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CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA IZABELA HENDRIX Victor Botelho Araujo MERCHANDISING NO CINEMA: Estudo de Caso do Longa Metragem " Os Homens São de Marte... E É Pra Lá que Eu Vou" Belo Horizonte - MG 2015 Victor Botelho Araujo MERCHANDISING NO CINEMA: Estudo de Caso do Longa Metragem " Os Homens São de Marte... E É Pra Lá que Eu Vou" Monografia de conclusão de curso apresentada ao Curso de Publicidade e Propaganda, do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix de Belo Horizonte, como requisito à conclusão do curso. Professor Orientador: Celso Luís Welter. Belo Horizonte – MG 2015 AGRADECIMENTOS É com imensa alegria que agradeço a todos que me apoiaram de forma direta ou indireta para a realização deste trabalho acadêmico. Tendo Deus como o principal ajudador que a todo tempo se mostrou presente. Agradeço também a Jéssica Medeiros pelo encorajamento e reconhecimento de todo meu esforço. É por último o pilar principal para toda minha construção social e que sempre me ajudou, minha adorável mãe! RESUMO O estudo tem o objetivo de mostrar como ocorre o merchandising no cinema nacional diante das cenas. Todo conteúdo inserido nos capítulos tem por finalidade responder a pesquisa de forma gradual e servir de base teórica para direcionar o estudo. O objeto de estudo é o longa metragem “Os Homens São de Marte... E É Pra Lá que Eu Vou”. A escolha do filme se deve a nova fase que vive o cinema nacional, assim irá promover um tema atual. Outro ponto de escolha foi a coprodutora Globofilmes, que além de contar com uma vasta gama de telenovelas, também possui grande fatia no mercado cinematográfico nacional. A linha de pesquisa que segue o estudo terá a função descritiva com estudo de caso, visando à análise das técnicas e como ocorrem as inserções de merchandising no filme. Serão feitas abordagens qualitativas por meio das passagens do longa em que ocorrem as inserções de merchandising e também quantitativas através de um quadro com o número da quantidade de publicação de produtos. A metodologia escolhida teve o objetivo de levantar informações bibliográficas e documentais, que através da linha do tempo histórico, serão possíveis de descrever as fases que contribuíram para o crescimento do cinema nacional e mundial e a sua relação com o Merchandising. As cenas analisadas foram organizadas em 4 categorias, para tornar mais claros os métodos utilizados para as inserções dos produtos nas cenas. As conclusões a que se chegou através deste trabalho foram: a naturalidade como o merchandising é inserido na narrativa proporcionando ao telespectador uma continuidade da história; a existência de apenas um novo produto conforme analisado, enquanto os demais possuem o objetivo de fortalecer a marca; e a produção das cenas não são voltadas para o merchandising, mas utilizam do contexto vívido pela personagem para realizar a inserção. Palavras-Chave: Merchandising. Cinema Brasileiro. Audiovisual. LISTA DE QUADROS Quadro 1: Quadro quantitativo dos merchandisings ........................................... 28 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Gráfico de frequência de inserção de merchandising ......................... 29 Figura 2: Merchandising 01 ................................................................................ 30 Figura 3: Merchandising 02 ................................................................................ 32 Figura 4: Merchandising 03 ................................................................................ 34 Figura 5: Merchandising 04 ................................................................................ 36 Figura 6: Merchandising 05 ................................................................................ 38 Figura 7: Merchandising 06 ................................................................................ 40 Figura 8: Merchandising 07 ................................................................................ 42 Figura 9: Merchandising 08 ................................................................................ 43 Figura 10: Merchandising 09 .............................................................................. 45 Figura 11: Merchandising 10 .............................................................................. 46 Figura 12: Merchandising 11 .............................................................................. 48 Figura 13: Merchandising 12 .............................................................................. 50 Figura 14: Merchandising 13 .............................................................................. 52 Figura 15: Merchandising 14 .............................................................................. 54 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9 CAPÍTULO 1 ............................................................................................................. 11 1.1 Cinema mundial ............................................................................................ 11 1.2 Cinema nacional ........................................................................................... 17 CAPÍTULO 2 ............................................................................................................. 22 2.1 Merchandising ............................................................................................... 22 2.2 Merchandising no cinema ............................................................................. 23 CAPÍTULO 3 ............................................................................................................. 26 3.1 Objeto de estudo: “Os Homens São De Marte... E Pra Lá Que Eu Vou” ..... 26 3.2 Categorias de análise ................................................................................... 27 3.3 Quadro de inserção de merchandising no longa mentragem ........................ 28 CAPÍTULO 4 ............................................................................................................. 30 4.1 Merchandisings das cenas ............................................................................ 30 4.1.1 Merchandising 01 ...................................................................................... 30 4.1.1 Merchandising 02 ...................................................................................... 32 4.1.2 Merchandising 03 ...................................................................................... 34 4.1.3 Merchandising 04 ...................................................................................... 36 4.1.4 Merchandising 05 ...................................................................................... 38 4.1.5 Merchandising 06 ...................................................................................... 40 4.1.6 Merchandising 07 ...................................................................................... 42 4.1.7 Merchandising 08 ...................................................................................... 43 4.1.8 Merchandising 09...................................................................................... 45 4.1.9 Merchandising 10 ...................................................................................... 46 4.1.10 Merchandising 11 .................................................................................... 48 4.1.12 Merchandising 12 .................................................................................... 50 4.1.13 Merchandising 13 .................................................................................... 52 4.1.14 Merchandising 14 .................................................................................... 54 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 56 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59 9 INTRODUÇÃO Para construção desta monografia, foram elaborados 4 capítulos. No primeiro capítulo o objetivo foi fazer um levantamento bibliográfico da história do cinema mundial e nacional. O segundo capítulo busca fazer uma análise bibliográfica referente aos temas: merchandising e merchandising no cinema. Enquanto no terceiro capítulo foi elaborado a análise do filme e definido as categorias de estudo. Já no quarto capítulo foi realizado a análise das quatorze cenas do filme através das categorias elaboradas no terceiro capítulo. No primeiro capítulo, a seção cinema mundial, aborda a criação do cinema realizada pelos irmãos Lumière no ano de 1891 e seus feitos diante dos telespectadores. O texto também discute os principais movimentos que influenciaram a estética cinematográfica e as principais obras realizadas até a data mais recente da história do cinema. Para a segunda seção, denominada cinema nacional, se discute o início do cinema brasileiro na Baía de Guanabra, os principais movimentos que moldaram a estética nacional, a marginalização das obras cinematográficas e sua extensão aos dias atuais. Os principais autores utilizados para a pesquisa foram Mascarello (2006), Bernadet (1995) e Rocha (2003). O segundo capítulo aborda na primeira seção denominada merchandising, uma pesquisa do conceito de merchandising, sua finalidade e tipos existentes. Para a segunda seção denominada merchandising no cinema, limita-se em estudar apenas o merchandising editorial que é específico para o uso da televisão ou cinema. Esta seção também discute o merchandising utilizado no cinema em 1929 e a relação entre anunciante e cinema. Para obter informações concisas, os principais autores utilizados foram Blessa (2010), Calanzas (1992) e BBB Brasil (2015). No terceiro capítulo é realizado um resumo do objeto de estudo para apresentar qual obra esta monografia tem a finalidade de pesquisar. Para a análise de conteúdo, foram selecionadas 4 categorias, são elas: contexto da cena, planos, tempo de exposição e sonoplastia. Por fim, ainda neste capítulo, elaborou-se um quadro quantitativo das inserções de merchandisings e uma figura de frequência das inserções realizadas durante o longa. 