Buscar

13__AULA___BENS_E_INTERVEN__O

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 13: BENS E INTERVENÇÃO 
 
Encerrando nosso Curso, vamos trabalhar questões da ESAF sobre bens públicos e 
intervenção na propriedade privada. 
 
Questão 01 
(Procurador do Distrito Federal/2004) - Marque a assertiva correta. 
a) Consideram-se bens públicos apenas aqueles que podem ser utilizados livremente 
pelo público em geral. 
b) Os bens públicos de uso especial são inalienáveis e não podem ser adquiridos por 
usucapião. 
c) A venda de bens dominicais depende de autorização legislativa específica. 
d) Todos os bens públicos são inalienáveis. 
e) A alienação de bens de uso especial depende de autorização passada por decreto 
executivo. 
 
Gabarito: B. 
 
Comentários: 
 
a) Consideram-se bens públicos apenas aqueles que podem ser utilizados livremente 
pelo público em geral (errada). 
Na Administração Pública temos duas espécies de bens, os bens públicos e os bens 
privados. Para fins de provas da ESAF, bens públicos são aqueles que compõem o 
patrimônio das pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal, 
Municípios, suas autarquias e fundações públicas de direito público). Bens privados, 
dentro do mesmo contexto, são os bens que integram o patrimônio das entidades 
administrativas de direito privado (empresas públicas, sociedades de economia mista 
e fundações públicas de direito privado). 
Bens públicos são aqueles que estão disciplinados por um regime jurídico 
diferenciado, exorbitante do direito comum, marcado essencialmente por quatro 
características: inalienabilidade (ou alienabilidade condicionada), 
imprescritibilidade, impenhorabilidade e não-onerabilidade. Ao longo dos 
comentários da aula trataremos destas quatro características. Bens privados, de 
forma oposta, são aqueles sujeitos ao mesmo regime jurídico dos bens de 
propriedade de particular, o qual tem suas linhas mestras no Código Civil. 
Para afastar quaisquer dúvidas: os comentários que se seguem, salvo disposição 
expressa em contrário, são aplicáveis apenas aos bens públicos, aqueles que 
compõem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 2
Quanto à destinação, temos três modalidades de bens públicos: os de uso comum 
do povo, os de uso especial e os dominiais (ou dominicais). 
Os bens de uso comum do povo, como o próprio nome indica, são aqueles que têm 
por destinação a utilização pela população em geral. O uso, evidentemente, está 
sujeito à regulamentação pelo Poder Público, e eventualmente poderá até mesmo ser 
oneroso. O essencial, para caracterizar tais bens, é sua destinação à coletividade em 
geral. 
Entre podemos citar os mares, praças, rios, logradouros públicos etc. 
Como segunda modalidade, temos os bens de uso especial, assim considerados 
aqueles destinados à execução das atividades administrativas e à prestação 
dos serviços públicos em geral. Segundo a Professora Maria Sylvia Zanella Di 
Pietro, bens de uso especial “são todas as coisas, móveis ou imóveis, corpóreas ou 
incorpóreas, utilizadas pela Administração Pública para realização de suas atividades 
e consecução de seus fins”. 
São bens de uso especial, entre outros, os imóveis onde se situam as repartições 
públicas; as universidades; bibliotecas e os museus; os quartéis; os hospitais 
públicos etc. 
Os bens dominiais, por sua vez, são aqueles que não estão sendo utilizados pela 
coletividade em geral ou para a prestação de serviços públicos. São bens utilizados 
pelo Estado, basicamente, para a obtenção de recursos financeiros. 
Entre tais bens podemos citar os terrenos da marinha, os prédios públicos sem uso, 
as terras devolutas etc. 
 
