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Mandado de Segurança - TEXTO

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Mandado de Segurança:
Este é um procedimento especial que não está no CPC, é da legislação extravagante.
Dia 07/08/09 saiu a nova Lei do Mandado de Segurança – Lei 12.016/09.
Bibliografia indicada (já atualizada):
- Cássio Scarpinella Bueno
- Fernando Gajardoni, Ed. Método.
Retrospectiva histórica:
Até 1934, não havia previsão no Brasil para o cabimento do MS. Entendia-se, à época, que o HC servia para a tutela de todos os direitos, inclusive os que não diziam respeito ao direito de locomoção. Assim, o HC fazia as vezes de MS.
Em 1934 nasceu o MS.
O MS é um instrumento tipicamente brasileiro, não existe nos outros países. Nasceu com a mesma finalidade que tem hoje: controlar os atos do Estado.
Naquela época usava-se uma expressão diversa da que se usa hoje: falava-se em “direito certo e incontestável”. Esta expressão durou até 1988, quando então passou a se usar a expressão “direito líquido e certo”.
A Constituição de 1937 trouxe uma terceira etapa da vida do MS: vigia um regime totalitário e o MS foi suprimido da redação da Constituição. Entretanto, apesar de sair do texto constitucional, o MS continuou existindo, pois no CPC de 1939 havia previsão do MS (naquele CPC o MS era procedimento especial do código, e não de legislação extravagante). Assim, o MS nunca deixou de existir, apenas deixou de constar da Constituição.
Em 1946 veio uma nova Constituição que re-insere o MS em nível constitucional. Nesse período surgiram as seguintes leis: Lei 1.533/51; Lei 4.163/62; Lei 4.348/64 e Lei 5.021/66. Todas essas leis surgiram à luz da Constituição de 1946.
Com a Constituição de 1967/69 não houve novidade. Ficou mantido no texto constitucional o MS. Ele, porém, era mantido apenas no papel. Na prática não se podia impetrá-lo e os juízes não podiam concedê-lo.
Já a Constituição de 1988 trouxe duas novidades sobre o MS: 
- no art. 5ª, LXIX, substitui-se a expressão “direito certo e incontestável” pela expressão “direito líquido e certo”;
- foi criado um outro instituto que também não tem similar em nenhum outro lugar do mundo: o mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX).
A última etapa da história do MS veio agora no dia 07/08/09, quando foi sancionada a Lei 12.016/09, cuja vigência foi imediata (de acordo com o art. 28 desta lei, ela entra em vigor na data da sua publicação).
A nova lei do MS – Lei 12.016/09:
Essa lei partiu de um ato do Advogado Geral da União, no ano de 1996, que, à época, era o Gilmar Mendes.
O anteprojeto da lei foi elaborado com 3 propósitos principais claros:
1º) Consolidar a disciplina do MS em um único diploma: foram revogadas as 4 leis anteriormente vigentes.
2º) Compatibilizar o tratamento do tema com a CR/88 e com a jurisprudência construída de 1951, especialmente em súmulas.
3º) Disciplinar o MS originário e o MS coletivo.
Comentário do prof.: Foi uma “leizinha meia boca” que não ajudou em nada e, ainda, limitou absurdamente o cabimento do MS Coletivo. O único beneficiado com essa nova lei do MS foi o Poder Público (não é a toa que partiu da AGU). A lei deixou muito a desejar. Tinha muita coisa que poderia ter sido discutida e não foi. As dúvidas que já existiam na jurisprudência persistiram. O saldo da lei, portanto, foi muito negativo.
Previsão legal e sumular:
A norma central do MS está, agora, portanto, no art. 5º, LXIX e LXX, CR e na Lei 12.016/09.
Além dessas normas centrais, temos duas leis paralelas – duas leis que não tratam diretamente do MS, mas que acabam fazendo referência a ele e, por isso, são também aplicáveis. São elas: Lei 8.437/92 e Lei 9.494/97 (leis que disciplinam o processo civil contra o poder público).
Questão da aplicação subsidiária do CPC ao MS:
☺art. 24 da nova LMS (que repete o art. 19 da antiga lei, de 1951): determina que tudo que tem no CPC sobre litisconsórcio se aplique ao MS.
Art. 24.  Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
A partir desse art. (que é o mesmo art. 19 da lei anterior), grande parte da doutrina e da jurisprudência passou a sustentar a não aplicação subsidiária do CPC ao MS. Conseqüência disso: a lei do MS, então, seria o micro-sistema normativo do MS (e, assim, todos os problemas do sistema teriam que ser solucionados à luz dessa lei).
Essa interpretação de que não caberia essa aplicação subsidiária do CPC levou a uma série de julgados, por ex. negando a interposição de agravo de instrumento no MS (quando indeferida a liminar) – decisão absurda. Fala-se que dessa decisão caberia um novo MS.
É dessa época o entendimento também de que não caberia no MS outras intervenções de terceiro, porque não havia previsão legal.
Esse foi o raciocínio que prevaleceu até mais ou menos 2001.
De 2001 para cá a jurisprudência do STJ evoluiu profundamente e hoje parece estar pacificado no âmbito do STJ o entendimento pela plena aplicação subsidiária do CPC à lei do MS. Agora, portanto, da decisão do juiz que indefere a liminar no MS não cabe outro MS, mas sim o agravo. Hoje tem disposição legal expressa quanto a isso: ☺art. 15, §3º da nova LMS:
§ 3o  A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. 
Outro dispositivo do CPC que se aplica é o art. 241. Isso é pacífico no STJ. Esse é o dispositivo que fala do início do prazo para a contestação (que começa a correr da juntada aos autos do mandado). Na nova lei do MS não existe o prazo, então aplica-se o do CPC (10 dias).
Atenção: ☺art. 515, §3º, CPC, que fala da aplicação da teoria da causa madura (quando a questão for unicamente de direito, e estiver em condição de imediato julgamento). Há quem entenda que esse art. se aplica e há quem entenda que ele não se aplica ao MS. Quanto a isso temos essa divergência de opiniões. Tende a valer a aplicabilidade.
Apesar dessa evolução que está acontecendo, ainda restaram alguns entendimentos, ou pelo menos um, que não tem lógica frente à aplicabilidade do CPC: o entendimento retratado na Súm. 597, STF:
“Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em mandado de segurança decidiu, por maioria de votos, a apelação”.
A jurisprudência evoluiu e disse que se aplica subsidiariamente o CPC. A súmula, então, pela lógica, deveria ser cancelada. Deve caber embargos infringentes. A súmula, porém, não vai ser cancelada, justamente porque a própria nova lei do MS, em seu art. 25, expressamente diz que não cabe embargos de infringência:
Art. 25.  Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.
Quanto às súmulas:
A leitura das súmulas sobre o MS já é, por si só, um curso de MS, já que existem tantas.
Vejamos quais são elas:
→ No âmbito do STJ: 41; 105; 169; 177; 202; 206; 212; 213; 333; 376.
→ No âmbito do STF: 101; 266 – 272; 304; 392; 405; 429; 430; 433; 474; 506; 510 – 512; 597; 622 – 632; 701.
	
Súmulas do STJ:
SÚMULA 41: O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NÃO TEM COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE, MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE OUTROS TRIBUNAIS OU DOS RESPECTIVOS ÓRGÃOS.
SÚMULA 105: NA AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA NÃO SE ADMITE CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
SÚMULA 169: SÃO INADMISSÍVEIS EMBARGOS INFRINGENTES NO PROCESSO DE MANDADO DE SEGURANÇA.
SÚMULA 177: O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA É INCOMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE, MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE ÓRGÃO COLEGIADO PRESIDIDO POR MINISTRO DE ESTADO.
SÚMULA 202: A IMPETRAÇÃO DE SEGURANÇA POR TERCEIRO, CONTRA ATO JUDICIAL, NÃO SE CONDICIONA A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO.
SÚMULA 206: A EXISTÊNCIA DE VARA PRIVATIVA, INSTITUÍDA POR LEI ESTADUAL, NÃO ALTERA A COMPETÊNCIA TERRITORIAL RESULTANTE DAS LEIS DE PROCESSO.
SÚMULA 212: A COMPENSAÇÃO DE CRÉDITOSTRIBUTÁRIOS NÃO PODE SER DEFERIDA EM AÇÃO CAUTELAR OU POR MEDIDA LIMINAR CAUTELAR OU ANTECIPATÓRIA.(*)
(*) NA SESSÃO DE 11/05/2005, A PRIMEIRA SEÇÃO DELIBEROU PELA ALTERAÇÃO DA SÚMULA N. 212.REDAÇÃO ANTERIOR (DECISÃO DE 23/09/1998, DJ 02/10/1998): A COMPENSAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS NÃO PODE SER DEFERIDA POR MEDIDA LIMINAR.
SÚMULA 213: O MANDADO DE SEGURANÇA CONSTITUI AÇÃO ADEQUADA PARA A DECLARAÇÃO DO DIREITO À COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA.
SÚMULA 333: CABE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO PRATICADO EM LICITAÇÃO PROMOVIDA POR SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA OU EMPRESA PÚBLICA.
SÚMULA 376: COMPETE A TURMA RECURSAL PROCESSAR E JULGAR O MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE JUIZADO ESPECIAL.
