Buscar

Gênero Clostridium

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
Gênero Clostridium spp 
 
 
 Prof. Marcos JP Gomes 
Clostridioses. 
Carbúnculo. 
Gangrena. 
Hepatite necrótica. 
Hemoglobinúria Bacilar 
ATUALIDADE 
Atualmente (2013), na “List of Prokaryotic names with Standing in Nomenclature” 
do pesquisador J.P. Euzèby há citação de 203 espécies e 5 subespécies no gênero 
Clostridium spp, conforme o site www.bacterio.cict.fr/c/clostridium.html 
 
INTRODUÇÃO 
São bastonetes; medem 0,3-2,0 µm de diâmetro e 1,5-20 m de comprimento; 
arranjos aos pares ou em cadeias curtas com as extremidades arredondadas ou pontiagudas; 
pleomórficos; geralmente Gram positivos no cultivo jovem; geralmente móveis por flagelos 
peritríquios; formam esporos ovais ou esféricos que deformam a parede celular. A maioria 
das espécies é quimiorganotrófica; alguns são quimioautotróficos e quimiolitotrófico. 
Podem ser sacarolíticos, proteolíticos, nenhum ou ambos. Geralmente produzem uma 
mistura de ácidos orgânicos e álcoois de carboidratos e peptonas. Não realizam uma 
redução dos sulfatos. Geralmente catalase negativos e anaeróbios obrigatórios; se houver 
crescimento em ar, ele é pequeno e a esporulação é inibida. Metabolicamente são muito 
diversos com temperatura ótima entre 10º C e 65º C. Estão distribuídos no ambiente. 
Muitas espécies produzem potentes exotoxinas, sendo que algumas espécies são 
patogênicas para os animais, tanto pela infecção de ferimentos quanto pela absorção de 
toxinas. 
Espécie Tipo: Clostridium butyricum 
 A diferenciação deve ser realizada em laboratórios especializados, pois as 
necessidades de crescimento e os testes a serem aplicados são diversos. Recentemente, 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
novas espécies têm sido descritas. Microrganismos deste gênero são bastonetes Gram +, 
anaeróbios, esporulados que foram agrupados no gênero Clostridium por suas semelhanças 
morfológicas e tintoriais. São móveis, exceto do C. perfringens. São fermentadores e 
catalase negativos. São bastonetes retos com exceção do C. spiroforme. Estão distribuídos 
no solo e trato gastrintestinal dos animais e do homem, onde podem sobreviver e 
multiplicar-se. Podem formar esporos que asseguram sua sobrevivência em condições 
adversas, durante longos períodos de tempo. Podem tornar-se contaminantes de amostras 
clínicas por ter capacidade de esporular. 
 
PATOGENICIDADE: 
As principais doenças causadas pelos clostrídios nos animais são: 
1-Clostridium perfringens (C. welchii) tipo A - Infecções de ferimentos, mastite gangrenosa, 
enterotoxemia do cordeiro e suíno, “yellow lamb”. Seu papel em outras enterotoxemias é 
controverso e seu isolamento não é prova de doença. 
2-Clostridium perfringens (C. welchii) tipo B - Disenteria dos cordeiros, enterotoxemia dos 
bezerros, ovinos, caprinos e potros. 
3-Clostridium perfringens (C. welchii) tipo C - Enterotoxemia dos ovinos, bezerros, cordeiros e 
leitões. 
4-Clostridium perfringens (C. welchii) tipo D - Enterotoxemia em ovinos, cordeiros e caprinos. 
5-Clostridium novyi (C. oedematiens) tipo A - Gangrena gasosa dos bovinos, ovinos, “Big head” 
dos carneiros e do Homem. 
6-Clostridium novyi (C. oedematiens, C. gigas) tipo B – “Black disease” (hepatite necrótica 
infecciosa dos ovinos e bovinos) e morte súbita em bovinos e suínos. 
7-Clostridium novyi (C. oedematiens/C. bubulorum) tipo C - Osteomielite em búfalos (Indonésia). 
8-Clostridium novyi (C. oedematiens/C. haemolyticum) tipo D - Hemoglobinúria bacilar dos 
bovinos e doença do fígado necrótico dos ovinos. 
9-Clostridium septicum - Edema maligno nos eqüinos, bovinos, ovinos e suínos. Gangrena gasosa, 
“braxy” nos ovinos, “navel-ill” dos cordeiros, carbúnculo sintomático nos suínos e dermatite 
gangrenosa nas aves. 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
10-Clostridium chauvoei (C. feseri) - Carbúnculo sintomático dos ovinos, bovinos e, 
ocasionalmente nos suínos. 
11-Clostridium tetani - Tétano em todas as espécies animais. 
12-Clostridium botulinum tipo C e D - Botulismo em ovinos, bovinos, martas, cães, macacos, 
furões e diversas espécies de aves tais como ave doméstica e patos. 
13-Clostridium colinum - Enterite ulcerativa “Quail disease” em codornas, perus e galinhas. 
14-Clostridium spiroforme - Enterotoxemia espontânea ou induzida por antimicrobianos em 
coelhos. 
15-Clostridium villosum - Abscessos espontâneos em gatos. 
16-Clostridium difficile - Enterocolite induzida por antimicrobianos no hamster, coelhos e cobaias. 
Causa também enterocolite natural em suínos, potros e, no homem. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 O gênero Clostridium spp pode ser didaticamente classificado em dois grupos, tendo 
como base, o mecanismo produtor de doença. 
 O primeiro grupo consiste dos clostrídios que tem pouca ou nenhuma capacidade de 
invadir e multiplicar-se nos tecidos. Tais organismos concentram sua patogenicidade na 
produção de poderosas toxinas (neurotoxinas) longe do corpo do hospedeiro ou em áreas 
restritas. As lesões são causadas por toxina ou toxinas. Os dois representantes deste grupo 
são: Clostridium tetani e o Clostridium botulinum. 
O segundo grupo é numeroso, sendo representado por espécies que invadem e 
multiplicam nos intestinos e tecidos do hospedeiro. Esses organismos produzem toxinas 
bem menos potentes do que as do primeiro grupo. Clostrídios deste grupo elaboram toxinas 
no intestino, causando doenças denominadas enterotoxemias. A toxina age na mucosa 
intestinal ou em outro lugar, após a distribuição pela corrente circulatória. Feridas e pontos 
de inoculações podem tornar-se infectado com clostrídios invasivos, produtores de 
gangrena gasosa, edema e necrose. 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
Quadro 1. Etiologia e Diagnóstico das Principais Clostridioses Animais. 
 
Entrada Local Síndrome Espécies Etiologia Critério para Diagnóstico 
Replic. Bacteriana ou Doença susceptíveis ou produção de toxina(s) 
Ingestão/ Músculo CS bovinos, ovinos C. chauvoei Isolamento / IF 
 caprinos 
Feridas Edema maligno bovinos, ovinos C. septicum Isol. agente feridas infectadas 
 Gangrena gasosa caprinos C. chauvoei 
 C. sordellii 
 C. perfringens 
 C. novyi 
 
Fígado HB bovinos, ovinos C. haemolyticum Isol. agente em lesões caract. fígado 
 HN ovino, bovinos C. novyi B Isol. agente em lesões caract. fígado 
 
IDelg. EHemorrágica ovinos, caprinos C. perfringens Letalidade do conteúdo intestinal 
 aguda bovinos tipos A,B,C em Cd e neutralização antissoro 
 
 Enterotoxemia ovinos, caprinos C. perfringens Detecção toxinas tipo C e D 
 bovinos tipo C, D 
 
Ossos, Botulismo bovinos, ovinos C. botulinum Letalidade cont intest ruminal, soro e 
Carcaças Botulismo caprinos, aves tipos C, D fígado para Cd imunizados antissoros 
Águas paradas e Botulismo 
Alimentos cont 
 
Feridas Tétano Todas spp C. tetani Sinais clínicos da doença 
 de mamíferos 
 
Gl. Mamária Mastite gangr. bovinos C. perfringens Isolamento do agentedo leite/ tecido mamário 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
Clostridium tetani 
 