b) Os bens públicos de uso especial são inalienáveis e não podem ser adquiridos por 
usucapião (certa). 
Os bens públicos de uso especial e de uso comum do povo têm, dentre outras 
características, a inalienabilidade e a imprescritibilidade. 
A inalienabilidade significa que tais bens, enquanto afetos à sua destinação específica 
(coletividade ou serviços administrativos), não podem ser alienados pelo Poder 
Público. Alguns autores denominam tal característica de alienabilidade relativa ou 
condicionada, já que, se perderem tal destinação, os bens de uso comum e de uso 
especial podem ser alienados. A ESAF prefere a terminologia tradicional: 
inalienabilidade. Os bens dominicais são alienáveis, pois não estão sendo utilizados 
em alguma finalidade especial. 
A imprescritibilidade significa que os bens públicos (e aqui incluídos os dominiais) 
não podem ser adquiridos por usucapião. Seja qual for o tempo em que o particular 
fique na posse de um bem público, jamais terá direito a adquirir sua propriedade. 
 
c) A venda de bens dominicais depende de autorização legislativa específica 
(errada). 
Esta é uma questão importante da ESAF. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 3
Os requisitos para a alienação de bens públicos, segundo o art. 17 da Lei de 
Licitações, no que tange a imóveis, são: interesse público justificado, avaliação 
prévia, autorização legislativa específica e licitação, em regra na modalidade de 
concorrência. No caso de bens móveis, a Lei exige interesse público justificado, 
avaliação prévia e licitação, nas modalidades da Lei 8.666/93. 
Já para a alienação de bens da sociedade de economia mista e da empresa pública, 
que são bens privados, a lei não exige autorização legislativa específica. 
Apesar desta disciplina legal, muitos autores entendem que não se faz necessária a 
autorização para a alienação de bens dominiais, pelo fato de eles não estarem 
afetados a nenhuma destinação específica. Como comprova esta alternativa, esta é a 
posição da ESAF. 
 
d) Todos os bens públicos são inalienáveis (errada). 
Como já dito, a inalienabilidade não se aplica aos bens dominiais. 
 
e) A alienação de bens de uso especial depende de autorização passada por decreto 
executivo (errada). 
A autorização para a alienação de bens públicos é feita por ato do Poder Legislativo. 
 
Síntese do Comentário: 
1) temos duas espécies de bens, os públicos e os bens privados, os primeiros 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público e os segundos às pessoas 
jurídicas de direito privado. A diferença entre um e outro é quando ao regime 
jurídico, pois os bens públicos apresentam quatro características peculiares: 
inalienabilidade, imprescritibilidade, impenhorabilidade e não-onerabilidade; 
2) com relação à destinação, temos três modalidades de bens públicos: os de uso 
comum do povo, os de uso especial e os dominiais; 
3) os bens de uso comum do povo são aqueles destinados à utilização pela 
coletividade em geral, a qual pode se dar de forma gratuita (a regra geral) ou 
onerosa; 
4) os bens de uso especial são aqueles utilizados pela Administração para a execução 
de suas atividades e a prestação de serviços públicos; 
5) os bens dominicais, por sua vez, são aqueles que não estão vinculados a qualquer 
destinação específica, sendo utilizados basicamente para a obtenção de renda; 
6) os bens de uso comum do povo e os especiais são inalienáveis (enquanto afetados 
à sua destinação específica não podem ser alienados) e imprescritíveis (não podem 
ser adquiridos por usucapião). Os bens dominiais não podem ser adquiridos por 
usucapião, mas são alienáveis; 
7) a ESAF entende que não é necessária autorização legislativa específica para a 
alienação de bens dominiais (para os de uso comum e especial é necessário). 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 4
 
 
Questão 02 
(Procurador do Distrito Federal/2004) - Os bens públicos de uso especial são 
inalienáveis, porque: 
a) não podem ser vendidos em hipótese alguma. 
b) só podem ser vendidosmediante licitação pública. 
c) podem ser alienados, se uma comissão nomeada pelo chefe do executivo atestar 
sua desnecessidade. 
d) sua alienação depende de sentença passada em julgado. 
e) só podem ser vendidos após desafetados por lei. 
 
Gabarito: E. 
 
