Buscar

APOSTILA PORT. II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE LETRAS - LIPO
CURSO: LETRAS – 2º PERÍODO DISCPLINA: LP II
PROFESSORA: DAYHANE ESCOBAR PAES
ANÁLISE SINTÁTICA : OS TERMOS ESSENCIAIS�
A ANÁLISE SINTÁTICA é o procedimento que decompõe os elementos constituintes (sintagmas) da oração (enunciado organizado em torno de um verbo), examinando sua estrutura e organização. Ela serve, pois, para tornar claras e perceptíveis as relações (primeiramente, de subordinação e coordenação, e, secundariamente, de regência, concordância e ordem) estabelecidas entre os sintagmas, auxiliando na verificação da boa estruturação frasal de um texto, revelando suas construções e seus elos.
Desse modo, podem ser identificados os sintagmas oracionais, suas formas de organização, e perceber seus graus de dependência ou de igualdade funcional, classificando-os quanto a suas funções.
Alexandre da Macedônia fundou o primeiro império mundial da História.
	Alexandre da Macedônia
	Fundou
	o primeiro império mundial da História
	SN – autônomo 
	núcleo verbal
	SN – autônomo
FUNÇÕES SINTÁTICAS
As FUNÇÕES SINTÁTICAS que os sintagmas contraem na construção oracional são observadas através de seus constituintes e das relações que cada um deles mantém com o verbo. Elas demonstram os papéis combinatórios que os sintagmas ocupam quando se descreve gramaticalmente a unidade linguística da oração. Grosso modo, as funções são os papéis funcionais representados pelos sintagmas quando estes se relacionam uns com os outros.
A oração abaixo é composta por sintagmas oracionais que contraem relações sintáticas entre si. Cada um deles apresenta suas funções e possui sua constituição interna: 
Alexandre da Macedônia fundou o primeiro império mundial da História.
	Alexandre da Macedônia
	Fundou
	o primeiro império mundial da História
	SN Sujeito (função em relação ao verbo)
	núcleo verbal
	SN Complemento (função em relação ao verbo)
Tomando o sintagma complemento verbal como exemplo, temos: 
	o primeiro império mundial da História
	SN autônomo – complemento verbal direto (justaposição)
	det. + det. + núcleo + modificador + SP modificador
	Cada constituinte exerce uma função em relação ao núcleo, inclusive o SP interno.
TERMOS ORACIONAIS
Esses constituintes oracionais autônomos (oracionais) e internos (suboracionais) são o que conhecemos tradicionalmente por TERMOS. Eles são considerados por suas funções na oração ou no sintagma autônomo do qual são constituintes imediatos.
	A NGB (nomenclatura Gramatical Brasileira), baseada na tradição gramatical greco-latina, distingue os termos oracionais da seguinte forma: 
● Termos essenciais: Sujeito e Predicado (funções sintáticas básicas, elementares);
● Termos integrantes: Objeto Direto, Objeto Indireto, Complemento Nominal, Predicativo e Agente da Passiva (termos que integram as funções sintáticas básicas);
● Termos acessórios: Adjunto Adnominal, Adjunto Adverbial, Aposto e Vocativo (termos que podem ser retirados da oração sem prejuízo gramatical).
Critério classificatório: o critério utilizado para classificar os termos em essenciais, integrantes e acessórios é o da dispensabilidade gramatical: os termos essenciais são indispensáveis sintaticamente; os integrantes aparecem compondo os indispensáveis e os acessórios são completamente dispensáveis.
Origem dos termos oracionais: Gramática grega (visão lógica e filosófica)
Lógos – A sentença (oração) é composta por uma oposição verbo-nominal, baseada nos constituintes básicos ónoma (substantivo, sujeito – substância) e rhéma (verbo, predicado).
Essa divisão verbo-nominal revela a relação de predicação como operação sintática primordial. A organização básica da oração refere-se ao ato acidental de predicar (“falar de”), atribuir propriedades (qualidades, ações, estados), através do predicado, ao sujeito (tópico, assunto).
	Milton Santos 
	nasceu em 1926.
	Milton Santos 
	organizou o curso de Pós-graduação.
	Milton Santos 
	recebeu em 1994 um prêmio.
Sujeito (portador da essência, substância)	 Predicado (propriedades acidentais) 
Sendo assim, a tradição gramatical fixou o par sujeito-predicado como termos essenciais da oração, dotando o sujeito de grande valor e importância. Dessa visão lógica, surgiu também a prática de analisar sintaticamente a oração isolada, sem contexto.
QUADRO SINTAGMÁTICO DOS TERMOS ORACIONAIS
	
TERMO SINTÁTICO
	
BASE MORFOLÓGICA
	
REPRESENTADO POR
	Sujeito
	Substantiva
	SN (autônomo)
	Objeto Direto
	Substantiva
	SN (autônomo)
	Objeto Indireto
	Preposicionada
	SP (autônomo)
	Predicativo 
	Adjetiva
	SA, SN e SP (autônomos)
	Agente da Passiva
	Preposicionada
	SP (autônomo)
	Complemento Nominal
	Preposicionada
	SP (interno)
	Adjunto Adverbial
	Adverbial
	SAdv., SP (autônomos)
	Adjunto Adnominal
	Adjetiva
	Det., mod., SA, SP (internos)
	Aposto
	Substantiva
	SN (autônomo)
	Vocativo
	Substantiva
	SN (autônomo)
TERMOS ESSENCIAIS
O tipo mais comum de oração é o bimembre, isto é, bipartida em SUJEITO e PREDICADO.
SUJEITO – Termo que exprime o ser de quem se diz alguma coisa. É o SN autônomo externo ao predicado, cuja constituição pode apresentar sintagmas internos. 
	A chuva fina de dezembro
	cai.
Posição sujeito preenchida
	Há, entretanto, as orações unimembre, sem sujeito, constituídas somente pelo predicado, que é o núcleo da oração e, em rigor, seu único termo essencial:
	Ø
	Choveu demais este mês.
 Posição sujeito vazia	 Predicado
PREDICADO – Termo que exprime a enunciação, a predicação de um fato qualquer na oração unimembre. Na oração bimembre, é tudo aquilo que se diz, ou se predica, sobre o sujeito. É composto por um SV constituído por núcleo (verbo ou locução verbal) e adjacentes, sintagmas autônomos (termos integrantes).
	Ø
	Há um grande problema aqui.
 Oração sem sujeito	 Predicado 
	Meu pensamento
	é um rio subterrâneo.
 Sujeito					 Predicado
QUESTIONAMENTO: O sujeito é mesmo um termo essencial?
A existência de sentenças sem sujeito contradiz a classificação tradicional em termos essenciais, pois, se o SUJEITO é essencial, ele precisaria estar presente na oração. Na verdade, o único termo efetivamente essencial é SV (predicado), que traz o verbo como grande hierarquizador oracional. Sendo assim, todos os outros sintagmas são hierarquizados pelo verbo, inclusive o Sujeito, que não passa também de seu adjacente (externo).
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE LETRAS - LIPO
CURSO: LETRAS – 2º PERÍODO DISCPLINA: LP II
PROFESSOR: DAYHANE ESCOBAR PAES
 SUJEITO E SUAS CARACTERÍSTICAS�
O SUJEITO se define por ser o SN com o qual o núcleo do predicado, frequentemente, mantém relação de concordância (número-pessoal). 
Outras características a serem observadas, em conjunto, na análise do sujeito:
 