	Súmulas do STF:
SÚMULA Nº 101: O MANDADO DE SEGURANÇA NÃO SUBSTITUI A AÇÃO POPULAR.
SÚMULA Nº 266: NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA LEI EM TESE.
SÚMULA Nº 267: NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO JUDICIAL PASSÍVEL DE RECURSO OU CORREIÇÃO.
SÚMULA Nº 268: NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA DECISÃO JUDICIAL COM TRÂNSITO EM JULGADO.
SÚMULA Nº 269: O MANDADO DE SEGURANÇA NÃO É SUBSTITUTIVO DE AÇÃO DE COBRANÇA.
SÚMULA Nº 270: NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA PARA IMPUGNAR ENQUADRAMENTO DA LEI 3780, DE 12/7/1960, QUE ENVOLVA EXAME DE PROVA OU DE SITUAÇÃO FUNCIONAL COMPLEXA.
SÚMULA Nº 271: CONCESSÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA NÃO PRODUZ EFEITOS PATRIMONIAIS EM RELAÇÃO A PERÍODO PRETÉRITO, OS QUAIS DEVEM SER RECLAMADOS ADMINISTRATIVAMENTE OU PELA VIA JUDICIAL PRÓPRIA.
SÚMULA Nº 272: NÃO SE ADMITE COMO ORDINÁRIO RECURSO EXTRAORDINÁRIO DE DECISÃO DENEGATÓRIA DE MANDADO DE SEGURANÇA.
SÚMULA Nº 304: DECISÃO DENEGATÓRIA DE MANDADO DE SEGURANÇA, NÃO FAZENDO COISA JULGADA CONTRA O IMPETRANTE, NÃO IMPEDE O USO DA AÇÃO PRÓPRIA.
SÚMULA Nº 392: O PRAZO PARA RECORRER DE ACÓRDÃO CONCESSIVO DE SEGURANÇA CONTA-SE DA PUBLICAÇÃO OFICIAL DE SUAS CONCLUSÕES, E NÃO DA ANTERIOR CIÊNCIA À AUTORIDADE PARA CUMPRIMENTO DA DECISÃO.
SÚMULA Nº 405: DENEGADO O MANDADO DE SEGURANÇA PELA SENTENÇA, OU NO JULGAMENTO DO AGRAVO, DELA INTERPOSTO, FICA SEM EFEITO A LIMINAR CONCEDIDA, RETROAGINDO OS EFEITOS DA DECISÃO CONTRÁRIA.
SÚMULA Nº 429: A EXISTÊNCIA DE RECURSO ADMINISTRATIVO COM EFEITO SUSPENSIVO NÃO IMPEDE O USO DO MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA OMISSÃO DA AUTORIDADE.
SÚMULA Nº 430: PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO NA VIA ADMINISTRATIVA NÃO INTERROMPE O PRAZO PARA O MS.
SÚMULA Nº 433: É COMPETENTE O TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO PARA JULGAR MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE SEU PRESIDENTE EM EXECUÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA.
SÚMULA Nº 474: NÃO HÁ DIREITO LÍQUIDO E CERTO, AMPARADO PELO MANDADO DE SEGURANÇA, QUANDO SE ESCUDA EM LEI CUJOS EFEITOS FORAM ANULADOS POR OUTRA, DECLARADA CONSTITUCIONAL PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
SÚMULA Nº 506: O AGRAVO A QUE SE REFERE O ART. 4º DA LEI 4348/64, CABE, SOMENTE, DO DESPACHO DO PRESIDENTE DO STF QUE DEFERE A SUSPENSÃO DA LIMINAR, EM MANDADO DE SEGURANÇA; NÃO DO QUE A "DENEGA".
SÚMULA Nº 510: PRATICADO O ATO POR AUTORIDADE, NO EXERCÍCIO DE COMPETÊNCIA DELEGADA, CONTRA ELA CABE O MANDADO DE SEGURANÇA OU A MEDIDA JUDICIAL.
SÚMULA Nº 511: COMPETE À JUSTIÇA FEDERAL, EM AMBAS AS INSTÂNCIAS, PROCESSAR E JULGAR AS CAUSAS ENTRE AUTARQUIAS FEDERAIS E ENTIDADES PÚBLICAS LOCAIS, INCLUSIVE MANDADOS DE SEGURANÇA, RESSALVADA A AÇÃO FISCAL, NOS TERMOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1967, ART. 119, § 3º.
SÚMULA Nº 512: NÃO CABE CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS DE ADVOGADO NA AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA.
SÚMULA Nº 597: NÃO CABEM EMBARGOS INFRINGENTES DE ACÓRDÃO QUE, EM MANDADO DE SEGURANÇA DECIDIU, POR MAIORIA DE VOTOS, A APELAÇÃO.
SÚMULA Nº 622: NÃO CABE AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO DO RELATOR QUE CONCEDE OU INDEFERE LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA.
SÚMULA Nº 623: NÃO GERA POR SI SÓ A COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA CONHECER DO MANDADO DE SEGURANÇA COM BASE NO ART. 102, I, "N", DA CONSTITUIÇÃO, DIRIGIR-SE O PEDIDO CONTRA DELIBERAÇÃO ADMINISTRATIVA DO TRIBUNAL DE ORIGEM, DA QUAL HAJA PARTICIPADO A MAIORIA OU A TOTALIDADE DE SEUS MEMBROS.
SÚMULA Nº 624: NÃO COMPETE AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONHECER ORIGINARIAMENTE DE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATOS DE OUTROS TRIBUNAIS.
SÚMULA Nº 625: CONTROVÉRSIA SOBRE MATÉRIA DE DIREITO NÃO IMPEDE CONCESSÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA.
SÚMULA Nº 626: A SUSPENSÃO DA LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA, SALVO DETERMINAÇÃO EM CONTRÁRIO DA DECISÃO QUE A DEFERIR, VIGORARÁ ATÉ O TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO DEFINITIVA DE CONCESSÃO DA SEGURANÇA OU, HAVENDO RECURSO, ATÉ A SUA MANUTENÇÃO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DESDE QUE O OBJETO DA LIMINAR DEFERIDA COINCIDA, TOTAL OU PARCIALMENTE, COM O DA IMPETRAÇÃO.
SÚMULA Nº 627: NO MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA A NOMEAÇÃO DE MAGISTRADO DA COMPETÊNCIA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, ESTE É CONSIDERADO AUTORIDADE COATORA, AINDA QUE O FUNDAMENTO DA IMPETRAÇÃO SEJA NULIDADE OCORRIDA EM FASE ANTERIOR DO PROCEDIMENTO.
SÚMULA Nº 628: INTEGRANTE DE LISTA DE CANDIDATOS A DETERMINADA VAGA DA COMPOSIÇÃO DE TRIBUNAL É PARTE LEGÍTIMA PARA IMPUGNAR A VALIDADE DA NOMEAÇÃO DE CONCORRENTE.
SÚMULA Nº 629: A IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO POR ENTIDADE DE CLASSE EM FAVOR DOS ASSOCIADOS INDEPENDE DA AUTORIZAÇÃO DESTES.
SÚMULA Nº 630: A ENTIDADE DE CLASSE TEM LEGITIMAÇÃO PARA O MANDADO DE SEGURANÇA AINDA QUANDO A PRETENSÃO VEICULADA INTERESSE APENAS A UMA PARTE DA RESPECTIVA CATEGORIA.
SÚMULA Nº 631: EXTINGUE-SE O PROCESSO DE MANDADO DE SEGURANÇA SE O IMPETRANTE NÃO PROMOVE, NO PRAZO ASSINADO, A CITAÇÃO DO LITISCONSORTE PASSIVO NECESSÁRIO.
SÚMULA Nº 632: É CONSTITUCIONAL LEI QUE FIXA O PRAZO DE DECADÊNCIA PARA A IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA.
SÚMULA Nº 701: NO MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO CONTRA DECISÃO PROFERIDA EM PROCESSO PENAL, É OBRIGATÓRIA A CITAÇÃO DO RÉU COMO LITISCONSORTE PASSIVO.
Conceito de MS:
1) Conceito da doutrina: “É um instrumento diferenciado e reforçado de eficácia potenciada que ativa a jurisdição constitucional das liberdades públicas” (Kazuo Watanabe).
2) Conceito da lei: decorre expressamente do art. 5º, LXIX, CR: 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
Dissecando o conceito legal de MS:
a) Garantia: 
Rui Barbosa distingue direitos, deveres e garantias: direitos e deveres são dispositivos declaratórios, variando entre eles apenas a sujeição; garantias seriam os dispositivos assecuratórios, garantidores dos direitos (que inclusive costumam constar do mesmo dispositivo constitucional). Ex.: a Constituição vem e diz que todos são livres (direito à liberdade) e dá as garantias para reparar a liberdade se esta for agredida (HC e indenização por erro judicial); direito à privacidade e garantia a inviolabilidade de domicílio, telefônica, de correspondência, etc. 
Mas então, o MS seria uma garantia para proteger que direito? Segundo Rui Barbosa, a principal característica de um Estado de Direito é que o próprio elaborador da norma também se sujeita a ela; assim, caso o Estado que deveria obedecer à norma não a obedeça (caso o Estado não corresponda à idéia de Estado de Direito) a garantia para tutelar essa situação e obrigar o Estado a submeter-se à lei é o MS.
