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0314 - Políticas e Organização da Educação Básica 
Aula 01: O Estado – Conceito e Tendências
Em nossa primeira aula abordaremos a compreensão da concepção de Estado, pois o Estado está no centro do planejamento e da execução das políticas sociais públicas, especialmente as educacionais. Vamos buscar essa concepção!
 A concepção de Estado apresenta uma grande concordância entre cientistas quanto ao seu conceito. Conforme o Dicionário do Pensamento Social do Século XX, de Jorge Zahar Editor, uma definição incluiria três elementos.
	Um estado é um conjunto de instituições, definidas pelos próprios agentes do Estado; 
	Essas instituições encontram-se no centro de um território geograficamente limitado – a sociedade; 
	O Estado monopoliza a criação de regras dentro do seu território – é a criação de uma cultura política comum partilhada por todos os cidadãos. 
 Segundo o Dicionário de Política,
 Estado contemporâneo envolve numerosos problemas, derivados principalmente da dificuldade de analisar exaustivamente as múltiplas relações que se criaram entre Estado e o complexo social e de captar, depois, os seus efeitos sobre a racionalidade interna do sistema político. (BOBBIO et. Al, 1999, p.101)
 Vale ainda destacarmos outro conceito de Estado que se refere a um “povo social, política e juridicamente organizado, que dispondo de uma estrutura administrativa, de um governo próprio, tem soberania sobre determinado território” (KOOGAN-HOUAISS, 1993, p. 341).
É possível considerar o Estado como o conjunto de instituições permanentes, órgãos: legislativo, forças armadas, tribunais e outras, que, localizadas em nossa sociedade, possibilitam a ação dos governos, configurando-se assim o Estado e o desempenho de suas funções.
O mesmo se dá em relação às políticas sociais. Compreendidas como de responsabilidade do Estado quanto a sua implementação e manutenção, referem-se a ações que devem determinar um padrão de proteção social, na redistribuição dos benefícios sociais, visando à diminuição das desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento social e econômico.
Geradas a partir de um processo de tomada de decisão que envolve não só os órgãos públicos, mas diferentes organismos e agentes da sociedade relacionada à política implementada, não se constituem, portanto em políticas estatais, mas sim em políticas públicas. Têm suas raízes nos movimentos populares do século XIX, especialmente em razão dos conflitos surgidos entre capital e trabalho, quando das primeiras revoluções industriais.
Temas como saúde, educação, habitação, previdência têm assumido a vanguarda na discussão das políticas sociais.
Intrínsecas relações estão estabelecidas entre Estado, políticas públicas e governos; logo visões diferentes de Estado, sociedade, políticas sociais e consequentemente políticas educacionais geram projetos diferentes de intervenção, deixando-se, portanto, de lado o que possa parecer neutralidade. Há ainda a considerar o momento histórico e político em que ocorrem essas relações.
Ainda que possamos correr riscos ao definir o Estado e suas funções de modo tão sintético o que nos interessa neste momento é fazer uma reflexão que nos possibilite compreender o porquê desse Estado, no Brasil, estar se apresentando como gerador de um “déficit” de cidadania do nível em que nos encontramos, o porquê da erosão dos parcos direitos sociais, o porquê da educação tão sucateada.
Ensaiando algumas respostas: É sob as transformações do cenário mundial que se abre o espaço para um novo estágio de globalização do capitalismo e, consequentemente, a expansão do mercado mundial, propiciando um novo regime de acumulação.
A consolidação das políticas neoliberais tem como marco o Consenso de Washington (1989), cujas orientações passaram a nortear as políticas do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial na concessão dos empréstimos aos países necessitados de recursos, políticas essas que têm nos ajustes estruturais, entre outras questões, a redefinição do papel do Estado.
No Brasil, o ajuste estrutural tem se definido como um conjunto de programas e políticas orientadas e introduzidas por essas e outras organizações financeiras.
O que tem se apresentado como “reforma” do Estado, através da política econômica "ainda" em curso e dos programas de ajuste estrutural que se seguem, tem se referido a uma redução unilateral da intervenção estatal nos setores de produção e também dos serviços sociais. O problema básico da sociedade brasileira, as desigualdades estruturais e a exclusão social econômica e política dos segmentos pobres da população não tem sido amenizado com as reformas realizadas e em curso.
O texto aponta que há uma orientação internacional, por meio da política econômica "ainda" em curso e dos programas de ajuste estrutural que seguem, para a reforma do Estado. Afirma-se que essa reforma tem se referido a uma redução unilateral da intervenção estatal nos setores de produção e também dos serviços sociais.