- É um SN autônomo que não pode vir preposicionado (SP);
- Pode conter mais de um SN coordenado;
- Ocupa preferencialmente a posição à esquerda do verbo, no padrão oracional SVC;
- Pode ser substituído pelos pronomes pessoais retos ELE(S), ELA(S);
- Seu núcleo pode ser acompanhado por determinantes, modificadores e sintagmas internos;
- Transforma-se em “Agente da Passiva” na conversão da na voz ativa para a voz passiva.
O Carnaval anima os foliões.
Os foliões são animados pelo Carnaval.
TIPOS DE SUJEITO
1) SUJEITO SIMPLES – Aquele que possui como núcleo um só SN (mesmo que este apresente sintagmas internos a ele).
	A luta por melhorem salários 
	já deixou muita gente desempregada.
 Sujeito simples (um SN)			 Predicado
2) SUJEITO COMPOSTO – Aquele que possui dois ou mais núcleos, isto é, dois ou mais SN coordenados. 
	Álcool e direção 
	são uma combinação mortífera.
 Sujeito composto (dois SN)			 Predicado
QUESTIONAMENTO:Vale a pena classificar o sujeito em simples ou composto?
A classificação sujeito simples ou composto é absolutamente irrelevante quando já se conhece o processo de coordenação, pois o sujeito composto consiste apenas em dois ou mais SN em coordenação, fato que pode ocorrer com qualquer outra função sintática:
Ana e Luísa saíram-se bem na prova. [Coordenação de SN sujeito]
Eles compraram livros e cadernos. [Coordenação de SN complemento verbal]. 
Alguém aí fala em “complemento verbal composto”?
Contata-se, portanto, um excesso no uso de nomenclatura, o que tem relação direta com o extremo peso atribuído, equivocadamente, à função sintática “sujeito”. 
3) SUJEITO OCULTO (ELÍPTICO OU DESINENCIAL) – Aquele indicado pela desinência verbal e/ou já apresentado anteriormente no texto. O lugar sintático do sujeito não é ocupado, isto é, não há um SN expresso. 
[Eu] Estou sozinho.
Lava [tu] esse carro, por favor.
A empregada de D. Alice traz-me o café e as refeições. [Ø] É discreta e atenciosa. 
 
QUESTIONAMENTO: Vale a pena classificar o sujeito como oculto?
Classificar o sujeito como oculto teria pertinência e lógica somente se este viesse em face de uma categoria denominada de “sujeito expresso”, com a qual manteria uma relação de oposição – relação essa indispensável à delimitação de qualquer quadro classificatório, já que “um termo é o que outro não é”. 
4) SUJEITO INDETERMINADO – Aquele que não se quer, não se pode ou o qual não se interessa indicar, isto é, mostra-se contextualmente desconhecido ou sua identidade é “desconhecida” intencionalmente. Existe um sujeito, mas sua identidade é indeterminada.
1º Caso: Verbo na 3º pessoa do plural – caso prototípico de sujeito indeterminado
Falaram mal de você.
Estão batendo.
2º Caso: Verbo na 3º pessoa do singular + pronome SE (índice, sinalizador da indeterminação)
Precisa-se de vendedores. (Alguém precisa de vendedores)
Fala-se demais aqui. (Alguém fala demais)
É-se feliz aqui. (Alguém é feliz)
(Obs.: Não se pode confundir a construção com sujeito indeterminado com a voz passiva pronominal, como se vê no exemplo seguinte: “Vendem-se casas”/”Casas são vendidas”. Essa diferença será detalhada em outra apostila).
QUESTIONAMENTO: Em “Alguém falou mal de você”, temos um caso de sujeito indeterminado?
De acordo com a classificação vigente, diremos que temos um caso de sujeito simples, ainda que haja ideia de “indeterminação” (não se sabe quem falou mal). O mesmo ocorre em: Muita gente fala mal da presidenta / A pessoa estuda, estuda e não consegue nada / Ou você pertence àquele grupo ou você ignoram / A gente trabalha, trabalha, mas não vence na vida. 
Isso tudo ocorre porque o termo “indeterminado”, ao contrário de “simples”, “composto” e “oculto”, aponta para um critério semântico, e não formal. Há, portanto, uma mistura de critérios, o que pode dificultar o estudo dos tipos de sujeito.
5) ORAÇÃO SEM SUJEITO (unimembre) – A enunciação centra-se no predicado, que não se diz algo sobre qualquer sujeito. O verbo, assim, torna-se IMPESSOAL (mantém-se na 3º pessoa).
1º Caso: verbos que denotam fenômenos da natureza (meteorológicos)
Nevou muito ontem.
Anoiteceu na floresta.
2º Caso: verbos ter (informal) e haver no sentido de “existir”
Houve muitos acidentes no carnaval deste ano.
Tem um buraco na parede.
(O verbo é impessoal e permanece na terceira pessoa, sem concordar com o termo seguinte)
3º Caso: Verbo ser no sentido de tempo em geral
São duas horas.
(O verbo ser impessoal concorda, nestas construções, com a expressão numérica)
4º Caso: Verbos andar, fazer, haver e ir + para no sentido de tempo decorrido
Faz anos que não o vejo.
Há muitos anos não acontece isso.
Vai para dez anos que não me visitava.
(O verbo é impessoal e permanece na terceira pessoa, sem concordar com o termo seguinte)
PROPOSTA (SIMPLIFICADA) DE CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO
1º Caso: Quanto à forma, expresso ou não expresso.
2º Caso: Quanto à referência (conteúdo semântico), definido, indefinido ou sem referência.
 