De acordo com o art. 60, §4º, IV, CR, as garantias previstas na CR são cláusulas pétreas.
b) Direito individual ou coletivo:
No Brasil o MS se presta para a defesa tanto dos interesses individuais, quanto dos coletivos (interesses metaindividuais). Estudaremos o MS Coletivo nas aulas de direitos difusos.
Pela nova LMS (art. 21, P.U.), o MS Coletivo só cabe para a tutela dos interesses coletivos ou individuais homogêneos (deixam de fora os direitos difusos) – houve uma limitação do cabimento do MS Coletivo.
Art. 21.  O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partidopolítico com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. 
Parágrafo único.  Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: 
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; 
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. 
c) Líquido e certo:
Sempre que alguém entra com uma ação, essa ação tem um suporte que nós no Brasil chamamos de causa de pedir. Toda ação, sem exceção, no Brasil (pelo menos onde adotamos a teoria da substanciação), é composta de dois tipos de suporte: o primeiro é o chamado suporte de fato (narra-se ao juiz uma situação de fato); o segundo suporte é o suporte de direito. Isso corresponde àquilo que a doutrina confusamente chama de causa de pedir próxima e remota.
No MS não seria diferente. Também aqui é preciso haver um suporte de fato e um suporte de direito. A diferença aqui é que quanto ao suporte de fato tem que haver incontrovérsia. Ou seja, não pode haver dúvida sobre o fato. E essa inexistência de dúvida só ocorre se estivermos diante de uma comprovação cabal pelo autor da ocorrência desse fato, o que só se faz por meio da prova documental (pois este é o único tipo de prova que é considerada como prova pré-constituída – o evento já pode ter sua existência documentada, comprovada antes do ajuizamento da ação).
O MS não admite dilação probatória. Isso significa que não será possível produzir perícia, ouvir testemunhas, etc. Só se pode apresentar documentos na inicial. Foi uma opção feita pelo legislador, a bem da celeridade. Não é preciso fazer audiência de instrução, perícia, nada disso.
De acordo com a doutrina brasileira, a existência de prova pré-constituída é uma condição especial da ação mandamental, ligada intimamente ao interesse processual.
O suporte de fato tem que ser incontroverso. A dúvida é se a matéria de direito pode ser ou não controvertida. Essa dúvida acabou com a edição da Súm. 625 pelo STF, segundo a qual: “Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de MS”.
Obs. importantes:
- Relação entre ação monitória e MS: ambos são processos documentais; exigem prova documental.
- Da mesma maneira que ocorre com a ação monitória, tem-se entendido que não é possível a documentalização da prova oral para fins de impetração do MS.
- Existe uma única hipótese em que é possível a impetração de MS sem a prova documental: art. 6º, §§1º e 2º, da nova lei de MS: se o documento estiver com a autoridade coatora ou com terceiro:
§ 1o  No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição. 
§ 2o  Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação. 
Atenção: a lei não estabelece sanção se a autoridade coatora ou o terceiro não juntar o documento. Aplica-se subsidiariamente, aqui, então, os arts. 355 e ss do CPC, que falam da exibição de documento. O art. 359, CPC diz que se presume que o fato é incontroverso (se o documento estiver com a autoridade coatora), e o art. 362, CPC diz que o juiz poderá expedir mandado de busca e apreensão (se o documento estiver com terceiro).
d) Não amparado por HC ou HD:
Tem-se entendido que o MS tem caráter residual. Essa idéia parte exatamente do raciocínio de que ele só é cabível se não couber HC ou HD.
O HD tem previsão na Lei 9.507/97 (art. 7º): para obtenção de informação própria; se a informação não for própria, cabe MS.
O que define o cabimento do MS é, pois, a residualidade.
Ex.: MS impetrado por Prefeitura para obter informação sobre a arrecadação do Estado para fins de repasse do ICMS.
e) Contra ato:
É obvio que o que se vai atacar no MS é um ato, uma conduta. Essa conduta pode ser comissiva ou omissiva. O MS serve também para atacar omissão, apesar de ser raro.
O ato pode ser atual ou iminente. O MS se presta a atacar atos que estão ocorrendo e também os atos que estão prestes a ocorrer. É aqui que surge a interessante figura do MS Preventivo, que se presta justamente a evitar a ocorrência do ato. É muito comum o MS Preventivo, por ex., em matéria tributária. Ex.: se a empresa está na iminência de ser autuada pela Receita federal e entra com MS Preventivo para que não seja autuada até o final do julgamento.
Ainda sobre o ato: existem diversos tipos de atos e nós temos que discutir o cabimento do MS em cada um desses atos:
- Ato administrativo: 
O cabimento do MS contra ato administrativo é a regra do sistema; o MS foi criado justamente para controlar os atos da Administração. Mas há uma exceção sobre o cabimento do MS contra ato administrativo que precisa ser analisada (hipótese em que não cabe): art. 5º, I, da nova LMS:
Art. 5o  Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: 
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; 
A lógica por traz da norma aqui é a de que não existe exeqüibilidade do ato ilegal, exatamente porque com o recurso administrativo é possível suspender os efeitos da decisão. Nesse caso em que o ato processual não causar gravame, se o sujeito entrar com o MS estará diante de uma típica hipótese de falta de interesse de agir (ele não precisa da medida judicial).
Se tiver que pagar para entrar com o recurso (é o que acontece muito no Direito Ambiental), se tiver que prestar caução para recorrer, ai sim cabe MS. O art. deixa claro que é independentemente de caução.
Pergunta: é possível a desistência do recurso administrativo com essas características para permitir o cabimento do MS? Se a parte renunciar por escrito ao prazo do recurso administrativo, ou se deixar correr o prazo sem tomar providência, ai cabe MS.
☺Súm. 429, STF:
“A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do MS contra omissão da autoridade”.
Ex.: a parte entra com um pedido administrativo de licença – se o Estado nega, a parte entra com o MS; se o Estado não fala nada, não dá resposta, o efeito suspensivo contra nada é nada. Se o ato for omissivo, portanto, ainda que exista recurso administrativo com efeito suspensivo é possível entrar com MS. É uma exceção da exceção. A regra de cabimento do MS contra ato administrativo é a de que caiba, a exceção é quando há recurso administrativo com efeito suspensivo e com caução. Mas, mesmo nesse caso, se o ato for omissivo, cabe MS.
Antigamente existia uma segunda exceção, que já não existe mais (é inconstitucional): era a questão do cabimento do MS contra ato disciplinar – o antigo art. 5º, III da Lei 1.533/51 falava que não cabia MS contra ato disciplinar (isso era obvio numa Lei de 1951). Hoje entende-se que não existe mais esta hipótese de não cabimento do MS. Cabe MS contra ato disciplinar. A jurisprudência já vinha entendendo assim, e a nova lei só consolidou o entendimento jurisprudencial dominante.
- Ato legislativo:
A regra geral é a de que não cabe MS contra ato legislativo. Isso é objeto atéde uma súmula do STF, a Súm. 266, STF: “Não cabe MS contra lei em tese”.
O motivo de não caber o MS contra ato legislativo é óbvio: a lei, por si só, é comando genérico e abstrato e, assim, não causa prejuízo a ninguém.
Aqui, portanto, a exceção é caber o MS. As exceções são:
a) lei de efeito concreto: aquela que por si só causa prejuízo; é um ato administrativo travestido de lei. O próprio ato por si só já permite a exeqüibilidade. Todas as leis proibitivas são de efeito concreto. Outro ex.: lei que fixe tarifa; que extingue cargo; que decrete a expropriação; lei de rodízio de veículos, etc. Elas não precisam de ato posterior regulamentar para serem exeqüíveis. Contra elas cabe MS.
b) tem-se entendido, do ponto de vista jurisprudencial, que cabe MS contra projeto de lei ou de emenda constitucional com vício no processo legislativo (se o quorum ou o trâmite for desrespeitado): ocorre que o STF entende que esse MS é privativo do parlamentar prejudicado, só ele pode entrar com esse MS, porque ele tem direito líquido e certo ao respeito ao processo legislativo. 
- Ato judicial:
A regra geral também é a de que não cabe MS contra ato judicial. ☺art. 5º, II e III, da nova LMS, que nada mais fez do que repetir o teor das Súm. 267 e 268, STF:
Art. 5o  Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: 
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 
III - de decisão judicial transitada em julgado. 
Súmula 267: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição.
Súmula 268: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.
Atenção: não cabe MS contra ato judicial ainda que a decisão proferida seja inconstitucional. O STF já disse isso diversas vezes.
Existem, entretanto, duas hipóteses em que vai caber MS contra ato judicial:
a) quando não haja recurso previsto nas leis de processo, e a lei precise ser atacada; ou seja, o MS funcionaria como sucedâneo recursal.
Ex.: art. 527, P.U., CPC (como não cabe agravo, vai caber MS).
Ex.: decisão dos Juizados Especiais (se não cabe agravo, cabe MS) - ☺Súm. 376, STJ: “Compete a turma recursal processar e julgar o MS contra ato de juizado especial”.