Para refletir: Como você percebe a reforma do Estado no Brasil? Os serviços sociais estão sendo ampliados? Como se deram as privatizações? No que nos auxiliaram as privatizações efetuadas?
0314 - Políticas e Organização da Educação Básica 
Aula 02: O Estado e a Relação com as Políticas Sociais
Na aula anterior vimos, que o que se tem apresentado como “reforma” do Estado, por meio da política econômica em curso, tem se referido a uma redução unilateral da intervenção estatal nos setores de produção e serviços sociais.
Sabemos que o problema básico da sociedade brasileira - as desigualdades estruturais e a exclusão social econômica e política dos segmentos pobres da população não tem sido amenizado com as reformas realizadas e em curso.
As desigualdades sociais e econômicas estruturais têm prolongado dependências que oferecem possibilidades de manipulação e abuso de poder por parte das elites dominantes e que representam, para os pobres, impossibilidade de acesso aos serviços públicos na satisfação de suas necessidades.
 
É a crise do Estado-nação. O Estado, entendido como a organização política que, a partir de um determinado momento histórico, conquista, afirma e mantém a soberania sobre um determinado território, aí exercendo, entre outras, as funções de regulação, coerção e controle social, tem essas funções mutáveis e com configurações específicas ao funcionamento, expansão e consolidação do sistema econômico capitalista.
Com relação à nação, definida apenas como o conjunto de cidadãos do Estado no início da democratização do próprio Estado, sofreu uma lenta evolução antes de coincidir com o seu significado mais atual, quando a "nação" ou o "povo" passaram a ser concebidos por meio de critérios históricos e étnicos.
No entanto, em geral, os Estados-nação têm desempenhado um papel bastante ambíguo. Enquanto externamente têm sido os propagadores da diversidade cultural, da autenticidade da cultura nacional, internamente têm produzido a homogeneização e a uniformidade, esmagando a rica variedade de culturas locais existentes no território nacional, por meio do poder da polícia, do direito, do sistema educacional ou dos meios de comunicação social, e a maior parte das vezes por todos eles em conjunto.
Nesta "crise ideológica construída", os Estados nacionais não são afetados igualmente e nem todos cumprem os mesmos papéis no processo da economia globalizada. Enquanto uns podem se beneficiar, outros não; porém, são cada vez mais distantes as possibilidades da resistência à globalização econômica, política e cultural quando se pensa neste mesmo Estado como principal ou único mobilizador nacional de ações que se contraponham a esta economia.
 Nesse contexto, os desafios que se impõem às políticas sociais são complexos. Os desafios nos remetem para a necessidade de se inscreverem na agenda política os processos e as consequências da reconfiguração e ressignificação das cidadanias, se considerarmos as manifestações presentes, cada vez mais heterogêneas e plurais de identidades, em sociedades
e regiões multiculturais.
 É interessante formarmos um glossário para a nossa disciplina e isto é muito fácil.
O que é um glossário? Está definido como “vocabulário ou livro em que se explicam palavras de significação obscura ou dicionário de termos técnicos, científicos, poéticos” pelo Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. No nosso caso, talvez o significado mais adequado seja um pequeno dicionário de termos técnicos e científicos. Vamos começar? Não se acanhe, faça seu glossário em uma pasta no computador ou no final do seu caderno. Vamos a um exemplo:
Heterogêneas = de outro gênero, de diferente natureza (Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira).
É importante citarmos a fonte, para que, em caso de dúvida, todos possam consultar também.
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Aula 03: Relação Estado X Política X Planejamento
Já estamos compreendendo um pouco mais as relações entre o Estado e as políticas sociais. Vamos continuar?
As ações de governo podem ser entendidas como formas de intervenção do Estado; logo pressupõem que, ao pensarmos nessas ações, podemos afirmar que elas fazem parte de um grande planejamento. Esse planejamento não pode ser considerado como qualquer planejamento, mas como um planejamento coerente com o projeto político representativo desse governo.
Isto nos permite compreender uma relação nem sempre clara para a maioria dos educadores. Uma relação que evidencia a influência da opção política dos governos sobre o planejamento e, consequentemente, sobre suas ações.
 É interessante lembramos que um governo representa as forças hegemônicas de uma dada sociedade, num dado momento histórico, e que essas forças têm, ainda que não evidente, um projeto político a concretizar.
