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ASPECTOS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E LEGAIS DA INQUISIÇÃO. A grande cruzada religiosa empreendida pela Igreja Católica contra os hereges → a denominada Inquisição Medieval = grande caça às bruxas e hereges→ ocorreu principalmente entre os séc. XV e XVII em toda a Europa Ocidental e em suas colônias. Criada para combater toda e qualquer forma de contestação aos dogmas da Igreja Católica. Recebeu essa denominação devido ao processo per inquisitionem utilizado pelas cruzadas religiosas no combate às heresias. Heresia = qualquer atividade ou manifestação contrária ao que havia sido definido pela Igreja em matéria de fé. (P.ex. hereges os mouros, os judeus e supostos praticantes de bruxaria). Hereges … Tarefa desempenhada (instrumentos judiciais da perseguição): 1. Por membros do clero (Tribunais Eclesiásticos). 2. O fato de a Igreja possuir enorme influência sobre o poder temporal e necessitar do auxílio do Estado para combater as heresias, esse tipo de crime passou a ser considerado crime de “lesa-majestade” → estendida aos Tribunais Seculares. Galileu diante do Santo Ofício, pintura do século XIX de Joseph-Nicolas Robert-Fleury. Procedimento: aprisionavam as pessoas com base em meros boatos, interrogavam-nas, fazendo o possível para conseguir-lhes a confissão que, ao final, levava à condenação. Variando conforme a gravidade do crime, a condenação consistia na execução do condenado pelo fogo, banimento, trabalho nas galerias dos navios, prisão e, invariavelmente, no confisco dos bens. CONTEXTO EUROPEU (ID, MED – ID. MOD) = explosão demográfica, aumento da pobreza, fomes, epidemias, guerras internas. Clima de tensão e miséria vivenciado pela sociedade tenha gerado entre os detentores do poder o medo de rebeliões e desordens, e que, portanto, tenha levado ao acirramento da Inquisição. A Inquisição Medieval, em sua versão moderna, → muito mais violenta, apresenta também uma dimensão política, (utilização pela nobreza na perseguição de indivíduos que constituíam ameaça ao seu poder). ASPECTOS LEGAIS. Matéria penal → processar e julgar todas as pessoas que praticassem alguma infração contra a religião (heresia, apostasia, sacrilégio, bruxaria, etc.), bem como o adultério e a usura. Relações entre Igreja e Estado, o poder da Igreja acabou refletindo-se sobremaneira nos princípios e na lógica de ordenação do direito laico (influencia do direito canônico). Finalmente, a extensão da competência dos Tribunais Eclesiásticos tomou a caça aos hereges. Igreja e Estado uniram-se no combate à proliferação dos seguidores de Satã, que ameaçavam não somente o poder da Igreja, como o poder do soberano. O processo penal acusatório → ação penal só poderia ser desencadeada por uma pessoa privada, que seria a parte prejudicada ou seu representante. Em caso de dúvida, a determinação da culpa ou inocência era feita de modo irracional, recorrendo-se à intervenção divina para que fornecesse algum sinal contra ou a favor do acusado. Não cabia ao homem a investigação do crime, pois o assunto era colocado nas mãos de Deus. Ex: ordálio. O processo por inquérito → veio substituir o processo acusatório, consolidando-se em toda a Europa e alterou profundamente todo o sistema penal, atribuindo ao juízo humano um papel essencial, condicionado pelas regras racionais do direito. As falhas do antigo sistema demonstravam a ineficácia para o combate à crescente criminalidade. Igreja não foi movida por motivos humanitários. A introdução de novos procedimentos – ex. proibição do ordálio - ocorreu principalmente pelo fato de que o novo sistema mostrava-se muito mais eficiente no combate aos crimes de heresia, que aumentava em enormes proporções ameaçando o seu poder. No temor cotidiano vivido pela população, quanto aos poderes de Satã, tudo poderia significar sinais da prática de bruxaria e heresia; desde extravagâncias no comportamento, mau humor, até o exercício do curandeirismo. O juiz, no novo sistema, já não era mais um árbitro imparcial que presidia um conflito a ser resolvido pelo sobrenatural. Ao contrário, ele e os demais oficiais do tribunal assumiam a investigação dos crimes e determinavam a culpabilidade ou não do réu, normalmente através do interrogatório de testemunhas e do próprio réu, tudo registrado por escrito. O processo criminal, até a sentença, permanecia secreto, não apenas para o público, como também para o acusado, que não conhecia as acusações contra ele, os depoimentos das testemunhas e nem as provas colhidas. Os crimes de bruxaria e heresia eram crimes ocultos → necessária confissão. Além de constituir uma prova tão forte, a ponto de prescindir de outras, a confissão era o assentimento do próprio acusado em relação à culpabilidade no crime a ele imputado. A tortura (herdada do direito romano). A enorme importância dada à confissão explica o meio utilizado pelos juízes e inquisidores para obtê-la: a tortura. A utilização da tortura na heresia, bruxaria e outras causas foi, portanto, o resultado direto da adoção do processo por inquérito. → argumento para o uso da tortura era o de que, quando uma pessoa fosse submetida ao sofrimento físico durante o interrogatório, inevitavelmente, confessaria a verdade. Várias as técnicas de tortura, que aprimoravam-se conforme o seu emprego e variavam conforme o crime a desvendar. Ex: crime de bruxaria, por acreditar que a bruxa, através de um pacto diabólico, adquiria de Satã o poder de suportar a dor, os juízes utilizavam a tortura da insônia forçada, em que o suspeito era mantido acordado por quarenta horas ou mais, até que confessasse o crime. Ex: o instrumento de tortura mais utilizado era o strappado, uma roldana em que, de um lado, amarravam-se pesos de 18 a 300 quilos e, de outro, os pés ou os braços do suspeito para suspendê-lo do chão. Strappado Strappado Máscara da Infâmia Máscara da Infâmia A pera - gota da angustia Instrumentos para açoite Algemas Apetrechos de mutilação Balcão de estiramento O Balcão da Tortura O Estripador de Seios Berlinda Cadeira Inquisitória Caixinha para as mãos Empalador ao contrário Empalamento Esmaga cabeças Esmaga Joelhos Guilhotina Berço de Judas O Caixão da Tortura A Roda da Tortura Serra para cortar ao meio Tortura do Garrote Virgem de Nuremberg - a dama de ferro Virgem de Nuremberg - a dama de ferro Não só a tortura tornava o processo infalível, como também a crença de que tratando-se das bruxas, estas, ao pactuarem com o Diabo, recebiam deste uma marca no corpo, que tornava a área insensível (Não escapavam: sinal de nascença ou cicatriz). Período da história do direito é denominado de “vingança pública” (O crime passa a ser uma ofensa não de um indivíduo a outro, mas ao Estado). A condenação. Confissão → condenação → a execução da pena. Auto-de-fé = condenado era obrigado a confessar sua culpa em uma igreja, pedindo perdão a Deus e aos Santos por ter-se entregue ao Diabo: a multidão comparecia para ouvir o relato de suas maldades e seu arrependimento. * Durante a execução, a sentença era lida em público para que todos tomassem ciência dos malefícios por ele praticados. Auto-de-fé Pintura de Pedro Berruguete representando um "Auto de fé" da Inquisição Espanhola. Visões artísticas sobre o tema geralmente apresentam cenas de tortura e de pessoas queimando na fogueira durante os rituais. Evento público Morte na fogueira/ Câmara da tortura.
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