Atenção: essa primeira exceção só vale desde que não tenha havido o trânsito em julgado.
b) hipótese de decisão teratológica: nessa hipótese pode caber o MS até mesmo após o trânsito em julgado (diferentemente do que ocorre na 1ª exceção). Decisão teratológica é aquela decisão monstruosa, sem o mínimo cabimento, sem qualquer juridicidade. São as situações extremas, e raras, e nesses casos cabe MS.
- Ato político ou interna corporis:
O ato político é o ato praticado à luz da soberania nacional. Ex.: a extradição; o veto; a declaração de guerra, etc.
O ato interna corporis é, por ex., a discussão sobre regimento interno; a aplicação de sanções aos parlamentares pelo próprio parlamento.
A regra geral é a de que não cabe MS para atacar esses atos. O poder judiciário não deve se meter nessas questões. Mas há uma exceção em que é cabível o MS: é possível o controle do ato político e do ato inter corporis, mas apenas naquilo que transbordar os parâmetros constitucionais.
(02/11/09)
f) Ato ilegal ou abusivo:
Ilegalidade ou abuso de poder: para que caiba o MS, o ato que deve ser atacado tem que ser um ato ilegal ou abusivo de poder. 
Quando a CR, em seu art. LXIX colocou essas expressões, o legislador constituinte não quis dar a elas o mesmo significado. Elas têm, pois, conteúdos distintos. Ato ilegal tem relação com ato vinculado (aquele que a lei não deixa opção para o administrador, não há juízo de conveniência ou discricionariedade). E ato abusivo de poder tem relação com ato discricionário.
Toda vez que o administrador violar a lei deixando de praticar um ato vinculado, ocorrerá ato ilegal. E toda vez que o administrador violar a lei deixando de praticar um ato vinculado, ocorrerá um ato abusivo. Em ambos os casos caberá MS.
Ex.1: demissão de servidor público sem processo administrativo, que é ato ilegal. O processo administrativo não é ato discricionário, mas sim vinculado; não é opção do administrador, ele tem que ocorrer, necessariamente, para que haja a demissão.
Ex.2: remoção sem motivo de servidor público, que é ato abusivo. Trata-se de ato discricionário, mas se o ato não é praticado em conformidade com o interesse público, mas sim para punir o servidor, trata-se de ato abusivo de poder.
g) Praticado por autoridade pública ou afim:
O ato tem que ter sido praticado pela autoridade pública ou por quem lhe faça as vezes (ou seja, o particular, quando fizer as vezes de autoridade pública, também poderá ser réu no MS).
Aqui investigamos quem é o réu, o legitimado passivo do MS. Estudaremos isso mais especificadamente no próximo tópico.
Legitimidade no MS Individual:
→ Legitimidade Ativa:
A regra de legitimidade ativa no MS é a mais ampla possível. Ou seja, qualquer pessoa pode impetrar MS. Qualquer pessoa mesmo. Pessoa física, jurídica, com ou sem personalidade jurídica.
Para comprovar isso vejamos alguns exemplos de casos pinçados da jurisprudência do STJ que revelam impetrações atípicas, por autores que não são tão convencionais: 
- impetração por estrangeiro não domiciliado no país: o art. 5º, caput, CR diz que os direitos ali previstos são garantidos aos brasileiros e aos estrangeiros domiciliados no Brasil, o que pode dar a falsa impressão de que estrangeiro não domiciliado no país não teria tais direitos.
- impetração por entes sem personalidade jurídica, mas com prerrogativas próprias a defender. Aqui entram: Mesa da Câmara dos Deputados, Mesa do Senado Federal, Poder Judiciário etc.
- impetrado pelo próprio Poder Público contra o Poder Público: o MS foi instituído para proteger o cidadão do Estado e aqui temos o Estado sendo protegido pelo próprio Estado. Isso é possível porque o Estado é dividido em esferas: União, Estados, DF e Municípios. E muitas vezes um ente viola o outro, sendo caso de impetração de MS.
Observações Importantes quanto à legitimidade ativa:
1) A jurisprudência tem entendido que o MS é uma ação personalíssima. Isso significa que não há sucessão. Se eventualmente morrer o legitimado ativo do MS, não haverá sucessão pelos seus herdeiros (estes precisariam entrar com ação ordinária para receber).
☺art. 267, IX, CPC:
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
2) Atenção: Não confundir litisconsórcio ativo em MS individual com MS coletivo. 
No litisconsórcio ativo em MS individual temos vários interessados entrando com um só MS; ou seja, é a pluralidade de autores num MS individual. 
Já o MS Coletivo é aquele cujo objeto seja coletivo ou individual homogêneo. Ou seja, é um direito transindividual, meta-individual, que transcende os direitos do indivíduo. O autor aqui será um só (ou partido político, ou associação, conforme veremos nas aulas de direitos difusos e coletivos).
3) ☺art. 1º, §3º, da Lei 12.016, 09: estabelece a possibilidade de litisconsórcio facultativo no MS:
Art. 1o  Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. 
§ 3o  Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança. 
☺art. 10, §2º desta lei:
§ 2o  O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial. 
Antes da vigência da atual Lei de MS, existia uma prática em direito tributário extremamente preocupante: muitas empresas ingressavam com uma ação só, e, caindo a ação em uma Vara que seria favorável ao pedido das empresas, as outras pediam para entrar no processo como litisconsortes.Ou seja, eles acabavam escolhendo o juízo. Isso não é possível pela nova lei.
4) ☺art. 3º da Lei 12.016/09: trata-se de um dispositivo muito mal redigido. Ele estabelece uma hipótese de legitimidade extraordinária no MS. A legitimidade extraordinária é aquela em que há uma dissociação entre o titular do direito e o legitimado para o processo.
Art. 3o  O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente. 
Parágrafo único.  O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação. 
Ex.: aprovado num concurso em 2º lugar, para evitar a nomeação do 3º colocado e garantir a vaga ao 1º colocado. Notifica-se o 1º colocado para que ele entre com o MS. Se o colocado em 1º lugar não quer entrar com o MS, o 2º colocado entra com o MS, para que o juiz determine a nomeação do 1º candidato (assim, a próxima vaga será do 2º).
☺P.U.: Este art. pode nos dar uma falsa impressão de que o prazo dos 120 dias só começa a contar depois que se notifica o titular do direito. A interpretação que deve ser feita é a de que o prazo de 120 dias é único para o titular do direito e para o terceiro, de modo que a notificação do caput e a impetração por terceiro necessariamente devem ocorrer nesse prazo. 
No ex. dado acima: o prazo começa a correr para o 2º e para o 1º colocado. Nesses 120 dias o 2º colocado notifica o 1º para que ele entre com o MS dentro de 30 dias. Se ele não entrar, o 2º colocado tem que observar quanto tempo sobrou, para que ele ainda possa impetrar ele mesmo o MS.
→ Legitimidade Passiva:
A legitimidade passiva tem previsão no art. 1º e §§ da Lei do MS.
Aqui temos 7 observações importantes a serem feitas:
1) Quem é o legitimado passivo no MS? Quem é réu no MS? 
Existe na doutrina e na jurisprudência duas correntes altamente conflitantes a respeito da resposta que deve ser dada a esta pergunta. Uma primeira corrente entende que o legitimado passivo é a pessoa física do administrador (autoridade coatora) – ou seja, é o PR, e não a União, o Prefeito e não o Município, etc. Muitos tribunais estaduais entendem assim.
E existe uma corrente oposta que diz que o legitimado passivo é a pessoa jurídica em cujo quadro esteja a autoridade coatora. Este é o entendimento que prevalece no âmbito do STJ. Esta já é uma posição majoritária. A justificativa aqui é a de que a autoridade coatora indicada na petição inicial não é a titular do direito em debate, apenas representando a pessoa jurídica para fins de citação e prestação de informações. O prof. também concorda com este entendimento, afinal, o réu ali só está fazendo as vezes da pessoa jurídica, do poder público (só está ali porque é o Prefeito, o administrador da empresa pública, etc.).
2) Atenção: mesmo entendendo-se assim, é necessária a indicação da autoridade coatora na petição inicial. Ou seja, apesar de entendermos quase totalmente que o réu é a pessoa jurídica, mesmo assim será necessário colocar na PI quem é a autoridade coatora, que não é a ré (pois esta é a pessoa jurídica), mas que vai representar a ré.
Este entendimento se consolidou pelo art. 6º, caput, da nova lei de MS:
Art. 6o  A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
É preciso, portanto, indicar quem é a autoridade coatora e a qual órgão ou entidade ela pertence.
Esse art. 6º é uma novidade. No regime anterior só era necessário indicar a autoridade coatora e não também a pessoa jurídica que ela representa.
3) Não haverá formação de litisconsórcio passivo necessário entre a autoridade coatora e a pessoa jurídica a que ela pertença. Isso é consolidado na jurisprudência do STJ.
Não haverá esse litisconsórcio por um motivo muito simples: elas são a mesma pessoa. A autoridade coatora é a representação no processo da pessoa jurídica. Essa indicação que é feita dos dois serve apenas para que o juiz saiba para quem endereçará o pedido de informações.
Mas então não existe nenhuma hipótese em que haja litisconsórcio passivo em MS? Existe sim o litisconsórcio necessário passivo no MS Individual, mas esse litisconsórcio necessário passivo ocorre entre a pessoa jurídica a que pertence a autoridade coatora e o beneficiário do ato impugnado (ex.: licitação direcionada, mas em que já há um vencedor, o vencedor é beneficiado; ou no caso dos primeiros colocados em concurso público, haverá litisconsórcio necessário entre a autoridade coatora e o 1º colocado, que será beneficiado).