Pensando em educação, podemos afirmar que as ações que vivenciamos na escola estão influenciadas por essa política e esse planejamento. Assim,
(...) o planejamento educacional constitui uma forma de intervenção do Estado em educação, que se relaciona, de diferentes maneiras, historicamente condicionadas, com outras formas de intervenção do Estado em educação (legislação e educação pública) visando à implantação de uma determinada política educacional do Estado, estabelecida com a finalidade de levar o sistema educacional a cumprir as ações que lhe são atribuídas enquanto instrumento desse mesmo Estado. (Horta, 1991, p.195).
 É importante destacarmos que o Estado tem no seu interior diferentes forças representativas da sociedade civil (sociedade política), o que nos faz também compreender que no seu interior se trave um jogo político. Vale ressaltar que a sociedade civil (fora do Estado) tem formas de atuação que podem representar forças dependendo de articulação.
Embora tenhamos afirmado que as ações de governo podem ser entendidas como formas de intervenção do Estado e que elas fazem parte de um grande planejamento coerente com o projeto político representativo desse governo, nem sempre o que se propaga é o que está sendo efetivamente concretizado, ou seja, nem sempre as intenções formais expressas nos planos de governo são coerentes com a sua forma de atuar e com os princípios e meios firmados nos discursos oficiais.
Distintos fatores podem influenciar o desenvolvimento das políticas sociais. Esses fatores diversos merecem uma análise até mesmo para estabelecermos uma relação com a realidade que se vive no Brasil.
 Assim como outras políticas sociais, a educação é influenciada pela opção política de um governo, e a execução de seu planejamento é decorrente dessa política. Como processo, no seu desenvolvimento pode se travar um jogo político entre forças representativas da sociedade e ainda poderá sofrer influência de fatores que a façam se distanciar de seus princípios e meios propostos e propagados.
 
  Referência Bibliográfica
HORTA, José Silvério Bahia. Planejamento educacional. In: MENDES, Durmeval (coord.) Filosofia da educação no Brasil. Rio de Janeiro :Civilização Brasileira, 1991.
0314 - Políticas e Organização da Educação Básica 
Aula 04: Fatores de Influência no desenvolvimento das políticas sociais
Como vimos na aula anterior, fatores distintos têm influenciado o desenvolvimento das políticas sociais. Podemos, segundo (Arretche 2001), assim enumerá-los:
	o distanciamento dos programas em relação a seus objetivos iniciais, em decorrência, geralmente, de distorções na sua implementação pela forma como os benefícios são apropriados pela população; 
	a baixa cobertura dos programas; 
	a escassez e/ou má utilização de seus recursos financeiros; 
	a má qualidade dos serviços prestados; 
	o grau de privatização dos programas e 
	a implementação de modo que privilegie interesses de grupos privados em detrimento do grupo supostamente beneficiário da política. 
 Ainda, segundo a autora, outros fatores também influenciam no desenvolvimento das políticas sociais, dentre eles:
	a subordinação dos programas à política econômica e a outros objetivos externos como rentabilidade e lucro; 
	 a baixa participação dos beneficiários, reais ou potenciais, nas diferentes fases dos programas, aí incluída a inexistência de canais institucionais pelos quais a população possa se expressar, encaminhar sugestões e demandas ou influir no processo de decisão ou implementação; 
	a centralização, tanto na formulação, implementação e na organização administrativa ou em outros aspectos relacionados ao programa, quanto ao processo político com repercussões diretas sobre estes e 
	o uso político e/ou clientelista dos programas, para fins eleitorais e/ou de apoio político. 
A autora considera ainda que a falta de integração entre as agências institucionais na implementação dos programas, fator que diz respeito especificamente ao funcionamento dos programas sociais, aparece com alta incidência nos estudos realizados sobre avaliação de políticas públicas sociais no Brasil.
Uma reflexão a respeito da influência dos fatores acima expostos sobre as políticas sociais talvez permita a identificação de problemas vividos na nossa sociedade, e bem próximo, na nossa cidade. Faça a sua reflexão! E, se possível, socialize estas informações. É um exercício de cidadania.
 
LEMBRETE:
VAMOS CONTINUAR ALIMENTANDO NOSSO GLOSSÁRIO!
QUAIS SÃO AS NOVAS PALAVRAS QUE VAMOS ACRESCENTAR?
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Aula 05: Estado X Política X Planejamento X Legislação
Vimos nas aulas anteriores como podemos conceituar o Estado e a relação que se estabelece entre esse Estado, a Política e o Planejamento. Vimos também como fatores distintos podem influenciar o desenvolvimento das políticas sociais. Vamos avançar mais, vamos identificar que além dessas relações outra se estabelece com a legislação.
