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Resumo - Direito Administrativo 2015

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Direito Administrativo Prof. Pierre Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
RESUMO 
PIERRE BRAZ DE MORAES 
Direito Administrativo Prof. Pierre Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução e Princípios 
INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
CONCEITO 
Há inúmeras definições e entendimentos acerca do que vem a ser o direito administrativo. Para fins 
didáticos, sem se alongar no tema, trazemos um conceito simples e objetivo elaborado pelo administrativista 
Dirley da Cunha: direito administrativo “é um ramo do Direito Público que consiste num conjunto articulado e 
Harmônico de normas jurídicas (normas-princípios e normas-regras) que atuam na disciplina da 
Administração Pública, regulando uma das funções desenvolvidas pelo Estado. Tem por objeto específico, 
portanto, a Administração Pública”. 
 
OBJETO 
São funções essenciais do Estado brasileiro a legislativa (Poder Legislativo), a jurisdicional (Poder 
Judiciário) e a administrativa. O direito administrativo disciplina esta última função estatal, exercida 
predominantemente pelo Poder Executivo (função típica). Contudo, os outros Poderes também a 
desempenham como função atípica – atividades auxiliares ao desempenho de suas funções típicas 
(estruturação interna, nomeação para cargos efetivos, edição de atos normativos, etc.). O objeto do direito 
administrativo é, portanto, a função administrativa. 
A função administrativa compreende os serviços públicos; a polícia administrativa (exercício do poder 
de polícia); a atividade de fomento (incentivo a atividades da iniciativa privada em prol do interesse público); 
e a atividade de intervenção do Estado no domínio econômico. 
 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
A função administrativa do Estado é exercida pela Administração Pública. A administração pública é 
entendida em um duplo sentido: 
(a) sentido subjetivo (formal ou orgânico) – quando se aborda o sentido subjetivo, diz-se que a 
administração pública representa o conjunto de órgãos públicos, entidades e agentes públicos que 
desempenham a atividade administrativa. 
(b) sentido objetivo (material ou funcional) – quando abordado sob o aspecto objetivo, administração 
pública representa a própria atividade exercida, a função administrativa. 
Em ligeira síntese, juntando os dois sentidos, pode-se definir a Administração Pública como o conjunto 
de pessoas, entidades, órgãos públicos e de agentes públicos encarregados, por lei, de exercer a 
função/atividade administrativa (executar os fins constitucionais atribuídos ao Estado). 
Administração em sentido amplo e em sentido estrito – em sentido amplo a administração abrange os 
órgãos e pessoas que exercem a chamada função política (que fixa as diretrizes do governo, através do 
estabelecimento de políticas públicas) e os que exercem a função administrativa. Em sentido estrito, por sua 
vez, engloba os órgãos e pessoas que exercem apenas a função administrativa. 
 
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO 
O regime jurídico administrativo é o conjunto de normas que ordena toda a administração pública. É 
formado a partir de dois grandes princípios: 
(a) Supremacia do interesse público sobre o privado – no confronte entre interesses do particular e o 
interesse público deverá prevalecer este último. Obs.: o interesse público que deve se sobrepor é o 
chamado interesse público primário (da sociedade; interesse público propriamente dito), e não o interesse 
público secundário (do Estado). Exemplos: submissão ao exercício regular do poder de polícia 
administrativa, cláusulas exorbitantes em contratos administrativos, auto-executoriedade dos atos 
administrativos, etc.). 
(b) Indisponibilidade do interesse público – é vedado ao administrador público dispor (alienar, 
transacionar, etc.) dos bens, valores, direitos e interesses públicos sem que haja previsão legal que o 
autorize. O agente público pode apenas geri-los e protegê-los. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Os princípios básicos da administração pública estão previstos na Constituição Federal, de modo 
explícito ou implicitamente. Há algumas leis que veiculam princípios importantes para o direito 
administrativo, a exemplo da Lei 8.666, de 1993 (licitações e contratos) e da Lei 9.784, de 1999 (processo 
administrativo). Para o presente estudo iremos nos restringir àqueles elencados no art. 37, caput, da CF 
(capítulo que trata da administração pública). 
Princípio da legalidade – estabelece que a administração pública só pode fazer aquilo que a lei 
permitir (difere do princípio da autonomia da vontade, em que o particular pode fazer tudo que a lei não 
proibir). Em decorrência do princípio da legalidade, a administração pública não pode criar direitos ou 
obrigações por ato administrativo, dependendo, para tanto, de lei. Obs.: há exceções, como a edição de 
decretos autônomos (CF, art. 84, VI). 
Princípio da impessoalidade – o administrador público deve atuar com o objetivo de garantir o 
interesse público e não interesses privados. Assim, não pode, com sua atuação, beneficiar ou prejudicar 
pessoas determinadas. 
Princípio da moralidade – a administração pública deve resguardar valores éticos e de probidade. O 
gestor público deve agir sempre com boa-fé. A moral aqui é a jurídica (extraída do conjunto de normas 
administrativas), e não a moral comum (pessoal do agente). Exemplo: Súmula Vinculante nº 13 do Supremo 
Tribunal Federal, que veda o nepotismo. 
Publicidade – os atos praticados pela administração pública devem ser amplamente divulgados. A 
publicidade só pode ser restringida em situações excepcionais, quando houver interesse público ou 
necessidade de se proteger informação guardada por sigilo (relacionadas, por exemplo, à segurança 
nacional). Exemplos: CF, art. 5º, XXXIII, e Lei de acesso à informação – Lei nº 12.527, de 2011. 
Eficiência – a administração pública deve atuar objetivando uma maior relação custo benefício. O 
princípio da eficiência tem relação direta com a noção de administração gerencial. Exemplos: avaliação 
periódica de desempenho (CF, art. 41); formação de contrato de gestão (CF, art. 37, §8º). 
Direito Administrativo Prof. Pierre Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Poderes Administrativos 
PODERES ADMINISTRATIVOS 
 
