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Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação 96 Ano VIII - Nº 8 - pág 96 - pág 107 - Outubro 2007 Daniela Cristina Machado* Aprendendo metodologia sob o olhar de uma principiante em pesquisa** Resumo O propósito deste artigo é explicitar, sob o olhar de uma aprendiz, como se constroem certos percursos importantes na realização de uma pesquisa, relacionando tais movimentos com o projeto “Mídia e memórias: palimpsestos de memória étnica na recepção”, coordenado pela pesquisadora Jiani Bonin, e do qual ve- nho participando como bolsista de iniciação científica. Os percursos aqui trabalhados são: pesquisa teórica, pesquisa da pesquisa e pes- quisa exploratória. Iniciação Científica Palavras-chave: Metodologia Pesquisa Pesquisa teórica Pesquisa da pesquisa Pesquisa exploratória * Estudante de graduação do curso de Comunicação Social, Habilitação Jornalismo, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unisinos - RS - Brasil. Bolsista de iniciação científica da pesquisa “Mídia e memórias: palimpsestos de memória étnica na recepção” (Unibic/Unisinos). Integrante do Grupo de Pesquisa em Comunicação Processocom do PPGCOM/Unisinos. Colaboradora do Projeto de Cooperação Internacional Brasil-Espanha, uma parceria entre o PPGCOM/Unisinos com a Universidade Autônoma de Barcelona/UAB. ** Texto apresentado e discutido em reunião do Grupo de Pesquisa em Comunicação Processocom em 2006. 97 Ano VIII - Nº 8 - Outubro 2007 Para começar, devo salientar que o fazer da pes- quisa não possui fórmulas prontas que sejam capazes de conhecer/apreender as particularidades de cada problema/objeto. O pesquisador é quem desenvolverá a metodologia conforme as especificidades da sua problemática. O objetivo destas páginas é descrever certos fazeres necessários para a construção e o de- senvolvimento de uma pesquisa. Ao inserir-me na universidade como bolsista de iniciação científica, na área da Comunicação, em março de 2006, comecei a tomar conhecimento do real significado da pesquisa e acabei por deparar-me com uma afirmação: a metodologia é fundamental na construção de uma pesquisa científica. Entretanto, indagações surgiram no primeiro olhar que dirigi à pesquisa: O que é pesquisa? O que é metodologia? É possível pensar em etapas, em momentos separados no processo da pesquisa? Como se constroem os percursos da investigação? Torna-se complexo para uma estudante de jorna- lismo, acostumada, na maioria das vezes, somente com o estudo das aplicações práticas, entender teorias, para que elas servem e, principalmente, como se dão suas aplicações nas práticas da pesquisa. Por isso, venho neste artigo pensar sobre os movimentos que estou fazendo no processo construtivo da pesquisa da qual faço parte. Para refletir sobre tais percursos, estudei a construção de desenhos de pesquisas realizadas por al- guns autores1. Recorro também às minhas experiências concretas no projeto “Mídia e memórias: palimpsestos de memória étnica na recepção”2. Para levar um projeto adiante, certos movimentos se tornam essenciais. Aventuro-me a compartilhar aqui minhas reflexões sobre alguns desses movimentos nos quais venho trabalhando, a saber: pesquisa teórica, pesquisa da pesquisa e pesquisa exploratória3. Além de explicar qual o sentido e como é o fazer de cada uma delas, busco trazer exemplos concretos realizados por mim. Mesmo tratando esses processos separadamente no artigo, com o intuito de deixar as explicações mais claras, devo salientar que os percursos se realizam concomitantemente e alimentam-se mutuamente no fazer da pesquisa. Antes de iniciar uma pesquisa, devemos saber o que ela é, para que serve. Entendo a pesquisa como um esforço de conhecimento de fenômenos que depende da construção de um objeto, o qual é simultaneamente teórico e empírico. Além disso, a pesquisa contribui para o desenvolvimento da teoria, trazendo elementos para melhorar o que já foi produzido de conhecimen- to. O problema científico não é prático, é construído, rompendo com o senso comum para pensar o real de outro lugar, se situar em um lugar de compreensão dado pela teoria. No problema queremos entender algum fenômeno e sua construção tem uma dimensão coletiva, ou seja, precisamos dialogar com o “reservatório” de 1 Bonin (2006), Maldonado (2006), Lopes (2001), Mills (1975) e Oliveira (1998) 2 O projeto de pesquisa coordenado pela pesquisadora Jiani Bonin busca pensar as transformações que se operam na conformação coletiva/individual da memória étnica e o papel que aí jogam as