10 No quarto capítulo a pesquisa preocupou-se em realizar a análise das cenas do filme selecionadas. Para a análise foram utilizadas as quatro categorias anteriormente apontadas, para buscar a compreensão das principais formas que o merchandising é trabalhado nas cenas. Para desenvolver este capítulo foram utilizadas todas as informações dos estudos anteriores. 11 CAPÍTULO 1 1.1 Cinema mundial A invenção do cinema esta ligada ao empresário Thomas A. Edison, que trabalhou com sua equipe de técnicos em West Orange, New Jersey. A ideia da criação iniciou em 1889, depois de ter visto a câmera de Etiènne-Jules Marey em Paris, seu objetivo era criar uma máquina que produzisse movimentos a partir de algumas fotos, a equipe era supervisionada por William K.L. Dickson. Em 1891, foi criado o quinetógrafo e o quinetoscópio, tendo o quinetoscópio apenas um visor, que era exibido em uma tira filme animais amestrados e bailarinas. Enquanto o quinetógrafo era a câmera que fazia esses pequenos filmes. (COSTA, 2006) As primeiras exibições de filmes ocorreram em 1893, nos Estados Unidos, mas foi no dia 28 de dezembro de 1895, que os irmãos Louis e Auguste Lumière realizaram em Paris a famosa demonstração pública e paga de seu cinematógrafo. Os irmãos Lumière retratavam em seus filmes, cenas cotidianas, a correria das pessoas descendo do trem, no famoso Arrivée du train en gare de La Ciotat, também os operários saindo da fábrica, filmados por uma câmera oculta, em La sortie des usinesv Lumière (COSTA, 2006). Droguett (2004) em sua obra “Sonhar de Olhos Abertos”, demonstra as reações dos primeiros espectadores ao verem essa engenhosa máquina funcionado: Conta a lenda que os primeiros espectadores das projeções Lumière fugiram apavorados ante a locomotiva que “avançava” sobre eles... Os irmãos Lumière são inventores, técnicos, empresários e artistas, criadores, sobretudo, de efeitos de realidade. As imagens seduziam pelos detalhes, pelo seu poder inigualável de capturar imaginariamente o real e armazená- lo . Esse detalhamento ultrapassa a realidade. Outro efeito interessante é a qualidade da imagem, tudo aquilo que seduz o espectador em temos de percepção, profundidade e movimento. (DROGUETT, 2004, p. 23-24). Mesmo diante de cenas cotidianas vividas pela sociedade, o cinema em sua primeira exibição causou espanto e medo diante dos telespectadores. O trem 12 filmado possuía em sua projeção profundidade e perspectiva, obtida pelo ângulo de posicionamento do aparelho cinematógrafo, assim o trem parecia que saltava da tela para cima do público, que resultou em um enorme susto para quem assistia. Pela primeira vez uma projeção chegava mais perto da realidade, essa foi à primeira linguagem cinematográfica existente, pois possuía enquadramento, jogo de luz e perspectiva, essas técnicas são utilizadas até os dias atuais. Entre 1907 a 1913, o cinema passa a ter caráter industrial, isso o faz transformar na primeira mídia de massa. Os filmes começam a ter em média de 15 minutos, usam- se mais planos e possuem histórias mais complexas. A indústria francesa era a maior do mundo e com maior visibilidade, logo atrás vinha à Itália e a Dinamarca. A mais poderosa indústria cinematográfica francesa era a Pathé, ela se expandiu pelo mundo devido à baixa demanda que obtinha na França, suas principais caraterísticas era fabricar filmes próprios, câmeras, projetores e películas. Tinha como principal concorrente à empresa Gaumont, que possuía o maior estúdio do mundo, com o fabuloso Diretor Louis Feuillade, que produzia comédias, melodramas, filmes históricos e seriados como Fantômas, produzido entre 1913 e 1914. (COSTA, 2006) As companhias europeias cada vez mais ganhavam mercado internacional, enquanto nos Estados Unidos, as empresas Edison e a Biograph lideraram a criação da Motion Picture Patens Company (MPPC), com o objetivo de proteger os interesses da indústria dos Estados Unidos. Em 1910, a MPPC criou sua distribuidora chamada General Film Company, suas praticam se difundiram na indústria cinematográfica Hollywoodiana.Ela definia quem iria exibir os filmes em cada local geográfico, também criavam taxas mais altas para lançamentos e valores menores para reprises ou produções baratas, assim se criava a diferenciação dos cinemas. Conforme Melo (2012 apud KOVARIK, p.25 2011), em 1908 a MPPC, realizou sua tentativa de controlar o cinema. Companhias independentes como a Universal, Paramount e a Twentieth Century Fox afastaram- se da MPPC e conseguiram assim difundir os seus filmes. 13 A figura do produtor passa ser destaque, com a racionalização do processo cinematográfico nos grandes estúdios, o produtor coordenava as diversas etapas da produção. Entre 1913-1915 as técnicas de filmagem evoluem, a iluminação, enquadramento e atuação, cooperam para uma narrativa mais clara. Neste mesmo período, os filmes ganhavam mais respeito, a maioria dos estúdios norte-americanos estavam inseridos em Holywood, e os filmes duravam em média de 60 a 90 minutos, eram os chamados longas metragens. Já na Alemanha em 1920 surgia o expressionismo alemão, criado na Republica de Weimar após perder a primeira guerra mundial, o povo da época inventou um novo horror para assustar o mundo, mas agora com o filme. O movimento se baseou nos pilares artísticos mais importante da época, que segundo Robinson (2000), novos vínculos entre filmes e artes gráficas, ator e representação, imagem e narrativa, foram estabelecidos. Este novo conceito atraiu um povo intelectual que até então não conhecia o cinema. Um dos filmes de impacto lançado foi o Caligari, sendo sombrio e enigmático, que levou Weimar anos depois a fundar a escola Expressionista. Para Cardinal (1988, p. 35), o impulso criativo da arte expressionista origina-se de um compromisso com o primado da verdade individual, pois encara a subjetividade como comprovação daquilo que é real. Conforme Kracauer (1998), a principal característica dos filmes alemães pós- Caligari é a formação de personagens sem bondade e tiranos. Em 1920 surgia na França o movimento de vanguarda cinematográfico com caráter predominante visual, tendo Louis Delluc, crítico e escritor, como um dos primeiros a perceber o cinema como arte, e desde então, cessa a luta pelo cinema francês. As principais características dos filmes Impressionistas se destacam por possuírem sobreimpressões, deformações ópticas e planos subjetivos, enquanto isso os impressionistas eram chamados de "estetas" do cinema. Henri Langlois demonstra em sua fala a maturidade das técnicas cinematográficas e ultrapassado o limite do velho cinema subjetivo: 14 Em 1920... nossos cineastas foram mais longe. Tinham ultrapassado o estado da arte muda, o da sinfonia de imagens e o do cinema subjetivo. Eles já escreviam filmes com uma câmera, já estavam na linguagem cinematográfica. Pelas suas pesquisas de oposição de brancos e de pretos, pela significação que ela tendia a dar a cada imagem segundo o ângulo de tomada de vista, pela combinação na montagem das superfícies e dos volumes, dos tempos curtos e dos tempos longos, pela fragmentação cada vez maior dos planos e sua simplificação, nossa vanguarda ia direto ao hieróglifo cinematográfico, a essa linguagem ideográfica ante a qual Eisenstein se curvará. (MASCARELLO, 2006, p. 92 apud LANGLOIS in Cahiers du Cinema 1968, p. 17) O velho cinema em 1920 é deixado para trás e vive novas tendências visuais através do movimento impressionista. Começa a existir as primeiras lapidações quanto à linguagem cinematográfica, pois passa a existir maior preocupação estética na elaboração do filme, como o uso de contraste, onde elaboravam ângulos que expressassem o que acontecia em cena. O movimento impressionista cada vez mais avançava em suas técnicas visuais para produção cinematográfica. Em 1920 a Rússia vivia um período artístico através do construtivismo, momento em que o cinema desenvolveu sua estética. Essa revolução desprezava o conceito realista desenvolvida pelo suprematismo, fazendo com que a arte fosse vista como trabalho. Os construtivistas propunham-se na