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Aprendendo Metodologia

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Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
96
Ano VIII - Nº 8 - pág 96 - pág 107 - Outubro 2007
Daniela Cristina Machado*
Aprendendo metodologia sob o olhar de 
uma principiante em pesquisa**
Resumo
O propósito deste artigo é explicitar, sob 
o olhar de uma aprendiz, como se constroem 
certos percursos importantes na realização de 
uma pesquisa, relacionando tais movimentos 
com o projeto “Mídia e memórias: palimpsestos 
de memória étnica na recepção”, coordenado 
pela pesquisadora Jiani Bonin, e do qual ve-
nho participando como bolsista de iniciação 
científica. Os percursos aqui trabalhados são: 
pesquisa teórica, pesquisa da pesquisa e pes-
quisa exploratória.
Iniciação Científica
Palavras-chave:
Metodologia
Pesquisa
Pesquisa teórica
Pesquisa da pesquisa
Pesquisa exploratória
* Estudante de graduação do curso de Comunicação Social, Habilitação Jornalismo, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unisinos - RS - Brasil. Bolsista 
de iniciação científica da pesquisa “Mídia e memórias: palimpsestos de memória étnica na recepção” (Unibic/Unisinos). Integrante do Grupo de Pesquisa em 
Comunicação Processocom do PPGCOM/Unisinos. Colaboradora do Projeto de Cooperação Internacional Brasil-Espanha, uma parceria entre o PPGCOM/Unisinos 
com a Universidade Autônoma de Barcelona/UAB.
** Texto apresentado e discutido em reunião do Grupo de Pesquisa em Comunicação Processocom em 2006.
97
Ano VIII - Nº 8 - Outubro 2007
Para começar, devo salientar que o fazer da pes-
quisa não possui fórmulas prontas que sejam capazes 
de conhecer/apreender as particularidades de cada 
problema/objeto. O pesquisador é quem desenvolverá 
a metodologia conforme as especificidades da sua 
problemática. O objetivo destas páginas é descrever 
certos fazeres necessários para a construção e o de-
senvolvimento de uma pesquisa. 
Ao inserir-me na universidade como bolsista 
de iniciação científica, na área da Comunicação, em 
março de 2006, comecei a tomar conhecimento do 
real significado da pesquisa e acabei por deparar-me 
com uma afirmação: a metodologia é fundamental na 
construção de uma pesquisa científica. Entretanto, 
indagações surgiram no primeiro olhar que dirigi à 
pesquisa: O que é pesquisa? O que é metodologia? É 
possível pensar em etapas, em momentos separados no 
processo da pesquisa? Como se constroem os percursos 
da investigação?
Torna-se complexo para uma estudante de jorna-
lismo, acostumada, na maioria das vezes, somente com 
o estudo das aplicações práticas, entender teorias, para 
que elas servem e, principalmente, como se dão suas 
aplicações nas práticas da pesquisa. Por isso, venho 
neste artigo pensar sobre os movimentos que estou 
fazendo no processo construtivo da pesquisa da qual 
faço parte. Para refletir sobre tais percursos, estudei a 
construção de desenhos de pesquisas realizadas por al-
guns autores1. Recorro também às minhas experiências 
concretas no projeto “Mídia e memórias: palimpsestos 
de memória étnica na recepção”2.
Para levar um projeto adiante, certos movimentos 
se tornam essenciais. Aventuro-me a compartilhar aqui 
minhas reflexões sobre alguns desses movimentos nos 
quais venho trabalhando, a saber: pesquisa teórica, 
pesquisa da pesquisa e pesquisa exploratória3. Além de 
explicar qual o sentido e como é o fazer de cada uma 
delas, busco trazer exemplos concretos realizados por 
mim. Mesmo tratando esses processos separadamente 
no artigo, com o intuito de deixar as explicações mais 
claras, devo salientar que os percursos se realizam 
concomitantemente e alimentam-se mutuamente no 
fazer da pesquisa.
Antes de iniciar uma pesquisa, devemos saber o 
que ela é, para que serve. Entendo a pesquisa como um 
esforço de conhecimento de fenômenos que depende 
da construção de um objeto, o qual é simultaneamente 
teórico e empírico. Além disso, a pesquisa contribui 
para o desenvolvimento da teoria, trazendo elementos 
para melhorar o que já foi produzido de conhecimen-
to. O problema científico não é prático, é construído, 
rompendo com o senso comum para pensar o real de 
outro lugar, se situar em um lugar de compreensão dado 
pela teoria. No problema queremos entender algum 
fenômeno e sua construção tem uma dimensão coletiva, 
ou seja, precisamos dialogar com o “reservatório” de 
1 Bonin (2006), Maldonado (2006), Lopes (2001), Mills (1975) e Oliveira (1998)
2 O projeto de pesquisa coordenado pela pesquisadora Jiani Bonin busca pensar as transformações que se operam na conformação coletiva/individual da memória 
étnica e o papel que aí jogam as mídias. O objetivo da pesquisa é investigar os palimpsestos de memória étnica de sujeitos de grupos de imigração histórica (ita-
lianos) e contemporânea (argentinos); compreender as formas como as mídias se instituem enquanto matriz, racionalidade produtora e ordenadora de memórias 
e de seu sentido e como se relacionam com outros âmbitos de constituição da memória destes sujeitos, mediadores da memória, que podem incluir tramas de 
memórias orais ordenadas no âmbito de espaços familiares e grupos de vivência, de investimentos de instituições/projetos políticos etc.; compreender as relações 
que se estabelecem entre a mídia e outros agentes e as lutas simbólicas que se expressam no ordenamento da memória e do esquecimento na recepção. (BONIN, 
2005b.)