Comentários: 
 
Os bens públicos de uso especial e os de uso comum do povo podem ser 
alienados após sua desafetação. 
Os bens de uso comum do povo estão afetados ao uso da coletividade, e os de uso 
especial à prestação de algum serviço público ou ao desempenho de alguma outra 
atividade administrativa. Enquanto estiverem nesta situação, enquanto estiverem 
afetados, não podem ser alienados. 
Para tanto, é necessária sua prévia desafetação, operação pelo qual o bem de uso 
comum ou especial deixa de ser utilizado na sua finalidade específica, passando a 
enquadrar-se na categoria de bem dominial. 
A doutrina diverge acerca da forma da desafetação. Alguns entendem que é 
indispensável lei, outros que é aceitável, além da lei, ato administrativo praticado 
com base em lei, e outros entendem que não é necessário qualquer ato formal da 
Administração, considerando a desafetação como um fato administrativo. 
Esta é a posição, dentre outros, de José dos Santos Carvalho Filho, como podemos 
perceber por sua lição: 
“Deve-se destacar que a afetação e a desafetação constituem fatos 
administrativos, ou seja, acontecimentos ocorridos na atividade administrativa 
independentemente da forma com que se apresentem. Embora alguns autores 
entendam a necessidade de haver ato administrativo para consumar-se a afetação 
ou a desafetação, não é essa realmente a melhor doutrina em nosso entender. O 
fato administrativo tanto pode ocorrer mediante prática de um ato administrativo 
formal, como através de fato jurídico de natureza diversa. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 5
Suponha-se, para exemplificar, que um terreno sem utilização venha a ser 
aproveitado como área de plantio para órgão público de pesquisa: o bem, que era 
dominical, passará a ser de uso especial, havendo, portanto, afetação. Essa 
transformação de finalidade certamente será processada através de ato 
administrativo. Suponha-se, contrariamente, que um incêndio destrua inteiramente 
determinado prédio escolar: o bem que era de uso especial se transformou em bem 
dominical. Do momento em que esse imóvel não mais posa servir à finalidade 
pública inicial, podemos dizer que terá havido desafetação, e sua causa não terá sido 
um ato, mas sim um fato jurídico – o incêndio. 
Por tudo isso é que entendemos ser irrelevante a forma pela qual se processa a 
alteração da finalidade do bem quanto a seu fim público ou não. Relevante, isto sim, 
é a ocorrência em si da alteração da finalidade, significando que na afetação o bem 
passa a ter uma destinação pública que não tinha, e que na desafetação se dá o 
fenômeno contrário, ou seja, o bem que tinha a destinação pública, passa a não mais 
tê-la, temporária ou definitivamente.” 
Apesar dos méritos do entendimento do Autor, com o qual concordamos, a posição 
da ESAF é extremamente formalista: a desafetação exige lei. 
 
Síntese do Comentário: 
1) o bem de uso comum do povo está afetado ao uso da coletividade, e o bem de 
uso especial á prestação de algum serviço público ou ao exercício de alguma outra 
atividade administrativa. Enquanto estiverem nesta condição, afetados a uma 
finalidade específica, não podem ser alienados. Necessário, então que seja 
promovida sua desafetação, instituto pelo qual o bem de uso comum ou especial 
deixa de ser utilizado para certo fim específico, a partir do que pode ser alienado 
pela Administração; 
2) com relação à forma da desafetação, temos três correntes: (1) só por lei; (2) por 
lei ou ato administrativo baseado em lei; (3) independentemente de qualquer 
formalidade, decorrente do mero fato de a Administração deixar de utilizar o bem na 
sua finalidade específica. A ESAF encampa a primeira corrente, exigindo lei para a 
desafetação; 
 
 
Questão 03 
D3 (Auditor SEFAZ – PI/2002) – Considerando o domínio público, assinale a 
afirmativa falsa: 
a) as terras devolutas consideradas indispensáveis à preservação ambiental 
pertencem à União Federal 
b) os bens públicos dominicais não têm afetação 
c) a concessão do direito real de uso não transfere a propriedade do bem público 
d) pertencem ao Estado federado os sítios arqueológicos e pré-históricos. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 6
e) a discriminação de terras devolutas pode-se dar mediante processo administrativo 
ou judicial. 
 
Gabarito: D. 
 