elaboração de um artista engenheiro, no qual o principal objetivo era a construção da obra e a negação do lirismo, um novo artista que tivesse experiência e poderia calcular a reação do público. Este período se destaca entre a forte ligação entre arte e indústria, como a artista Stepanona que em fábricas de tecidos realizou o desenho de diversas estampas. (SARAIVA, 2006) Neste período surgem dois principais diretores soviéticos, Serguei Eisentein e Vertov. Eisentein buscava formas de expressão para mobilizar as pessoas, desenvolvendo uma vertente sintética, com o princípio de incorporar de forma revolucionário o passado burguês. Enquanto para Vertov a revolução era o início e seria necessário existir uma ligação menor com o passado para construir o presente com fundamentos contemporâneos. Ambos foram os pioneiros da linguagem cinematográfica, ditando padrões estéticos. (SARAIVA, 2006) 15 Com a consolidação do stalinismo, a arte de vanguarda chega ao seu término. A nova fase vivida pelos artistas foi desastrosa, Vertov não obteve mais recursos para seus projetos, completando sua carreira como diretor de cinejornais oficiais, depois de muitos problemas com o governo foi executado. Eisentein conseguiu prosseguir atuando, passou a dar aulas, porém seu prestígio e reconhecimento naufragaram. (SARAIVA, 2006). Segundo Canizal (2006), nos primórdios da terceira década do século passado, surge o Surrealismo na França, tal movimento de vanguarda acreditava que existia uma realidade superior, no qual é possível chegar através de associações sem conexão, também chamados de oníricos. O movimento surgiu em 1924, com o manifesto do surrealismo que André Breton escreveu. Para os fundadores do Surrealismo, o movimento era uma forma de conhecimento, que explorava os sonhos, o inconsciente, a loucura e os estados de alucinação. A estética do cinema surrealista era uma realidade sensível, utilizando de formas da natureza, com o intuito de descolocar e embaralhar os sentidos usuais. Segundo Ferraraz: [...] o cinema mostrava-se como um meio perfeito de expressar todos aqueles valores eleitos como fundamentais ao movimento. Os filmes surrealistas lançaram as bases de uma narrativa que não obedecia a lógica da narrativa clássica, cultivando as rupturas, o onírico, as imagens mentais, as visões provocantes, a atração do e pelo mistério. O discurso cinematográfico possibilitava imitar a articulação dos sonhos, a lógica de uma experiência que era, parafraseando Freud, o “preenchimento do desejo” por excelência. (FERRARAZ, 2001, p.3) O movimento que surgiu no período entre as duas guerras mundiais e a sua linguagem negava à estética e também outros padrões impostos pela burguesia. A principal associação do surrealismo é desprender do realismo, para que assim o homem fosse liberto de automatismo, fazendo conhecer os processos primários pelas quais o pensamento humano acontece. Na virada do século XIX para o século XX, um novo gênero cinematográfico surge, denominado Western. Hollywood lançava os primeiros cowboys, índios e mocinhos do velho oeste, onde figuras míticas buscam o equilíbrio em meio a um universo violento. O cowboy tornou-se oficialmente norte-americano, o homem solitário de 16 chapéu de abas largas, colete, lenço e um revolver colocado em coldre de couro na cintura. O Western herdou narrativas mitológicas que descreviam os problemas enfrentados por mulheres brancas que foram sequestradas por índios e aguardavam resgate através de um mocinho branco, para livrá-la detodo mal. Este gênero possuía a preocupação de se mostrar com um documento histórico de confiança. Algumas obras como, Os bandeirantes, de James Cruze, O cavalo de ferro,de John Ford e O grande roubo do trem, de Edwin S. Porter, são dramas históricos narrados como documentários. (VUGMAN, 2006) Em 1928, a maior novidade foi à chegada do som, para o Western, um gênero de ação, a ideia de encher os filmes com muitos diálogos entre os personagens parecia não ter muito valor, em 1930 alguns filmes eram lançados em duas versões, uma possuindo áudio e outra não. Com o passar do tempo os Westerns perceberam que os diálogos possuíam menos importância, pois as trilhas sonoras, como os efeitos de tiroteio, estouro e canções típicas do país agregavam maior impacto ao telespectador. (VUGMAN, 2006) A partir de 1960 a sociedade americana vive uma constante modernização e revolução de valores, fazendo com que o Western não consiga mais acompanhar o passo do momento vivido. O famoso Velho Oeste já não conseguia expressar a nova ideologia e cultura que passava a sociedade norte-americana, contudo se espalhou por todo mundo antes de chegar ao fim. (VUGMAN, 2006) Em algum momento entre as décadas de 1940 e 1950, os franceses criaram o termo chamado Noir, que em francês quer dizer filme negro, tendo duas fases: a francesa e depois a americana. Essa categoria foi à base para construção de uma leva de filmes franceses, tais como: Relíquia macabra (John Huston, 1941), Laura (Otto Preminger, 1944), Até a vista, querida (Edward Dmytryk, 1943), Pacto de sangue (Billy Wilder, 1944), Um retrato de mulher (Fritz Lang, 1944) e Alma torturada (Frank Tuttle, 1942). Essa linguagem cinematográfica apresentava tons escuros, a imagem do policial expressionista e a loira fatal, enquanto o processo visual do Film Noir utilizava narração em over, profusão de cores, big close-up e plano geral em plongé. (MASCARELLO, 2006) 17 O Film Noir marcava seu término com o filme; A Sede do Mal (Touch of Evil, 1958), de Orson Welles. Porém o Film Noir não desaparece totalmente, é possível aceitar sua transferência para televisão nos inúmeros filmes de carácter policial durante os anos 60 e 70. O Noir iniciou sem uma consciência própria, porém se tornou uma referência estética do cinema americano. (MALTEZ, 2013) No contexto atual que vive o cinema mundial, as filmografias não ficam apenas nas telas, mas se desmembram para outros espaços digitais como; livros, sites, jogos, séries televisivas e DVD´s. Este marco retrata a convergência do cinema em um produto de massa. Outro ponto a ser considerado no cinema contemporâneo, é a era tecnológica que vive o século XXI, para se criar um filme ou vídeo, não é necessário possuir uma renda absurdamente grande para produzir ou aparelhos de ponta, mas com alguns equipamentos de uso moderno, como os computadores, Tablets, câmeras e telefoneis móveis, aumenta cada vez mais a possibilidade de se criar um material audiovisual que não se prendam as telas. (LANDIM, 2007) 1.2 Cinema nacional O cinema brasileiro surgiu no dia 19 de junho de 1898, sendo filmado pelo cinegrafista italiano Affonso Sergetto. Chegava da Europa a bordo do navio Brèsil, realizando a filmagem de âncoras e fortalezas do forte da Baía de Guanabara, assim foi considerado o nascimento do cinema nacional. Conforme Jean-Claude Bernardet: O que aconteceu neste dia 19 de junho, um domingo dizem ensolarado? O paquete “Brèsil” entrava na Baía de Guanabara, um passageiro armou a sua “máquina-de-toamda-de-vistas” no convés e filmou a fortaleza e navios de guerra ancorados na baía. Considera-se esta a primeira filmagem comprovadamente realizada no Brasil”. (BERNADET,1995,p.17) Entre 1907 – 1911 o período é conhecido como Bela Época do Cinema Brasileiro. Nestes 4 anos a produção cinematográfica brasileira começa a ter maior lapidação e possuir gêneros documentais, ficção e variados. 18 Campacci (2014) descreve como o fornecimento de energia elétrica entre São Paulo e Rio de Janeiro, tornou-se mais confiável, assim contribuiu para a abertura de 20 salas no Rio de Janeiro e exibiam filmes de ficção e documentários, a novidade para 1909 é o aparecimento dos primeiros filmes cantados. Outro grande salto para o cinema brasileiro foi na década de 30, lembra Gomes (2001), este período foi marcado pelo crescente surgimento das Cinédias, estes estúdios asseguraram a continuidade do cinema brasileiro, a comédia musical em todas as suas modalidades ficaram conhecidas como “Chanchada”, enquanto o melodrama musical não fez sucesso como esperado. Nessa mesma época, o cinema falado estimulou a produção de novos filmes, em um ano foram produzidas 20 fitas. Revelou-se também a preocupação na qualidade dos filmes, como; O Grito da Mocidade e Aves sem Ninho, Essas foram as primeiras produções de Roulien. Nos anos de 1941, em 18 de setembro, Moacir Fenelon e José Carlos Burle fundam a Atlântida Cinematográfica com o intuito de promover o desenvolvimento industrial do cinema brasileiro. Segundo Campacci (2014), a Atlântida Cinematográfica não possuía grandes investimentos nas suas estruturas, mas produziam filmes constantemente. A primeira estreia foi o “Moleque Tião” (1941), depois disso a Atlântida produzia comédias musicais de linguagem acessível ao público, seu principal tema era o carnaval, como a obra “Este Mundo é um Pandeiro” (1947), de Watson Macedo. O sucesso da Atlântida influência as Cinédias para realização do melodrama “O Ebrio” 1946, de Gilda Abreu, com Vicente Celestino, sucesso de bilheteria em todo o país. Com o passar do tempo, as histórias vão abandonando o Carnaval e exploram os Folclores do Rio de Janeiro. Mas é no final da década de 50 que o público cansa da fórmula, e as maiores estrelas são convidadas a trabalharem na televisão. A Vera Cruz foi uma tentativa de se instalar uma indústria cinematográfica no Brasil. Foi Fundada em São Paulo em 1949, em São Bernado do Campo, com o objetivo de produzir no Brasil um cinema de qualidade, isso significava para os empresários que fundaram este estúdio, fazer cinema como os europeus, segundo Simonard (2006 apud Galvão 1981, p.81). 