Como isso acontece? Vamos recordar que no Brasil, temos três poderes constituídos: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. Cada um desses poderes tem competências e atribuições específicas que se integram visando à garantia da nossa democracia e dos direitos de todos os cidadãos, conforme previsto na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas dos municípios.
A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, em seu preâmbulo, declara que os nossos representantes, os deputados federais e os senadores eleitos, em Assembleia Nacional Constituinte, portanto uma assembleia específica para a elaboração da constituição, reuniram-se para,
instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna, internacional, com a solução pacífica das controvérsias.
O preâmbulo e o texto da nossa constituição refletem claramente o contexto histórico que se vivia na
época, quase de euforia pelo término da ditadura e pelo retorno do regime democrático. Portanto, há uma relação entre legislação e o contexto histórico, contexto este que envolve a política e também o planejamento como vimos anteriormente.
A legislação apresenta um sentido prospectivo, representa um projeto que se deseja. Contudo, nem sempre ela garante a mudança pretendida. No Brasil há uma tendência em se atribuir um valor extremado à legislação.
Por outro lado, não podemos deixar de analisar uma outra questão que envolve a legislação. Se já compreendemos que ela reflete um dado momento histórico, ela poderá servir para regulamentar uma determinada política e servir a determinadas forças.
No caso da Educação Brasileira, podemos afirmar que a legislação educacional tem refletido uma concepção de reforma do Estado, por meio da redefinição das responsabilidades das instâncias governamentais, seja ela federal, estadual ou municipal, sob o discurso oficial da descentralização administrativa e financeira.
Embora tenhamos traçado relações que permeiam o Estado, a Política, o Planejamento e a Legislação, podemos afirmar que esta não é uma regra que não permita exceções. Dependendo das circunstâncias, da realidade e dos diferentes momentos históricos, essa relação pode-se se dar não na ordem que estabelecemos, mas diferentemente, as interfaces que se estabelecem apontam a necessidade da ocorrência de um movimento dialético.
Não há neutralidade quando tratamos de educação. Educação é sempre um ato político, como afirmou Paulo Freire.
Reflexão: Diante das questões aqui apresentadas, como me posiciono?
0314 - Políticas e Organização da Educação Básica 
Aula 06: O Ciclo De uma Política
Já sabemos que uma política é o que se pretende realizar por meio das ações governamentais. Diferentes momentos estão contidos em uma política ou nas políticas. São o que vamos denominar estágios, etapas, fase ou ciclos e que pressupõem algumas questões.
Os estágios: 
		Organização da agenda 
	Formulação 
	Implementação 
	Avaliação 
	Término 
Na organização da agenda, questões se tornam parte da agenda pública, as quais são consideradas pela agência administrativa e pelo corpo legislativo.
Na formulação, o problema ou problemas são discutidos e definidos, e uma decisão é tomada, decisão essa que passa a agregar apoios ou oposições, e uma abordagem é adotada para solucioná-los.
Na implementação da política, são criados programas, aspectos da política são modificados para dar atendimento às necessidades, aos recursos necessários e às exigências almejadas pelos implementadores. Há uma transferência da decisão tomada e da ação para a agência administrativa responsável pela implementação.
As ações desenvolvidas pela agência administrativa são avaliadas, e o impacto da política e os processos pelos quais ela está sendo implementada são considerados na avaliação.
Vários são os fatores que levam à descontinuidade de uma política, ou seja, a seu término. Podemos considerar como fatores determinantes a perda do apoio político, a ausência de resultados alcançados, o descumprimento de metas, o custo considerado alto, a falta de recursos e outros.
Esta elaboração dos estágios de uma política, no entanto, não ocorre de modo linear como pode parecer à primeira leitura. No concreto, em situação real eles se mesclam e até se sobrepõem e podem ocorrer em sequência diversa da aqui apresentada, o que quer dizer que o processo é dinâmico, incorpora atores, contextos, realidades e ainda pode, por interesse dos formuladores, serem reformulados em razão de conflitos e tensões que desencadeia.
No entanto, o conhecimento destes estágios intrínsecos à política nos permite uma visão de todo o processo, distinguindo como a política vem sendo “feita” e não apenas como uma determinação.