	REFERÊNCIA
	FORMA
	(SENTIDO)
	NÃO EXPRESSO
	EXPRESSO
	DEFINIDA
	 Fui ao teatro.
Fomos ao teatro.
	As minhas amigas foram ao teatro.
Nós fomos ao teatro.
Catariana e Luciana já trabalham.
	INDEFINIDA
	Roubaram as rosas do jardim.
Vive-se mal nas cidades grandes.
Precisa-se de ordem e progresso.
	Alguém roubou as rosas do jardim.
As pessoas precisam de trabalho.
Você vê muito comércio no centro.
Todo mundo assiste à TV.
	S/ REFERÊNCIA
	 Choveu muito.
Fez frio.
 Houve confusão.
	
Vantagens dessa proposta
- Elimina a divisão desnecessária entre sujeito simples e sujeito composto. Ambos são postos na categoria de “sujeito expresso”.
- Atribui lógica e pertinência à categoria “sujeito oculto” (não expresso), uma vez que ela aparece em oposição à categoria “expresso”, facilitando a compreensão da teoria.
- Utiliza, de modo uniforme e coerente, os dois critérios presentes inconsistentemente na classificação tradicional: o formal e o semântico. Com isso, desfaz a confusão na identificação do sujeito indeterminado.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE LETRAS - LIPO
CURSO: LETRAS – 2º PERÍODO DISCPLINA: LP II
PROFESSOR: DAYHANE ESCOBAR PAES
 PREDICADO E SEUS TIPOS�
	À exceção do vocativo, tudo o que, na oração bimembre, não é sujeito ou não está interno ao sujeito constitui o predicado, termo que contém a informação nova para o ouvinte. A informação nova poderá ou não estar contida num SV. Daí a classificação do predicado em:
 
1) PREDICADO NOMINAL: Quando o núcleo do predicado (o predicador) está contido num SN, SA ou SP, denominado predicativo, ligado ao sujeito por intermédio de um verbo “esvaziado de sentido”, chamado de ligação (VL) ou relacional, que funcionaria apenas como um conectivo, uma “ponte” ou um elo entre o sujeito e o predicativo.
O mistério é o encanto da vida. [SN] + VL + [SN]
Você é das Arábias. [SN] + VL + [SP]
O professor sou eu. [SN] + VL + [SN]
O assaltante está livre. [SN] + VL + [SA] 
VL ou Relacional - ser, estar, permanecer, tornar-se, ficar, continuar e outros que acidentalmente funcionam desse modo. Características: 
- ser vazio de sentido;
- não ter sentido completo;
- ter como complemento o predicativo (SN, SP ou SP).
2) PREDICADO VERBAL: Quando o predicado possui um SV, cujo núcleo é um verbo de sentido preciso ou nocional acompanhado ou não de elementos adjacentes.
O soldado morreu.
Todos fugiram.
A criança encontrou o brinquedo.
Os alunos pediram revisão da prova.
Verbos Nocionais:
- Intransitivos (de predicação completa) – suficientes para representar a noção predicativa;
- Transitivos (de predicação incompleta) – requerem, para a integridade do predicado, termos que complementem seu sentido.
3) PREDICADO VERBO-NOMINAL OU MISTO: Quando o predicado possui dois núcleos (predicadores) – um expresso por um SV (núcleo + adjacentes) e outro por um SN, SA ou SP. Em outras palavras, fundem-se um predicado verbal e um nominal. Normalmente, aparecem verbos como “julgar”, “acusar”, “eleger”, “nomear”, “chamar”.
a) Predicativo referente ao SN Sujeito:
O trem chegou atrasado. (Artifício didático: “O trem chegou” e “Ele estava atrasado”)
b) Predicativo referente ao SN Complemento Verbal:
Rui elegeu Rui Barbosa senador. (Artifício didático: “A Bahia elegeu Rui Barbosa” e “Ele tornou-se senador”)
Encontrei a rua silenciosa.
Levo a minha consciência sossegada.
Obs.: Para o entendimento dos tipos de predicado, é importante compreender o funcionamento do predicativo, que é um sintagma autônomo relacionado, geralmente, ao sujeito ou ao complemento verbal. Retomaremos tal função, detalhando-a, quando explorarmos os termos integrantes.
QUESTIONAMENTO: Vale a pena distinguir os tipos de predicado?
A classificação do predicado em verbal, nominal e verbo-nominal é desnecessária, pelos seguintes fatores, como argumenta Evanildo Bechara:
- Retira-se o status de verbo de SER e ESTAR,que passam a ser vistos apenas como conectivos;
- O verbo de ligação apresenta todos os elementos contidos nos verbos nocionais (tempo, modo, número e pessoa) e possui significação (estado permanente e transitório, por exemplo);
- Constrói oração assim como qualquer verbo;
- Hierarquiza, como todo verbo, a oração.
Portanto, essa classificação aumentaria uma teorização desnecessária e contrariaria os modernos estudos sintáticos, que atribuem ao verbo, seja ele qual for, a função do grande hierarquizador oracional: [Ana] ↔ É ↔ [feliz].
OUTRA INTERPRETAÇÃO PARA O PREDICADO
O Predicado de uma oração pode ser SIMPLES ou COMPLEXO, conforme o “movimento” de sentido do verbo que lhe serve de núcleo. Há verbos que possuem uma ampla extensão semântica, que deve ser delimitada por seus complementos (dirige a carga semântica para seus complementos obrigatórios) e há verbos suficientes em si quanto ao sentido (concentra em si esta carga).
Os verbos que necessitam de delimitação semântica e de complementos para expressar a relação predicativa são os TRANSITIVOS e os que não necessitam destes complementos são os INTRANSITIVOS.
Sendo assim, se todo predicado é verbal, ele será simples quando apresentar verbo intransitivo e complexo quando apresentar verbo transitivo. Os casos em que aparecem os verbos de ligação também se enquadram no predicado complexo.
Eles comeram maçã. (complexo)
Eles gostam das aulas de Português. (complexo)
Ela não trabalha. (simples)
Ela parece feliz. (complexo)
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE LETRAS - LIPO
CURSO: LETRAS – 2º PERÍODO DISCPLINA: LP II
PROFESSORA: DAYHANE ESCOBAR PAES
 PREDICAÇÃO VERBAL�
O elemento fundamental da oração, o verbo (ou SV), vincula, na maioria das vezes, duas unidades significativas e funções sintáticas relacionais, entre as quais se estabelece a predicação: o sujeito e o predicado. O ato de predicar, já sabemos, é o “falar de”.
A predicação pode ser referida, quando apresentar sujeito (referente) e predicado (referido), ou não referida, quando só apresentar predicado:
	O aluno
	estuda.
Predicação referida: sujeito + predicado.
	Ø
	Está fazendo calor.
Predicação não referida: verbo impessoal, oração sem sujeito.
Observe as seguintes construções oracionais: 
Eu estudo Português às segundas-feiras no horário da manhã.
Eu estudo Português às segundas-feiras.
Eu estudo Português.
Eu estudo.
Estudo.
QUESTIONAMENTO: Qual é efetivamente a chave da oração?
Constituinte indispensável: verbo \ Outros constituintes: adjacentes
Obviamente, a adjacência não apresenta o mesmo grau de coesão e de dependência entre os variados constituintes. Há graus maiores e menores de integração entre eles. Mas, nem mesmo o sujeito é imprescindível na oração, como se pode ver. Somente o verbo (SV) é indispensável, sendo, portanto, a chave para compreender a estrutura oracional. 
SINTAGMA VERBAL, TRANSITIVIDADE E VALÊNCIA
O verbo, de acordo com seu sentido, projeta todos os outros termos oracionais, em sua relação de predicação: o sujeito, os complementos, os predicativos, os adjuntos adverbiais. Essas propriedades do verbo levaram o linguista francês Lucien Tesnière a colocar o verbo no ápice da hierarquia oracional, como o responsável pela seleção dos demais elementos do enunciado. É a noção de VALÊNCIA (termo proveniente da química).
Ana comprou um trem elétrico para seu filho hoje.
 