CONCEITO 
Representam prerrogativas asseguradas à Administração Pública e aos agentes públicos para que eles 
possam desempenhar suas funções, com o objetivo de alcançar uma finalidade de interesse público. São 
seis os poderes administrativos. 
Poder vinculado – a administração não possui liberdade de escolha (oportunidade e conveniência) 
para a prática do ato administrativo, já que a lei disciplina totalmente a sua forma de atuação (multa, 
aposentadoria compulsória, licenças administrativas). O poder vinculado é externado através da prática de 
atos administrativos vinculados. 
Poder discricionário – a administração tem liberdade de escolha para decidir qual a medida mais 
adequada, segundo critérios de oportunidade e conveniência (mérito administrativo). São os atos 
administrativos discricionários. 
Os atos administrativos vinculado e discricionário serão melhor estudados em outro momento. 
Poder hierárquico – é o poder de que dispõe a administração para organizar a estrutura interna das 
funções e dos órgãos públicos, inclusive os limites de suas competências (e não agentes). Produz efeitos 
apenas internos, gerando uma relação de subordinação/hierarquia entre os órgãos (diferente de vinculação). 
O poder hierárquico assegura ao gestor público, por exemplo, as seguintes prerrogativas: poder de 
comando, de fiscalização e controle, poder de revisão dos atos administrativos deagentes de nível 
hierárquico inferior, possibilidade de delegar ou avocar funções, etc. 
Poder disciplinar – é o poder que possui a administração pública para aplicar sanções administrativas 
aos agentes públicos que integram o órgão/entidade quando tiverem cometido infrações funcionais (ex.: 
receber propina, comissão, praticar usura, recusar fé a documentos públicos, etc.). As faltas estão sujeitas a 
sanções como advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria, entre outras. Possui 
aplicação somente interna (diferente do poder de polícia). 
Poder regulamentar (ou normativo) – é o poder de que dispõe a administração pública de criar/editar 
atos administrativos com conteúdo normativo. Obs.: a administração pública pode editar duas espécies de 
ato administrativo: o que produz meramente efeito concreto (ex.: portaria de nomeação de servidor público) 
e aquele abstrato, que produz efeito para toda administração – ou parte dela (ex.: portaria com conteúdo 
normativo). O poder regulamentar trata desta última espécie de ato administrativo. 
Geralmente são praticados para regulamentar e complementar leis, dando-lhe efetividade (possuem 
natureza derivada – secundária). Se contrariar a lei (ex.: criando obrigação não prevista na lei), deve ser 
considerado ilegal (controle de legalidade do ato). É exercido pelos Chefes do Poder Executivo (através de 
decreto regulamentar) e por autoridades administrativas competentes (por meio de instruções normativas, 
resoluções, portarias, etc.). 
Poder de polícia – é o poder que possui a administração para impor limites ao uso de bens e ao 
exercício de direitos e atividades, em razão do interesse público (exercício de profissões, instalações de 
lojas, construções). Definição: Código Tributário Nacional, art. 78: “Considera-se poder de polícia atividade 
da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de 
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos 
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos 
direitos individuais ou coletivos”. Dele pode advir a aplicação de sanções administrativas. 
Características (DICA): 
(i) discricionariedade – em geral, o administrador tem o poder de decidir as circunstâncias para sua 
atuação. Não está presente em todos os atos do poder de polícia, já que, em alguns casos, a atuação é 
vinculada (não há margem de escolha). 
(ii) coercibilidade – a decisão é obrigatória, admitindo o emprego de força para seu cumprimento – é o 
único presente em todos os atos administrativos; 
(iii) auto-executoriedade – o ato é executado diretamente pela administração pública, não dependendo 
de prévia decisão judicial que autorize o cumprimento do conteúdo do ato administrativo. Ex.: interdição de 
estabelecimentos, apreensão de bens. Não está presente em todos os atos do poder de polícia (ex.: 
cobrança de multa). 
Obs.: não confundir o poder de polícia administrativa com a polícia judiciária, exercida pela Polícia Civil 
– são situações distintas. 
 
ABUSO DE PODER 
O poder de polícia deve ser exercido nos limites impostos pela lei. Caso o administrador público 
contrarie a lei, estará caracterizado o abuso de poder. São duas as modalidades de abuso de poder: 
Excesso de poder – ocorre quando o agente público atua além dos limites definidos na lei (violação do 
requisito competência do ato administrativo). 
Desvio de poder-finalidade – ocorre quando o agente público pratica o ato com o objetivo de produzir 
uma finalidade diversa da estabelecida em lei (em geral para alcançar interesse pessoal), apesar de atuar 
dentro dos limites de suas atribuições (violação do requisito finalidade do ato administrativo). Ex.: remoção 
“de ofício” de servidor público (com fundamento num inexistente interesse público) com o único objetivo de 
prejudicá-lo. O ato administrativo praticado com abuso de poder é ilegal, devendo ser anulado. 
Direito Administrativo Prof. Pierre Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estrutura da Administração Pública 
ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO 
Para entender como se estrutura a administração pública é fundamental compreender as noções de 
centralização e descentralização. 
Centralização – o Estado brasileiro pode optar por desempenhar suas funções administrativas 
diretamente por meio dos entes federados – União, Estados, DF e Municípios (que compõem a chamada 
administração direta) ou pode preferir transferir a terceiros suas atribuições. Assim, quando as pessoas 
jurídicas da administração pública direta (estudadas a seguir) executam suas atribuições diretamente 
através dos órgãos e agentes integrantes de suas estruturas haverá a chamada centralização 
administrativa. 
Descentralização – por outro lado, haverá a descentralização administrativa quando o Estado prefere 
transferir a outras pessoas algumas de suas atribuições (pessoas físicas ou jurídicas – em regra são 
pessoas jurídicas). A descentralização pode ocorrer de dois modos: 
(i) Descentralização por outorga (também chamada descentralização por serviços) – a União, Estados, 
DF e Municípios (administração direta) criam uma entidade (pessoa jurídica), através de lei (a lei cria ou 
autoriza a criação), e lhe transfere a titularidade do serviço/função a ser prestado. Essa entidade comporá a 
chamada administração indireta (estudadas a seguir). Ex.: a União (através do Ministério da Previdência 
Social) decide criar uma entidade para desempenhar suas funções relacionadas à concessão de 
aposentadorias submetidas ao regime privado. Para tanto, cria a autarquia denominada INSS. 
(ii) Descentralização por delegação (também chamada descentralização por colaboração) – ocorre 
quando o Estado transfere a particulares – pessoas físicas ou jurídicas (e não a entidades da administração 
pública) o direito de executar determinado serviço público. Essa transferência se dá por meio de contrato 
(nos casos de concessão e permissão de serviços públicos) ou ato unilateral (autorização de serviços 
públicos). A pessoa delega prestará o serviço por sua conta e risco, sob fiscalização do Estado. Exemplo: 
transferência a empresa particular da execução do serviço de fornecimento de energia elétrica através de 
um contrato de concessão de serviço público. 
Obs.: na descentralização por delegação não há transferência da titularidade do serviço, mas apenas de 
sua execução. 
 
