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AN02FREV001/REV 4.0 
1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DISTÚRBIOS DO SONO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DISTÚRBIOS DO SONO 
 
 
 
 
 
O SONO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
3 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
2 SONO 
2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS DISTÚRBIOS DO SONO 
2.2 CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DOS DISTÚRBIOS DO SONO 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
4 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Desde a origem dos tempos, filósofos e médicos tentam explicar o 
mecanismo do sono. Hipócrates o considerava como uma transferência do sangue 
e do calor para o interior do corpo; Aristóteles já dizia que o alimento ingerido era a 
causa imediata do sono. 
Nos séculos XVII e XVIII o sono foi explicado por conceitos filosóficos e 
fisiológicos. 
 No século XIX foram usados fundamentos exclusivamente fisiológicos e 
químicos: falta de oxigênio e isquemias cerebrais (SOUZA & SOUSA, 1998). 
 
Depois veio a época científica, com a descoberta do eletroencefalograma, 
em 1929, por Hans Berger onde o sono era considerado inicialmente como um 
fenômeno passivo. 
Em 1937, Bremer pensava que o sono sobreviesse “por deficiência”: o 
cérebro não receberia mais o influxo nervoso proveniente dos órgãos dos sentidos; 
o sono era considerado como uma simples diminuição do estado desperto. 
 
Em 1953, Aserinsky e Kleitman descobriram o sono paradoxal ou REM 
(rapid eyes movement – movimento rápido dos olhos), colaborando com a 
conversão do estudo dos distúrbios do sono em uma nova especialidade médica e 
com a visão do sono como um fenômeno ativo. (VELLUTI, apud REIMÃO, 1996). 
 
O interesse dos cientistas e da população em geral em relação ao sono e às 
suas alterações, tanto quantitativas como qualitativas, tem aumentado 
aceleradamente nos últimos 20 anos, haja vista a grande quantidade de publicações 
de livros e de artigos científicos, e de participantes em simpósios e congressos 
sobre sono, além do aumento do número de Centros de Distúrbios do Sono (ou 
Laboratórios de Sono) e Sociedades Científicas de Sono em todo o mundo. Nos 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
5 
Estados Unidos da América, por exemplo, na década de 70, havia menos de 10 
centros de distúrbios do sono e, em 1995, havia mais de 200. (LEMMI apud 
REIMÃO, 1996). 
A evolução tecnológica, acompanhada da globalização, tem exigido do 
homem uma maior dinamização e produtividade, na esfera do trabalho, da 
capacitação profissional e dos estudos. Isso faz com que ele aumente o seu tempo 
de vigília e, por conseguinte, sacrifique algumas horas de sono. O trabalho pode ser 
propiciador do adoecer e da saúde (GUIMARÃES, 1992), podendo esta mesma 
assertiva ser estendida à esfera dos estudos (associado ou não ao trabalho). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ser humano precisa dormir como precisa respirar e se alimentar. O 
“dormir” não é um ato passivo, mas sim reparador e ativo, portanto, deve ter seu 
tempo respeitado e o mínimo possível desregulado. Tamanha é a importância do 
sono que “todas as funções do cérebro e do organismo em geral estão influenciadas 
pela alternância da vigília com o sono. O sono reinstala ou restaura as condições 
que existiam no princípio da vigília precedente”. 
Dentre os distúrbios do sono, a insônia é o mais comum, sendo pouco 
diagnosticado e nem sempre adequadamente tratado. É um problema de saúde 
pública, sem a merecida atenção pelos órgãos oficiais. Há de se diferenciar, caso a 
caso, o tipo de insônia e suas repercussões biopsicossocioambientais e/ou políticas 
naquele indivíduo, naquele período da sua vida. Dormir pouco pode ser um 
costume, como os dormidores curtos, short sleepers, porém dormir pouco e/ou mal 
Reforçando! 
 
No mundo globalizado em que 
vivemos hoje, a tendência é que 
as pessoas durmam menos por 
conta da sobrecarga de 
trabalho, o que pode trazer 
como conseqüências sérios 
problemas de saúde. 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
6 
pode ser prejudicial a todas as funções do organismo. (SOUZA & GUIMARÃES, 
1999). 
Talvez só o amor e o ódio humano tenham recebido mais atenção dos 
poetas e escritores do que o sono (CARSKADON & ROTH apud KRYGER et al., 
1994). Cantado em versos e poesias, retratado em pinturas, personagem bíblico, 
mitológico, de romances e dramas, tema de inúmeras pesquisas e publicações 
científicas, o sono ainda é uma incógnita para o homem. Muito ainda há de se 
descobrir acerca deste fenômeno ativo e cotidiano, bem como de seus agravos e 
consequências à Qualidade de Vida (QV). 
Muitos estudos de QV utilizaram esta terminologia sem uma conceituação 
clara (SPILKER, 1996). Embora o seu conceito esteja em constante mudança, 
muitas pesquisas e publicações científicas têm abordado este tema de forma mais 
sistematizada após a criação do Grupo de Qualidade de Vida da Organização 
Mundial da Saúde (OMS), no início desta década. Este grupo criou o questionário 
World Health Organization Quality Of Life (WHOQOL-100), com o objetivo de 
interromper a proliferação dos questionários sobre QV e unificar o conceito e os 
estudos sobre este tema. (FLECK et al., 1999). 
 
