalidades e medidas que deve ser observado para a prática de certos 
atos; equivale ao rito, à forma de proceder. 
Os procedimentos, portanto, desenvolvem-se dentro dos processos, de 
regra, pois há exceções, diga-se de passagem, desnecessárias para o 
presente curso. Dessa forma, judicialmente, procedimento é 
instrumental, enquanto processo é meio para a tomada de decisão 
jurisdicional. 
Para fins de fixação, é possível conceituar processo (ou procedimento) 
administrativo como uma série de atos tendentes a um resultado final 
pretendido pela Administração Pública, com vistas ao melhor atendimento do 
interesse público. 
Interessante notar, antes de finalizarmos esse trecho, que a Lei do processo 
administrativo estabelece, além de normas a respeito do assunto, proteção 
aos administrados, ou seja, particulares que sujeitem a processos 
administrativos federais. Vejamos o art. 1º da norma: 
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Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo 
administrativo no âmbito da Administração Federal direta e 
indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos 
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da 
Administração. 
 
Mas não é só: a norma estabelece deveres para os administrados, deveres. 
Em resumo, acham-se listados no art. 4º, transposto a seguir para facilitar o 
aprendizado: 
Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem 
prejuízo de outros previstos em ato normativo: 
I - expor os fatos conforme a verdade; 
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; 
III - não agir de modo temerário; 
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o 
esclarecimento dos fatos. 
Em suma: a Lei de Processo Administrativo Federal estabelece as normas 
gerais dos processos administrativos, bem como os direitos e deveres dos 
administrados. 
2. Princípios do Processo Administrativo 
Gente, olha só: esse trecho é só para lembrar que a Lei 9.784, de 1999, 
enumera vários princípios em seu art. 2º. 
Boa parte deles inclusive já foi objeto de estudo em outras disciplinas, como 
a de Direito Constitucional. Porém, para fixação, não custa nada ler na 
íntegra o artigo citado. Abaixo: 
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos 
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, 
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, 
segurança jurídica, interesse público e eficiência. 
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O parágrafo único do artigo em referência estabelece vários “critérios” a 
serem observados nos processos administrativos federais. 
Na verdade, esses critérios são os princípios, então desdobrados. A seguir, 
vamos associar os critérios aos princípios respectivos. De vez em quando, o 
melhor método de estudar a Lei é esse mesmo: lendo a Lei! 
Vamos, então, para o nosso “exercício de associação”. 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre 
outros, os critérios de: 
I - atuação conforme a lei e o Direito: 
Princípio mais diretamente associado: LEGALIDADE. 
 
Comentário: salta aos olhos que o critério em referência diz respeito à 
legalidade. A curiosidade é que o legislador, acertadamente, vai mais além 
do cumprimento da Lei. Nos processos administrativos é necessário se 
observar o DIREITO, com todos os seus preceitos e fundamentos, ou seja, 
a moralidade, a legitimidade, e outros, que vão além do cumprimento da Lei, 
em sentido formal; 
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial 
de poderes ou competências, salvo autorização em lei; 
Princípio mais diretamente associado: SUPREMACIA DO E 
INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO. 
Comentário: a competência e os poderes para a Administração são 
irrenunciáveis. Noutras palavras: competência distribuída é competência a 
ser exercida. 
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção 
pessoal de agentes ou autoridades; 
Princípio mais diretamente associado: IMPESSOALIDADE/FINALIDADE. 
 
Comentário: a divulgação das ações do Estado deve ser impessoal, para 
evitar essa confusão que muitas vezes se faz entre o público e privado. Isso, 
inclusive, encontra-se em linha com o que estabelece a CF/1988 (§ 1º do 
art. 37), a qual proíbe o uso de símbolos ou imagens que caracterizem 
promoção pessoal de agentes públicos. 
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; 
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Princípio mais diretamente associado: PROBIDADE. 
Comentário: é o velho e bom princípio da probidade evidenciado neste 
dispositivo, claro. Vocês já perceberam como o legislador insiste em reforçar 
o dever de probidade? Pois é, essa coisa da repetição é boa. Quanto mais 
você repete, maior a tendência de a ideia ser fixada. É igual vida de 
concursando: repetir quantas vezes for necessário, até aprender o assunto. 
Esperamos que alguns agentes públicos, então, estejam atentos ao dever de 
probidade, já que tão repetido nas normas... 
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de 
sigilo previstas na Constituição. 
Princípio mais diretamente associado: PUBLICIDADE. 
 
Comentário: são possíveis atos sigilosos por parte de Administração, 
desde que se trate de uma das hipóteses de previsão constitucional. 
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, 
restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias 
ao atendimento do interesse público; 
Princípio mais diretamente associado: PROPORCIONALIDADE E 
RAZOABILIDADE.Comentário: não custa reforçar que tudo o que a Administração Pública 
fizer deve encontrar conformidade no que diga respeito à proporcionalidade. 
É o velho ditado: os fins não justificam os meios... 
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a 
decisão 
 
Princípio mais diretamente associado: olha a MOTIVAÇÃO na prática aí, 
gente! 
 
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Comentário: motivação é regra, mas com exceções. Ou seja: há atos 
que não precisam ser motivados. Mas são poucos esses atos que não 
precisam de motivação, pois o rol do art. 50 da Lei 9.784/1999 tem um 
número razoável de hipóteses em que a motivação é necessária. 
Motivar significa expor pressupostos de fato e de direito que suportaram 
a prática do ato. A Lei 9.784/1999 aponta em seu art. 50 situações em que 
obrigatória a motivação dos atos administrativos, tal como se vê: 
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com 
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: 
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; 
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; 
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção 
pública; 
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo 
licitatório; 
V - decidam recursos administrativos; 
VI - decorram de reexame de ofício; 
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou 
discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; 
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação 
de ato administrativo. 
 
A Lei indica, ainda, que a motivação deve ser explícita, clara e 
congruente, podendo consistir em declaração de concordância com 
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou 
propostas (a chamada MOTIVAÇÃO ALIUNDE), que, neste caso, serão 
parte integrante do ato e que, na solução de vários assuntos da mesma 
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natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos 
das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. 
 
Observe-se que não são todos os atos que exigem motivação, ainda que 
seja desejável a realização desta. De fato, certos atos discricionários não 
necessitam de motivação. O mais clássico exemplo é a nomeação e 
exoneração de servidor detentor de cargo em comissão. Contudo afirme-se 
que, a despeito de nem sempre exigirem motivação, todos os atos 
administrativos, vinculados ou discricionários, não dispensam a existência 
de motivo, que é diverso da motivação. 
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos 
administrados 
Princípio mais diretamente associado: FORMALISMO MODERADO 
 
Comentário: formas são meios, não a própria razão de ser da 
Administração. Daí, sempre que possível, a Administração deve procurar 
“facilitar”, ou seja, adoção de formas simples, de maneira que as decisões 
sejam céleres, e voltadas ao melhor atendimento dos interesses públicos. 
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de 
certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados 
Princípio mais diretamente associado: FORMALISMO MODERADO 
Comentário: valem os comentários do inciso anterior. 
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, 
à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que 
possam resultar sanções e nas situações de litígio. 
Princípio mais diretamente associado: CONTRADITÓRIO E AMPLA 
DEFESA 
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XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da 
atuação dos interessados; 
Princípio mais diretamente associado: IMPULSO OFICIAL OU 
OFICIALIDADE. 
 
