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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE QUÍMICA Química Ambiental: Chuva Ácida Nome: Hercules Pereira da Silva Professor: Filipe Gomes Data: 23/12/2015 Sumário: Introdução ............................................................................................................ 3 Chuva Ácida ......................................................................................................... 4 Efeitos da Chuva Ácida ....................................................................................... 6 Prevenção de Chuvas Ácidas .............................................................................. 7 Conclusão .............................................................................................................. 7 Referências Bibliográficas .................................................................................. 8 Introdução: O incansável aperfeiçoamento das técnicas de trabalho e desenvolvimento de novas tecnologias, mais expressivamente a partir de meados do século 18, marcou a história da humanidade, como a Revolução Industrial, onde observa-se a transição do artesanato para a manufatura e o crescimento das cidades devido à atração da população britânica com os novos postos de trabalho e esperança de uma vida mais promissora. Apesar desse mesmo crescimento exponencial de produção científica virem até os dias atuais, muitos problemas sociais e ambientais surgiram juntamente com as grandes mudanças no sistema capitalista. Regiões onde há uma maior concentração de atividade fabril e de carros, principalmente, emitem grandes quantidades de gases poluentes na atmosfera como óxidos de carbono, enxofre e nitrogênio, devido à constante queima de carvão e combustíveis (fósseis ou não) para suprir a necessidade energética das grandes cidades. O crescimento do agronegócio e aumento populacional, entre outros interesses humanos, têm provocado também uma grande devastação de matas e florestas por meio de queimadas. Consequentemente, esses fatores afetam cada vez mais o bom funcionamento do ciclo natural das águas, gerando a chuva ácida [2], o objetivo de estudo deste trabalho. A sustentabilidade e a responsabilidade social e ambiental não acompanharam o mesmo crescimento do desenvolvimento tecnológico. O termo chuva ácida apareceu em meados do século 18, mas só teve sua visibilidade essencialmente a partir de 1950. [1] Chuva Ácida: Denominamos “chuva ácida” como a precipitação atmosférica onde as gotículas de água contêm quantidades “anormais” de certos ácidos se comparado às chuvas de regiões despoluídas. A chuva ácida é considerada um processo natural em regiões mais restritas do planeta devido às erupções vulcânicas que liberam diversos gases provindos das camadas mais internas da terra, como HCl e óxidos de enxofre. [1] Porém, este processo anteriormente natural tem se intensificado e diversas outras regiões devido à ação humana. Nas regiões urbanas onde a poluição atmosférica é mais intensa, observamos uma quantidade maior desses ácidos formados e/ou dissolvidos nessas gotículas devido à demanda energética das populações e, consequentemente, maior emissão de gases poluentes. [1] [2] Abaixo temos o equilíbrio de reação entre água e CO2, um dos principais gases poluentes e mais emitidos na atmosfera hoje em dia, tornando a chuva ligeiramente ácida com a formação de um ácido fraco: [1] ܪଶܱ() + ܥܱଶ () ↔ ܪଶܥܱଷ() [1] ܪଶܥܱଷ () ↔ ܪା + ܪܥܱଷି [1] Devido ao ácido carbônico ser fraco, há liberação em menor quantidade de íons H+ na atmosfera e nas gotículas de água da chuva. Consequentemente, o pH se torna mais baixo, em torno de 5 ou menor, enquanto o normal observado está em torno de 5,6. [1] Há ainda a emissão de outros gases poluentes, como SO2 e NOx. Nestes casos, há formação de ácidos mais fortes, predominantes nas áreas fabris e grandes cidades, que são as grandes emissoras desses gases. Geralmente, o pH da chuva nestas regiões é menor que 4,5, podendo chegar até 2. [2] ܱܵଶ ܱଶ→ܪଶܱ ܪଶܵ ସܱ [1] ܰ ௫ܱ ܱଶ→ܪଶܱܪܱܰଷ [1] Os óxidos apresentados são denominados poluentes primários. Apesar de serem muito pouco solúveis em água, as reações predominantes na atmosfera os transformam em ácidos fortes, que são muito solúveis em água e precipitam juntamente, causando vários problemas ao meio ambiente, construções civis, saúde humana e animal, entre outros. A predominância de cada ácido pode variar com a região, dependendo da quantidade e proporção que é emitido certo poluente primário em relação aos outros. [1] Neste sentido, há lugares hoje em dia onde encontramos situações críticas de poluição atmosférica e que acarretam na maior queda de pH com a concentração cada vez maior de ácidos nas chuvas; porém, isso ainda não nos diz exatamente onde ocorrerá a queda das chuvas ácidas, devido à alta capacidade de compressibilidade e transporte dos gases. Sendo assim, os ventos que circulam pelo planeta podem carregar nuvens e gotículas de água contaminadas evaporadas para diversos locais diferentes. Alguns países industrializados da Europa por exemplo emitem esses gases formadores de ácidos, cujas chuvas precipitam em regiões da