 
2 SONO 
 
 
O interesse pelo sono e os sonhos existe desde o início da história 
(CARSKADON & ROTH, 1994); desde o começo da civilização e da criação do 
mundo, os mistérios do sono têm intrigado poetas, artistas, filósofos e mitólogos. 
Esse intrigante assunto tem se refletido na literatura, folclore, religião e medicina. 
Upanishad, em 1000 a.C. (CHOKROVERTY, 1994), em seu famoso Tratado 
de Filosofia, buscou dividir a existência humana em quatro estágios: a vigília, o 
sonho, o sono profundo sem sonho e a super consciência (“o puro eu”). Descobre-se 
a descrição de uma sonolência patológica (possivelmente um caso de Síndrome de 
Kleine-Levin) no personagem mitológico Kumbhakarna, no grande herói indiano 
Ramayana (cerca de 1000 a.C.). Kumbhakarna dormia por meses e acordava para 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
7 
comer e beber vorazmente antes de se entregar ao sono novamente. 
(CHOKROVERTY, 1994). 
A definição do sono e de suas funções será apresentada em outros tópicos. 
Aqui cabe apenas ressaltar que por muito tempo o sono foi visto como um fenômeno 
passivo, semelhante à morte e, por vezes, até confundido com ela, seja nos textos 
religiosos como a Bíblia: “[...] sono e morte são similares” (I Samuel, 26:12) e o 
Talmud: “o sono é um pedaço da morte” (Berachoth 576); e textos poéticos como na 
Ilíada de Homero, cerca de 700 a. C.: “Afrodite chegou ao sono, o irmão da morte”. 
Outros exemplos serão citados posteriormente nos tópicos referentes a 
contribuições da Filosofia e da Mitologia ao estudo do sono. 
Atualmente, está constituída para a pesquisa e estudos sobre sono a 
Federação Mundial das Sociedades de Pesquisa de Sono (WFSRS), composta 
pelos seguintes membros: Associação Australiana de Sono, Sociedade Canadense 
de Sono, Sociedade Europeia de Pesquisa de Sono, Sociedade Japonesa de 
Pesquisa de Sono, Sociedade Latino-Americana de Sono e Sociedade de Pesquisa 
de Sono dos Estados Unidos da América do Norte. 
Na América Latina, completou-se um século de pesquisa de sono. Considera-
se como primeira a publicação anônima de 1895, em Buenos Aires, que discorria 
sobre insônia, seguida pela tese de GAP Almeida, de 1902, denominada “Do Somno 
Natural”, no Riode Janeiro. (REIMÃO, 1993). Nas décadas seguintes, outros 
estudiosos se dedicaram ao tema, como Raul Hernández Peón, do México. Seus 
discípulos e colegas por ele influenciados estão em vários pontos do continente, 
como Argentina, Brasil, Chile, México e Uruguai. (REIMÃO, 1996). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A definição de sono e suas funções têm frustrado os cientistas desde o início 
dos estudos acerca deste tema. Moruzzi (1964), descrevendo o desenvolvimento 
histórico das diferentes hipóteses sobre o sono, citou o conceito Lucrético, articulado 
dois mil anos antes de Cristo, de que o sono é a ausência de vigília. Uma variação 
do mesmo conceito foi expressa por Hartley, em 1749, e depois por Macnish, em 
1830. Este último definiu sono como a suspensão da força sensorial na qual as 
funções voluntárias estão ausentes, mas as forças involuntárias, como a circulação 
ou a respiração, permanecem intactas. 
Paracelsus (BORBELY, 1984 apud CHOKROVERTY, 1994), um médico do 
século XVI, escreveu que o sono “natural” dura seis horas, eliminaria o cansaço e 
relaxaria o dormidor. Falou também da duração do sono e sugeriu que as pessoas 
não dormissem bastante nem muito pouco, mas levantassem quando o sol surgisse 
VOCÊ SABIA? 
A Sociedade Latino-Americana de Sono, hoje 
denominada Sociedade Latino-Americana para Estudo 
do Sono, foi fundada em São Paulo, durante o I 
Congresso Pan-Americano de Sono, sob a presidência 
de Rubens Reimão, na década de 1980. Esta sociedade 
teve como presidentes: Rubens Reimão (dois 
mandatos, 1986-88 e 1988-90); Jaime Monti (1990-
92); R. Drucker Colín (1992-94); E. Vivaldi (1994-96); 
Edgar Osuna (1996-98) e Margarita Blanco (1998-
2000). (REIMÃO, 1996; WFSRS, 1996). 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
9 
e fossem para cama no pôr do sol. Estas concepções de Paracelsus são 
surpreendentemente similares às modernas instruções sobre o sono. 
As concepções sobre o sono nos séculos XVII e XVIII foram expressas por 
Alexander Stuart, um médico e fisiologista britânico, e por Albrecht von Haller, 
médico suíço. De acordo com Stuart, o sono era devido a uma deficiência da “alma 
do animal”; von Haller escreveu que o fluxo da “alma”, para os nervos, era 
bloqueado pelo sangue grosso no coração. Os cientistas do século XIX utilizaram os 
princípios da fisiologia e da química para explicar o sono. 
Humboldt e Pfluger pensavam que o sono resultava da redução ou falta de 
oxigênio no cérebro. Nenhuma das sugestões estava baseada em experiências 
científicas sólidas, as quais não foram conduzidas até o século XX. Ishimori, em 
1909, e Legendre e Pieron, em 1913, observaram a produção de substâncias 
promotoras de sono no líquido cerebroespinhal dos animais, durante vigília 
prolongada. 
A descoberta das ondas eletroencefalográficas em cães, pelo médico inglês 
Caton, em 1875, e das ondas alfa da superfície do cérebro humano pelo médico 
germânico Hans Berger, em 1929, iniciou a pesquisa contemporânea sobre sono. É 
interessante notar que Kohlschutter, um fisiologista germânico do século XIX, 
afirmou que o sono era mais profundo nas primeiras horas e tornava-se mais leve 
com o passar do tempo. Os laboratórios de sono modernos confirmam estas 
observações. (CHOKROVERTY, 1994). 
Em 1937, com a descoberta dos diferentes estágios do sono, refletidos nas 
mudanças do eletroencefalograma, pelo fisiologista americano Loomis e 
colaboradores, iniciaram-se as pesquisas sistemáticas sobre o sono. Em 1953, no 
laboratório da Universidade de Chicago, a descoberta, por Aserinsky e Kleitman, dos 
movimentos rápidos dos olhos (REM), no sono, entusiasmou a comunidade 
científica e impeliu a pesquisa do sono. 
A isto se seguiram as atuais e famosas técnicas de avaliar o sono, baseadas 
na eletroencefalografia (EEG), eletromiografia (EMG) e eletro-oculografia (EOG), de 
Rechtschaffen e Kales, de 1968. Estas técnicas se transformaram no critério padrão 
de registro do sono ao redor do mundo. (CHOKROVERTY, 1994). 
O sono é um fenômeno biológico, ativo, individual e de sobrevivência, ocupa 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
10 
em média um terço da vida humana, se considerarmos que um adulto jovem dorme, 
em média, oito horas por dia (KRYGER et al., 1994). A palavra sono ou sonolência é 
derivada do latim somnus. (BORBELY, 1984 apud CHOKROVERTY, 1994). 
O sono é um estado funcional, reversível e cíclico, com algumas 
manifestações comportamentais características, como uma imobilidade relativa e o 
aumento do limiar de resposta aos estímulos externos. Em nível orgânico, produz 
variações dos parâmetros biológicos, acompanhadas por uma modificação da 
atividade mental, que supõe o dormir. (BUELA, 1984 apud SOUZA & GUIMARÃES, 
1999). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isso adquire um caráter particular, se levarmos em conta que, para este 
pensador, a essência da realidade é justamente o movimento. Ele considerou a 
respiração, o beber, o comer e o sono como necessidades básicas do ser humano. 
Assim, o mesmo principiou a transição do estudo mitológico para o filosófico do 
sono. 
VOCÊ SABIA? 
A filosofia também trouxe muitas contribuições ao 
estudo do sono e sonhos, assim como de seus distúrbios. 
Heráclito (550 – 480 a.C.), pensador grego do século VI 
a.C., tematizou a realidade e afirmou que “tudo se 
move”, nada permanecendo fixo e imóvel. (MONDIN, 
1991). É o responsável pela entrada do sonho e também 
pelo próprio problema do sono na filosofia. Para ele, o 
sonho é um voltar-se para dentro subjetivamente. 
Afirmou que aquilo que é inerente ao pensamento não 
muda, independente de vivo ou morto, jovem ou velho, 
acordado ou dormindo. (SLEEP IN ART, 1993). 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
11 
Aristóteles (384-322 a.C.) apresentou interesse fisiológico no estudo sobre o 
sono. No sono, a sensopercepção perde a sua força. O sono não é perda de 
consciência, mas sim um descanso necessário para “recompor” a sensopercepção, 
haja vista que um indivíduo não pode dar-se ao prazer de locomover-se sempre e 
continuamente, por exemplo. 
Aristóteles estudava zoologia, entre muitas outras ciências (é preciso 
registrar, que, de início, todas as ciências estavam inclusas na Filosofia e que devido 
à necessidade da especialização estas se separaram da mesma, no entanto, seus 
axiomas implícitos continuam fundamentados na filosofia) e, de início, nesta obra 
(On Sleep and Sleeplessness) o objetivo seria a pesquisa com animais, mas para 
ele as causas do adormecer e do acordar seriam as mesmas nos animais e nos 
homens. Ele afirmou que o sono e o acordar originam-se no coração, sendo 
atributos deste órgão. 
Para o cristianismo, o sono é o elemento necessário e misterioso da vida 
humana; o sono é repouso que regenera o homem e também mergulho na noite 
tenebrosa. Fonte de vida e figura de morte, apresenta numerosos significados 
metafóricos. Sinal de confiança e de abandono (Sl 3,6), tempo da visita de Deus (Gn 
2, 21; 28, 11-19), é também o tempo dos alarmes e dos perigos noturnos. O 
simbolismo da vigília e do sono evoca ainda a vida do cristão e a sua esperança na 
ressurreição. (DICIONÁRIO DE TERMOS DA FÉ, 1997). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFORÇANDO! 
 