Comentário: interessante perceber, de plano, que esse princípio não está 
citado no caput do art. 2º. Mas é unânime na doutrina que, nos processos 
administrativos, o impulso do processo, ainda que provocado pelo 
particular, compete à Administração, uma vez que esta tem o dever de 
tutelar o interesse público, independente do interesse daquele 
particular responsável pela “provocação” que resultou na instauração do 
processo administrativo. 
 
Já nos processos ocorridos no âmbito judicial, o impulso processual, de 
regra, é de incumbência das partes, as quais devem tomar providências 
para a movimentação do processo, restando graves consequências para a 
parte que permaneça inerte. Diz-se, então, que o juiz se move em razão do 
“impulso das partes”, daí sua inércia, isto é, se não for provocado, nada 
fará. 
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o 
atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de 
nova interpretação 
Princípio mais diretamente associado: SEGURANÇA JURÍDICA. 
Comentário: muito bom esse dispositivo. Dá para brincar bem... Note que a 
lei veda aplicação RETROATIVA de nova interpretação, MAS NÃO VEDA 
NOVA INTERPRETAÇÃO, ou seja, a interpretação muda, mas não para o 
passado. Isso, claro, proporciona segurança, em termos jurídicos. 
Fixação 
Acerca dos contratos administrativos, julgue o item seguinte. 
No âmbito do processo administrativo, não pode o administrador deixar de aplicar lei já 
em vigor, sob o argumento da existência de mudança de entendimento acerca da sua 
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interpretação e aplicação. Nesse caso, a nova interpretação deve ser aplicada aos casos 
já analisados, sob pena de violação ao princípio constitucional da legalidade. 
Comentários: 
A interpretação feita pela Administração pode mudar, mas não com efeitos passados. 
Gabarito: ERRADO. 
3. Trâmite do Processo– LEI 9.784, de 1999 
Sinteticamente, um processo administrativo pode ser resumido nas fases 
abaixo, referentes aos processos disciplinares, vistos nas aulas de 
servidores: 
 
E, basicamente, todo processo administrativo, com pequenas variações, é 
assim: instaura, cria e decide. 
Conforme o art. 5° da Lei 9.784, de 1999, o processo pode ser iniciado pela 
Administração ou em razão de provocação do interessado, sendo que o 
requerimento feito por este último deve ser formulado por escrito e conter 
os seguintes dados: 
Órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; identificação do 
interessado ou de quem o represente; domicílio do requerente ou local 
para recebimento de comunicações; formulação do pedido, com 
exposição dos fatos e de seus fundamentos; data e assinatura do 
requerente ou de seu representante. 
 
Após a instauração do processo, há, basicamente, duas fases nos processos 
administrativos: 
I) Instrução – na qual se faz o levantamento das informações 
necessárias à tomada de decisão; 
II) Decisão – após a instrução, cabe ao órgão/agente público decidir. 
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De maneira sintética, então, o trâmite de um processo administrativo pode 
ser assim ser resumido: INSTAURA,INSTRUI e DECIDE. 
A Administração não pode recusar, de forma imotivada, o recebimento de 
documentos, devendo orientar o interessado sob o modo de suprir eventuais 
falhas quanto ao pedido formulado. A recusa imotivada de documentos 
afrontaria de maneira inequívoca o direito de petição, 
constitucionalmente estabelecido. 
É possível que diferentes interessados formulem pedidos em requerimento 
único, desde que estes tenham conteúdo e fundamentos idênticos, salvo 
disposição legal em contrário. 
Fixação 
Julgue os itens a seguir de acordo com a Lei n.º 9.784/1999, que regula o processo 
administrativo no âmbito da administração pública federal. 
Pedidos de vários interessados com conteúdo e fundamentos idênticos devem ser 
formulados em requerimentos separados, com vistas à maior agilidade dos processos 
administrativos e à diminuição dos seus volumes. 
Comentários: 
É o contrário – pedidos com conteúdo e fundamentos idênticos podem ser formulados em um 
mesmo requerimentos. Isso, inclusive, é bem mais econômico para a Administração, que poderá 
apreciar os argumentos em conjunto, numa única oportunidade. 
Gabarito: ERRADO. 
O art. 9° da Lei 9.784/1999 aponta como legitimados para atuarem no 
processo, na qualidade de interessados: 
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de 
direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de 
representação; 
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou 
interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; 
III - as organizações e associações representativas, no tocante a 
direitos e interesses coletivos; 
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a 
direitos ou interesses difusos. 
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Abaixo, vamos “brincar” de misturar dois importantes tópicos: o processo e o 
ato administrativo. Vamos lá. 
Sabe-se que o elemento de formação dos atos administrativos competência 
é de natureza vinculada. E se surgir no processo administrativo dúvida 
quanto à competência? Ou seja, não se sabe bem quem é a autoridade 
competente para decidir a matéria, quem será, então, que aprecia a 
matéria? A Lei de Processo tem a resposta. Inexistindo competência legal 
específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a 
autoridade de menor grau hierárquico para decidir. 
Isso mesmo. Em havendo dúvida, o ato será iniciado pela autoridade 
competente de menor grau hierárquico. E tem que ser assim mesmo. 
Imagina se fosse o contrário. No caso de dúvida, o processo fosse iniciado 
perante a maior autoridade... Tudo poderia acabar nas “costas” do(a) 
Presidente da República, no caso do Poder Executivo Federal... Isso 
inviabilizaria a vida do(a) Presidente da República, o(a) qual tem muito que 
fazer. E mais: o administrado não teria como entrar com recurso, a não ser 
na esfera judicial! Restar-lhe-ia, na esfera administrativa, o pedido de 
reconsideração. 
A fase de instrução é a que se refere à etapa essencialmente 
probatória do processo, isto é, o momento de provar. A instrução tem 
por finalidade fornecer ao administrador todas as informações necessárias 
para a solução adequada da matéria, tendo a autoridade competente, 
portanto, quando do encerramento da instrução, capacidade de decidir o 
processo. 
Em nome da ampla defesa, o legislador garantiu a apresentação das 
alegações finais por parte do interessado, facultando-lhe, no entanto, o 
prazo máximo de dez dias para a apresentação, salvo se outro for 
legalmente fixado. Esse é um prazo geral, que, portanto, não revoga os 
prazos previstos nas legislações específicas. 
Um detalhe pouco percebido é que o prazo é máximo para estas 
alegações, ou seja, se a instrução não for complexa ou longa, a ponto de 
exigir tempo hábil ao interessado para se defender, é garantido à 
autoridade competente fixar prazos menores. 
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De acordo com a Lei 9.784, de 1999, o interessado poderá, na fase 
instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos (os memoriais) 
e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações 
referentes à matéria objeto do processo. 
Com relação à produção de pareceres, que podem ser produzidos na 
instrução do processo por órgãos consultivos, o art. 42 da Lei 9.784/1999 
indica que: 
I) É de 15 dias o prazo para emissão de parecer, salvo norma 
especial ou necessidade comprovada de maior prazo; 
II) Caso o parecer não seja emitido no prazo fixado, poderão ser 
havidas as seguintes consequências: 
a) Parecer obrigatório e vinculante: se não emitido no prazo 
correto, o processo deverá ser paralisado, com a decorrente 
responsabilização de quem der causa ao atraso; 
b) Parecer obrigatório e não vinculante: se não emitido no prazo 
certo, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua 
dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no 
atendimento. 
c) Parecer não obrigatório: a lei não trata especificamente dessa 
situação, mas neste caso o processo segue, podendo ser proferida a 
decisão. Aquele que der causa ao descumprimento da emissão do 
parecer, claro, deverá ser responsabilizado. 
Pois bem, chegamos à decisão do processo. Concluída a instrução, a 
Administração tem o prazo de 30 dias para proferir a decisão, 
prorrogável, motivadamente, por igual período. A Administração tem o 
dever de decidir de modo claro quanto aos assuntos que lhe forem 
submetidos (art. 48). 
 