DESCONCENTRAÇÃO 
A desconcentração administrativa ocorre quando uma pessoa jurídica da administração direta (União, 
por exemplo) ou da administração indireta (INSS, DNIT, UFT, etc.) cria órgãos públicos para distribuir 
internamente competências. 
 
ÓRGÃOS PÚBLICOS 
Os órgãos públicos representam unidades de competência que integram uma entidade estatal (da 
administração direta ou indireta). São criados para desempenhar atribuições/funções administrativas, e são 
ocupados por agentes públicos. A Lei 9.784, 99 assim define órgão público: “unidade de atuação integrante 
da estrutura da administração direta e da estrutura da administração indireta”. 
Criação e extinção de órgãos públicos – os órgãos públicos são criados e extintos através de lei (CF, 
art. 48, XI). 
Obs.: vide decreto autônomo (CF, art. 84, VI). 
Obs.: as Casas do Poder Legislativo possuem competência para dispor sobre sua organização e 
funcionamento internos. O ato normativo, neste caso, não será uma lei formal. 
Teoria – diversas teorias tentaram explicar a relação existente entre o Estado e seus agentes públicos.A teoria que atualmente predomina no direito brasileiro é a teoria do órgão, inspirada na doutrina do jurista 
Otto Gierke, que sustenta que a pessoa jurídica manifesta sua vontade através dos seus órgãos públicos; a 
vontade do órgão, portanto, é imputada à pessoa jurídica a que está vinculado. 
Características – principais características dos órgãos públicos: 
(i) integram a estrutura de um ente da administração direta ou da administração indireta; 
(ii) não possuem personalidade jurídica (não são sujeitos de direitos e obrigações); 
(iii) decorrem da desconcentração; 
(iv) não possuem, em regra, capacidade processual. Obs.: de modo excepcional, atualmente tem-se 
concedido capacidade processual para alguns órgãos figurarem no processo. Tema melhor estudado na 
disciplina direito processual civil. 
(v) alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira; 
(vi) não possuem patrimônio. 
Classificação 
(a) quanto à estrutura 
- simples (unitários) – há só um centro de competência – não há subdivisão em sua estrutura interna. 
- composto – há em sua estrutura diversos órgãos menores. Ex.: Ministérios e secretarias. 
(b) quanto à atuação funcional 
- singulares (unipessoais) – atuam através de um único agente. Ex.: Presidência da República. 
- colegiados (pluripessoais) – atuam mediante manifestação conjunta de seus membros. Ex.: Congresso 
Nacional e Tribunais. 
(c) quanto à posição estatal 
- independentes – são os órgãos que representam os três Poderes da República. Não estão 
subordinados hierarquicamente a nenhum outro órgão (Câmara, Senado, STF, Presidência da República, 
etc.). São órgãos sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional. 
- autônomos – são os órgãos que se situam na cúpula da administração, subordinados 
hierarquicamente apenas aos órgãos independentes (ministérios, secretarias, AGU, etc). 
- superiores – órgãos que possuem poder de decisão, controle e direção dos assuntos de suas 
competências, estando, porém, sempre subordinados à chefia imediata (coordenadorias, superintendências, 
gabinetes). 
- subalternos – são órgãos de mera execução, subordinados aos demais órgãos. Eles têm pouquíssimo 
poder decisório (seções de expediente, de pessoal, etc). 
 
ADMINISTRAÇÃO DIRETA 
A administração direta compreende os entes federados (entes políticos) União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios (e seus respectivos órgãos públicos). 
 
