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Pensamento engajado do Filosofo mocambicano Severino Ngoenha, docente em Roma

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Resumo da Obra de Severino Ngoenha & José Castiano. “Pensamento Engajado: Ensaios sobre Filosofia Africana Educação e Cultura Política, Maputo: Editora educar, 2011.
INTRODUÇÃO
A presente obra, aborda sobre questões ligadas a busca da liberdade, a intersubjectividade entre a tradição africana e o discurso da modernidade dos povos ocidentais, que constituem um imperativo para afirmação humanidade dos negros africanos, que desde o primórdio da humanidade esteve sempre sob dominação como escravos, colonizados e hoje globalizados.
Com base neste pressuposto, pode-se afirmar que a obra “Pensamento Engajado: ensaio sobre a filosofia africana, educação e cultura política”, de Severino Ngoenha e José Castiano, enquadra-se no debate sobre o Pensamento Político Africano (PPA), particularmente na temática sobre a fundamentação da humanidade dos africanos, pois apresenta reflexões ligada a filosofia africana tocante questão da busca da liberdade e o enquadramento do espirito de comunidade do africano na actualidade.
Em termos da estrutura desta obra, apresenta dozes (12) artigos, subdivididas em três partes, nomeadamente: Na primeira parte, fazem parte os seguintes artigos, por um pensamento engajado; O espirito da democracia; Ubuntu: Novo modelo de justiça social; e Filosofia como engajamento contra os mitos. Na segunda parte, centra-se atenção nos artigos sobre, A actualidade de Junod; Educação e pobreza; Filosofia, ensino e intersubjectivacão; e Mudança paradigmática na educação; E na terceira e última parte, discute-se sobre as seguintes temáticas, Vigilância epistemológica através da educação; Concepções africanas do ser humanos; Ensino da filosofia e povos africanos; e O diálogo entre as culturas através da educação.
Portanto, neste resumo nos propomos a buscar as ideias centrais da obra, tendo em conta as materiais leccionadas na disciplina de Pensamento Político Africano, sem necessariamente fazer resumo detalhado de cada artigos, mas olhando como um texto único.
CAPITULO I
1. Objectivo do Trabalho
1.1 Geral: Este resumo tem como principal objectivo, conhecer o contributo da obra pensamento engajado de Severino Ngoenha e José Castiano no debate sobre o pensamento político africano.
1.2 Específicos:
Para materializar o objectivo principal do resumo, são definidos os seguintes objectivos específicos:
Identificar o pensamento filosófico dos autores;
Descrever a influência política da obra;
Averiguar os aspectos sociais trazidas pelos autores nesta obra;
Ver os aspectos culturais trazidas pelos autores na obra. 
1.3 Metodologia do Trabalho 
Em relação ao tipo pesquisa, este resumo é de natureza qualitativa, pois objectivo do resumo não é mensurar eventos ou a regularidade na qual ocorrem, mas compreender os factores por detrás da ocorrência, as dinâmicas que apresentam e a medida na qual influenciam o comportamento do actores e do pensamento político africano, (Richardson, 1999: 23). Em relação ao método de abordagem, utilizara-se o método hipotético-dedutivo, uma vez que obra foi elaborado como resultado da percepção de uma lacuna de manuais que aborda sobre as questões africanas, e também nas suas análises fala de áfrica e moçambique de forma genérica, sem concentra-se no caso específico. 
Num que diz respeito, ao método de procedimento, usara-se o método genealógico, onde procuremos fazer a ligação entre o pensamento dos autores e a principal questão da filosofia africana a busca da liberdade, isto é, identificaremos o grau de parentesco de pensamento destes dois actores, com os restantes pensadores africanos.
A técnica de recolha de informação para o resumo, foi a pesquisa bibliográfica, que consistiu na leitura da obra, website da internet que trata sobre temáticas relacionadas ao nosso objecto de estudo.
CAPITULO II
Nesta etapa do resumo, apresenta-se inicialmente o contexto do surgimento da obra, e posteriormente a contribuição política dos actores da obra.