☺Súm. 631, STF:
Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.
☺Súm. 701, STF: 
No mandado de segurança impetrado pelo ministério público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo.
O MS cabe em crime também. Se o juiz prende e o advogado quer soltar, usa o HC, mas e se o juiz deu uma liberdade provisória que não era para ser dada e o promotor quer que o acusado fique preso? Como não tem recurso adequado na lei processual para impugnar essa decisão, o promotor entra com o RSE, mas já entra também com o MS para dar efeito suspensivo a este RSE. E aqui serão litisconsortes o juiz e o bandido beneficiado pela decisão do juiz.
4) Definição legal de autoridade coatora: vimos que ela não é a legitimada passiva, mas ela tem que ser indicada na PI. O legislador tentou definir, na Lei 12.016/09, o que é a autoridade coatora, em seu art. 6º, §3º:
§ 3o  Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática. 
A autoridade coatora é tanto quem pratica o ato, como quem mandou praticar o ato.
Essa definição, porém, não resolve todos os problemas. Por isso, é preciso complementá-la com o que a doutrina já vinha afirmando antes mesmo da nova Lei, e que permanece válido mesmo após ela. Para a doutrina, a autoridade coatora é aquela que tem poderes para desfazer o ato impugnado, ainda que não o tenha praticado.
Ex.: o fiscal tributário não tem o poder de revisão, ele é o mero executor. Portanto o MS não pode ser impetrado contra ele. Será impetrado contra o chefe da secretaria da Receita ou o Delegado tributário, dependendo da hipótese.
Ex.: guarda de trânsito municipal que aplica multa – ele também não pode ser legitimado passivo no MS. Este deve ser impetrado contra o Delegado de trânsito.
Pergunta: Quem é a autoridade coatora quando os atos atacados forem praticados em áreas distintas e por autoridades diversas?
Isso é muito comum em matéria tributária. Ex.: existe várias lojas de Magazine Luisa espalhadas pelo estado e cada uma delas foi autuada por um fiscal. A autoridade coatora é o superior a todos esses fiscais.
Ato complexo é aquele que para a formação da decisão há convergência de vontade de órgãos distintos.
Ex.: Súm. 627, STF:
No mandado de segurança contra a nomeação de magistrado da competência do presidente da república, este é considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da impetração seja nulidade ocorrida em fase anterior do procedimento.
Neste caso de ato complexo, o MS é impetrado contra o órgão que proferir a última vontade, contra a autoridade que encerra a decisão. Ex.: PR, quando da nomeação pelo 5º constitucional.
Ato composto é aquele praticado por uma autoridade inferior, e homologado por uma autoridade superior. Aqui não são duas vontades, mas apenas uma, que é a do órgão inferior. O ato do órgão superior é apenas homologatório. Ex.: geralmente a demissão de servidor público é ato composto.A impetração do MS aqui também é contra a última autoridade, contra a autoridade homologatória (que homologou o ato).
Ato colegiado é aquele cuja decisão é formada pela convergência de vontades dentro do mesmo órgão (e isso é o que o diferencia do ato complexo). Ex.: Câmaras dos Tribunais; comissões de concursos, comissões de licitação.
A autoridade coatora quando o ato é colegiado será o presidente do colegiado.
5) Indicação errônea da autoridade coatora: mesmo conhecendo todas essas regras acima expostas, ainda assim pode acontecer de haver uma indicação errônea do sujeito passivo. Até porque não se pode obrigar o jurisdicionado a conhecer todos os meandros da administração (ex.: podemos não saber como funciona a secretaria da Receita Federal). Ocorre que, apesar da crítica doutrinária, tanto o STJ quanto o STF são unânimes no sentido que essa indicação errônea acarreta a extinção do processo sem a apreciação do mérito. Ou seja, se no momento do julgamento chegou-se à conclusão de que a autoridade coatora está erroneamente indicada, ocorrerá a extinção sem julgamento do mérito. O autor não poderia emendar a inicial.
6) Teoria da Encampação: é uma teoria que foi construída no âmbito dos tribunais superiores com um único propósito: salvar o MS da extinção pela indicação errônea da autoridade coatora. Essa teoria apregoa que é possível o julgamento do MS quando a autoridade erroneamente indicada defender o ato atacado, bem como quando a autoridade correta ou a pessoa jurídica a que ela pertença ingressar no feito assumindo a defesa do ato. 
Ocorre que a jurisprudência do STJ vem dizendo que para que se possa aplicar esta teoria, é preciso que sejam preenchidas 3 condições (e isso vem caindo muito em concursos):
- que haja vínculo hierárquico entre o encampante (aquele que defende o ato) e o encampado, ou seja, o encampante tem que ser chefe do encampado;
- que não se altere a competência do órgão jurisdicional por conta da encampação;
- que as informações prestadas pela autoridade sejam suficientes para o esclarecimento da questão.
7) Autoridades públicas por equiparação: é quem faz as vezes de autoridade pública e que podem ser impetradas ou impetrantes do MS. Quanto a isso o legislador, na nova lei “mandou bem”. Deixou claro que existem 4 autoridades públicas por equiparação:
I) representantes de partidos políticos: apesar de ser pessoa jurídica de direito privado, ele tem certa natureza pública, pois é um conjunto de pessoas que têm uma finalidade única, administrar o poder. Ex.: expulsão dos quadros partidários, em decorrência da fidelidade partidária;
II) representantes de entidades autárquicas ou fundacionais: na verdade não é autoridade por equiparação, mas autoridade pública em si. Ex.: representante do INSS, do IBAMA, reitor de universidade federal;
III) dirigentes de pessoas naturais ou jurídicas no exercício de atribuições do Poder Público: aqui mostrou-se evidente o avanço legislativo (que consolidou uma jurisprudência já existente). No regime anterior, entendia-se (e a lei era explícita nesse sentido) que cabia MS nas hipóteses de delegação de serviço público. Tinha até a Súm. 510, do STF nesse sentido. Ex.: de atividade delegada (exercida pelo particular, mas que deveria ser exercida pelo poder público) são as concessões (transporte, telefonia, água, energia etc.). Ocorre que na lei anterior começaram a surgir algumas discussões interessantes a respeito das atividades autorizadas. A diferença é que na atividade autorizada o particular só precisa de uma autorização do poder público (ele não precisa fiscalizar) ex.: banco, atividades relacionadas à saúde. Na delegação a regra quanto ao cabimento do MS era sim; nas atividades autorizadas a regra geral era não (não cabia MS, porque a autoridade autorizada era eminentemente privada e não pública). Finalmente, existem algumas atividades que são verdadeiras interrogações: educação, principalmente a educação superior (não se sabe se é delegada ou autorizada) – e ai a jurisprudência se divida para dizer que as vezes cabia e as vezes não cabia o MS.
☺art. 1º, §1º, da Lei 12.016/09: esse art. acabou com essa discussão.
§ 1o  Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. 
Assim, em tese, qualquer atividade, seja ela delegada, autorizada e até mesmo a educação, desde que tenha relação com a atividade que seria praticada pelo poder público, ou seja, desde que configure exercício de atribuições do poder público, caberá MS.
Assim, basta saber se a atividade é pública ou não.
Exemplos:
- corte de energia elétrica da casa pela empresa de energia elétrica: cabe MS.
- demissão pela empresa de energia elétrica: não cabe MS, a empresa pode contratar quem ela quiser.
- empréstimo para financiamento do sistema de habitação no Bradesco denegado: cabe MS.
- faculdade que não deixa o aluno fazer a prova porque não pagou as mensalidades: cabe MS.
- faculdade que proíbe festas no campus: não cabe MS.
IV) dirigentes de sociedade de economia mista e empresas públicas para atos de gestão pública: esse dispositivo consolidou uma súmula – a Súm. 333, STJ, que diz que quando se tratar de EP e SEM, caberá MS contra ato praticado em licitação, porque a licitação é um ato de gestão pública. Um outro ato de gestão pública clássico é concurso público. Nesses dois casos, portanto, caberia MS, tanto contra as SEM quanto contra as EP. Se o ato, entretanto não for de gestão pública, ou seja, se for um ato de gestão comercial (ou empresarial), então não será cabível o MS. ☺art. 1º, §2º, da Lei de MS:
§ 2o  Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.
Intervenção de terceiros:
Tem se entendido que a única intervenção de terceiros que cabe no MS é a assistência.
A jurisprudência, contudo, é contraditória. Porque eles falam que cabe a assistência litisconsorcial da pessoa jurídica em favor da autoridade coatora. Mas não tem cabimento essa interpretação, porque quem é réu no MS é a pessoa jurídica, e ela não pode ser assistente no processo em que ela mesma é ré. Isso só valia para o entendimento anterior de que o réu era a autoridade coatora. Mas ainda assim encontramos muitos julgados nesse sentido.
Obs.: Cássio Scarpinella Bueno entende que no MS caberia também a nomeação à autoria. Mas este é um entendimento ultra minoritário (só dele).
competência:
Obs.: Para fins de definição de competência em MS, o principal elemento é a definição de quem é a autoridade coatora. Porque a autoridade coatora é que nos revelará quem será competente para julgar o MS.
