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[CIRURGIA I]� [ESQUEMAS –Turma XXII de Medicina (MedPegada) 6ºPeríodo]� Acadêmico(a): Daiane Lorena Professor(a): Dr. Rodrigo Costa Aula: 11 Tema: Pancreatite crônica Slide + Áudio RESUMO DE PANCREATITE AGUDA: - potencial de mortalidade altíssima - é uma doença grave, o tratamento não é simples - Aparece de forma muito súbita e o potencial de levar a óbito é muito grande. - Exame físico da PA:paciente hígido, dentro do peso normal ou até acima, que vão apresentar um quadro de dor. Principal causa é cálculo - História: paciente estava bem em casa, hígido,hidratado, de repente começa a ter dor abdominal, aí a evolução pode ser mais tranqüila, se for uma pancreatite leve, edematosa ou grave se for uma pancreatite necro-hemorrágica. Pancreatite crônica - Raramente ela é fatal, tem um processo de evolução mais lenta, vai acometendo o pâncreas ao longo dos anos, isso não quer dizer que o paciente não possa ter surtos de dor aguda, enquanto a doença vai evoluindo para crônica, ele pode ter vários surtos de dores agudas. - a crise da PC ao longo dos anos é igual a da Pancreatite aguda, dor em barra, irradiação para o dorso, náuseas, vômitos, aumento da amilase e da lípase, ou seja, a clinica é muito parecida, a diferença vai ser na história e o exame físico. - alteração ponderal muito grande, emagrecidos, má conservação dentária, mau estado geral, mas não precisa ser um paciente de UTI, etilista de longa data, tem 50 anos com aparência de 80, fácies sofrida, pode ser confundida até mesmo com câncer de cabeça de pâncreas, do tanto que o paciente está ruim. - é muito difícil o paciente aderir ao tratamento, pq o tratamento é clínico e como a principal causa é o álcool, é muito mais difícil tratar esse paciente, convencer que a doença é devido ao álcool e que ele precisa parar de beber, é complicada, pois é ela que afoga as magoas dele, quando está bebendo não lembra da dor, não precisa comer, ou seja, a bebida melhora tudo, é um antidepressivo fantástico. Então ele não consegue parar de beber, por isso é muito difícil tratar pancreatite crônica. PANCREATITE CRÔNICA è Doença crônica do pâncreas, com lesões progressivas e irreversíveis: - É difícil o paciente aderir ao tratamento, pois mesmo parando de beber, o pâncreas continuará lesado e o paciente pergunta isso e temos que explicar que a suspensão do álcool pode até evitar a progressão da doença, a piora da glândula, mas as lesões são irreversíveis, mas deve suspender o álcool para o tratamento da doença. - Diferente do fumante, que o pulmão limpa com 5, 6 anos da suspensão do cigarro. è Crises de agudização podem ocorrer em sua evolução: - Ao longo dessa caminhada, o paciente vai ter surtos de dor aguda, que simula um quadro de Pancreatite aguda, ou seja, dor em barra (simulando um abdome agudo), vômitos, náuseas, inapetência (perda do apetite), fraqueza. è Pancreatite crônica calcificante é a forma mais comum- 80% dos casos: - O pâncreas começa a calcificar de dentro para fora, gerando microcalcificações dentro do ducto principal (Ducto de Wirsung), podendo causar obstrução do ducto, estenose, rupturas ao longo do ducto, formação de pseudocisto (do mesmo jeito que na pancreatite aguda) e necroses. - Obstrução do ducto de Wirsung: as vias marginais e laterais do ducto vão começar a romper e causar lesões abdominais, o suco pancreático pode cair dentro do abdome, gerando dor aguda. - Estenose do ducto de Wirsung: pode sofrer uma dilatações em alguns segmentos anteriores a estenose. - É uma doença grave, mas por ser crônica, demora um tempo para chegar nessa situação. 