Ana ← COMPROU 	→ um trem elétrico
			→ para seu filho
			→ hoje
	Os elementos ativados pela valência do verbo são chamados ARGUMENTOS, que não têm seu sentido advindo dos estudos textuais da argumentação. Argumento, aqui, significa termo que é regido, solicitado obrigatoriamente pela significação do verbo.
Graciliano conheceu experiências amargas durante sua vida.
Graciliano (Quem conhece?) ← CONHECEU → experiências amargas (Conhece o quê?) 
						 → durante sua vida (Quando?)
O verbo CONHECER projetou, selecionou semanticamente:
- um argumento externo – o sujeito Graciliano (por estar fora do SV predicado); 
- um argumento interno – o complemento experiências amargas (por integrar o SV predicado);
- um termo não argumental relacionado ao verbo, que acrescenta circunstância de tempo – durante sua vida.
Os termos argumentais (obrigatórios) e não argumentas (não obrigatórios) servem para distinguir complementos (termos de integração forte com o verbo) de adjuntos (termos de integração fraca com o verbo).
Os predicadores verbais podem projetar as seguintes estruturas:
a) Com 3 argumentos: Ele deu o dinheiro aos pobres. (Alguém DÁ algo a alguém)
			 Eu dividi o pão com os pobres. 
			 Eu levei as crianças ao colégio.
	
O predicador seleciona 1 argumento externo e 2 internos. 
b) Com 2 argumentos: Ele matou o pássaro. (Alguém MATA algo ou alguém)
			 Isso interessa aos alunos.
			 Eles acreditam em você.
			 Eles moram no Rio. 
O predicador seleciona 1 argumento externo e 1 interno. 
c) Com 1 argumento:	As crianças pulam. (Alguém ou algo PULA)
			Chegou uma encomenda.
			Houve muitas festas.
O predicador seleciona 1 argumento externo ou 1 interno. 
d) Sem argumento: Choveu. (Simplesmente ocorre)
		 Amanheceu.		 
	
O predicador não seleciona argumentos, pois sua predicação é suficiente. 
Quanto à predicação verbal, os verbos são tradicionalmente classificados como transitivos e intransitivos.
a) INTRANSITIVOS: contêm em si a suficiência de sentido do predicado, sem necessitar de complementação (não transitam para fora do “circuito semântico do verbo”):
 
