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Prévia do material em texto

LUIZ PAULO SAPUCAIA PEREIRA
SHEILA NAJARA 
DIREITOS HUMANOS
 
DIREITOS HUMANOS
 
Trabalho apresentado à Faculdade UNIRB campos Alagoinhas, enquanto avaliação parcial da disciplina Psicologia dos direitos humanos do quinto Semestre, matutino sob orientação da Iara Nancy Rios.
 Introdução
Neste trabalho analisaremos o caso de um jovem de 16 anos amarrado a um poste no Rio de Janeiro e que demostra total desrespeito aos direitos de qualquer ser humano, e tentaremos demostrar que, mesmo os próprios cidadão de “bem” vivem e praticam aquilo que tanto recriminam, a violência, ou poderemos dizer que, depois de tanto sofrimento do ser humano, ele tenha se “acostumado” a violência e como consequência o completo desrespeito aos direitos humanos.
Este caso que será abordado neste trabalho é muita mais do que o caso de adolescente que estava sendo linchado, iremos mais além, e tentaremos demostrar como o ser humano pode alcançar estágios de desumanidade, e falaremos desta repórter responsável por apresentar o fato e como se comporta e por que se comporta.
Em um dois principais telejornais da tv brasileira a reporte Rachel Sheherazade faz um pronunciamento, no mínimo triste, disse basicamente que os brasileiros não tem segurança e tem que se defender mesmo, é um direito do povo brasileiro, e que aquele que estava sendo linchado era um “marginalzinho” e que atitudes de “vingadores” era algo compreensível num pais que desarmava a população para armar os bandidos.
Em cima desta reportagem tentaremos mostrar a influencia da mídia e sua responsabilidade com os direitos humanos, ou poderíamos dizer com o descaso com os direitos humanos.
DIREITOS HUMANOS / VIOLACÃO
Anexaremos o caso em pauta na integra no final dessa analise, para que com isso todos possam tirar suas próprias conclusões.
Caso acontecido na cidade do Rio de Janeiro, e trazido a conhecimento publico através de um telejornal do SBT com a reporte Rachel Sheherazade, que acaba dando um “toque” especial a esta reportagem. Sabendo que a mídia quanto mais polémicas mais audiência trás ao canal que assim se comporta, e como ainda somos seres humanos muito preocupados apenas com nosso próprio umbigo, não medimos ou analisamos o que falamos, estamos em busca de uma meta estabelecida anteriormente, que visa sucesso, independente se nessa empreitada for necessário “pisar” em algumas pessoas, isso seria um mero detalhe do caminho a ser percorrido.
Focaremos nas violações praticadas por Rachel e pelo SBT aos diretos humanos e da criança e adolescentes, pois esse “marginalzinho” como Rachel se refere tinha apenas 16 anos, e talvez seja mais vitima do que qualquer um de nós.
Apologia e Incitação a crimes contra a Vida
Apologia de crimes contra a Vida é uma Violação / Crimes contra os Direitos Humanos que consiste em discursos, textos ou imagens em que se defende, louva, enaltece, aprova, exalta, defende, justifica ou elogia alguma doutrina, ação e/ou obra considerados crime; e incitação a crime consiste em estimular publicamente a prática de qualquer ilícito penal, instigar ao crime . Por tanto, qualquer tipo de conteúdo publicado na Internet que promova, incite ou faça apologia a violência contra seres humanos é considerado apologia e/ou incitação contra a vida, merecendo, por isso, responsabilização dos responsáveis. Só é punível a apologia ou a incitação se esta for feita a favor de atos tipificados na Legislação Brasileira, ou seja, definidos como crimes pelas leis penais do Brail.
O praticante pode ser qualquer pessoa, tanto para apologia quanto para a incitação, inclusive o criminoso que se vangloria dos atos ao fazer apologia à violência. Por serem crimes contra a paz pública, a lei visa proteger a coletividade, e o crime é considerado cometido com a simples conduta do indivíduo direcionado a atingir um número indeterminado de pessoas, não sendo necessário que provoque qualquer resultado no mundo real, que perturbe a paz pública e muito menos que haja, de fato, distúrbios.
Convenção sobre direitos da criança 