Prof. Marcos JP Gomes 
 
Tétano 
HISTÓRICO 
Etimologicamente, a palavra tétano é origem da palavra grega “teínein” que 
significa esticar, distender. Em latim, o termo “tetanus” significa rigidez de um membro em 
contração espasmódica muscular. A descrição revela, os sinais clínicos da contração 
muscular (sobretudo no pescoço e tronco) causada pelo C. tetani, responsável pela doença. 
Hipócrates registrou um caso de tétano, cujas descrições clínicas da doença eram 
conhecidas. Hipócrates viveu no século V AC, na Grécia, e conhecia a gravidade do tétano, 
descreveu-a como “todo espasmo que se segue a um ferimento, é mortal”. 
Uma pintura realizada por Sir Charles Bell, em 1809, retratou um exemplo 
conhecido desses sinais. 
O tétano permaneceu de difícil diagnóstico por séculos, pois não era possível 
detectar a causa, encoberta em mistério até o século XIX. 
A etiologia da doença foi descoberta pelos italianos Antonio Carle e Giorgio 
Rattone, em 1884, através da inoculação de pus de ferimento humano fatal (tétano) no 
nervo ciático de coelhos. 
Em 1885, Nicolaier reproduziu e confirmou as pesquisas de Rattone e Carle, 
observando a presença do bacilo na terra. 
Em 1889, Kitasato Shibasaburo isolou, pela primeira vez, o C. tetani de um paciente 
com tétano. Mais tarde, reproduziu a doença inoculando em animais e que a toxina poderia 
ser inativada por anticorpos específicos. 
Ainda em 1889, Tizzoni e Catani isolaram o C. tetani em cultivo puro. Neste 
mesmo ano, houve o descobrimento da toxina tetânica por Knud Faber feito considerado 
importante para o desenvolvimento do toxóide. 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
Em 1892, Behring e Kitasato propuseram um método de imunização eficaz com 
base na toxina envelhecida. A primeira imunização passiva do tétano ocorreu durante a 
Primeira Guerra Mundial (1914-1918). 
Em 1897, Edmond Nocard, mostrou que a antitoxina do tétano poderia induzir a 
imunidade passiva no homem e que poderia ser utilizada na profilaxia e tratamento. 
Em 1924, P. Descombey desenvolveu o toxóide tetânico que foi amplamente 
utilizado na prevenção do tétano induzido por ferimentos durante a II Grande Guerra. 
Em 1925, o método de Behring e Kitasato foi aperfeiçoado por Ramom e 
Descombey, através da ação do formol que pôde gerar a inativação da toxina ou anatoxina. 
O soro antitetânico (SAT) era produzido pela inoculação da toxina em eqüinos, 
obtendo daí anticorpos que seriam aplicados em pacientes com tétano. Esse processo, no 
entanto, causava reações adversas contra os anticorpos dos eqüinos, problema conhecido 
como doença do soro. Por isso, uma pessoa só podia receber os anticorpos somente uma 
vez durante a vida, pois uma segunda aplicação do soro poderia ser fatal. Com o uso do 
toxóide, o tétano tornou-se menos comum. A doença permanece freqüente em países 
africanos. No mundo, ocorrem cerca de um milhão de casos anualmente. 
No Brasil e nos países desenvolvidos, o tétano é uma doença infecciosa não 
contagiosa que se encontra em fase de declínio. 
Em 1979, Iizuka e colaboradores apontaram, no entanto, para a diferença desse 
quadro no Brasil e em outros países tropicais, nos quais o tétano era um problema de saúde 
pública com taxa média de mortalidade de 12 para 100 mil habitantes contra 5 para 100 mil 
em países desenvolvidos. Os indivíduos com mais anticorpos circulantes são os que foram 
vacinados nos primeiros anos de vida, embora com o passar dos anos, o paciente nem 
sempre consiga precisar seu histórico de vacinação anterior. Assim, parece que a 
imunização nos primeiros dias de vida foi importantíssima para a prevenção do tétano, 
desencadeando o controle da doença nos primeiros meses de vida das crianças. 
Antigamente, as populações mais afetadas pelo tétano eram as de baixa renda e o 
interesse em pesquisar métodos preventivos sobre a doença era pequeno. Pesquisas 
experimentais realizadas em cobaias estudaram a infecção por ferida umbilical, conhecida 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
popularmente como mal de sete dias. Os pesquisadores apontaram a imunização ativa das 
gestantes com o toxóide tetânico como prevenção do problema. Para os pediatras, a criança 
já deveria nascer protegida contra o tétano, independente do tratamento do cordão 
umbilical. 
 
CARACTERÍSTICAS BACTERIOLÓGICAS 
O C. tetani é uma bactéria Gram positivas (quando jovem), possuindo uma 
tendência em tornar-se Gram variável. É um bastonete reto com diâmetro entre 0,3 a 0,6 
µm X 3 a 12 µm de comprimento. É móvel graças aos cílios peritríquios (mas certas 
linhagens são desprovidas de flagelos e, portanto imóveis), esporulados, anaeróbios estritos, 
não reduzem o nitrato; produzem uma DNAse, liquefazem a gelatina em 2 a 7 dias; 
produzem H2S; produz indol; resposta negativa para lecitinase e de lipase, não hidrolisa a 
esculina nem acidifica açúcares. 
 
MORFOLOGIA 
Apresentam-se sozinhos, tanto nos tecidos quanto em cultivo, mas também em 
longos filamentos. Os esporos são terminais deformando a parede celular. Os esporos são 
visualizados após 24 a 48 horas de incubação. Os esporos possuem a aparência de baquetas, 
raquete de “badminton” ou de tênis. 
 
HABITAT 
O C. tetani é uma bactéria telúrica de distribuição geográfica mundial, mas rara nas 
regiões nórdicas e nas grandes altitudes. O bacilo do tétano está presente no solo, 
especialmente nos: solos cultivados, depósitos fluviais e mares, transportado pelos ventos, 
pelas águas ou pela poeira das ruas ou das casas. A sobrevivência do bastonete tetânico é 
favorecida pelo pH neutro ou levemente alcalino, uma umidade de pelo menos 15% e uma 
temperatura de 20º C. 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
CARACTERÍSTICAS CULTURAIS E BIOQUÍMICAS 
A temperatura ótima de crescimento é de 37° C; crescimento moderado a 
temperatura de 30° C e nula a temperatura de 25º C ou a 45° C. O cultivo é inibido por 20 
% de bile e por 6,5 % de sal. Este microrganismo cresce em meios comuns se as condições 
de anaerobiose forem mantidas. 
 A colônia é hemolítica e se assemelha a esfera de algodão no meio de gelatina, 
produzindo um aspecto semelhante a um guarda-chuva aberto. Este clostrídio não fermenta 
carboidratos, mas a adição de glicose favorece o seu crescimento. 
 
RESISTÊNCIA 
 A esporulação é determinada por numerosos fatores. Ela é pequena ou nula a uma 
temperatura de 41° C ou por um pH inferior a 6; ela é retardada a uma temperatura de 20 ou 
25° C. O esporo resiste, geralmente 10 minutos a 75-80° C. São destruídos pelo calor de 
100º C por uma hora 
 A sobrevivência do esporo no meio ambiente depende das condições físico-
químicas e a ação conjunta do ar e da luz que é considerada nefasta. Os esporos conservam 
sua vitalidade, durante muitos anos e por 18 anos no solo, mas abrigado da luz. Os esporos 
do C. tetani são resistentes para a maioria dos agentes esporocidas, desde que sejam 
protegidos da luz. Algumas amostras resistem à fervura por 90 minutos. Desinfecção por 
alguns compostos halogênicos (3% de iodo) os destrói. Fenol a 5% destrói os esporos em 
10 a 12 horas. A adição de 0,5% de ácidoclorídrico pode reduzir o tempo para 2 horas. A 
fervura destrói os esporos por 15 minutos. A autoclavação a 121º C por 20 minutos. 
 
PATOGENICIDADE 
 Os esporos ou as formas vegetativas introduzidas no intestino são inofensivos. Foi 
demonstrado que os esporos inoculados estão viáveis, mas incapazes de germinar dentro do 
tubo digestivo e a toxina administrada por via oral ou retal foi inofensiva. Esse fato explica 
o porquê do tétano não ser adquirido via oral nem pelo tubo digestivo intacto. A doença 
ocorre após uma ferida contaminada por esporos do C. tetani. Nos animais, especialmente 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
nos eqüídeos pelos ferimentos nas extremidades, fraturas abertas, feridas umbilicais, feridas 
obstétricas, retenção da placenta, feridas de castração ou, de uma maneira geral, as feridas 
cirúrgicas contaminadas são a origem do tétano. 
 