Comentários: 
 
 
a) as terras devolutas consideradas indispensáveis à preservação ambiental 
pertencem à União Federal (certa). 
Nos termos do art. 21, inc. II, da CF, pertencem à União “as terras devolutas 
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das 
vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei”. 
Em complemento, o art. 26, IV determina que pertencem aos Estados as terras 
devolutas não compreendidas entre as da União. 
 
b) os bens públicos dominicais não têm afetação (certa). 
Afetação é a vinculação de um bem público a uma finalidade de interesse público, e 
aqui se enquadram os bens de uso comum do povo e os de uso especial. Os bens 
dominiais são justamente os que não estão sendo utilizados para certo fim. Dito de 
outro modo, são os bens públicos que não têm afetação, como conta 
corretamente na alternativa. 
 
c) a concessão do direito real de uso não transfere a propriedade do bem público 
(certa). 
Na questão 04 analisaremos a concessão de direito real de uso. Neste momento só 
enfatizaremos que por seu intermédio não se transfere a propriedade do bem público 
(senão seria hipótese de alienação), mas se outorga o direito real resolúvel de 
uso de um terreno público ou do espaço aéreo que o recobre, para fins de 
industrialização, urbanização, edificação, cultivo, entre outros. 
 
d) pertencem ao Estado federado os sítios arqueológicos e pré-históricos (errada). 
Os sítios arqueológicos e pré-históricos integram o domínio da União, a teor do art. 
21, X, da Constituição Federal. 
 
e) a discriminação de terras devolutas pode-se dar mediante processo administrativo 
ou judicial (certa). 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 7
A discriminação de terras devolutas é um processo pelo qual a União, em certa 
parte do território nacional, faz a determinação exata das terras públicas e 
particulares. Uma vez determinadas as terras públicas, a União passa a verificar se 
os seus atuais possuidores satisfazem as condições estabelecidas na Lei 6.383/76, 
quais sejam: (1) posse de área pública de no máximo 100 hectares; (2) morada 
permanente na área; (3) utilização da área para fins de plantio; (4) exploração 
direta pelo posseiro; e (5) não ser o posseiro proprietário rural. 
Uma vez verificado o preenchimento destas condições, a União concede ao posseiro 
uma licença de ocupação, pelo período de até 04 anos. Ultrapassado o prazo 
fixado, se ficar comprovado que o ocupante tem condições de desenvolver 
adequadamente a área, tem ele direito à preferência na aquisição do imóvel, pelo 
valor histórico da terra nua. 
O processo de discriminação de terras devolutas é essencialmente administrativo. No 
decorrer da discriminação, entretanto, poderá haver divergências entre a União e os 
ocupantes da área objeto do processo quanto à definição das terras públicas e 
particulares, caso em que a questão será dirimida na esfera judicial. Deste modo, a 
discriminação das terras devolutas pode efetivar-se por processo 
administrativo ou judicial. 
 
Síntese do Comentário: 
1) os bens dominicais não têm afetação, uma vez que não estão sendo utilizados em 
qualquer finalidade específicade interesse público; 
2) a concessão de direito real de uso é instituto pela qual se outorga o direito real 
resolúvel de uso de um terreno público ou do espaço aéreo que o recobre, para os 
fins de industrialização, urbanização, edificação ou cultivo, entre outros. A concessão 
não implica na transferência da propriedade do bem; 
3) a discriminação de terras devolutas é processo pelo qual a União em determinada 
região faz a discriminação das terras públicas e particulares. Uma vez determinadas 
as terras públicas, a União confere o preenchimento pelos seus atuais ocupantes de 
alguns requisitos previstos em lei. Se positiva a conferência, outorga-lhes uma 
licença de ocupação por até 04 anos, ao final da qual, se o posseiro comprovar que 
tem condições de desenvolver adequadamente o imóvel, tem direito à preferência na 
sua aquisição, pelo valor histórico da terra nua. Poderá haver controvérsia na 
demarcação das terras públicas e particulares, a qual terá prosseguimento na esfera 
judicial. O processo de discriminação de terras devolutas poderá transcorrer, 
portanto, tanto nas esferas administrativa como judicial. 
 