mídias. O objetivo da pesquisa é investigar os palimpsestos de memória étnica de sujeitos de grupos de imigração histórica (ita- lianos) e contemporânea (argentinos); compreender as formas como as mídias se instituem enquanto matriz, racionalidade produtora e ordenadora de memórias e de seu sentido e como se relacionam com outros âmbitos de constituição da memória destes sujeitos, mediadores da memória, que podem incluir tramas de memórias orais ordenadas no âmbito de espaços familiares e grupos de vivência, de investimentos de instituições/projetos políticos etc.; compreender as relações que se estabelecem entre a mídia e outros agentes e as lutas simbólicas que se expressam no ordenamento da memória e do esquecimento na recepção. (BONIN, 2005b.) 3 No âmbito teórico dialoguei com Bonin (2005a e 2006), Maldonado (2002 e 2006), Littlejohn (1982) e Oliveira (1998); também com Bonin (2006) e Maldonado (2006) obtive muitas pistas para pensar a pesquisa da pesquisa; no que diz respeito à dimensão da pesquisa exploratória, além de dialogar com Bonin (2006) e Maldonado (2002 e 2006), refleti sobre as proposições de Lopes (2001) e Mills (1975). Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação 98 conhecimentos já produzidos4. O trabalho de pesquisa também não pode ser construído para satisfazer apenas a si próprio. Como comunicadores, temos o dever de produzir pesquisas que beneficiem, de alguma forma, a sociedade. O be- nefício pode iniciar com a investigação dos meios de comunicação social, passar pela forma de acesso, seja através de livros, revistas ou da própria mídia, terminar com a discussão pública e, às vezes, pode acarretar mudanças nos formatos, nos gêneros e na própria percepção do público. Os sujeitos investigados têm o direito de receber um retorno: “Não é pertinente, nem justificado, formular projetos que não contribuam para melhorar as sociedades pelas quais são sustentados” (MALDONADO, 2006, p. 273). O projeto “Mídia e memórias” assume a dimen- são desse retorno na sua própria constituição. Um dos objetivos atenta para a dimensão de contribuição social da pesquisa. Por isso, pensamos em disponibilizar os resultados da investigação a ONGs, grupos e projetos que trabalhem com a questão da memória no intuito de subsidiar reflexões, ações e empreendimentos desses grupos, além de buscar diálogos com a sociedade em geral, que poderá refletir sobre a influência dos meios na construção de sua memória (BONIN, 2005b). O início de um projeto exige a formulação de um problema/objeto de investigação, a construção de indagações fundamentadas que nos desafiem e ao mesmo tempo nos impulsionem. A originalidade é essencial, pensado na dimensão coletiva da ciência, no compromisso que temos de fazer o conhecimento avançar. O potencial indagador dessa realidade, o olhar atento para o concreto, para o cotidiano que a cada dia nos coloca novas situações e questionamentos, pode fornecer pistas que permitam a atualização de uma pesquisa já realizada ou o desenho de uma nova problemática. Não devemos ter pressa ao escolhero objeto — deste modo podemos acabar optando por um assunto que “está na moda”. Se o fizermos assim, per- demos uma riquíssima possibilidade de contribuir com a pesquisa, que é a estimulação da originalidade, provida da observação atenta do mundo à nossa volta. Na pesquisa “Mídia e memórias” temos como objetivo geral investigar como se constroem os palimp- sestos5 das memórias de grupos étnicos de imigração histórica (italianos) e contemporânea (argentinos)6, e como a mídia e outros agentes ajudam nessa conforma- ção. O valor deste projeto está na busca da ampliação de conhecimentos em relação aos processos midiáticos e em termos da relação mídias e processos sociocultu- rais (Bonin, 2005b). O estudo da atuação da mídia nos processos de constituição da memória individual/coleti- va e a sua relação com outros meios conformadores da memória vem crescendo no campo da comunicação no Brasil, mas carece ainda de investimentos em pesquisa empírica, em particular de recepção7. Mas, como surgem idéias como essas? Mills (1975) argumenta que as idéias nascem da imagina- ção sociológica. Ao produzirmos uma pesquisa com empenho, esforço e criatividade, essa imaginação 4 Para formular a compreensão do significado da pesquisa, dialoguei com Bonin (2006) e com o Grupo de Pesquisa em Comunicação Processocom, do qual faço parte. 