2. Contexto do Surgimento da Obra 
A obra “Pensamento Engajado: ensaio sobre a filosofia africana, educação e cultura política”, foi escrito pelos autores em dois contextos distintos. Primeiro, a maior parte dos artigos foram escritos em momento diferente, para responder solicitações ou preocupações diferentes de áfrica, e particularmente de Moçambique. Segundo, ao escrever os artigos encontrava-se a viver em países completamente diferente em termos de desenvolvimento (Moçambique e Suíça), por isso as suas preocupações era diferentes, pelo facto de estarem ligados ao seu contexto científico e cultural. 
Apesar desta diversidade, ao analisar os conteúdos da obra, os autores convergem a suas abordagem filosófica e antropológica nos temas Moçambique e África, onde por um lado, procurou-se analisar questões sobre a condição humana dos moçambicanos e africanos na história, marcada pela busca constante da liberdade, pois os africanos entram na história universal como escravos, colonizados e hoje globalizados, ou seja, o substrato filosófico dos africanos é a busca da liberdade. Por outro lado, o eixo temático desta obra, é a busca de novas formas de intersubjectivação, isto é, a ideia de desconstrução e construção epistémicas de ideias de áfrica, onde pretende-se negar a ideia de dualismo africano, termos a tradição africana que nos puxa para atrás e a modernidade ocidental que espera que a tradição se decida avançar, ambos numa luta conflituosa eterna, bem como a necessidade de fundamentar um dialogo entre pensadores profissionais e os sábios.
2.1 POR UM PENSAMENTO ENGAJADO
Estudando as eleições de 1994, podemos afirmar que os moçambicanos foram votar pelo fim da guerra, por isso foi caracterizado pela adesão em massa das populações, e devido este imperativo o partido vencedor das eleições cumpriu devidamente as suas funções e os partidos da oposição realizaram uma verdadeira oposição na primeira legislatura da segunda República.
Não obstante deste êxito, dois (2) problemas importante surgiram durante a legislatura, que abordaremos: um de natureza económica e outro de ponto de vista político.
Durante a legislatura emergiram nas diferentes comunidades moçambicanas novas exigências e problemas, ligados ao processo de transformação que o país vivia, que jeito nenhum mancha o sucesso da primeira legislatura, pois o objectivo principal foi alcançado “garantir a paz”.
Do ponto de vista económico, a questão da paz, sem nunca perde a sua importância, foi rapidamente igualado e mesmo ultrapassados pelas questões económicas, resultantes das mudanças radicais na gestão do país e na sua gestão. No entanto, a primeira legislatura foi marcada pela mudança do sistema económico do país, de uma economia centralmente planificada e toda dimensão social que lhe acompanhava para uma economia de mercado, concorrencial, individualista. Portanto, essas alterações trouxeram consigo uma mudança social profunda, não só na organização económica, mas também na estrutura social e no relacionamento com o cidadão.
A primeira legislatura coincide também com o aumento dos investimentos estrangeiros, sob forma de empréstimos no país, que trouxe consigo imposições de políticas por parte de organismos internacionais e países estrangeiros, que modificaram a logica de funcionamento do estado moçambicanas. Sendo assim, o país acumulou dívidas galopante e foi obrigado a privatizar infra-estruturas que tinham simbolizado a identidade moçambicana.
Na vertente política, a primeira legislatura da Segunda República, enfrentava os problemas de falta de meios de participação dos cidadãos, nem sobre forma de referendo, nem pressionando os seus representantes eleitos a defenderem os interesses da sociedade. Aliado esse fenómeno, estava as dificuldades de comunicação (Televisão, Radio, Jornais), o nível elevado analfabetismo, e a disparidade entre as práticas politicas-culturais das sociedades e o tipo de democracia estabelecido.
Por fim, levantava-se a questão filosófica relacionada com maneira de assegurar que a democracia não se transformeno jogo de elites, por um lado, e por outro lado que a maioria da população participe plenamente com conhecimento de causa, não só através das eleições.
Se quisemos explicar detalhadamente, podemos dizer que os três (3) problemas que manifestaram-se durante a primeira legislatura, são: (i) o papel do estado moçambicano na sociedade moçambicana; (ii) a questão da representatividade; (iii) a soberania nacional face à comunidade internacional. Em seguida analisaremos cada um desses pontos, de forma separada.