2 è A causa mais comum é o alcoolismo crônico (depende da quantidade ingerida, principalmente se destilados) - não é qualquer ingestão de álcool, tem que ter predisposição e ingerir uma quantidade grande de álcool, é o cara que todo dia vai para o buteco, toma bebida de dose. - geralmente esse paciente tem além da lesão pancreática, uma lesão hepática, um certo grau de cirrose, isso dificulta ainda mais o tratamento CLASSIFICAÇÃO (Simpósio de Marselha II, 1984) è Pancreatite crônica calcificante (difusa) - Causas: álcool, familiar, metabólica, idiopática - representa em torno de 60-65% das causas - o álcool é disparado a mais comum (≥ 80%) è Pancreatite crônica obstrutiva (localizada) - tumores, trauma, biliar, pâncreas divisum - são mais raras - os tumores depois dos 50 anos é a principal causa. Paciente que chega emagrecido, abdome escavado, ictérico, é muito difícil diferenciar tumor de cabeça de pâncreas da pancreatite crônica, mesmo quando abre o abdome numa cirurgia, as vezes fica na dúvida, pois a inflamação é tão grande, que não dá para saber só olhando na peça. - o ideal é fazer biópsia de congelamento (em Gurupi não tem), no momento da cirurgia retira um pedacinho da lesão, entrega para a circulante que vai colocar num frasco com formol e levar no laboratório, e o patologista vai de dar o resultado na hora, enquanto ainda está operando. Aí a conduta vai depender do resultado, se for CA de cabeça de pâncreas, a conduta é diferente, tanto para tratar como para dar a noticia para a família do paciente. - Em Gurupi que não tem a biópsia de congelamento, quando abre o abdome e defronta com um quadro desse, trata-se como fosse um tumor, parte para uma cirurgia mais agressiva, pois não tem outra opção, é melhor resolver logo o problema, por isso a biópsia de congelamento é extremamente importante, porque uma cirurgia que é muito grande poderia se tornar uma cirurgia pequena e aqui a gente não tem isso,acaba retirando a cabeça do pâncreas, o duodeno, faz a cirurgia de Whipple. - Cirurgia de Whipple é uma cirurgia enorme, que é uma gastrectomia parcial, duodenectomia e uma pancreatectomia cefálica, então são 3,4 anastomoses que faz em uma cirurgia, se o cirurgião for bem experiente gasta em média umas 12 horas, mas pode se não for tão experiente pode até gastar umas 24 horas, é praticamente quase que um transplante, tem que tirar o colédoco, fazer anastomose, retira o pâncreas e anastomosa, retira um pedaço do estômago. No final tem a explicação completa da cirurgia. FISIOPATOLOGIA è Depósito de cordões pancreáticos no ducto de Wirsung (ducto pancreático principal), que evolui com fibrose periacinar e calcificação ductal. - São lesões que acontece de dentro para fora, começa dentro da glândula, no ducto principal, passa no meio da glândula e começa disseminar por ela toda. - Na pancreatite aguda o pâncreas vai estar aumentado. - Na TC de uma pancreatite crônica, o pâncreas vai estar diminuído, fibrótico. PANCREATITE CRÔNICA CALCIFICANTE è Parênquima: fibrose, calcificação, inflamação è Ductos: dilatações, estenoses ( dependendo da região da estenose, vai ter regiões que vão ficar dilatadas), cálculos, rupturas. è Complicações extra-pancreáticas: fístulas, pseudo-aneurismas de artéria esplênica, lesões de estômago, ulceras de estomago na parede posterior, então ao longo da sua evolução eu posso ter outras complicações da doença pancreática, isso pode levar até 10 anos para se instalar, a partir do 3 momento que a pessoa começou a ingerir bebida alcoólica todos os dias, mas ao longo desse período ele vai internar varias vezes, por causa da dor abdominal, das náuseas e vômitos, dessas complicações que pode apresentar. è Massa inflamatória: dor, compressão è Fibrose: altera função, o paciente emagrece. • Se perguntar na PROVA, qual o motivodo