5 A noção de palimpsestos é utilizada por Martín Barbero, em Dos meios às mediações, para pensar a trama dos textos e das matrizes culturais presentes nos gêneros. No projeto que venho participando, pretendemos trabalhar com essa noção de palimpsestos para estudar os textos que se cruzam e se inscrevem na memória dos imigrantes. Textos que tanto podem vir da mídia como de outros lugares (família, grupos de relacionamento, igreja etc.), pois partimos do entendi- mento de que a mídia não é o único lugar de referência da memória, mas se articula com outros agentes e espaços do mundo desses sujeitos (BONIN, 2005b). 6 O grupo italiano foi selecionado devido a sua forte presença na mídia; no caso do grupo de imigração contemporânea, percebemos uma presença significativa de elementos relativos ao grupo argentino em mídias regionais (BONIN, 2005b). 7 Por exemplo, no âmbito da Intercom, o XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação teve como tema central Comunicação, acontecimento e memória. No banco de textos discutidos nos núcleos de pesquisa deste congresso, localizamos 11 trabalhos que versam sobre a midiatização da memória; a maioria deles focaliza a construção da memória operada pelas mídias, relacionada a temáticas específicas. (BONIN, 2005b). 99 Ano VIII - Nº 8 - Outubro 2007 passa a ser cultivada e torna-se rotina. Um dos modos de desenvolvê-la é fazer anotações de todas as “luzes” que acendem em nossa mente, mesmo se vagas. As novas idéias, que advêm de trabalhos de observação indagativa do mundo, de estudo e reflexão das pes- quisas já feitas por outros pesquisadores, acabam se dando nesse trabalho de reflexão. Caso elas não sirvam para o seu estudo atual, talvez mais adiante faça toda a diferença. Mills (1975) observa que existem algumas formas de estimular a imaginação sociológica. Como pesquisadores, mesmo estando compenetrados nos problemas específicos da investigação, devemos estar abertos a imprevistos que podem ocorrer no desenvol- ver do projeto. Às vezes, as estratégias e os objetivos que havíamos elaborado no início da pesquisa mudam quando fazemos a pesquisa exploratória, devido a novas reflexões, discussões com grupos diversos e acréscimos exigidos pelas pistas advindas do encontro com o objeto empírico. Para analisar melhor a problemática, devemos observá-la de todos os ângulos possíveis, considerar o oposto do que estamos estudando, orienta Mills. Na pesquisa “Mídia e memórias” estudaremos também o esquecimento. Como vamos pesquisar a construção da memória operada pela mídia em sujeitos das etnias investigadas, também refletiremos como a mídia não constrói a memória. Outra dica dada por Mills é buscar problemáticas, mesmo pertencentes a outras épocas históricas, que possam ser relacionadas com a nossa. Isso ajuda a desenvolver nossa reflexão a atentar para especificidades e diferenças. Por exemplo, as elaborações contidas no livro “A memória coletiva”, de Maurice Halbwachs, estão nos ajudando a ver como este autor pensa a questão da memória num contexto de 80 anos atrás. Evoluindo na construção da pesquisa, nos de- paramos com a pesquisa teórica. Antes de explicitar este percurso, é importante refletir sobre o que é teoria. A ciência gira em torno de dúvidas e de tentativas de compreensão dos fenômenos, e a teoria é um esforço para explicar tais fenômenos. A teoria deve ser testada no confronto com os fenômenos e, se não resiste, há necessidade de repensá-la. O próprio objeto nos exige, na sua construção, repensar e reconstruir conceitos e te- orias, por exigência da própria realidade e por limitações percebidas na teoria para dar conta dessa realidade. A teoria se articula com todas as etapas da pesquisa. Desde a elaboração do problema ela já começa a fazer parte do projeto. Sem ela, as questões norteadoras da investigação não terão como ser amparadas cientifica- mente. Mas, a teoria não deve ser puramente abstrata, ela precisa ter uma relação com a experiência real. “A teoria assim concebida impregna todo o processo con- creto da pesquisa, é imanente a todos os procedimentos da observação e a todas as questões (problema da pesquisa) e respostas (hipóteses) que se apresentam ao objeto real” (LOPES, 2001, p. 124). Ao realizar a pesquisa teórica, buscamos concei- tos de autores que ajudem a entender o nosso proble- ma. Lembrando que o reservatório de conhecimentos já produzido jamais deve ser ignorado, fazemos seleção, estudo e reflexão de materiais que propiciem construir os conceitos, nos apropriando daquilo que ajude a com- preender nosso problema/objeto. “Apropriação implica um trabalho de domínio das proposições dos autores, de reflexão em termos do que elas podem contribuir para a compreensão do problema da