3 No âmbito teórico dialoguei com Bonin (2005a e 2006), Maldonado (2002 e 2006), Littlejohn (1982) e Oliveira (1998); também com Bonin (2006) e Maldonado 
(2006) obtive muitas pistas para pensar a pesquisa da pesquisa; no que diz respeito à dimensão da pesquisa exploratória, além de dialogar com Bonin (2006) e 
Maldonado (2002 e 2006), refleti sobre as proposições de Lopes (2001) e Mills (1975). 
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
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conhecimentos já produzidos4.
O trabalho de pesquisa também não pode ser 
construído para satisfazer apenas a si próprio. Como 
comunicadores, temos o dever de produzir pesquisas 
que beneficiem, de alguma forma, a sociedade. O be-
nefício pode iniciar com a investigação dos meios de 
comunicação social, passar pela forma de acesso, seja 
através de livros, revistas ou da própria mídia, terminar 
com a discussão pública e, às vezes, pode acarretar 
mudanças nos formatos, nos gêneros e na própria 
percepção do público. Os sujeitos investigados têm o 
direito de receber um retorno: “Não é pertinente, nem 
justificado, formular projetos que não contribuam para 
melhorar as sociedades pelas quais são sustentados” 
(MALDONADO, 2006, p. 273).
O projeto “Mídia e memórias” assume a dimen-
são desse retorno na sua própria constituição. Um dos 
objetivos atenta para a dimensão de contribuição social 
da pesquisa. Por isso, pensamos em disponibilizar os 
resultados da investigação a ONGs, grupos e projetos 
que trabalhem com a questão da memória no intuito de 
subsidiar reflexões, ações e empreendimentos desses 
grupos, além de buscar diálogos com a sociedade em 
geral, que poderá refletir sobre a influência dos meios 
na construção de sua memória (BONIN, 2005b).
O início de um projeto exige a formulação de 
um problema/objeto de investigação, a construção 
de indagações fundamentadas que nos desafiem e 
ao mesmo tempo nos impulsionem. A originalidade é 
essencial, pensado na dimensão coletiva da ciência, 
no compromisso que temos de fazer o conhecimento 
avançar. O potencial indagador dessa realidade, o olhar 
atento para o concreto, para o cotidiano que a cada 
dia nos coloca novas situações e questionamentos, 
pode fornecer pistas que permitam a atualização de 
uma pesquisa já realizada ou o desenho de uma nova 
problemática. Não devemos ter pressa ao escolhero 
objeto — deste modo podemos acabar optando por um 
assunto que “está na moda”. Se o fizermos assim, per-
demos uma riquíssima possibilidade de contribuir com a 
pesquisa, que é a estimulação da originalidade, provida 
da observação atenta do mundo à nossa volta.
Na pesquisa “Mídia e memórias” temos como 
objetivo geral investigar como se constroem os palimp-
sestos5 das memórias de grupos étnicos de imigração 
histórica (italianos) e contemporânea (argentinos)6, e 
como a mídia e outros agentes ajudam nessa conforma-
ção. O valor deste projeto está na busca da ampliação 
de conhecimentos em relação aos processos midiáticos 
e em termos da relação mídias e processos sociocultu-
rais (Bonin, 2005b). O estudo da atuação da mídia nos 
processos de constituição da memória individual/coleti-
va e a sua relação com outros meios conformadores da 
memória vem crescendo no campo da comunicação no 
Brasil, mas carece ainda de investimentos em pesquisa 
empírica, em particular de recepção7. 
Mas, como surgem idéias como essas? Mills 
(1975) argumenta que as idéias nascem da imagina-
ção sociológica. Ao produzirmos uma pesquisa com 
empenho, esforço e criatividade, essa imaginação 
4 Para formular a compreensão do significado da pesquisa, dialoguei com Bonin (2006) e com o Grupo de Pesquisa em Comunicação Processocom, do qual faço 
parte.