Recordando que, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, as Nações Unidas proclamaram que a infância tem direito a cuidados e assistência especiais, a Convenção sobre direitos da criança busca promover e fortalecê-los, respeitando a infância como etapa singular do desenvolvimento humano. No âmbito das Nações Unidas, convenção costuma ser empregada para designar atos multilaterais, oriundos de conferências internacionais e que abordem assunto de interesse geral. A convenção dos Direitos da Criança está baseada nos princípios que consideram que a família como grupo fundamental da sociedade e ambiente natural para o crescimento e bem-estar de todos os seus membros. Considera também que a criança deve estar plenamente preparada para uma vida independente na sociedade e deve ser educada de acordo com os ideais proclamados na Carta das Nações Unidas, especialmente com espírito de paz, dignidade, tolerância, liberdade, igualdade e solidariedade;
Baseados nesta Convenção, chegamos à consideração de que a Internet é e precisa continuar sendo um dos recursos que contribuam para a formação cidadã e saudável da infância e da adolescência no Brasil e no mundo, sempre respeitando e promovendo os Direitos Humanos. Alguns dos artigos destacam a importância da liberdade de expressão e acesso à informação, bem como o dever da sociedade de garantir que estas informações respeitem a dignidade e singularidade da infância e da adolescência.
São eles:
Artigo 13 - A criança terá direito à liberdade de expressão. Esse direito incluirá a liberdade de procurar, receber e divulgar informações e idéias de todo tipo, independentemente de fronteiras, de forma oral, escrita ou impressa, por meio das artes ou por qualquer outro meio escolhido pela criança. O exercício de tal direito poderá estar sujeito a determinadas restrições, que serão unicamente as previstas pela lei e consideradas necessárias:
a) para o respeito dos direitos ou da reputação dos demais, ou
b) para a proteção da segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger a saúde e a moral públicas.
Artigo 17 - Os Estados Partes reconhecem a função importante desempenhada pelos meios de comunicação e zelarão para que a criança tenha acesso a informações e materiais procedentes de diversas fontes nacionais e internacionais, especialmente informações e materiais que visem a promover seu bem-estar social, espiritual e moral e sua saúde física e mental. Para tanto, os Estados Partes: (...) 
Artigo 29 - (...) Os Estados Partes reconhecem que a educação da criança deverá estar orientada no sentido de:
a) desenvolver a personalidade, as aptidões e a capacidade mental e física da criança em todo o seu potencial;
b) imbuir na criança o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, bem como aos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas;
c) imbuir na criança o respeito aos seus pais, a sua própria identidade cultural, ao seu idioma e seus valores, aos valores nacionais do País em que reside, aos do eventual País de origem, e aos das civilizações diferentes da sua;
d) preparar a criança para assumir uma vida responsável em uma sociedade livre, com espírito de compreensão, paz, tolerância, igualdade de sexos e amizade entre todos os povos, grupos étnicos, nacionais e religiosos e pessoas de origem indígena;
Declaração Universal dos Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um dos documentos básicos das Nações Unidas e foi assinada em 1948. Nela, são enumerados os direitos que todos os seres humanos possuem e que devem ser garantidos, respeitados e promovidos. Considera que o reconhecimento da dignidade é inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis são o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo. Na Declaração, há um total de 30 artigos quebuscam esclarecer quais são e como devem ser promovidos os Direitos Humanos.
Seguem alguns artigos:
Artigo I - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo II - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.(...)
Artigo VII -Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, à igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo XVIII - Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular.
Artigo XIX - Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Artigo XXIX - (...) No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
Os direitos da criança e adolescentes é posto como acréscimo aos direitos humanos, pois todo ser humano a partir de seu nascimento possui direitos que garantes as necessidades fundamentais à sobrevivência na sociedade, no entanto, os direitos da criança e adolescentes abrem mais um leque diferenciado para aqueles que estão em processo de formação e desenvolvimento, por tanto, o Estatuto da Criança e Adolescentes quebra a doutrina da situação irregular do Código de Menores que tratava a criança e o adolescente como objetos, começando a tratá-los como sujeitos de direitos.