O sono é fonte de vida e têm muitos 
significados abrangendo a filosofia, 
ciência e religião. Mas toda as ciências de 
certa afirmam que ele é essencial à vida 
humana desde os primórdios da 
humanidade. 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
12 
 
 
 
Ainda no Antigo Testamento (A.T.) há outro sentido de sono, que se 
expressa, sobretudo, no Salmo 127 (126): “Quando ele cumula de sono seus 
amados”. Neste texto, o sono é tido como uma bênção de Deus àqueles que seriam 
bons, um prêmio. Em contraposição a este, há a citação de Jó (7,4) sobre a insônia 
como “castigo” de Deus. 
Em suma, no A.T., o sono e o sonho são tidos como degraus para asalvação ou, num contexto simbólico, identificados ou relacionados com a morte. Tal 
expressão se promulga no lamento de Davi: “Eu me deito e logo adormeço. 
Desperto, pois é Iahweh quem me sustenta” (Sl.3,6). Posteriormente, a patrologia, 
como se verá, identificará a morte ao sono e o despertar à ressurreição. 
No Novo Testamento (N.T.), muitas são as citações referentes ao sono. Os 
três evangelhos ditos sinópticos contêm a história de Jesus dormindo na barca no 
lago do Genezaret. (Mateus 8,24; Lucas 8,24). Nos milagres de Jesus, a morte não 
é mais do que um sono. Tal se manifesta em Lucas 7,11-15; Lucas 8,52-53 e em 
Marcos 5,41-42. Outro relato em que está clara esta identificação é o caso de 
Lázaro, irmão de Marta e Maria, o qual Jesus ressuscitou. 
O fundamento filosófico da modernidade se particularizou em René 
Descartes (1596-1650) e se sistematizou em Immanuel Kant (1724-1804). Mas foi 
ainda outro germânico, G. W. F. Hegel (1770-1831), quem disse que o homem pode 
finalmente reger a própria vida mediante o uso da razão, e construir o mundo da 
liberdade efetiva e, assim, o sono era desconsiderado até que pudesse ser tratado 
matematicamente pelo eletroencefalograma. (séc. XX, década de 30). 
O filósofo Nietzsche (1844-1900) afirmou que quando as pessoas dormem 
estão ausentes da realidade e, quando estão acordadas, preferem agir como se 
estivessem dormindo, ou seja, sonham. É muito mais fácil sonhar, dar vazão a 
produtos da nossa imaginação, uma vez que os homens estão habituados a mentir. 
(NIETZSCHE, 1987). Sono e mentira caminham juntos. Sono é irrealidade. 
Quanto às contribuições da filosofia, todas as funções do cérebro e do 
organismo em geral estão influenciadas pela alternância da vigília com o sono. O 
sono reinstala ou restaura as condições que existiam no princípio da vigília 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
13 
precedente. Há evidências de que o objetivo final do sono não é prover um período 
de repouso ao sistema muscular, órgãos viscerais, sistema nervoso autônomo, 
medula espinal. (VELLUT, apud REIMÃO, 1996). 
O sono não tem uma única função, mas sim funções. Ainda hoje, nas 
proximidades do terceiro milênio, pouco se sabe sobre as funções do cérebro. 
Porém, com o grande avanço das pesquisas e o aumento do contingente de 
cientistas interessados no estudo do sono e seus distúrbios, muito há de ser 
revelado sobre este tema. Está já bem demonstrado que durante o sono não se 
observa uma redução generalizada da descarga dos neurônios cerebrais. 
Os registros unitários na área cortical motora (EVARTS, apud REIMÃO, 
1996) e em outras regiões mostram que, ao contrário da anestesia geral, no sono há 
um aumento de descargas de neurônios, inclusive com níveis maiores do que em 
vigília tranquila, fato que comprova a veracidade da afirmação de que o sono é um 
fenômeno ativo. 
As mudanças fisiológicas rítmicas são bem difusas, tanto nos animais como 
nos vegetais. A existência de ritmos circadianos é conhecida desde o século XVIII, 
quando o astrônomo francês Mairan verificou, em uma planta heliotrópica, um ritmo 
diurno manifestado pelo fechamento das folhas no pôr do sol e a abertura no raiar 
do sol, até quando as plantas eram colocadas no escuro, protegidas da luz direta do 
sol. Isto sugeriu a Mairan a existência de um relógio interno na planta. (BORBELY 
apud CHOKROVERTY, 1994). Em animais foi provada a existência de ritmos de 24 
horas, por meio das experiências dos cronobiologistas. (PITTENDRIGH & ASCHOFF 
apud CHOKROVERTY, 1994). 
Quando o período de oscilação das mudanças se aproxima ao período de 
rotação da Terra (24 horas), chama-se ritmo circadiano (do latim circa dia). 
(HALBERG apud CHOKROVERTY, 1994). Denomina-se relógio biológico ao 
conjunto de fenômenos que determinam esta ritmicidade. O núcleo 
supraquiasmático (NSQ) funciona como um relógio do ritmo circadiano em 
mamíferos; este núcleo é bilateral e recebe informações visuais diretamente. 
(VELLUTI apud REIMÃO, 1996). Este ciclo circadiano leva aproximadamente 25 
horas (no limite de 24,7 a 25,2 horas) ao invés das 24 horas de um ciclo dia/noite. 
(BORBELY apud CHOKROVERTY, 1994). 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
14 
Questões ambientais de luz e escuro podem sincronizar ou interferir nos 
ritmos do ciclo noite/dia; contudo, a existência de um ritmo autônomo, independente 
do meio ambiente, sugere que o corpo humano também tenha um relógio biológico 
interno. (BORBELY apud CHOKROVERTY, 1994). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Existem muitos outros processos fisiológicos com ritmos diários nos seres 
humanos. O ritmo da temperatura corporal é sinusoidal; o ritmo de secreção do 
hormônio de crescimento e do cortisol é pulsátil. (ANCH apud CHOKROVERTY, 
1994). Os níveis plasmáticos de prolactina, hormônio do crescimento e de 
testosterona aumentam durante o sono noturno. (ANCH, apud CHOKROVERTY, 
1994). A temperatura corporal diminui durante o sono e aumenta na vigília e durante 
as atividades diárias. 
Constatou-se, em certas experiências, uma dessincronização interna, com 
consequente dissociação do ritmo da temperatura corporal (BORBELY apud 
CHOKROVERTY, 1994; ANCH apud CHOKROVERTY, 1994), levando à hipótese 
da existência de mais do que um relógio interno ou circadiano ou oscilador 
circadiano. (BORBELY apud CHOKROVERTY, 1994). 
A existência de dois osciladores foi postulada por Kronauer (1982 apud 
CHOKROVERTY, 1994). Eles sugeriram um ritmo de 25 horas para a temperatura, o 
cortisol e o sono REM, e observaram que o segundo oscilador é algo lábil e consiste 
RESUMINDO 
 