19 O ano de 1950, São Paulo retorna para o cenário cinematográfico, a companhia Vera Cruz, colocava a cidade em outro nível. Nos últimos 4 anos a produção cinematográfica estimulada pelos comerciantes da Atlântida, não mais dependia de artesãos e sonhadores. Os paulistas rejeitaram fazer tudo que pudesse se parecer com o Rio, negando também chanchada, declara Gomes (2001). Com esse objetivo, contratou a Vera Cruz técnicos da Itália e da Inglaterra, trazendo de volta Alberto Cavalcanti, o patrício que se ilustrara no cinema francês e inglês. Numerosos outros estrangeiros, vindos por conta própria e com maior ou menor experiência de cinema nos países de origem, constituíram ou completaram os quadros técnicos e artísticos da Maristela e da Multifilmes. (2001, p.76-77). Este período na cinematografia paulista foi rico em filmes e acontecimentos, enquanto os padrões técnicos e artísticos foram razoavelmente cumpridos, a partir de Caiçaras, confirmou muitos outros: Ângela, o comprador de Fazendas, Terra é sempre Terra, Veneno, Sinhá Moça, Uma Pulga na Balança... Os diretores desses filmes, quase todos estrangeiros, não deixaram uma marca duradoura no cinema nacional, descreve Emílio (2001). O Cinema Novo nasceu em 1952, foi no o I Congresso Paulista de Cinema Brasileiro e no I Congresso Nacional do Cinema Brasileiro, através da não conformidade de jovens brasileiroscom o caminho que seguia o cinema nacional, queriam mais realismo nas produções e valores mais baratos para realização. Conforme Rocha (1981, p. 15) “[..]. Havia em revolução no teatro , o concretismo agitava a literatura e as artes plásticas, em arquitetura a cidade Brasília evidenciava que a inteligência do país não encalhava. E o cinema?[..].” Rocha (1981) descreve o motivo do cinema ser considerado novo, pois o homem brasileiro, os problemas enfrentados pelo país e o conhecimento, também são novos. Assim os filmes nacionais se diferenciam dos filmes europeus, o contexto apresentado se diferencia. Os filmes desejados eram anti-industriais, filmes de autor, quando o cineasta passa a ser um artista e ter compromisso com os problemas de sua época, assim o objetivo era construir no Brasil um patrimônio cultural. 20 Neste contexto, Simonard (2006) lembra que esta nova estrutura do cinema, conseguiu uma grande vitória ao fazer com que o cinema brasileiro passasse a ter a sua experiência reconhecida pelos principais críticos e passasse a frequentar suas colunas com maior assiduidade. Antes dessa revolução, os principais críticos do cinema como; Moniz Vianna e Ely Azeredo, não sabiam que existiam se quer existência de um cinema nacional. Em um panorama sobre o ano 1968, José (2007),o cinema marginal ou cinema do lixo, possuía como características, fitas de orçamentos baixos, simples, abordando temas insólitos e inesperados, analisando o comportamento do homem e seus valores. Este estilo dava voz a pessoas totalmente fora da sociedade, como; prostitutas, bandidos, homossexuais, drogados, pervertidos, degenerados. Seguia uma estética do grotesco, onde as imagens sujas e desfocadas predominavam. As historias que predominavam eram estranhas, com personagens anti- herói, em cada obra existia seres bizarros em um universo estranho. José (2007) ressalta algumas obras realizadas no período do cinema marginal; O cinema marginal tanto podia estar nos filmes eróticos da Boca do Lixo (SP), como nas propostas estéticas de Ozualdo Candeias (A margem, 1967, Zezero, 1972); de Rogério Sganzerla (O bandido da Luz Vermelha, 1968, A mulher de todos, 1969), e JúlioBressane (O anjo nasceu, 1969, Matou a família e foi ao cinema, 1969); nos projetos tropicalistas de Fernando Coni Campos (Viagem ao fim do mundo, 1968) e de Iberê Cavalcanti (A virgem prometida, 1967, Um sonho de vampiros, 1969); nas fitas de terror de Mojica Marins (À meia-noite levarei tua alma, 1964); e na metáfora política de Luiz Rozemberg (Jardim de espumas, 1970) e de Olney São Paulo (Manhã cinzenta, 1969). (2013, p. 157) Nas obras realizadas no período do cinema marginal ocorre a troca da subversão pela transgressão. O que marca este cinema é a produção de um material totalmente transgressivo, que substitui a figura do cinema novo por marginais. Da mesma forma que as regras de boa conduta eram quebradas com esse estilo de cinema, também a estética da linguagem cinematográfica de bom comportamento era rompida, não se espelha no melhor, mas sim no pior. Ainda nos 60, o cinema nacional retrata a passagem do rural para o urbano, na transformação do sertanejo em favelado. Neste período obras importantes foram criadas, como: Vidas secas, Rio Zona Norte e Rio 40 graus, de Nelson Pereira dos 21 Santos; Deus e o Diabo na terra do sol, Câncer e O dragão da maldade contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha; Cinco vezes favela, etc. Nestes enredos é trabalho o imaginário, lugares em crise, personagens rebeldes e uma modernidade que fracassou. (BENTES, 2007) Já em 1990 este discurso cinematográfico brasileiro muda radicalmente, os territórios pobres e seus personagens, passam a serem considerados museus da história, com o discurso folclórico. Os filmes desta época retratam os conflitos sociais dentro das favelas, o fascínio dos garotos pelas armas, arte e moda. Neste período os personagens ganham seu espaço no mercado cinematográfico através de um discurso marginalizado e através dos ritmos Funk e Hip Hop. No século XXI esse roteiro se intensifica e cresce em todo o país, adotando a estética de violência e ditando novas formas de viver e pensar. (BENTES, 2007) O diretor Walter Salles foi um dos responsáveis pela volta do cinema nacional. Recebeu duas indicações para o Oscar Central do Brasil de 1998, proporcionou uma mudança no modo de pensar do público quanto ao cinema nacional, tornando o filme recordista de prêmios alcançados. Já em 2005 realizou a refilmagem do filme japonês de Hideo Nakata, com o nome de Água negra. (EDUCACAO.UOL) No século XXI o público brasileiro e estrangeiro assistem o filme nacional do diretor Jose Padilha, Tropa de Elite, que retrata a vida cotidiana da violenta guerra entre policiais do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e traficantes na cidade do Rio de Janeiro. O impacto foi tão grande que influenciaram jovens e adolescentes a usarem frases do filme em brincadeiras e gírias. O filme recebeu o urso de ouro no festival em Berlim, que é considerado o maior prêmio dos festivais do mundo. (OLIVEIRA, 2008) 22 CAPÍTULO 2 2.1 Merchandising Segundo Souza (2009), preço e produto não são mais os diferenciais para competição no mercado, é necessário possuir variáveis de diferenciação em um ambiente de compras. O conjunto dessas variáveis constitui o merchandising. Para Calazans, “convencionou-se a chamar de Merchandising em propaganda a aparição dos produtos no vídeo, no áudio ou nos artigos impressos, em sua situação normal de consumo, sem declaração ostensiva da marca” (1992, p.196-197 apud Tahara, 1986, p.43) Merchandising tem finalidade de incentivar e influenciar no processo de compras do consumidor final. Segundo Blessa (2010), Merchandising é qualquer técnica, ação ou material promocional usado no ponto-de-venda que proporcione informação e melhor visibilidade a produtos, marcas ou serviços, com o proposito de motivar e influenciar as decisões de compra dos consumidores. Assim, conclui–se que o merchandising tem como proposito exibir e posicionar os produtos, serviços e marcas estrategicamente para aumentar a percepção do público de maneira que acelere sua rotatividade, e pode ser considerada uma ferramenta de marketing estratégica, pois objetiva destacar as mercadorias para impulsionar vendas. (2010, p. 01) A definição de merchandising é abrangente, pois possui objetivo de destacar produtos, marcas ou serviços mediante a seus consumidores, com finalidade de posicionar seu conceito entre uma cena a outra, alavancando a força de vendas e reforçando o poder da marca. O merchandising também existe para facilitar o processo de compras, para criar junto ao consumidor final, uma relação de fidelização. Para os lojistas essa técnica é poderosa para proporcionar uma boa experiência com o consumidor , através de um ambiente agradável e organizado, que possivelmente irá influenciar o comprador a uma experiência prazerosa, desde o momento da sua entrada a loja até a sua compra. (Souza, 2009) 23 Para Rabaiolli (2008), os autores brasileiros que abordam este assunto, apontam para três tipos de Merchandising. O merchandising no ponto de venda, no qual a ação promocional é realizada frente ao consumidor com o objetivo de ser diferenciada. O segundo tipo de merchandising é o social, caracterizado pela discussão de temáticas sociais que envolve a programação televisiva. O terceiro ponto é o merchandising que é visto nos cinemas e na televisão, em que produtose marcas aparecem casualmente entre as cenas, em que será estudado no próximo tópico. 