As panelas enferrujaram. 		 A modelo faleceu na tarde de ontem.
b) TRANSITIVOS: requerem o acréscimo de complementos que integrem a suficiência de sentido do predicado (transitam para fora do “circuito semântico do verbo”):
- DIRETOS (VTD): verbos que regem complementos sem preposição obrigatória, aparecendo estes apenas justapostos:
O policial baleou um agente florestal. A universidade divulgou os resultados do vestibular.
(BALEAR alguém.)
- INDIRETOS (VTI): verbos que regem complementos com preposição obrigatória, “esvaziada” de sentido circunstancial, mas com função gramatical de conector: 
Eles reclamam dos prejuízos. 	 Esses alimentos ainda servem para o consumo.
(RECLAMAR de algo)
- DIRETOS E INDIRETOS (VTDI ou BITRANSITIVOS): verbos que regem dois complementos simultaneamente: um com e outro sem preposição obrigatória:
O carteiro entregou o envelope para a moça.	Convidou muitas pessoas para a festa.
(ENTREGAR algo para alguém)
VERBOS DE PREDICAÇÃO VARIÁVEL
 Não há como prever, a princípio, a predicação de um verbo. É o contexto discursivo e o seu sentido que vão determinar sua transitividade e sua predicação, assim como é determinante também a ausência ou a presença de complementos verbais na sentença. Sendo assim, não há caráter absoluto na predicação verbal, como se vê nos exemplos abaixo:
Pedro bebe. \ Pedro bebe vinho.
Aquela firma quebrou. \ Aquela ginasta quebrou o recorde.
\ João quebrou a vidraça. \ O carro quebrou.
Obs.: Na passagem de uma predicação intransitiva para transitiva, ou o contrário, o verbo pode apresentar alteração de sentido.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE LETRAS - LIPO
CURSO: LETRAS – 2º PERÍODO DISCPLINA: LP II
PROFESSORA: DAYHANE ESCOBAR PAES
 TERMOS INTEGRANTES�
	Termos integrantes são aqueles que entram na composição dos termos essenciais (sujeito e predicado). Em comparação aos adjuntos (termos acessórios), possuem maior “aderência” semântica e gramatical ao verbo ou ao nome. De acordo com a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), há os seguintes termos integrantes: complemento nominal, complementos verbais (objeto direto, objeto indireto), predicativos do sujeito e do objeto (já estudados no material sobre tipos de predicado) e agente da passiva (que estudaremos em um material à parte).
1. COMPLEMENTO NOMINAL
Chama-se COMPLEMENTONOMINAL o SP interno que integra o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) “transitivo”. 
Minha crença em você é inabalável. 
A decisão foi favorável ao marido. 
O tribunal decidiu favoravelmente ao marido.
Características:
- É constituído por um SP interno, que complementa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio);
- É um termo argumental, obrigatório;
- Posiciona-se à direita do núcleo nominal;
- Pode vir em forma coordenada.
Transitividade e valência nominal
Percebe-se, a partir do termo complemento nominal, que a valência não é exclusiva aos verbos, ou seja, os nomes também podem ser transitivos ou intransitivos, conforme o contexto. Os nomes, então, apresentam também a propriedade de receber complementos obrigatórios, termos argumentais:
Sua fome de vitória é grande / Tenho horror à violência.
Transitividade nominal variada:
Ele é capaz. / Ele é capaz de tudo. 		
Ele é necessário. / Ele é necessário ao trabalho.
2. COMPLEMENTOS VERBAIS
O núcleo do predicado complexo é acompanhado por diferentes tipos de argumentos internos, os COMPLEMENTOS VERBAIS, que ocupam a posição C no padrão oracional SVC.
2.1 OBJETO DIRETO (COMPLEMENTO DIRETO)
	Chama-se OBJETO DIRETO o SN que complementa obrigatoriamente o sentido de um VTD, exprimindo o ser para o qual se dirige a ação, o paciente, na construção ativa.
Características:
- É constituído por um SN, como o sujeito, sem índice de subordinação necessário (preposição);
- Posiciona-se, normalmente, à direita do verbo, de forma justaposta;
- Não determina o ajuste formal do verbo, ao contrário do SN sujeito;
- Pode vir em forma coordenada;
- Pode ser substituído pelos pronomes oblíquos O(S) e A(S), marcas de número e de gênero;
- Passa a sujeito (“paciente”) na construção passiva;
- Forma uma integração semântica e gramatical forte com o verbo.
Os vizinhos viram o incêndio (OD). / Os vizinhos o viram (OD).
O incêndio foi visto pelos vizinhos (SUJEITO PACIENTE).
Os sinos chamam os cristãos à matriz.
Quem você procura?
2.1.1OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
Por motivações intencionais ou estilísticas, sobretudo para “desambiguizar” certas construções oracionais, pode-se preposicionar o SN objeto direto. Observe os exemplos abaixo:
Adorar a Deus sobre todas as coisas.
(Adorar no sentido religioso e não no de “gostar muito de algo ou alguém”)
“E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho.”
(A ambiguidade causada pela topicalização do OD na oração “E o que ainda não é mesmo velho apavora a mente” foi desfeita pelo emprego da preposição)
Obs.: Há casos de objeto direto preposicionado que acrescentam novo traço de sentido ao verbo, como: Comer o pão / Comer do pão / Cumprir o dever / Cumprir com o dever. 
2.1.2 OBJETO DIRETO PLEONÁSTICO
Na topicalização do OD, pode-se repetir a referência ao complemento através de um pronome. Essa construção é conhecida tradicionalmente como OD pleonástico. Observe: 
O caçador viu o lobo.
O lobo, o caçador o viu.
2.2 OBJETO INDIRETO (COMPLEMENTO INDIRETO)
Chama-se OBJETO INDIRETO o SP que complementa obrigatoriamente o sentido de um VTI ou de um VTDI, exprimindo o “ser” em favor do qual ou em relação ao qual se realiza a ação verbal. Gosto de música. (substituível dela)
Escrevi a um amigo. (substituível por lhe)
Entreguei o livro ao aluno. (substituível por lhe)
Assistiu ao filme do Paulo Gustavo. (substituível por a ele)
QUESTIONAMENTO: Todos os OI vêm precedidos de preposição?
Não vem precedido de preposição o objeto indireto representado pelos pronomes pessoais oblíquos me, te, lhe, nos, vos, lhes e pelo reflexivo se. Note-se que o pronome oblíquo lhe (lhes) é essencialmente objeto indireto:
 “As noites não lhe trouxeram repouso”.
“Disse-me um sem-número de desaforos”.
“Luís Garcia dera-se pressa em visitar o filho”. 
2.2.1 OBJETO INDIRETO PLEONÁSTICO
	Com a finalidade de realçá-lo, costuma-se repetir o objeto indireto.
“A mim, ensinou-me tudo”.
“Aos meus escritos, não lhes dava importância nenhuma”.
3. OUTROS COMPLEMENTOS VERBAIS
	Alguns estudiosos, como o professor Rocha Lima (em Gramática Normativa da Língua Portuguesa), apontam outras duas espécies de complementos não registradas na NGB.
3.1 COMPLEMENTO RELATIVO
	Chama-se COMPLEMENTO RELATIVO o SP que, à semelhança do OI, complementa obrigatoriamente o sentido de um VTI, mas que não pode ser substituído por lhe(s). O que justifica, portanto, a existência do complemento relativo é essa especificidade gramatical. Assim, nem todos os complementos inseridos por preposição seriam OI. Alguns exemplos:
Todos nós gostamos do rapaz (substituível por “dele”).
Poucos assistiram à peça (substituível por “a ela”).
O comerciante não confia no empregado (substituível por “nele”).
O ex-namorado de Paula precisa de conselhos (substituível por “deles”).
Obs.: Os verbos a que se ligam os complementos relativos são chamados de Verbos Transitivos Relativos (também não contemplados pela NGB).
3.2 COMPLEMENTO CIRCUNSTANCIAL
	É um complemento de natureza adverbial – tão indispensável à construção do verbo quanto os demais complementos verbais. Liga-se aos verbos transitivos adverbiais (ignorados pela NGB), que expressam movimento ou situação (como “chegar”, “ir”, “partir”, “seguir”, “vir”, “voltar”, “estar”, “morar”).
	