Noruega e Suécia. A figura 1 nos mostra a forma com que é distribuída estimativamente o pH das águas em precipitação no planeta. [1] Fig. 1 - Padrão Global de acidez da precipitação [1] Efeitos da Chuva Ácida: Como dito anteriormente, apenas poluentes secundários (ácidos, peróxido de hidrogênio) são solúveis em água e participam da fração mássica em quantidades maiores das precipitações consideradas ácidas, que afetam o ciclo natural dos recursos hídricos e trazem consequências diversas. De fato, essa perturbação do processo natural causa diversos danos à flora, fauna e saúde humana. A inalação direta, consumo de águas e alimentos contaminados e absorção pela pele podem gerar diversos problemas à saúde, como certas doenças pulmonares e cardiovasculares e distúrbios neurocomportamentais. Em meio comum, a chuva ácida também pode comprometer o abastecimento público e ampliar as dificuldades no tratamento de esgoto. O caso mais famoso e drástico ocorrido envolvendo os danos causados pela chuva ácida foi em dezembro de 1952 na cidade de Londres, onde cerca de 4000 pessoas foram mortas. [2] A fauna e a flora também são vítimas desse fenômeno. A acidificação do solo é um grande problema nestas regiões afetadas, que chega a devastar florestas inteiras devido ao comprometimento da fertilidade do solo. A deterioração também afeta a atividade de microrganismos e impede a fixação das leguminosas e intensifica a lixiviação. Nos rios, lagos e mares, a acidificação das águas desloca o equilíbrio, reduzindo a concentração de gás oxigênio e exterminando muitos seres aquáticos. [1] [2] Fig. 2 – Estátua no Castelo de Herten, Alemanha [6] A chuva ácida é responsável também pelo processo de degradação de estátuas e monumentos históricos, entre outras construções civis, devido à reação do ácido com CaCO3, principal componente do mármore: [1] ܥܽܥ ଷ (௦) + ܪ()ା → ܥܽ()ା + ܪܥ ଷ ()ି [1] ܪܥܱଷ ()ି + ܪ()ା → ܪଶܥܱଷ () → ܥܱଶ () + ܪଶܱ() [1] Prevenção de Chuvas Ácidas: Um dos métodos mais utilizados nas indústrias e usinas que utilizam carvão como fonte de energia é a remoçãode enxofre por meio de sucção dos gases liberados ou reação com o calcário. Nesses casos, a captura do enxofre é ainda proveitosa, já que há transformação da poluição em sulfatos que são de grande interesse para as indústrias. Muitas fábricas utilizam filtros e precipitadores eletrostáticos em suas chaminés que são exigidos por lei para a redução da emissão de poluentes primários. Tecnologias já muito empregadas como a dessulfurização microbiológica e a dessulfurização via úmida são feitas antes e depois da queima do carvão, ampliando o controle das emissões. Atualmente, existem muitas pesquisas relacionadas à retirada do enxofre por meio da tecnologia de hidro-pirólise, que aumenta a eficiência da dessulfurização. [3][4][5] Há também alternativas mais sustentáveis ou menos poluentes apresentadas em diversos países, inclusive no Brasil, e que são amplamente discutidos em encontros internacionais direcionados exclusivamente à questão ambiental, como o investimento em captação de energia a partir de renováveis e pouco/não poluentes (hidrelétricas, eólicas, nuclear, solar), investimentos em transportes públicos e utilização de filtros em escapamentos de carros para o controle das emissões gasosas na atmosfera. [4] Conclusão: O ser humano como grande transformador do espaço terrestre deve sempre estar atento às discussões e estudos sobre a sustentabilidade e impactos ambientais, pois tudo se resume aos biomas, aos ciclos naturais e aos recursos que estão à nossa volta e a forma como o exploramos. É essencial ressaltar sempre a necessidade de debater e estudar a química ambiental e entender os mecanismos da natureza que está constantemente buscando o equilíbrio, e que, como protagonistas do descaso com o meio ambiente, cabe a nós cada vez mais tomar consciência da responsabilidade social e ecológica que temos com o planeta em que habitamos. O estudo feito sobre chuva ácida nos mostra a grande importância de dar visibilidade aos problemas que estão ao nosso redor e, além de solucionar, procurar também medidas preventivas e alternativas mais eficazes, rumo ao desenvolvimento sustentável e responsável. Referência Bibliográfica: [1] BAIRD, C.; CANN, M. Environmental Chemistry. 4. ed. Nova York: W. H. Freeman and Company, 2008. [2] FORNARO, A. Águas de chuva: conceitos e breve histórico - há chuva ácida no Brasil?. Revista USP, São Paulo, n. 70, p. 78-87, jun/ago 2006. [3] HAIJUN, W. et al. Study of coal hydropyrolysis and desulfurization by ReaxFF molecular dynamics simulation. Fuel, Pequim, v. 145, p. 241-248, 1 abr. 2015. [4] TISSOT, R. C. M.; MISSEL, R. L. Tratamento dos Efluentes Atmosféricos da UTE Charqueadas. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. [5] MARTINS, J. L. et al. Eficiência da cinza do Carvão Mineral resultante da Dessulfuração na correção da acidez do solo. Revista Brasileira de Agrociência. Pelotas, v. 6, n. 3, p. 248-250, set-dez. 2000. [6] MACHADO, M. AMA Natureza: Ajuda ao Meio Ambiente. Disponível em: <http://amanatureza.com/conteudo/artigos/chuva-acida>. Acesso em: 21 dez. 2015.
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