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1 EXTINÇÃO DAS SOCIEDADES EMPRESARIAIS - XV 1. Dissolução: a) Conceito: - Em sentido amplo significa o procedimento de terminação da personalidade jurídica da sociedade empresária, isto é, o conjunto de atos necessários à sua eliminação, como sujeito de direito. A partir da dissolução, compreendida nesse primeiro sentido, a sociedade empresária não mais titulariza direitos, nem é devedora de prestação. Em sentido estrito, a dissolução se refere ao ato, judicial ou extrajudicial, que desencadeia o procedimento de extinção da pessoa jurídica (Fábio Ulhoa Coelho). Os atos de encerramento da personalidade jurídica da sociedade empresária (a dissolução, em sentido amplo) distribuem-se nas fases de dissolução (sentido estrito), liquidação e partilha (Bulgarelli); b) Modalidades: - O nosso sistema jurídico disciplina os seguintes regimes dissolutórios: a) pela Lei das Sociedades por Ações, nos arts. 206 e seguintes; b) pelo Código Civil, nos arts. 1.033 a 1.038. Existem semelhanças entre estes regulamentos, ou seja, haverá um ato formal entre os sócios ou do juiz, através do qual dar-se-á o início do procedimento, seguido dos procedimentos visando resolver às questões obrigacionais da sociedade e por último a divisão do patrimônio da mesma entre os sócios. O objetivo é o de preservar os direitos dos sócios e de terceiros, como os credores. Assim se os sócios não seguirem as normas societárias, tomando atitudes como a da paralisação das atividades econômicas, da repartição entre eles dos ativos, e da dispersão, sem preservar os direitos dos credores, dissolvendo de fato a sociedade, responderão por todas as obrigações sociais irregularmente dissolvidas, de forma pessoal e ilimitadamente, uma vez que eles deixam de cumprir a norma societária, agindo de forma ilícita; - A dissolução pode ser extrajudicial, quando instrumentalizada através de ato realizado entre os sócios, por deliberação de assembléia, contido em sua respectiva ata, ou pelo distrato social, ou judicial, neste caso por decisão judicial, como na falência ou na divergência judicial entre os sócios, sobre impossibilidade de realizar o objeto social, pode determinar o fim da pessoa jurídica; 2 - Constituem causas para a dissolução das sociedades empresárias: a) vontade dos sócios: nos termos estabelecidos no art. 206/LSA e incisos II e III, do1.033/CC. Na sociedade anônima a dissolução dar-se-á na assembléia geral extraordinária, exigindo-se um quorum de acionista representando, no mínimo, metade das ações com direito a voto (X, art. 136/LSA). Na limitada exige-se a aprovação de votos correspondente à ¾ do capital social (I, art. 1.076/CC); b) decurso do prazo: estabelecido no inciso I, do art. 1033/CC, e pela forma prevista nos letras b e c, inciso I, do art. 206/LSA; c) falência: de acordo com o estabelecido no inciso II, letra c, do art. 206/LSA e art. 1.044/CC; d) unipessoalidade: nos termos da letra d, do inciso I, do art. 206/LSA e do inciso IV, do art. 1.033/CC; e) irrealizabilidade do objeto social: de acordo com a letra b, do inciso II, do art. 206/LSA e inciso II, art. 1.034 in fine; f) extinção da autorização de funcionamento: conforme o contido na letra e, do inciso I, do art. 206/LSA, e inciso V, do art. 1.033/CC; 2. Liquidação e partilha: - Uma vez dissolvida a sociedade empresária, nos termos expressos nas normas societárias, ela não perde, de imediato, a personalidade jurídica por completo, conservando-a apenas e tão somente para liquidar as obrigações existentes (art. 207/LSA e art. 51/CC), porque não é mais considerada sujeita de direito, a titularizar direitos e contrair obrigações, com exceção os indispensáveis ao processamento da liquidação. Se praticar outros atos que não este, os mesmos serão imputados, em termos de conseqüências, à pessoa natural que os praticou em nome da pessoa jurídica; - Para preservar interesses de terceiros as normas societárias determinam: a) a publicidade do ato dissolutório na Junta Comercial (I, art. 210/LSA e § 1º, art. 51/CC); b) agregação da expressão em liquidação ao nome empresarial da sociedade, toda a vez que se apresenta (art. 212/LSA e § Único, do art. 1.103/CC); c) que a representação da sociedade não mais seja feita através dos diretores ou administradores, mas sim ao liquidante, o qual manifestará a vontade da pessoa jurídica em liquidação, cabendo-lhe arrecadar bens integrantes do patrimônio social; aliená-los ao preço de mercado; dar quitação aos devedores da sociedade pelo pagamento feito pelos mesmos à sociedade; rescindir contratos de trabalho, dentre outros atos visando à liquidação da pessoa jurídica. Na liquidação extrajudicial o liquidante, se não estiver nomeado no estatuto ou contrato social, será escolhido entre os sócios, e na judicial competirá ao juiz a nomeação do liquidante; 3 - A liquidação tem por objetivo a realização do ativo, com a venda dos bens da sociedade e a cobrança dos seus devedores, e a satisfação do passivo, com o pagamento dos credores. Após estas providencia o patrimônio remanescente é partilhado entre os sócios, segundo a participação de cada um no capital social. Se os bens do patrimônio social não forem suficientes para o pagamento das dividas da sociedade em liquidação e estando o capital totalmente integralizado, o liquidante poderá pedir a falência da mesma (VII, art. 210/LSA e VII, art. 1.103/CC), ou realizar, com a abservância das preferências dos títulos de cada credor, os pagamentos possíveis, confessando a falência após o exaurimento dos recursos da liquidação.
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