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© 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 1 Como citar este material: PADOVEZE, Clóvis Luís. Administração Financeira: Decisão de Financiamento e Dividendos. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2015. Olá, pessoal! Este tema aborda as duas decisões financeiras fundamentais que complementam a decisão de investimentos, considerada a principal decisão financeira. São elas: a decisão de financiamento e a decisão de dividendos. A decisão de investimento lida com o valor que será necessário para um novo projeto, um novo negócio, a compra de um equipamento, de uma empresa etc. No momento em que essa decisão deve ser tomada, devemos verificar se haverá o retorno do investimento adequado. Se houver, a decisão deverá ser investir. Neste exato momento, surge a necessidade de tomar a segunda decisão: a decisão de financiamento! Uma coisa é identificar um investimento com retorno adequado e ter capacidade para fazê-lo e operá-lo com eficácia. Outra coisa é ter o dinheiro para investir. A busca pelo dinheiro para investir é a chamada decisão de financiamento. Depois, quando o investimento estiver operando, ele deverá dar o lucro ou o retorno esperado. Aí é que entra a última decisão financeira fundamental: a decisão de dividendos. Vamos decidir se todo o lucro será devolvido para o acionista como distribuição pelo seu esforço de financiar ou se é mais vantajoso manter parte do lucro na empresa para futuros investimentos. Este tema abordará esses aspectos principais. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 2 Como complemento natural da determinação da estrutura do ativo na decisão de investimento, há a necessidade da decisão de financiamento, ou seja, verificam-se quais serão as fontes de recursos a serem buscadas que permitirão a efetivação do investimento proposto. A decisão de financiamento para um projeto específico determina sua estrutura específica de passivo. Contudo, dentro da visão de uma operacionalidade contínua, uma empresa não deixa de ser uma sucessão de projetos de investimentos. Assim, a decisão de financiamento de um projeto junta-se a decisões anteriores de financiamento de outros projetos, formando, em seu conjunto, a estrutura de passivo da empresa. Essa estrutura de passivo deve ser administrada continuadamente. 7.1 Conceito de Estrutura de Capital Define-se estrutura do passivo como a participação relativa dos diversos tipos de fontes de capital remuneradas que estão sendo utilizadas para financiar os investimentos do ativo da empresa. A estrutura de passivo também é denominada estrutura de capital. Dentro do estudo da estrutura de passivo não se devem considerar como fontes de capital os passivos normais decorrentes do financiamento dos custos das operações da empresa, tais como fornecedores, contas a pagar, salários e encargos sociais a pagar, impostos a recolher e adiantamentos de clientes. Esses são denominados passivos de funcionamento, pois não são remunerados explicitamente com juros, e os prazos de pagamento desses passivos existem para dar operacionalidade de rotina de pagamentos. Esses passivos, para estudo da estrutura de passivo, devem ser alocados no ativo com sinal negativo, pois fazem parte do investimento no capital de giro. Os passivos remunerados com juros, que fazem parte do conceito de estrutura de passivo, são denominados passivos de financiamento. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 3 Portanto, a estrutura de capital de uma empresa é dividida entre fontes de capital próprio e fontes de capital de terceiros, conforme mostra a Figura 7.1. Figura 7.1 Estrutura de capital. Fonte: Elaboração do autor O capital de terceiros representa as fontes de financiamentos externas à empresa (empréstimos, títulos de dívida etc.), e o capital próprio representa as fontes internas de financiamentos, decorrentes dos aportes de capital social pelo sócio ou acionista e lucros obtidos e não distribuídos. A estrutura de capital comporta, então, fontes de recursos que financiam efetivamente a estrutura do ativo operacional da companhia e, portanto, exige remuneração por meio de juros ou dividendos e qualquer outra forma de distribuição de lucros. A ligação entre a estrutura de capital e a estrutura de ativos ocorre naturalmente quando da decisão de investimento. Quando chega o momento de decidir se o investimento será realizado, automaticamente, também se está decidindo pela estrutura do passivo e quanto esse passivo deverá ser remunerado pelo retorno do investimento. Estrutura de Capital como Fonte de Longo Prazo É fundamental entender que a estrutura de capital ou de passivo de uma empresa deve ser composta por fontes de recursos de perfil de longo prazo. O capital próprio, que representa os recursos dos sócios ou acionistas aportados © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 4 na empresa, claramente tem um perfil de longo prazo, porque se parte da premissa de que a empresa manterá suas operações indefinidamente ao longo do tempo. Deve-se considerar o mesmo conceito para o capital de terceiros como fonte de capital. Assim, quando a empresa capta recursos de bancos ou por meio de outros instrumentos financeiros, como títulos de dívida, debêntures etc., há o pressuposto de que são passíveis de refinanciamento permanente, enquanto a empresa mantiver ou aumentar o atual volume de operações. Este modelo é utilizado normalmente