O Estatuto da Criança e Adolescente – ECA em seu art. 4.º determina que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros mais que asseguram a criança e adolescentes de ter seu desenvolvimento na sociedade em que vive.
Como já mencionado temos que vários são os direitos da criança e adolescentes, o ECA no art. 16.º esclarece que o direito à liberdade abrange o direito de locomoção, de expressão, de crença, de diversão, de participação da vida familiar, comunitária e política (nos termos da lei) e de refúgio. O direito ao respeito encontra-se no art. 17.º que consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente. Para tanto se deve preservar a imagem, a identidade, a autonomia, os valores, as idéias e as crenças, os espaços e os objetos pessoais. Em seu art. 18.º o ECA dá a criança e adolescente o direito a convivência familiar, considerando que devem estar protegida de todo e qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório e constrangedor, garantindo assim sua dignidade,
é necessário se garantir a convivência familiar e Instituições não são como família, pois o vínculo familiar é calcado no afeto. O direito à educação, garantido no art. 53 do ECA, tem por finalidade o pleno desenvolvimento da criança e adolescente, o preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Assim, o acesso à educação surge com um fator de transformação social, visando o combate a exclusão social.
Estes são alguns dos direitos da criança e adolescente constado no Estatuto da Criança e Adolescente – ECA, considerados fundamentais para a transformação da criança e adolescente á fase adulta, estando assegurados e encaminhados á vida em sociedade.
Ainda a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e Adolescente incluem a proibição de menores de 16 anos a trabalharem, a exceção aceitável é que o trabalho seja como aprendiz, ou seja, a preparação para a vida adulta, e ainda é proibido o trabalho noturno, perigoso ou quando estiverem em estado salubre, no art. 67 do ECA, complementam que também é vedado ao adolescente empregado ou aprendiz, o trabalho realizado em locais prejudiciais à sua formação e desenvolvimento físico, psíquico, moral e social, além dos realizados em horários e locais que não permitam a freqüência à escola.
Para finalizar, o Estatuto ocupou-se de dar a criança e adolescente o direito ao lazer, pois a necessidade de brincar e praticar esporte existe dentro de toda criança e adolescente, além de influenciar a criança e adolescente desenvolvam outras potencialidades e o bom relacionamento social.
Baseado nos artigos dos diretos humanos e no ECA a reporte infligio vários artigos e foi “bater” de frente com varias leis contidas nos diretos da criança e adolescxentes.
Teria que arcar com seus atos e com a constituição de nosso país, mas lamentavelmente percebemos que a grande maioria da população apoia a atitude da reporte, como pudemos constatar nas pesquisas realizadas na internet a respeito deste caso, demostra com isso que a começar pelo estado pouca são as leis e direitos que são cupridos na integra, isso acreditamos acaba por constranger o estado, pois se ele não faz seu papel como cobrar que a população faça o dela.
Não estamos com isso apoiando de forma nenhma a atitude da Rachel, que repudiamos veementemente, mas conseguimos ver o caminho que nossa sociedade esta a pecorrer, e na maioria das vezes culpamos o estado culpamos os meios de comunicacão e nunca tomamos uma attitude, quando falamos em atitude pensamos em praticar essas leis perante a micro sociedade na qual estamos inseridos, a familia, pois acreditamos que assim estaremos formando a macro-sociedade, e automaticamente formando uma sociedade mais justa.
Se Rachel tivesse passado e vivido o que aquele ser humano passou e viveu, acreditamos que estaria fazendo a mesma coisa ou até coisa pior, ou quem sabem teria superado, todas as possibilidades são possibilidades.
Esperamos que este trabalho ao menos traga uma reflexão em sala de aula onde sera exposto, e que principalmente não nos coloque em condições de julgadores de Rachel ou deste menino que fopi amarrado num poste, mas que possa conscientizar da capacidade que nos seres humanos temos, de agir de várias formas, dependendo de onde estivermos e de como fomos criados, procuraremos ver os dois como espelhos a refletir nossa propria imagem, se estivessemos no lugar deles, e de como no ligar que nos encontramos podemos colaborar, não só com eles mas com nós mesmos e automaticamente com nossa sociedade.
 