	“É muito romântico morar em Paquetá”.
	“Voltou do jantar ainda há pouco”.
	“Marina ia à igreja sempre que traía o namorado”.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE LETRAS - LIPO
CURSO: LETRAS – 2º PERÍODO DISCPLINA: LP II
PROFESSORA: DAYHANE ESCOBAR PAES
 VOZES VERBAIS�
Chama-se “voz” a categoria verbal que exprime a relação entre o verbo e seu sujeito, demonstrando que o predicado assume certa forma sintática para atribuir um papel semântico ao sujeito (os principais: agente e paciente). 
	A “voz”, diferentemente do modo, do número e da pessoa verbais (demonstrados na flexão verbal), se constrói com recursos sintáticos, formando diferentes padrões de SV.
a) Voz ativa: construção sintática em que o sujeito pratica a ação expressa pelo verbo: é agente.
Laura penteia Clarice. (Sujeito agente)
Obs.: A voz ativa é construída a partir de uma longa lista de verbos, sejam transitivos, sejam intransitivos. O papel de agente é apenas uma das muitas noções semânticas apresentadas na voz ativa.
Esta chave abre todas as portas. (Sujeito instrumento)
Aquela sala abriga quarenta alunos. (Sujeito lugar)
A estrada leva ao mar. (Sujeito meio)
Cláudia tem um colar de pérolas. (Sujeito possuidor)
Noção de passividade:
Existe, na construção de voz ativa, a possibilidade de o sujeito apresentar passividade (ser paciente ou experienciador do processo verbal), se o verbo apresentar sentido passivo:
Os criminosos receberam o merecido castigo.
Obs.: O sujeito não pode jamais ser definido por seu valor semântico, mas sim pelo lugar sintático que ocupa na oração, junto a verbos pessoais.
b) Voz passiva: construção sintática em que se atribui ao paciente da ação verbal o papel de sujeito.
As provas foram corrigidas pelo professor.
O documento será plastificado pelo funcionário.
Obs.: A voz passiva típica constrói-se apenas com verbos transitivos diretos da seguinte forma: verbo auxiliar (ser ou estar) + particípio do verbo principal. 
As vozes ativa e passiva podem ser consideradas duas formas de expressar o mesmo sentido. No entanto, escolher uma delas deixa-nos perceber certas motivações textuais ou discursivas. Uma importante diferença entre ambas é que, na voz passiva, por exemplo, a ênfase recai sobre o paciente, além da possibilidade de omissão do agente: 
Regras de apassivação:
1. Reescreve-se o objeto direto da frase na voz ativa como sujeito da passiva.
2. Reescreve-se o sujeito da frase na voz ativa como agente da passiva.
3. Reescreve-se o verbo no particípio, auxiliado pelo verbo ser, este empregado no tempo e modo do verbo da voz ativa.
Voz passiva pronominal ou sintética
O conteúdoda construção passiva pode ser expresso por outra formulação da voz passiva, indicada pelo emprego do pronome SE apassivador com VTD, chamada pela tradição gramatical de passiva sintética:
Vendem-se paraísos. (Verbo em concordância com o sujeito paciente)
Abandonaram-se estas crianças. (Verbo em concordância com o sujeito paciente)
Diferente de: “Vive-se bem aqui”. (“se” ( índice de indeterminação do sujeito)
 “Precisa-se de balconistas.” (“se” ( índice de indeterminação do sujeito) 
QUESTIONAMENTO: Haveria realmente diferença entre essas duas construções?
Nosso maior sintaticista, Said Ali, rechaçou o caso da passiva sintética, demonstrando que Abandonaram-se estas crianças só poderia ser interpretada como Abandonaram estas crianças, ou seja, uma construção que deixa o sujeito indeterminado, assim como Morre-se de fome ou Vive-se num palacete. Desse ponto de vista, a passiva sintética é considerada, na verdade, como uma construção na voz ativa em que o sujeito está indeterminado. Dessa forma, a exigência da concordância é desnecessária, já que em Abandou-se estas crianças ou Vende-se casas, estas crianças e casas são OD e não sujeitos pacientes.
Said Ali já havia, portanto, avalizado construções como Doa-se lindos filhotes de poodle, tão presentes na linguagem cotidiana, por entender que a intuição sintática dos falantes reanalisou e reinterpretou essa construção. Por isso, a presença de tantos casos sem concordância, como Vende-se carros e Joga-se búzios.
c) Voz medial: A oração é construída com verbo pronominal.
Laura se penteia.
- Voz Medial Reflexiva: O sujeito pratica ação sobre si mesmo.
Pedro matou-se. \ Pedro olhou-se no espelho. (a si mesmo)
- Voz Medial Recíproca: Dois ou mais indivíduos praticam ações recíprocas.
Os adversários confrontaram-se durante o jogo. (= um ao outro)
- Voz Medial Dinâmica: O sujeito não pratica ação sobre si mesmo; ele a sofre por causas externas.
Pedro feriu-se nos espinhos da roseira. (= foi ferido)
Foi jogar o lixo e sujou-se todo. (= ficou sujo)
Obs.: O pronome átono que acompanha a voz medial, em geral, funciona como OD.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE LETRAS - CURSO: LETRAS – 2º PERÍODO
DISCPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA II
PROFESSORA: DAYHANE ESCOBAR PAES
RELAÇÕES SINTÁTICAS OU PROCESSOS SINTÁTICOS
A Sintaxe é a parte da gramática que se dedica ao estudo dos padrões estruturais de construção de enunciados e à combinação de unidades no eixo sintagmático da língua. Atualmente, não se trata separadamente sintaxe e morfologia, prefere-se a união de ambas em morfossintaxe, já que escolhemos palavras lexicais e gramaticas, conforme suas características formais e suas funções, e as combinamos em sintagmas, para construir enunciados. 
Entender os processos sintáticos, meios pelos quais se estabelecem as combinações sintagmáticas, é crucial para entender o funcionamento da superfície linguística de um texto, já que tais processos disciplinam e organizam os elementos linguísticos presentes em orações e períodos. Esses processos são de naturezas distintas e os principais são subordinação e a coordenação.
 