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 
A administração indireta abrange as pessoas jurídicas estatais que desempenham suas funções de 
forma descentralizada. Compreende as autarquias, fundações públicas, e as empresas estatais 
(empresas públicas e sociedades de economia mista). Possuem relação de vinculação (e não de 
hierarquia) com as pessoas jurídicas da administração direta. Vide Decreto-Lei nº 200, de 1967, art. 4º. 
Entidades em espécie da administração pública indireta – vide quadro anexo. 
Autarquias de regime especial (agências autárquicas) 
São espécies de autarquias submetidas a regimes jurídicos próprios. São classificadas em agências 
reguladoras e agências executivas. 
(a) agências reguladoras – as agências reguladoras são autarquias criadas para regular atividades 
desempenhadas pelo setor privado. Com a política de desestatização – Estado mínimo (maior afastamento 
do Estado de atividades econômicas; privatizações; delegações à iniciativa privada de serviços públicos), 
surge a necessidade de maior controle e fiscalização daquelas atividades por parte do poder público. 
Há dois tipos de agência reguladora: (i) as que exercem poder de polícia – fiscalização do exercício das 
atividades econômicas –, a exemplo da ANVISA e ANS; (ii) as que regulam os serviços públicos objeto de 
delegação (concessão, permissão ou autorização) ou de concessão para a exploração de bem público. 
Características – algumas das características comuns às agências reguladoras (obs.: há outras 
características, atribuídas principalmente pela lei que institui a AR): (i) exercício de atividade regulatória; (ii) 
independência (possuem autonomia perante o poder executivo, o que permite, por exemplo, que os seus 
dirigentes tenham mandato comprazo determinado); (iii) autonomia econômico-financeira; (d) amplo poder 
normativo (para editar normas técnicas). 
Exemplos: ANATEL, ANP, ANEEL, ANS, ANA, ANVISA, ANTT, ANTAQ, ANCINE, ANAC. 
(b) agências executivas – são autarquias ou fundações públicas que recebem a qualificação de 
agências executivas após celebrarem contrato de gestão com o poder público, nos termos do que determina 
o art. 51 da Lei nº 9.649, de 1998: “Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a 
autarquia ou fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos: (i) ter um plano estratégico de 
reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento; (ii) ter celebrado Contrato de Gestão com 
o respectivo Ministério supervisor”. 
A figura do contrato de gestão está prevista no art. 37, §8º, da Constituição Federal: “a autonomia 
gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser 
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por 
objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (i) o prazo 
de duração do contrato; (ii) os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e 
responsabilidades dos dirigentes; (iii) a remuneração do pessoal”. Portanto, quando o contrato de gestão for 
firmado por autarquia ou fundação pública, esta entidade receberá o nome de agência executiva. Exemplos: 
INMETRO, Agência de Inteligência, SUDAM e SUDENE. 
Paraestatais ou Terceiro Setor – são consideradas paraestatais (ou terceiro setor) as pessoas 
privadas (possuem personalidade jurídica de direito privado) que colaboram com o poder público no 
desempenho de atividades de interesse público, não exclusivas de Estado e sem fins lucrativos. As 
paraestatais são fomentadas pelo poder público, através, por exemplo, do recebimento de recursos 
públicos. 
O termo terceiro setor é utilizado para diferenciá-lo do primeiro setor (o Estado) e do segundo setor (o 
mercado). Fala-se ainda num quarto setor (economia informal). Enquadram-se como paraestatais: (i) os 
serviços sociais autônomos; (ii) as organizações sociais; (iii) as organizações da sociedade civil de interesse 
público (OSCIP); (iv) e as entidades de apoio. Trataremos, neste estudo, das três primeiras. 
Obs.: as paraestatais não integram a estrutura da administração pública. 
(a) Serviços Sociais Autônomos – pessoas jurídicas de direito privado geralmente criadas por 
entidades privadas que representam categorias econômicas (a exemplo da Confederação Nacional da 
Indústria, do Comércio, do Transporte, etc). São os conhecidos SESI, SESC, SENAI, SENAC, SEBRAE, etc. 
Desempenham atividades sociais, prestando serviços de utilidade pública. Os SSA são financiados 
(mantidos) com recursos oriundos das chamadas contribuições parafiscais (CF, art. 240) e com recursos 
públicos. 
(b) Organizações Sociais - são pessoas jurídicas privadas (criadas por particulares), sem fins 
lucrativos, que recebem a qualificação de organização social após celebrar contrato de gestão com o poder 
público. Está prevista no art. 1º da Lei nº 9.637, de 1998: “O Poder Executivo poderá qualificar como 
organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam 
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do 
meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei”. 
Os requisitos específicos para que as entidades privadas possam se qualificar comoorganizações 
sociais estão previstos no art. prevista nos arts. 2º, 3º e 4º da Lei nº 9.637, de 1998. É possível ainda a 
destinação de recursos públicos e de bens públicos às organizações sociais quando necessários ao 
cumprimento do contrato de gestão (arts. 12 e 14). 
Contrato de gestão – nos termos do art. 5º, “para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de 
gestão o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social, com 
vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas 
relacionadas no art. 1º”. 
(c) Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) – denomina-se OSCIP a pessoa 
jurídica privada, sem fins lucrativos, que recebe a qualificação jurídica do poder público, desde que 
obedecidos os requisitos previstos na Lei n. 9.790, de 1999. Referida lei, portanto, instituiu a figura das 
OSCIP’s, que representa uma nova espécie de parceria entre o poder público e a iniciativa privada para 
fomentar atividades de interesse público. 
São requisitos para qualificação como OSCIP (arts. 3º a 5º): (i) desempenhar atividades de utilidade 
pública ou interesse coletivo e receber a qualificação do poder público; (ii) elaborar de estatuto que contenha 
os requisitos previstos na lei (art. 4º); (iii) formular requerimento ao Ministério da Justiça (art. 5º). 
Segundo Di Pietro, a diferença fundamental entre a OSCIP e a organização social é que esta “recebe 
ou pode receber delegação para a gestão de serviço público, enquanto a OSCIP exerce atividade de 
natureza privada, com ajuda do Estado”. Outrossim, as organizações sociais celebram com o Poder Público 
contrato de gestão, enquanto que a OSCIP firma termo de parceria; há uma menor ingerência do Poder 
Público nas OSCIP's. 
 AUTARQUIAS 
(DL 200, art. 5º, I) 
FUNDAÇÕES PÚBLICAS EMPRESAS PÚBLICAS 
(DL 200, art. 5º, II) 
SOCIEDADE DE ECONOMIA 
MISTA (DL 200, art. 5º, III) 
Atividades Criadas para desempenharem atribuições 
típicas de Estado 
Fundação criada (instituída a partir da 
personificação de um patrimônio) para 
desempenho de atividades de interesse social 
(fins religiosos, morais, culturais, assistenciais, 
etc.) 
Exploração de atividades econômicas ou prestação de 
serviços públicos 
Natureza Jurídica Pessoa jurídica de direito público Há dois tipos de fundações públicas (STF): as 
de direito privado e as de direito público 
(fundações autárquicas). 
Pessoa jurídica de direito privado 
Regime jurídico: dependerá da natureza de seu objeto: 
atividade econômica (art. 173 e 177), será regida pelo direito 
privado; serviços públicos (art. 175), será regida pelo direito 
público 
Criação Criadas ou extintas por lei específica (art. 
37, XIX). Obs.: implantada a autarquia 
através de decreto. 
Lei específica deverá autorizar a criação, 
cabendo à Lei Complementar definir as áreas 
de atuação (37, XIX), bem como ao respectivo 
Poder elaborar o ato constitutivo e inscrevê-lo 
no registro competente, a fim de que adquira 
personalidade jurídica. 
Lei específica deverá autorizar a criação (37, XIX), 
cabendo ao respectivo Poder elaborar o ato constitutivo e 
inscrevê-lo no registro competente, a fim de que adquira 
personalidade jurídica. 
Exemplos BANCEN, INSS, INCRA, IBAMA. FUNAI, IBGE, FNS Correios, CEF, BNDES e 
SERPRO. 
BB S/A e Petrobrás S/A. 
Regime Jurídico 
dos Agentes 
Públicos 
Estatutário Dependerá da natureza jurídica da fundação 
(pode ser estatutário ou celetista) 
Celetista – vínculo de natureza contratual 
Observações *Autarquias sob regime especial: são 
espécies de autarquias com regimes 
próprios. Podem ser agências reguladoras 
ou agências executivas. Vide resumo 
 Distinções 
Forma jurídica qualquer 
forma admitida em direito. 
 