2.1.1 O Papel do Estado Moçambicano na Nova Sociedade Moçambicana
Para analisar o papel do estado na nova sociedade moçambicana, é pertinente caracterizar a primeira e segunda república respectivamente. Na primeira República (1975- 1983), os executores da política estatal conheciam exactamente o lugar de cada um e o que tinham de fazer em nome de interesse público, por isso era contra todos os actos que eram considerados corruptos. Quer dizer o Estado moçambicano pela sua natureza libertária e socialista era distributiva, e valores dos moçambicanos era contar com as próprias forças, amor ao trabalho, fraternidade, não discriminação, etc.
Um dos aspectos críticos desse estado, apesar das suas intenções excelentes, o Estado era caracterizado por contradições intrínsecas que impediam alcançar os seus objectivos. Além disso, a participação estava subordinada as ideias unilaterais de uma única família política.
De um dia para outro as coisas mudaram, partiu-se para a segunda República (1990-2004), onde alterou-se a logica de relações de força na sociedade moçambicana, de uma economia planificada para uma economia selvagem, e não liberal pois o liberalismo tem regras.
2.1.2 Forma de Governação 
As alterações económicas efectuadas implicaram a mudança no estilo de governação e na prestação dos serviços públicos. No entanto, o Estado da primeira República pecava pela sua pan- presença ou excesso de presença. Isto quer dizer que decidia por todos e para todas as questões que afectava a sociedade moçambicana, desde a educação até onde comprar pão. Para isso combatia as bases individuais e culturais dos indivíduos e grupos.
A segunda República teve uma postura inversa. Neste sentido, falha pela sua total ausência. As populações não sentem no Estado, desde o nível do topo até a base. O Estado ficou “dólar-crático”, tudo se faz em função do rendimento, do ganho e mordomias.
Portanto, a segunda República rapidamente desalinhou-se das ideias da democracia, para instalar uma “dólar-cracia”, e valores da sociedade defendidas pela primeira República foram completamente negligenciados e deliberadamente omitidos ou invertidos. 
Face a nessa mudança no funcionamento do Estado Moçambicano, a questão se levanta, é se podemos considerar que a Frelimo traiu a sua causa? A resposta dada, o que aconteceu foram:
1ª Resposta: não foi em primeiro lugar, a Frelimo que mudou, a que reconhecer que a guerra não foi ganha militarmente, mas o terreno da batalha não era esse, pois o terreno da batalha era político, foi o erro portuguesa que obrigou Moçambique a optar pelo conflito armado.
2ª Resposta: o liberalismo selvagem adoptado na segunda República não é resultado de uma escolha, mas da derrota na segunda guerra, ou seja, os objectivos libertários da primeira guerra foram derrotados na segunda.
3ª Resposta: os vencedores do conflito ideológico entre o bloco da esquerda apoiada pelos socialistas e bloco da directa apoiada pelos capitalistas liberais, onde a Frelimo ajudou os socialistas, decidiram que em Moçambique, a Frelimo fosse a melhor força política para governar o país, para tal deveria escangalhar a máquina administrativa existente para o funcionamento eficaz e imediato do liberalismo.
4ª Resposta: em relação a Renamo não constituía uma alternativa de governação para o ocidente, a sua função controlar qualquer desaire da Frelimo, mas ela mostrou-se mais liberal do que era previsível.
Em suma, a Frelimo transformou-se um partido liberal, como estratégia de se manter no poder ( e servir interesse dos moçambicanos) ou como estratégia de enriquecimento de um certo número de indivíduos.
2.1.3 A Questão da Legitimidade 
A participação popular nas eleições de 1994, serviu simplesmente para terminar a guerra, e suas consequências na sociedade, e não para criar uma legitimidade politica.
Pois entende-se aqui, que nenhum cidadão pode legitimar o que não conhece. Isto quer dizer as mudanças no Estado moçambicana, para um capitalismo selvagem e liberal não era de conhecimento prévio da população e não estava de acordo com o substrato mental, cultural e filosófico do povo e de quem deve-lhe representar. 
Neste sentido, 95 % dos cidadãos moçambicanos não tinham conhecimento necessário para participarem, e conseguinte legitimaram uma democracia, cujos paradigmas respondem a pressupostos culturais e históricos ocidentais.
2.1.4 Democracia em África 
A democracia pode ser entendida como um sistema de partidos. A preocupação actual reside em questionar a relevância da divisão clássica da política em partidos e a capacidade deste sistema representar verdadeira alternativa política, e sobretudo representar diferentes camadas da sociedade.