Todos nós temos um relógio 
biológico que ajuda nosso 
organismo a sincronizar quando 
está noite e quando está de dia. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
15 
em um ritmo sono/vigília. Outros (DAAN, apud CHOKROVERTY, 1994), contudo, 
recomendaram que um oscilador pudesse explicar ambos os fenômenos. Os ritmos 
circadianos podem ser manipulados para se tratar certos distúrbios do sono, daí 
surgiu a cronoterapia. Como exemplo, as fases adiantadas ou atrasadas dos ritmos 
do sono e a aplicação de luz brilhante em certos períodos da manhã ou da tarde. 
(CHOKROVERTY, 1994). 
Outras grandes funções fisiológicas também variam na passagem da vigília 
ao sono e dentro de cada ciclo de sono. A pressão arterial (PA) diminui durante o 
sono. (MANCI apud REIMÃO, 1996). Ao despertar, a PA recupera rapidamente seu 
valor inicial. (LITTLER apud REIMÃO, 1996). A pressão da artéria pulmonar se 
mantém estável durante todos os estágios do sono. (VELLUTI apud REIMÃO, 1996). 
A frequência cardíaca se reduz no sono lento (NREM), especialmente nos estágios 
três e quatro. 
No sono REM, torna-se variável com incrementos relacionados com as 
mudanças de fases, como os movimentos oculares e abalos musculares. O débito 
cardíaco diminui moderadamente no sono REM e NREM. (VELLUTI apud REIMÃO, 
1996). O fluxo sanguíneo cerebral aumenta significativamente no sono REM. 
(GREENBERG apud REIMÃO, 1996). 
Há uma diminuição do metabolismo de glicose cerebral durante o sono 
NREM, em 12%, comparado com a vigília. O sono REM produz um aumento geral 
de 16% no mesmo metabolismo. (FRANZINI apud REIMÃO, 1996). Há de se dormir 
bem, portanto, para um bom metabolismo de glicose, daí uma função nutricional do 
sono essencial para os estudantes. 
Quanto às mudanças respiratórias durante o sono REM e NREM, sabe-se 
que são reflexos da supressão dos controles ligados à vigília e ao predomínio do 
controle metabólico no sono NREM e a uma diminuição deste controle no sono 
REM. Neste, a ventilação não depende mais do controle metabólico, mas de um 
controle próprio, não homeostático, que se instala no sono REM. (VELLUTI, apud 
REIMÃO, 1996). 
No sono REM a frequência respiratória aumenta, considerada muitas vezes 
maior que a da vigília. (OREM, apud REIMÃO, 1996), e é irregular (VELLUTI, apud 
REIMÃO, 1996). O adormecimento e o estágio dois de sono NREM provocamuma 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
16 
frequência respiratória instável com sucessivas hipo e hiperventilações, denominado 
ventilação periódica, por Mosso. (apud REIMÃO, 1996). 
Nos estágios três e quatro, a ventilação se regulariza quanto à amplitude e à 
frequência respiratória, estabilizando-se. (VELLUTI, apud REIMÃO, 1996). Tamanha 
é a importância da função respiratória para o sono humano que a Síndrome de 
Apneia do Sono, com apneias (paradas da respiração) de causa central ou não, 
pode provocar sonolência excessiva diurna no adulto; e, em crianças pequenas, 
poderia ser uma das causas de acidentes graves (morte súbita do lactente). 
(VELLUTI apud REIMÃO, 1996). 
Quanto à função gastrointestinal, pode-se dizer que ocorrem trocas nas 
atividades motoras e secretórias. (ORR apud KRYGER et al., 1994). Pode haver 
aumento da secreção ácida do estômago e, quanto à motilidade intestinal, os 
estudos ainda são conflitantes (VELLUTI, apud REIMÃO, 1996); assim como, faltam 
conclusões definitivas sobre o efeito hipnótico da ingestão de alimentos. (ORR, 
apud KRYGER et al., 1994). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VOCÊ SABIA? 
 
Em relação à função renal, durante o sono, há uma 
redução no volume de urina e na secreção de sódio, 
potássio e cálcio. As mudanças do nível de hormônio 
antidiurético são responsáveis pelas alterações 
relacionadas com o sono na função renal. (VELLUTTI, 
apud REIMÃO, 1996). A sexualidade também se 
manifesta durante o sono, podendo haver ereções 
penianas no homem e ereções clitoridianas na mulher, 
durante o sono REM. (VELLUTTI, apud REIMÃO, 
1996). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
17 
 