 Se já sabemos que uma política é o que se pretende realizar, por meio das ações governamentais, a análise de políticas, desde que registrada cientificamente, aponta para a oportunidade do aprimoramento dessa mesma política por meio de tomada de decisões, influenciando assim a “política no futuro”. Há uma outra questão, a do envolvimento dos cidadãos na política, da participação na política que permeia a complexidade do assunto.
Na tentativa de ampliarmos nossa compreensão em relação à política, seus estágios e seu aprimoramento, propomos uma reflexão.
Cada um de nós, pensando em Educação, pode identificar a política que vem sendo proposta para a nossa cidade?
Em caso afirmativo, qual é ela?
Ela vem sendo implementada?
Vem alcançando resultados positivos?
Quais?
O que você entende que deveria estar proposto na sua cidade?
Última atualização: quarta, 22 Jul 2015, 16:04
0314 - Políticas e Organização da Educação Básica 
Aula 07: Planejamento
Compreendendo as relações que se estabelecem entre o Estado, a Política, a Legislação e o Planejamento, podemos afirmar que a ideia de Planejamento é muito próxima do nosso cotidiano. Logo percebemos que planejar é uma atividade humana, prescinde de pessoa humana ou pessoas humanas.
E o que mais envolve a ação de planejar?
 Envolve um agir racional, uma organização das ações que pretendemos executar com vistas a alcançar determinado fim, a preparação de um conjunto de decisões que orientam o nosso agir.
Vimos em aulas anteriores que o Planejamento é um procedimento por meio do qual se assegura coerência dos processos decisórios em relação às ações desenvolvidas para se alcançar o sucesso de um projeto político.
Assim, podemos afirmar que como a política, o planejamento apresenta de forma explícita ou não, um caráter ideológico. Como uma atividade própria de governo, indissociável da política, é fruto de uma complexa relação que se estabelece entre a sociedade civil e a sociedade política. Essa não neutralidade destaca a superação do entendimento de que o Planejamento possa ser um instrumento burocrático, ainda que muitos assim o entendam.
Logo, se apresentado com um caráter ideológico, vamos entender que há perspectivas diversas do Planejamento, ou seja, ele pode possibilitar transformações sociais ou a conservação, conforme as forças que o conduzem.
Se realizarmos uma retrospectiva histórica, talvez possamos considerar que a atividade de planejar seja tão antiga quanto a existência do homem. 
Conforme Vasconcelos (1999) é no “mundo da produção”, com o fenômeno da Revolução Industrial e com o surgimento da Administração no fim do século XIX, que a sistematização do planejamento ganhou força, passando, posteriormente, a fazer parte da organização de outras áreas como a educacional.
Em Taylor (1856-1915), vamos deparar com a preconização da necessidade da separação entre o planejar e o executar, numa distinta e radical visão entre a concepção e a realização, o que muito influenciou o encaminhamento do planejamento como uma atividade tecnocrática, em que o poder de decisão e controle se concentra nos técnicos ou políticos ou ainda nos especialistas e não nos agentes que o executam. Essa influência permaneceu por muito tempo e impregnou não só as políticas sócias como também a educação.
Planejamento Participativo como uma tendência e expressão da resistência de educadores que se colocaram resistentes à separação anteriormente exposta.
No Planejamento Participativo, estão valorizadas “a construção, a participação, o diálogo, o poder coletivo local, a formação da consciência crítica a partir da reflexão sobre a prática de mudança”. (Vasconcellos, 1999).
Há um rompimento com outras formas de planejar, e o planejamento se torna um instrumento da possibilidade da interferência na realidade, para transformá-la.
A ênfase no Planejamento Participativo revela um ressignificar de uma prática ainda presente na educação. Remete-nos a acreditar na possibilidade de mudança da realidade, querer mudar algo, a vislumbrarmos a possibilidade da realização de uma determinada ação que dá sentido ao nosso fazer.
Referência Bibliografia:
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de ensino-aprendizagem
e projeto político pedagógico – elementos metodológicos para elaboração e realização. São Paulo: Libertad, 1999.
Última atualização: quarta, 22 Jul 2015, 16:05
A EDUCAÇÃO PODE MUDAR... E EU COM ISSO?
Jair Militão da Silva
Mestre
em Filosofia da Educação pela 
PUC/
SP
e
D
outor
em Educação pela 
USP
O autor inicia fazendo um retrato da educação nos últimos 50 anos, que tem sofrido mudanças 
significativas em decorrência das demandas sociais em nível mundial. 