Neste âmbito, a questão mais relevante para nos é que em nenhum país africano, o sistema de partidos como proposto pela Constituição e pelos acordos de Roma parece estar a altura de mobilizar os cidadãos. A resposta dada a essa questão é: ou o africano é geneticamente anti democrático, ou então o sistema de partidos é talvez neste momento, um mal necessário, mas não corresponde ao substrato cultural dos nossos povos. Em outras palavras, não se trata de uma inadequação dos africanos a democracia, mas do modelo europeu falsamente universal, que não se coaduna com as nossas culturas. Sendo assim, não são as culturas que se têm de adaptar a todo o custo a modelos, que responderam ao génio próprio de certos povos num determinado momento da sua história, mas os modelos que devem criar a partir das nossas culturas.
Porém, o sucesso da democracia em países africanos, passa em adequá-la nossa dimensão sociocultural, ou seja, a democracia vai exigir com condição preliminar uma acção concebida a partir da realidade autêntica das nossas comunidades.
Existem em áfrica dois (2) problemas fundamentais que condiciona o sucesso da democracia, nomeadamente: (i) o nascimento da democracia foi precedido pela presença da nação produtiva, isto é, resultou da adesão as instituições económicas internacionais, preocupados em satisfazer seus interesses; (ii) os eleitores não têm mecanismo jurídicos legais previstos pela constituição que lhes permitam fazer-se ouvir ou participar plenamente no debate público.
A Democracia Representativa
A democracia representativa é principio é uma democracia parlamentar. Todavia, para que seja democrático deve respeitar três (3) princípios fundamentais: a tolerância, separação de poderes, e a justiça. 
Num que diz respeito a tolerância, uma democracia digna não pode contentar uma democracia formal, cega a desigualdade materiais entre os membros da sociedade, mas ele deve procurar atingir a justiça social.
A Constituição da Republica de Moçambicana inspiradas nas democracias ocidentais separa claramente os três poderes: Executivo, Legislativo e Judicial. A questão que coloca sobre os mecanismos que temos para garantir a separação de poderes e gerir os eventuais conflitos entre eles. 
No entanto, dois tipos de conflitos têm ocorrido de forma recorrentes nas novas democracias, como a nossa, nomeadamente: primeiro, o conflito entre o Governo e o Parlamento, quer quando a Constituição dá mais importância a um ou ao outro, quer quando os representantes do governo usam todos os argumentos para fugirem do controlo dos representantes do povo.
Segundo, o conflito entre o Governo e o Judiciário. Nomeados pelos primeiros, os magistrados tem muita dificuldade em fazer compreender aos responsáveis do executivo, que ninguém pode estar acima da lei.
2.2 A Questão da SoberaniaO Moçambique de 1975 aparece, no artigo 1, como “Estado soberano, independente e democrático, sob a direcção da Frelimo. Quer dizer o partido e os Estado identificam-se. Já na Constituição da segunda República, não se ignora a ideia da soberania e libertação do Estado moçambicana, não através do partido Frelimo, mas através de um sistema de competição entre partidos autónomos, com obrigação de respeitarem e defenderem a soberania nacional, entendida como espaço geopolítico (do Rovuma ao Maputo) e a unidade nacional através da luta contra o tribalismo.
Em 1975, a Liberdade era vista como contraposição ao colonialismo; Em 1992, a Liberdade era vista como anticolonialismo se junta a democracia. 
Entretanto, duas (2) questões remam contra a nossa liberdade e libertação, são eles: (i) está ligado intrinsecamente a própria soberania; (ii) incapacidade do povo assumi-la com tudo que comporta em termos de responsabilidade, bem como a mentalidade imperialista do ocidente.
Falar da soberania moçambicana constitui um abuso do uso do termo, pois a constituição desde os seus fundamentos jurídicos, filosóficos e política encontra-se esvaziada de conteúdo. Sendo assim, a política moçambicana apesar de uma aparente democracia, tornou-se numa coisa ligeira, leviana onde cada um procura fins individuais.
Na actualidade, a Frelimo está obrigada a harmonizar as exigências de duas (2) autoridades para garantir a soberania, a Renamo e a Comunidade Internacional. No entanto, a táctica é a de perpetuar a vontade dos doadores a fim de ter investimentos, mas isolar politicamente a Renamo e os outros partidos da oposição.