ETIOPATOGENIA 
O período de incubação para o tétano é de 1-3 semanas, mas em média é de 10-14 
dias. Raramente este período é mais longo. Nos ovinos, o começo dos sinais clínicos pode 
ser de 3-10 dias após a castração ou descola. A infecção do cordão umbilical pode tornar-se 
evidentes logo apos às 48 horas do nascimento. Os sinais clínicos são semelhantes entre as 
diferentes espécies. Inicialmente, os animais tornam-se relutantes ao mover-se, apresentam 
rigidez muscular; tremores, rigidez do pescoço e membros traseiros. Um a três dias depois, 
aparecem contrações musculares generalizadas. A cabeça e pescoço ficam estendidos, a 
cauda levantada, os membros assumem uma posição de cavalete e os músculos têm uma 
tensão semelhante à madeira. 
Bater palmas, exposição à luz ou mesmo o toque no animal pode causar reação com 
aumento das contrações tônicas. Inicialmente, os espasmos duram segundos ou minutos, 
mas depois se tornam permanentes. Os animais caem e são incapazes de levantar-se. A 
alimentação tornar-se difícil, podendo haver dificuldades na mastigação, na deglutição e 
salivação aumentada. Os animais desenvolvem trismo (“lockjaw”) com a progressão da 
doença. Há projeção da terceira pálpebra em cães e cavalos, as narinas aumentadas e 
arregalamento dos olhos. Espasmos faciais dando a expressão clássica do (“risus 
sardonicus”) no cavalo, no cão e homem. Os animais doentes transpiram e há dificuldades 
com a respiração, micção e defecação. Curtos espasmos podem ser localizados em um 
membro ou região do corpo próximo ao local da lesão em casos leves. A mortalidade é de 
até 80% dos animais não imunizados. 
O tétano humano é uma doença severa e sistêmica, afetando os músculos, os nervos 
autônomos, o sistema endócrino, o sistema cardiovascular, os pulmões, os rins e trato 
gastrintestinal. 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
A tetanoespasmina bloqueia a sinapse inibitória, levando a espasmos em músculos 
supercontraídos. As sinapses excitatórias podem ser bloqueadas mais tarde, levando a 
paralisia flácida em animais sobreviventes aos efeitos agudos iniciais. 
O C. tetani está presente no tubo digestivo dos animais (macacos, cavalos, vacas, 
ovelhas, cabras, porcos, cães, gatos, ratos, cobaias, coelhos, aves etc.) ou no homem, 
particularmente indivíduos que possuem contato permanente com cavalos. 
 Os herbívoros e mais especificamente, o cavalo possuem um papel importante na 
disseminação dos esporos. Há possibilidade de disseminação, através de solo, da poeira ou 
das fezes. O C. tetani pode contaminar os objetos inanimados (material médico ou cirúrgico 
insuficientemente esterilizado) ou a pele e mucosas dos vertebrados. 
A infecção dos animais e do homem pode ocorrer como resultado da contaminação 
de feridas, umbigo, aplicação de ferradura, cirurgia em baias, aplicação de borracha para 
castração de ovinos, aplicação de brincos, injeções infecções uterinas no pós-parto, 
infecções de umbigo, brigas de animais de pequeno porte, feridas causada por armadilhas, 
feridas profundas e penetrantes. Nestes locais, formam-se as condições de necrose ideais 
(baixa tensão de oxigênio e potencial de oxi-redução), permitindo a multiplicação do C. 
tetani e, posteriormente produção de toxinas. Após a germinação dos esporos, o bastonete 
se multiplica, produzindo uma potente neurotoxina que inibe a fusão das vesículas 
sinápticas com a membrana plasmática, fazendo a liberação de neuro mediadores no espaço 
intersináptico. 
Os alvos da neurotoxina tetânica são os reguladores interneuronais situados na 
medula espinhal e cérebro, inibindo a glicina e o ácido gama-amino-butírico (GABA), 
resultando em hiperexcitabilidade dos neurônios motores e contraturas localizadas; depois 
generalizadas, permanentes, dolorosas e paroxísticas dos músculos esqueléticos. 
O C. tetani produz duas exoproteínas; uma neurotoxina ou tetanoespasmina e uma 
hemolisina ou tetanolisina. 
A tetanoespasmina é responsável pelos sinais clínicos da doença e os anticorpos 
para a toxina são protetores. A tetanoespasmina é uma exotoxina, uma neurotoxina 
codificada por um plasmídio. Ela age na pré-sinapse nos neurônios motores, bloqueando a 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
liberação de neurotransmissores pela hidrólise de proteínas “docking”. Ela é produzida, 
inicialmente, como uma cadeia de polipeptídio com peso molecular 150.000 Da. A cadeia 
pesada e a cadeia leve não são tóxicas quando separadas. A toxina é destruída pelo suco 
gástrico. É termostável e, dificilmente absorvida, através das mucosas. Ela é extremamente 
potente. 1DL50 com 50% de sobreviventes para o camundongo equivale a (= 2 X 10
-8
 mg). 
A tetanoespasmina liga-se especificamente aos gangliosídios das células nervosas. 
Gangliosídios são mucolipídios solúveis em água e clorofórmio, contendo ácido siálico, 
esteárico, esfingosina, galactose, acetilgalactosamina e glicose. Os gangliosídios estão 
ligados ao cerebrosídios insolúveis em água, no tecido nervoso. Duas moléculas de 
gangliosídio se ligam a uma molécula da toxina. A reação é extremamente difícil de 
reverter e o anticorpo neutralizante é ineficaz quando a ligação já ocorreu. A toxina circula 
ao longo do tronco nervoso e coluna vertebral pelo transporte axonal retrógrado, após a 
ligação ao gangliosídio. A ação específica da tetanoespasmina é evitar a liberação da 
glicina, substância necessária para inibição da cadeia nervosa da medula espinhal. Esta 
cadeia impede a contração de um músculo quando o seu oposto se contrai. A toxina causa 
contínua estimulação com espasmos tetânicos de um grupo de músculos. Outros efeitos 
incluem a ação paralítica nos nervos periféricos, assim como, o efeito inativante na cadeia 
inibitória, do SNC. Existe também um efeito na síntese protéica do cérebro. A atividade 
neuromuscular favorece a migração da toxina a qual migra, através dos axônios motores e 
nervos sensitivos. Há um consumo preferencial da toxina via raízes ventrais do SNC. A 
toxina acumula-se seletivamente na região da medula cervical, lombar e substância cinzenta 
do encéfalo. O tétano se desenvolve, primeiramente nos músculos daquele membro e em 
seguida, se difunde ascendentemente atingindo o membro oposto e subseqüentemente, na 
musculatura do tronco, quando a toxina atinge o nervo motor do membro anterior. Este fato 
é conhecido como tétano ascendente. A toxina pode circular no sangue e linfonodos, 
produzindo tétano nos músculos da cabeça e pescoço por meio dos centros nervososmotores. Esta forma é chamada de tétano descendente e observada em eqüinos e no 
homem. No tétano descendente, o primeiro sinal clínico é o relaxamento da membrana 
nictitante, trismo e ao riso sardônico. 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
 A hemolisina causa necrose tissular local e favorece a multiplicação do C. tetani. A 
ação da toxina não espasmogênica é pouco definida. 
 Os sinais de tétano são semelhantes nos animais, sendo resultado de castrações, 
descolas infecções umbilicais, ferimentos profundos e lesões produzidas por pregos quando 
da colocação de ferraduras. Nos cães e gatos é geralmente uma complicação de ferimentos. 
 
DIAGNÓSTICO 
 Os sinais clínicos do tétano são característicos que raramente são necessários 
exames laboratoriais. O microrganismo é facilmente identificável por seu esporo. 
Contaminantes podem ser removidos pelo tratamento com etanol a 50%, durante 1 hora. 
O reconhecimento dos sinais clínicos é simples, mas os sinais cerebrais não 
específicos vistos no começo do tétano podem sugerir raiva. A tetanoespasmina não é 
detectada pelos testes laboratoriais quando a toxina está se movimentando em seu alvo via 
neural. Em alguns casos, a tetanoespasmina pode ser detectada na circulação, mas o tétano 
não é uma verdadeira intoxicação (Johnson 2006). O exame post-mortem e a confirmação 
laboratorial não são necessários. Entretanto quando o diagnóstico não é claro, amostras 
devem ser colhidas e preservadas antes do tratamento com ATMs. A tetanoespasmina pode 
ser detectada, através do bioensaio em camundongos, com ou sem a neutralização com 
antissoro específico. Amostras de ferimentos podem ser submetidas ao isolamento 
bacteriológico (Akbulut et al. 2005). 
Sinais cerebrais ou do SNC podem ser vistas na intoxicação por estricnina, 
especialmente em cães. Curso prolongado acompanhado de histórico ligado ao uso desse 
veneno nas vizinhanças associado a temperatura normal ou baixa dos afetados pode indicar 
o uso de estricnina. 
Doença de Borna e outras encefalomielites podem confundir com tétano em 
cavalos. 
Encefalite espongiforme bovina (doença da vaca louca) deve ser considerada em 
bovinos. Paralisia flácida pode ser vista e parecer botulismo. 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
 
 
TRATAMENTO 
 O C. tetani é sensível às penicilinas, às tetraciclinas e ao cloranfenicol, mas 
resistentes aos aminoglicosídeos. Desinfecção de feridas. Abrir o ferimento e oxigenar. 
 
 
 
IMUNIDADE 
 As aves são naturalmente resistentes e não possuem anticorpos nos seus tecidos. A 
antitoxina tetânica é preparada com o soro de eqüinos imunizados. 
 A antitoxina pode ser utilizada na proteção passiva de animais contra o tétano. 
Geralmente, 1.500 unidades protegem um animal por duas a três semanas. 
 A imunização (toxóide) contra o tétano é produzida pela incubação da toxina, 
altamente potente com uma solução de formalina a 0,4% até sua toxicidade ter sido 
completamente destruída. O toxóide é precipitado pelo sulfato de alumínio e potássio 
(alum); lavado e suspenso em salina. 
 
 
 
TSA 
Os clostrídios são resistentes aos aztreonam, aos aminosídeos, à trimetoprima, às 
sulfonamidas, às quinolonas, à colistina e à fosfomicina. 
São sensíveis às penicilinas (menos as cepas produtoras de beta-lactamases, mas 
não descritas para C. tetani), aos glicopeptídeos e ao metronidazole. A sensibilidade à 
clindamicina e ao cloranfenicol é variável e dependente da linhagem. 
Em veterinária, as penicilinas e tetraciclinas são as mais utilizadas na profilaxia e 
tratamento do tétano. 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
 
PREVENÇÃO 
As feridas devem ser propriamente limpas e desinfetadas. Cirurgias, especialmente aquelas 
realizadas em larga escala devem ser realizadas com precauções de higiene. Eqüinos devem 
ser imunizados antes de procedimentos cirúrgicos ou aplicados antitoxina logo após 
cirurgias ou medicado com penicilina de depósito (penicilina benzatínica). 
 