Composição do capital: 
- exclusivamente público 
(pode, contudo, ser 
unipessoal ou pluripessoal, 
conforme o capital seja 
dividido entre mais de uma 
pessoa política 
Distinções 
Forma jurídica sociedade 
anônima (sempre têm 
natureza comercial) 
 
Composição do capital: 
público e privado, desde que o 
controle acionário seja da 
Administração 
 
Direito Administrativo Prof. Pierre Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atos Administrativos 
ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
CONCEITO 
Segundo Alexandrino e Vicente Paulo, ato administrativo é a “manifestação ou declaração da 
administração pública, nesta qualidade, ou de particulares no exercício de prerrogativas públicas, que tenha 
por fim imediato a produção de efeitos jurídicos determinados, em conformidade com o interesse público e 
sob o regime predominante de direito público”. 
Para Carvalho Filho, em termos semelhantes, ato administrativo é “a exteriorização de vontade de 
agentes da administração pública ou de seus delegatários, nessa condição, que, sob regime de direito 
público, vise à produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público”. 
Não se deve confundir o ato administrativo (espécie de ato jurídico) com os seguintes atos: 
- Atos de governo: são atos políticos praticados por agentes políticos com fundamento da CF. 
Exemplos: iniciativa de lei, veto, sanção, etc. 
- Atos da administração: também são atos praticados pela administração pública. Contudo, a 
administração atua como se fosse um particular. Tais atos não estão submetidos a regime jurídico de direito 
público, mas sim a regime jurídico privado. Exemplos: quando a administração firma contratos privados de 
compra e venda, locação, seguro, etc. 
Exemplos de atos administrativos: portaria, ofício, memorandos, multa, interdição, advertência, 
demissão, decreto, regulamento, instrução normativa, regimento interno, resolução, certidão, parecer, 
aprovação, licença, permissão, autorização, etc. 
 
REQUISITOS – ELEMENTOS 
Para que o ato administrativo exista é necessário que sejam preenchidos 5 (cinco) requisitos. São eles: 
Competência – o agente público que praticar o ato deve possuir autorização legal para tanto. A 
competência para a prática do ato pode ser delegada ou avocada: 
- Delegação: transferida temporária para agente hierarquicamente inferior. De acordo com o art. 13 da 
Lei 9.784/99 (lei de processo administrativo federal), não podem ser objeto de delegação (competências 
indelegáveis): i – a edição de atos de caráter normativo; ii – a decisão de recursos administrativos; e iii – 
matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. 
- Avocação: agente de hierarquia superior atrai para si a competência para praticar o ato. 
Forma – é o modo como o ato administrativo será exteriorizado; o modo como ele se apresentará. A 
forma, em regra, é obrigatória e vinculada. Contudo, já se admite a flexibilização da forma do ato, com base 
no art. 22 da Lei 9.784/99: “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão 
quando a lei expressamente a exigir”. 
Finalidade – talvez o requisito mais fácil de compreender. A finalidade é sempre o interesse público. 
Motivo – representa as razões de fato e de direito que motivaram a prática do ato. O art. 50 da lei de 
processo administrativo em âmbito federal (Lei 9.784/99) estabelece as situações em que os atos deverão 
necessariamente ser motivados. 
Objeto – é o conteúdo do ato administrativo, ou seja, o que se pretende alcançar com a sua prática. O 
objeto deve ser lícito e possível. Ex.: licença para instalação de farmácia: objetiva conceder autorização de 
funcionamento para se estabelecer o ponto comercial. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
Dentre as diversas classificações, uma merece destaque: 
Atos vinculados – nos atos administrativos vinculados não há margem de opção para o administrador 
público, pois só há um comportamento possível. Não se analisaa oportunidade e conveniência da prática do 
ato. No ato vinculado os 5 requisitos do ato administrativo são vinculados. Ex.: concessão de licença para 
dirigir veículo quando o administrado (particular) cumpre todos os requisitos exigidos pela legislação de 
trânsito. 
Atos discricionários – há margem de liberdade para a administração pública decidir sobre a prática do 
ato. Essa liberdade incide sobre o motivo e o objeto do ato (via de regra, a competência, a forma e a 
finalidade são vinculadas; somente o motivo e o objeto são discricionários). O gestor público pode decidir 
sobre o mérito administrativo, ou seja, acerca da oportunidade e conveniência da prática do ato. Observe 
que o motivo e o objeto irão determinar se o ato administrativo é vinculado ou discricionário. 
Mérito administrativo – diz respeito ao poder conferido ao agente público para análise da conveniência e 
da oportunidade para praticar o ato administrativo (que deve ser, necessariamente, discricionário), desde 
que obedecidos os limites legais. Essa análise recai sobre os elementos objeto e motivo, únicos que podem 
ser discricionários. É possível concluir que o mérito administrativo só está presente nos atos discricionários, 
e não nos vinculados. 
 
ATRIBUTOS (PIA) 
São atributos dos atos administrativos (não confundir com requisitos): 
Presunção de legitimidade – há uma presunção de que os atos administrativos são editados em 
conformidade com a lei. Com base em tal presunção é que os atos devem ser cumpridos imediatamente, 
ainda que ele possua um vício aparente. Caso não se concorde com o ato, futuramente o destinatário pode 
buscar a tutela do Poder Judiciário. Dessa presunção é que decorre a chamada “fé-pública”. A presunção de 
legitimidade é o único dos atributos presentes em todos os atos administrativos. 
Auto-executoriedade – a administração pública pode aplicar determinados atos sem a necessidade de 
solicitar autorização judicial. Ex.: apreensão de mercadorias, destruição de eletrônicos contrabandeados, 
etc. Não está presente em todos os atos (não está presente, por exemplo, na cobrança de multa quando 
não há concordância com o pagamento. Neste caso, só através de ação judicial é que se poderá obter o 
pagamento do valor relativo à multa). 
Imperatividade – com base nessa característica, a administração pode criar obrigações que devem ser 
cumpridas pelos administrados (são coercitivas), independente de consentimento. Ex.: interdição de 
estabelecimento, apreensão de mercadorias, criação de regras internas no órgão, etc.. Também não está 
presente em todos os atos (só naqueles em que a administração está em situação de superioridade em 
relação ao particular). 
Obs.: há doutrina que cita ainda como atributo do ato administrativo a tipicidade (o ato praticado deve 
estar em consonância com a lei; deve haver o respaldo legal). 
 