2.3 Contrato Político 
Pressupõe que as diferenças forças políticas e sociais do país sejam os principais dialogadores uns com outros. Tenhamos também o sentido de segredo familiar ou cautela, isto é, do que não pode a nenhum preço ser dito aos estrangeiros, sejam quem forem.
Por conseguinte, os partidos políticos devem considerar-se adversários e não inimigos. Devem rivalizar-se um com outros não a partir de questões étnicas ou regionais, de amizades e apoios internacionais, mas de programas políticos para o Estado moçambicano.
Para isso, deve-se realizar um contrato político que os governantes, independentemente da família política a que pertençam, deveram respeitar e defender a todo o custo um conjunto de valores, que não podem ser alienados sem consentimento explícito dos moçambicanos.
CAPITULO III
Neste capítulo, discute-se sobre a principal contribuição filosófica e social dos africanos na humanidade da actualidade, trazidos pelos autores, a justiça restaurativa. 
3. UBUNTU: Novo Modelo de Justiça Social
A questão da justiça constitui dos problemas centrais do mundo global, nos dias de hoje. No entanto, a solução liberal de uma economia individualista mostra-se incapaz de garantir a justiça social, e a ideia do Estado como principal regulador das relações socioeconómicas da modernidade é uma visão em crise, ou seja, o Estado não funciona como lugar da realização da liberdade, mas como o lugar de uma justiça social em perigo.
Apesar do século XX ter emergido as instituições globais (ONU), elas não parecem estar a altura de substituírem o Estado na regulação social. Entretanto, as outras instituições internacionais (FMI, BM, OMC), possuem uma lógica financeira que leva a desigualdade e injustiças entre os países. Assiste-se também o surgimento de mafias globais, empresas de drogas duas caras, pretensão de ser politicamente correcta no ocidente, mas com atitude de funcionamento no selvagem no terceiro mundo, as vezes com consentimento implícito ou explicito dos Estados democráticos.
Neste sentido, a grande questão que se coloca nesse mundo global, é saber se o liberalismo pode incorporar preocupações importante de justiça social e planetária, e se não, questionar a possibilidade de pensar um modelo alternativo?
Para responder essa questão, temos partir da filosofia africana, que reclamou a justiça, primeiro como reconhecimento da dignidade humana dos africanos, e segundo como o direito a soberania política. Neste sentido, a questão de fundo hoje, é a possibilidade usar os recursos africanos para desenvolver o continente, o acesso aos mercados internacionais contra as barreiras das potenciais, o direito de não ser sufocado pelo sistema de divida.
Obstante a isso, não se pode afirmar que os africanos tenham inventado a justiça, como objecto central da filosofia africana, pois já existia em Aristóteles (filia), Platão (eros), Agostinho (Agape), Thomas de Aquino (distribuitiva), Kant (equidade), mas a contribuição sul-africana foi o conceito de “Ubuntu”, a justiça restaurativa.
3.1 Justiça Restaurativa “Ubuntu”
A Justiça Restaurativa designada de “Ubuntu”, merece atenção por duas (2) razões, nomeadamente: (i) a filosofia africana preocupou-se com problemas particulares do mundo negro como por exemplo a luta contra a escravatura, etc. por esse motivo não teve muita valorização fora do mundo negro (Asiáticos, australianos), e mesmo aqui de maneira diferenciada. No entanto, interessar-se pelas questões de justiça significa falar de questões que ultrapassa o âmbito africano, e consequentemente pode ser a contribuição africana no âmbito da filosofia no geral, ao direito, a moral, e a política.
Neste sentido, a Africa de sul com seu conceito de justiça restaurativa, pode ser uma das primeiras contribuições importante dos africanos para um debate de ideias que ultrapassa a dimensão africana. (ii) em relação ao resto do continente negro, a africa de sul tem a particularidade de não ser uma colónia, mas uma República independente com um sistema político baseado sobre a segregação racial.