Esse tema, por ser tão importante, merece muita atenção nos estudos!
É útil dividir a competência em 4 critérios:
1) Critério funcional hierárquico:
Esse critério tem como elemento determinante a parte, mais especificadamente a parte passiva (na verdade a autoridade passiva, porque parte é a pessoa jurídica). Esse critério é o que define o chamado MS Originário, ou seja, ele define as hipóteses em que haverá foro privilegiado, quando o MS não vai começar em 1º grau, vai ter início nos tribunais.
☺ art. 102, I, “d”; art. 105, I, “b”; art. 108, I, “c”; art. 114, IV, CR.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
Art. 105. Competeao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:  
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 
☺Súm. 41, STJ; 
☺Súmulas 330, 433 e 624, STF.
Ademais, é preciso ler a Constituição do Estado, que também contém as regras sobre o MS originário.
	
Regra para memorizar no cível: 
“Top julga Top” → sempre quem julga o MS contra autoridade coatora Top, é o respectivo Top.
Ex.: 
- PR é o top do executivo federal → será julgado pelo STF, que é o top do Judiciário federal;
- Mesa da CD e Mesa do SF → será julgado pelo STF;
- PGR → STF;
- Presidente do TCU → STF;
- STF → STF.
- Ministros do Estado (que vêm depois do PR), são sub-top → serão julgados pelo STJ (que é o sub-top do judiciário);
- Governador de Estado (é o top do executivo estadual) → será julgado pelo TJ (é o top do judiciário estadual);
- TJ → TJ;
- STJ → STJ.
Obs.: no crime é preciso subir um degrau:
Ex.:
- Ministro do STJ → é julgado pelo STF
Essa regrinha vista acima só tem dois “furos” (exceções):
-MS contra juiz de 1º grau → será julgado pelo tribunal respectivo (☺Súm. 376, STJ);
-MS contra decisão tomada por Colégio Recursal incompetente para tanto → será julgado pelo TJ ou pelo TRF.
Se não houver foro privilegiado, passa-se para o segundo critério.
2) Critério Material:
O MS aqui será impetrado em 1º grau, mas em qual justiça de 1º grau? 
- A competência da Justiça Eleitoral é definida pela causa de pedir. Ela julga todos os processos que tenham como causa de pedir o disposto no art. 121, CR. Ela só julga, na realidade, duas causas: relativas a sufrágio e a questões político-partidárias. Caberá MS na Justiça Eleitoral, desde que o assunto seja um desses.
- A competência da justiça do Trabalho também é definida pela causa de pedir, que está prevista no art. 114, IV, CR. Com a Reforma da EC 45 a Justiça do Trabalho teve sua competência para julgamento de MS ampliada.
- A competência da Justiça Federal é definida não pela causa de pedir, mas pela parte (como regra geral) – se tiver no processo quaisquer das partes previstas no art. 109, I, CR. O problema existe no caso das autoridades por equiparação: ☺art. 2º, da Lei de MS:
Art. 2o  Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada.
Se a atribuição emanar da União, a competência para o MS necessariamente será da Justiça Federal. Atenção: esta regra só existe no MS!
	
Regras: 
a) energia e telefonia (quem explora é a União):
- MS: JF
- Qualquer outra ação: JE
b) ensino superior (U, E, DF e M, todos podem explorar. Mas, para o particular 
explorar, ele precisará da “autorização” da União):
						MS:	Qualquer outra ação:
	- Universidade Federal:		JF		JF
- Universidade Estadual:		JE		JE
	- Universidade Municipal:		JE		JE
	- Universidade Particular:		JF		JE
- A competência da Justiça Estadual é tudo o que sobrou.
Decidida a competência no 1º grau, passa-se ao próximo critério.
3) Critério valorativo:
É o critério do valor da causa. O valor da causa só tem uma grande utilidade hoje: definir a competência para os Juizados Especiais Cíveis ou Federais.
Esse critério é inútil no MS, porque não cabe MS em Juizado nenhum, nem no Cível e nem no Federal.
☺art. 3º, §1º, I, da Lei 10.259/01 (Lei dos Juizados Especiais Federais).
Passamos, pois, ao próximo critério.
4) Critério Territorial:
É o critério do local, do onde.
Ou seja, decidido que a competência é da Justiça Estadual, devemos saber a Justiça Estadual de onde.
A regra de competência territorial no MS é da sede da autoridade coatora, do seu domicílio funcional, pouco importando onde o ato tenha sido praticado.
Ou seja, a definição de competência do MS leva em conta até mesmo onde fica o escritório (a sede profissional) da autoridade coatora.
Existem autoridades, como as tributárias, cujas bases territoriais são enormes. E a autoridade coatora pode ser demandada onde ela tem a sede e não onde praticou o ato.
→ Considerações Finais:
a) Os dois primeiros critérios, em regra, são critérios de competência absoluta, e os dois últimos são de competência relativa. Mas, em MS, todas as regras de competência, inclusive a territorial, são de competência absoluta. Todas as regras são criadas para proteger o interesse público. É o que Fred Didier Jr. chama de critério territorial absoluta (ou critério territorial funcional, ou funcional territorial).
b) O reconhecimento da incompetência absoluta para processamento do MS não implica extinção, mas sim encaminhamento para o órgão competente.
O STF entendia, até 2007, que se a parte era ilegítima, extinguia-se o processo sem resolução de mérito. Agora não mais. Deve-se encaminhar os autos para o juízo competente, para se tentar aproveitar o MS.
(13/11/09)
Procedimento:
É um procedimento especial, sumário, e, ainda que impetrado contra ato criminal, mantém natureza cível.
O sistema recursal do CPP é absolutamente diferente do sistema recursal do CPC. 
Então, atenção: aplicam-se as regras do processo civil para o MS, ainda que ele seja impetrado contra ato de juiz criminal.
☺art. 20, da LMS: o processo de MS tem prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo o HC:
Art. 20.  Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus. 
§ 1o  Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator. 
§ 2o  O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias. 
Agora já há previsão expressa quanto a isso. Ainda que seja um avanço tímido da lei, já é um avanço.
Vamos agora ao estudo do procedimento, etapa por etapa:
- Petição inicial do MS:
☺art. 6º, da LMS (Lei 12.016/09):
Art. 6o  A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. 
Existe um documento indispensável para a impetração do MS: a prova pré-constituída. O MS é um processo documental, e, sendo assim, é essencial que a própria PI, sob pena de indeferimento, já venha com essa prova documental.
Essa regra, porém, possui uma exceção: existe uma única hipótese em que é possível a impetração sem a prova pré-constituída – a hipótese do art. 6º, §1º e §2º, que estabelecem que quando a prova pré-constituída estiver em poder de terceiro ou da autoridade coatora, é possível que ela não seja juntada. O juiz então requisitará esta prova.
A lei estabelece no sistema atual, que o impetrante, na inicial, além e indicar a autoridade coatora (aquela que tem poder de desfazer o ato), também precisará indicar a pessoa jurídica à qual ela se ache vinculada, que a autoridade coatora compõe – até porque o réu no MS é a pessoa jurídica, e não a autoridade coatora, que só está no MS para representar a pessoa jurídica (receber as intimações e prestar os esclarecimentos em nome da pessoa jurídica).
Atenção: não é caso de litisconsórcio, pois a autoridade coatora representa a pessoa jurídica (são, pois, a mesma pessoa; integram o mesmo demandado, o mesmo réu).
Qual a razão pela qual o legislador optou por determinar quena PI constasse a autoridade coatora e a pessoa jurídica? São motivos bastante plausíveis: 
- para facilitar a emenda da inicial; e
- porque a nova LMS, em seu art. 7º, II, determina que a pessoa jurídica também seja avisada da impetração (ela não será citada, mas deve ser avisada, a fim de que ela possa verificar se a autoridade coatora a está representando corretamente; quem irá receber a citação em nome dela é a autoridade coatora).
Valor da causa no MS: o STJ entende que, no MS, aplica-se o art. 259, CPC (que diz que toda causa tem que ter valor, ainda que a causa não tenha conteúdo econômico). Se a causa tem conteúdo econômico, o valor da causa será esse; mas se não tiver, poderá ser qualquer valor (geralmente, R$ 100,00). Não muda nada no MS, aplica-se também esta mesma regra.
- Admissibilidade do MS:
Distribuída a PI, esta irá para o juiz da causa, que poderá tomar 3 decisões:
1) Emenda da inicial, nos termos do art. 284, CPC;
2) Indeferimento da inicial do MS. Existem 4 situações em que o juiz indeferirá a PI do MS:
a) art. 6º, §5º, LMS: hipóteses de vícios processuais.
b) art. 10, primeira parte, da LMS
c) art. 10, segunda parte, da LMS: esta hipótese é casada com o art. 23 da LMS – é o caso de decadência. A decadência no MS não leva à perda do fundo do direito, ela só leva à perda da via.
Obs.: nessas 3 primeiras hipóteses de indeferimento da inicial, aplicaremos o art. 19, da LMS, que traz para a lei o que já dizia a Súm. 304, STF: Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria.