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINSTRATIVOS 
Os atos administrativos podem ser extintos de diversas formas. Vejamos as principais. 
Exaurimento dos seus efeitos – é o modo natural e esperado de extinção do ato administrativo. 
Ocorre com a produção normal dos efeitos para o qual foi ele criado. 
Cassação – ocorre quando o beneficiário descumpre requisito ou obrigação imposta no ato para a sua 
prática. Exemplo: perda do porte de arma se o portador for detido embriagado (Estatuto do desarmamento, 
art. 10, §2). 
Revogação – é a desconstituição do ato administrativo por motivos de conveniência e oportunidade. O 
ato administrativo a ser revogado não possui vício de legalidade (não é ilegal); há apenas a opção do agente 
público de desfazê-lo. Em outras palavras, a revogação só incide sobre atos válidos. Só se revoga atos 
discricionários. 
Competência – a revogação só pode ser feita pela própria administração pública, e não pelo Poder 
Judiciário. Isto porque é vedado ao Judiciário apreciar critérios de conveniência e oportunidade 
administrativas (esta tarefa cabe à administração pública). 
Efeitos – o ato de revogação produz efeitos “ex nunc”, ou seja, para o futuro (a partir de sua edição), e 
não retroativos. Preservam-se as situações jurídicas pretéritas. 
Anulação – a anulação é a forma de se extinguir os atos administrativos quando eles possuem vícios 
de legalidade. 
Competência – o ato pode ser anulado pelo Poder Judiciário ou pela administração pública. O 
Judiciário, contudo, deve ser provocado para poder anular. Nesse sentido, Súmula n 473 do STF: “a 
administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles 
não se originam direitos; ou revoga-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos 
adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. 
Efeitos – os efeitos do ato de anulação são “ex tunc”, ou seja, retroativos. Desse modo, as relações 
jurídicas que surgiram em decorrência da prática não produzem efeito. Resguardam-se, contudo, direitos de 
terceiros que agiram com boa-fé. 
Convalidação – os atos administrativos nulos podem conter vícios sanáveis (parcialmente nulos; 
anuláveis) ou insanáveis (totalmente nulos). Quando o ato administrativo é anulável (sanável), ele pode ser 
aproveitado, de modo que os efeitos produzidos pelo ato são considerados válidos. Evita-se, com isso, 
prejuízo ao interesse público em determinadas hipóteses. O ato de convalidação produz efeitos “ex tunc” 
(retroage ao momento da prática do ato original). 
A convalidação do ato administrativo está prevista no art. 55 da Lei 9.784/99: “Em decisão na qual se 
evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem 
defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração”. 
Direito Administrativo Prof. Pierre Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agentes Públicos 
AGENTES PÚBLICOS 
 
SENTIDO 
Em linhas básicas, o termo agente público é utilizado para designar todas as pessoas que exercem uma 
função pública em nome do Estado, independente de haver ou não contraprestação financeira (pagamento). 
Essa atuação pode ser transitória ou permanente. 
A Lei de improbidade administrativa (Lei n 8.429/1992), em seu art. 2, define agente público nos 
seguintes termos: “reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que 
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra 
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo 
anterior”. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
Há diversas classificações dos agentes públicos; a doutrina varia. Trazemos abaixo uma classificação 
tradicional, utilizada por Hely Lopes, Celso Antônio Bandeira e Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. 
Segundo eles, os agentes públicos são assim divididos: 
Políticos – são os agentes públicos que integram a cúpula e tomam as decisões políticas do país 
(praticam atos de governo). Geralmente são investidos através de eleição (ou também nomeação e 
designação). Abrange os Chefes do Poder Executivo (presidente, governador, prefeito), seus auxiliares 
imediatos (ministros, secretários, etc.) e os membros do Legislativo (deputados, senadores, etc.). 
Administrativos – são os que exercem a função pública de natureza profissional e remunerada. 
Ocupam cargos, empregos e funções públicas, estando submetidos ao regime jurídico do ente federado ao 
qual está vinculado. Estão subdivididos em: (a) servidores públicos; (b) empregados públicos; e (c) 
servidores temporários. Serão estudadas em detalhes logo abaixo. Estas categorias são as que mais 
interessam ao estudo do direito administrativo, já que é principalmente através delas que a função 
administrativa é exercida.Honoríficos – são as pessoas requisitadas temporariamente para colaborar com o Estado na prestação 
de serviços determinados, sem que haja qualquer vínculo funcional entre o agente e a administração 
pública; via de regra, não há contraprestação financeira pelo trabalho. São exemplos: mesários, jurados, 
membros de Conselho tutelar, etc.. 
Delegados – são particulares que exercem determinada atividade, obra ou serviço público por sua 
conta e risco, geralmente após delegação do poder público. Ex.: concessionários de serviço público, 
leiloeiros, cartorários, etc. 
Credenciados – “são os que recebem a incumbência da administração para representa-la em 
determinado ato ou praticar certa atividade específica, mediante remuneração do poder público 
credenciante” (Hely Lopes Meirelles). Exemplo trazido por Marcelo Alenxandrino: atribuição a alguma 
pessoa para representar o Brasil em determinado evento internacional. 
 
SERVIDOR PÚBLICO 
São considerados todos aqueles que estão submetidos ao regime jurídico estatutário, de natureza 
legal. Ocupam cargos públicos. Integram os quadros funcionais da União, Estados, DF e Municípios, bem 
como de suas autarquias e das funções públicas de direito público. Estão excluídos, assim, os agentes das 
empresas públicas e sociedades de economia mista (são empregados públicos). 
Regime jurídico estatutário – os servidores públicos estão submetidos a regime jurídico estatutário. O 
regime estatutário representa o conjunto de regras previstas em lei que rege a relação entre o servidor e o 
Estado. A relação, portanto, não é contratual, mas sim legal (que estabelece os direitos, deveres, 
responsabilidades e obrigações, traz regras sobre seguridade social, etc.). Em âmbito federal, por exemplo, 
o regime jurídico dos servidores públicos federais vem disciplinado na Lei n 8.112/90 (estatuto dos 
servidores públicos civis federais). 
Obs.: há divergência sobre quais agentes devem ser enquadrados na categoria de servidores públicos. 
Para Carvalho Filho, só estão incluídos como servidores públicos os servidores dos quadros funcionais dos 
entes federados (União, Estados, DF e Municípios), das suas autarquias e fundações públicas autárquicas. 
Estão excluídos, portanto, os agentes das empresas públicas e sociedades de economia mista, 
considerados como empregados públicos. Outros doutrinadores incluem todos na definição de serviço 
público (a exemplo de Bandeira de Melo e Di Pietro). 
 
EMPREGADO PÚBLICO 
São os agentes que ocupam empregos públicos (e não cargos públicos) e estão submetidos a regime 
jurídico contratual (e não legal), previsto na Consolidação das Leis Trabalhistas (DL 5.452/43). Por isso são 
chamados de celetistas. 
Regime trabalhista – é o conjunto de regras de natureza trabalhista que rege a relação entre a 
administração pública (geralmente as empresas estatais) e os empregados públicos. Esse conjunto está 
previsto principalmente na CLT. 
Obs.: regime jurídico único. 
 