3.1.1 Desenvolvimento da Justiça Restaurativa 
O pai do pan-africanismo William de Dubois, demonstrou claramente que a questão do negro, era meramente político. Neste sentido, o objectivo de Debois era fazer com que os negros tivessem, com os outros cidadãos mesmas prerrogativas previstas pela Constituição Americana. Mas esta passagem tinham de ser acompanhada por uma série de medidas de descriminação positiva, que pudesse levar os descriminados, os negros a integrar na sociedade global. Esta visão de Dubois recorda a política pós-apartheid da áfrica do Sul.
O espirito que atravessa o renascimento afro-americano e o sul-africano, é de uma busca identitária que por razões históricas e sociológicas não pode ser exclusiva mas inclusiva e das particularidades de cada pessoa e grupo. Este é o significado mais profundo conceito “ubuntu”, cuja expressão iconográfica é Raimbow Nation.
O espirito de Ubuntu, encontra-se no discurso de Albert Luthuli, que dizia “a futura áfrica do sul será africana, mas não será necessariamente negra”. O objectivo não era expulsar estrangeiros ou invasores, porque não havia estrangeiros ou invasores; nem discriminação racial, pois pretendia a reconciliação entre as partes, assente no princípio de igualdade que toda e qualquer democracia pressupõem, isto é, estava a procura de uma democracia que liberte o opressor.
3.2 A dimensão Teológica do Ubuntu
A dimensão teológica da África do sul verificou-se com a escolha de uma comissão de reconciliação e não a instauração de um tribunal especial para punir os crimes contra a humanidade, mostra-se aqui para se alcançar a justiça social, o caminho era subordinar o tribunal punitiva a reconciliação, isto é, o reconhecimento público do mal cometido, o arrependimento, a vontade de reintegrar a comunidade com uma nova atitude relacional.
O processo de reconciliação foi liderado por Desmond Tutu, que inspirava teologicamente no Black Theologie of Libertion dos EUA, aquele que defendiam o Deus Bíblico como o garante da Constituição. Mas a particularidade do Deus vetero-testamentário era estar sempre ao lado dos oprimidos, os oprimidos nos EUA eram negros, como também os negros na RSA.
Todavia, apesar de estar ao lado dos oprimidos, o Deus vetero-testamentário não quer a morte dos opressores mas a sua conversão, o quea teologia Paulina chama de metanóia.
A premissa da justiça restaurativa encontra-se no pensamento de Gustavo Zagrebelsky, a justiça é entendida como encontro entre o culpado e a vítima cujo objectivo não é a punição do culpado mas a composição da controversa graças ao reconhecimento do mal feito, perdão e de consequência a reconciliação e a paz.
Em suma, a finalidade da justiça restaurativa é a inclusão e recozer as relações sociais. Em outras palavras, a justiça restaurativa não era simplesmente a identificação do outro, nem mesmo perceber o outro como semelhante, mas lhe dar respeito, aceitar que a minha vida é igual a sua vida.
CAPITULO IV
Nesta parte final, discute-se sobre a contribuição cultural dos autores da obra, tendo em conta o pensamento desenvolvido pelos antropólogos africanos.
4.1 CONCEPÇÕES AFRICANAS DO SER HUMANO
A preocupação fundamental que levanta aqui é sobre a existência de uma humanidade especificamente africana, isto é, o africano é homem?
No entanto, quando se estuda o debate sobre a filosofia em africa, que desenvolveu-se na segunda metade do século, identifica-se três (3) correntes sobre como o homem africano se construiu: o pensamento tradicional ou cultura oral; os discursos antropológicos como se construíram a partir do seculo XIX; e a reflexão dos intelectuais africanos sobre a própria identidade.
4.1.1 O Pensamento Tradicional ou Cultura Oral
Hampatê Bâ afirma que “cada vez que velho morre, é uma inteira biblioteca que se queima”. Com este discurso mostra que está contra a primazia e a superioridade da escrita sobre a oralidade. No entanto, ele sugere um duplo (2) postulado: (i) que os anciãos são fonte de um saber que é equivalente aos arquivos e a biblioteca defendido por Paulin Houtondji, ao ponto de fazer deles a condição necessária de uma filosofia africana.
No entender de Paulin Houtondji, a condição sin qua non para que exista uma filosofia africana é a escrita, registados em arquivos. Pois na tradição da escrita o pensador não ocupa a memória com a necessidade de preservar e com medo de esquecer. Simultaneamente, o que escrevo já não me pertence, é algo disposto ao público e passível de ser submetido ao juízo crítico de todos.