Caso o órgão responsável pela instrução não seja competente para decidir, 
deverá elaborar um relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases 
do procedimento e, ainda, formular proposta de decisão, objetivamente 
justificada, encaminhando o processo à autoridade competente. 
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3.1. Competência Para a Apreciação 
Não estranhe! É isso mesmo. O assunto competência é merecedor de reforço 
teórico. 
O tema “competência” é tratado na Lei 9.784, de 1999, no essencial, nos 
arts. 11 a 17, que, de pronto, registra a irrenunciabilidade da 
competência. Portanto, a competência deve ser exercida a quem foi 
atribuída, ressalvas feitas às possibilidades de delegação e avocação. 
Vejamos o teor do art. 11 da Lei: 
A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos 
a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e 
avocação legalmente admitidos. 
A leitura do dispositivo reconstruído fica assim: 
a competência para a prática de atos em processos administrativos 
deve ser exercida pelos órgãos a que foi atribuída como própria, 
permitindo-se a delegação e a avocação nos casos juridicamente 
admissíveis. Todavia, não se permite a renúncia de competência, 
uma vez que isso seria como renunciar ao interesse público. 
Esse esclarecimento tem que ser feito, pois, pela redação do dispositivo, 
muitos têm impressão que seria possível a renúncia de competências. 
Jamais! O que a Lei admite é a delegação e avocação de competência. Mas 
prossigamos. 
 
Já o artigo 12 da Lei 9.784, de 1999, estabelece: 
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não 
houver impedimento legal, delegar parte da sua 
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes 
não lhe sejam hierarquicamentesubordinados, quando 
for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, 
social, econômica, jurídica ou territorial. 
Façamos juntos a leitura do dispositivo: 
um órgão administrativo e quem o titulariza podem, desde que não 
haja proibição legal, delegar parte da sua competência a outros 
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órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente 
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de 
índole técnica, social, econômica, jurídica, ou territorial (não é 
política e sequer moral!). 
Duas observações: 
I) não pode haver delegação de toda competência. Veja que o primeiro 
trecho negritado fala em delegação de parte. Só não diz qual o tamanho 
dessa “parte”, o que pode levar a problemas no cotidiano do mundo real. 
Se houver delegação de 99% da competência, teremos delegação de parte? 
Mas deixa pra lá. Isso é procurar “chifre em cabeça de cavalo” e o 
examinador, normalmente, não faz isso... 
II) pode haver delegação, mesmo que não haja subordinação direta 
entre aqueles envolvidos (é o segundo trecho negritado). 
O ato delegatório, quando for possível, deverá especificar os poderes 
transferidos, podendo ser revogado a qualquer tempo pelo delegante (é a 
qualquer tempo mesmo!). 
Por exemplo: Tício é diretor de uma área do órgão “X”, e deve realizar 
determinada tarefa administrativa. Mévio é Diretor de outra área, no 
mesmo nível hierárquico de Tício, que está muito ocupado e não tem 
tempo para promover as diligências e outros atos necessários para 
resolver a tarefa administrativa que tem que fazer. Zás, trás! Tício 
delega os atos para Mévio, e não há nenhuma irregularidade nisso, 
dado que a Lei permite a delegação, mesmo que não haja hierarquia 
direta entre Tício e Mévio. 
Pergunta interessante: Mévio pratica o ato em razão da delegação de Tício. 
Afinal quem será responsabilizado, se for o caso, pelas consequências do 
ato? 
O ato praticado sob o manto da delegação reputa-se praticado pelo delegado 
(o delegatário, quem recebeu a delegação), é dizer, por quem efetivamente 
o praticou, o qual, inclusive, responderá por eventuais irregularidades no 
exercício da competência delegada. É isso o que diz o art. 14. Vejamos: 
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar 
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo 
delegado. 
Lembra o Otário. É aquele que se dá mal. Delegatário também termina em 
ÁRIO. 
Todavia, não são todos os atos administrativos que podem ser delegados. O 
art. 13 da Lei 9.784/1999 estabelece a indelegabilidade de competência 
para alguns atos. 
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O primeiro desses atos indelegáveis é a apreciação de recursos 
administrativos. 
Aliás, essa é uma das boas passagens da Lei, pela seguinte razão: imagina 
que uma autoridade qualquer tome uma decisão que tenha sido 
potencialmente prejudicial a um particular. Este então recorre. O recurso 
administrativo é encaminhado, então, pela via hierárquica para a autoridade. 
Suponha que essa autoridade superior pudesse delegar a competência para a 
apreciação do recurso. 
Resultado: a autoridade hierárquica superior poderia delegar para a 
autoridade que adotou a decisão administrativa inicial, decisão esta 
exatamente que o potencial prejudicado quer ver reformulada. Daí, uma 
grande chance de “não valer nada” o recurso, pois este seria apreciado pelo 
mesmo responsável pela apreciação inicial. Sem falar, ainda, que, com a 
delegação, haverá uma redução das possíveis instâncias revisoras, 
prejudicando, mais uma vez, o administrado. 
Outras vedações de delegação são, igualmente, extraídas do art. 13 da Lei 
9.784/1999: 
- a edição de atos de caráter normativo; e 
- as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. 
Chama-se atenção para o fato de que é vedada a delegação da competência 
exclusiva (não da privativa). Isso, aliás, é uma convenção do Direito 
Administrativo – a exclusividade da competência seria dizer ao agente 
público: olha, só você, mais ninguém, pode exercer a competência. Não a 
delegue, então, pois se alguém agir em seu lugar, o ato será completamente 
nulo. Porém, em Direito Administrativo, nem sempre nossas bancas 
organizadoras distinguem a exclusividade da privatividade, por isso, atenção 
redobrada na hora da prova. 
No que se refere à necessidade de divulgação do ato de delegação, diz a Lei: 
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser 
publicados no meio oficial. 
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes 
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os 
objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter 
ressalva de exercício da atribuição delegada. 
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§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela 
autoridade delegante. 
Os negritados não constam do original. Vamos lá. 
I) tanto o ato inicial de delegação como sua revogação serem 
publicados em meio oficial (leia-se: não é, necessariamente, Diário Oficial, 
pode ser um Boletim Interno do órgão/entidade). 
E qual a utilidade desta publicação? Principalmente para efeito de 
controle por outras autoridades e órgãos, isso porque as decisões adotadas 
serão consideradas editadas pelo delegado. 
Ponto de interesse: é possível a delegação com reserva de poderes? A 
resposta é positiva, segundo previsto no §1º do art. 14 da Lei 9.784/1999. 
Leiam de novo, se for o caso. 
A delegação com reserva de poderes garante que a autoridade delegante 
exerça, concomitantemente, com delegado a competência. Em havendo 
reserva de poderes, é desnecessário que a autoridade delegante primeiro 
revogue ou avoque a competência delegada para depois exercer a 
competência. E nota que a revogação pode ser feita a qualquer, em razão do 
que diz o § 2º do art. 14. 
Finalmente, para fecharmos esse trecho, a avocação, que é abordada no 
art. 15 da Lei 9.784/1999. O dispositivo será reproduzido para ser explorado 
um pouco mais: 
Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes 
devidamente justificados, a avocação temporária de competência 
atribuída a órgão hierarquicamente inferior. 
 