2.2 Merchandising no cinema Todo modo de vida é comunicado de forma subliminar, semelhante a uma neblina suave e dissimulada que bombardeia o consumidor por todos os canais sensoriais, isso ocorre em todas a mídias como; jornais, revistas, cinema, rádio, televisão etc. De forma lenta, essas mensagens levam a adesão, que inconscientemente reforça a cognição consciente (CALANZANS, 1992). Entre os meios de comunicação de massa, o cinema possui lugar de destaque. No dia 10 de junho de 1956, nos estados Unidos, a empresa Jim Vicary, através do taquicóscopio projetou a cada cinco segundos no filmePicnic, a frase beba Coca Cola, na velocidade de 1/3.000 segundos, foi alegado que as vendas do produto aumentaram em 57,7%. Essas ocorrências não aconteceram apenas coma Coca Cola, logo em seguida foi realizado com uma marca de pipoca e anúncios de sorvete. Feltrin acrescenta com seu discurso relacionando o cinema com Merchandising, quanto a sua aparição nos longas metragens: [...] Por se diluir na história e não ser tão explícito, como uma propaganda tradicional, acaba sendo misturado no campo da propaganda subliminar, que é a tentativa de influenciar pessoas com um estímulo (mensagem propaganda), abaixo do limiar do reconhecimento. A técnica de merchandising não é considerada subliminar, porém é importante citá-la, pois a sua intenção é a de comunicar uma marca ou produto de forma a não se perceber a tentativa de persuasão. A mensagem subliminar é aquela que comunica invisivelmente, seduz despercebidamente, mesmo não sendo proposital. O subliminar pode estar contido tanto nas ações de uma personagem secundária e sem importância, como na atitude de um protagonista. (2011, p.5-6) 24 Durante a aparição de um produto ou marca em um filme tenta-se inserir este elementos como integrantes da cena, não de forma explícita ou forçada, mas sim de forma sútil e diluída. Não se pode confundir merchandising com mensagem subliminar, pois um possui o objetivo de comunicar de forma persuasiva e discreta, enquanto outro busca influenciar as pessoas através de uma linha abaixo do reconhecimento mental. No ano de 1929 a auto- estima do povo americano estava para baixo, assim o governo solicitou a diretores famosos a realizarem produções que pudessem animar a população. Segundo Feltrin (2011), a partir de então, pode-se notar como merchandising editorial a estratégia promocional aplicada em materiais audiovisuais que complementa ou agem em conjunto com outras ações publicitárias. Segundo Schiavo (1999), são realizados 4 modelos de merchandising: 1. Menção no texto: quando as personagens mencionam o nome da marca ou produto num diálogo; 2. Uso do produto ou serviço: quando a cena mostra a utilização do produto ou serviço pela personagem, onde a marca e o modelo são destacados; 3. Conceitual: a personagem explicita para outro as vantagens, inovações, relevâncias e preços do produto ou serviço; 4. Estímulo visual: o produto ou serviço é mostrado de forma a ser apreciado, visto no contexto da totalidade da cena, devidamente explorado pela câmera. (1999. P.85-86) Um conjunto de ferramentas de merchandising é reunido em 4 modelos, cujo o objetivo é demonstrar as possíveis formas de aparição das técnicas, que podem utilizar de formas verbais do personagem, através de degustação ou experimentação ou apenas para compor a cena de forma que o contexto reforce a força da marca ou produto. O merchandising editorial tem como objetivo divulgar serviços, marca ou produto, porém deve ser visto como um formato televisual, de subgênero promocional, em que se situa o merchandising. Pode ser interpretado como o avanço da televisão para incorporar à sua programação o Status que compete com a publicidade. 25 Para que um filme de superprodução possa ser produzido, é necessário de patrocinadores para custear com as despesas e assim contribuir com a rentabilidade do filme, dessa forma utilizar merchandising se tornou algo necessário para o cinema se manter lucrativo. É possível citar o caso do filme “007 Contra Spectre”, que utilizou os meios de merchandising de forma pesada para financiar toda a produção. Segundo o site da BBC Brasil (2015): O dinheiro colocado em filmes não é mais o que era antigamente. O mercado de entretenimento doméstico está em queda, então é preciso encontrar novas maneiras de faturar com filmes. E o merchandising é uma parte significativa disso", explica. "Em um mundo ideal, seria melhor não ter esse tipo de promoção deslavada. Mas, realisticamente, se você quer um filme de James Bond espetacular, não pode esperar que ele seja produzido com doações." (2015) Fica claro o vínculo existente entre patrocinador e cinema, essa ligação proporciona vantagens para ambos, pois proporciona a rentabilidade para a produção do filme e a fixação do produto ou serviço na mente dos consumidores. De acordo com a BBC BRASIL (2015), “Essa promoção cruzada é muito valorizada pelas grandes marcas, porque solidifica sua imagem com o glamour relacionado ao personagem. E também é crucial para o filme.” 26 CAPÍTULO 3 3.1 Objeto de estudo: “Os Homens São De Marte... E Pra Lá Que Eu Vou” Os Homens São de Marte... E É Pra Lá que Eu Vou, é uma comédia romântica brasileira. Tendo Marcus Baldini 1como diretor e protagonizado por Mônica Martelli, Paulo Gustavo e Daniele Valente. O filme foi lançado no dia 29 de maio de 2014, tendo sucesso de vendas. A trama possui como personagem principal Fernanda, uma mulher de classe alta e dona de uma empresa que organiza casamentos. Em meio a vários eventos realizados, sonha em um dia encontrar o homem perfeito. Nesta procura ela não está sozinha, conta com a ajuda de Aníbal seu sócio e Nathalie, que também tem má sorte com os homens e trabalha com peças teatrais. Durante todo o enredo, Fernanda encontra diversos homens que acredita ser o homem perfeito. Porém, em cada novo relacionamento, percebe diferenças que a faz desistir de algo mais sério. Em meio à solteirice, Fernanda se desespera com a ideia de ficar sozinha para sempre, e busca incessantemente a sua alma gêmea. Sua busca marcada por humor e desespero, leva a personagem a se moldar aos costumes de seus pretendentes, deixando assim, muitas vezes a sua identidade de lado. Para cada novo relacionamento vive uma aventura diferente, que leva o telespectador em um mundo repleto de novidades. O final do longa metragem Fernanda decide cuidar melhor de si e aprender a se amar primeiramente. Isso leva a personagem para um amadurecimento na vida sentimental que lhe proporciona um casamento e possivelmente duradouro. 1 Marcos Baldini é formado em Rádio e TV, conquistou alguns prêmios internacionais de propaganda e em 2011 dirigiu o filme “Bruna Surfisitinha”, obtendo sucesso em bilheteria. 27 3.2 Categorias de análise Para esta análise, quatro categorias foram reunidas para que o conteúdo de merchandising utilizado no longa metragem fosse estudado de forma mais adequada e específica. Essas categorias surgiram das próprias fontes, foram definidas a partir de elemento essenciais da construção da linguagem cinematográfica, sendo elas: contexto da cena, planos, tempo de exposição do produto e sonoplastia. Contexto da cena: Essa categoria irá analisar a cena como um todo, com a intenção de avaliar os acontecimentos que levaramas ações e o aparecimento do produto na cena, e se o contexto levou a reforçar alguma das caraterísticas do produto. Planos: Os planos é uma das linguagens cinematográficas que compõem a narrativa audiovisual. Conforme Machado (2009), a montagem é o elemento chave na compreensão semântica, em que a junção dos vários planos produzem significados. Dessa forma, essa categoria irá analisar os planos de transição de uma cena a outra com o objetivo de desenvolver a linguagem trabalhada no longa metragem. Tempo de exposição do produto: O tempo de contato entre produto ou marca será avaliado nesta categoria, com o objetivo de identificar as diferenças do tempo de exposição com o consumidor final que acarretará em uma maior pregnância . Sonoplastia: Será analisado durante as cenas em que o produto ou marca são identificados, os ruídos, sons externos, trilhas e efeitos acústicos que possivelmente foram inseridos durante a cena. Para Machado (2009) o cinema é imagem sonora, pois durante o enredo é possível perceber a junção que é desenvolvida entre a imagem e o som. 28 3.3 Quadro de inserção de merchandising no longa metragem Para o início dela análise, foi montado um quadro quantitativo com o número de inserções de merchandising durante uma hora, quarenta minutos e vinte e cinco segundos. O quadro foi separado por cena, tempo, merchandising da cena e o produto que apareceu