emagrecimento na pancreatite crônica? - Porque o paciente que bebe não se lembra de comer (a principal causa). - Porque o paciente fica com medo de comer, já que o ato de alimentar se tornou um hábito extremamente doloroso, porque o que estimula o pâncreas a trabalhar é a comida no duodeno, então ele sabe que se ele comer, o pâncreas dele vai começar a se apertar e está estenosado, obstruído, ele não vai conseguir jogar o suco pancreático no duodeno, vai piorar o quadro doloroso. Por isso, que gera o círculo vicioso, eu como menos, porque não vou ter dor, vai continuar comendo cada vez menos e bebendo cada vez mais, porque a bebida o alimenta, dá bem–estar, não dói, porque libera endorfina. è Estenoses, cálculos, dilatação do Wirsung: dor, rupturas è Rupturas: coleções, fístulas pancreáticas (interna e externa) è Coleções: dor, infecção, hemorragia e ruptura QUADRO CLÍNICO - É uma doença que consome o paciente, a principal queixa no início é as fezes, porque a porção exócrina vai ser lesada primeiro, pois é a menos resistente. - Queixa: “fezes boiando” no vaso sanitário = esteatorreia, que ocorre devido à deficiência de lípase, amilase, pois não consegue digerir a gordura, que começa a sair o excesso pelas fezes. - Se conseguir interferir nesse momento é ótimo, o paciente conseguir parar de beber, porque ele não é diabético ainda, a porção endócrina é a mais resistente, se já se tornou diabético, pode saber que 80% da glândula já foi lesada e não tem volta mais, mas temos que insistir para o paciente parar de beber. àDor epigástrica intensa, em faixa e intermitente àPerda ponderal importante (DD com CA de pâncreas) - o mais importante, não tem na pancreatite aguda. - quando chega o paciente com P. crônica eu fico na dúvida se não é câncer, pois o processo inflamatório altera a mitose celular, a multiplicação celular, por isso a partir de uma P. crônica eu posso desenvolver um CA de cabeça, de corpo, de cauda do pâncreas, adenocarcinoma de pâncreas, por isso que é difícil diagnosticar. - se tiver dúvida para diagnosticar o paciente, só tem como fazer diagnóstico de CA de cabeça do pâncreas sem operar o paciente, fazendo uma biópsia através da CPRE (colangiopancreatografia), entra pela papila duodenal e biopsia a cabeça do pâncreas. - Se for de corpo e cauda não consegue fazer biópsia sem operar. à Esteatorreia (“fezes bóiam”, envoltas por um halo de gordura) - primeira que ocorre. àDiabetes (fase final do quadro) àIcterícia flutuante ou intermitente: - principalmente quando tem uma massa na cabeça do pâncreas aumentada, a massa comprimiu o colédoco durante as crises, fecha o colédoco e vai ter icterícia. à Pseudocistos à Derrames cavitários - principalmente do lado esquerdo àNecrose pancreática àHemorragias àAbcessos pancreáticos OBS: o mais importante é lembrar o estado geral do paciente: emagrecido, abdome escavado. EXAMES LABORATORIAIS àAmilasemia àFunção renal, hepática (TGO/TGP, bilirrubinas) e metabólica (cálcio) 4 àRX simples de tórax e abdome: é rotina de abdome agudo, toda dor abdominal tem que fazer RX simples de tórax, em pé e deitado. àUSG: para ver se tem cálculo na vesícula, líquido livre na cavidade àTC: padrão ouro para pancreatite, vai ver se o pâncreas se está aumentado, se tem áreas de necrose, fístulas e coleções. - Classificação de Baltazar: classificação tomográfica desse pâncreas. àCPRE (Wirsung estreitado ou dilatado): - Pancreatite Aguda: uso para desobstruir a papila. - Pancreatite crônica: para fazer biópsia, avaliar como está o Ducto de Wirsung para me nortear qual cirurgia vai fazer, pois são diferentes quando ele está estenosado ou aumentado. - Ducto dilatado: consegue abrir o pâncreas, pegar uma alça e anastomar em cima do