5 A noção de palimpsestos é utilizada por Martín Barbero, em Dos meios às mediações, para pensar a trama dos textos e das matrizes culturais presentes nos 
gêneros. No projeto que venho participando, pretendemos trabalhar com essa noção de palimpsestos para estudar os textos que se cruzam e se inscrevem na 
memória dos imigrantes. Textos que tanto podem vir da mídia como de outros lugares (família, grupos de relacionamento, igreja etc.), pois partimos do entendi-
mento de que a mídia não é o único lugar de referência da memória, mas se articula com outros agentes e espaços do mundo desses sujeitos (BONIN, 2005b).
6 O grupo italiano foi selecionado devido a sua forte presença na mídia; no caso do grupo de imigração contemporânea, percebemos uma presença significativa 
de elementos relativos ao grupo argentino em mídias regionais (BONIN, 2005b).
7 Por exemplo, no âmbito da Intercom, o XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação teve como tema central Comunicação, acontecimento e memória. 
No banco de textos discutidos nos núcleos de pesquisa deste congresso, localizamos 11 trabalhos que versam sobre a midiatização da memória; a maioria deles 
focaliza a construção da memória operada pelas mídias, relacionada a temáticas específicas. (BONIN, 2005b).
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Ano VIII - Nº 8 - Outubro 2007
passa a ser cultivada e torna-se rotina. Um dos modos 
de desenvolvê-la é fazer anotações de todas as “luzes” 
que acendem em nossa mente, mesmo se vagas. As 
novas idéias, que advêm de trabalhos de observação 
indagativa do mundo, de estudo e reflexão das pes-
quisas já feitas por outros pesquisadores, acabam se 
dando nesse trabalho de reflexão. Caso elas não sirvam 
para o seu estudo atual, talvez mais adiante faça toda 
a diferença. 
Mills (1975) observa que existem algumas 
formas de estimular a imaginação sociológica. Como 
pesquisadores, mesmo estando compenetrados nos 
problemas específicos da investigação, devemos estar 
abertos a imprevistos que podem ocorrer no desenvol-
ver do projeto. Às vezes, as estratégias e os objetivos 
que havíamos elaborado no início da pesquisa mudam 
quando fazemos a pesquisa exploratória, devido a 
novas reflexões, discussões com grupos diversos e 
acréscimos exigidos pelas pistas advindas do encontro 
com o objeto empírico.
Para analisar melhor a problemática, devemos 
observá-la de todos os ângulos possíveis, considerar 
o oposto do que estamos estudando, orienta Mills. Na 
pesquisa “Mídia e memórias” estudaremos também o 
esquecimento. Como vamos pesquisar a construção 
da memória operada pela mídia em sujeitos das etnias 
investigadas, também refletiremos como a mídia não 
constrói a memória. Outra dica dada por Mills é buscar 
problemáticas, mesmo pertencentes a outras épocas 
históricas, que possam ser relacionadas com a nossa. 
Isso ajuda a desenvolver nossa reflexão a atentar 
para especificidades e diferenças. Por exemplo, as 
elaborações contidas no livro “A memória coletiva”, de 
Maurice Halbwachs, estão nos ajudando a ver como 
este autor pensa a questão da memória num contexto 
de 80 anos atrás.
Evoluindo na construção da pesquisa, nos de-
paramos com a pesquisa teórica. Antes de explicitar 
este percurso, é importante refletir sobre o que é teoria. 
A ciência gira em torno de dúvidas e de tentativas de 
compreensão dos fenômenos, e a teoria é um esforço 
para explicar tais fenômenos. A teoria deve ser testada 
no confronto com os fenômenos e, se não resiste, há 
necessidade de repensá-la. O próprio objeto nos exige, 
na sua construção, repensar e reconstruir conceitos e te-
orias, por exigência da própria realidade e por limitações 
percebidas na teoria para dar conta dessa realidade. 
A teoria se articula com todas as etapas da pesquisa. 
Desde a elaboração do problema ela já começa a fazer 
parte do projeto. Sem ela, as questões norteadoras da 
investigação não terão como ser amparadas cientifica-
mente. Mas, a teoria não deve ser puramente abstrata, 
ela precisa ter uma relação com a experiência real. “A 
teoria assim concebida impregna todo o processo con-
creto da pesquisa, é imanente a todos os procedimentos 
da observação e a todas as questões (problema da 
pesquisa) e respostas (hipóteses) que se apresentam 
ao objeto real” (LOPES, 2001, p. 124).
Ao realizar a pesquisa teórica, buscamos concei-
tos de autores que ajudem a entender o nosso proble-
ma. Lembrando que o reservatório de conhecimentos já 
produzido jamais deve ser ignorado, fazemos seleção, 
estudo e reflexão de materiais que propiciem construir 
os conceitos, nos apropriando daquilo que ajude a com-
preender nosso problema/objeto. “Apropriação implica 
um trabalho de domínio das proposições dos autores, de 
reflexão em termos do que elas podem contribuir para a 
compreensão do problema da pesquisa, dos seus limites 
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
100
e de sua articulação ao quadro teórico/compreensivo 
construído” (BONIN, 2005a, p. 66).