pesquisa, dos seus limites Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação 100 e de sua articulação ao quadro teórico/compreensivo construído” (BONIN, 2005a, p. 66). Perceber os limites, até onde o conceito do autor consegue nos ajudar na compreensão do problema/ob- jeto, faz parte da construção teórica. Se existem limites na obra do autor, devemos procurar transcendê-los através da reflexão atenta ou da articulação com outras proposições, sempre em relação ao nosso problema. Além disso, um autor dialoga com outros, de forma que as referências bibliográficas têm papel importante ao nos guiar para o conhecimento de outros autores que trabalham o mesmo conceito ou, pelo menos, propostas semelhantes. As sementes deixadas pelos autores podem ser amadurecidas em nossas mãos a partir do momento em que trabalhamos para compreender suas proposições profundamente. Nessa primeira aproximação, devemos evitar fugir da verdade do texto ou julgá-lo, nos adverte Oliveira (1998). Uma forma de não nos desviarmos do caminho traçado pelo autor é enriquecermos a com- preensão de suas obras. Além do mais, a leitura de apenas uma obra pode não deixar nitidamente visível o olhar do autor sobre o conceito. Outras obras podem dar uma interpretação mais clara. As explicações desenvolvidas para determinados aspectos do real são chamadas de conceitos. Geral- mente os conceitos são os responsáveis por “luzes” da pesquisa. Todavia, devemos ter cuidado com as associações apressadas. O que um autordiz, muitas vezes não assume o mesmo significado descrito por outros autores relativos ao conceito de mesmo termo. “Cada teoria encara o processo de um ângulo diferente, e cada teoria oferece insights que lhe são próprios” (LITTLEJOHN, 1982, p.34). Amadurecer as sementes em nossas mãos sig- nifica ir além da compreensão dos conceitos, fazendo tais sementes germinarem e transformarem-se em uma árvore frutífera, cujos galhos seriam as teorias sustentadoras e os frutos o resultado concreto de nossa pesquisa, baseada, em grande parte, por refle- xões próprias. Não devemos ter medo de avançar em relação às proposições dos autores. O pesquisador, ao incorporar esse espírito poético e, principalmente, po- lêmico, consegue avançar sua reflexão e originar suas próprias idéias. Todavia, se a imaginação sociológica não conseguir operar sozinha, podemos contar coma ajuda de autores para isso. Os conceitos centrais da pesquisa “Mídia e memórias”, com os quais estamos trabalhando, são os seguintes: midiatização, dispositivos midiáticos de memória, memória coletiva/ individual midiatizada, re- cepção e mediações. O diálogo com diferentes autores é fundamental para construir a sustentação necessária ao problema da pesquisa. Nesta perspectiva estamos dialogando com autores como Martín Barbero, Ricoeur, Bergson, Todorov, Bachelard, Benjamin, Freud, Le Goff, Bosi, Huyssen, Maldonado, Verón etc., lembrando que muitos outros se somarão a nossa pesquisa (Bonin, 2005b). Para ajudar a refletir sobre as propostas dos au- tores, formamos o grupo de estudo “Mídia e memórias”. O interessante deste grupo é a reflexão coletiva, que permite a sinergia de trabalho reflexivo, sem rigidez hierárquica. O grupo é composto por dois estudantes de graduação e uma professora de pós-graduação. Mesmo em patamares diferenciados de formação, todos têm vez e voz para expor suas reflexões. Já refletimos sobre o conceito de memória cole- 101 Ano VIII - Nº 8 - Outubro 2007 tiva, trabalhado por Maurice Halbwachs, Michel Pollak e Walter Benjamin. Tal conceito ganhou um desenvolvi- mento forte com o trabalho de Halbwachs (1990). Para o autor, a memória individual se forma através das rela- ções mantidas pelos indivíduos com os grupos aos quais pertencem. Ele argumenta ainda que nunca estamos sós. Mesmo quando sozinhos, mantemos uma memória coletiva, pois nossos pensamentos foram construídos a partir de ensinamentos passados por outras pessoas. As reflexões do autor apontam, assim, para a dimensão coletiva da memória. No caso da nossa pesquisa, essa dimensão coletiva é compartilhada pelos grupos sociais investigados: italianos e argentinos. O espaço e o tempo são lugares fundamentais na ordenação memória coletiva, diz Halbwachs (1990). Ao estarem inseridos numa parte do espaço, os gru- pos deixam suas próprias marcas nele. Como exemplo de suportes da memória podemos citar os objetos. O presente é o lugar onde as histórias experenciadas no passado pelas outras gerações são reinscritas. Mas, para pensar a ação da mídia hoje na memória, o pensamento do autor