Retoma os anos 50, quando se 
inicia um amplo esforço tanto dos governos quanto da 
sociedade, especialmente no Ocidente, para a afirmação da democracia, entendida como a 
implantação da liberdade e da igualdade das relações sociais.
Segundo o autor, “O indicador do grau de igualdade e d
e liberdade em dada sociedade será o 
da participação dos cidadãos nas decisões que afetem a vida de cada pessoa e de cada 
nação.”
A educação escolar afetada por esse ambiente social, político e cultural, apresenta três 
modalidades de demandas:
• democratiz
ação do acesso;
• democratização da permanência;
• democratização da gestão.
No Brasil essas demandas podem ser registradas mais propriamente a partir de 1960 e se 
prolongam até nossos dias, sendo reafirmadas mais vigorosamente nos programas partidários, 
e
m políticas públicas e movimentos sociais. O autor traz como exemplo o recente projeto 
Todos pela Educação, com suas cinco metas.
É possível registrar, portanto, que a sociedade brasileira emprestou credibilidade a essas 
demandas, assumindo
-
as como esforço
nacional, e, desse modo, nós, educadores, não 
podemos ficar indiferentes ao que a população brasileira pede de nosso trabalho.
Democratização do acesso 
A democratização do acesso foi entendida como nenhuma criança em idade escolar fora da 
escola, e aquel
es que não tiveram escolarização na idade adequada devem retornar à escola 
como direito inalienável de acesso ao patrimônio cultural do país. 
Mesmo considerando que essa meta esteja praticamente atingida, é importante, todavia, 
recordar o que pode ser cha
mado demanda passiva, composta por aquelas crianças e jovens 
que não buscam ativamente uma vaga nas escolas, mas que, antes, precisam ser procurados 
pela escola em seu ambiente de vida.
O atendimento da demanda passiva é o indicador da vontade política de 
um sistema escolar de 
atingir, efetivamente, o objetivo de democratização do acesso, e aí se situa o esforço pelo 
atendimento das crianças e jovens com necessidades educacionais especiais e da infância que 
necessita de escolarização, muitas vezes, desde o 
nascimento. 
Democratização da permanência
A democratização da permanência foi entendida como o progresso sem barreiras do educando, 
desde o momento de sua entrada no sistema escolar até sua saída ao final do percurso, 
previsto para o grau em que esteja. 
A consciência de que não basta oferecer uma vaga na escola e deixar o educando, por sua 
própria conta, realizar o percurso educativo, aceitando
-
se a figura do evadido, foi sendo 
construída gradativamente em nossa cultura escolar, reconhecendo
-
se nossa resp
onsabilidade 
de educadores diante do fracasso e do sucesso do educando na escola.
Quando o educando fracassa, não é apenas ele quem “fracassa”; somos nós, educadores, que 
“fracassamos”.
Democratização da gestão
A democratização da gestão foi entendida como
a criação de mecanismos controladores do 
poder dos executivos principais das redes escolares 
–
os diretores escolares, os dirigentes 
regionais, os secretários de Educação 
–
, de modo que seus atos fossem orientados pelo 
interesse social e da comunidade esc
olar e a transparência das ações permitisse o 
acompanhamento e o controle do processo educacional. Os conselhos de escola, de região, 
municipais, estaduais e nacional foram os meios pensados e criados. 
Protagonismo no trabalho educativo
Essas novas demand
as exigiram e continuam exigindo novas competências de todos os 
envolvidos no trabalho educativo. A nós, educadores, é pedido que conheçamos nosso campo 
de trabalho, o educacional, para que possamos atender ao multiculturalismo, às diferenças 
sociais e cul
turais, aos diferentes pontos de partida de nossas crianças e jovens, de forma a 
podermos ajudá
-
los a atingir pontos de chegada socialmente aceitos e pretendidos.
É preciso que saibamos como apoiá
-
los nessa caminhada, e para isso faz
-
se necessário que 
conhe
çamos os caminhos possíveis. Somos chamados a trabalhar coletivamente, para 
responder à reunificação do conhecimento, que não mais admite a entrega fragmentada do 
saber aos educandos; a responsabilidade por mostrar aos educandos que o conhecimento 
deve aju
dar a construir uma visão global da realidade é da escola e não pode ser deixada 
apenas como tarefa de descoberta paras as crianças e jovens.
Somos chamados, ainda, a trabalhar por projetos como forma de superar um comportamento 
meramente burocrático e cri
stalizado que não sabe adequar as respostas às necessidades 
concretas de cada realidade escolar.