SERVIDOR TEMPORÁRIO 
Os servidores temporários são agentes contratados temporariamente para atender a necessidades 
excepcionais do serviço público; não possuem vínculo efetivo com o poder público. A Constituição Federal 
autoriza a contratação temporária no art. 37, IX: “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo 
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”. A expressão “a lei 
estabelecerá” implica dizer que cada ente da federação pode editar sua respectiva lei para tratar sobre seus 
servidores temporários e os casos em que será admitida a contratação. 
Em âmbito federal, a União regulamentou o dispositivo constitucional com a edição da Lei n 8.745/93, 
que trata da “contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional 
interesse público”. São exemplos dessas situações: calamidade pública, recenseamento, admissão de 
professor estrangeiro, etc. Para parte da doutrina, o vínculo entre o servidor temporário e o poder público é 
de natureza contratual, só que contrato de direito público (e não de direito privado). 
 
CARGO PÚBLICO 
É considerado o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional da 
administração pública cometidas a um servidor público (Lei 8.112/90, art. 3). 
Classificação – dentre as classificações, uma merece destaque: 
- Cargos vitalícios – seus ocupantes possuem maior estabilidade no cargo, somente podendo deixá-los 
mediante sentença judicial transitada em julgado ou, excepcionalmente, através de processo administrativo. 
Ex.: cargo de juiz. Previsão constitucional: CF, art. 95, I; art. 128, §5º, I, a; art. 73, §3º. 
- Cargos efetivos – também possuem caráter permanente, assegurando ao seu ocupante estabilidade, a 
qual só pode ser perdida (tema estabilidade será abordado em seguida) nos termos do art. 41, §1º, e art. 
169, §4º, ambos da CF. 
- Cargos em comissão – são cargos ocupados de modo transitório, com base na relação de confiança 
entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado; são cargos de livre nomeação e exoneração – não se 
exige concurso público para seu preenchimento (CF, art. 37, II). De acordo com o art. 37, V, da CF, os 
cargos em comissão se destinam apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento, devendo ser 
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei. 
Obs.: função de confiança – não se deve confundir cargo em comissão com função de confiança. A 
função de confiança só pode ser exercida por servidor que ocupa cargo efetivo. Assim, a função de 
confiança não representa um cargo, mas apenas um conjunto de atribuições a serem exercidas por quem já 
ocupa um cargo de natureza efetiva. 
Obs.: Súmula Vinculante n 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, 
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma 
pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em 
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em 
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste 
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”. 
Provimento – é o preenchimento do cargo público. Pode ser originário (quando o servidor preenche 
pela primeira vez o cargo) ou derivado (quando o agente que ocupa o cargo já possuía vinculo anterior com 
o órgão). O único provimento originário se dá através da nomeação; todos os demais são derivados. 
Formas de provimento (conforme previsto na Lei n 8.112/90, art. 8): 
- Nomeação – corresponde ao ato administrativo que materializa o provimento do cargo (única forma 
originária). 
Obs.: não se deve confundir a nomeação com a posse e o exercício. A posse representa a investidura 
do servidor público no cargo (passa a ter direitos, deveres, proibições, etc.); neste momento já se pode falar 
que o servidor ocupa o cargo público. O exercício, por sua vez, diz respeito ao próprio desempenho das 
funções do cargo por parte do servidor. 
- Promoção – servidor passa a ocupar um cargo mais elevado na carreira. 
- Readaptação – ocorre quando o servidor passa a ocupar um cargo diverso daquele que ocupava em 
virtude de uma limitação física ou mental que tenha sofrido: “é a investidura do servidor em cargo de 
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou 
mental verificada em inspeção médica” (art. 24). 
- Reversão – é o retorno à atividade de servidor aposentado quando atendidos os requisitos previstos 
no estatuto do servidor (em âmbito federal no art. 25 da Lei n 8.112/90).- Reintegração – ocorre a reintegração quando o servidor público demitido retorna ao seu cargo de 
origem após a invalidação da demissão por sentença judicial. Está previsto no art. 41, §2º, da CF: 
“invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado (...)”. 
- Recondução – a recondução ocorre quando o servidor estável retorna ao cargo que ocupava 
anteriormente em razão de um desses dois motivos: (i) quando for inabilitado em estágio probatório relativo 
ao cargo que passou a ocupar; ou (ii) quando houver a reintegração de servidor demitido ao cargo que 
ocupava (atual cargo do reconduzido). Esta última hipótese também está prevista no citado art. 41, §2º 
(parte final), que trata da reintegração: “(...) e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao 
cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com 
remuneração proporcional ao tempo de serviço”. 
- Aproveitamento – consiste no retorno ao cargo de servidor que estava em disponibilidade. Previsão no 
art. 41, §3º, da CF: “extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em 
disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em 
outro cargo”. 
Vacância – é o oposto do provimento. Representa o fato administrativo que importa na desocupação do 
cargo ou emprego público. O cargo deixa de ser provido. De acordo com a Lei n 8.112/90, são situações 
que ensejam a vacância do cargo (art. 33): exoneração; demissão; promoção; readaptação; aposentadoria; 
posse em outro cargo inacumulável; e falecimento. 
Demissão – a demissão possui caráter punitivo (ex.: servidor comete falta grave no serviço). 
Exoneração – ao contrário da demissão, não possui caráter punitivo. Ocorre quando o servidor deixa o 
cargo público (efetivo ou em comissão) por determinação da administração – ex ofício ou mesmo a pedido. 
De acordo com o art. 34 da Lei 8.112/90, a exoneração de ofício de cargo efetivo dar-se-á (i) quando não 
satisfeitas as condições do estágio probatório ou (ii) quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em 
exercício no prazo estabelecido. 
 