 
Questão 04 
(Analista de Controle Externo - ACE – TCU/2002) - Em relação ao instituto do direito 
real de uso, referente a bens do domínio público, não é correto afirmar: 
a) pode-se dar de forma remunerada ou gratuita. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 8
b) salvo reserva contratual, este direito é transmissível por ato inter vivos ou causa 
mortis. 
c) é oponível erga omnes. 
d) pode-se dar em relação ao espaço aéreo sobre a superfície de terrenos públicos. 
e) a sua duração é sempre por prazo indeterminado, salvo se o concessionário 
descumprir cláusula resolutória do ajuste. 
 
Gabarito: E. 
 
Comentários: 
 
A concessão de direito real de uso é um contrato administrativo que apresenta 
como principais características: 
1) confere ao beneficiário o direito real resolúvel de uso de um terreno público 
ou do espaço aéreo que o recobre, para fins de industrialização, urbanização, 
edificação, cultivo, entre outros fins de interesse social, admitindo-se que o espaço 
aéreo seja concedido de forma autônoma, sem abranger o solo adjacente; 
2) como se trata de direito real, pode ser transmitido pelo seu titular a título inter 
vivos ou causa mortis, exceto se houver vedação expressa no contrato; 
3) pode ser celebrado a título gratuito ou oneroso; 
4) pode ser celebrado por prazo determinado ou indeterminado (eis porque está 
incorreta a última alternativa); 
A concessão de direito real de uso é formalizada por instrumento público ou 
particular, ou mesmo por termo administrativo, exigindo, em qualquer caso, 
inscrição no Registro de Imóveis como condição para a produção de efeitos contra 
terceiros. 
Segundo a Lei 8.666/93, a concessão exige autorização legislativa e prévia 
licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta em duas hipóteses: 
- quando o uso se destina a outro órgão ou entidade da Administração Pública (art. 
17, § 2º); 
- quando a concessão abrange imóveis construídos e destinados ou efetivamente 
utilizados no âmbito de programas habitacionais de interesse social, por órgãos ou 
entidades da Administração Pública especificamente criados para esse fim (art. 17, I, 
f). 
A Professora Di Pietro apresenta uma síntese do instituto. São suas as seguintes 
palavras: 
 “Esse instituto não é específico do direito público, podendo ser utilizado também por 
particular, como está expresso nos art. 7º e 8º do Decreto-Lei 271/67. Além disso, 
abrange apenas o uso da terra, podendo ter por objeto o uso do espaço aéreo sobre 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 9
a superfície de terrenos públicos ou particulares, nos mesmos termos e para os 
mesmos fins impostos para a concessão de uso de terra. 
Caracteriza-se por ser direito real resolúvel, que se constitui por instrumento público 
ou particular, ou por simples termo administrativo, sendo inscrito e cancelado em 
livro especial (art. 7º, § 1º); pode ser remunerada ou gratuita, por tempo certo ou 
indeterminado; a sua finalidade só pode ser a que vem expressa no art. 7º, caput, a 
saber: urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, ou outra utilização 
de interesse social; sua concretização depende de autorização legislativa e de 
concorrência pública; é transferível por ato inter vivos ou causa mortis; é resolúvel, 
antes do termo se o concessionário der ao imóvel destinação diversa da estabelecida 
no contrato ou termo, ou descumprir a cláusula resolutória do ajuste, perdendo, 
neste caso, as benfeitorias de qualquer natureza.” 
 
Síntese do Comentário: 
1) a concessão de direito real de uso é contrato de direito público que apresenta 
como características: 
(a) outorga ao beneficiário um direito real resolúvel de utilização de área pública ou 
do espaço aéreo que a recobre, para as finalidades de industrialização, urbanização, 
edificação, cultivo, entre outras de interesse coletivo (a concessão pode abranger 
apenas o espaço aéreo, sem o solo adjacente); 
(b) é transmissível inter vivos ou causa mortis, salvo proibição no contrato; 
(c) pode ser celebrado por prazo determinado ou indeterminado, a título gratuito ou 
oneroso; 
(d) exige inscrição no Registro de Imóveis, como condição de eficácia contra 
terceiros; 
(e) está condicionada à autorização legislativa e licitação na modalidade 
concorrência, dispensada a licitação (1) quando o bem será utilizado por outro órgão 
ou entidade da Administração Pública, ou (2) quando se trata de imóveis construídos 
e destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais de 
interesse social, por órgãos ou entidades da Administração Pública especificamente 
criados para esse fim. 
 