não dá conta sozinho desta problemática. Se existe uma memória coletiva, seria melhor falarmos em marcos de memória, em lugares de memória. Ou seja, as lembranças são elementos sociais comparti- lhados em partes e não em todo seu contexto. Além do mais, a memória coletiva pode compartilhar mais de esquecimentos do que lembranças, e a mídia pode estar atuando neste processo. Halbwachs não esgota as possibilidades de en- tendimento da memória coletiva, mas permite pensar que a mídia pode construir memória. Na época em que seu livro foi escrito, a mídia não possuía a dimensão que tem hoje e o autor pensava que somente através da narração corpo a corpo as lembranças eram passadas. Halbwachs não aborda as lutas e os conflitos, como faz Pollak. Outros limites do autor dizem respeito às seguintes indagações: como separar/decodificar o que vem da mídia e o que vem da família e de outros lugares do cotidiano? As diversas mídias podem estar contri- buindo para o apagamento da memória coletiva? Estão configurando as memórias coletivas dos imigrantes? Como? Será que a mídia é um marcador temporal, ou melhor, será que através dela o passado é reconhecido em toda sua plenitude? Michael Pollak (1989), autor do artigo “Memória, esquecimento, silêncio”, desenvolve seu conceito de memória coletiva numa outra perspectiva, distinta da idéia de Halbwachs. Para Pollak, existem diferentes processos que intervêm na formação e na solidificação da memória, como traumas, vergonha, sentimentos de culpa, falta de escuta, medo de ser julgado por aquilo que confessou ou ainda por incerteza de ser compreendido. O autor chama essas histórias “ocultas” de memória subterrânea. A memória subterrânea sobrevive nas relações das pessoas de sua convivência cotidiana. Como não é hegemônica, pode sobreviver nessas relações humanas. O texto do autor contribui para a pesquisa ao dizer que as memórias são produ- zidas pelas pessoas, e que processos e atores também intervêm nessas memórias. Além disso, talvez cada um de nós possua uma memória oficial, e só falamos aquilo que podemos dizer, e não tudo o que queremos. Ou seja, abre-se a possibilidade de pensar as lutas, o poder e os conflitos na definição da memória. A campanha da nacionalização no Brasil pode ser um exemplo de memória traumática, mas também de luta pela conservação das tradições Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação 102 italianas no sul do país. A campanha foi criada para fechar escolas e sociedades que cultivavam os valores da etnia, inclusive impondo a proibição do idioma ita- liano. No caso da pesquisa “Mídia e memórias”, nosso interesse é pensar como lutas desse tipo marcaram os palimpsestos de memória na recepção. Para tal estudo, torna-se importante a reflexão sobre o “enquadramento da memória” proposto por Pollak. Segundo o autor, o enquadramento da memória significa as operações realizadas por agentes respon- sáveis pela constituição da memória dos indivíduos, que vai de encontro ao social. O enquadramento da memória se alimenta do material histórico a ela for- necido. A referência ao passado serve para manter conexão/harmonia entre a sociedade no presente. Para representar de forma mais específica essa “atuação da memória”, ordenada pela mídia, Pollak preferiu aperfei- çoar o conceito de memória coletiva através da noção de enquadramento da memória. Ele diz que existe um trabalho constante de enquadramento da memória. Toda memória social, grupal, é esforço de algum trabalho. Na atualidade a mídia seleciona o que vai ser recordado. Pollak chama a atenção para o filme e o documentário como sendo um lugar de rearranjo da memória coletiva. Existem documentários onde há tes- temunhos reais da nossa realidade, os quais conferem características de veracidade e emoção. Para o autor, a televisão seria um espaço de reconstrução da memória nacional, um lugar que não permite uma aproximação tão forte como um documentário. Mas podemos per- ceber atualmente que a novela é um gênero carregado de elementos do cotidiano das pessoas. O enquadramento da memória, adverte Pollak, deve ter limites, pois o que está em jogo, também, é o sentido da identidade individual e do grupo. Além de produção de discursos e de personagens, os rastros desse trabalho de enquadramento são os objetos. A memória pode ser guardada e solidificada nas pedras como, por exemplo, os monumentos e as construções arquitetônicas,ou em livros, bibliotecas e museus. Quando passamos por esses pontos de referência nos sentimos integrados na época em que foram construí- dos. Nas lembranças