Perceber os limites, até onde o conceito do autor 
consegue nos ajudar na compreensão do problema/ob-
jeto, faz parte da construção teórica. Se existem limites 
na obra do autor, devemos procurar transcendê-los 
através da reflexão atenta ou da articulação com outras 
proposições, sempre em relação ao nosso problema. 
Além disso, um autor dialoga com outros, de forma que 
as referências bibliográficas têm papel importante ao 
nos guiar para o conhecimento de outros autores que 
trabalham o mesmo conceito ou, pelo menos, propostas 
semelhantes.
As sementes deixadas pelos autores podem ser 
amadurecidas em nossas mãos a partir do momento em 
que trabalhamos para compreender suas proposições 
profundamente. Nessa primeira aproximação, devemos 
evitar fugir da verdade do texto ou julgá-lo, nos adverte 
Oliveira (1998). Uma forma de não nos desviarmos do 
caminho traçado pelo autor é enriquecermos a com-
preensão de suas obras. Além do mais, a leitura de 
apenas uma obra pode não deixar nitidamente visível 
o olhar do autor sobre o conceito. Outras obras podem 
dar uma interpretação mais clara.
As explicações desenvolvidas para determinados 
aspectos do real são chamadas de conceitos. Geral-
mente os conceitos são os responsáveis por “luzes” 
da pesquisa. Todavia, devemos ter cuidado com as 
associações apressadas. O que um autordiz, muitas 
vezes não assume o mesmo significado descrito por 
outros autores relativos ao conceito de mesmo termo. 
“Cada teoria encara o processo de um ângulo diferente, 
e cada teoria oferece insights que lhe são próprios” 
(LITTLEJOHN, 1982, p.34).
Amadurecer as sementes em nossas mãos sig-
nifica ir além da compreensão dos conceitos, fazendo 
tais sementes germinarem e transformarem-se em 
uma árvore frutífera, cujos galhos seriam as teorias 
sustentadoras e os frutos o resultado concreto de 
nossa pesquisa, baseada, em grande parte, por refle-
xões próprias. Não devemos ter medo de avançar em 
relação às proposições dos autores. O pesquisador, ao 
incorporar esse espírito poético e, principalmente, po-
lêmico, consegue avançar sua reflexão e originar suas 
próprias idéias. Todavia, se a imaginação sociológica 
não conseguir operar sozinha, podemos contar coma 
ajuda de autores para isso.
Os conceitos centrais da pesquisa “Mídia e 
memórias”, com os quais estamos trabalhando, são 
os seguintes: midiatização, dispositivos midiáticos de 
memória, memória coletiva/ individual midiatizada, re-
cepção e mediações. O diálogo com diferentes autores 
é fundamental para construir a sustentação necessária 
ao problema da pesquisa. Nesta perspectiva estamos 
dialogando com autores como Martín Barbero, Ricoeur, 
Bergson, Todorov, Bachelard, Benjamin, Freud, Le Goff, 
Bosi, Huyssen, Maldonado, Verón etc., lembrando que 
muitos outros se somarão a nossa pesquisa (Bonin, 
2005b).
Para ajudar a refletir sobre as propostas dos au-
tores, formamos o grupo de estudo “Mídia e memórias”. 
O interessante deste grupo é a reflexão coletiva, que 
permite a sinergia de trabalho reflexivo, sem rigidez 
hierárquica. O grupo é composto por dois estudantes de 
graduação e uma professora de pós-graduação. Mesmo 
em patamares diferenciados de formação, todos têm 
vez e voz para expor suas reflexões.
Já refletimos sobre o conceito de memória cole-
101
Ano VIII - Nº 8 - Outubro 2007
tiva, trabalhado por Maurice Halbwachs, Michel Pollak 
e Walter Benjamin. Tal conceito ganhou um desenvolvi-
mento forte com o trabalho de Halbwachs (1990). Para 
o autor, a memória individual se forma através das rela-
ções mantidas pelos indivíduos com os grupos aos quais 
pertencem. Ele argumenta ainda que nunca estamos 
sós. Mesmo quando sozinhos, mantemos uma memória 
coletiva, pois nossos pensamentos foram construídos a 
partir de ensinamentos passados por outras pessoas. 
As reflexões do autor apontam, assim, para a dimensão 
coletiva da memória. No caso da nossa pesquisa, essa 
dimensão coletiva é compartilhada pelos grupos sociais 
investigados: italianos e argentinos.
O espaço e o tempo são lugares fundamentais 
na ordenação memória coletiva, diz Halbwachs (1990). 