VACINAÇÃO E CONTROLE 
 Uma única dose de toxóide produz apreciável grau de imunidade. A imunização 
ativa emprega toxóide; ela deve ser aplicada duas vezes com intervalo de 1-2 meses de 
intervalo e após isso repetir anualmente. 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
Clostridium botulinum 
 
 Prof. Marcos JP Gomes 
Botulismo nos diferentes Hospedeiros 
INTRODUÇÃO 
 O reagrupamento das espécies C. argentinense, C. baratii, C. botulinum e C. 
butyricum foi justificado, pois elas produzem ou podem produzir toxinas protéicas. Essas 
toxinas, em número de sete, designadas por letras de A - G diferem de suas propriedades 
antigênicas, mas suas atividades são idênticas. Essas toxinas são responsáveis no homem e 
nos animais de uma enfermidade conhecida como botulismo e, caracterizada por paralisia 
flácida. 
Em condições naturais, o botulismo resulta na ingestão de toxina pré-formada nos 
alimentos contaminados (intoxicação) ou na multiplicação intestinal (bebes) ou em feridas 
infectadas (potros) por linhagens produtoras de toxinas (toxinfecção). 
 As neurotoxinas botulínicas são as toxinas mais potentes conhecidas e, após a 
ingestão, a dose letal para o homem é estimada em 0,1-1 µg para a toxina botulínica A. Um 
exemplo teórico mostra que somente um grama da toxina disseminada ou inalada poderia 
matar mais de um milhão de pessoas. As toxinas podem se tornar armas biológicas 
(dispersão das toxinas por aerossóis ou contaminação de um reservatório de água potável). 
 A utilização potencial das toxinas botulínicas em atos de terrorismo desencadeou de 
maneira paradoxal, o interesse e a pesquisa em direção ao tratamento de doenças 
caracterizadas por hiperatividade muscular (Botox, Dysport, Neurobloc) (ou para suprimir 
as rugas Vistabel). 
O C. argentinense é uma espécie proteolítica, não sacarolítica, desprovida de lipase 
(contrariamente do C. botulinum); crescimento ótimo é a 37° C; possui esporo 
moderadamente termorresistente (D104 de 0,8 - 1,12 min.); pode produzir toxina do Tipo G. 
São bastonetes com 0,5 a 2,0 μm de diâmetro e 1,6 - 9,4 µm de comprimento; móveis com 
cílios peritríquios; podem ou não esporular; hidrolisam a gelatina; digerem lentamente o 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
leite e a carne; produzem amoníaco e gás sulfídrico (H2S). Crescimento é inibido por 6,5 % 
de NaCl ou 20% de bile. Após 48 h de incubação a 37° C, as colônias são lisas brilhantes 
com um diâmetro de 1-4 mm, beta-hemolítica. É hemolítico no AS com hemácias de 
carneiro. As colônias velhas tornam-se rugosas, podendo ter um aspecto de ovo sobre o 
prato (achatadas). No caldo PYG, o crescimento forma um sedimento liso e esbranquiçado 
com pH de 6,2-6,3 após cinco dias de incubação. Há produção de ácido acético, ácido iso-
butírico, ácido butírico, ácido iso-valérico e ácido fenil-acético. 
O C. baratii não é proteolítico (carne ou leite), não hidrolisa a gelatina; não produz 
lipase; a temperatura ótima de crescimento está entre 30 e 45° C e, algumas linhagens, 
dessa espécie produzem toxina do tipo F. No cultivo em caldo PYG, o C. baratiisão 
bacilos retos, de 0,5 a 1,9 µm de diâmetro e 1,6 a 10,2 μm de comprimento; imóveis. Os 
esporos são redondos ou ovais subterminais ou terminais, deformando a parede celular. O 
crescimento é inibido por 6,5 % de NaCl ou 20% de bile. No AS, as colônias são circulares 
ou apresentam contornos irregulares; são chatas ou ligeiramente convexas, translúcidas ou 
opacas lisas, brilhantes e seu diâmetro é de 0,5 a 2 mm. Certas linhagens são beta-
hemolíticas, outras com hemólise alfa e outras sem hemólise. No caldo PYG, o crescimento 
forma um sedimento abundante depois de cinco dias, em um pH de 4,5 a 4,8. Após o 
cultivo no caldo PYG, os principais produtos terminais do metabolismo são ácido butírico, 
ácido acético e ácido lático. Todas as linhagens produzem quantidades pequenas de ácido 
fórmico propiônico e ácido succínico. 
O C. butyricum não é proteolítico (carne ou leite), não hidrolisa a gelatina não 
produz lipase; degrada a pectina; sua temperatura ótima de crescimento está entre 30 e 37° 
C e certas linhagens produzem toxina Tipo E. As bactérias se apresentam como bastonetes 
retos com extremidades arredondadas no crescimento no caldo PYG; com 0,5 a 1,7 µm de 
diâmetro e 2,4 a 7,6 μm de comprimento; agrupados em cadeias curtas; móveis por cílios 
peritríquios. Os esporos são ovais; geralmente não deformam a parede celular, ocupando a 
posição central ou subterminal. O crescimento é estimulado pela adição de açúcar, mas 
inibido por 6,5 % de NaCl. No AS, as colônias possuem um diâmetro de 1 a 6 mm; são 
circulares ou com contornos irregulares, geralmente convexas; translúcidas; lisas; 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
brilhantes; de coloração esbranquiçada ou cinzenta. No caldo há formação de sedimento, 
apos 5 dias de incubação; o pH fica entre 4,6 – 5,0. Os principais produtos do metabolismo 
produzidos em caldo PYG são ácido butírico, ácido acético e ácido fórmico. Pode haver 
formação de ácido lático, ácido succínico, etanol e butanol. 
 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
BOTULISMO 
 Prof. Marcos Gomes 
 
INTRODUÇÃO 
Botulismo é uma afecção nervosa, apirética causado por neurotoxinas; possui 
distribuição mundial e descrita no homem e nos animais (Tabela 1). Em todas as espécies 
se observa paralisia flácida, mas sem problemas de consciência e sem sinais sensitivos. 
 
Tabela 1. Neurotoxinas e os hospedeiros preferenciais 
___________________________________________________________________________ 
Neurotoxinas Hospedeiros Preferenciais afetados 
___________________________________________________________________________ 
 
BoNT/A Galinhas, homem 
 
BoNT/B Equinos, bovinos, homem 
 
BoNT/C Aves, bovinos, caninos, martas, ferrets, raposas, equinos, suínos 
 
BoNT/D Bovinos 
 
BoNT/E Peixes, aves, homem 
 
BoNT/F Homem 
 
BoNT/G Homens? 
______________________________________________________________________________________ 
BoNT — botulinum neurotoxin. 
 
No homem, as toxinas associadas com a intoxicação são principalmente as toxinas 
A, B, E e excepcionalmente as toxinas C e F. 
Nos animais, o botulismo é essencialmente causado pelas toxinas C e D e mais 
raramente, as toxinas A, B e E. É uma doença grave caracterizada por paralisia flácida e 
alterações respiratórias importantes causadas pela ação das diferentes neurotoxinas 
produzidas, principalmente pelo C. botulinum. 
 
 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
HABITAT 
 O C. botulinum e o seu esporo estão distribuídos em todos os lugares. É freqüente 
nos solos e sedimento marinho de todo o mundo. O esporo é freqüentemente detectado na 
superfície de frutas, vegetais e frutos do mar. 
 
MORFOLOGIA E COLORAÇÃO 
 O C. botulinum possui sete diferentes neurotoxinas que não podem ser 
diferenciadas, tendo com base a morfologia. São bastonetes grandes que aparecem em 
cadeias curtas ou em unidades individuais. Possuem 0,5-0,8 μm de diâmetro e 3-6 m de 
comprimento; móveis quando jovens com flagelos peritríquios. Os esporos são ovais, 
cêntricos ou excêntricos; Gram positivos, mas em cultivos velhos mostram-se Gram 
negativos. 
 
CARACTERIZAÇÃO CULTURAL E BIOQUÍMICA 
 As colônias crescem na profundidade do Agar e estão cobertas por uma penugem. 
As colônias superficiais são grandes, semitransparentes com bordos irregulares. Meios 
preparados com fígado promovem melhor crescimento do que músculo. O C. botulinum 
liquefaz a gelatina, produz ácido e gás da glicose, levulose e maltose. O ácido acético é o 
principal produto metabólico produzido por todas as amostras. Conforme a amostra produz 
outros ácidos graxos, como: ácido propiônico, butírico, isovalérico, valérico e iso-capróico. 
São anaeróbios estritos, mas não são difíceis nas exigências culturais. Cresce melhor em 
torno dos 30ºC. 
 
RESISTÊNCIA 
 Os esporos são muito resistentes, podendo resistir à fervura por 30 minutos por 
várias horas. Resistem a autoclavação a 120º C por 20 minutos. 
 
 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
INATIVAÇÃO DAS TOXINAS 
As toxinas podem ser inativadas pelo calor (30 min a 80° C, por qualquer tempo a 
100° C) e pelo hipoclorito de sódio (NaOCl a 0,1 %, durante 30 min). Os raios solares 
inativam as toxinas em 1 a 3 horas. As toxinas são inativadas em 12 horas quando em 
aerobiose e na escuridão. A cloração clássica utilizada para o tratamento das águas potáveis 
destrói 84% das toxinas em 20 minutos. 
 