 
Os estados de sono e vigília são caracterizados por uma série de três 
correlatos fisiológicos fundamentais: a atividade das ondas cerebrais (EEG), 
movimentos dos olhos e tônus muscular. (STERIADE, apud KRYGER et al., 1994). 
Para o estudo do sono noturno e diurno, o EEG, o EMG e o EOG têm sido 
integrados na rotina, como parte principal de um exame chamado polissonografia 
(PSG), com convenções internacionais. 
Esse exame consta do registro contínuo e simultâneo de variáveis 
fisiológicas durante o sono, por exemplo: EEG, EMG, EOG, eletrocardiograma 
(ECG), movimentos respiratórios, fluxo de ar respiratório, movimentos dos membros 
inferiores e outras variáveis de características diversas, como a observação do 
comportamento, a ereção peniana, as mudanças endócrinas, o controle do relato 
dos sonhos, entre outros. (VELLUTTI, apud REIMÃO, 1996). 
Os centros de distúrbios do sono ou laboratórios de sono possuem 
polígrafos. O número de canais necessários para realizar registros polissonográficos 
pode oscilar entre quatro (o mínimo imprescindível para registrar o sono normal) e 
14. O número e a ordem dos canais utilizados variam segundo os laboratórios. 
(BUELA–CASAL apud REIMÃO, 1996). 
Quanto à avaliação polissonográfica computadorizada, nos últimos anos, os 
aparelhos de PSG têm evoluído, com registro automático do sono, por meio de um 
computador, com a transformação do sinal analógico procedente do polígrafo em um 
sinal digital que resulte compreensível ao computador, e saídas para a tela, 
impressora ou fita magnética. (REIMÃO, 1996). 
O sono é dinâmico e o EEG mostra uma sucessão bem ordenada e cíclica 
de frequências de onda, nos estágios do sono. O significado de cada um destes 
estágios ainda é pouco compreendido, mas estão bem caracterizadas suas relações 
com as diversas variáveis fisiológicas. (REIMÃO, 1996). 
No homem, há o sono lento ou NREM, com quatro estágios: estágio um, 
sonolência; estágio dois, sono “leve”; estágios três e quatro, sono lento propriamente 
dito. Estes estágios usualmente ocorrem em sequência no tempo, frequentemente 
com flutuações ao longo da mesma noite. (RICHTER, apud REIMÃO, 1996). E, 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
18 
também, há o sono paradoxal ou sono REM. O termo paradoxal veio da similaridade 
com os ritmos de vigília no gato, pois o animal de experimentação se encontra 
comportamentalmente dormindo. (JOUVET, apud REIMÃO, 1996). 
O início do estágio 1 do sono NREM, em adultos, é marcado pela diminuição 
das ondas alfa da vigília, no EEG, para menos de 50% no período no qual foram 
substituídas pelas ondas teta (e algumas beta), acompanhadas por um ritmo lento 
dos movimentos dos olhos, demonstrado nos registros do EOG. (WILLIAM apud 
CHOKROVERTY, 1994). Este estágio dura poucos minutos; o tônus muscular é 
menor do que na vigília. (RICHTER, apud CHOKROVERTY, 1994). 
O estágio dois é caracterizado pela presença de fusos e complexos “k”. 
Estes últimos consistem em uma onda bifásica e podem estar associados com os 
fusos. Ocorrem espontaneamente ou relacionados a reações de despertar. 
(RICHTER, apud CHOKROVERTY, 1994). O EOG não registra movimentos dos 
olhos neste estágio e o tônus muscular, no EMG, é menor que na vigília e no estágio 
1. O estágio dois demora de 30 a 60 minutos. (WILLIAM, apud CHOKROVERTY, 
1994). 
Os estágios três e quatro caracterizam o sono lento propriamente dito. 
(RICHTER, apud CHOKROVERTY, 1994), com ondas delta, as quais constituem 20 
a 50% do estágio três e mais que 50% do estágio quatro. Quanto ao fim do sono 
profundo (sono delta), os movimentos do corpo são registrados como artefatos na 
polissonografia. Os estágios três e quatro são brevemente interrompidos pelo 
estágio dois, o qual é seguido pelo primeiro sono REM, cerca de 60 a 90 minutos 
depois do início do sono. (WILLIAM, apud CHOKROVERTY, 1994). 
O sono REM, também chamado de sono paradoxal, sono desincronizado, 
sono ativo e sono dos sonhos, nos seres humanos adultos, é identificado pela 
presença simultânea de um EEG cortical desincronizado (isto é, com uma voltagem 
relativamente baixa), uma ausência de atividade antigravitacional dos músculos 
(atonia) e surtos periódicos dos movimentos rápidos dos olhos. (SIEGEL, apud 
KRYGER, 1994). 
O primeiro período REM demora apenas poucos minutos e é seguido pelo 
estágio dois, e então estágio três e quatro do sono NREM, antes que o segundo 
sono REM se inicie. Um ciclo de sono completo consiste de uma sequência de sono 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
19 
NREM e REM, e cada ciclo dura cerca de 90 a 110 minutos. Em geral, são 
observados de quatro a seis ciclos durante uma noite de sono. O ciclo do sono REM 
aumenta do primeiro ao último e o mais longo deles, no fim da noite, pode durar até 
uma hora. (WILLIAM, apud CHOKROVERTY, 1994). 
A quantidade de sono varia entre as pessoas de acordo com o sexo, a idade 
e a constituição biológica. As mulheres dormem de 40 a 50 minutos a mais que os 
homens e têm maior quantidade de sono profundo. Em relação à idade, o sono 
diminui durante a vida, seja o NREM como o REM. Enquanto um recém-nascido 
dorme até 18 horas por dia, um jovem chega a sete ou oito horas, já um idoso pode 
se satisfazer com cinco horas. (REIMÃO, 1996). 
Muitas drogas que agem no Sistema Nervoso Central (SNC) são usadas 
terapeuticamente para modular a atividade dos neurotransmissores clássicos. Elas 
podem também afetar outros sistemas não tão bem-definidos, como aqueles 
envolvendo os peptídeos e os que poderiam ser igualmente relevantes para a 
regulação dos estados de vigília. 
Trata-se da acetilcolina (Ach), 5-hidroxitriptamina (5-HT), dopamina (DA) e 
norepinefrina (NE), os quais têm um importante papel no controle do sono e da 
vigília; e a histamina e a adenosina, cujas funções são menos definidas, são 
também significantes. Os conhecimentos do controle do sono e da vigília são ligados 
aos estudos com drogas, embora muitas das que são usadas não são inteiramente 
específicas e podem agir em vários receptores ou neurotransmissores. Isso faz com 
que a interpretação dos dados obtidos torne-se difícil, porém, as correntes de 
pesquisas têm ampliado os conhecimentos do controle farmacológico do continuum 
sono-vigília. (GAILLARD, apud CHOKROVERTY,1994). 
A teoria monoaminérgica (JOUVET, apud REIMÃO, 1996) sugeriu que a 
serotonina regula o sono de ondas lentas (NREM), já que a lesão dos núcleos 
cerebrais que a contêm (núcleos da rafe) induz à insônia. No sono NREM, a 
atividade dos neurônios serotoninérgicos reduz-se cerca de 50% da atividade 
observada durante a vigília e, aproximadamente, 10% do observado durante o sono 
REM. (McGINTY, apud REIMÃO, 1996). 
Mais recentemente, Jouvet (1986) formulou uma nova concepção dos 
mecanismos do 5-HT no sono, como um neurotransmissor durante o despertar, 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
20 
agindo como um neuro-hormônio e induzindo à síntese ou liberação de fator(es) 
hipnogênico(s), os quais poderiam ser secundariamente responsáveis pelas ondas 
lentas e pelo sono REM. 
A Acetilcolina (Ach) tem um importante papel no controle dos estados de 
alerta, embora os mecanismos envolvidos não sejam inteiramente claros. Hernández 
Peón (1965 apud REIMÃO, 1996) sugeriu que a Ach modula o sono REM. Apesar 
da solidez da teoria colinérgica para a geração do sono, esta só se restringe em 
explicar a função da Ach no sono REM, porém, não explica sua função nas outras 
fases do ciclo. A Ach cumpre funções importantes durante a vigília, e uma delas é 
promover a própria vigília. (GILLIN, apud REIMÃO, 1996). 
A distribuição de dopamina (DA) difere da de 5-HT e NA, e a presença da 
enzima dopamina beta-hidroxilase, a qual converte DA em NA, em áreas 
específicas, indica que a DA tem uma função distinta das outras monoaminas. O 
envolvimento da DA na manutenção da vigília e, em particular, o comportamento de 
despertar, é semelhante às observações farmacológicas, bioquímicas e 
eletrofisiológicas. (WAUQUIER, apud KRYGER et al., 1994). 
Os efeitos da anfetamina (GILLIN, apud KRYGER et al., 1994) e da cocaína 
(POST, apud KRYGER et al., 1994) no sono sugerem um papel para a DA e outras 
aminas na promoção da vigília. A anfetamina e os estimulantes aumentam a vigília e 
diminuem o sono REM, enquanto a abstinência destes estimulantes em usuários 
crônicos aumenta tanto o sono total como o sono REM. (WATSON, apud 
CHOKROVERTY, 1994). O efeito da anfetamina no sono pode ser largamente 
bloqueado pelo tratamento prévio com pimozide, um receptor antagonista 
dopaminérgico. (GILLIN, apud CHOKROVERTY, 1994). 
A supressão de noradrenalina (NA) com fármacos, como o DISSULFIRAM, 
entre outros, suprime o sono REM. (JOUVET, apud REIMÃO, 1996). Já o aumento 
de NA, pela ação de fármacos inibidores da enzima degradadora de NA, a 
monoamina-oxidase (MAO), também reduz o sono REM. Esse dado traz a evidência 
de que a MAO pode ser importante na passagem do sono lento para o sono REM. 
(JOUVET, apud REIMÃO, 1996). Um efeito consistente da NA no sono NREM não 
foi ainda descrito. (BLOIS, apud KRYGER et al., 1994). 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
21 
Quanto à histamina (HA), há de ser ainda descoberta uma típica sinapse 
histaminérgica (WATANABE,apud KRYGER et al., 1994); porém, há a proposição de 
que a HA ocupe um papel neurorregulatório no sono e no despertar, que deriva em 
grande parte dos estudos farmacológicos nos quais foram descritos os efeitos 
estimulantes da HA e as ações sedativas e indutoras de sono de algum receptor 
antagonista H1. (MONNIER & WOLF, apud CHOKROVERTY, 1994). 
Em humanos, os anti-histaminas H1 diminuem a vigília (BYE,apud 
CHOKROVERTY, 1994; PECK, apud CHOKROVERTY, 1994), o período de latência 
do sono, mas têm pouco ou nenhum efeito no sono noturno. (NICHOLSON, ANO 
apud CHOKROVERTY, 1994). Os anti-histaminas H2 não parecem diminuir a vigília 
(NICHOLSON, apud CHOKROVERTY, 1994), mas causam um aumento no conjunto 
de ondas lentas do sono e no número de movimentos dentro e fora do sono NREM. 
(NICHOLSON, apud CHOKROVERTY, 1994). 
O efeito inibitório da adenosina na liberação de outros neurotransmissores, 
como a Ach, NA, DA, 5-HT, ácido gama-aminobutírico (GABA) e glutamato, pode 
levá-la a ser considerada mais como um neuromodulador do que um 
neurotransmissor. Embora a adenosina preencha os critérios de um 
neurotransmissor com respeito à síntese, liberação, catabolismo e receptores, 
neurônios ou sinapses específicas não têm ainda sido identificados no cérebro. 
(SNYDER, apud KRYGER, 1994). 
Ela é mediadora do sono lento. (RA DULOVACKI apud REIMÃO, 1996). O 
uso deste composto ou de fármacos que facilitem a sua ação resulta no aumento do 
sono lento e atraso do sono REM. Já fármacos antagonistas de adenosina, como 
cafeína e teofilina, reduzem o sono. O efeito indutor de sono da adenosina depende 
em parte da inibição dos sistemas colinérgicos que regulam a vigília e o sono REM. 
(GARCÍA, apud REIMÃO, 1996). 
O ácido gama-aminobutírico (GABA) é o neurotransmissor inibitório mais 
difundido no cérebro. Ele é liberado em maior quantidade em regiões mesopontinas 
durante o sono REM. (NITZ, apud REIMÃO, 1996). A administração de muscinol 
(fármaco GABAérgico), na formação reticular pontina, aumenta a vigília e reduz o 
sono lento sem alterar o sono REM. (ALVARADO, apud REIMÃO, 1996). 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
22 
Já a injeção de triazolam, que é uma benzodiazepina (BDZ) que se une ao 
receptor GABAérgico, induz ao sono quando administrado na área pré-óptica. 
(MANDELSON, apud REIMÃO, 1996). As BDZ reduzem o sono lento e os 
movimentos oculares durante o sono REM. (GARCÍA, apud REIMÃO, 1996). 
 