Ao estarem inseridos numa parte do espaço, os gru-
pos deixam suas próprias marcas nele. Como exemplo 
de suportes da memória podemos citar os objetos. O 
presente é o lugar onde as histórias experenciadas no 
passado pelas outras gerações são reinscritas. Mas, para 
pensar a ação da mídia hoje na memória, o pensamento 
do autor não dá conta sozinho desta problemática. Se 
existe uma memória coletiva, seria melhor falarmos 
em marcos de memória, em lugares de memória. Ou 
seja, as lembranças são elementos sociais comparti-
lhados em partes e não em todo seu contexto. Além 
do mais, a memória coletiva pode compartilhar mais 
de esquecimentos do que lembranças, e a mídia pode 
estar atuando neste processo.
Halbwachs não esgota as possibilidades de en-
tendimento da memória coletiva, mas permite pensar 
que a mídia pode construir memória. Na época em que 
seu livro foi escrito, a mídia não possuía a dimensão que 
tem hoje e o autor pensava que somente através da 
narração corpo a corpo as lembranças eram passadas. 
Halbwachs não aborda as lutas e os conflitos, como 
faz Pollak. Outros limites do autor dizem respeito às 
seguintes indagações: como separar/decodificar o que 
vem da mídia e o que vem da família e de outros lugares 
do cotidiano? As diversas mídias podem estar contri-
buindo para o apagamento da memória coletiva? Estão 
configurando as memórias coletivas dos imigrantes? 
Como? Será que a mídia é um marcador temporal, ou 
melhor, será que através dela o passado é reconhecido 
em toda sua plenitude?
Michael Pollak (1989), autor do artigo “Memória, 
esquecimento, silêncio”, desenvolve seu conceito de 
memória coletiva numa outra perspectiva, distinta da 
idéia de Halbwachs. Para Pollak, existem diferentes 
processos que intervêm na formação e na solidificação 
da memória, como traumas, vergonha, sentimentos 
de culpa, falta de escuta, medo de ser julgado por 
aquilo que confessou ou ainda por incerteza de ser 
compreendido. O autor chama essas histórias “ocultas” 
de memória subterrânea. A memória subterrânea 
sobrevive nas relações das pessoas de sua convivência 
cotidiana. Como não é hegemônica, pode sobreviver 
nessas relações humanas. O texto do autor contribui 
para a pesquisa ao dizer que as memórias são produ-
zidas pelas pessoas, e que processos e atores também 
intervêm nessas memórias. 
Além disso, talvez cada um de nós possua uma 
memória oficial, e só falamos aquilo que podemos 
dizer, e não tudo o que queremos. Ou seja, abre-se a 
possibilidade de pensar as lutas, o poder e os conflitos 
na definição da memória. A campanha da nacionalização 
no Brasil pode ser um exemplo de memória traumática, 
mas também de luta pela conservação das tradições 
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
102
italianas no sul do país. A campanha foi criada para 
fechar escolas e sociedades que cultivavam os valores 
da etnia, inclusive impondo a proibição do idioma ita-
liano. No caso da pesquisa “Mídia e memórias”, nosso 
interesse é pensar como lutas desse tipo marcaram os 
palimpsestos de memória na recepção. Para tal estudo, 
torna-se importante a reflexão sobre o “enquadramento 
da memória” proposto por Pollak.
Segundo o autor, o enquadramento da memória 
significa as operações realizadas por agentes respon-
sáveis pela constituição da memória dos indivíduos, 
que vai de encontro ao social. O enquadramento da 
memória se alimenta do material histórico a ela for-
necido. A referência ao passado serve para manter 
conexão/harmonia entre a sociedade no presente. Para 
representar de forma mais específica essa “atuação da 
memória”, ordenada pela mídia, Pollak preferiu aperfei-
çoar o conceito de memória coletiva através da noção 
de enquadramento da memória. Ele diz que existe um 
trabalho constante de enquadramento da memória. 
Toda memória social, grupal, é esforço de algum 
trabalho. Na atualidade a mídia seleciona o que vai ser 
recordado. Pollak chama a atenção para o filme e o 
documentário como sendo um lugar de rearranjo da 
memória coletiva. Existem documentários onde há tes-
temunhos reais da nossa realidade, os quais conferem 
características de veracidade e emoção. Para o autor, a 
televisão seria um espaço de reconstrução da memória 
nacional, um lugar que não permite uma aproximação 
tão forte como um documentário. Mas podemos per-
ceber atualmente que a novela é um gênero carregado 
de elementos do cotidiano das pessoas.
O enquadramento da memória, adverte Pollak, 
deve ter limites, pois o que está em jogo, também, é 
o sentido da identidade individual e do grupo. Além de 
produção de discursos e de personagens, os rastros 
desse trabalho de enquadramento são os objetos. A 
memória pode ser guardada e solidificada nas pedras 
como, por exemplo, os monumentos e as construções 
arquitetônicas,ou em livros, bibliotecas e museus. 