mais atuais, as quais guardamos em nossas recordações pessoais, os pontos de referên- cia são os sentidos: barulhos, cheiros e aromas. As propostas do autor também levantam limites. Pensando sobre o projeto “Mídia e memórias”, ficam para nós algumas indagações. Os jornalistas também são atores do enquadramento, eles decidem o que será recordado, fazem os recortes que acham necessários, enfim legitimam de alguma forma as notícias para as pessoas acreditarem. Algumas indagações também são impostas pelo texto. Em que medida os meios operam no reordenamento da memória? Como a mídia compõe e dissemina a memória? Avançando na construção da pesquisa, torna-se importante a busca de autores e conceitos que não se limitam apenas a obras teóricas. Se garimparmos o vasto campo da pesquisa, encontraremos investiga- ções de pós-graduação e artigos de revistas científicas que podem nos ajudar a desenvolver o trabalho. Para a construção desta etapa, entramos em outra linha importante no percurso de um projeto: a pesquisa da pesquisa. Esta etapa consiste em levantar pesquisas já produzidas referentes ao problema-objeto, para gerar pistas teóricas, metodológicas, e pensar sobre o que já foi produzido de conhecimento referente ao tema ou relacionado a ele (BONIN, 2005a). Estas pesquisas, 103 Ano VIII - Nº 8 - Outubro 2007 geralmente resultado de dissertações de mestrado e teses de doutorado, tornam-se acessíveis ao público na biblioteca da universidade onde foram realizadas e viram livros ou artigos de revistas científicas. Na internet é comum encontrarmos publicações on-line desses artigos. Cabe ao pesquisador fazer uma seleção das revistas conceituadas e das que fazem parte do seu campo científico. No site da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Inter- com)8, foi possível localizar pesquisas de todo o país que se encontram on-line. Em alguns dos GTs do site da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação (Compós), existem bancos de textos específicos para diversas áreas de investigação no cam- po da comunicação, o que nos ajuda a ver o estudo de problemáticas com linhas que se cruzam com a nossa9. O site organizado pelo pesquisador Raul Fuentes dá uma visão ampla das pesquisas realizadas na área da comunicação no México10. No buscador Google, utilizei palavras-chave do projeto “Mídia e memórias” para procurar artigos e trabalhos de pós-graduação. Após localizar as pesquisas relevantes ao nosso problema/objeto, a desconstrução metodológica, conforme Bonin (2006, p.31), caracterizada pela des- construção, reflexão e apropriação, é um processo fun- damental a ser trabalhado. A avaliação das pesquisas, sob todos os aspectos, elucidará os caminhos traçados pelo autor. Este processo nos ajuda a aprender, me- todologicamente, a construir uma pesquisa, a ver as contribuições e os limites deixados pelo pesquisador para nossa problemática. A primeira etapa da pesquisa exige intenso traba- lho braçal. Para tentar encontrar outras pesquisas com a mesma temática, fiz um levantamento das revistas científicas de comunicação disponíveis na biblioteca da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Durante vários dias me pus a ler os resumos dos artigos de cada revista e selecionar aquilo que serviria ou não para a pesquisa. Após a seleção, xeroquei os artigos e atualmente estamos avaliando os que devem ser objeto de futuras discussões. Lembrando que estamos dando continuidade a este levantamento em outras bibliotecas como a da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade de São Paulo (USP). Simultaneamente ao intenso trabalho inicial na pesquisa da pesquisa, também explorados na dimen- são teórica e metodológica, partimos para a pesquisa exploratória. Aqui nos aproximarmos concretamente daquilo que estamos investigando. Neste percurso damos concretude ao objeto. Esta é a hora que o pes- quisador põe em prática todo o estudo teórico realizado na pesquisa teórica e na pesquisa da pesquisa. A saída a campo, o contato direto com o nosso objeto de pes- quisa é fascinante. Às vezes, nossas expectativas não correspondem aos dados coletados, seja através de entrevistas, questionários ou diário de campo. Devido a isso, acabamos por redesenhar o projeto, abandonando algumas hipóteses e formulando novas, investindo em novos ângulos conceituais etc. Antes de sair a campo, devemos construir um percurso para se chegar de forma pensada e sistemati- zada ao objeto empírico. O local da pesquisa, as pessoas que serão observadas, a análise dos meios de comunica- ção escolhidos, quais serão as técnicas etc. Através da elaboração das estratégias metodológicas, em que apreendemos o objeto empírico, fica mais claro o que posso “apanhar” dele, que tipo de dados, qualitativos e quantitativos. Se for o caso, cada realidade pede um 8 Disponível em <http://www.intercom.org.br>. 