SOROLOGIA E TIPOS TOXIGÊNICOS 
 As toxinas botulínicas produzidas pelo C. botulinum são classificadas de acordo 
com o tipo. Há 8 tipos de exotoxinas produzidas das quais 7 são neurotoxinas. As toxinas 
A, B e E são, freqüentemente relacionadas à doença no homem. A neurotoxina C1 e D são 
mais freqüentes nos animais domésticos e aves. A neurotoxina do tipo B tem sido 
observada em bovinos e eqüinos. O tipo C1 é mais freqüente em cães. O tipo C2 não é 
considerado uma neurotoxina, mas causa alteração da permeabilidade vascular nos tecidos 
e diarréia em casos de botulismo das aves. As neurotoxinas são produtos antigenicamente 
distintos, entretanto os efeitos neurológicos são similares. As toxinas interferem com a 
liberação de acetilcolina dos neurônios colinérgicos da junção neuro-muscular e sinapses 
autônomas, provocando uma paralisia flácida e alterações no sistema nervoso autônomo. 
 
TOXICIDADE E PATOGÊNESE 
 A toxigenicidade da amostra do tipo D necessita da presença do bacteriófago. Os 
tipos A, B, E e F são provavelmente saprófitos do solo e ambientes aquáticos. As do tipo C 
e D são parasitos obrigatórios do trato digestivo dos mamíferos e aves. 
 A toxina existe como um complexo de moléculas de toxina e uma hemaglutinina de 
500.000 (peso molecular). As toxinas das cepas não proteolíticas, incluindo os tipos C, D, E 
e G e poucas cepas do tipo B requerem exposição à enzimas proteolíticas (tripsina) para a 
expressão da atividade tóxica. 
 A toxina ativada pode ter mais que 2,6 X 10
8
 LD50 por miligrama de nitrogênio. As 
toxinas botulínicas podem ser produzidas em temperaturas abaixo de 30º C. Somente um 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JPGomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
tipo de toxina é normalmente produzido por uma cepa, muito embora os tipos C e D 
possam produzir múltiplas toxinas. 
 As toxinas botulínicas são sintetizadas como uma única cadeia polipeptídica inativa 
com 150 kDa que é liberada pela lise bacteriana. As proteases bacterianas e tissulares 
clivam a toxina para uma molécula ativa composta de uma cadeia pesada e outra leve 
conectada por uma única ponte dissulfeto. 
 A toxina é absorvida pelo trato gastrintestinal desloca-se ate a corrente circulatória 
até as sinapses no SN periférico. 
 
MECANISMO DE AÇÃO 
 A toxina liga-se; é internalizada na junção nervosa e altera a liberação de 
neurotransmissores. Há tecnicamente três regiões funcionais para a toxina: 
 1) A porção carboxi-terminal da cadeia pesada orienta a ligação neuroespecífica. 
 2) A porção amino-terminal da cadeia pesada orienta a penetração celular e a 
translocação de membranas. 
 3) A cadeia leve é responsável pelo bloqueio da liberação do neuro-transmissor. 
 A toxina liga-se à grande molécula carregada negativamente nas terminações 
nervosas que consiste de poli-sialo-gangliosídios e outros lipossomas ácidos. Então, ela 
move-se, lateralmente para ligar-se ao receptor protéico específico que internalizada a 
toxina. A toxina é internalizada na terminação nervosa que não é mais acessível à 
neutralização pela antitoxina. A toxina botulínica permanece no local da junção neuro-
muscular onde passa a interferir com a liberação de acetilcolina. 
 O botulismo normalmente é decorrente da ingestão de alimento contaminado com a 
toxina pré-formada. A toxina pode ser elaborada na carcaça ingerida ou que contaminou 
indiretamente outro alimento. As larvas de insetos que se desenvolvem em carcaças onde a 
toxina foi elaborada podem carrear suficiente toxina para atingir as aves quando estas se 
alimentam desses insetos. Outra possibilidade é a decomposição da vegetação que ocorre 
próximo a margens de lagos e rios os quais propiciam um ambiente favorável para síntese 
da toxina. Aves aquáticas que se alimentam nestas áreas podem desenvolver botulismo. 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
Restos de alimentos e farinha de carne são origens bem conhecidas da toxina botulínica 
para raposas e martas. 
 Afosforose em bovinos e ovinos produzem uma alteração do apetite chamada de 
"pica" a qual provoca a ingestão de ossos, ou de carcaças em decomposição. Esta 
depravação do apetite pode levar à ocorrência de botulismo. A doença é chamada, na África 
do Sul, de “lamsiekte” (“lame sickness”), pois nesta enfermidade há claudicação devido à 
hipofosforose ou osteomalácia. A doença existe onde há deficiência de fósforo no solo, 
bem como, a ingestão de ossos (pica). Na Holanda, o botulismo em bovinos foi relacionado 
com os resíduos de grãos de cervejaria contaminados com o C. botulinum tipo C. 
 O botulismo toxinfeccioso é uma forma da doença observada, inicialmente nos 
Estados Unidos, (Kentucky) onde o C. botulinum produziu toxina em áreas necróticas do 
corpo. Potros de 2 a 8 semanas foram afetados após a absorção da toxina. Evidenciaram 
lesões típicas da síndrome dos potros: disfagia aguda, tremores, fraqueza, prostração e 
morte. Áreas de necrose localizadas no estômago, umbigo, abscessos pulmonares e feridas 
estavam colonizadas pelo C. botulinum. 
 Os esporos responsáveis pelo botulismo estão difundidos no ambiente. Este fato 
necessita de pré-requisitos incluindo: 
 a) Contaminação de um substrato importante pelo organismo. 
 b) Multiplicação dos organismos e produção da toxina. 
 c) Sobrevivência da toxina aos processos líticos que a degrade. 
 d) Ingestão da toxina pelo hospedeiro suscetível. 
 Após a ingestão da toxina, ela atravessa a parede intestinal em direção à corrente 
sangüínea e linfática. A hemaglutinina a protege contra a digestão fisiológica. 
 As bactérias no rúmen dos bovinos e ovinos inativam uma quantidade substancial 
da toxina ingerida, fazendo com que a dose letal (oral) para estes dois animais sejam bem 
maiores que para as outras vias. Esta observação é importante em relação ao manuseio de 
amostras (conteúdo ruminal) para pesquisa da toxina. As amostras devem ser congeladas 
até a realização dos testes laboratoriais. Na corrente sangüínea, a toxina é carreada ao 
sistema nervoso periférico onde se liga aos gangliosídios na junção neuromuscular. A 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
toxina penetra na célula nervosa, ligando-se a superfície interna da membrana nervosa, 
impedindo a liberação de acetilcolina. A toxina botulínica age somente nos nervos 
colinérgicos do sistema nervoso periférico. A barreira hemato-encefálica protege os nervos 
colinérgicos do cérebro da ação da toxina. 
 O sinal clínico no animal intoxicado é a paralisia flácida que progride, envolvendo a 
musculatura respiratória resultando em morte. Há alterações na visão, na locomoção e na 
deglutição. A língua geralmente permanece paralisada e a deglutição torna-se difícil pela 
paralisia faringeana, levando a uma paralisia respiratória e morte. 
 Nas aves, há paralisia nas asas, pernas, pescoço. As aves não conseguem retrair a 
membrana nictitante. Os suínos e os animais carnívoros são normalmente resistentes a 
toxina botulínica. A doença do tipo C1 tem sido registrada em cães. 
 
DIAGNÓSTICO (Clínico e Laboratorial) 
 O diagnóstico do botulismo, assim como no tétano, está baseado na história e sinais 
clínicos. Numerosos animais podem estar envolvidos, sugerindo uma fonte comum de 
toxina. O exame rotineiro de sangue é normal, exceto quando há infecção bacteriana 
secundária. Amostra de líquido cefalorraquidiano é normal 
O diagnóstico definitivo está baseado na detecção da toxina em aproximadamente 
10 ml de soro (colhido no início do quadro clínico) ou em 50 gramas de fezes, vomito 
amostras de alimento ingerido. A prova diagnóstica laboratorial do botulismo nos animais é 
a demonstração da toxina no soro, no vomito, no conteúdo ruminal, no conteúdo intestinal e 
no alimento. O soro, o filtrado intestinal e o filtrado alimentar devem ser inoculados em 
camundongos. A proteção passiva é uma prova indireta da presença da toxina. O nível de 
toxina nos animais afetados é de cerca de 20 LD50 em camundongo. As amostras de 
alimentos suspeitos e conteúdo intestinal devem ser tripsinizadas antes da inoculação, para 
ativar a toxina precursora. 
 A prova de ELISA está indicada na detecção de toxinas dos tipos A, B, E e G, 
entretanto não são aplicáveis na rotina laboratorial. A presença de esporos do C. botulinum 
está disseminada em amostras ou materiais suspeitos o seu valor fica limitado. 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
 
TRATAMENTO 
 A terapia do botulismo é centrada no tratamento de suporte. Monitorar a hidratação. 
Assistência quanto à água e alimentos. Megaesôfago e diminuição no reflexo de deglutição 
podem levar a pneumonia por aspiração (falsa via). Antimicrobianos são indicados no caso 
de complicações secundárias. 
Aminoglicosídeos devem ser evitados, pois eles interferem com a transmissão 
neuromuscular e piora o quadro paralítico. Monitoramento da excreta (urina e fezes) pela 
retenção. Abrigo e rotação do animal para o seu conforto. 
 O uso de antitoxina pode não ser disponível, mas é controverso. A antitoxinasó é 
eficiente quando a toxina ainda não foi absorvida pelo sistema nervoso. Antitoxinas 
potentes contendo o tipo C1 estão indicadas nos cães severamente acometidos quando 
administrado o mais rápido possível, isto é, nos primeiros 5 dias. Animais com sinais 
clínicos leves recuperam-se espontaneamente. 
 A administração de antimicrobianos é controversa, pois poderiam piorar os sinais 
clínicos pela liberação de mais toxina pela lise bacteriana ou poderiam promover a 
colonização intestinal do organismo do botulismo. 
 