Quando passamos por esses pontos de referência nos 
sentimos integrados na época em que foram construí-
dos. Nas lembranças mais atuais, as quais guardamos 
em nossas recordações pessoais, os pontos de referên-
cia são os sentidos: barulhos, cheiros e aromas. 
As propostas do autor também levantam limites. 
Pensando sobre o projeto “Mídia e memórias”, ficam 
para nós algumas indagações. Os jornalistas também 
são atores do enquadramento, eles decidem o que será 
recordado, fazem os recortes que acham necessários, 
enfim legitimam de alguma forma as notícias para as 
pessoas acreditarem. Algumas indagações também são 
impostas pelo texto. Em que medida os meios operam 
no reordenamento da memória? Como a mídia compõe 
e dissemina a memória?
Avançando na construção da pesquisa, torna-se 
importante a busca de autores e conceitos que não 
se limitam apenas a obras teóricas. Se garimparmos 
o vasto campo da pesquisa, encontraremos investiga-
ções de pós-graduação e artigos de revistas científicas 
que podem nos ajudar a desenvolver o trabalho. Para 
a construção desta etapa, entramos em outra linha 
importante no percurso de um projeto: a pesquisa da 
pesquisa. Esta etapa consiste em levantar pesquisas já 
produzidas referentes ao problema-objeto, para gerar 
pistas teóricas, metodológicas, e pensar sobre o que 
já foi produzido de conhecimento referente ao tema 
ou relacionado a ele (BONIN, 2005a). Estas pesquisas, 
103
Ano VIII - Nº 8 - Outubro 2007
geralmente resultado de dissertações de mestrado e 
teses de doutorado, tornam-se acessíveis ao público 
na biblioteca da universidade onde foram realizadas e 
viram livros ou artigos de revistas científicas. 
Na internet é comum encontrarmos publicações 
on-line desses artigos. Cabe ao pesquisador fazer uma 
seleção das revistas conceituadas e das que fazem parte 
do seu campo científico. No site da Sociedade Brasileira 
de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Inter-
com)8, foi possível localizar pesquisas de todo o país que 
se encontram on-line. Em alguns dos GTs do site da 
Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação 
em Comunicação (Compós), existem bancos de textos 
específicos para diversas áreas de investigação no cam-
po da comunicação, o que nos ajuda a ver o estudo de 
problemáticas com linhas que se cruzam com a nossa9. 
O site organizado pelo pesquisador Raul Fuentes dá 
uma visão ampla das pesquisas realizadas na área da 
comunicação no México10. No buscador Google, utilizei 
palavras-chave do projeto “Mídia e memórias” para 
procurar artigos e trabalhos de pós-graduação.
Após localizar as pesquisas relevantes ao nosso 
problema/objeto, a desconstrução metodológica, 
conforme Bonin (2006, p.31), caracterizada pela des-
construção, reflexão e apropriação, é um processo fun-
damental a ser trabalhado. A avaliação das pesquisas, 
sob todos os aspectos, elucidará os caminhos traçados 
pelo autor. Este processo nos ajuda a aprender, me-
todologicamente, a construir uma pesquisa, a ver as 
contribuições e os limites deixados pelo pesquisador 
para nossa problemática.
A primeira etapa da pesquisa exige intenso traba-
lho braçal. Para tentar encontrar outras pesquisas com 
a mesma temática, fiz um levantamento das revistas 
científicas de comunicação disponíveis na biblioteca 
da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). 
Durante vários dias me pus a ler os resumos dos artigos 
de cada revista e selecionar aquilo que serviria ou não 
para a pesquisa. Após a seleção, xeroquei os artigos e 
atualmente estamos avaliando os que devem ser objeto 
de futuras discussões. Lembrando que estamos dando 
continuidade a este levantamento em outras bibliotecas 
como a da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
(UFRGS) e da Universidade de São Paulo (USP).
Simultaneamente ao intenso trabalho inicial na 
pesquisa da pesquisa, também explorados na dimen-
são teórica e metodológica, partimos para a pesquisa 
exploratória. Aqui nos aproximarmos concretamente 
daquilo que estamos investigando. Neste percurso 
damos concretude ao objeto. Esta é a hora que o pes-
quisador põe em prática todo o estudo teórico realizado 
na pesquisa teórica e na pesquisa da pesquisa. A saída 
a campo, o contato direto com o nosso objeto de pes-
quisa é fascinante. Às vezes, nossas expectativas não 
correspondem aos dados coletados, seja através de 
entrevistas, questionários ou diário de campo. Devido a 
isso, acabamos por redesenhar o projeto, abandonando 
algumas hipóteses e formulando novas, investindo em 
novos ângulos conceituais etc.