Os destaques referentes à avocação são os seguintes: 
I) caráter excepcional: a avocação não deve ser prática, mas 
exceção. Não é desejável que a norma atribua competência a um 
órgão/agente e o superior hierárquico, então, retire tal competência. Além 
disso, imagina a situação do sujeito que tem sua competência avocada. 
Acabaria sendo marcado em seu local de trabalho. Mais ou menos assim: 
olha, lá vai ele. O sujeito que teve sua competência avocada... 
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II) motivos relevantes, justificados: não poderia ser diferente. Se 
a avocação é excepcional, tem de ser explicada quando de sua ocorrência. 
Daí, sua necessária motivação; 
III) temporária: o tempo certo é necessário. Caso contrário, é 
melhor que a competência passe a ser do avocante; e 
IV) com relação a órgão inferior: imagina diferente – avocar 
competência de quem é hierarquicamentesuperior. Não há sentido nisso, 
não é? 
3.2. Forma, Tempo e Lugar dos Atos do Processo 
Vamos trabalhar os aspectos formais do processo. Na realidade, o processo, 
em si, é formal. É que a Administração deve obediência ao due processo of 
law, isto é, ao devido processo legal. Não há como escapar disso: a 
Administração deve obedecer a Lei. 
Todavia, o art. 22 da Lei 9.784/1999 indica que os atos do processo 
administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei 
expressamente a exigir. Há, portanto, um “formalismo moderado” para a 
Administração, o que significa dizer que a Administração não deve se apegar 
a regras sacramentais, mas sim buscar as melhores soluções para o 
atendimento dos interesses públicos. 
 
Segue a norma apontando que os atos do processo devem ser produzidos 
por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a 
assinatura da autoridade responsável. O processo deve ter, ainda, suas 
folhas numeradas sequencialmente e rubricadas. 
Destaque-se que não há necessidade de reconhecimento de firma quanto aos 
documentos apresentados, salvo no caso de imposição instituída em lei ou no 
caso de dúvida quanto à autenticidade. 
Fixação 
Julgue os itens a seguir de acordo com a Lei n.º 9.784/1999, que regula o processo 
administrativo no âmbito da administração pública federal. 
Os atos do processo administrativo devem ser produzidos por escrito, com a assinatura 
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da autoridade que os pratica. Essa assinatura deve ser submetida ao reconhecimento de 
firma, afastando-se qualquer dúvida sobre a sua autenticidade. 
Comentários: 
E o contrário – de modo geral não é necessário o reconhecimento de firma nos 
processos administrativos. 
Gabarito: ERRADO. 
Quanto ao momento de realização dos atos administrativos, estes deverão 
ser produzidos, de regra, em dias úteis, no horário normal de 
funcionamento da repartição na qual tramitar o processo, possibilitando-se, 
contudo, a conclusão depois do horário normal dos atos já iniciados, 
cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause 
dano ao interessado ou à Administração. 
Não havendo outro prazo estipulado em lei, os atos de incumbência da 
Administração ou dos administrados devem ser realizados no prazo de 
cinco dias, ressalvados motivo de força maior. Esse prazo de cinco dias 
por ser prorrogado por até igual período, desde que devidamente justificado. 
Preferencialmente, os atos do processo deverão ser realizados na sede do 
órgão, mas podem também ser realizados em outro local. Nessa hipótese, o 
interessado deverá ser cientificado, para que tome conhecimento do ato a 
ser praticado, bem como do local de sua realização. 
 
3.3. Intimação e Direitos dos Administrados 
Para que tome conhecimento do acontecido no processo, o interessado deve 
ser intimado com relação às decisões e diligências realizadas. Se for 
necessária a presença do administrado, este deverá ser intimado com 
antecedência de três dias úteis, no mínimo. De acordo com a Lei 
9.784/1999, a intimação poderá ser: 
I – Pessoal (ciência no processo), por ocasião do comparecimento do 
interessado; 
II - por via postal com aviso de recebimento; 
III - Por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da 
ciência do interessado; 
IV – Por intermédio de meio de publicação oficial, no caso de 
interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio 
incerto. 
Não há ordem de preferência com relação às três primeiras 
hipóteses. Já a publicação oficial cabe somente nas hipóteses listadas no 
item IV, ou seja, interessados não conhecidos, domicílio incerto 
(administrado “cigano”) ou interessados indeterminados. 
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Outros aspectos que merecem realce sobre a intimação, a seguir: 
a) No caso das intimações terem sido realizadas sem observância 
das prescrições legais, o que poderia levar à nulidade destas, o 
comparecimento do interessado suprirá a irregularidade, ou mesmo 
a falta da intimação. Essa hipótese é chamada de 
“comparecimento espontâneo” do interessado, que supre a 
ausência de intimação ou ilegalidade desta; 
b) Em razão do princípio da verdade material, o não 
comparecimento do interessado não implica na presunção de 
sua culpa, tampouco renúncia a direitos que porventura lhes 
sejam assegurados; e, 
c) Devem ser objeto de intimação quaisquer atos do processo que 
resultem em imposição de deveres, ônus, sanções ou 
restrição ao exercício de direitos e atividades para o interessado. 
 