Obs.: quando a lei fala em denegar, leia-se indeferir. Denegar diz respeito ao exame de mérito. O legislador utilizou-se de termo equivocado (mais de uma vez).
d) art. 285-A, CPC: este art. trata do julgamento liminar das causas repetitivas (julgamento antecipadíssimo da lide). Aqui não se trata de hipótese de extinção sem mérito, mas sim com mérito e com coisa julgada material. Portanto, não será possível repropor a ação.
3) Deferimento da inicial: o juiz verifica que cabe MS. 
a) A primeira tarefa do juiz neste caso será verificar a hipótese de cabimento de liminar (☺ art. 7º, III, LMS).
Sobre a liminar, temos as seguintes observações a fazer:
1ª) A liminar pode ter duas naturezas distintas: cautelar ou antecipatória. A liminar cautelar é conservativa, e a liminar antecipatória é satisfativa. Qual é a natureza jurídica da liminar no MS? Ambas. Ela pode ser cautelar ou antecipatória. É possível um MS tanto para conservar, quanto para satisfazer. 
2ª) ☺art. 7º, III, LMS: este dispositivo traz uma novidade enorme, gigantesca: de acordo com a nova LMS o juiz pode exigir caução para a concessão da liminar no MS. Isso é novidade porque até o advento dessa nova lei, o STJ entendia que como não havia previsão na lei do MS da época, o juiz não podia condicionar o deferimento da liminar à caução. O legislador vem, então, e insere na lei algo que antes o STJ dizia que não era possível. Agora então é possível. Não existe mais o fundamento que o STJ dizia haver antes (a falta de previsão legal). A OAB criticou muito esse dispositivo, afirmando que isso dificulta a concessão das liminares. Mas o dispositivo não é inconstitucional, porque a lei fala em “facultado”, ou seja, o juiz não está obrigado a condicionar a liminar à uma caução, trata-se de uma faculdade.
3ª) ☺art. 7º, §2º, LMS: esse art. trabalha 3 situações em que não cabe a liminar em MS. Todas elas já tinham previsão legal. Aqui, portanto, não temos novidade alguma. São elas:
	I) para determinar a compensação de créditos tributários;
	II) em sede de desembaraço aduaneiro;
III) em matéria de vencimentos e vantagens do servidor público.
Essas hipóteses de não cabimento não seriam inconstitucionais? Nos regramentos antigos o STF já se pronunciou (na lei nova ainda não, porque não houve tempo), e ali o STF vinha entendendo que essas limitações são compatíveis com a CR, em princípio, mas no caso concreto, para a proteção de um direito fundamental, o juiz pode afastá-las.
4ª) ☺art. 8º, LMS: o juiz pode decretar a ineficácia da liminar nessas hipóteses. 
b) Ainda dentro da hipótese de deferimento do MS, depois de apreciada a liminar, tendo sido esta concedida ou não, o juiz determinará a notificação da autoridade coatora, para prestar informações.
☺art. 7º, I, LMS:
Art. 7o  Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: 
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações; 
O STJ entende que a natureza jurídica dessa notificação é de citação. Quem está sendo citada é a pessoa jurídica, representada pela autoridade coatora.
c) A lei estabelece ainda que deve haver a cientificação da pessoa jurídica à qual pertence a autoridade coatora.
☺art. 7º, II, LMS:
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito; 
Essa cientificação será enviada para órgão de representação judicial da pessoa jurídica – a Advocacia Pública (a Procuradoria do Estado, a Procuradoria da União) – é o órgão que defende os interesses da pessoa jurídica naquele ente da Federação.
- Informações da autoridade coatora:
O prazo para prestar informações é de 10 dias. A esse prazo de 10 dias não se aplicam os arts. 188 e 191 do CPC. São 10 dias sempre, para todo mundo.
O termo inicial do prazo para prestar as informações é retirado da análise, não muito clara, do art. 11, da LMS:
Art. 11.  Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o desta Lei, a comprovação da remessa. 
Pergunta: aplicam-se os efeitos da revelia no MS?
O STF estabeleceu que não há os efeitos da revelia no MS, exatamente por causa da presunção de legitimidade do ato atacado.
Pergunta: Qual é a natureza jurídica das informações?
Na doutrina prevalece largamente o entendimento e que a natureza jurídica das informações no MS é de resposta, de contestação. É um meio de defesa da pessoa jurídica a qual a autoridade coatora representa.
Existe, no entanto, um posicionamento minoritário segundo o qual a natureza jurídica é de meio de prova. O Estado teria que provar que o ato não é ilegal.
- Ministério Público:
☺art. 12, da LMS:
Art. 12.  Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias. 
Parágrafo único.  Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias. 
O prazo foi aumentado pela nova lei. Antes o prazo era de 5 dias, agora é de 10.
Pergunta: o MP tem que opinar? Sua manifestação é obrigatória?
Na doutrina e na jurisprudência nós encontramos 3 posições:
a) Uma primeira posição diz que o MP só atua no MS se presentes as hipóteses do art. 82, CPC. Essa posição é adotada pelo MP de SP.
b) Uma segunda posição é no sentido de que o MP não é obrigado a atuar em nenhuma situação, mas em todos os MS´s ele deve ser intimado para tanto. Em todo MS, inclusive no MS em matéria tributária, é preciso dar vista ao MP, se ele vai atuar ou não, é um problema dele, mas é preciso que seja dada vista. Parece ter sido esta a posição que a nova lei adotou. Ainda que não haja o parecer, o que importa é que ele tenha tido a vista.
c) Uma terceira posição diz que o MP tem que se manifestar em todos os MS´s, sob pena de nulidade. Essa posição não há de prosperar, por razões óbvias.
- Sentença:
Natureza jurídicada sentença do MS: existe na doutrina duas classificações para sentenças, aquela classificação quinária e a classificação mais tradicional, que é ternária. Pela classificação quinaria, a natureza jurídica do MS é mandamental, e na classificação ternária a natureza jurídica dessa sentença é condenatória.
Comunicação: ☺art. 13, LMS:
Art. 13.  Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada. 
Parágrafo único.  Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4o desta Lei. 
A intimação da sentença, a publicação, será feita tanto para a autoridade coatora quanto para a pessoa jurídica interessada.
☺art. 7º, §3º, LMS: este dispositivo apenas repete a Súm. 405, STF – julgado improcedente o MS, a liminar concedida automaticamente se torna prejudicada, ainda que não haja manifestação expressa do juiz a respeito.
☺art. 25, LMS: este dispositivo repete a Súm. 512, STF – não há sucumbência no MS; não cabe a condenação ao pagamento de honorários advocatícios na sentença do MS. 
A OAB criticou muito esse dispositivo, e com razão, mas não foi atendida. Mas atenção: é possível a condenação pela litigância de má-fé!
- Recursos:
Os recursos em MS têm previsão esparsa, em vários dispositivos.
O principal art. da LMS que trata de recursos é o art. 14.
Art. 14.  Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. 
§ 1o  Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. 
§ 2o  Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. 
§ 3o  A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar. 
§ 4o  O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.
Legitimidade: quem pode recorrer em MS:
a) as partes (impetrante e pessoa jurídica);
b) o MP;
c) o terceiro prejudicado: é a autoridade coatora (☺§2º, do art. 14, LMS). Assim, ela só pode recorrer quando for prejudicada, sua legitimidade não é automática. Ser prejudicado significa ter a sua esfera pessoal atingida pela decisão.
Cabimento: O art. 25 diz que não cabem embargos infringentes no MS. Portanto, a Súm. 597, STF foi incorporada ao texto da lei:
Art. 25.  Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé. 
“Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em mandado de segurança decidiu, por maioria de votos, a apelação”.
Também cabe RE e Resp.
→ MS Originário: É aquele que já começa em órgão jurisdicional superior ao 1o grau.
Recursos Cabíveis:
- Embargos de Declaração
- Agravo Interno no prazo de 5 dias;
Do indeferimento da inicial pelo relator cabe agravo interno para a Turma. 
☺Súm. 622, STF: não cabe agravo regimental contra decisão do relator que concede ou indefere liminar em MS.
Essa súmula restou prejudicada pelo art. 16, P.U. da nova LMS:
Art. 16.  Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento. 
Parágrafo único.  Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre. 
- Também cabe no MS originário o Recurso Ordinário Constitucional (ROC).
☺arts. 102, II e 105, II, da CF, bem como no art. 539 do CPC e no art. 18 da LMS:
Art. 18.  Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada. 
O ROC será cabível em duas situações:
1ª) Quando o colegiado extinguir o MS. Se quem extinguir for o relator, cabe Agravo Interno;
2ª) Quando a decisão do MS for denegatória (quando o Colegiado entender que não é caso de acolhimento do MS).
Se o MS originário for no TJ ou TRF, quem julga o ROC é o STJ. Se o MS originário for nos Tribunais Superiores, quem julgará é o STF.
Se o MS originário for no STF não cabe ROC.
O ROC é um recurso semelhante a apelação, por isso deve ser tratado como se fosse uma. Tudo que se aplica à apelação se aplica ao ROC, inclusive os efeitos. A apelação tem efeito devolutivo amplo, devolvendo para o Tribunal o conhecimento de todas as questões, assim como o ROC.
É possível inclusive análise de matéria de fato pelo STJ e STF, pois a vedação da Súmula é apenas no tocante ao âmbito dos recursos extraordinários.