 
2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS DISTÚRBIOS DO SONO 
 
A primeira classificação internacional dos distúrbios do sono foi publicada no 
número um e dois da revista Sleep, em 1979, por um grupo de investigadores, 
principalmente da Europa e dos Estados Unidos, pertencentes à Associação dos 
Centros de Distúrbios do Sono e à Associação para o Estudo Psicofisiológico do 
Sono. Os distúrbios do sono, assim como outras doenças, são agrupados de acordo 
com o esquema que relacione entre si certas características comuns ou sintomas 
similares. 
Há de se ordenar as alterações já conhecidas com descrições precisas em 
quadros que lhes deem uma identidade. Além disso, uma classificação adequada 
facilita o enquadramento e a compreensão do código físico que relatam os 
pacientes. (BLANCO, apud REIMÃO, 1996). 
Na introdução da classificação de 1979 tem-se que: 
 
O sono comprometido e a vigília inadequada são fontes inestimáveis de 
sofrimento humano. Muitos indivíduos tiveram arruinadas suas chances de 
um desempenho social favorável, uma vida familiar gratificante ou uma 
ascensão em seu trabalho pelos sintomas provenientes de seus distúrbios 
de sono ou despertar. O ímpeto para o desenvolvimento desta Classificação 
Diagnóstica dos Distúrbios do Sono e Vigília proveio dos pedidos de nossos 
pacientes aos médicos, durante muitos anos, para que os ajudassem a 
solucionar seus distúrbios do sono, pedidos estes que, por falta de 
informação, tradicionalmente, caíam em ouvidos surdos. (BLANCO, apud 
REIMÃO, 1996). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isso também nos leva à reflexão de que as classificações diagnósticas, 
embora com suas críticas consideráveis, são muito úteis para a comunicação entre 
os profissionais da área de saúde. Houve uma grande difusão dessa primeira 
classificação nos países do hemisfério norte (Europa e Estados Unidos), levando a 
um grande avanço nos estudos, diagnósticos, pesquisas e tratamentos dos 
distúrbios do sono, o que veio a favorecer a reordenação e a ampliação do 
conhecido, e a criação de uma nova classificação, a de 1990, feita pela Associação 
Americana dos Distúrbios do Sono (ASDA), em conjunto com as associações 
similares da Europa, Japão e América Latina. 
A atual classificação de 2000 não é conhecida no mundo todo, daí a 
necessidade de uma maior divulgação da mesma em pesquisas e publicações. Ela 
lista 88 distúrbios do sono – mais ampla que a de 1979 –, cada qual com detalhes 
descritivos, diagnósticos específicos,gravidade e critérios de duração. Há códigos 
informativos para propósitos clínicos e de pesquisa. 
Os “distúrbios do sono propostos” são categoricamente requisitados pelos 
rápidos avanços da Medicina do Sono, a qual tem levado a termo o descobrimento 
de diversos novos distúrbios do sono. (THORPY, apud CHOCKROVERTY, 1994). 
REFORÇANDO! 
 
Noites mal dormidas e períodos de 
vigília inadequados causam grande 
sofrimento ao homem que por muito 
tempo tiveram sua vida pessoal e 
profissional comprometida, devido aos 
distúrbios do sono que 
desconheciam ter. 
 