REGIME CONSTITUCIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO 
Concurso público – é o procedimento utilizado para selecionar as pessoas que ocuparão os cargos 
públicos de natureza efetiva. Tem previsão constitucional no art. 37, II: “a investidura em cargo ou emprego 
público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com 
a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações 
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”. 
Validade – o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por 
igual período (CF, art. 37, III). 
Precedência na convocação – durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele 
aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos 
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira (CF, art. 37, IV). 
Acessibilidade dos cargos públicos, empregos e funções – os cargos, empregos e funções públicas 
são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos 
estrangeiros, na forma de lei (CF, art. 37, I). 
Portadores de deficiência – a Constituição determina que “a lei reservará percentual dos cargos e 
empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão” (CF, 
art. 37, VIII). 
Acumulação de cargos e funções – a Constituição veda a acumulação remunerada de cargos, 
empregos e funções públicas. A proibição alcança os entes federados, autarquias, fundações, empresas 
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou 
indiretamente, pelo poder público – administração direta e indireta (CF, art. 37, XVI e XVII). 
Exceção – a própria CF admite a acumulação remunerada nas seguintes situações (CF, art. 37, XVI): 
(i) dois cargos de professor; 
(ii) um cargo de professor com outro técnico ou científico; 
(iii) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. 
Obs.: em todas elas deva haver compatibilidade de horários e deve ser observado o teto remuneratório. 
Estabilidade e estágio probatório 
Estabilidade – é a garantia do servidor público de permanência no cargo público. De acordo com o art. 
41, caput, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo, após aprovação em concurso público, 
adquire estabilidade após 3 (três) anos de efetivo exercício. Além do prazo, a estabilidade depende de 
avaliação especial de desempenho, realizada por comissão instituída para essa finalidade (CF, art. 41, §4). 
Estágio probatório – diz respeito ao período em que serão verificadas a aptidão e a capacidade do 
servidor público para o exercício do cargo de provimento efetivo. São analisados fatores como assiduidade, 
disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabilidade. O servidor público não aprovado no 
estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado. 
Obs.: até a emenda constitucional n 19/98, o prazo de estabilidade era de 2 anos. A Lei 8.112/90 
também prevê o prazo de 2 anos para o estágio probatório do servidor federal. Com a alteração da 
estabilidade de 2 para 3 anos, houve divergência se o prazo do estágio probatório estaria ou não vinculado 
ao seu prazo. O STF pacificou o entendimento de que há uma vinculação, de modo que se aplica o período 
de 3 anos para o estágio probatório e para a aquisição da estabilidade. 
Perda do cargo público de servidor estável – a CF determina que o servidor público estável só poderá 
perder o cargo nas seguintes hipóteses (art. 41, §1º): 
(i) em virtude de sentença judicial transitada em julgado; 
(ii) mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; 
(iii) mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, 
assegurada ampla defesa. 
Obs.: há outras duas hipóteses previstas na CF que autorizam a perda do cargo de servidor público 
estável: art. 169, §4º, e art. 198, §6º. 
Mandato eletivo de servidor público – o servidor público pode se candidatar a mandato eletivo. O art. 
38 da CF traz algumas regras que devem ser observadas: ao servidor público da administração direta, 
autárquica e fundacional, no exercício do mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: 
(i) Se for eleito para mandato federal, estadual ou distrital, deverá se afastar do seu cargo, emprego ou 
função; 
(ii) Se for eleito para mandato de Prefeito, deverá se afastar do cargo, emprego ou função. A diferença é 
que poderá optar pela remuneração do cargo/emprego ou do mandato de prefeito; 
(iii) Se for eleito para mandato de Vereador e não houver compatibilidade de horário entre as duas 
funções, deverá optar pela remuneração do cargo/emprego ou do mandato de vereador; 
(iv) Se for eleito para mandato de Vereador não houver compatibilidade de horário entre as duas 
funções, poderá exercer as duas funções e receber a remuneração do seu cargo, emprego ou função com a 
remuneração do cargo eletivo. 
Em qualquer caso que exija o afastamento do servidor, seu tempo de serviço será contado para todos 
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento (art. 38, IV). Para efeito de benefício 
previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se no exercício estivesse (art. 
38, V). 
Remuneração e subsídio 
Remuneração – de acordo com o art. 40 da Lei 8.112/90, vencimento é a retribuição pecuniária paga ao 
servidor públicopelo exercício do cargo público, com valor fixado em lei. A remuneração, por sua vez, 
abrange o vencimento do cargo efetivo acrescido das vantagens pecuniárias permanentes (art. 41). 
Remuneração = vencimento + vantagens de caráter permanente 
Subsídio – com a edição da EC nº 19/98 (reforma administrativa), alguns agentes públicos passaram a 
receber subsídios, e não remuneração. O que caracteriza o subsídio é o fato de ser fixado em parcela única, 
sendo vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou 
outra espécie remuneratória. 
Quem recebe por subsídio? Os seguintes agentes públicos: membro de Poder, o detentor de mandato 
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais (art. 39, §4º), membros do Ministério 
Público (art. 128, §5º, I, c), membros da Defensoria Pública, membros da Advocacia Pública – incluindo das 
Procuradorias Estaduais e do DF (art. 151, c/c art. 131 e 133) – e policiais indicados no art. 144 (art. 144, 
§9º). Em qualquer caso, deve ser obedecido o teto remuneratório do serviço público (art. 37, XI). 
Fixação do valor da remuneração e do subsídio – a remuneração e o subsídio somente poderão ser 
fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão 
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices. 
Valor mínimo – segundo o art. 39, §3º, nenhuma remuneração pode ser inferior ao salário mínimo. 
Acréscimos pecuniários – são os valores acrescidos ao vencimento básico: adicionais e gratificações. 
Obs.: não são admitidos acréscimos ao subsídio. De acordo com o art. 37, XIV, qualquer acréscimo 
pecuniário recebido por servidor público não será computado nem acumulado para fins de concessão de 
acréscimos ulteriores. Em outras palavras, qualquer acréscimo concedido ao servidor deve tomar por base o 
vencimento, e não a remuneração. Essa medida impede o chamado efeito cascata. 
Irredutibilidade – o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são 
irredutíveis (CF, art. 37, XV). Obs.: o próprio dispositivo traz algumas ressalvas: art. 37, XI (teto 
remuneratório) e XIV (limitação de acréscimo concedido a servidor), art. 39, §4º (subsídios), arts. 150, II 
(igualdade de contribuintes), art. 153, III (incidência do imposto de renda) e art. 153, §2º, I (generalidade, 
universalidade e progressividade do IR). 
Teto remuneratório – a CF estabeleceu um teto para pagamento de remuneração e subsídio: 
“Art. 37, XI. a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração 
direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra 
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra 
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-
se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do 
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder 
Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% (noventa inteiros e vinte e 
cinco centésimos por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do 
Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores 
Públicos”; 
“Art. 37, §9º. O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas 
subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de 
despesas de pessoal ou de custeio em geral”. 
“Art. 37, §12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito 
Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o 
subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco 
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto 
neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores”. 
Observações: (i) inclui-se na vedação qualquer tipo de remuneração ou subsídio, além de proventos e 
pensões, incluídas vantagens de qualquer natureza; (ii) não inclui parcelas de caráter indenizatório; (iii) 
estão submetidos ao limite todos os que ocupam cargos, empregos e funções na administração direta, 
autarquias e fundações públicas, membros dos Poderes, detentores de mandatos eletivos e demais agentes 
políticos.

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