A) SUBORDINAÇÃO – É o processo sintático que estabelece uma conexão entre elementos de valor sintático desigual, articulados em relação de dependência entre, no mínimo, dois deles – um central e outro marginal, criando hierarquia entre os sintagmas. 
Em sentido amplo, a noção de regência se associa à de subordinação, já que as palavras se organizam em sintagmas, e estes em orações, de modo que haja relação de dependência entre um elemento nuclear (regente, subordinante) e um adjacente (regido, subordinado).
Logo, a subordinação não deve ser estudada somente quando se conecta uma oração a outra, como feito na análise tradicional. Na oração simples, há conexão subordinativa entre os sintagmas e seus constituintes. Sendo assim, a base da construção (núcleo) rege a unidade adjacente (determinantes e modificadores) que a expande.
A associação entre as palavras fala viva pode ser interpretada sintaticamente de diversas formas, conforme suas relações de dependência. Observe:
a) SN: fala (núcleo) + viva (adjacente modificador) – Uma fala (expressão) é viva (vivaz, fluente)
b) SV + SN: fala (núcleo) + viva (SN modificador) – Alguém fala (diz) a palavra viva
c) SV + SA: fala (núcleo verbal) + SA (predicativo) – Alguém fala estando viva
d) SV + SN: fala (imperativo tu) a palavra viva
Além de captar o sentido do enunciado, acabamos por lhe atribuir relações gramaticais, fato que ocorre graças à intuição sintática (parte da gramática internalizada) que os falantes trazem consigo, podendo, assim, estabelecer padrões de conexão e de hierarquização possíveis para a sentença. As duas palavras não estão apenas em ordem linear, mas organizadas numa ordem estrutural e hierárquica.
Beba leite de cabra em pó. (A ordem linear pode não combinar com a ordem estrutural)
Beba (você) [leite [em pó]]. (SN subordinado ao verbo beber e SP subordinado ao nome leite)
Beba (você) [leite [de cabra]]. (SN subordinado ao verbo beber e SP subordinado ao nome leite)
A ordenação linear, às vezes, impõe limite à ordenação hierárquica. No entanto, nossa intuição sintática nos permite reconhecer a relação de dependência entre leite de cabra em pó e o verbo bebe, assim como a hierarquização estabelecida entre leite (nuclear) e de cabra (adjacente) e entre leite (nuclear) e em pó (adjacente), compreendendo a força subordinativa das conexões sintáticas da língua. 
B) COORDENAÇÃO – É o processo sintático que põe em encadeamento e em emparelhamento termos de valor sintático equivalente, sem construir uma hierarquia ou uma relação de dependência entre eles, isto é, eles são independentes do ponto de vista sintático, porém não o são semanticamente.
	Os termos são interligados por meio de conectivos coordenativos, mas podem apenas se justapor sem a presença deles. Esses coordenantes (conjunções) ligam palavras e grupos de palavras (sintagmas) e não apenas orações, como preconiza a análise sintática tradicional.
Os coordenantes mais básicos e mais representativos de tal processo são E e NEM, pois sua função precípua é juntar ou anexar elementos de mesma natureza e função, mas sabemos que há outros, como OU (alternante), MAS (opositor), etc.
(1) Comprei legumes e verduras. (Coordenação de SN relacionados ao verbo)
(2) Preciso de pregos e de martelo. (Coordenação de SP relacionados ao verbo) 
(3) Rapazes e moças são bem vindos aqui. (Coordenação de SN relacionados ao verbo)
(4) Na madrugada de ontem, na Lapa, um casal de jovens foi pego com drogas. (Coordenação de SP relacionados ao verbo)
Obs.: O caso (3) é tratado pela tradição gramatical como sujeito composto porque se coordenam dois SN, porém os outros exemplos não costumam encerrar essa classificação. Além disso, deve-se perceber que a coordenação tem de ser estudada ainda no período simples, ao contrário do que pregam análises tradicionais.
 