9 Disponível em <http://www.compos.org.br>. 10 Disponível em <http://ccdoc.iteso.mx/cal.aspx>. Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação 104 determinado método e justifica o seu uso. Mas, o que vem a ser metodologia? A palavra metodologia vem do grego méthodos (método) + logia (estudo) e significa o estudo do método (FER- REIRA, 1986). O método é a maneira que escolhemos para traçar o nosso percurso dentre tantas opções disponíveis. O modo de capturar o método é definido pelo objeto empírico. Somente na prática da pesquisa poderemos testar e julgar as opções feitas (LOPES, 2001, p.111). A escolha do método norteará o caminho do pesquisador, desde que esta escolha se enquadre na perspectiva do seu projeto. Em suma, a metodologia é o percurso de construção da pesquisa, desde o problema da pesquisa, os objetivos, a formulação de hipóteses, a teorização dos conceitos, a opção de métodos e técnicas de observação. A escolha do método se faz a partir do grau de coerência e adequação com o que o pesquisador investiga (LOPES, 2001, p.110). A aplicação de técnicas faz parte do método. Contudo, conforme orienta Oliveira (1998) não podemos deixar de refletir sobre a pesquisa/objeto de pesquisa. Devemos seguir, sim, uma determinada lógica de cons- trução e utilização dos métodos, mas não nos engessar em técnicas, até porque não encontraremos em lugar algum as dinâmicas a serem usadas especificamente em nosso projeto. Como nos adverte Maldonado (2006), ao adotarmos definições prontas, estamos utilizando teorias produzidas para outros problemas ou outras áreas de investigação. Cabe ao pesquisador estudar métodos de cons- trução da pesquisa específicos à sua problemática. A reflexão e a contribuição pessoal, com novas constru- ções, é importante para a pesquisa. Sem o pensamento não há pesquisa. A reflexão não é pura e simplesmente acerca das idéias que possuo para desenvolver meu projeto. Deve-se escolher qual será o caminho mais adequado para a execução da pesquisa. A pesquisa exploratória pode ser feita de várias maneiras. Por exemplo, através do levantamento dos dados primários (o que nós coletamos sobre o pro- blema), e através de recolha dos dados secundários — o que os outros coletaram sobre o mesmo proble- ma/objeto. Referente ao levantamento de dados primários da pesquisa “Mídia e memórias”, além de informações sobre regiões que abrigam etnias italianas, bem como festas referentes aessa cultura, eu e o outro bolsista11 fizemos o clipping dos jornais Zero Hora e Correio do Povo, de todo o ano de 2006 e do primeiro trimestre de 2007. A definição dos jornais a serem investigados deu- se a partir de certos critérios construídos em relação ao problema e aproveitando a relação da pesquisa “Mídia, migração e interculturalidade: estudo das estratégias de midiatização das migrações contemporâneas e suas repercussões na construção midiática da União Européia e do Mercosul”12. Nos dados secundários estamos mapeando pesquisas que tragam dados interessantes para nosso trabalho. Como exemplo, a pesquisa “Mídia, migração e interculturalidade”, sobre a qual me debrucei, trouxe pistas de como os meios transmitem certas coisas que não percebemos no dia-a-dia. Segundo as conclusões do projeto, foi encontrada mais informação na mídia sobre a história dos imigrantes italianos do que sobre os argentinos. Enquanto a memória sobre a saga de migrações de matriz européia, como os italianos, está sempre sendo atualizada e reafirmada pela mídia, as matérias referentes aos argentinos dizem respeito, prin- 11 Bruno Alencastro é bolsista da Fapergs e desde outubro de 2006 está trabalhando conosco no projeto “Mídia e memórias”. 