REPORTAGEM USADA COMO BASE
Por Ana Graziela Aguiar*
 
As cenas de violência contra um jovem de dezesseis anos, amarrado nu a um poste, no Rio de Janeiro, chocaram o país. O jovem foi espancado e estava sendo linchado publicamente, supostamente por ser acusado de roubo. A imagem já é chocante, mas ganhou cores ainda mais intensas com o comentário feito pela jornalista Rachel Sheherazade, âncora do principal telejornal do SBT. Conhecida por seus pronunciamentos conservadores, Sheherazade classificou o adolescente como “marginalzinho” e afirmou que a atitude de “vingadores” é compreensível em um país onde, segundo ela, o Estado é omisso e a justiça falha. Não satisfeita, a jornalista incitou: “O que resta ao cidadão de bem, que ainda por cima é desarmado? Se defender,é claro”.
O comentário de Rachel Sheherazade reacendeu a importante discussão sobre a relação da mídia com os direitos humanos, que percorre desde a incitação à violência e o desrespeito aos direitos humanos e chega à discussão sobre a concessão de rádios e TVs no Brasil. Diante disso, é fundamental recordar que o respeito “à dignidade da pessoa humana” consta já no primeiro artigo da Constituição Federal. Ao incitar a violência, convocar o cidadão a ir para as ruas e “resolver” o que o Estado e a polícia são incapazes de resolver, Rachel Sheherazade feriu de forma grave a Constituição. E não apenas. Ela desrespeitou também a proteção à criança e ao adolescente, que é reafirmada no artigo quinto do Estatuto da Criança e do Adolescente: “ Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. Quando concorda com o linchamento público de um adolescente suspeito de roubar algo, a jornalista fere também o ECA e legitima o preconceito e o extermínio sofridos por jovens negros de todo o país.
Além de leis que regem a atuação de todos nós, cidadão comuns em nossa vida em sociedade – e aqui se inclui também Sheherazade, há outras normas que regulam emissoras de rádio e de televisão e que seguem sendo desrespeitadas com frequência, certamente encorajadas pelo silêncio do Estado, do governo, do Ministério das Comunicações. Desresponsabilização que foi utilizada pelo SBT como argumento para se esquivar das inúmeras críticas à postura expressa no telejornal da emissora. O que não condiz com a verdade. Por se tratar de um bem público e, portanto, que deve ser regulamentado pelo Estado, há uma série de leis que organizam o campo das comunicações e que deveriam ser seguidas. É o caso do decreto que regulamenta os serviços de radiodifusão (Decreto presidencial 52795/63), que em seu Artigo 28, item 12, inciso b, determina que que as emissoras devem respeitar obrigações como “ não transmitir programas que atentem contra o sentimento público, expondo pessoas a situações que, de alguma forma, redundem em constrangimento, ainda que seu objetivo seja jornalístico”.
É importante ressaltar que embora a liberdade de radiodifusão seja algo assegurado pelo Código Brasileiro de Telecomunicações, infrações podem e devem ser punidas. O Artigo 122 do mesmo Regulamento dos Serviços de Radiodifusão, em seus item 1, 4 e 5, respectivamente, deixa claro que incitar a desobediência às leis ou às decisões judiciárias; fazer propaganda de guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política ou social e promover campanha discriminatória de classe, cor, raça ou religião são faltas graves, cuja pena pode variar de um a trinta dias de suspensão para permissionárias e/ou concessionárias dos serviços de radiodifusão.
Cabe ao Ministério das Comunicações fiscalizar de forma ostensiva todo o conteúdo veiculado por emissoras de rádio e televisão e fazer com que o Código Brasileiro de Telecomunicações seja respeitado. Além desse acompanhamento por parte do Estado, é papel também do cidadão tomar a comunicação como um direito seu e atuar diretamente na observação e denúncia de desrespeitos aos direitos humanos observados no sistema de radiodifusão.
É a partir de um olhar crítico do cidadão que teremos menos “Racheis Sheherazades” e mais espaço para um jornalismo que cumpra realmente com a função social de informar e educar. E a resposta à provocação feita pela jornalista, quando nos convida a “adotar um bandido” deve sempre ser a de: sim, queremos acolher e proteger um ser humano. E queremos que a mídia faça o mesmo ou que seja responsabilizada pelo descumprimento da legislação e de suas funções.
 
* Ana Graziela Aguiar é jornalista e integrante do Intervozes.

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