IMUNIZAÇÃO E CONTROLE 
 Antitoxinas homólogas protegem os animais contra o botulismo. A vacinação nas 
aves não está aplicada à rotina visto que a ocorrência da doença é esporádica. 
 A vacinação é indicada nas regiões de alto risco como África do Sul e Austrália, 
assim como, em certas populações (animais de zoológico). Em algumas áreas são utilizadas 
toxóides polivalentes. 
Na Austrália, os ovinos e bovinos são imunizados duas vezes e, posteriormente 
revacinação anual. 
No Brasil e África do Sul, toxóides C e D são efetivos no programa de vacinação. 
As duas primeiras com adjuvante oleoso e a vacinação de manutenção em solução aquosa. 
A toxina livre pode ser inativada pela administração de antitoxina polivalente. A resposta é 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
dependente da quantidade de toxina ligada e ao tipo de toxina. A antitoxina é ineficaz se a 
toxina estiver ligada à membrana da célula nervosa. Esforços devem ser feitos para esvaziar 
o trato gastrintestinal com a aplicação de purgativos. Correção do solo e pastagens com 
cálcio e fósforo diminui acentuadamente os casos da doença. 
Tabela 1. Distribuição, Hospedeiros e Enfermidades associadas aos Tipos do C. botulinum 
 
Amostra Distribuição Hospedeiro(s) Doença(s) 
A América do Norte Homem Botulismo 
 Bov., eqüinos I ntoxicação pela forragem 
 Aves “Limberneck” 
 Martas Botulismo 
 
B América do Norte Homem Botulismo 
 Europa Bov. eqüinos (potros) Intoxicação pela forragem 
 Aves “Limberneck” 
 Martas Botulismo 
 Potros “Shaker foal syndrome” 
 
C1 América do Norte Patos “Limberneck” 
 Austrália Aves silvestres. “Western Duck disease” 
 Canadá Homem Botulismo 
 Europa Martas Botulismo 
 
C2 Aves Diarréia 
 Não é neurotoxina 
 
D África do Sul Bovinos “Lamzieekte” 
 
E União Soviética Homem Botulismo 
 América do Norte (Grandes Lagos) 
 
F América do Norte Homem Botulismo 
 Dinamarca 
 
G Argentina Homem ? Botulismo ? 
 Suíça 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
Clostrídios Invasivos 
Clostridium perfringens 
 
 
 
 Prof. Marcos Gomes 
Enterotoxemias 
Enterites agudas 
Doença do rim pulposo 
INTRODUÇÃO 
 O Clostridium perfringens foi isolado, pela primeira vez, por Welch e Nuttall, em 
1892, de um cadáver (homem) em adiantado estado de decomposição. 
Em 1900, Migula propôs a denominação de Bacillus welchii em homenagem ao 
pesquisador americano. 
 
HABITAT 
O agente está amplamente distribuído nos solos e trato alimentar de quase todos os 
animais de sangue quente. É geralmente encontrado como invasor do trato alimentar após a 
morte. É necessário cuidado no isolamento deste clostrídio após a morte. Este agente é 
encontrado, na gangrena gasosa do homem, dos animais, ou associado aos outros 
anaeróbios, neste processo. 
 
ENFERMIDADES 
Está associado às lesões semelhantes ao edema maligno, especialmente nos ovinos. 
Existe variação toxigênica desses microrganismos responsáveis por toxemias fatais em 
ovinos, bezerros, leitões e no homem. Essas variações podem ser divididas em cinco tipos: 
A, B, C, D e E, tendo como base a produção de quatro principais toxinas letais. 
 
 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
MORFOLOGIA E COLORAÇÃO 
 O C. perfringens é um bastonete reto e grosso; possui apresentação individual, aos 
pares ou raramente, em cadeias; possui 1,0 μm de Ø e 4 - 8 µm de comprimento; esporos 
ovais e pequenos, geralmente não deformando a parede celular do bastonete; não são 
formados em meio muito ácido; amostras com capacidade variável de esporular. Algumas 
vezes, é difícil encontrar esporos, independentemente do meio de cultura; esporulação nos 
tecidos é incomum; nos cultivos velhos torna-se pleomórfico, aparecendo como clavas, 
como células gordas ou filamentos; cápsula formada nos tecidos e meios de cultura; não 
possui flagelos; Gram positivos, mas tornam-se Gram variáveis com os subcultivos. 
 
CARACTERÍSTICAS CULTURAIS E BIOQUÍMICAS 
 As colônias do C. perfringens no AS são circundadas por dois tipos de hemólise; 
uma estreita com hemólise completa e outra externa com hemólise incompleta. No meio de 
gema de ovo forma-se um precipitado esbranquiçado no meio como resultado da atividade 
da lecitinase (da fosfolipase C). As colônias são pequenas e biconvexas no agar profundo. 
O cultivo desse agente em meio contendo glicose ou outro substrato fermentável produz 
uma grande quantidade de gás que causa rompimento do selo de parafina com facilidade. O 
C. perfringens liquefaz a gelatina rapidamente, mas não o meio de ovo coagulado ou o 
meio soro de Loeffler. Cresce bem em meio de carne cozida ou Tarozzi, produzindo uma 
quantidade enorme de gás. Fragmentos de carne ou fígado tornam-se róseos, não digeríveis 
e com um odor desagradável que é chamado de “stormy fermentation” ocorre no “litmus 
milk”. 
C. perfringens produz ácido e gás da glicose, levulose, galactose, manose, maltose, 
lactose, sacarose, xilose, trealose, rafinose, amido, glicogênio e inositol. Os produtos de 
fermentação incluem: ácido acético e ácido butírico. 
 
ANTÍGENOS E TOXINAS 
 A base de classificação dos C. perfringens está na produção de quatro toxinas 
principais (alfa, beta, épsilon e iota). Estas toxinas são proteínas com atividade enzimática; 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
lábeis ao calor e antigênicas, podendo ser utilizadas como toxóides pela ação de químicos 
que a inativam sua toxigenicidade sem perder sua antigenicidade. 
 A alfa toxina é uma fosfolipase C que foi a primeira toxina bacteriana com o 
mecanismo de ação bioquímico elucidado. 
 As principais toxinas produzidas pelo C. perfringens e suas doenças associadas 
estão mostradas nos quadros 2 e 3 abaixo.Outras toxinas menos importantes incluem: a hialuronidase, desoxirribonuclease, 
colagenase e proteinases. 
 
ETIOPATOGENIA 
 O C. perfringens é distribuído na natureza, fazendo parte da flora intestinal dos 
animais hígidos. Dieta rica em proteína faz aumentar a população desses microrganismos 
nos intestinos. 
 
Tipo A 
Amostras do tipo A estão bem adaptadas em sobreviver no solo enquanto que as do 
tipo B, C, D e E estão mais adaptadas ao intestino. O C. perfringens é a causa mais comum 
de miosite necrotizante em eqüinos como seqüela de ferimentos ou injeções. 
 O C. perfringens tipo A causa uma doença chamada “yellow lamb disease” que 
ocorre na Califórnia e no Oregon, durante a primavera. Os animais apresentam: depressão, 
anemia, icterícia e hemoglobinúria, morrendo em 6 a 12 horas, após os primeiros sinais 
clínicos. A toxina alfa é produzida no intestino delgado; absorvida pela circulação, 
causando hemólise intravascular maciça e lesão vascular. 
Nos leitões ela se apresenta como uma diarréia aquosa e amarelada em animais 
abaixo de cinco dias, geralmente aos três dias e com alta morbidade e baixa mortalidade. 
 
Tipo B 
O C. perfringens tipo B está relacionado com a disenteria dos cordeiros. A doença 
ocorre na Inglaterra, Escócia, País de Gales, África do Sul e Oriente Médio. O cordeiro 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
infecta-se com a mãe ou ambiente, durante os primeiros dias de vida. A população de 
organismos aumenta naqueles animais que ingerem grandes quantidades de leite. A toxina 
beta causa lesões hemorrágicas e necrose da mucosa intestinal (intestino delgado). Os 
animais acometidos morrem em poucas horas, após os primeiros sinais de dor abdominal, 
desinteresse pelo mamar e sangramento contínuo. O agente causa enterite hemorrágica em 
cordeiros, cabritinhos, terneiros e potros. 
 