ducto de Wirsung. - Se a estenose for na cabeça, não consegue drenar suco pancreático para dentro da papila, eu vou abrir uma via enorme, coloco uma manilha em cima e o pâncreas vai drenar direto para o I. delgado (jejuno ou íleo) = Cirurgia de Puestow, é uma anastomose latero-lateral. TRATAMENTO CLÍNICO - 50% clínico e 50% cirúrgico. - o que incomoda a família é o estado geral do paciente, e o que incomoda ele é a dor intermitente, que não a deixa ter vida social e nem trabalhar. è Retirada do fator causal - interrupção do alcoolismo: o mais importante. - desobstrução ductal - colecistectomia: se for cálculo. - se for tumor, retira. è Terapêutica das complicações - reposição volêmica - controle do distúrbio eletrolítico - Controle nutricional: tenho que fazer esse paciente ganhar peso novamente, recuperar o peso original, não adianta operar se ele tiver desnutrido, a anastomose não vai resolver, vai fistulizar. - Para operar o paciente tem que estar bem, hidratado, tenho que ofertar nutrientes para ele, se ele não consegue comer tem que passar sonda nasoenteral nele, se não der certo, faz parenteral. è Controle das alterações funcionais exócrinas e endócrinas do pâncreas: - se a porção exócrina dele já não funciona: suplementar enzima pancreática. - se já tiver diabético: suplementar insulina. - avaliação é feita com exames laboratoriais. TRATAMENTO CIRÚRGICO è Indicações • Dor persistente e incapacitante : − Principal causa de cirurgia, isso tem que ser explicado para a família e para o paciente , pois é uma cirurgia grande, e pode ser que tenha recidiva da dor dentro de 5 anos, pois geralmente o individuo volta a beber de novo e ter microlesões. − Então o paciente precisa aderir ao tratamento, dessa forma preciso de uma equipe multidisciplinar, de psicólogo, um psiquiatra (talvez seja até necessário entrar com uma medicação para diminuir a ansiedade desse paciente), uma nutricionista, ou seja, não é tão simples. − O processo mecânico, a cirurgia é o mais fácil, o problema é o pós-operatório, pois se o paciente não aderir ao tratamento perde-se a cirurgia que foi feita. − Antes de chegar nessa fase, já tentamos de tudo: já encaminhamos o paciente para um grupo de auto-ajuda. − Já entrou com analgésico para dor do paciente , pois ele acredita que só alivia a dor quando está bebendo. • Icterícia obstrutiva: avaliar a obstrução da papila. • Derrames cavitários • Abscesso pancreático: drenar os abscessos • Cistos pancreáticos 5 • Hemorragia digestiva TRATAMENTO è Pancreatite crônica calcificante • Paliativo - algo que não vai resolver o problema do pâncreas, a função dele não vai voltar, pois as lesões são irreversíveis. - a única coisa que resolveria seria o transplante de pâncreas, é muito raro, no Brasil acho que nunca fez. • PROVA de concurso ou residência - Principal indicação de cirurgia hoje em pancreatite crônica é a dor incapacitante, que não melhora com medicamentos. è Pancreatite crônica obstrutiva • Ressecções pancreáticas- cura - Se a obstrução está localizada na cauda o ducto está estenosado, não adianta fazer uma anastomose em cima de uma estenose, o ducto tem que estar dilatado. - Na estenose faz-se ressecção da região, se for na cabeça, retiro ela, o duodeno, o colédoco, as vezes até do estômago, por isso é considerada mais grave, pois preciso tirar essas estruturas junto, já que a irrigação da cabeça é a mesma da 2ª porção do duodeno. - A cura é muito difícil, porque depende do grau da lesão, se for da cauda, por exemplo, pode ser que consiga, mas depende de como está a glândula, o resto do ducto dela. TRATAMENTO DA PANCREATITE CRÔNICA CALCIFICANTE ALCOÓLICA − 50%: clínico • Álcool • Analgésicos • Reposição exócrina e endócrina− 50%: cirúrgico: nos casos em que não obteve sucesso. TRATAMENTO DA PANCREATITE CRÔNICA CALCIFICANTE INDICAÇÕES:TRATAMENTO CIRÚRGICO A. Dor intratável • Dependência de drogas • Vida social e econômica prejudicadas • Internações frequentes - Se o paciente chegou nessa situação e não consegue parar de beber, provavelmente vai optar pela cirurgia, mas temos que explicar o tratamento e não garantir a cura 100%, tem que deixar claro para a família que o paciente não está curado, a tentativa é de melhorar a dor dele, a vida social dele. - Explicar que até 80% dos pacientes não volta a ter dor dentro de 5 a 10 anos, o restante volta a ter dor. Então temos que explicar tudo para o paciente antes de operá-lo, pois a decisão de operar é dele e não nossa. B. Complicações • Pseudocistos (50%): a maioria das vezes eu opero. • Colestase (25%) • Obstrução intestinal (duodeno/cólon) • Varizes gastroesofágicas: é comum acontecer, pois temos que lembrar que o etilista tem um componente hepático envolvido, já que o álcool lesa o pâncreas e o fígado, então o paciente já pode ter um certo grau de hipertensão portal desencadeando varizes gastroesofágicas. • Fístulas pancreáticas internas: tem que operar. - à medida que cresce podem se transformar em pseudocisto. • Pseudoaneurismas: muito comum da artéria esplênica. • Surto necrosante: paciente pode evoluir para uma pancreatite necro-hemorrágica e pode morrer ao longo do curso, isso é mais comum na pancreatite aguda, mas pode acontecer. C. Neoplasias (?) Na dúvida diagnóstica, não tenho certeza se é câncer, opera o paciente. • CA de cabeça de pâncreas 6 • Neoplasias císticas (cistoadenoma mucinoso (é o mais comum) X pseudocisto): tem que diferenciar um do outro, durante a cirurgia isso é possível, pois o pseudocisto adquire proporções maiores do que o cistoadenoma mucinoso e normalmente se localiza mais na cauda do pâncreas, já o cistoadenoma é mais na cabeça do pâncreas. OBS: Sugeriu que cai em PROVA essas diferenças. PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO CIRÚRGICO è Paliativo/doença grave - Alertar a família de que a cirurgia é para melhorar as condições de vida do paciente, o pâncreas dele não tem cura, foi sendo destruído ao longo dos anos, isso é conseqüência do álcool. • Porte cirúrgico: grande porte. • Efeito duradouro: isso vai depender da adesão do paciente ao tratamento, a família fiscalizar se o paciente não está bebendo. • Preservar parênquima: a cirurgia de Puestow é a que preserva a glândula, por isso é a preferida, visto que não retiro nenhuma parte do pâncreas, já a cirurgia de Frey (resseca o local da estenose, pode ser a cabeça, a cauda) e de Whipple (retira a cabeça) • Estudo detalhado pré-operatório: ductos e complicações - pelo menos uma CPRE tem que fazer, porque ela vai me dizer se esse ducto tem condição de fazer anastomose, se ele tiver dilatado tem condição de ir lá e fazer anastomose, se está estreito não consigo anastomose, tem que fazer uma ressecção. - Tomografia de abdome • Afastar neoplasia - Se na biópsia da CPRE vier conclusiva para câncer, já vou entrar sabendo que é um tumor , que vai ser uma cirurgia maior, eu vou programar essa cirurgia. - Se eu não conseguir dar o diagnóstico é um pouco pior, vou entrar na cirurgia sem saber se é um tumor, se tiver a biópsia de congelamento eu vou conseguir saber na hora da cirurgia, se eu não tiver vou ter que ressecar como se fosse um tumor. • Qualidade de vida: o mais importante é restabelecer a atividade social do paciente. - Se não for tumor a sobrevida é normal, porém se for tumor de pâncreas geralmente tem sobrevida ruim, em torno de 6 meses (80-90% dos casos). O câncer de pâncreas mata muito, porque é uma glândula retoperitoneal, quando