(ii) Hampatê Bâ para defender a sua tese, diz que não existem critérios objectivos para comparar a escrita e a oralidade. Deste modo, a oralidade não seria necessariamente inferior a escrita, um saber diferente. Além disso, por detrás da oralidade pode-se se esconder um conhecimento ou até uma filosofia. Na óptica do autor, uma coisa é a escrita e outra coisa é o saber. Sendo assim, a escrita é a fotografia do saber, mas não é o saber.
Segundo Hampatê Bâ, na áfrica de hoje a tradição de transmissão foi interrompida pela colonização o que comporta o risco de uma possível perda dos conhecimentos dos anciãos, que seria prejudicial para áfrica e o mundo em inteiro.
Alexis Kagame pai da etnofilosofia, defende remete-nos a uma dimensão filosófica das línguas africanas. No seu entender, os filósofos africanos pensariam da mesma maneira se utilizassem as suas línguas maternas para satisfazer as suas necessidades teóricas. A língua é a chave para apreender a maneira bantu de compreender o mundo. Sendo ele, acreditava que questionando a gramática e as categorias gramaticais das línguas bantu, se podia descobrir as significações do real. 
4.2 Os Discursos Antropológicos
Falar sobre as concepções do ser humano invoca em primeiro lugar a antropologia, onde o centro dá-se a pergunta de Kant, o que é homem? No entanto, a primeira imagem da humanidade do africano está ligada a, filosofia ocidental renegado da história da humanidade, acusado de não ter consciência da sua própria liberdade, de viver numa condição de inocência, pré-histórica, pré-racional e inconsciente.
Esta visão do africano encontra-se eco nas teses de Lévy Bruhl sobre prélogismo, onde defende que a estrutura do aparelho cerebral dos primitivos é o mesmo que dos homens evoluídos; a diferença é que os primeiros são dominados por representações colectivas, sem hábito da abstracção, do raciocínio e de outras operações familiares de pensamento. Sendo assim, as sociedades humanas são repartidas em dois (2) tipos fundamentais: (i) as sociedades civilizadas; (ii) as sociedades primitivas.
Estas leituras contribuíram na criação de uma imagem da África e do africano intelectualmente inferior, dominado por crenças colectivas e de natureza mágicas, incapaz de um pensamento critico e do desenvolvimento histórico.
Os antropólogos como Edward Talyor, começaram a negar a superioridade da cultura ocidental contra os costumes dos selvagens, continuando a recusar a ideia de existência de povos sem culturas, e afirmando o valor das culturas africanas. Sendo assim, a nova escola francesa de etnologia recusava a ideias dos colonizadores, de considerar os povos africanos desprovidos de civilização, pois acreditava que não existem diferenças quantitativa entre a mentalidade primitiva e a mentalidade dos povos evoluídos.
Neste âmbito, Valentin Mudimbe, as imagens de África resultante dos propósitos dos africanos ocidentais é resultado de incompreensões e de preconceitos que de um quadro correspondente a realidade africana.
4.3 O Ser Africano 
A respeito desta questão, Placide Tempels na obra “Filosofia do Bantu”, considera que a força vital para os bantus é único valor importante, identificável com a existência, ou seja, a vitalidade do africano reside no facto de seu papel individual ser importante para o bem da comunidade. Por sua vez, Seghor no livro “Liberté”, considera que a negritude se caracteriza por uma razão intuitiva, segundo a qual os valores da civilização negra são governados por uma razão de percepções, que compreende a instituição, e exprimem por sensações e pelos sentimentos. 
As características da africanidade são o sentimento de comunhão, os donos da imaginação, do ritmo, que são encontradas independentemente das diferenças etno-sociais. Ainda na visão de Seghor, o homem negro é diferente por natureza do homem branco ou ocidental. Pois o africano é o homem da natureza, que usa a razão intuitiva, emoção, tem uma razão sintética, faz a identificação através do mito do sujeito-objecto e defende o comunitarismo, enquanto o homem branco é homem de técnica, que usa a razão da vontade, a reflexão, a racionalidade, faz a separação entre o sujeito e objecto da história e defende o individualismo.