durante a gravação. Quadro 1 – Quadro quantitativo dos merchandisings Cena Analisada Tempo Inicial Tempo Final Tempo Total Produto 1 00h, 04min, 11s 00h, 04min,24s 13s Bohemia 2 00h, 05min, 08s 00h, 05min, 11s 3s Chevrolet 3 00h, 13min, 35s 00h, 13min, 43s 8s D. Filipa 4 00h, 16min, 49s 00h, 16min, 55s 6s Danone 5 00h, 19min, 04s 00h, 20min, 18s 1min, 14s Revista Carta Capital 6 00h, 22min, 23s 00h, 22min, 45s 22s Ricardo Almeida 7 00h, 23min, 11s 00h, 23min, 18s 7s Cosmopoli sh 8 00h, 26min, 01s 00h, 26min, 04s 3s Rímel maybelline Colossal 9 00h, 28min, 19s 00h, 28min, 23s 4s Danone 10 00h, 32min, 51s 00h, 32min, 53s 2s TeleCine Play 11 00h, 56min, 48s 00h, 56min, 55s 7s Ventura Marine 12 00h, 58min, 25s 00h, 58min, 34s 9s Vivara 13 01h, 07min, 06s 01h, 07min, 06s 1s Izzo 14 01h30min15 s 01h30min17s 2s Bar Salve Jorge Fonte: Dados da pesquisa (2015) 29 Através do quadro acima é possível separar os merchandising que aparecem no decorrer do longa. Dentre os produtos inseridos, é possível distinguir: bebida, carro, alimento, revista, produtos de beleza feminino, vestuário, barco, tambor, entretenimento e local de convivência. A maioria dos produtos podem ser utilizados por homens e mulheres, com exceção dos produtos de beleza. Neste próximo quadro é possível analisar a frequência do número de inserções de merchandising ao longo do filme. Os círculos vermelhos representam as inserções dos produtos. Figura 1: Gráfico de frequência de inserção de merchandising Fonte: Dados da pesquisa (2015) O gráfico revela que a inserção de merchandising ao decorrer da narrativa é gradual, contudo a distribuição não é igual em todo o filme. As maiorias das inserções concentram-se no início. Da metade até o fim, as quantidades de inserções diminuem consideravelmente. 30 CAPÍTULO 4 4.1 Merchandisings das cenas Neste capítulo serão analisados os 14 merchandising inseridos no enredo do filme a partir das quatro categorias apontadas e descritas no terceiro capítulo. 4.1.1 Merchandising 01 Figura 02 – Bohemia Fonte: Telecine Play • Contexto da cena: Fernanda caminha dentro de um supermercado para realizar suas compras e usufruir sozinha por ainda não ter ninguém para compartilhar. Como toda pessoa comum, ela caminha de forma tranquila em busca dos produtos que lhe agrada, ao ver um pote de geleia, para e o coloca dentro do carrinho. Ao realizar a escolha da geleia, existe uma forte referência feita pela personagem através do movimento de mão, levando o olhar não apenas para o pote de geleia, mas também para a marca Bohemia. 31 O roteiro aproveita o ambiente do supermercado para realizar a inserção e contextualizar com o momento que vive Fernanda. Existem também outros indícios da presença daquela marca no local, como as diversas bebidas do anunciante ao lado da personagem e a presença de um freezer da Bohemia. • Planos: A cena inicia com o plano médio que enquadra da cintura para cima da personagem, em seguida existe o movimento de travelling da direita para esquerda e fica estática por 2 segundos e retorna o travelling que acompanha a caminhada da personagem. O plano que foi utilizado nesta cena é muito frequente no jornalismo, pelo motivo de aumentar a proporção do personagem e diminuir gradativamente o segundo plano, nota-se que a filmagem preocupa em enquadrar Fernanda como elemento principal e não fazer menção visual dos produtos dentro do carrinho. Contudo ao surgir o movimento de travelling a câmera se posiciona exatamente perto da mão estendida de Fernanda, que faz uma conexão direta com o logo, como se fosse uma seta apontando para onde os telespectadores deveriam olhar. Este movimento da câmera além de contribuir para acompanhar os passos da personagem, também pode levar a indicação da marca. Outra característica é a técnica de desfoque utilizada, pois existem outras bebidas ao lado da Bohemia, porém é utilizado o desfoque para inibir a visualização das demais marcas e focar apenas no que a cena deseja demonstrar. • Tempo de exposição do produto: O tempo de exposição da marca é de 13 segundos sem interrupção. O tempo se associa primeiramente com os passos da personagem que é mais lento, pois ela está escolhendo um produto na prateleira, assim o tempo segue essa natureza vagarosa construída pela cena. Outra característica relevante são os dois segundos dedicados para a marca com a câmera estática, este tempo é suficiente para proporcionar ao telespectador que ainda visualizou a marca em movimento, uma segunda oportunidade de vê-la, trazendo a fixação do Logo Bohemia. 32 • Sonoplastia: O áudio não faz nenhuma referência à marca de bebidas, mas está ligado diretamente com o trama vivido por Fernanda. A trilha de fundo existente nesta cena é a ponte de conexão das cenas anteriores e das futuras, pois possui tons mais calmos e dramáticos para relacionar ao momento que a atriz está passando. É possível analisar que o narrador não faz nenhuma associação com a marca, apenas com o roteiro da história. 4.1.1 Merchandising 02 Figura 03 – D. Filipa Fonte: Telecine Play • Contexto da cena: Fernanda, Aníbal e Nathalie estão saindo da festa de casamento de um dos seus clientes e discutem o relacionamento sentimental um do outro. Logo avistam Juarez esperando Fernanda encostado em um carro. No fundo da cena é possível ver o logo D.Filipa em um caminhão. Nesta cena é possível analisar que antes do merchandising ser inserido, existem sinais como a coroa que os 33 convidados utilizam e os ornamentos da festa que já preparam o telespectador para a inserção do merchandising. Estes vestígios não são tão frequentes no cinema, contudo, proporcionaao público uma prévia do que será exibido posteriormente. • Planos: Incialmente é utilizado o plano geral para contextualizar o local onde Juarez se encontra, em seguida existe um corte seco para a personagem principal e seus amigos, enquanto a câmera já enquadra no meio primeiro plano os personagens para estreitar a comunicação e deixar mais “perto” do telespectador. Em seguida, a câmera faz um plano Close-up no rosto de Fernanda, que gera mais intimidade na representação de quem está sendo filmado, captando claramente a feminilidade de Fernanda ao ver Juarez. O último corte é realizado em Juarez em meio primeiro plano, este enquadramento além de se aproximar do personagem, possui o objetivo de colocar a marca em destaque. O símbolo da marca é a cabeça de uma princesa com uma coroa, se existisse continuação neste corpo, à marca estaria como uma pessoa ao lado de Juarez, na mesma altura e nos mesmo plano. A imagem é representada de forma desfocada na cena, porém o desfoque não é a ponto de tornar o logo irreconhecível, mas aparece de forma perceptível ao lado do personagem. • Tempo de exposição do produto: A marca fica 13 segundos em exposição, esse tempo é fracionado com a separação dos cortes das cenas entre Fernanda e Juarez. Assim o tempo se justifica devido a estes cortes que ocorrem na cena, pois o logo não fica o tempo total em exposição, mas vai e volta de acordo com a narrativa. • Sonoplastia: Esta cena aborda inicialmente o diálogo dos personagens Fernanda, Nathalie e Aníbal que discutem o relacionamento um do outro, também é possível se 34 ouvir sons de taças, carrinho de mão e uma trilha sonora de teclado bem suave. É clara a associação da marca com o áudio, realizada de forma implícita, toda a sonoplastia da cena se dirige a relacionamento, o som das taças batendo demonstra o serviço que é oferecido pela empresa, a saber; produtos personalizados para eventos. Por fim, a trilha sonora surge para completar toda a trama, com o objetivo de criar um “clima” entre os personagens e deixar claro para o telespectador o interesse sentimental de Juarez e Fernanda. 4.1.2 Merchandising 03 Figura 04 – Chevrolet Fonte: Telecine Play • Contexto da cena: Fernanda está de viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro, pois irá realizar o casamento de uma de suas clientes. Para realizar o transporte da personagem, foi utilizado o taxi com a marca Chevrolet. 35 A marca aparece como segundo elemento de peso na filmagem, que aproveita do recurso de focar na placa do veículo para aparecer na cena. Essa foi uma forma que o diretor encontrou para mostrar a mudança de espaço das cidades com a inclusão do merchandising, assim a marca fica evidente no enredo e fazendo parte da cena. • Planos: A imagem tem o início com o plano detalhe na placa do carro e se afasta com o zoom out, no corte da cena a filmagem usa do plano geral para contextualizar o local. conforme o veículo se aproxima, novamente se cria um plano detalhe na placa do veículo e permite novamente a aparição do logo. Nesta cena para demonstrar a mudança de espaço geográfico de São Paulo para o Rio de Janeiro, o plano detalhe foi utilizado diretamente na placa do automóvel, na ida e na volta. Este plano atribui características de proximidade com objeto filmado, contribuindo para relevância e evidência da placa filmada. Em um segundo grau de importância da cena está o logo da Chevrolet, que em ambas as mudanças geográficas é a mesma marca utilizada para o veículo. A aparição do logo não está de forma discreta na cena, mas demonstra o peso da marca durante a cena. • Tempo de exposição do produto: A marca Chevrolet já possui reconhecimento em nível nacional, assim durante o tempo de três segundos ela cumpre o seu papel de fortalecer o conceito diante do público. O logo surge em um tempo curto, porém considerado bom devido aos planos que lhe dão destaque. O tempo nesta cena está associado diretamente com os planos escolhidos, por ser visualmente muito evidente, o tempo é menor para não forçar a inserção do merchandising. 