Fixação 
O desatendimento, pelo particular, de intimação realizada pela Administração 
Pública Federal em processo administrativo 
a) não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, mas constitui 
renúncia a direito pelo administrado, se se tratar de direito disponível. 
b) importa o reconhecimento da verdade dos fatos, e a renúncia a direito 
pelo administrado. 
c) importa o reconhecimento da verdade dos fatos, mas não constitui 
renúncia automática a direito pelo administrado, tratando-se de direito 
indisponível. 
d) não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a 
direito pelo administrado. 
e) opera extinção do direito de defesa, por opção do próprio particular. 
Comentários: 
Nessa, vamos partir direto para o que diz a Lei 9.784/1999. Vejamos o que diz o art. 
27 da norma de referência: 
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade 
dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado. 
A resolução do item, então, torna-se facilitada – LETRA D. Cumpre registrar que tal 
disposição advém do princípio da verdade real, prevalecente nos processos 
administrativos. Diferentemente do que ocorre nos processos judiciais ‘comuns’, 
(cíveis ordinários) nos administrativos deve a Administração buscar, com todos os 
meios legais ao seu alcance, buscar esclarecer o que, efetivamente, aconteceu. 
Noutras palavras, o processo administrativo é muito menos formal que os processos 
que, de modo geral, tramitam no judiciário. 
Gabarito: alternativa D. 
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3.4. Revelia 
Com base na doutrina, pode-se afirmar que o não-atendimento ao chamado 
aos autos, ou seja, a revelia, não importará o reconhecimento da 
verdade, nem a renúncia a direito pelo administrado, sendo 
assegurado, no prosseguimento do processo, o direito de ampla defesa, 
como estabelece o art. 27 da Lei n. 9.784/1999. 
Mas, se o sujeito, intimado, não comparece ao processo, não deveríamos 
concluir que tudo aquilo que lhe é imputado é verdade, tal qual na esfera 
processual cível? Não, não é assim não, na VIA ADMINISTRATIVA. Caso na 
via judicial (cível) comum, ou seja, no processo civil “normal” cível, aí sim, 
quem cala, consente. Mas na via administrativa é diferente... 
De fato, imagina o seguinte: a Administração “acha” que determinado 
particular cometeu determinada irregularidade. Daí, abre a investigação, 
visando à apuração. Intimado, o particular não comparece, na via 
administrativa, para apresentar defesa. Caso a Administração concluísse, é 
verdade tudo aquilo que pretende se investigar, inverteria, totalmente, a 
lógica do processo, afinal somos inocentes até que se prove o 
contrário. Isso é decorrência, basicamente, deduas causas: 
I) No processo administrativo, a Administração, ao tempo que é 
parte, age como “magistrada”, operando e aplicando o 
direito; e, 
II) No processo administrativo deve-se buscar a verdade 
material, real, não a verdade processual-formal, 
prevalecente nos processos judiciais ordinários. 
Aqui, chega-se à seguinte conclusão: a revelia não gera a conclusão que 
os fatos porventura imputados a um investigado são verídicos. 
Diferente disso, a Administração, mesmo no caso de revelia, deve elucidar, 
da melhor maneira possível, a situação, buscando, efetivamente, descobrir o 
que realmente ocorreu. 
4. Impedimento e Suspeição (arts. 18 a 21 da Lei 9.784/1999) 
Os impedimentos e suspeições constituem aplicação direta do princípio 
da impessoalidade. 
De fato, os atos da Administração devem ser fundamentados, motivados, 
livres de imoralidades, de subjetivismos, cercados (sempre e sempre) da 
imparcialidade. 
Nos processos administrativos, como conjunto de atos interligados 
logicamente para um resultado final, a história não pode (deve) ser 
diferente, por contarmos, inclusive, com o agravante de que a 
Administração funciona (a um só tempo) como julgadora e parte. 
Assim, se houver tendência de se prejudicar ou de se favorecer o 
administrado, é dever de a Administração afastar seus servidores da 
condução do processo. 
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Logo, com a tentativa de se evitar o desvio de finalidade, a ofensa ao 
princípio da impessoalidade, a Lei 9.784/1999 trouxe regras sobre os 
impedimentos e as suspeições. 
O art. 18 lista os casos de impedimento, vejamos: 
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; 
II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha 
ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, 
companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; 
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado 
ou respectivo cônjuge ou companheiro. 
 
Na mesma linha do processo civil, as hipóteses de impedimentos são de 
natureza bem objetivas, são aferíveis pelas circunstâncias apresentadas. 
Por exemplo: Ministro da Fazenda recebe pedido de servidores sobre 
concessão de determinada gratificação, a qual, igualmente, lhe será 
favorável. Nesse caso, em razão do interesse na matéria, deve comunicar 
(obrigatoriamente!) o fato ao Presidente da República, abstendo-se de atuar. 
Vamos acrescentar mais um detalhe sobre a regra de impedimento: o grau 
de parentesco. 
O grau de parentesco gerador do impedimento é consanguíneo e por 
afinidade até o 3º grau, por exemplo: 
- Consanguíneo (ligados pelo sangue): pais, filhos, netos, avós, 
irmãos, tios, e sobrinhos; 
- Por afinidade: sogros, genros, sobrinhos, tios do cônjuge, cunhados 
(A SOGRA É ETERNA PARENTE!). 
E os primos? Esses podem. Isso porque são parentes colaterais de 
4º grau (PRIMO É PARENTE DE QUARTO GRAU, VIU!) 
Relativamente à suspeição, vale, mais uma vez, a transcrição da norma: 
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que 
tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados 
ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o 
terceiro grau. 
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Diferentemente do impedimento (o qual deve ser informado pelo servidor, 
sob pena de incidir em falta grave), a suspeição não será, necessariamente, 
declarada pelo próprio servidor, podendo, inclusive, ser arguida pelas partes 
interessadas, ocasião que indeferida a alegação, poderá ser objeto de 
recurso, sem efeito suspensivo. 
Fixação 
A esposa de um servidor público é advogada e fez a defesa administrativa de uma 
empresa autuada pela fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. Os honorários 
que ela pactuou com essa empresa, para a realização da defesa, foi com base no 
resultado (contrato de êxito). Esse servidor é a autoridade competente para apreciar a 
defesa e julgar a autuação. Neste caso esse servidor: 
a) pode dar-se por suspeito se alguém arguir sua suspeição. 
b) não está impedido, mas pode dar-se por suspeito, por razões de foro íntimo. 
c) deve, necessariamente, dar-se por suspeito. 
d) está impedido de atuar no feito. 
e) não está impedido de atuar no feito nem obrigado a dar-se por suspeito, ainda que 
alguém argua a sua suspeição. 
Comentários: 
Sendo a esposa do servidor advogado da empresa autuada pelo MTE, este se 
encontra em situação de impedimento para atuar no feito. 
Gabarito: alternativa D. 
Os fundamentos para a aplicação da suspeição são: a amizade íntima ou a 
inimizade notória. 
 
Bom, antes que alguém pergunte o que é amizade íntima...O conceito não 
vem ao caso, sinceramente. Será ter jogado bola de gude no carpete da 
sala? Ter soltado pipas, com linha chilena, no ventilador? Dormir no mesmo 
quarto? Não sabemos! O examinador, claro, é cuidadoso com as afirmativas 
em prova, em não entrará em controvérsias com relação a este assunto. 
Em síntese: as situações de impedimento são OBJETIVAS. Ninguém 
discute que “sua mãe é a sua mãe”, o grau de parentesco é algo indiscutível. 
Já as de suspeição são SUBJETIVAS. Noutras palavras, importam um juízo 
de valor quanto à amizade ou inimizade, enfim, o fato de o servidor 
processado ter uma foto, em happy hour, com o julgador não representa, a 
priori, amizade íntima. 
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5. Desistência e Extinção do Processo 
De acordo com o art. 51 da Lei 9.784/1999, o interessado pode desistir, por 
escrito, total ou parcialmente da pretensão inicialmente contida no 
processo ou mesmo renunciar a direitos disponíveis. 
 