Respostas contextualizadas e precisas para cada ambiente escolar pedem flexibilidade na 
ação educativa, e isso se institucionaliza em projetos especificamente 
voltados para cada 
realidade, de modo a atender às expectativas sociais concretas do ambiente no qual se instala 
a unidade escolar.
O Conselho Municipal de Educação (CME) de São Paulo foi criado em 24 de fevereiro de 1988. 
É um órgão normativo e deliberati
vo, com estrutura colegiada, composto por representantes do 
Poder Público, trabalhadores da educação e da comunidade. Entre suas competências, o CME 
é responsável por:
• prestar assessoramento ao Executivo Municipal, no âmbito das questões relativas à 
educ
ação, e sugerir medidas no que tange à organização e ao funcionamento da Rede 
Municipal de Ensino, inclusive no que respeita à instalação de novas unidades escolares;
• promover e realizar estudos sobre a organização do ensino municipal, adotando e propond
o 
medidas que visem à sua expansão e ao seu aperfeiçoamento;
• elaborar o Plano Municipal de Educação;
• emitir parecer sobre os assuntos de ordem pedagógica e educativa que lhe sejam submetidos
pela Administração Municipal, por meio de seu órgão próprio.
Para adquirir essas novas competências, há, entretanto, uma condição fundamental, sem a 
qual dificilmente chegamos à mudança: sentir
-
se protagonista do trabalho educativo.
O termômetro que nos permite medir nosso desejo de protagonismo é o de considerarmos
a 
realidade acontecimento e não apenas fato. Isso se materializa na resposta que dou à 
pergunta:
O que eu tenho a ver com isso?
De fato, as mudanças educacionais em meio a um processo de democratização da sociedade 
podem acontecer só quando existem sujeit
os sociais empenhados na busca de melhores 
condições de ensino.
Um sujeito proativo é alguém que julga a realidade e se posiciona diante dela, encara as 
demandas sociais como ocasião de resposta criativa e empenhada. 
Todavia, não conseguimos ser sujeitos 
proativos e mantermo
-
nos nessa condição quando 
atuamos como indivíduos anônimos, como seres solitários sem necessidade dos demais.
A constituição de nossas pessoas como sujeitos é sempre um processo comunitário.
Nossa humanização ocorre nos processos relac
ionais e precisamos ao menos de outro ser 
humano para criar e manter nossas identidades. Portanto, os autênticos sujeitos sociais são 
sempre coletivos.
As formas atuais de organização social não favorecem o surgimento de sujeitos coletivos; por 
isso, é ne
cessário um esforço intencional e sistemático para a constituição deles, ou seja, é 
urgente um trabalho pedagógico para a criação de sujeitos coletivos. 
Essa pedagogia sistematiza
-
se em procedimentos, com passos que, paulatinamente, vão 
criando condições 
de compromisso de cada participante, mobilizando sua afetividade, 
inteligência, vontade, memória, criando, por fim,
uma identidade que ultrapassa o eu e atinge 
um nós ético, isto é, um nós que compromete cada pessoa, livremente, com o trabalho a ser 
realiz
ado por todos.
Um projeto pedagógico construído de forma participativa, por sujeitos coletivos comprometidos, 
pode unificar a ação de toda a unidade escolar.
Nós, trabalhadores em educação, precisamos dizer, ao propormos um projeto pedagógico, a 
que proble
ma queremos responder. De fato, só planejamos quando temos uma necessidade 
real a atender. Caso contrário, até mesmo o ato de criar um projeto pode tornar
-
se mera tarefa 
a ser realizada alienadamente, apenas para atender a um pedido da Secretaria, e não se
torna 
ocasião de efetivo exercício de protagonismo. 
Um projeto pedagógico em uma unidade escolar apresenta uma dimensão crucial, que é o 
processo de sua elaboração: sem uma participação efetiva de todos os envolvidos, pode estar 
fadado ao insucesso. A ou
tra dimensão é o produto final, que sintetiza as intenções dos 
trabalhadores em educação da unidade escolar: o plano global da escola, documento que deve 
ser o marco orientador das ações e das avaliações. 
Quando a unidade escolar está conectada a uma rede
de ensino e a um sistema com 
identidade própria, como é o caso das escolas públicas e de algumas 
escolas 
privadas 
pertencentes
a redes com mantenedora única, as orientações gerais dos órgãos centrais 
devem ser elementos constituintes das propostas das unidades, s
em o que se instaura um 
irrealismo pedagógico que, mais cedo ou mais tarde, provocará colisões que podem levar ao 
insucesso o trabalho de todos.