12 A pesquisa “Mídia, migração e interculturalidade” foi desenvolvida em março de 2004 pelo Grupo de Pesquisa Mídia e Multiculturalismo, do Programa de Pós- Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos e coordenada pela Profª. Drª. Denise Cogo. 105 Ano VIII - Nº 8 - Outubro 2007 cipalmente, ao crescimento do número de emigrações para outros países e ao processo emigratório de outros grupos étnicos para a Argentina. Nas matérias fica clara a qualidade designada aos italianos como sendo um povo batalhador, que contribuiu para a constituição da nacionalidade brasileira, enquanto os argentinos são nossos rivais e são tratados apenas como imigrantes ilegais que vêm para o Brasil tirar o emprego da popu- lação local. O projeto também nos forneceu pistas de como a mídia vem construindo a memória. Com essas informações, ficou mais fácil decidir quais seriam os jornais importantes a serem investi- gados na pesquisa exploratória da nossa investigação. Através de tabelas do projeto que mostravam os per- centuais de matérias referentes às etnias italiana e argentina, acabamos por decidir em fazer clipping dos jornais Zero Hora e Correio do Povo. No trabalho realiza- do com este clipping, me deparei com a nova situação dos argentinos. Constatei que as matérias referentes à imigração ilegal de argentinos para o Brasil diminuíram drasticamente. A maioria das matérias sobre a etnia aborda questões de cunho econômico, esportivo e o setor de turismo. Isto abre interrogação para a nossa pesquisa no sentido de pensar como a mídia fabrica a memória dos grupos que estamos investigando, as distinções que se observam etc. Considerações finais Os percursos de pesquisa teórica, pesquisa da pesquisa e pesquisa exploratória são apenas três das várias etapas importantes para a construção de uma pesquisa científica. Aprenderei diversas coisas ao longo desta jornada, que apenas iniciou. Entres os ensinamen- tos já adquiridos, constatei que todos os pesquisadores sempre devem estar abertos a críticas e sugestões, principalmente quando são iniciantes. A cada passo que avançamos na pesquisa, somos recompensados ao ver nosso trabalho intelectual ganhando corpo. E descobrimos que somos capazes de chegar a deduções e reflexões nunca antes esperadas por nós. A pesquisa “acende as luzes” de nossa mente e extrai o melhor de nosso potencial. Claro que a angústia e as dúvidas acompanham o pesquisador em toda sua jornada. As luzes teimam em não acender em alguns momentos. Quantas vezes relemos o mesmo capítulo até entender seu verdadeiro significado? Quantos minutos passamos defronte ao computador pensando no que escrever? Quantas vezes reescrevemos o mesmo parágrafo? A pressa e a falta de reflexão são inimigas da pesquisa, por isso recomendo não deixar tudo para a última hora. Assim, podemos escrever com inteligência cada linha do projeto. Com todo o volume de informações que coletamos, por vezes ficamos perdidos e sem idéia de por onde começar. Um esquema de organização do problema/objeto e dos seus componentes pode ser importante para orientar a construção. O bom pesquisador é aquele que trabalha com rigor científico e, ao mesmo tempo, não segue recei- tas e fórmulas prontas. Ele aproveita o conhecimento existente, questionando-o, e usufrui de sua imaginação sociológica para construir a pesquisa. Saber observar é uma das características do pesquisador. Explorar esse olhar é algo que só se desenvolve com a experiência. O cotidiano é também um “baú de ouro”, um local onde se encontram as grandes perguntas sedentas por respostas inteligentes. Fazem parte desse tesouro, também, as pesquisas já realizadas por outros autores e os trabalhos Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação 106 anteriores do pesquisador. O fazer, dedicadamente, cada processo deste percurso traz gratificações no sentido de aguçar a criatividade e despertar o investigador, às vezes ador- mecido dentro de nós. Cada parágrafo, resultado de muito esforço e estudo, culmina na sua pesquisa. O mais gratificante de tudo é, depois de ter seu projeto concluído, receber o reconhecimento dos pares. A partir desse momento, conforme me comprovam as observa- ções do trabalho de pesquisadores mais experientes, você toma tamanho fôlego que se impulsionará a outros projetos e daí em diante não conseguirá sair mais do mundo da pesquisa. Outro aprendizado adquirido como bolsista, e que certamente levarei por toda a vida, foram as colocações do professor Alberto Efendy Maldonado ao revisar a primeira versão deste artigo. Segundo ele, por mais que lemos e estudamos muito sobre um determina- do assunto, nunca o apreenderemos em seu todo. O mundo do conhecimento está sempre em processo de evolução e de construção de novos saberes sobre os mais diversos assuntos. Maldonado acrescentou ainda que devemos ser humildes ao receber um elogio e não ficarmos limitados a ele. O elogio deve ser um impulso para continuarmos a estudar/refletir e progredirmos como pesquisadores. Referências Bibliográficas BONIN, Jiani Adriana. Elementos para pensar a formação e o ensino em teorias da comunicação. 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