Antes de sair a campo, devemos construir um 
percurso para se chegar de forma pensada e sistemati-
zada ao objeto empírico. O local da pesquisa, as pessoas 
que serão observadas, a análise dos meios de comunica-
ção escolhidos, quais serão as técnicas etc. Através da 
elaboração das estratégias metodológicas, em que 
apreendemos o objeto empírico, fica mais claro o que 
posso “apanhar” dele, que tipo de dados, qualitativos 
e quantitativos. Se for o caso, cada realidade pede um 
8 Disponível em <http://www.intercom.org.br>.
9 Disponível em <http://www.compos.org.br>.
10 Disponível em <http://ccdoc.iteso.mx/cal.aspx>.
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
104
determinado método e justifica o seu uso.
Mas, o que vem a ser metodologia? A palavra 
metodologia vem do grego méthodos (método) + 
logia (estudo) e significa o estudo do método (FER-
REIRA, 1986). O método é a maneira que escolhemos 
para traçar o nosso percurso dentre tantas opções 
disponíveis. O modo de capturar o método é definido 
pelo objeto empírico. Somente na prática da pesquisa 
poderemos testar e julgar as opções feitas (LOPES, 
2001, p.111). A escolha do método norteará o caminho 
do pesquisador, desde que esta escolha se enquadre na 
perspectiva do seu projeto. Em suma, a metodologia é o 
percurso de construção da pesquisa, desde o problema 
da pesquisa, os objetivos, a formulação de hipóteses, 
a teorização dos conceitos, a opção de métodos e 
técnicas de observação. A escolha do método se faz a 
partir do grau de coerência e adequação com o que o 
pesquisador investiga (LOPES, 2001, p.110).
A aplicação de técnicas faz parte do método. 
Contudo, conforme orienta Oliveira (1998) não podemos 
deixar de refletir sobre a pesquisa/objeto de pesquisa. 
Devemos seguir, sim, uma determinada lógica de cons-
trução e utilização dos métodos, mas não nos engessar 
em técnicas, até porque não encontraremos em lugar 
algum as dinâmicas a serem usadas especificamente 
em nosso projeto. Como nos adverte Maldonado (2006), 
ao adotarmos definições prontas, estamos utilizando 
teorias produzidas para outros problemas ou outras 
áreas de investigação. 
Cabe ao pesquisador estudar métodos de cons-
trução da pesquisa específicos à sua problemática. A 
reflexão e a contribuição pessoal, com novas constru-
ções, é importante para a pesquisa. Sem o pensamento 
não há pesquisa. A reflexão não é pura e simplesmente 
acerca das idéias que possuo para desenvolver meu 
projeto. Deve-se escolher qual será o caminho mais 
adequado para a execução da pesquisa.
A pesquisa exploratória pode ser feita de várias 
maneiras. Por exemplo, através do levantamento dos 
dados primários (o que nós coletamos sobre o pro-
blema), e através de recolha dos dados secundários 
— o que os outros coletaram sobre o mesmo proble-
ma/objeto. 
Referente ao levantamento de dados primários 
da pesquisa “Mídia e memórias”, além de informações 
sobre regiões que abrigam etnias italianas, bem como 
festas referentes aessa cultura, eu e o outro bolsista11 
fizemos o clipping dos jornais Zero Hora e Correio do 
Povo, de todo o ano de 2006 e do primeiro trimestre de 
2007. A definição dos jornais a serem investigados deu-
se a partir de certos critérios construídos em relação ao 
problema e aproveitando a relação da pesquisa “Mídia, 
migração e interculturalidade: estudo das estratégias 
de midiatização das migrações contemporâneas e suas 
repercussões na construção midiática da União Européia 
e do Mercosul”12.
Nos dados secundários estamos mapeando 
pesquisas que tragam dados interessantes para nosso 
trabalho. Como exemplo, a pesquisa “Mídia, migração 
e interculturalidade”, sobre a qual me debrucei, trouxe 
pistas de como os meios transmitem certas coisas que 
não percebemos no dia-a-dia. Segundo as conclusões 
do projeto, foi encontrada mais informação na mídia 
sobre a história dos imigrantes italianos do que sobre 
os argentinos. Enquanto a memória sobre a saga de 
migrações de matriz européia, como os italianos, está 
sempre sendo atualizada e reafirmada pela mídia, as 
matérias referentes aos argentinos dizem respeito, prin-
11 Bruno Alencastro é bolsista da Fapergs e desde outubro de 2006 está trabalhando conosco no projeto “Mídia e memórias”.
12 A pesquisa “Mídia, migração e interculturalidade” foi desenvolvida em março de 2004 pelo Grupo de Pesquisa Mídia e Multiculturalismo, do Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos e coordenada pela Profª. Drª. Denise Cogo.