Uma unidade escolar que julgue necessário propor inovações ainda não existentes em nível de 
sistema que integra
deve fazê
-
lo, como manda o conhecimento administrativo, obedecendo 
aos trâmites e canais instituídos, quando estamos em um Estado Democrático de Direito.
Portanto, um projeto pedagógico de uma unidade escolar supõe a existência de protagonistas
para sua c
riação e sustentação. Supõe também a clara busca de solução de um ou mais 
problemas e o critério de organização das ações deve ser o interesse do usuário da escola.
O compromisso de todos pela educação, mesmo que se concretize em última instância no 
trabal
ho realizado nas unidades escolares, não prescinde, ao contrário, até mesmo depende 
muito, do trabalho realizado nos níveis regional e central das redes e sistemas escolares.
A implantação de políticas públicas, de modo especial quando a unidade escolar es
tá inserida 
em rede, é fator importantíssimo para o sucesso da oferta de uma educação de qualidade.
Fidelidade à profissão e à ética do serviço público
O exame de nossos sistemas educacionais aponta, em muitos deles, a existência de grupos 
altamente compet
entes, técnica e politicamente. Esses grupos, em vários sistemas, agregam
-
se nas funções de planejamento e supervisão. 
A mesma pergunta feita àqueles que trabalham nas unidades escolares vale para os 
encarregados de elaborar, implantar e acompanhar políti
cas em nível de sistema: o que eu 
tenho a ver com isso?
Estamos motivados para agir como protagonistas no sistema de ensino do qual fazemos parte?
Evidentemente, mesmo quando essa resposta é francamente afirmativa, temos ainda de 
pensar que visão orientar 
à nossa ação no sistema de ensino. 
Hoje, assim como aos que trabalham nas unidades escolares, novas demandas e novas 
competências são pedidas aos que atuam em nível de sistema escolar, tendo em vista a 
complexidade dos ambientes de trabalho nos quais se e
ncontram uma pluralidade de sujeitos 
culturais, uma pluralidade de situações sociais, uma multiplicidade de fatores intervenientes, 
uma velocidade grande das mudanças e uma multiplicidade de soluções possíveis.
A atuação desses profissionais em nível de si
stema pode ganhar em eficiência e eficácia, 
constituindo
-
se em consultoria para a escola e para o sistema. A consultoria é um trabalho a 
serviço do “cliente”: escola e sistema. O consultor precisa de liberdade e tem necessidade de 
autogestão do próprio tra
balho e da carreira.
Uma nova proposta é aquela na qual quem atue em nível de sistema seja um empreendedor e 
um líder técnico
-
político. Desse modo, torna
-
se um consultor em políticas públicas de 
educação capaz de identificar problemas, propor soluções, agi
r individual e coletivamente, 
perceber tendências e lógicas. Esse agente desenvolve fidelidade à profissão e à ética do 
serviço público.
Para tanto, um programa de formação continuada poderia contemplar: conhecimento do campo 
educacional; capacidade de for
mulação de problemas e propostas de solução; capacidade de 
liderança técnica e política; conhecimento de dinâmicas de institucionalização; capacidade de 
identificar, estimular e formar novas lideranças.
Para tornar efetivo nosso compromisso com a gente bra
sileira, temos, portanto, como 
educadores, de nos sentir implicados com o atendimento da infância e da juventude e, para 
isso, nos capacitar para responder adequadamente às novas demandas postas à educação e a 
todos nós.
(
Disponível 
em
: 
<
http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/FazerAprender5.p
De acordo com Casassus “[...] uma capacidade de gerar uma relação adequada a estrutura, a estratégia, os sistemas, o estilo, as capacidades, as pessoas e os objetivos superiores da organização [...]”, refere-se a(o):
Escolha uma:
a. Organização. 
b. Administração. 
c. Planejamento. XXXX
d. Gestão. 
Questão 2
Ainda não respondida
Vale 1,0 ponto(s).
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Texto da questão
O Estado, como instituição, está passando por uma intensa “reforma”. São prerrogativas dessa reforma:
Escolha uma:
a. A centralização na realização de políticas como forma de resolver os problemas de falta de qualidade nos serviços públicos. 
b. A ampliação dos gastos públicos, principalmente na área social. 
c. Maior intervenção na produção e no mercado. 
d. Aumento do controle fiscal; descentralização das políticas públicas, especialmente as sociais; e ausência de intervenções no setor da produção. XXXXX
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