 
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24 
Os distúrbios do sono propostos não aparecem na classificação de 1979, assim 
como o conceito de dissonia, que são alterações que produzem dificuldades para o 
início ou manutenção do sono ou sonolência excessiva. 
Na Classificação Diagnóstica das Alterações do Sono e Vigília, de 1979, as 
dissonias se encontravam entre as afecções enumeradas nas duas primeiras seções 
(“Distúrbio de iniciar e manter o sono - Insônia” e “Distúrbio de sonolência 
excessiva”). Na classificação de 1990, predominou outra orientação para classificar 
as patologias do sono; pode-se dizer que os seus termos, na prática clínica diária, 
geram mais dúvidas ao usuário. Tanto em 1979, como em 1990, há a inclusão de 
síndromes ou quadros definidos e já conhecidos, como afecções recentemente 
descritas ou não reconhecidas como tais no espectro de patologias gerais. 
A classificação de 1979 é mais específica com relação ao fato de que as 
alterações por sonolência excessiva ou insônia já não surgem em dois grupos 
independentes, mas sim como parte de quadros descritos distintamente, ou seja, 
são consideradas como sintomas e não como entidades definidas por caracteres 
específicos. Surge, em de 1990, o item “ronco primário” e outros temas como a 
“síndrome de morte súbita infantil” e a “apneia de sono do lactente”. (BLANCO, 
apud REIMÃO, 1996). 
Os primeiros sistemas de classificação foram baseados primariamente em 
sintomas, mas formaram a base para as classificações modernas. A atual foi 
primariamente desenvolvida para estudos diagnósticos e epidemiológicos e não vem 
a ser uma listagem de diagnóstico diferencial dos distúrbios do sono (THORPY, 
apud KRYGER, 1994); ela tem, inclusive, influenciado outras classificações, como a 
Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10 (Classificação 
Internacional de Doenças versão número 10) da OMS e o DSM-IV da Associação 
Americana de Psiquiatria (APA). 
 
 
2.2 CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DOS DISTÚRBIOS DO SONO 
 
 
I) DISSONIAS 
 
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25 
A) INTRÍNSECAS 
1) Insônia Psicofisiológica; 
2) Percepção Inadequada do Estado do Sono; 
3) Insônia Idiopática; 
4) Narcolepsia. 
 
A Narcolepsia, segundo o DSM IV (1995), consiste em ataques irresistíveis 
de sono reparador, ocorrendo diariamente ao longo dos últimos três meses. Deve ter 
a presença de um ou ambos dos seguintes sintomas: 
 Cataplexia (isto é, episódios breves de perda bilateral súbita do tônus 
muscular, mais frequentemente em associação com intensa emoção). 
 Intrusões recorrentes de elementos do sono de movimentos oculares 
rápidos (REM) na transição entre o sono e a completa vigília, manifestadas por 
alucinações hipnagógicas ou hipnopômpicas ou paralisia do sono no início ou final 
dos episódios de sono. 
 
Este distúrbio não é devido aos efeitos fisiológicos de uma substância (por 
ex. droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica geral. 
 
5) Hipersonia Recorrente; 
6) Hipersonia Idiopática; 
7) Hipersonia pós-traumática; 
8) Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono; 
9) Síndrome da Apneia Central do Sono; 
10) Síndrome de Hipoventilação Alveolar Central; 
11) Movimentos Periódicos dos Membros; 
12) Síndrome das Pernas Inquietas; 
13) Distúrbios Intrínsecos do Sono não relacionados em outras partes. 
 
B) EXTRÍNSECAS 
1) Higiene do sono inadequada; 
2) Distúrbio do sono relacionado ao ambiente; 
 
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26 
3) Insônia da altitude; 
4) Distúrbio do sono de ajustamento; 
5) Síndrome de sono insuficiente; 
6) Distúrbio do sono por limite de horário; 
7) Distúrbio de associação com o início do sono; 
8) Insônia por alergia alimentar; 
9) Síndrome do comer/beber noturno; 
10) Distúrbio do sono por dependência de hipnóticos; 
11) Distúrbio do sono por dependência de estimulantes; 
12) Distúrbio do sono por dependência de álcool; 
13) Distúrbio do sono induzido por toxinas; 
14) Dissonia extrínseca não relacionada em outra parte. 
 
C) RELACIONADAS AO RITMO CIRCADIANO 
1) Síndrome do jet lag; 
2) Distúrbio do sono do trabalhador de turno; 
3) Padrão sono-vigília irregular; 
4) Síndrome do atraso de fase do sono; 
5) Síndrome de avanço de fase do sono; 
6) Distúrbio do sono por sono-vigília diferente de 24 horas; 
7) Outros Distúrbios do ritmo circadiano não relacionados em outra parte. 
 
Em relação ao Transtorno do Ritmo Circadiano do Sono (DSM IV, 1995), há 
um padrão persistente ou recorrente de perturbação do sono, levando à sonolência 
excessiva ou à insônia devido a um desajuste entre o horário de sono-vigília exigido 
pelo ambiente e o padrão circadiano de sono-vigília do indivíduo. A perturbação do 
sono causa sofrimento clinicamente significativo ou comprometimento no 
funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do 
indivíduo. 
A perturbação não ocorre exclusivamente durante o curso de outro 
Transtorno do Sono ou outro transtorno mental. O distúrbio não é devido aos efeitos 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
27 
fisiológicos de uma substância (por ex. droga de abuso, medicamento) ou de outra 
condição médica geral. 
 
II) PARASSONIAS 
A) DISTÚRBIOS DO DESPERTAR 
1) Despertar confusional; 
2) Sonambulismo; 
3) Terror noturno. 
 
B) DISTÚRBIOS DA TRANSIÇÃO SONO-VIGÍLIA 
1) Distúrbios do movimento rítmico; 
2) Mioclonias do sono; 
3) Sonilóquio; 
4) Cãibras noturnas. 
 
C) RELACIONADAS AO SONO REM 
1) Pesadelos; 
2) Paralisia do Sono; 
3) Perda da ereção noturna relacionada ao sono; 
4) Ereções dolorosas relacionadas ao sono; 
5) Parada sinusal relacionada ao sono REM; 
6) Distúrbio de comportamento do sono REM. 
 
 
D) OUTRAS PARASSONIAS 
1) Bruxismo do sono; 
2) Enurese do sono; 
3) Síndrome de deglutição anormal relacionada ao sono; 
4) Distonia paroxística noturna; 
5) Síndrome da morte súbita noturna inexplicada; 
6) Ronco primário; 
7) Apneia do sono infantil; 
 
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28 
8) Síndrome de hipoventilação alveolar congênita; 
9) Síndrome da morta súbita infantil; 
10) Mioclonia do sono neonatal benigna; 
11) Outras parassonias não relacionadas em outras partes. 
 
III) DISTÚRBIOS DO SONO ASSOCIADOS A DOENÇAS MÉDICO-
PSIQUIÁTRICAS 
A) ASSOCIADAS A DOENÇAS MENTAIS 
1) Psicoses; 
2) Distúrbios do humor; 
3) Distúrbios de ansiedade; 
4) Doença do pânico; 
5) Alcoolismo. 
 
B) ASSOCIADAS A DOENÇAS NEUROLÓGICAS 
1) Doença degenerativa cerebral; 
2) Demência; 
3) Parkinsonismo; 
4) Insônia familiar fatal; 
5) Epilepsia relacionada ao sono; 
6) Estado de mal eletrográfico do sono; 
7) Cefaleia relacionada ao sono. 
 