- O ROC cabe quando a decisão for extintiva ou denegatória, assim, caberá RE ou Resp quando a decisão do MS for concessiva.
- Reexame Necessário:
Regra específica: ☺art. 14, §1o da Lei.
Concedida a segurança a sentença estará sujeita, obrigatoriamente, ao duplo grau de jurisdição.
O reexame necessário é condição de eficácia da sentença. A sentença não vale enquanto não for confirmada.
Aplica-se apenas o CPC quando não houver regra específica e nesse caso tem, logo não se aplica o art. 455 do CPC.
A conseqüência disso é que se o réu for condenado a pagar R$ 1,00 ao autor, tem reexame necessário, mas se fosse na instância ordinária não seria necessário, pois o art. 475 diz que só terá o reexame se superior a 60 salários mínimos.
A lei não obsta a execução provisória. Em sentido vulgar, pode-se dizer que o reexame necessário do art. 14, §1o não tem efeito suspensivo.
- Execução: 
Se se tratar de obrigação de fazer, não fazer ou entrega de coisa, o regime jurídico a ser seguido é dos arts. 461 e 461-A, do CC.
O juiz determinará medidas coercitivas ou obrigatórias para garantir o cumprimento.
Quando se tratar de obrigação de pagar, deve-se fazer uma distinção.
Se réu é pessoa jurídica de direito público, incidirá o regime do 730 do CPC, o regime dos precatórios.
Pode acontecer de a pessoa jurídica ser de direito privado, que é o caso das concessionárias, partidos políticos. Para essas pessoas, como se sujeitam ao regime privado, aplica-se o art. 475-J (multa de 10%).
Quando se tratar de obrigação de pagar, é necessário ficar atento para o que dispõe o art. 14, §4o da Lei. Esse artigo nada mais faz que incorporar as súmulas 169 e 167 do STF, que afirmam que o MS tem efeito ex nunc. O MS só tem efeitos patrimoniais a partir da impetração.
Sanção pelo descumprimento da ordem: o MS é ordem judicial para que o Estado ou quem lhe faça as vezes cumpra decisão judicial.
Antigamente havia uma discussão: se a autoridade descumpre decisão no MS, qual crime ela cometida (prevaricação ou desobediência)? Hoje já é pacificado que é o crime de desobediência.
Tem algumas autoridades que descumprindo ordem do MS cometem crime mais grave: são aquelas da lei 1.079/50. Essa lei é a de crimes de responsabilidade do presidente e demais agentes políticos. 
Decadência:
Natureza do prazo do art. 23 da Lei do MS: prevalece o entendimento de que é decadencial, nem prorroga nem suspende.
Se o último dia do prazo não for útil, prorroga-se para o dia seguinte.
Há quem diga que não é decadência, pois não há extinção do direito, mas sim da via do MS.
Humberto Theodoro diz que é prazo de perempção.
Leonardo Carneiro da Cunha diz que é prazo de natureza própria.
☺Súm. 632, STF: o prazo de 120 dias é constitucional.
Nelson Néri diz que esse prazo de 120 dias é inconstitucional, pois não está na Constituição e por isso não caberia ao legislador infraconstitucional limitá-lo.
Termo inicial do prazo: 4 análises de situações em que o prazo conta com um termo inicial diferente.
a) Ato comissivo:o termo inicial conta da publicação, da intimação pessoal ou da ciência inequívoca do ato, o que ocorrer primeiro.
b) Ato comissivo de trato sucessivo: é aquele que se repete constantemente. O termo inicial conta do último ato.
c) Ato omissivo: 
Se houver prazo legal para a manifestação do administrador: o termo inicial conta-se do dia seguinte do fim do prazo.
Se não houver prazo para manifestação, entende-se que não corre o prazo de 120 dias. O ato omissivo é permanente. 
d) Ato eminente: é atacado através do MS preventivo. Não há prazo porque o ato ainda não foi praticado.
☺Súm. 430, STF: o pedido de reconsideração da medida administrativa não interrompe o prazo para o MS.
Faltam:
A partir de MS coletivo, competência em MS
ASPECTOS PROCESSUAIS DO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO:
Conceito, previsão legal e sumular:
O MS Coletivo nada mais é do que o MS Individual com variação da legitimidade e do objeto. Ele surgiu com a CR/88.
O MS Coletivo, legalmente falando, tem previsão no art. 5º, LXX, CR. Até agosto de 2009, não havia regulamentação para ele (era a Lei 1533/51 e o micro-sistema que cuidavam do tema).
Em agosto de 2009 veio a Lei 12.016/09, que é a LMS. E nessa nova lei tem 2 dispositivos expressos regulamentadores do MS Coletivo. De modo que hoje, a previsão legal do MS Coletivo é o art. 5º, LXX, CR e os arts. 21 e 22, da Lei 12.016/09:
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. 
Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.
Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. 
§ 1o O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.
§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
Mas existe também a previsão sumular do MS Coletivo: súmulas 629 e 630, STF. Conforme veremos mais adiante.
Legitimidade Ativa:
Partido político com representação no Congresso Nacional:
É preciso que o Partido Político tenha pelo menos um deputado ou senador, para que seja legitimado a propor o MS Coletivo.
Tem-se entendido com tranqüilidade que o partido político pode atuar em todos os âmbitos da Federação. Podem impetrar MS Coletivo tanto o diretório municipal, quanto o diretório estadual e o diretório nacional do partido.
Objeto de defesa do partido político no âmbito do MS Coletivo: o legislador constitucional teve a preocupação de, para a organização sindical, entidade de classe ou associação, determinar que só é possível impetrar o MS em defesa dos interesses de seus membros ou associados.
Assim, há uma interpretação (da Ada P. Grinover) no sentido de que o partido político pode impetrar MS Coletivo em todos os assuntos de interesse nacional, ou seja, o partido político faria um controle do direito objetivo, e mais, ele poderia impetrar MS em favor de todos os brasileiros, já que afinal de contas, a CR em momento algum disse que ele tem que impetrar na defesa dos seus membros e filiados. É um raciocínio razoável.
Entretanto, a Lei 12.016/09, no seu art. 21, caput, acaba consolidando e confirmando a ocorrência de uma segunda posição a respeito do objeto de defesa do MS Coletivo: ele determina que o MS Coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no CN, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária. Ou seja, o legislador infraconstitucional restringiu o alcance de uma garantia constitucional, estabelecendo que o partido político só pode impetrar o MS Coletivo em dois assuntos: finalidade partidária e interesses legítimos dos seus filiados (e apenas deles). Ou seja, a nova lei, na esteira daquilo que já dizia a jurisprudência superior (que já se inclinava para essa restrição), acabou fazendo uma restrição à garantia constitucional. Essa é a posição dominante, portanto.
A jurisprudência superior tem entendido ainda que, quando se tratar de partido político, quando se fala em interesses legítimos, deve-se atentar para o disposto na Lei 9.096/95, art. 1º, segundo o qual o partido, além de atuar com finalidade partidária, só pode defender direitos humanos. Ou seja, o cabimento do MS Coletivo foi bastante restringido.
Sindicato, Entidades de Classe e Associações:
Quanto às Entidades de Classe e às Associações, elas podem impetrar o MS Coletivo, desde que constituídas e em funcionamento há pelo menos 1 ano.
O STF, numa interpretação literal do dispositivo, entendeu que o Sindicato fica fora da necessidade de constituição ânua, isso por causa da colocação da vírgula na frase.
Pergunta: aplica-se o art. 5º, §4º, da LACP aqui, para dizer que é dispensada essa necessidade de constituição ânua das associações e das entidades de classe? Não. A autorização para a dispensa está prevista na legislação infraconstitucional, e a necessidade da constituição ânua está prevista na CR.
Atenção:
☺Súm. 629, STF: 
“A impetração de MS Coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes”. 
Essa súmula afasta expressamente a aplicação do art. 2º-A da Lei 9.494/97.
☺Súm. 630, STF:
“A entidade de classe tem legitimidade para o MS ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria”. 
Os sindicatos, entidades de classe e associações têm inúmeros associados e nem todos eles têm o direito que vai ser postulado. De repente só têm direito aqueles que foram empregados a partir de certa data, por ex. Assim, apenas parcela da categoria pode ser beneficiada pelo MS Coletivo.
Por fim, quanto ao objeto, é preciso saber que a nova lei apenas consolidou uma posição que já vinha sido mantida pelo STF.
☺RE 181438/SP.
Aqui o STF bateu o martelo para decidir que o objeto é o direito dos associados ou sindicalizados, independentemente de guardar vínculo com os fins próprios da entidade, exigindo-se, entretanto, que o direito esteja compreendido nos fins institucionais da impetrante.
O direito tutelado não precisa ser da classe, da categoria. Desde que o objeto social permita a tutela de outros direitos, eles podem ser tutelados via MS Coletivo.
Conclusão: quanto mais amplos os objetivos sociais da impetrante, maior a representatividade.
Atenção para uma última observação: prevalece na doutrina o entendimento de que não há outros legitimados além desse grupo (partido político, sindicato, entidade de classe e associações). Entretanto, há uma posição doutrinária (minoritária) em sentido contrário, entendendo que o MP também pode impetrar MS Coletivo (é o entendimento da prof. Ada P. Grinover).
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