Na óptica de John Mbiti, não pode afirmar que o africano ocupa o centro do universo, onde pode tirar vantagens por meios físicos, místicos ou sobrenaturais. A partir da sua posição o africano vê o universo e procura viver com ele em harmonia com ele. Mesmo se não há vida no objecto concreto, o africano atribui uma mística e estabelece uma relação directa com o mundo a volta.
Portanto, o homem não é dono do universo, somente seu centro, amigo, beneficiário e utilizador. Deve viver em harmonia com o universo, obedecer suas leis de ordem natural, moral e místicas. Sendo assim, acredita-se que existe uma hierarquia da ordem do universo, que compreende Deus, os antepassados, os espíritos, o homem e a natureza. O universo africano é um todo, viveriam de acordo com Deus e a natureza.
Alguns actores como Mbiti, Makumba, Ehusami, defendem que todas as sociedades africanas são fundadas sobre o Clã ou parentescos, baseado no sangue. Na entender de Etounga Manguelle, a característica dominante da cultura africana é o desaparecimento do individuo face a comunidade. Isto quer dizer o individuo não só não existe e não pode existir se não no grupo, mas deve a sua existência ao demais, e até somente através de outras pessoas ele chega ao conhecimento do seu próprio ser.
Para Anyanwu, a origem da consciência individual ocidental está no isolamento, para o individuo africano uma força está relacionadas com as outras forças. Este raciocínio é aplicável ao conhecimento, o individuo chega a saber que é homem dentro de uma comunidade.
Na óptica de Nkurunziza, a comunidade deveser entendida como a participação existencial de um individuo na vida de muitos. Na mesma linha de pensamento, Nyasani e Ntumba, considera que na tradição ocidental a sociedade se caracteriza por uma subjectividade que privilegia o EU na sua interacção com o TU. Na tradição africana esta comunidade de diálogo centra-se sobre o NÓS em interacção com o VÓS.
Portanto, a sociedade africana é humanista e colectivista. Sendo assim, o pensamento africano valoriza a individualidade, mas parte e refere-se continuamente a comunidade.
Njoh Mouelle considera o africano de hoje “medíocre”, estando na metade do caminho da verdadeira humanidade. Ele é incapaz de distanciar-se do seu próprio ambiente social e adesão total a ele, conduz-lhe a mediocridade cuja primeira manifestação é o gregarismo e a falta de originalidade. No entanto, o que faz que o africano não se distancie do grupo é o espirito de conservação e segurança. Para Mouelle, a mediocridade refere-se a rotina, conformismo, repetição, que são sinais evidentes de uma deterioração. As mudanças são mínimas e controladas, onde a sobrevivência do grupo, segurança e solidariedade são os valores mais altos.
Por fim, Joseph Nyasani, questiona-se sobre o que faz como que o africano busque refúgio nos outros. Ele responde que a sociabilidade africana consiste no manifesto acto submissão do EU ao NÓS.
CONCLUSÃO
Com a leitura efectuada a cada artigo desta obra, ficou evidente que a questão da conquista da liberdade, é dos assuntos mais importante da filosofia africana e dos africanos, pois sempre o africano foi dominado como escravos, colonizados e actualmente como globalizado. Neste sentido, a lógica da construção do homem africano foi totalmente diferente da lógica ocidental, onde o africano é colectivista e o ocidental individualista, por isso não pode falar de homem africano fora da sua comunidade, pois é lá onde aprende estar e ser como pessoa. 
Também ficou-me claro, que as mudanças que o mundo tem enfrentado, a mudança do sistema socialista ou colectivista para o mundo capitalista ou egoísta/ individualista, trazem consigo novos desafios como a pobreza, a educação, acesso à justiça, ganham a mesma importância que a questão da busca pela liberdade, dai a necessidade dos africanos minimizar estas situações para garantir a dignidade africana.
Finalmente, pude entender que apesar dos teóricos ocidentais negar a humanidade ou racionalidade africana baseada na instituição, emoção, existe um conjunto de teóricos africanos que evidência a humanidade africana ou a filosofia africana, cuja sua maior contribuição para filosofia no geral, foi a introdução do conceito de justiça restaurativa, baseado no perdão, amor ao inimigo, reconciliação entre individuo a prior diferentes. 
Resumo de Pensamento Político Africano
	Carlos Luís Mafumissa 23

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