C) ASSOCIADAS A OUTRAS DOENÇAS MÉDICAS 
1) Doença do sono; 
2) Isquemia cardíaca noturna; 
3) Doença pulmonar obstrutiva crônica; 
4) Asma relacionada ao sono; 
5) Refluxo gastroesofágico relacionado ao sono; 
6) Úlcera péptica; 
7) Fibromialgia. 
 
 
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29 
IV) DISTÚRBIOS DO SONO PROPOSTOS 
1) Dormidor curto; 
2) Dormidor longo; 
3) Síndrome de subvigília; 
4) Mioclonia fragmentada; 
5) Hiper-hidrose do sono; 
6) Distúrbio do sono relacionado à menstruação; 
7) Distúrbio do sono relacionado à gravidez; 
8) Alucinações hipnagógicas assustadoras; 
9) Taquipneia neurogênica relacionada ao sono; 
10) Laringoespasmo relacionado ao sono; 
11) Síndrome de choque noturno. 
FONTE: Souza e Guimarães, 1999.Em relação à Classificação Internacional de Transtornos Mentais (CID-10) 
(OMS, 1993), essa é destinada para o uso clínico, educacional e assistencial em 
geral. A versão “Critérios diagnósticos para pesquisa”, de 1998, tem propósitos de 
pesquisa e são projetados para serem usados em conjunto com a primeira versão. O 
glossário bem mais curto, providenciado pelo capítulo V (F) para a própria CID-10, é 
adequado para uso por codificadores ou escreventes e também serve como um 
ponto de referência para compatibilidade com outras classificações. 
Para cada transtorno é fornecida uma descrição dos aspectos clínicos 
principais e também de quaisquer outros aspectos associados importantes, mas 
menos específicos. São fornecidas “diretrizes diagnósticas” na maioria dos casos, 
indicando o número e o balanço de sintomas usualmente necessários antes que um 
diagnóstico confiável possa ser feito. 
 
 
 
 
 
 
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Essas descrições e diretrizes não contêm implicações teóricas e não 
pretendem ser proposições completas acerca do estágio atual de conhecimento dos 
transtornos. Elas são simplesmente um conjunto de sintomas e comentários sobre 
os quais houve uma concordância, por parte de um grande número de conselheiros 
e consultores em vários países diferentes. (OMS, 1993). 
Os distúrbios do sono encontram-se no capítulo F50 - F59 (Síndromes 
Comportamentais associados a perturbações fisiológicas e fatores físicos). São eles: 
 F51 – Transtornos não orgânicos de sono: 
 F 51.0 – Insônia não orgânica; 
 F 51.1 – Hipersonia não orgânica; 
 F 51.2 – Transtorno não orgânico do ciclo sono-vigília; 
 F 51.3 – Sonambulismo; 
 F 51.4 – Terrores noturnos; 
 F 51.5 – Pesadelos; 
 F 51.8 – Outros transtornos não orgânicos de sono; 
 F 51.9 – Transtorno não orgânico de sono, não especificado. 
 
RESUMINDO! 
Existem critérios diagnósticos que 
definem todos os sintomas 
necessários para que seja feito um 
diagnóstico preciso e confiável do 
Distúrbio do Sono. 
 
 
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Essa seção inclui somente aqueles transtornos de sono nos quais as causas 
emocionais são consideradas como sendo um fator primário. Transtornos de sono 
de origem orgânica, tais como a síndrome de Kleine-Levin (G 47.8), estão 
codificadas no capítulo VI da CID-10. Transtornos não psico-orgânicos, incluindo 
narcolepsia e cataplexia, e transtornos do ciclo do sono vigília, também estão no 
capítulo VI, como estão a apneia de sono e os transtornos episódicos de 
movimentos que incluem a mioclonia noturna. 
Finalmente, enurese está listada com outros transtornos emocionais e de 
comportamento, com início específico na infância e adolescência, enquanto que 
enurese primária, a qual é considerada como sendo decorrente de um retardo na 
maturação do controle vesical durante o sono, está listada no capítulo XVIII da CID-
10, entre os sintomas envolvendo o sistema urinário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VOCÊ SABIA? 
Em muitos casos, uma perturbação de sono é um dos 
sintomas de outro transtorno mental ou físico. Sempre 
que a perturbação de sono está entre as queixas 
predominantes, um transtorno de sono deve ser 
diagnosticado. Geralmente, entretanto, é preferível 
listar o diagnóstico do transtorno específico de sono 
junto com tantos outros diagnósticos pertinentes 
quantos forem necessários para descrever 
adequadamente a psicopatologia e/ou a fisiopatologia 
envolvida em um dado caso. (OMS, 1993). 
 
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Vê-se que a CID-10 não agrupa especificamente os distúrbios do sono, 
tornando-se difícil tecnicamente o seu uso na clínica e em pesquisas. Fato este 
comprovado na nota inicial da CID-10, critérios Diagnósticos para pesquisa, seção F 
51: há disponível uma classificação dos transtornos de sono mais completa 
(International Classification of Sleep Disosders, 1990), no entanto, organizada de 
modo diferente da CID-10. (OMS, 1998). 
A CID-10 tem poucos itens, é muito resumida, ultrapassada, se assim se 
pode dizer, e com poucos distúrbios tipo parassonias. A classificação internacional 
de 1990 é de mais fácil entendimento, mais ampla e completa, portanto mais prática 
e mais recomendada no estudo dos distúrbios do sono. O Manual Diagnóstico e 
Estatístico dos Distúrbios Mentais é uma publicação da Associação Americana de 
Psiquiatria (APA), de 1994, e tem relação direta com a CID-10 e com a Classificação 
Internacional dos Distúrbios de Sono de 1990. 
O texto do DSM-IV descreve sistematicamente cada transtorno sob os 
seguintes títulos: “Características Diagnósticas”, “Subtipos e/ou Especificadores”, 
“Procedimentos de Registro”, “Características e Transtornos Associados”, 
“Características Específicas à Cultura, à Idade e ao Gênero”, “Prevalência”, “Curso”, 
“Padrão Familiar” e “Diagnóstico Diferencial”. 
Quando não há informações disponíveis para uma seção, esta não é 
incluída. Em alguns casos, quando muitos dos transtornos específicos em um grupo 
de transtornos compartilham características comuns, essa informação é incluída na 
introdução geral ao grupo. 
O texto para cada um dos Transtornos do Sono contém uma seção 
descrevendo seu relacionamento com transtornos correspondentes na classificação 
internacional de 1990. De fato, mesmo com esta seção de relacionamento, percebe-
se uma deficiência no DSM-IV quanto ao número de distúrbios do sono descrito e à 
abrangência de suas descrições, como, por exemplo, a Síndrome de Mudança 
Rápida de Fuso Horário (jet lag), um dos Distúrbios do sono relacionados ao ritmo 
circadiano, na classificação de 1990. 
Outro exemplo é a Insônia Primária (Código 307.42 no DSM-IV). Há 
evidências de que a classificação de 1990 é mais completa, específica e abrangente 
 
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que o DSM-IV e deve ser a referência para os Centros de Distúrbios do Sono e para 
os profissionais da área de saúde, tanto clínicos como pesquisadores. 
 
 
 
 
 
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estatístico de transtornos mentais (DSM-IV). 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 
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