ele começa dar sintoma o tumor já está avançado. Nesse caso se o paciente tiver mais recursos, fazer radioterapia, quimioterapia de qualidade, o paciente sobrevive mais, porém se for no SUS, paciente vai a óbito dentro de 6 meses, pois nem sempre tem acesso a esses tipos de recursos. - Se ressecar por uma causa benigna a sobrevida é boa, por exemplo, num trauma abdominal por acidente automobilístico, que tem lesão de duodeno tem que fazer a cirurgia de Whipple, se o procedimento for bem executado o paciente vai viver o resto da vida normal. TRATAMENTO CIRÚRGICO: DOR è Mecanismos: • Hipertensão canalicular e parenquimatosa • Isquemia • Inflamação neural è Calibre ductal • Ductos dilatados (> 5-7mm) =2/3 - presente em 66% dos casos. - são as cirurgias que consigo preservar o parênquima. • Ductos finos = 1/3 - apenas 33% estenosa, isso é bom porque se estenosar fica mais complicado, não tem colocar uma alça lá para drenar, vou ter que ressecar uma parte do pâncreas. - são as cirurgias que não consigo preservar o parênquima, tem que ressecar a área estenosada. è Resultados 7 ü “PUESTOW” (P. ROCHELLE) = PJLLY ROUX - é uma pancreatostomia com uma anastomosa jejunal latero-lateral em Y de Roux. • Baixas morbimortalidades cirúrgicas: porque não resseco tecido, não retiro pedaço de glândula, vou fazer uma anastomose. • Bons resultados iniciais: 60 a 80% de alívio: por isso não posso garantir cura, 100% de alívio. • Resultados tardios - 40 a 60% (5 anos): voltam a ter quadros de dor dentro de 5 anos. Isso não depende só da cirurgia, mas também do que o paciente vai fazer depois, se vai continuar bebendo ou não. • Manutenção do parênquima (função): não ressecciono nada da glândula, eu abro essa alça em cima do pâncreas que vai estar aberto também e faço a anastomose, dou ponto no delgado e no pâncreas, só que dá muita fístula, tem que deixar um dreno lá, mas essa fístula fecha depois com 5 dias a 1 semana. ü CIRURGIA DE FREY (“CORE OUT CEFÁLICO + PJLL Y ROUX) - a desvantagem dela é que eu ressecciono um segmento do pâncreas, faço a retirada da cabeça do pâncreas e aí faz uma pancreatoanastomose com o jejuno latero-lateral. • Maior dificuldade técnica (x Puestow): a demora é maior • Maior morbimortalidade • Maior duração dos efeitos: é maior, só que não sabe se compensa os riscos. • Não preserva o parênquima ü RESSECÇÕES DE DUCTOS PANCREÁTICOS FINOS à Esquerda (lesão do corpo e cauda) - Se for de cauda e corpo é tranquilo, resseca a cauda e o corpo. - Nessa cirurgia gasta umas 3 horas. • Caudal/corpo caudal (40 – 60%) • Preservação esplênica? – difícil è Direita ( lesão só da cabeça) • GDP - gastroduodenopancreatectomia cefálica (Whipple clássico) -Se for de cabeça, que é uma cirurgia bem maior. - Ainda tem as variações do Whipple, posso retirar o pedaço do duodeno e do estomago, tem gente que prefere fazer a anastomose nos estomago, aí a cirurgia é maior ainda. - Nessa cirurgia um cirurgião bem treinado gasta 12 horas. • Total 8 - Na 1ª figura da imagem acima é a uma variação da Whipple : retirou parte do estômago (corpo, antro, piloro), 2ª porção todinha e parte da 3ª (ele não falou, mas creio que é do duodeno), a lesão na cabeça do pâncreas, colédoco, vesícula biliar e uma parte do ducto hepático. Tenho que anastomosar tudo isso, é muito difícil, isso aqui está cercado de vasos sanguíneos e é muito cansativo. - Ligou o cístico, pegou o hepático comum e fez uma anastomose no delgado, aqui no jejuno. A parte distal ele ligou no corpo do pâncreas, em baixo ele ligouo restante do delgado no estomago, então fez pelo menos 3 anastomoses. - é uma cirurgia muito grande, que pode trazer complicações. - Na 2ª figura da imagem é a Whipple clássica: preservou o estomago, pegou