Tal situação (de desistência), todavia, não prejudica o prosseguimento 
do trâmite do processo, caso a Administração conclua que a matéria 
tratada seja de interesse público. 
Por exemplo: imagina que o amigo leitor seja servidor da 
Administração Federal. Um dia qualquer, num bate-papo com os outros 
colegas de turma (de curso de formação, por exemplo), chega à 
conclusão que tem direito a uma gratificação que não vem recebendo. 
Daí entra com um processo administrativo junto ao órgão de lotação 
para ver reconhecido o direito. Só que, noutro bate-papo, alguém 
passa o bizu: rapaz, sabe aquela gratificação que nós estamos 
pleiteando, o pessoal do órgão “X” perdeu em um processo igualzinho 
ao nosso! Você, então, pensa: será que é para desistir do recurso? 
A resposta [infelizmente para o pleiteante] é: desistir pode, mas isso não 
encerrará de imediato o processo administrativo, por duas razões: 
I) em razão do princípio do impulso oficial, o qual determina que o 
processo tem o andamento pela própria Administração, ainda que 
instaurado em razão de provocação do particular; 
II) devido ao princípio da verdade material, o qual determina que se 
apure o que realmente ocorreu, os fatos reais. 
Fixação 
Sandro tem 20 anos de idade e é agente administrativo da Superintendência Regional 
do Trabalho e Emprego (SRTE) de um estado da Federação. Ele pretende mover um 
processo administrativo no âmbito do MTE em face de resolução emanada pelo ministro 
em 2001. Pretende, ainda, mover outro processo perante a Superintendência em que 
atua contra o despacho do superintendente que indeferiu seu pedido degozo de férias 
de 45 dias consecutivos. 
 
Considerando a situação hipotética apresentada acima e à luz da Lei n.º 9.784/1999, 
que regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal, julgue 
o item que se segue. 
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Uma vez protocolado o processo administrativo no âmbito da administração pública 
federal, o interessado não poderá desistir do pedido. 
Comentários: 
Nesse item, o examinador prestou homenagem ao Prof. Sandro Maranhã... rsrs... 
Mas, então – o item está errado, pois cabe a desistência do processo sim. 
Gabarito: ERRADO. 
O processo administrativo, de acordo com a Lei n. 9.784/1999 (art. 52), 
poderá ser declarado extinto pelo órgão competente quando exaurida a 
finalidade do feito ou o objeto da decisão venha se tornar impossível, inútil 
ou prejudicado por fato superveniente. 
Há doutrinadores de peso que dizem que a adoção do princípio do impulso 
oficial no processo administrativo tem por objetivo proporcionar maior 
agilidade ao feito, dado que o andamento deste não depende da iniciativa de 
terceiros, mas sim da própria Administração. Esta linha de raciocínio é 
interessante. Fiquem atentos, então, em prova! 
6. Anulação, Revogação e Convalidação dos Atos Administrativos 
A anulação do ato decorre de ilegalidade, podendo ser realizada pela 
própria Administração ou pelo Poder Judiciário. Aqui, vale a regra 
geral: ato nulo não gera efeitos, ou seja, o efeito da anulação é ex tunc, 
retroagindo ao momento de edição do ato, resguardando-se, contudo, 
terceiros de boa-fé, alcançados pelo efeito do ato produzido. Ressalte-se que 
a anulação é dever da Administração, tal como se extrai do art. 53 da Lei, 
que diz: 
a Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados 
de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de 
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos 
(grifou-se). 
 