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Ano VIII - Nº 8 - Outubro 2007
cipalmente, ao crescimento do número de emigrações 
para outros países e ao processo emigratório de outros 
grupos étnicos para a Argentina. Nas matérias fica clara 
a qualidade designada aos italianos como sendo um 
povo batalhador, que contribuiu para a constituição da 
nacionalidade brasileira, enquanto os argentinos são 
nossos rivais e são tratados apenas como imigrantes 
ilegais que vêm para o Brasil tirar o emprego da popu-
lação local. O projeto também nos forneceu pistas de 
como a mídia vem construindo a memória.
Com essas informações, ficou mais fácil decidir 
quais seriam os jornais importantes a serem investi-
gados na pesquisa exploratória da nossa investigação. 
Através de tabelas do projeto que mostravam os per-
centuais de matérias referentes às etnias italiana e 
argentina, acabamos por decidir em fazer clipping dos 
jornais Zero Hora e Correio do Povo. No trabalho realiza-
do com este clipping, me deparei com a nova situação 
dos argentinos. Constatei que as matérias referentes à 
imigração ilegal de argentinos para o Brasil diminuíram 
drasticamente. A maioria das matérias sobre a etnia 
aborda questões de cunho econômico, esportivo e o 
setor de turismo. Isto abre interrogação para a nossa 
pesquisa no sentido de pensar como a mídia fabrica 
a memória dos grupos que estamos investigando, as 
distinções que se observam etc.
Considerações finais
Os percursos de pesquisa teórica, pesquisa da 
pesquisa e pesquisa exploratória são apenas três das 
várias etapas importantes para a construção de uma 
pesquisa científica. Aprenderei diversas coisas ao longo 
desta jornada, que apenas iniciou. Entres os ensinamen-
tos já adquiridos, constatei que todos os pesquisadores 
sempre devem estar abertos a críticas e sugestões, 
principalmente quando são iniciantes. A cada passo 
que avançamos na pesquisa, somos recompensados 
ao ver nosso trabalho intelectual ganhando corpo. E 
descobrimos que somos capazes de chegar a deduções 
e reflexões nunca antes esperadas por nós. A pesquisa 
“acende as luzes” de nossa mente e extrai o melhor de 
nosso potencial.
Claro que a angústia e as dúvidas acompanham 
o pesquisador em toda sua jornada. As luzes teimam 
em não acender em alguns momentos. Quantas vezes 
relemos o mesmo capítulo até entender seu verdadeiro 
significado? Quantos minutos passamos defronte ao 
computador pensando no que escrever? Quantas vezes 
reescrevemos o mesmo parágrafo? A pressa e a falta de 
reflexão são inimigas da pesquisa, por isso recomendo 
não deixar tudo para a última hora. Assim, podemos 
escrever com inteligência cada linha do projeto. Com 
todo o volume de informações que coletamos, por vezes 
ficamos perdidos e sem idéia de por onde começar. Um 
esquema de organização do problema/objeto e dos 
seus componentes pode ser importante para orientar 
a construção.
O bom pesquisador é aquele que trabalha com 
rigor científico e, ao mesmo tempo, não segue recei-
tas e fórmulas prontas. Ele aproveita o conhecimento 
existente, questionando-o, e usufrui de sua imaginação 
sociológica para construir a pesquisa. Saber observar é 
uma das características do pesquisador. Explorar esse 
olhar é algo que só se desenvolve com a experiência. O 
cotidiano é também um “baú de ouro”, um local onde se 
encontram as grandes perguntas sedentas por respostas 
inteligentes. Fazem parte desse tesouro, também, as 
pesquisas já realizadas por outros autores e os trabalhos 
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
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anteriores do pesquisador.
O fazer, dedicadamente, cada processo deste 
percurso traz gratificações no sentido de aguçar a 
criatividade e despertar o investigador, às vezes ador-
mecido dentro de nós. Cada parágrafo, resultado de 
muito esforço e estudo, culmina na sua pesquisa. O 
mais gratificante de tudo é, depois de ter seu projeto 
concluído, receber o reconhecimento dos pares. A partir 
desse momento, conforme me comprovam as observa-
ções do trabalho de pesquisadores mais experientes, 
você toma tamanho fôlego que se impulsionará a outros 
projetos e daí em diante não conseguirá sair mais do 
mundo da pesquisa.
Outro aprendizado adquirido como bolsista, e que 
certamente levarei por toda a vida, foram as colocações 
do professor Alberto Efendy Maldonado ao revisar a 
primeira versão deste artigo. Segundo ele, por mais 
que lemos e estudamos muito sobre um determina-
do assunto, nunca o apreenderemos em seu todo. O 
mundo do conhecimento está sempre em processo de 
evolução e de construção de novos saberes sobre os 
mais diversos assuntos. Maldonado acrescentou ainda 
que devemos ser humildes ao receber um elogio e não 
ficarmos limitados a ele. O elogio deve ser um impulso 
para continuarmos a estudar/refletir e progredirmos 
como pesquisadores.
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