OUTROS PROCESSOS SINTÁTICOS:
	Sobre a arquitetura sintática das orações, há que se dizer que, quando os sintagmas se organizam em orações, estabelecem-se as relações de subordinação, que se manifestam de três maneiras: pela variação morfossintática das formas, pelo uso de conectivos e pela posição dos elementos.
C) CONCORDÂNCIA 
É o ajuste morfossemântico e morfossintático entre os termos da oração, isto é, fenômeno em que são manifestadas as relações de forma e de sentido entre elementos adjacentes e nucleares que variam um em função do outro no interior da oração. Observa-se a concordância entre os elementos dos sintagmas e entre os sintagmas entre si.
Entre os elementos afetados por essa relação, existe um núcleo que condiciona o ajuste de formas assumido pelos adjacentes.
- Entre os elementos do SN – o núcleo determina o ajuste dos adjacentes:
Os animais domésticos estão doentes. (o adjetivo e o artigo concordam com o núcleo do sintagma, variando suas formas)
- Entre o SN sujeito e o SV – o SN sujeitoe o SV predicado contraem entre si uma relação formalmente expressa pela concordância traduzida no verbo:
[Os pais do rapaz] morreram no acidente. (verbo concordando com o núcleo do SN) * Mais adiante problematizaremos essa questão.
Isso já não ocorre entre o SN objeto e o SV, como se vê em As moças enceraram o carro.
- Entre o SN e o SA predicativo – há concordância dupla do SN com o verbo e do SN com o SA, o que evidencia suas ligações sintáticas:
Este aluno é aplicado. (o verbo ser contrai relação morfossintática com o núcleo nominal aluno e aplicado também)
- Entre o SN e o SA dentro do SV:
Achou a refeição boa. (o adjetivo boa contrai relação com o SN refeição)
Observações:
- Na ordem mais livre dos termos, a concordância é fundamental para compreender as ligações sintáticas, pois ela mostra quais termos estão em relação de dependência com outros. Na norma padrão, ela é profundamente redundante, já que se expressa pela repetição das marcas de número e de gênero.
D) REGÊNCIA (em sentido estrito) 
É a construção que relaciona dois termos, um antecedente e um consequente ou um regente e outro regido, entre os quais há uma relação de hierarquia e de complementação, de modo que o regente condiciona a forma do regido.
Ocorre regência quando um elemento (A) requer a anexação de outro (B). B exercerá o papel sintático de complemento de A, numa relação mútua obrigatória (um necessita sintaticamente da presença do outro). Se A é um verbo transitivo, ocorre regência verbal, se é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), regência nominal. 
Comprei muitos livros. (SN regido pelo verbo comprar)
Gostei da sua bolsa. (SP regido pelo verbo gostar)
Independentemente de você, irei à festa. (SP regido pelo advérbio independentemente)
A falta é passível de punição. (SP regido pelo adjetivo passível)
A preposição é um grande índice da subordinação entre dois elementos. Ela aponta, muitas vezes, para a relação de regência necessária entre os sintagmas. E, por isso, é um elo subordinante e um signo de conexão ou conectivo. 
Observação: A relação de regência impõe certo posicionamento aos sintagmas nas orações:
A menina leu a carta.
A carta, a menina leu.
*A menina a carta leu.
(O SN complemento do verbo posiciona-se antes do SN sujeito, topicalizado, ou depois do verbo, mas não entre aquele e este, pois geraria um estranhamento sintático)
E) ORDEM 
É a propriedade sintática que demonstra valor significativo e funcional de acordo com a posição ocupada pelos sintagmas na oração, sinalizando a função que cada um desempenha.
Em Latim, os morfemas de caso permitiam maior liberdade aos termos da oração, fato que fazia a ordem ser, geralmente, um fator estilístico. Já em português, a ordem é muitíssimo importante, pois é um dos elementos definidores das funções exercidas pelos sintagmas.
Há diversas possibilidades de ordenação dos sintagmas nas orações, mas a ordem natural do Português brasileiro é o padrão sintático SVC:
Eu vi o professor ontem. (Sujeito + Verbo + Complemento = ordem sintagmática canônica em português)
O professor eu vi ontem. (C + S + V = inversão muito presente na linguagem oral)
Ana Luísa entregou o cartão para Ricardo.
O cartão Ana Luísa entregou para Ricardo.
João e Maria vieram na festa.
Na festa vieram João e Maria.
Vieram João e Maria na festa.
 
Pode-se observar que, dependendo da ordem, passamos a atribuir pouca naturalidade sintática ao seguinte padrão: *O cartão entregou Ana Luísa para Ricardo. (Padrão oracional que fere semântica e sintaticamente a intuição linguística do falante)
Observações: A alteração na ordem canônica pode gerar casos em que não ocorre a concordância, sobretudo quando se intercala termos:
Saiu, no fim da tarde deste dia 14 de outubro, os resultados da eleição para presidência do Brasil.
(SN sujeito posposto sem concordância com o verbo, causada muito provavelmente pela distância entre um e outro)
A ordem dos sintagmas pode desfazer casos de ambiguidade entre os dois SN relacionados ao verbo:
Ele encontrou ele ontem. (Frase em variedade informal em que a ordem define as funções – o elemento anteposto ao verbo é o SN sujeito e o posposto é o SN complemento verbal)
E) PARALELISMO 
É a simetria da arquitetura sintática que organiza ideias similares em estruturas sintáticas (de mesma função) também similares. Essa regra, no entanto, não é rígida sintaticamente e pode servir mais a efeitos estilísticos.
Esta ideia é terrível e ameaçadora. (SA coordenados em paralelismo) 
Quero e necessito muito de sua ajuda. (querer rege complemento sem preposição e necessitar, com preposição – falso paralelismo)
Gosto de biscoitos e que você me faça bem. (Quebra de paralelismo sintático)
A energia nuclear não se aplica somente à produção da bomba atômica ou para outros fins militares.
(Sintagmas Preposicionados com quebra de paralelismo sintático causado pelo uso de diferentes preposições)
Observação: A quebra de paralelismo pode ser um grande recurso sintático para gerar expressividade.
F) CORRELAÇÃO 
É um processo sintático intermediário entre a coordenação e a subordinação que ocorre introduzido por um par de conectivos, o qual relaciona sintagmas em interdependência sintático-semântica.
Dedica-se aos estudos não só de Psicologia, mas também de Anatomia. (conectivos de adição)
O bom aluno ora estuda ora descansa. (conectivos de alternância)
G) TOPICALIZAÇÃO 
Nos estudos de sintaxe, usa-se o termo topicalização para indicar o deslocamento de um sintagma de sua posição normal na frase para o início dela – o que geralmente se dá por motivações intencionais, como a ênfase. É o que se costumava chamar por inversão sintática. O fato é comum na língua oral, como quando, por exemplo, um falante diz: "Seu filho mais velho eu vi hoje na praia. Estava muito bem acompanhado. De bobo ele não tem nada."
Sei quase nada de você. 
De você sei quase nada. (Topicalização do SP complemento do verbo saber, que o transforma em tópico, assunto da sentença, mudando o foco da ordem natural SVC)
Minha mãe encontrou na gaveta o anel de brilhantes.
O anel de brilhantes minha mãe encontrou na gaveta. (Topicalização do SN complemento do verbo encontrar)
Observação: Obviamente, esse é um processo especial relacionado à ordenação sintagmática.
� Material elaborado em parceria com os professores Aytel e Anderson Souto.
� Material elaborado em parceria com os professores Aytel e Anderson Souto.
� Material elaborado em parceria com o professor Anderson Souto.
� Material elaborado em parceria com os professores Aytel e Anderson Souto.
� Material elaborado em parceria com os professores Aytel e Anderson Souto.
� Material elaborado em parceria com os professores Aytel e Anderson Souto.
� PAGE \* MERGEFORMAT �1�

Outros materiais