A exceção a essa regra é a convalidação, vista mais à frente. 
A revogação, por sua vez, é a retirada do mundo jurídico de atos válidos, 
legítimos, que se tornaram inconvenientes, inoportunos, em resumo, 
desnecessários ao Poder Público. 
Dentre muitos conceitos, a revogação pode ser entendida como o 
instrumento jurídico por meio do qual a Administração Pública promove a 
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retirada de um ato administrativo por razões de conveniência e 
oportunidade. 
Como fica fácil de ver, a revogação tem íntima correlação com atos 
produzidos no exercício do Poder Discricionário. Entretanto, como o que 
importa acerca da revogação já foi tratado na aula de atos, não tornaremos 
ao assunto aqui, para não o tornar enfadonho. 
A Lei 9.784/1999 estabelece importantes regras a respeito da 
convalidação. 
Há autores, de peso do Direito Administrativo, que defendem a 
impossibilidade de convalidação dos atos administrativos. Não existiriam, 
assim, atos anuláveis, mas tão só os atos administrativos válidos ou nulos, 
estes últimos não passíveis de correção ou de produção de efeitos, 
resguardando-se, obviamente, efeitos produzidos quanto a terceiros de 
boa-fé. 
Acontece que, a partir da vigência da Lei 9.784/1999, passou a ser 
possível o aproveitamento de atos administrativos com vícios ditos 
superáveis (sanáveis). Desse modo, hoje não há dúvida: é possível a 
convalidação dos atos administrativos, a qual produz efeitos, é bom que se 
relembre, ex tunc, isto é, os efeitos da correção retroagem ao momento da 
edição do ato. 
Destaque-se que nem todos os vícios são sanáveis. Só o são os vícios 
quanto à competência e forma, como vimos na aula de atos 
administrativos, lembram-se? 
Na Lei podem ser identificadas duas hipóteses de convalidação: 
- Tácita (art. 54): quando os efeitos do ato viciado favorecerem os 
administrados, a Administração dispõe de cinco anos para anulá-
lo (prazo decadencial). Transcorrido tal prazo sem manifestação 
da Administração, o ato administrativo restará convalidado e 
definitivos serão os efeitos dele decorrentes, salvo no caso de má-
fé comprovada. Exemplo de má-fé, para ficar mais fácil – 
particular apresenta certidão falsa, para usufruir de um direito. 
Nesse caso, a doutrina aponta o prazo de 10 anos de prazo 
decadencial, em analogia ao maior prazo contido no Código Civil de 
2002; e, 
- Expressa (art.55): as decisões administrativas que não 
acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a 
terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser 
convalidados pela própria Administração. O grifo feito no vocábulo 
“sanáveis” é exatamente para fazer o alerta – vícios insanáveis não 
podem ser convalidados. 
Duas últimas notas podem ser registradas aqui, em razão do que dispõe o 
art. 54 da Lei: 
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de 
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. 
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Caso clássico, relativo à aposentadoria, que é um ato que efeitos 
patrimoniais contínuos (paga-se mês a mês). Nesse caso (de aposentadoria), 
o prazo para decadência é contado do primeiro mês de pagamento. 
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida 
de autoridade administrativa que importe impugnação à validade 
do ato. 
Esse parágrafo é interessante. Vamos a um exemplo – um ato qualquer que 
gera direitos a um particular é produzido. 4 anos, 11 meses, 29 dias depois, 
a Administração instaura processo com vistas à anulação de tal ato. A 
decisão pela anulação é tomada tão só um ano depois. Pergunta-se – 
ocorreu a decadência? NÃO, pois foi adotada medida com vistas à anulação 
dentro do prazo adequado. Deem atenção a isso, pois sempre cai em prova. 
Fixação 
Determinado cidadão ostenta a condição de anistiado político, vez que fora 
beneficiado por ato administrativo, praticado em 05/10/2005, que lhe 
atribuiu tal condição, bem como determinou a reparação econômica dela 
decorrente. 
Mediante acompanhamento das atividades da Administração Pública e 
usufruindo da transparência imposta pela Lei do Acesso à Informação, o 
cidadão descobre, em consulta ao sítio eletrônico do Ministério da Justiça, 
que havia sido formado grupo de trabalho para a realização de estudos 
preliminares acerca das anistias políticas até então concedidas. Irresignado e 
temeroso de que as futuras decisões do referido grupo de trabalho viessem a 
afetar sua esfera patrimonial, o cidadão impetra mandado de segurança 
preventivo para desconstituir o ato que instaurou o grupo de trabalho. 
Acerca do caso concreto acima narrado, assinale a opção incorreta, 
considerando a jurisprudência dos Tribunais Superiores sobre a questão. 
a) A criação do mencionado grupo de trabalho insere-se no poder de 
autotutela administrativa. 
b) Por força do art. 54 da Lei n. 9.784/99, há prazo decadencial para que a 
Administração revise seus atos. 
c) Caso o grupo de trabalho encontre ilegalidades na concessão da anistia, 
será preciso ouvir o cidadão por ela beneficiado, garantindo-lhe o 
contraditório e a ampla defesa. 
d) Não houve ato ilegal ou abusivo da Administração passível de correção 
pela via do mandado de segurança. 
e) A Administração conduzirá os processos submetidos ao grupo de trabalho 
baseada no princípio da oficialidade.Comentários: 
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Vamos direto para a análise dos itens, com atenção para o fato de que o examinador 
pede o item incorreto. 
-Letra A: CORRETA. Pela autotutela, consagrada na Súmula 473, a Administração 
Pública pode anular um ato, no caso de ilegalidade, ou revogá-lo, no caso de 
inconveniência ou inoportunidade. A Administração deve, portanto, zelar pelo seu 
correto funcionamento. Bem por isso, a criação do grupo de trabalho vem a atender a 
tal princípio. 
- Letra B: INCORRETA. De fato, há prazo decadencial na Lei 9.784/1999 (ART. 54). 
Entretanto, isso não se aplica à situação exposta, já que referido prazo de decadência 
da norma se aplica aos atos que tenham resultado em sanções para o Administrado, 
informação que não foi mencionada no comando da questão. Para esclarecer, veja o 
artigo da norma de referência: 
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão 
ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem 
fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a 
inadequação da sanção aplicada. 
Apesar da inaplicabilidade na espécie, aproveite para notar que a revisão se faz por 
fato novo. Importante anotar, ainda, que a revisão administrativa não pode levar ao 
agravamento da situação inicial do sujeito que a pleiteia, ainda conforme com a Lei 
9.784 (art. 65, parágrafo único). 
- Letra C: CORRETA. A bem do cumprimento da CF (inc. LV do art. 5º), que garante o 
direito ao contraditório em todas as situações em que houver litígio, ainda que 
potencial, é preciso, no caso descrito no comando da questão, que se garanta tal 
direito. 
- Letra D: CORRETA. Para a concessão do mandado de segurança, é necessário que 
haja liquidez e certeza no direito discutido. Ou seja, seria necessária ‘provas pré-
constituídas’ (indiscutíveis, por assim dizer), para que se concedesse o MS. Não é o 
caso. O grupo de trabalho mal fora constituído. Não houve qualquer tipo de decisão 
prejudicial ao cidadão interessado. E mesmo que houvesse, a via do MS não seria, 
pelos fatos descritos no item, a mais adequada para a discussão. Não há, portanto, 
situação que permita o uso do MS. 
- Letra E: CORRETA. Cumpre à Administração, de modo geral, a condução de ofício 
de seus processos administrativos. Noutras palavras: na via administrativa, o Poder 
Público não precisa ser demandado, para que possa instaurar, e conduzir, seus 
processos administrativos. 
Gabarito: alternativa B. 
7. Recursos e Revisão 
O recurso em um processo, qualquer um, diz respeito à nossa própria 
natureza, de homens (em sentido amplo, seres humanos). Um exemplo 
ilustra melhor: uma pessoa que nos é querida está doente. Na consulta com 
o médico, o profissional nos diz que a situação é muito grave. O que 
fazemos, então? RECORREMOS a uma segunda opinião, pois temos uma 
tendência natural de não acreditarmos naquilo que não é o “melhor dos 
mundos”. Com o direito não é diferente. 
A Lei de Processo cuida, nos arts. 56 a 65, dos recursos e da revisão. Os 
recursos podem ser interpostos por razões de legalidade e de mérito. De 
regra, o prazo a interposição de recursos administrativos é de dez dias, 
salvo disposição legal específica em sentido diverso. O prazo é contado 
a partir da ciência ou da divulgação oficial do ato. 
Agora, prestem atenção. Veja que é possível recursos administrativos com 
outros prazos, desde que a lei específica assim estabeleça. Exemplo disso: os 
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prazos recursais contidos no art. 109 da Lei 8.666/1993, que cuida 
especificamente de recursos em processos licitatórios (5 dias úteis, em 
regra). Então, ficamos assim quanto aos prazos para recursos 
administrativos: é de dez dias, salvo se lei específica estabelecer prazo 
diverso. 
Cabe à autoridade decidir o recurso no prazo de trinta dias, a partir do 
recebimento da peça recursal, prazo o qual pode ser prorrogado por igual 
período, desde que justificado pela autoridade. Exponha-se que o 
descumprimento pela Administração do prazo para decidir (julgamento a 
destempo) não implicará nulidade da decisão, mas poderá resultar na 
responsabilidade funcional de quem houver, de maneira injustificada, dado 
vazão ao atraso. 
Também, por regra, o recurso não tem efeito suspensivo, isto é, não 
suspende a execução da decisão recorrida. Costuma-se dizer, então, 
que os recursos administrativos possuem efeito apenas devolutivo, mas 
não suspensivo. Ah – como funcionam um e outro? Vejamos. 
O efeito suspensivo é como se fosse um efeito “para tudo”, o que deve ser 
entendido como exceção para os recursos administrativos. De fato, a 
Administração Pública deve empreender, dentro do possível, celeridade à sua 
atuação. Daí, fato raro o efeito suspensivo aos recursos administrativos, uma 
vez que tal situação acabaria obstando dita celeridade. 
Todavia, a autoridade competente (ou aquela imediatamente superior) para 
apreciação do recurso administrativo poderá, de ofício ou a pedido, de 
modo excepcional, conceder efeito suspensivo ao expediente recursal, 
se houver justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente 
da decisão recorrida. Por oportuno, cite-se que, em alguns casos, a 
Legislação reconhece a necessidade de efeito suspensivo para alguns 
recursos administrativos, em razão do potencial prejuízo que poderia ser 
resultante da não atribuição de tal efeito. É o que o ocorre, por exemplo, 
quanto aos recursos administrativos quanto às fases de habilitação e 
julgamento, os quais têm efeitos suspensivos por determinação expressa da 
Lei 8.666/1993. 
 
Destaque-se que, de modo preliminar à apreciação do recurso pela 
autoridade superior, a Lei estatui a possibilidade de reconsideração, no 
prazo de cinco dias, por parte da autoridade que tenha proferido a decisão 
recorrida (art. 61). A reconsideração funciona como um juízo de retratação 
por parte do responsável pela decisão inicial – é como se desse a ele uma 
oportunidade de pensar melhor sobre a matéria anteriormente decidida. 
Caso conclua que é necessária a reformulação da decisão anterior, poderá 
assim proceder, ao apreciar o pedido de reconsideração. 
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Em alguns casos, o recurso administrativo não deve ser conhecido. É o que 
acontece quando os recursos são interpostos: 
I - fora do prazo; 
II - perante órgão incompetente; 
III - por quem não seja legitimado; 
IV - após exaurida a esfera administrativa. 
 