a 1ª porção do duodeno e deixou o piloro (é vantajoso porque mantém o mecanismo esfincteriano), ela é mais interessante apesar de dar muito fístula, se fizer anastomose no estômago é melhor. Ele fez a anastomose na 1ª porção do duodeno, mas são 3 anastomoses. - Traumas da 2ª porção do duodeno também faz essa técnica. TRATAMENTO CIRÚRGICO: PSEUDOCISTO è Indicações • Sintomáticos: dor, compressão, complicações. • Assintomáticos - tamanho < 6cm: conduta expectante. è Cirurgias • Não complicado: derivações internas - Se o pseudocisto não tiver infectado, não tiver sinais de complicação faz as anastomoses internas ü Cistogastroanastomose, cistoduodeno ou cistojejuno em Y de Roux: posso ligar esse cisto no estomago, no duodeno, até no hepático comum, que a secreção já cai direto na via biliar ( só que é menos usado). ü Ressecções = esplenopancreatectomia: se for de cauda de pâncreas. • Complicado (urgência): infecção, hemorragia e ruptura ü Derivação externa - Se eu tenho pus no pseudocisto, vou jogar esse pus dentro do estomago, faz uma anastomose dele e colocar um dreno dentro dele e fixar esse dreno na pele, vou dar ponto na aponeurose, quando acabar essa secreção purulenta, tenho que refazer a cirurgia e aí faço as anastomoses que já foi falado. PROCEDIMENTOS è Derivação: ducto de Wirsung dilatado (80%): no geral 2/3 dos casos. • Pancreatojejuno anastomose L-L (+ comum): que é a cirurgia de Puestow. • Cistojejunoanastomose: nos cistos pancreáticos. • Hepaticojejunoanastomose em Y de Roux Nos casos de dor: no geral analgésicos orais, como Paco, Tramal de 50 ou de 100, às vezes até Toragesic, mas tem casos do,paciente ficar no hospital tomando remédio na veia e não resolve, nesse ultimo caso ver a possibilidade de operar mais rápido. è Cisto • Pode-se realizar drenagem gástrica (cistogastroanastomose) è Ressecções • Doença localizada, câncer, ducto não dilatado è Duodenopancreatectomia (Whipple):quando da porção direita. è Pancreatectomia total (raro): sempre tenta preservar a glândula, pois é complicado, se não tem que repor as enzimas, dessa forma damos preferência para ressecções parciais. CONSIDERAÇÕES FINAIS – CIRURGIA 9 1. Pancreatite crônica não é primariamente doença cirúrgica: não é todo mundo que opera. 2. Perda de função não é revertida pela cirurgia: porque a família sempre pensa que operou o problema está resolvido, que retirou a parte que estava doente, mas na verdade retirou a quer mais estava doente, mas a glândula ainda tem alterações.Item mais importante, ele reforçou o tempo inteiro na aula. 3. Cirurgia deve preservar função pancreática> deixa a parte que está intacta. 4. A persistência do consumo de álcool piora o resultado de qualquer tratamento: quando a gente fala que o paciente tem uma melhora de 60 a 80% e isso cai para 40% depois dos 5 anos , se deve a maioria das vezes do cara não parar de beber. 5. Não há uma operação especifica, mas procedimentos moldados a cada paciente: tem que saber qual parte do pâncreas está lesada naquele determinado paciente. PROVA: - lesão da cabeça de pâncreas: Whipple - dilatação geral do ducto de Wirsung: cirurgia de Puestow. - estenose de ducto na cauda e no pâncreas: pancreatectomia parcial. 6. Procedimentos endoscópicos ainda não atingiram os resultados da cirurgia convencional - A CPRE é muito importante, mas não consigo fazer nada além de avaliar o ducto e fazer biópsia. - Quando decido operar não tem jeito é abrir o abdome e operar mesmo. - Normalmente a incisão que faz é a de Chevron (transversa supraumbilical), que é uma incisão grande, faço um corte como se fosse dos 2 lados e deito como um avental, o acesso ao pâncreas é fantástico.
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