Tipo C 
 O C. perfringens tipo C está associado à enterotoxemia em muitas espécies animais. 
Enterite necrótica e hemorrágica em terneiros e cordeiros. Nos cordeiros, a doença 
assemelha-se à disenteria dos cordeiros. A doença nos bezerros é geralmente observada em 
animais vigorosos, saudáveis e com menos de uma semana de vida. A enterite hemorrágica 
é causada pela beta toxina, podendo ser demonstrada no conteúdo intestinal fresco. Ela é 
muito lábil e, facilmente desnaturada pela ação enzimática no intestino, sendo de pouco 
valor a sua ausência como prova diagnóstica. Leitões com uma semana de idade podem 
exibir enterite hemorrágica com grande mortalidade. Na necropsia são observadas lesões de 
enterite grave, mostrando áreas de necrose na mucosa do jejuno. A doença é freqüente no 
Reino Unido, Estados Unidos e Dinamarca e, uma vez estabelecida na propriedade, torna-
se enzoótica. A beta toxina é aparentemente responsável por lesões intestinais de aves que 
apresentam fraqueza e disenteria. 
A doença dos ovinos adultos é chamada de “Struck” ou doença do Romney Marsh é 
causada pelo C. perfringens tipo C. O organismo está no solo em áreas de criação de da 
raça Romney March na Inglaterra. A doença é vista no início da primavera. Por razões 
desconhecidas, o microrganismo multiplica-se no abomaso e intestino delgado, produzindo 
a toxina beta. A toxina beta causa necrose da mucosa intestinal. Disenteria ou diarréia 
raramente são observadas. Em alguns casos, há evidência de toxemia pelo acúmulo de 
fluido na cavidade peritoneal e torácica, sem lesões visíveis no trato intestinal. 
 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
Tipo D 
 Em áreas endêmicas, muitos animais albergam o C. perfringens tipo D em várias 
partes do trato digestivo. Essas amostras podem prover a origem para a infecção fatal se as 
condições são favoráveis para o rápido e profuso crescimento do microrganismo no 
intestino. Essa condição está associada à súbita mudança de uma dieta pobre para uma dieta 
rica ou excessiva ingestão de alimentos palatáveis; daí o termo doença da 
superalimentação. A flora ruminal normal é composta de organismos digestores da 
celulose, mas na mudança brusca da dieta há um desequilíbrio dessa flora e parte desse 
alimento passa indigerível para o intestino delgado. A presença do amido não digerido, no 
intestino favorece o profuso crescimento do organismo e conseqüentemente produção da 
toxina. Não se sabe como o tipo D supera o crescimento do tipo A, pois o tipo D está 
inicialmente, em desvantagem pelo tipo A. 
A prototoxina épsilon possui baixa toxicidade; é liberada pela multiplicação de 
bactérias na luz do intestino delgado e ativada por enzimas digestivas como a tripsina. A 
ativação máxima em toxina épsilon é alcançada pela combinação da tripsina e 
quimiotripsina, aumentando a toxicidade em pelo menos 1.000 vezes. A toxina épsilon 
purificada possui um peso molecular de aproximadamente 32 Da e toxicidade por volta de 
3,2 X 10
6
 DML / mg quando testada intravenosa em camundongos. 
A estrutura funcional molecular da toxina não é conhecida, mas alguns resíduos 
importantes de aminoácidos para a sua função foram identificados. A conversão da 
prototoxina em toxina épsilon totalmente ativa ocorre pela remoção de um peptídeo N-
terminal. 
A produção da toxina épsilon pela bactéria é codificada pelo gene contido em um 
grande plasmídio presente somente no C. perfringens tipo D ou B. 
A toxina épsilon não atua ou age diretamente sobre a mucosa intestinal e pequenas 
quantidades da toxina épsilon na luz intestinal são inócuas, mas quando altas concentrações 
persistem no intestino por muitas horas, há um aumento da permeabilidade intestinal 
levando a absorção de mais toxina na circulação sistêmica. A toxina tem um efeito de 
permease sobre a mucosa intestinal, aumentando sua própria absorção. A toxina ativada 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
seletivamente afeta o cérebro e, em certo grau, os rins e outros tecidos. O efeito no cérebro 
é manifesto por alterações dos capilares cerebrais tornando-os permeáveis às proteínas 
plasmáticas e água, resultando num rápido extravasamento de fluidos no cérebro e aumento 
da pressão intracerebral. O aumento de pressão favorece o aparecimento dos sinais do SNC, 
tais como incoordenação e convulsões. Edemas e efusões também ocorrem em diversos 
graus no pulmão, pericárdio e outras cavidades serosas. 
O C. perfringens tipo D é responsável pela enterotoxemia dos ovinos (doença do 
rim pulposo ou doença da superalimentação), ocorrendo em áreas de criação de ovinos no 
mundo inteiro. O agente é encontrado no solo e trato digestivo dos ovinos saudáveis. O 
sistema intensivo de criação, confinamentos ou a preparação para exposições são fatores 
estressantes e predisponentes da doença. 
A toxina épsilon se liga aos receptores na superfície do endotélio vascular 
particularmente do cérebro e as células renais da alça de Henle, túbulos contorcidos distais 
e sinusóides hepáticos. O local de grande afinidade para a toxina épsilon pode ser uma 
sialoproteína localizada nas membranas sinápticossomais. A degeneração das células do 
endotélio vascular permite alterações na dinâmica dos fluidos e perda das proteínas 
plasmáticas. Estudos ultraestruturais do cérebro evidenciaram que as junções próximas ao 
endotélio vascular são rompidas, causando processos de astrócitos perivasculares indo 
desde inchação até ruptura que causam edema intercelular e perivascular seguido dedegeneração e necrose, tanto focal quanto difusa. 
Macroscopicamente, são observados focos de encefalomalácia simétrica bilateral no 
corpo estriado, área talâmica, mesencéfalo, hipocampo, e pedúnculos cerebrais. A extensão 
das lesões varia com o quanto a doença é aguda. 
Na doença da superalimentação há sinais patognomônicos de hiperglicemia e 
glicosúria. Trabalhos experimentais em ovinos e em animais de laboratório demonstraram 
que a hiperglicemia é o resultado da glicogenólise das reservas de glicogênio hepático. 
A toxina ligada ao hepatócito estimula a produção de AMP cíclico que por sua vez 
causa transforma glicogênio em glicose. A explicação mais plausível parece ser que o 
edema cerebral seria a lesão primária agindo na divisão simpática do sistema nervoso 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
autônomo estimularia a liberação de catecolaminas (epinefrina, norepinefrina, dopamina) 
via medular da suprarenal a qual ativa a adenilatociclase impulsionando a produção de 
AMP cíclico que por sua vez glicogenólise e hiperglicemia. Hiperglicemia junto com lesão 
renal leva a glicosúria. Esta seqüência de eventos provavelmente ocorre em menos de 1 
hora após a toxina épsilon entrar na circulação sistêmica. A doença do rim pulposo é um 
tipo de autólise post mortem que ocorre rapidamente nos tecidos lesionados. 
A toxina épsilon é antigênica, estimulando a produção de anticorpos específicos 
mesmo quando a infecção do tipo D é subclínica. Trabalho experimental com anticorpo 
monoclonal mostrou que a resposta imune a um único epítopo da toxina épsilon é suficiente 
para proteger contra a toxina e a doença. 
Nos caprinos, a doença clínica pode ter a forma superaguda até crônica, 
evidenciadas pela diarréia sanguinolenta, associadas à enterocolite hemorrágica ou 
necrótica. A imunidade nos caprinos é frágil ou pequena. A suscetibilidade do trato 
intestinal dos caprinos ao C. perfringens tipo D é considerada responsável por esta 
diferença na patogênese entre ovinos e caprinos. 
 
Tipo E 
O C. perfringens tipo E está associado à enterite hemorrágica e necrótica em 
terneiros na Austrália. Sua patogenicidade em ovinos e bovinos não está bem esclarecida. O 
agente e a toxina estão presentes ao mesmo tempo no intestino de ovinos e bovinos durante 
o exame “post-mortem”, mesmo sem sinais de enterotoxemia por clostrídios. 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
Quadro 1. Características das principais Toxinas do C. perfringens 
 
Toxina Propriedades Mecanismo de ação Efeito no organismo 
________________________________________________________________________________________ 
 
alfa Fosfolipase C Hidrolisa lecitina na Hemolít, leucocida;↑ permeab capilar. 
 (lecitinase) mitocôndria pela lesão endotelial; degeneração 
 membrana celular membrana plasmática muscular 
 fosfolipídios sanguíneos 
 e endotélio capilar. 
 
beta Necrotizante Desconhecida Necrose da mucosa intestinal. 
 tripsina lábil 
 
épsilon Necrotizante e Lesão célula endotelial Necrose liquefativa do tec. cerebral; 
 neurotóxica do cérebro Necrose córtex renal; 
 ↑ Edema perivascular 
 Produzido no cérebro e meninges. 
 ↑ permeabilidade da mucosa intestinal 
 
iota Necrotizante, letal; Desconhecida Necrose da mucosa intestinal. 
 ativ. enzim. prototoxina 
 
 
Quadro 2. Principais Doenças e Toxinas do C. perfringens A, B, C , D e E 
__________________________________________________________________________ 
Tipo Doença (s) Distribuição T o x i n a s 
 alfa beta épsilon iota 
____________________________________________ α_______β______ε______ι____ 
 
A “Yellow lamb disease” California +* - - - 
 
B Disenteria cordeiros Europa, África Sul + +* + - 
 Enterite hemor.(ov.,cap.) Oriente médio, Irã 
 
C Enterite necrótica cordeiros Mundial + +* - - 
leitões, terneiros e aves 
 Struck (ovinos) Inglaterra 
 
D Enterotoxemia 
Doença superalimentação Mundial + - +* - 
 Doença do rim pulposo. 
 