36 • Sonoplastia: A cena é acompanha de uma trilha sonora calma e divide espaço com o som da partida do carro e a porta se fechando. Para a cena ficar ainda mais real, teve-se a preocupação de demonstrar o som do contato entre o pneu e o chão. 4.1.3 Merchandising 04 Figura 05 – Danone Fonte: Telecine Play • Contexto da cena: Juarez acorda cedo pela manhã para ir ao trabalho, dessa forma o personagem começa a montar seu café da manhã quando é surpreendido por Fernanda, e um pouco sem jeito lhe convida para sentar a mesa. Juarez oferece iogurte para Fernanda que rapidamente aceita o alimento. O enredo aproveitou o café da manhã entre os dois personagens para surgir sem fazer um discurso direto do produto, mas é perceptível notar o produto em toda a 37 cena, Fernanda ainda realiza a degustação do alimento enquanto conversa com Juarez e cria sonhos ao lado dele. É possível notar desde o início que o produto é aberto e o lacre com o Logo Danone permanece virado para cima. • Planos: Nesta cena foi utilizado o plano médio, que tem a intenção de diminuir o campo de visão de segundo plano e dar ênfase ao primeiro plano. Pode se notar que foi utilizado a regra dos terços, e o produto está localizado exatamente em um dos pontos de interseção entre o cruzamento das linhas. Esses pontos de interseção tem o objetivo de evidenciar o objeto filmado. • Tempo de exposição do produto: Seis segundos é o tempo que o produto Danone fica em exposição. Esse tempo é definido conforme o contexto, pois o plano médio não é utilizado com o fim de destacar algum objeto, mas sim gerar mais intimidade com os personagens que dialogam, assim o tempo exposto busca explorar as três outras categoriais de forma mais profunda. • Sonoplastia: Quando o produto é exposto em cena, existe apenas o som de cadeira arrastando e o lacre da embalagem se rompendo. Por menor que seja a evidência do som da abertura da embalagem, o efeito faz uma referência indireta ao produto. Essa categoria é uma das mais exploradas por utilizar o diálogo de Juarez ao perguntar a Fernanda se ela deseja um iogurte. Essa fala já é o ponto de partida para apresentar o produto ao telespectador e associar ao estilo de vida saudável que o personagem leva. 38 4.1.4 Merchandising 05 Figura 06 – Carta Capital Fonte: Telecine Play • Contexto da cena: A cena se passa em um aeroporto onde Fernanda, Nathalie e Aníbal, discutem sobre a noite romântica que Fernanda teve com Juarez e seus sonhos com ele. Fernanda fala como ele é culto e o bem que faz sociedade devido ao cargo que exerce de senador, logo Aníbal insinua a leitura das revistas como tabuada que Fernanda deve decorar para estar bem por dentro dos principais assuntos. O cenário escolhido não possui nenhuma relação com a revista Carta Capital, mas é puramente a continuidade da cena que os personagens se encontrão. Outro fator, é que revista só é reconhecida pelo público assinante, assim o merchandising procura estar ligado às características da atriz principal e reforçar o produto para quem já conhece. A referência principal exercida se 39 enquadra na categoria de áudio, onde Fernanda e Aníbal fazem uma relação indireta com a revista. Esse assunto será analisado na categoriade sonoplastia. • Planos No início da cena o plano escolhido foi o geral, para demonstrar o local que os personagens estavam, esse plano é usado para referenciar ao local da cena. Em seguida existe o corte para o plano americano, que enquadra a cena do joelho até a cabeça, com a finalidade de diminuir o campo de visão do segundo plano e evidenciar o primeiro. Logo, a cena desenvolve para o plano médio, assim estreita ainda mais o grau hierárquico dos elementos, dando destaque para o primeiro plano. Os planos escolhidos não buscam evidenciar o produto, mas sim o cenário e o discurso ente os personagens. • Tempo de exposição do produto: O merchandising dessa cena dura 1 minuto e 14 segundos, isso acontece devido à visualização do telespectador em relação ao produto, pois é mais difícil de perceber devido à forma natural de se carregar uma revista. A revista na cena é pouco evidente, assim usa o recurso do tempo para compensar essa “má” visibilidade. • Sonoplastia: Nesta 4ª cena o recurso utilizado é apenas o diálogo entre os personagens e sons ambientes, como vozes e carrinhos de compras. Durante o diálogo existem referências realizadas pelos personagens que remetem de forma indireta à revista Carta Capital, atribuindo valores de engajamento político e cultural. Esses valores buscam reforçar a postura da revista no mercado e associar seus valores com a personagem. 40 4.1.5 Merchandising 06 Figura 07 – Ricardo Almeida Fonte: Telecine Play • Contexto da cena: Este período marca o início de produção de Fernanda para o encontro com Juarez. A primeira escolha que a personagem realiza é a compra das roupas, e a loja escolhida foi a Ricardo Almeida, uma típica loja burguesa. A cena descreve uma loja organizada e com bom atendimento, que se preocupa em escolher a melhor peça de roupa para a cliente, e Fernanda se sente a vontade para conversar com a vendedora enquanto a mesma tenta lhe persuadir a comprar um vestido cor de beterraba. • Planos: O plano geral foi utilizado para esta cena, com a intenção de mostrar a loja que o personagem está e as características próprias do ambiente, como a decoração, manequins, vestuário etc. A marca é colocada inicialmente na 41 parte inferior central da cena. Conforme a narrativa se desenvolve, a câmera se movimenta de forma lateral (travelling), assim a marca passa do centro para o lado esquerdo da filmagem, que é considerado o princípio da leitura feita pelo olhar. • Tempo de exposição do produto: A marca Ricardo Almeida é exposta por 22 segundos, esse tempo é aproveitado através do diálogo da vendedora com Fernanda que a convence de realizar a compra. O tempo utiliza das escolhas demoradas de Fernanda para ficar maior tempo em exposição. E o logo não está associado diretamente com o público, mas sim com perfil da personagem. • Sonoplastia: Foi utilizado para esta cena apenas o diálogo entre a personagem Fernanda e a vendedora da respectiva loja, acompanhando de uma trilha sonora quase imperceptível. A vendedora possui um discurso leve e coerente, possível de convencer Fernanda de realizar a compra. O áudio atribui naturalidade á cena, demonstrando relação de cliente e vendedora de forma agradável. 42 4.1.6 Merchandising 07 Figura 08 – Cosmopolish Fonte: Telecine Play • Contexto da cena: Em uma das lojas Cosmopolish, Fernanda precisa estar com as unhas bonitas para o encontro com Juarez. A vendedora apresenta diversas opções de cores, relacionando-as com a própria vida e no final do enredo a atriz escolhe a cor vermelha com o objetivo de “causar”. O contexto da cena mostra as atividades relacionadas à área de beleza, onde têm diversas outras mulheres que fizeram a mesma escolha de Fernanda. Esse conjunto de coadjuvantes femininas que fazem as unhas, contribui para a criação da cena no quesito sentido, para proporcionar ao enredo um discurso coerente. • Planos: O meio primeiro plano é utilizado no diálogo entre as personagens durante a cena. Este plano começa na cabeça e termina no tórax, possui como característica, estreitar o diálogo das personagens com o telespectador tornando-o mais íntimo. A marca se mostra presente no jaleco da prestadora 43 de serviços á altura do peito, captando o logo no enquadramento da regra dos terços, assim deixa o símbolo com maior evidência. • Tempo de exposição do produto: O tempo de exposição da marca Cosmopolish usa o discurso entre as personagens para estar em evidência, totalizando sete segundos. Esse tempo se define de acordo que a vendedora explica a relação das cores dos esmaltes, e o impacto causado nos homens. O tempo não é forçado, mas ocorre de forma que a fala das personagens necessite de um período maior. • Sonoplastia: Durante o merchandising a cena apresenta o diálogo entre Fernanda e a atendente da loja Cosmopolish, que predomina durante todo o contexto, sofrendo apenas a interrupção do toque de celular. É possível notar também o som do manuseio dos esmaltes que a atendente realiza. O som utilizado preferencialmente foi à conversa entre as personagens, por se tratar se uma situação comum em locais de beleza onde predomina o público feminino. 