No caso do item II acima, a autoridade responsável pelo recebimento do 
recurso deverá indicar ao interessado a autoridade competente para 
apreciação do expediente, devolvendo o prazo ao interessado, para que não 
sofra prejuízo na sua pretensão de recorrer. 
Interessante regra está contida no art. 64, que estabelece o órgão 
competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou 
revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua 
competência. O §1° do mesmo artigo estabelece a possibilidade de 
agravamento da situação inicial, no caso de RECURSO intentado. 
Opa! Presta atenção de que se admite a reforma em prejuízo 
(reformatio in pejus) do recorrente, o que não é permitido na 
revisão. Esta, possível a qualquertempo, a pedido ou de ofício, ocorre 
quando há fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a 
inadequação da sanção aplicada, não podendo resultar em agravamento da 
sanção inicial. Veda-se na revisão, portanto, a reformatio in pejus da 
situação inicial. 
Já o art. 57 estabelece o limite máximo de três instâncias 
administrativas, salvo se a lei dispuser de forma contrária. Ou seja, 
caso não haja nenhuma outra disposição de lei, o recurso caminhará por, no 
máximo, três instâncias administrativas. Passadas estas três instâncias, a 
matéria não poderá mais ser discutida na via administrativa. O destaque é 
para lembrar que nada impede o inconformado com a decisão de recorrer à 
via judicial, claro. Na VIA ADMINISTRATIVA É QUE, SUPERADAS AS 
TRÊS INSTÂNCIAS, NÃO CABERÁ DISCUSSÃO NA VIA DE RECURSO. A 
doutrina denomina de princípio da pluralidade de instâncias, como 
decorrência do princípio da autotutela. Assim, é permitido que nas ações de 
recurso o administrado se utilize de fundamento diverso para tentar reverter 
sua situação. 
Em razão de decisões do STF, vejamos que o dispõe o § 2º do art. 56 da Lei 
9.784/1999: 
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§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso 
administrativo independe de caução. 
De acordo com o dispositivo em referência, caso houvesse disposição legal 
específica, poderia ser exigida caução para que recorresse 
administrativamente. 
Ocorre que o STF tratou da gratuidade em processos administrativos em 
duas ADI apreciadas em conjunto, a 1.976 e a 1.922. A questão essencial 
tratava da necessidade de depósito de valores (ou arrolamento de bens) 
para que um interessado pudesse recorrer administrativamente. 
Na oportunidade, o STF entendeu que tal providência (exigência de bens 
arrolados ou de depósito de recursos) criaria um obstáculo injustificável 
para a impetração do recurso administrativo, mudando, totalmente, a 
posição que adotava anteriormente. O entendimento foi se consolidando e 
culminou na súmula vinculante 21, que diz: 
é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento 
prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso 
administrativo. 
Há despesas processuais cuja cobrança é permitida? SIM. Exemplo: as 
referentes a cópias do processo e outras assemelhadas, por exemplo. Mas 
não a cobrança de depósito de recursos financeiros ou a necessidade de 
arrolamento de bens. É isso. 
Outro dispositivo importante é o § 1º do art. 56 da Lei 9.784/1999. 
Vejamos: 
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a 
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o 
encaminhará à autoridade superior. 
Então, os recursos administrativos são dirigidos à autoridade que proferiu 
a decisão inicial, a qual, se não a reconsiderar, o encaminhará para a 
autoridade imediatamente superior. Então, imagine a seguinte situação: uma 
autoridade administrativa aplica uma punição ao servidor, o qual, 
inconformado, intenta um “recurso” perante a dita autoridade, a qual deve 
conhecer do pedido como pedido de reconsideração. A autoridade, então, 
denega o pedido. Daí, agora sim, a autoridade encaminhará o pedido, 
em grau de recurso, a uma autoridade hierarquicamente superior. 
Em síntese: sempre há possibilidade de o próprio órgão prolator da decisão 
administrativa reavaliar a decisão que fora tomada anteriormente, sob o 
manto do recurso, do pedido de reconsideração, da revisão, ou de outros. 
Isso se dá em razão do princípio da autotutela, consagrado na súmula 473 
do STF. 
Pois bem, falemos da revisão. 
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A revisão é possível a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, ocorrendo 
quando há fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de 
justificar a inadequação da sanção aplicada, não podendo resultar em 
agravamento da sanção inicial, como já mencionado. 
 
O fundamento da revisão é o FATO NOVO, AS CIRCUNSTÂNCIAS 
RELEVANTES, que justifiquem a inadequação da penalidade aplicada. Não 
cabe revisão, portanto, por conta de alegação de injustiça, ou à luz das 
provas que já foram produzidas e constam do processo. Novidade! 
O Brasil adota o sistema inglês ou de jurisdição una ou única, para controle 
judicial de atos jurídicos, assim todos os atos administrativos, 
guardados certos limites, podem ser apreciados judicialmente. 
No entanto, a adoção da jurisdição una não impede que a Administração 
Pública instaure processos administrativos visando à tomada de decisões 
dessa natureza (administrativas), as quais, contudo, não serão dotadas da 
definitividade típica das decisões judiciais, em razão da unicidade (ou 
inafastabilidade) da jurisdição do Poder Judiciário. 
Também foi destacado que a qualquer instante uma matéria pode ser 
levada à apreciação judicial, ainda que já instaurado, ou já decidido, 
um processo administrativo. Isso se dá em razão da unicidade de 
jurisdição, própria do Poder Judiciário. Todavia, há situações em que, 
primeiro, a via administrativa deve ser exaurida, para que se possa levar 
a matéria para a via judicial. 
O primeiro caso é a justiça desportiva. Esse já tá sem graça. Já vimos. O 
outro é mais interessante. Vamos ver. 
No contexto da reforma do judiciário, deflagrada a partir da Emenda 
Constitucional n. 45/2004, foi aprovada a Lei n. 11.417/2006, para a 
regulamentação das (já famosas) Súmulas Vinculantes. No art. 7º da norma 
assim está estabelecido: 
Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo que 
contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou 
aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal 
Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de 
impugnação. 
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§ 1o Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da 
reclamação só será admitido após esgotamento das vias 
administrativas. 
§ 2o Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal 
anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, 
determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação da 
súmula, conforme o caso. 
Para esclarecimento: a reclamação é o instrumento de previsão 
constitucional (alínea “l” do inc. I do art. 102 da CF) utilizado para 
preservação da competência e garantia da autoridade das decisões do STF. 
Assim, mais um caso de necessidade de esgotamento da instância 
administrativa para acrescentarmos à nossa vida “concursística”: para 
impetração de Reclamação junto ao STF em razão de uma 
ação/omissão da Administração Pública só após o exaurimento da via 
administrativa. 
Ah! Em pesquisa ao sítio eletrônico do STF, é possível encontrar outra forma de 
necessidade de exaurimento das vias administrativas. Na visão do STF, para que 
se receba a acusação penal pelo ilícito tributário capitulado no art. 1º da 
Lei 8.137/1990, é de se aplicar o entendimento no HC 81.611, no sentido de 
se aguardar o esgotamento da via administrativa. 
Para finalizar, lembrem-se as três situações colocadas à disposição para “brigar” 
por seus direitos: 
 I) Partir direto para uma ação judicial; 
 II) provocar a instauração de um processo administrativo e aguardar a 
solução do feito para, se for o caso, ir ao judiciário; 
 III) provocar

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