E Enterotoxemia América do Norte + - - +* 
 Cordeiros e bezerros Inglaterra. 
 Austrália 
__________________________________________________________________________ 
 *= A toxina mais importante na doença. 
 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
DIAGNÓSTICO 
 Na enterotoxemia, o conteúdo do intestino delgado, corado pelo método de Gram, 
com freqüência, contém elevado número de bacilos Gram positivos, semelhantes os C. 
perfringens. Esta prova possui valor limitado pela rápida multiplicação bacteriana que tem 
lugar, após a morte em todas as porções intestinais. 
 É importante a identificação da toxina no conteúdo intestinal (delgado). Inocula-se 
pequena quantidade de (< 0,5 ml) do líquido clarificado na veia caudal de ratos. A morte 
acontece em minutos, constituindo em prova presuntiva da enterotoxemia. Noutro 
procedimento, se inocula uma mistura de três partes do líquido problema a uma parte de 
diferentes antitoxinas do C. perfringens. A interpretação dos resultados se realiza segundo o 
quadro abaixo. 
Quadro 4. Prova biológica entre as diferentes toxinas do C. perfringens em ratos. 
 
 
A prova intradérmica evidencia atividade necrosante em cobaia, utilizando o 
procedimento parecido sendo mais específica. Utiliza o cultivo em caldo. Os ensaios 
utilizam tanto sobrenadante tripsinizados como sobrenadante não tripsinizados, já que 
algumas toxinas são destruídas (B, C) e, outras sejam ativadas pela tripsina. As amostras 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
devemser colhidas recentemente ou mantidas congeladas até o momento da realização da 
prova. 
 A invasão dos tecidos antes da morte ocorre quando se trata de “Struck”, nos demais 
tipos de enterotoxemia, o isolamento e tipificação da toxina podem proporcionar uma prova 
confirmatória, visto que raramente são decisivas. 
 Os cordeiros afetados com enterotoxemia causado pelo C. perfringens tipo D podem 
evidenciar presença de glicose na urina. 
 
TRATAMENTO 
 A maioria dos casos, a doença é aguda e exige procedimento terapêutico rápido. O 
C. perfringens é sensível à: penicilina G, às tetraciclinas, ao cloranfenicol, à furazolidona, à 
bacitracina, à eritromicina, à lincomicina. É resistente aos aminoglicosídios. 
 
CONTROLE E PREVENÇÃO 
 O Toxóide tipo-específico tratado pelo formol e precipitados pelo hidróxido de 
alumínio (alum) são imunobiológicos eficientes contra as enterotoxemias causadas pelo C. 
perfringens. Vacinas para o tipo B e C ou antissoro tem proteção cruzada para a beta toxina 
que é uma toxina importante para os dois tipos. Os antissoros B e C podem ser usados na 
proteção da disenteria dos cordeiros. Leitões podem ser protegidos contra a enterite 
necrótica do tipo C, pela imunização de porcas com o toxóide do tipo B ou C. Ovelhas 
devem ser vacinadas, tanto com o tipo B ou C, no verão e, poucas semanas antes do 
nascimento. Assim os cordeiros seriam protegidos passivamente pelo colostro da mãe. A 
vacinação contra o C. perfringens tipo D deve ser efetuada na mãe e, 10 dias após o 
nascimento e, novamente 2 a 6 semanas. Durante o surto da doença pode ser administrado 
soro hiperimune e toxóide ao mesmo tempo, seguido da aplicação de toxóide quatro 
semanas mais tarde. 
 A administração de antimicrobianos na ração reduz a mortalidade de galinhas 
devida à enterite necrosante produzida pelo C. perfringens Tipo A. 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
 Clostridium novyi 
 
 
Prof. Marcos JP Gomes 
 
Hepatite Necrótica (HN); 
Bighead; 
Gangrena Gasosa (GG). 
INTRODUÇÃO 
 São microrganismos habitantes do solo. Tem distribuição mundial. É causa da 
hepatite necrótica dos ovinos e bovinos. Conhecidos como hepatite necrótica ou "Black 
disease", É causa de gangrena gasosa proveniente de ferimentos. Na Austrália, esses 
ferimentos (cabeça e face) de ovinos são devido às lutas entre si, sendo conhecida como 
"Bighead." 
O C. novyi tipo A causa gangrena gasosa, no homem e nos animais pela infecção de 
feridas. A lesão típica é edema como acontece no quadro de “bighead” de carneiros jovens; 
o edema da cabeça, pescoço e a parte cranial do tórax espalham-se rapidamente seguida da 
invasão do tecido subcutâneo lesionado pela luta. 
A hepatite necrótica infecciosa ou “black disease” dos ovinos e bovinos resulta das 
infecção do C. novyi tipo B. Os esporos em latência germinam no fígado lesionado pela 
migração de fasciolas e os efeitos sistêmicos resulta em morte (aguda ou superaguda) 
seguida da disseminação da toxina alfa. Seus efeitos hepatotóxicos histotóxicos e 
cardiotóxicos produzem edema difuso nas serosas e necrose hepática focal (Elder and Miles 
1957). O nome “black disease” deriva da característica escurecida por baixo da pele devido 
a congestão venosa. A morte súbita de porcas tornou-se um problema emergente que está 
associado à multiplicação de C. novyi tipo B no fígado ou no parto (Elder e Miles, 1957; 
Friendship e Bilkei 2006). 
Clostridium novyi tipo D normalmente chamado de C. haemolyticum causa 
hemoglobinúria bacilar do gado e outros ruminantes. A patogenia é semelhante à hepatite 
necrótica ou black disease, especialmente na migração das formas jovens da F. hepática e 
causando lesão hepática predispondo a ocorrência da doença. 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
Alem da gangrena gasosa causada pelo C. novyi tipo A, recentemente tem sido 
reconhecida como causa de septicemia em dependentes de drogas, o Clostridium 
botulinum, que fazem o uso de drogas por via intramuscular (Ryan et al. 2001; McGuigan 
et al. 2002). A média de idade dentre os 60 casos foi de 30 anos e a maioria injetou heroína 
ácida via extravenosa. Os casos fatais foram próximos a 90% (McGuigan et al. 2002). 
A produção diferencial entre as toxinas α e β é o principal fator fenotípico. O C. 
novyi produtor de toxina α pertence à família das grandes citotoxinas que modificam as 
pequenas proteínas de ligação GTP as quais afetam o citoesqueleto (Just e Gerhard 2004; 
Schirmer e Aktories 2004; Ziegler et al. 2008). A atividade enzimática da toxina intacta tem 
aproximadamente 550 fragmentos de aminoácidos e a mutação no resíduo do ácido 
aspártico dentro deste fragmento reduz dramaticamente a atividade da enzima (Busch et al. 
2000). A alfa toxina especificamente modifica a subfamília de proteínas Rho (Rho, Rac, 
Cdc42, e RhoG) pela N-acetil-glucosaminilação da Thr -37 (Selzer et al. 1996). 
A toxina β do C. novyi tipo D é uma fosfolipase C (FLC) (Hauer et al. 2004 ). É 
uma proteína de 42,869Da e mostra alto grau de homologia com as fosfolipases C. Sua 
extremidade N terminal possui resíduo de ligação ao Zn 2
+
 que são comuns para essas 
enzimas. A extremidade C terminal é altamente homóloga a região equivalente da 
fosfolipase C do C. novyi tipo A, a toxina α do C. perfringens e a fosfolipase C do 
Clostridium bifermentans (Hauer et al. 2004). 
Esporos mutantes não toxigênicos obtidos por engenharia genética do C. novyi 
administrados endovenosamente germinam e produzem lesão tecidual somente em 
determinadas condições de redução de oxigênio aquelas encontradas em tumores sólidos. 
Esta abordagem é agora aplicada em testes clínicos (Wei et al. 2008). Não há tratamento 
eficaz contra as infecções por C. novyi, mas a profilaxia com toxóides é eficaz. Uma 
segunda geração de imunógenos veterinários pode estar baseada no toxóide α, tanto natural 
como recombinante (Amimoto et al. 1998). 
 
 
 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
Gênero Clostridium spp 
FAVET-UFRGS 
Prof. Marcos JP Gomes 
2013 
 
 
 
MORFOLOGIA & COLORAÇÃO 
 O Clostridium novyi é um bastonete grande, medindo 5 a 10 m de comprimento e 
1 a 1,5 m de diâmetro; esporo oval central ou subterminal; deforma o corpo bacteriano; 
acapsulado; possui flagelo peritríquios; móveis sob condições de anaerobiose; G positivo 
quando jovens, mas tornam-se Gram variáveis. 
 O C. novyi é anaeróbio estrito, sendo difícil cultivá-lo no isolamento primário. O 
crescimento pode ser melhorado com a adição de glicose, sangue ou cérebro. As colônias 
são chatas com bordos irregulares que se espalham na superfície do Agar como um “filme” 
de crescimento transparente. Há hemólise, após 48 a 72 de incubação. No meio de carne 
cozida, o crescimento é lento e a carne torna-se rósea. A gelatina é liquefeita e o soro 
coagulado, mas não digerido. As colônias quando crescidas em meio contendo gema de ovo 
produzem uma zona de precipitação opalescente (Reação de Nagler), devido à produção de 
lecitinase (gama toxina) pelo C. novyi tipo A e devido à beta toxina do tipo B e D. A 
fermentação de carboidratos é variável. A grande maioria produz ácido e gás da glicose, 
mas não fermentam a lactose. 
 
RESISTÊNCIA 
 Os esporos podem resistir a 95º C por 15 minutos, mas são destruídos a 120ºC 
durante 5 min. Morrem rapidamente quando expostos aos hipocloritos.

Outros materiais