4.1.7 Merchandising 08 Figura 09 – Maybelline Colossal Fonte: Telecine Play 44 • Contexto da cena: Após receber uma ligação de Juarez, Fernanda fica eufórica para encontrar com o homem da sua vida. Para o encontro ser o mais agradável possível, Fernanda experimenta diversas vezes peças íntimas, escolhendo suas melhores roupas e uma grande produção de maquiagem. No período em que está de frente ao espelho se maquiando, a personagem utiliza o rímel Maybelline Colossal, para este encontro importante que poderá marcar a sua vida. • Planos: Para esta cena é usado o close no personagem. Esse plano filma diretamente o rosto de Fernanda, que é a melhor área do corpo para esboçar sentimentos. Assim além do produto estar ligado aos sentimentos da atriz, principalmente nas próximas cenas, ainda existe uma demonstração física do produto. • Tempo de exposição do produto: Esta cena possui cortes rápidos, assim o merchandising entra em três segundos na cena, tempo excelente para acompanhar o enredo e ter o produto exibido. Neste merchandising a categoria do tempo de exposição é uma das principais para a pregnância do produto, pois possibilita à personagem utilizar o rímel do anunciante. • Sonoplastia: O merchandising é acompanhado apenas da trilha sonora de Amy Winehouse, chamada “Valerie”. Essa trilha possui grandes pontos de picos, isso contribui com a dinamização da cena e gera sensação de movimentação. 45 4.1.8 Merchandising 09 Figura 10 – Danone Fonte: Telecine Play • Contexto da cena: Fernanda preocupada com sua noite com Juarez, recebe ligação da sua tia Sueli, conforme a conversa desenvolve, Sueli ensina sua sobrinha uma “mandinga” para que o relacionamento do casal fique mais firme. Chega o momento que Fernanda coloca a imagem de Santo Antônio na geladeira e um dos seus alimentos é o iogurte Danone, colocado em primeiro plano e desfocado, contudo compõem a cena e se torna parte dela. • Planos: O plano detalhe é utilizado na cena para evidenciar a imagem de Santo Antônio, contudo o iogurte Danone aparece ao ladodireito da imagem, o produto está em primeiro plano, mas como foi utilizado o efeito de desfoque para tudo o que não está no centro, a marca entra como objeto que completa 46 os alimentos da geladeira da personagem, não tendo o principal papel na cena. • Tempo de exposição do produto: Nesta cena de quatro segundos, já se sabe que o foco é a imagem de Santo Antônio dentro da geladeira, por isso o tempo exibido é apenas a passagem do objeto do santo para dentro da geladeira, ou seja, o tempo de colocar a imagem do santo e fechar a geladeira. • Sonoplastia: O som ouvido inicialmente é da geladeira abrindo e o barulho quando a imagem de Santo Antônio encosta na prateleira. Toda a cena é acompanha de uma trilha sonora sútil de piano, com tom dramático. O som da geladeira faz referência ao produto Danone, pois é o local onde se armazena. Enquanto a trilha sonora remete apenas ao sentimento de desespero e misticismo vivido por Fernanda. 4.1.9 Merchandising 10 Figura 11 – Tele Cine Play Fonte: Telecine Play 47 • Contexto da cena: Em uma cafeteria, Fernanda, Aníbal e Nathalie estão reunidos e discutindo o relacionamento de Fernanda e Juarez. Aníbal acessa o noticiário através de um tablet, e logo se depara com Juarez e sua noite com outra mulher. Fernanda neste momento perde o controle e insulta o senador, demonstrando toda sua raiva. • Planos: O objeto filmado encontra-se em plano detalhe, para dar destaque à notícia. O logo Telecine Play encontra-se de forma sútil na imagem. • Tempo de exposição do produto: O tempo de dois segundos para a aparição do merchandising se deve ao meio eletrônico que está em uso, pois possui os diversos recursos como zoom e hiperlinks, que obriga o usuário a não ficar em apenas uma tela estática, e como o conteúdo da notícia é quase ilegível em determinada distância, Fernanda dá um zoom na tela do tablet, dessa forma se usa a vivência comum do uso dessa tecnologia para ser aplicada na cena. • Sonoplastia: Os sons para esta cena retratam bem o local em que os personagens estão, nota-se o som das xícaras de café e o diálogo de Fernanda com seus amigos, contudo em nenhum momento existe alguma referência do serviço do Telecine com a sonoplastia. 48 4.1.10 Merchandising 11 Figura 12 – Ventura Marine Fonte: Telecine Play • Contexto da cena: Esta cena ocorre em um barco de luxo no qual Robertinho e Fernanda estão reunidos com seus amigos, nesta confraternização é possível notar os risos e as bebidas que os personagens ingerem. As imagens já demonstram a forte ligação da marca com o poder, status, luxo e conforto. Este contexto já situa o conceito da marca e seu público alvo, que é diferente do público que compareceu ao cinema para assistir o filme, mas se adequa apenas ao estilo de vida da personagem Fernanda. • Planos: A cena possui apenas o plano geral durante o merchandising da marca. Neste plano a câmera fica estática o tempo todo, sem sofrer nenhuma influência quanto a sua posição. O plano geral tem o objetivo de demonstrar na cena o local que os personagens estão e o que estão fazendo. 49 O logo em nenhum momento é destacado, contudo segue a ordem da leitura horizontal realizada pelo ser humano, da esquerda para direita. Este ponto sem dúvida é estratégico, mesmo com o campo de visão ampliado, o local que a marca se encontra no plano, proporciona maior destaque e não é forçada. • Tempo de exposição do produto: O merchandising é exposto por sete segundos, inicialmente esse tempo é para justificar a narração e mostrar através dos planos a alegria dos personagens que participam da comemoração. Porém, é o recurso utilizado pelo diretor para a marca ter um tempo maior exposto. • Sonoplastia: Durante toda a cena existe uma trilha sonora orgânica, com sons de flauta e chocalho, essa trilha é colocada de forma mais sútil, enquanto o destaque sonoro fica para narração, risos e barulho de garrafa. A trilha sonora interage com a exigência da cena, de transmitir uma paisagem natural e tranquila, enquanto os risos e vinhos remetem ao conceito de luxo da marca. 50 4.1.12 Merchandising 12 Figura 13 – Vivara Fonte: Telecine Play • Contexto da cena: Fernanda passeia tranquilamente pelo shopping, quando avista a loja Vivara. Sem pensar duas vezes, entra no local. A vendedora logo lhe mostra um anel de noivado de uma nova coleção, enquanto isso a câmera coloca apenas o objeto em quadro. Em seguida é surpreendida por uma ligação de Robertinho, deixando Fernanda em estado eufórico. A personagem desiste da aquisição, pois acredita que o amor da sua vida, já realizou a compra, assim Fernanda deixa o local e elogia o produto. • Planos: A cena tem inicio em um plano geral, a câmera faz um leve movimento na vertical de cima para baixo (dolly), enquanto o efeito de desfoque desaparece para surgir o logo Vivara até se tornar nítido. Essa aparição inicial foi rápida e 51 sútil, porém foi a introdução para um merchandising com maior duração nas próximas cenas. No corte da cena existe um plano detalhe no anel, que é manuseado pela personagem. Em seguida a cena apresenta o plano médio, que tem por finalidade a proximidade com o telespectador. A caixa com o logo Vivara. Fica exatamente ao centro da filmagem, realizando a intermediação entre os personagens. Fica claro que toda a cena utiliza os planos como um dos meios principais para se apresentar, pois toda a forma de filmagem leva a ênfase do produto, porém com cortes rápidos para tornar a cena mais natural. • Tempo de exposição do produto: Nesta cena, o merchandising ficou nove segundos em exibição. O contexto da cena esta ligado diretamente com o tempo, pois a marca precisa divulgar a nova linha de anéis da Vivara, assim se faz necessário o diálogo mais extenso entre a personagem e a vendedora. Também está relacionado à naturalidade da cena, pois qualquer pessoa quando vai realizar uma compra não realiza essa ação de qualquer forma ou da maneira mais rápida, porém precisa analisar para se chegar a uma conclusão a respeito do produto. Dessa forma o roteiro aproveita dessa vivência que o consumidor possui para inserir o merchandising. • Sonoplastia: Ao mostrar a loja Vivara de forma sútil, começa a tocar uma trilha sonora calma de violão, e Fernanda depressa entra no local e escuta-se o som dos seus sapatos. Em seguida interrompe a trilha sonora de violão e inicia o diálogo entre a vendedora e a personagem, acompanhado do efeito sonoro de brilho durante toda a cena. No diálogo estabelecido entre as personagens, a vendedora apresenta o novo anel que acabara de chegar à loja e incentiva Fernanda a realizar a compra. 52 O áudio contribui diretamente para a construção dessa cena, começando pela trilha calma que relaciona diretamente ao romantismo e as serenatas de amor. Outro ponto é o diálogo da vendedora, que deixa claro que o produto pertence a uma nova linha e tenta tirar o pessimismo de Fernanda quanto a se casar. Por fim, é utilizado o efeito de brilho, que no filme está ligado ao mundo onírico, assim surge no discurso de Fernanda com a vendedora e Robertinho. Durante o efeito percebe-se a relação direta com o diálogo: as palavras noivado, proposta inesquecível e casamento, são citados pelos
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