nos grandes centros financeiros, onde, a título de exemplo complementar, existem até títulos de dívida perpétuos, cujo montante principal nunca é devolvido, pagando-se apenas os juros regularmente. Isto implica que fontes de capital de terceiros de curto prazo, mesmo que remuneradas, devem apenas ser utilizadas para eventuais insuficiências de caixa, de caráter temporário e de curtíssimo prazo. Desta maneira, fontes de capital de terceiros, como descontos de duplicatas, cheque especial, conta garantida, capital de giro etc., que, em nosso país, são para este fim, não devem ser consideradas como capital de terceiros na estrutura de capital, dentro de uma abordagem conceitual. Saiba Mais! Ótima abordagem sobre a estrutura de capital © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 5 Recomendamos a leitura da obra de Ross, Westerfield e Jaffe, considerada uma das mais importantes para a disciplina de administração financeira. Um dos aspectos relevantes do livro é a linguagem, bastante simples. Esses autores abordam com muita propriedade o conceito de estrutura de capital, deixando claro seu posicionamento, indicando que é uma das decisões mais complexas de finanças e onde ainda há espaço para muita pesquisa. ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey F. Administração Financeira: Corporate Finance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Capital Próprio e Capital de TerceirosA visão tradicional de finanças encara os fornecedores de fontes externas de capital (financiamentos e debêntures) como capital de terceiros, ou seja, seus detentores não fazem parte da gestão da firma. O valor das fontes dos acionistas, considerados fornecedores internos de capital, é denominado capital próprio. Em nosso país, a legislação societária brasileira enquadra no capital próprio o valor do capital social dos acionistas preferenciais, ordinários e dos sócios, além da retenção de lucros. Na literatura financeira internacional, basicamente dominada pela literatura norte- americana, as ações preferenciais são consideradas capital de terceiros. Em resumo, o capital próprio das empresas é apresentado dentro da figura do patrimônio líquido contábil, e é formado pelo capital social, reservas e lucros não distribuídos. Figura 7.2 Composição do capital próprio. Fonte: Elaboração do autor © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 6 O capital social decorre das diversas integralizações de capital dos sócios ou acionistas ao longo da vida da empresa. As reservas (de reavaliação, de lucros ou de capital) são decorrentes de ajustes de avaliação patrimonial de ativos, de receitas ou resultados que não transitaram ainda pela demonstração de resultados, e os lucros obtidos e ainda não distribuídos por decisão dos proprietários da empresa. Basicamente, a separação entre capital próprio e capital de terceiros decorre de dois fundamentos: 1. Aspecto jurídico: legalmente, são os acionistas quem assumem os riscos e as responsabilidades finais pelo empreendimento, quando de sua eventual liquidação. 2. Tipo de remuneração: as fontes de capital de terceiros devem ser remuneradas de acordo com os termos contratuais, por meio dos juros ou prêmios, independentemente de a empresa ter tido ou não lucro suficiente para tanto. São considerados como renda fixa. Já as fontes de capital próprio são remuneradas basicamente pelo lucro residual, após o pagamento dos juros aos financiadores externos. No caso da inexistência de lucros residuais (prejuízo), os acionistas não terão lucros para serem distribuídos. Os lucros pagos aos acionistas são denominados dividendos ou lucros distribuídos. São considerados renda variável por serem lucros residuais. Apresentamos, a seguir, dois exemplos de estrutura de passivo. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 7 Figura 7.3 Exemplos de estrutura de passivo. Fonte: Padoveze (2011, p. 161) A empresa A apresenta fontes de capital captadas externamente – financiamentos e debêntures – que totalizam 35% da estrutura do passivo. A maior parte está representada por captação junto a acionistas ordinários e preferenciais, que detêm 65% da estrutura do passivo. A empresa B tem uma situação oposta. Vê-se que 60% de sua participação é captação externa e apenas 40% é captação junto a acionistas. Normalmente, a estrutura de passivo é apresentada de forma gráfica no formato de pizza, como na Figura 7.4 a seguir: Figura 7.4 Estrutura de passivo – apresentação gráfica. Fonte: Padoveze (2011, p. 162) © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 8 Estrutura de Passivo como Opção Já vimos que a decisão de investimento e a determinação da estrutura do ativo apresentam possibilidades opcionais. Sabe-se, contudo, que determinados negócios, dentro de volumes e tecnologias recomendados, exigem determinadas estruturas de ativo que permitem menor liberdade de ação para sua decisão. Para determinação da estrutura do passivo existe maior grau de liberdade, tanto nas decisões iniciais de financiamento dos investimentos, como posteriormente, quando dentro de um conjunto normal de condições empresariais, há sempre possibilidades de se reestruturar o perfil da dívida, tanto em termos de participações percentuais como de prazos de amortização e taxas de juros. Os principais parâmetros norteadores da estrutura do passivo são: Grau de aversão ao risco. Dilema liquidez versus rentabilidade. Mensuração do endividamento. A mensuração do endividamento mostra a relação entre o capital próprio e o capital de terceiros. Grau de Endividamento e Risco Financeiro A separação das fontes de capital em capital próprio e capital de terceiros decorre então, como já vimos, da característica de que a empresa, por meio de seus acionistas, é a responsável final pelo empreendimento, e os financiadores externos (bancos e debenturistas) devem receber os juros, independentemente da existência ou não de lucros. Denomina-se risco financeiro a possibilidade de a empresa não se responsabilizar, temporária ou definitivamente, pelos pagamentos das parcelas do principal e dos juros contratuais. Portanto, os financiadores externos correm o risco de não receber em devolução o capital emprestado e seus juros. Este é o risco financeiro da empresa. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 9 Os financiadores externos adotam como referência básica para medir o risco financeiro de cada empresa, além do potencial de geração operacional de lucros, o grau de endividamento atual e futuro. O grau de endividamento é a relação percentual entre o total das fontes de capital de terceiros em relação ao total das fontes de capital próprio: Quanto maior o grau de endividamento, maior o risco financeiro da empresa, pois há maior utilização do capital de terceiros. Como o capital de terceiros exige uma remuneração fixa, quanto mais empréstimos e debêntures existirem dentro da empresa, maior será o comprometimento financeiro em seu fluxo de caixa. Os financiadores externos sempre estarão atentos a empresas com elevado grau de endividamento, pois, em caso de lucros futuros menores que os esperados, a possibilidade de inadimplência dos compromissos financeiros aumenta. É importante ressaltar, desta maneira, que o grau de endividamento tem seu aspecto positivo, que é a alavancagem financeira, que será tratada a seguir. O grau de endividamento também mostra uma relação de garantia. Evidencia a proporção que os acionistas estão financiando o negócio em relação ao capital de terceiros. Quanto mais os acionistas investem no próprio negócio, mais indicações existem de que há confiança no empreendimento e de que os acionistas estão dispostos a assumir os riscos operacionais, evidenciando aos donos do capital de terceiros uma garantia adicional. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 10 Figura 7.5 Exemplos de grau de endividamento. Fonte: Padoveze (2011, p. 164) A estrutura A é de uma empresa que não se utiliza de capital de terceiros, e, portanto, o endividamento é zero, bem como seu risco financeiro. É também denominada estrutura financeira não alavancada, absolutamente conservadora. A estrutura B mostra uma relação 1:1, ou seja, para cada unidade monetária de capital deterceiros, os acionistas também participam da estrutura financeira em montante igual. Portanto, o endividamento é igual a 1. A estrutura C mostra uma empresa com pouco grau de aversão ao risco e uso intensivo de capital de terceiros, com grau de endividamento igual a 3. Pode ser considerada uma estrutura arrojada financeiramente. No Brasil, são comuns estruturas financeiras com grau de endividamento entre 0,5 e 1,0, sendo consideradas aceitáveis até 1,20. Nos países europeus, nos EUA e Japão, não é incomum estruturas financeiras com grau de endividamento ao redor de 2, pois as taxas de juros são menores, e os ambientes econômicos têm maior grau de estabilidade. Vale lembrarmos que teoricamente existiria a possibilidade de estrutura financeira somente com capital de terceiros. Porém, dentro da abordagem ortodoxa, tal situação não existe na realidade. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 11 7.2 Abordagem Ortodoxa e Abordagem MM A abordagem tradicional ou ortodoxa assume que há uma estrutura ótima de capital e que a empresa pode aumentar seu valor por meio do uso adequado do efeito alavancagem. Este enfoque sugere que a empresa inicialmente pode baixar seu custo de capital e aumentar seu valor total por meio da alavancagem financeira. Embora os acionistas aumentem a taxa de retorno requerida para o capital próprio, o incremento de sua taxa de retorno não assegura inteiramente o benefício de usar custos mais baratos de capital de terceiros. Quanto mais alavancagem ocorrer, e, consequentemente, maior o grau de endividamento financeiro, os financiadores externos provavelmente irão penalizar a empresa com taxas de juros maiores nos novos empréstimos a serem fornecidos para a empresa, uma vez que passam a assumir riscos maiores. Alavancagem Financeira Alavancagem financeira significa a possibilidade de os acionistas da empresa obterem maiores lucros para suas ações, com o uso mais intensivo de capital de terceiros, ou seja, empréstimos. O fundamento da alavancagem financeira é que os juros são custos fixos e, portanto, permitem o fenômeno alavancagem. Como sempre, no dilema “risco x retorno”, todo fenômeno alavancagem, com base em custos fixos, tem sua contrapartida negativa, que é o risco. Assim, a alavancagem financeira traz, também, o risco financeiro. O fato de os juros serem um custo fixo permite duas possibilidades de alavancagem financeira, que podem ser utilizadas conjuntamente. A primeira decorre de obter custos de financiamentos das fontes externas em percentual inferior à rentabilidade oferecida pelos ativos da empresa, como vimos no exemplo anterior. A segunda alavancagem decorre da natural possibilidade de as empresas aumentarem seu nível de atividade, com vendas e lucros operacionais maiores, e alavancando a rentabilidade para os acionistas por manterem fixos os valores pagos ao capital de terceiros. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 12 A alavancagem financeira decorrente do aumento do volume é similar à alavancagem operacional, e, dentro de expectativas de volumes maiores esperados, pode até permitir aceitar taxas de juros maiores daquelas admissíveis dentro de volumes menores de atividade e vendas. Estrutura Financeira, Rentabilidade do Ativo e Rentabilidade do Acionista A rentabilidade geral da empresa decorre da rentabilidade do ativo, do resultado operacional. A rentabilidade do capital próprio depende igualmente dos juros que se deve pagar para os empréstimos (capital de terceiros). Portanto, empresas do mesmo setor podem ter a mesma rentabilidade do ativo, mas podem obter rentabilidades diferentes para o capital próprio, decorrente de sua estrutura financeira e da taxa de juros do capital de terceiros. A Figura 7.6 apresenta três estruturas financeiras e o impacto na rentabilidade dos acionistas sob o efeito de duas taxas de juros escolhidas arbitrariamente, 12% e 18%. O lucro operacional para todas as hipóteses é o mesmo ‒ $ 150.000 ‒, uma vez que a rentabilidade operacional está relacionada aos ativos e sua estrutura não é afetada pela estrutura de capital. Também a estrutura de capital, considerando os juros devidos ao capital de terceiros, afeta a rentabilidade líquida, que é o lucro residual, de direito dos acionistas. Não estamos considerando os impostos sobre o lucro neste momento para fins de simplificação. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 13 Hipótese 1 -Taxa de Juros% aa Hipótese 1 -Taxa de Juros% aa Figura 7.6 Endividamento e rentabilidade. Fonte: Padoveze (2011, p. 165) Na Hipótese 1, na estrutura financeira A, a rentabilidade do ativo é igual à rentabilidade do capital próprio (dos acionistas), porque não há endividamento, não havendo ocorrência dos juros. Toda a rentabilidade é do acionista, e todo o ativo é financiado com recursos próprios. Nas estruturas B e C, a rentabilidade dos acionistas cresce, porque a taxa de juros sobre capital de terceiros ‒ 12% ‒ é menor que a rentabilidade obtida pelos ativos ‒ 15%. Há a Hipótese 1: quanto mais capital de terceiros existir na estrutura financeira, maior será a rentabilidade residual para os acionistas. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 14 Na Hipótese 2, as estruturas financeiras B e C evidenciam queda da rentabilidade para o acionista em relação à remuneração do capital de terceiros. Ao pagarem 18% ao ano para os financiadores externos, os acionistas obtêm rentabilidade inferior àquela gerada pelo ativo. Neste caso, a taxa de juros compromete a estrutura e alavancagem financeira. Na Hipótese 2, fica clara a relação do endividamento financeiro com o risco financeiro. Tomando como base a estrutura C, se o lucro operacional, por perturbações não previstas, for inferior a $ 135.000, a empresa não conseguirá honrar seus compromissos financeiros anuais, o que pode gerar problemas de liquidez. Abordagem MM (Modigliani & Miller) A abordagem MM sobre a estrutura de capital da empresa difere significativamente da abordagem ortodoxa. Ela parte do pressuposto de que em mercados perfeitos são irrelevantes a estrutura de capital e, consequentemente, a política de dividendos. Conforme Brealey e Myers (1992, p. 395-400): Modigliani e Miller mostraram que a política de dividendos não é relevante nos mercados de capitais perfeitos. A sua famosa “proposição I” estabelece que uma empresa não pode alterar o valor total dos seus títulos, através da simples repartição dos seus fluxos de tesouraria em diferentes correntes: o valor da empresa é determinado pelos seus ativos reais e não pelos títulos que emite. Deste modo, a estrutura de capital é irrelevante, desde que as decisões de investimento da empresa sejam consideradas como dados... O valor de mercado de qualquer empresa é independente da estrutura do seu capital. Dentro das condições de mercados de capitais perfeitos, haveria abundância de capital. Portanto, os investidores estariam dispostos a correr os mesmos riscos dos tradicionais proprietários.O suporte para esta posição está em que a empresa não consegue fazer pelos seus acionistas mais do que eles conseguem fazer para si mesmos. Dentro da condição de mercados perfeitos, em que as informações estão disponíveis a todos, os acionistas poderão fazer suas próprias alavancagens financeiras e mudar seus investimentos nas © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 15 empresas, e as mudanças das fontes de capital das empresas não aumentam seu valor. Alguns pontos podem ser levantados como premissas da abordagem MM: a) Não há “donos” na empresa. b) Não é relevante a fonte de capital; todas têm uma remuneração, cuja diferença é apenas de nome (juros, prêmio, dividendos). c) Não há risco financeiro (todos são identicamente fornecedores de capital). d) Portanto, não há alavancagem financeira que possa maximizar o valor da empresa. e) Há apenas o risco do negócio (risco não sistemático). MM provam matematicamente em seus trabalhos suas teses, e não há como refutá-las dentro de uma abordagem teórica. Contudo, o mundo real não é perfeito, nem os mercados de capitais. As empresas são analisadas e avaliadas em sua relação de capital próprio versus capital de terceiros, e o objetivo tem sido a maximização do valor da empresa sob a ótica do patrimônio líquido contábil (ou do capital próprio) que é de propriedade de seus acionistas ou donos. Sobre as duas abordagens de estrutura de capital, seus pontos principais podem ser resumidos da seguinte maneira: a) A estrutura de capital não aumenta o valor da empresa, pois o valor da empresa aumenta ou diminui em função da obtenção dos lucros por meio do ativo operacional. b) Considerando o capital de terceiros como complementar ao capital próprio, quanto menor for o custo de capital de terceiros, haverá alavancagem financeira e maior retorno para os sócios e acionistas. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 16 O Impacto Tributário na Alavancagem Financeira Um dos grandes elementos motivadores da alavancagem financeira é a dedutibilidade dos juros para fins de impostos sobre o lucro. No Brasil, a tributação sobre o lucro líquido antes dos impostos, para as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real, varia entre 24% e 34%. Estamos apresentando as alíquotas gerais, sem entrarmos nas características específicas de cada empresa: * Sobre os lucros excedentes a $ 240.000 por ano ou $ 20.000 por mês. Assim, o custo do capital de terceiros, por meio das taxas de juros nominais, é reduzido pelo impacto tributário, já que são despesas dedutíveis. O mesmo não ocorre com os dividendos distribuídos aos acionistas ordinários e preferenciais, que não podem ser abatidos do lucro para fins de tributação, exceto no caso dos juros sobre o patrimônio líquido que abordaremos a seguir. Considerando a alíquota máxima dos impostos sobre o lucro de 34%, uma taxa de juros de 20% ao ano tem um custo real, após a utilização como despesa dedutível pela empresa, de 13,2%. Vejamos: © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 17 Saiba Mais! Emprestar ou não emprestar: ponto de indiferença O modelo chamado de taxa de juros no ponto de indiferença verifica qual a taxa de juros máxima admissível para emprestar, mantendo constante o volume de atividade. Berk e DeMarzo (2010) também trabalham este tema. O objetivo deles é mostrar que até determinado montante de lucro operacional pode ser mais vantajoso não emprestar, e sim aportar capital próprio. Acima deste montante de lucro operacional, a vantagem será emprestar, considerando, como premissa determinada taxa de juros para dar parametrização para o estudo. BERK, Jonathan; DEMARZO, Peter. Finanças Empresariais: Essencial. Porto Alegre: Bookman, 2010. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 18 7.3 Decisão de Dividendos A política ou a decisão de dividendos caracteriza-se pelo percentual do lucro obtido que é distribuído em dinheiro aos acionistas. Os dividendos, é claro, reduzem o montante dos lucros retidos e, por conseguinte, afetam a política de financiamento. Quanto mais lucros a empresa reter, menor será a necessidade de recursos de terceiros para financiar os investimentos previstos. Portanto, a política ótima de dividendos é aquela que atinge um equilíbrio entre os dividendos correntes e o crescimento futuro e maximiza o preço das ações da empresa. Uma questão fundamental e polêmica é se a política de dividendos afeta ou não o valor das ações (o valor da empresa). Em outras palavras, a política de dividendos pode criar valor para a empresa? Modigliani e Miller provaram que, em mercados perfeitos, a política de dividendos é irrelevante e não altera o valor da ação. Outros autores entendem que a política de dividendos é um fator que altera o valor da ação, para mais ou para menos. O mercado tende a reagir positivamente dentro de uma política de dividendos fixos ou com o aumento de dividendos, e negativamente quando há cortes de dividendos. A política de dividendos de um percentual sobre o lucro, segundo pesquisas empíricas, também não favorece o aumento do valor da ação no mercado, porque oscila conforme o lucro e não dá tendências de estabilidade. Sinalização para os Investidores Os dividendos distribuídos em caixa podem ser vistos como um sinal para os investidores. Presumivelmente, empresas com boas novas de sua futura rentabilidade querem expressar isto aos investidores. Os dividendos funcionam como um atestado da confiança dos diretores no futuro da empresa e de sua lucratividade. A importância do lucro a ser distribuído pode ser resumida nos seguintes aspectos principais: © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 19 É uma necessidade da empresa para manter nela mesma os investimentos já efetuados pelos seus acionistas e investidores. É ponto fundamental para os planos estratégicos, objetivando a continuidade da empresa. É a informação mais importante para os acionistas e investidores, para comparação com seus custos de oportunidade. Política de Dividendos Tem sido observada uma tendência nas empresas a adotar uma política estável de distribuição de lucros ou dividendos, de maneira a permitir, o máximo possível, que os investidores adquiram confiança nesta política, e, com isso, seja influenciado positivamente o valor de mercado das ações. Neste sentido, uma distribuição estável e crescente, não vinculada à oscilação dos lucros periódicos, pode transmitir aos acionistas um sinal de confiança no desempenho da empresa. A Figura 7.7 apresenta os dois modelos mais utilizados de distribuição de dividendos. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 20 Figura7.7 Políticas de dividendos – em dinheiro. Fonte: Padoveze (2011, p. 190) O modelo de distribuição fixa procura não reduzir o valor dos dividendos por ação, mesmo que haja oscilação de redução no lucro de um ano para outro. Note que, no Período 3, houve uma redução do lucro do período, mas os dividendos distribuídos foram maiores que os do período anterior. No Período 4, houve nova redução do lucro total da empresa, mas a distribuição de dividendos continuou com o mesmo valor por ação do período anterior. Este modelo pode induzir os acionistas a terem uma avaliação positiva e de estabilidade do desempenho da empresa e confiança em seus administradores. O modelo de distribuição variável de lucro por ação distribui uma parcela fixa dos lucros. Assim, o investidor sabe, no exemplo apresentado, que a empresa deve sempre distribuir 60% do lucro do ano na forma de dividendos. Contudo, caso haja oscilação no montante do lucro do período, haverá oscilação no dividendo por ação a ser distribuído. Quando o lucro cai, caem também a parcela de lucro a ser distribuída e, consequentemente, o valor dos dividendos © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 21 por ação. Portanto, em termos de recebimento de dividendos, da ótica do acionista, este modelo caracteriza-se por um comportamento de instabilidade, que pode ser transferido negativamente para a avaliação do preço de mercado da ação. Dividendos em Ações Outra possibilidade de distribuição de lucros é por meio da emissão de uma quantidade de novas ações, aumentando o número de ações que expressam o capital social da empresa. O objetivo, neste caso, na maior parte das vezes, é reter caixa dentro da empresa para novos investimentos, ao mesmo tempo em que procura satisfazer os acionistas com alguma possibilidade de realização em dinheiro pela venda das ações adicionais recebidas. Este modelo, no caso brasileiro, não pode ser acionado de forma automática, uma vez que se faz necessária, antes, a realização de assembleia geral para autorizar o aumento de capital. Além disso, nem todos os acionistas necessariamente se interessarão por integralizar sua parte, motivo porque é um modelo pouco utilizado. O Case Brasileiro: Algumas Características A legislação brasileira, basicamente por meio da Lei 6.404/1976 das Sociedades por Ações, determina uma obrigatoriedade de distribuição de dividendos que deve constar do estatuto social da companhia. Caso não tenha a previsão de distribuição de dividendos no estatuto, este deverá ser pelo menos 25% do Lucro Líquido do Exercício. Tributação e Classes de Ações No formato de dividendos, os lucros distribuídos não são tributados na distribuição pela companhia distribuidora, mas não podem ser considerados despesas dedutíveis para fins de impostos sobre o lucro. Também não sofrem © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 22 nenhuma tributação na declaração de rendimentos das pessoas físicas ou jurídicas que os receberem. Caso não haja a condição de tag along no estatuto da companhia, as ações preferenciais receberão 10% a mais do valor do dividendo por ação destinado às ações ordinárias. Assim, se os dividendos destinados às ações ordinárias forem de $ 1,20 por ação, as preferenciais receberão $ 1,32 por ação. Juros Sobre o Capital Próprio (JSCP) No Brasil, foi criada em 1995 a figura da dedutibilidade dos juros sobre o patrimônio líquido ou capital próprio (JSCP), pagos às pessoas físicas e jurídicas detentoras das ações ou cotas do capital das empresas (Artigo 9º, Lei 9.249 de 26 dez. 1995). A dedutibilidade pode ser utilizada por empresa de qualquer tipo de constituição jurídica. O efeito tributário positivo dos JSCP só poderá ser utilizado pelas empresas no regime de tributação do lucro real. A empresa poderá deduzir os juros para fins dos impostos sobre o lucro das importâncias pagas aos acionistas sob esta figura jurídica. Os JSCP serão calculados pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) sobre o total do patrimônio líquido, excluindo-se o valor das reservas de reavaliação, ajustes de avaliação patrimonial e resultados abrangentes, e poderão ser considerados como dividendos distribuídos para fins de dividendo mínimo obrigatório. Segundo a Legislação Tributária Brasileira, a empresa pode distribuir até 50% do Lucro Líquido do Período após os Impostos sobre o Lucro, ou até 50% dos Lucros Acumulados, dos dois o maior. A distribuição dos JSCP será tributada na fonte em 15%, será considerada exclusiva para pessoas físicas e será recuperável em futuras distribuições de lucros para pessoas jurídicas recebedoras. Tributariamente, os JSCP são considerados despesas financeiras para quem paga e receita financeira tributável para pessoas jurídicas que recebem. Esta figura é muito interessante, pois permite uma maior distribuição de resultados e, ao mesmo tempo, encoraja às empresas a se capitalizarem com © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 23 lucros retidos, o que evita um maior endividamento financeiro. Os dividendos distribuídos, por outro lado, levam a vantagem de não serem tributados por quem recebe. Considerando a retenção de 15% de IR e a dedutibilidade para a empresa, há um ganho financeiro de 19% para a empresa que distribui, e que, posteriormente, será um benefício para os acionistas que são pessoas físicas em distribuições futuras. No ato, contudo, o acionista recebe 15% a menos do que receberia sob a forma de dividendos. Saiba Mais! Confira alguns dos dispositivos da Legislação Tributária Brasileira que regulam as políticas financeiras e fiscais: BRASIL. Lei n. 9.249, de 26 dez. 1995. Altera a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido, e dá outras providências. Brasília, dez. 1995. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis/ant2001/lei924995.htm. Acesso em: 2 dez. 2014. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 24 BRASIL. Lei n. 9.430, de 27 dez. 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. Brasília, dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9430.htm. Acesso em: 2 dez. 2014. BRASIL. Decreto n. 3000, de 26 mar. 1999. Regulamento do Imposto de Renda: Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Brasília, mar. 1999. Disponível em: http://goo.gl/ibOUpC. Acionista: denomina-se genericamente acionista o detentor das ações ou cotas do capital social. Acionista é quem tem ações de empresas organizadas juridicamente sob a forma de sociedade anônima. Ações ordinárias: tipo de patrimônio líquido cuja principal característica é o fato de que os acionistas desta categoria têm tanto direito a dividendos como à distribuição de dívidas (o que envolve riscos), além de ter direito a voto na assembleia geral dos acionistas.Ações preferenciais: tipo de patrimônio líquido cujos proprietários recebem mais privilégios do que os acionistas ordinários, como a preferência sobre os ativos da empresa. Acionistas preferenciais têm direito unicamente a dividendos, mas não têm direito a voto na assembleia geral dos acionistas. Capital de terceiros: é a parcela do montante de dinheiro que a empresa capta de fora junto a terceiros (bancos, debenturistas, fundos de investimento) e que compõe a estrutura de capital ou de passivo, junto ao capital próprio, mas não faz parte do capital social da companhia. Capital próprio: é a parcela do montante de dinheiro que os donos da empresa (sócios, acionistas) investem no próprio negócio a título de capital social e que compõe a estrutura de capital ou de passivo. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 25 Dividendos: é a distribuição de lucros aos acionistas. Estrutura de capital: representa a participação de capital próprio e capital de terceiros na estrutura do passivo do balanço patrimonial, decorrente da decisão de financiamento do investimento a ser realizado. Grau de endividamento: é um indicador que mede a participação do capital de terceiros sobre o capital próprio, indicando relativamente o risco financeiro do empreendimento, pois, quanto maior for o grau de endividamento, maior a probabilidade de risco financeiro. Política de dividendos: representa as diretrizes que a empresa adota para distribuir o lucro periódico (trimestral, anual) obtido para seus acionistas ou social, para justificar a decisão de investimento. Sócio (ou cotista): é o dono de cotas de empresas organizadas sob a forma de sociedade por cotas de responsabilidade limitada. Tag along: condição que determina que, no caso de venda das ações ordinárias pelo grupo controlador, a companhia deverá garantir aos acionistas preferenciais a condição de vender suas ações ao comprador, que deverá obrigatoriamente comprar por, no mínimo, 80% do valor pago às ordinárias. Instruções Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. Questão 1: Estrutura de Capital e Grau de Endividamento Uma empresa tem uma estrutura de capital composta de $ 600.000,00 de capital social e $ 300.000,00 de financiamentos bancários. A participação do © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 26 capital próprio na estrutura de capital e o grau de endividamento são, respectivamente: a) 33,3% e 2,00. b) 66,7% e 0,50. c) 66,7% e 2,00. d) 33,3% e 0,50. e) 33,3% e 1,50. Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito. Questão 2: Endividamento e Rentabilidade Uma empresa tem um lucro operacional de $ 200.000,00 e um ativo total de $ 2.000.000,00, financiado em 50% por capital próprio e 50% por capital de terceiros. Considerando uma taxa de juros do capital de terceiros de 12%, a rentabilidade do ativo total e a rentabilidade do acionista são, respectivamente (desconsidere o IR para fins de cálculo): a) 10% e 8%. b) 12% e 8%. c) 10% e 12%. d) 8% e 10%. e) 10% e 20%. Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito. Questão 3: Alavancagem Financeira Uma empresa tem um ativo total de $ 4.000.000,00 que rende 15% ao ano. A empresa tem a opção de financiar parte do ativo com capital de terceiros, que deve ser remunerado a 12% ao ano. As opções de financiar 50% e 40% da © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 27 estrutura de capital indicarão que a rentabilidade do acionista será, respectivamente (desconsidere o IR): a) 18% e 17%. b) 15% e 17%. c) 15% e 18%. d) 18% e 15%. e) 17% e 15%. Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito. Questão 4: Abordagem Ortodoxa e Abordagem MM A abordagem ortodoxa de estrutura de capital entende que a utilização do capital de terceiros compreende o risco financeiro medido pelo grau de endividamento. A abordagem MM diz: a) É irrelevante a estrutura de capital. b) O capital de terceiro prova a alavancagem financeira. Verifique qual das alternativas é correta e discorra brevemente sobre as duas abordagens de estrutura de capital. Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito. Questão 5: Política de Dividendos Em nosso país, as empresas têm duas possibilidades de distribuir lucros: na forma de dividendos e na forma de juros sobre o capital próprio. Considerando o conjunto de interesses da empresa e dos acionistas para empresas do regime de lucro real, qual política financeira é mais vantajosa: © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 28 a) Distribuir sob a forma de juros sobre o capital próprio. b) Distribuir sob a forma de dividendos. Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito. Vimos neste tema a importância de fechar a decisão de investimento com a decisão de financiamento, o risco e a alavancagem financeira, e a necessidade de administrar adequadamente a estrutura de capital e a política de dividendos. A decisão de financiamento é necessária para complementar a decisão de investimento, com a definição da opção da participação de capital próprio e capital de terceiros na estrutura do passivo. Para completar as decisões financeiras fundamentais, é necessário estabelecer uma política de distribuição de lucros que sinalize com clareza para os acionistas a saúde financeira da empresa, política esta que define a decisão de dividendos. BERK, J.; DeMARZO, P. Finanças Empresariais: Essencial. Porto Alegre: Bookman, 2010. BRASIL. Lei n. 9.249, de 26 dez. 1995. Altera a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido, e dá outras providências. Brasília, dez. 1995. Disponível em: http://goo.gl/1zPnVI. Acesso em: 2 dez. 2014. BRASIL. Lei n. 9.430, de 27 dez. 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. Brasília, dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9430.htm. Acesso em: 2 dez. 2014. © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 29 BRASIL. Decreto n. 3000, de 26 mar. 1999. Regulamento do Imposto de Renda: Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Brasília, mar. 1999. Disponível em: http://goo.gl/09vF2Z. BREALEY, R. A.; MYERS, S. C. Princípios de Finanças Empresariais. Portugal: Mc-Graw Hill, 1992. GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 1997. p.14. GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração Financeira.3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. PADOVEZE, C. L. Controladoria Estratégica e Operacional. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. _______. Introdução à Administração Financeira. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração Financeira: Corporate Finance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. VAN HORNE, J. C. Financial Management and Policy. 11. ed. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1998. Questão 1 Resposta: Alternativa B. O capital social é o capital próprio e representa 66,7% da estrutura de capital que é $ 900.000,00, representado pela soma das duas fontes de capital ($ 600.000,00 : $ 900.000,00). O grau de endividamento é 0,50 e mede a relação entre o valor do capital de terceiros sobre o capital próprio ($ 300.000,00 : $ 600.000,00). © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 30 Questão 2 Resposta: Alternativa A. Considerando a taxa de juros de 12% será destinado $ 120.000,00 do lucro operacional para o capital de terceiros (12% x $ 1.000.000,00), sobrando apenas $ 80.000,00 para os acionistas. Assim, o retorno dos acionistas será de 8%, pois eles participam também com $ 1.000.000,00, uma vez que têm 50% da estrutura de capital, igual à participação do capital de terceiros. Dividindo $ 80.000,00 por $ 1.000.000,00 temos 8% de rentabilidade para o acionista. A rentabilidade do ativo operacional é 10% ($ 200.000,00 : $ 2.000.000,00). Questão 3 Resposta: Alternativa A. A rentabilidade do ativo operacional de 15% dá um lucro operacional de $ 600.000,00. Financiando 50%, a empresa pagará de juros ao capital de terceiros $ 240.000,00 (12% sobre $ 2.000,000,00), sobrando $ 360.000,00 para os acionistas. Como metade do ativo é $ 2.000,000,00, a rentabilidade do acionista neste caso será de 18% ($ 360.000,00 : $ 2.000.000,00). Financiando 40%, a empresa pagará de juros ao capital de terceiros $ 192.000,00 (12% de $ 1.600.000,00), pois estará financiando com capital de terceiros apenas $ 1.600.000,00 (40% de $ 4.000.000,00). Neste caso, sobra $ 408.000,00 para os acionistas, que terão investido $ 2.400.000,00 ($ 4.000.000,00 (-) $ 1.600.000,00), que representa uma rentabilidade de 17% ($ 408.000,00 : $ 2.400.000,00). Questão 4 Resposta: Alternativa A. A abordagem MM diz que é irrelevante a estrutura de capital e que esta não afeta o valor da empresa. Para MM, em mercados perfeitos, há sempre capitais disponíveis, e o valor da empresa é dado pela rentabilidade do ativo, não do passivo. A abordagem ortodoxa fundamenta-se no conceito de alavancagem financeira, decorrente do risco financeiro, sugerindo emprestar ao máximo para © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 31 provocar maior rentabilidade para o acionista, desde que o custo de capital de terceiros seja inferior à rentabilidade operacional do ativo. Questão 5 Resposta: Alternativa A. Os juros sobre o capital próprio podem ser deduzidos do imposto de renda para fins de apuração do lucro tributável, economizando 34% para a empresa que distribui os lucros a esse título. Contudo, o acionista tem uma retenção e IR de 15%, recebendo financeiramente menos que na política de dividendos, que é isento de retenção de IR. Contudo, considerando o conjunto de interesses, há uma economia conjunta de 19% (34% (-) 15% de retenção).
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