 
Questão 05 
(Procurador do Distrito Federal/2004) - As terras devolutas: 
a) pertencem aos municípios. 
b) constituem res nullius. 
c) pertencem ao Estado, ressalvadas aquelas definidas por lei, como pertencentes à 
União Federal. 
d) pertencem aos proprietários dos terrenos adjacentes. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 10
e) constituem território reservado à preservação ambiental. 
 
Gabarito: C. 
 
Comentários: 
 
Terras devolutas são as terras não destinadas a qualquer finalidade pública 
específica. Constituem bens dominicais (ressalvadas, segundo entendimento de 
alguns autores, as compreendidas na faixa de fronteira, enquadradas como bens de 
uso especial). 
Bandeira de Mello as define como “as que, dada a origem pública da propriedade 
fundiária no Brasil, pertencem ao Estado – sem estarem aplicadas a qualquer uso 
público – porque nem foram trespassadas do Poder Público aos particulares, ou, se o 
foram, caíram em comisso, nem se integraram no domínio privado por algum título 
reconhecido como legítimo”. 
Encontram-se sob domínio da União as terras devolutas indispensáveis à defesa da 
fronteira, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação 
e à preservação ambiental, definidas em lei (CF, art. 20, II). Nos termos do art. 26, 
IV, da Constituição, as demais pertencem aos Estados onde se localizarem. 
Na verdade, apesar de não haver expressa previsão constitucional, os Municípios 
também possuem terras devolutas em seus respectivos territórios, a eles 
transmitidas pelos seus Estados, em regra na Constituição Estadual. Contudo, como 
as questões da ESAF, nesta matéria, limitam-se em regra ao texto da Constituição, 
considere correta a seguinte assertiva: “as terras devolutivas não pertencentes à 
União são de propriedade dos Estados”. 
 
Síntese do Comentário: 
1) terras devolutas são aquelas não utilizadas em qualquer finalidade pública 
específica; 
2) estão sob domínio da União as terras devolutas indispensáveis à defesada 
fronteira, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação 
e à preservação ambiental, definidas em lei. Nos termos da CF, as demais pertencem 
aos Estados onde se localizarem (na verdade, os Municípios também possuem terras 
devolutas, a eles transmitidas pelos seus Estados, mas em regra isto não é cobrado 
pela ESAF). 
 
 
Questão 06 
(Analista Judiciário - TRT - 7ª Região – 2003) - Assinale no rol abaixo o bem que 
integra o patrimônio do Estado Federado: 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 11
a) praias marítimas. 
b) potenciais de energia hidráulica. 
c) recursos minerais, inclusive os do subsolo. 
d) cavidades naturais subterrâneas. 
e) águas subterrâneas. 
 
Gabarito: E. 
 
Comentários: 
 
Preciosidade de questão. Exige um profundo conhecimento da matéria. 
Por falta de espaço, me limito a transcrever o artigo da Constituição que responde a 
indagação da banca. 
Lá vai: 
“Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: 
I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, 
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; 
II – as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, 
excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; 
III – as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; 
IV – as terras devolutas não compreendidas entre as da União.” 
Resposta: águas subterrâneas (as cavidades naturais subterrâneas são bens da 
União). 
Pra num dize que o comentário num sirviu pra nada, anoti aí que, dentri os bens 
arroladus nu art. 20 e 26 da Cefi, podem ser de propriedade particular somente as 
ilhas oceânicas e costeiras. 
 
 
Questão 07 
(Analista de Comércio Exterior – MDIC/2002) – O recente Estatuto da Cidade (Lei 
Federal nº 10.257/2001) instituiu uma nova forma de aquisição de bem público, que 
se dá pelo exercício do direito de preferência, pelo Poder Público, para a aquisição de 
imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares. Este instituto 
denomina-se: 
a) direito de superfície 
b) solo criado 
c) outorga onerosa 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 12
d) aquisição compulsória 
e) direito de preempção. 
 
Gabarito: E. 
 
Comentários: 
 
O direito de preempção é o direito de preferência que tem o alienante para 
readquirir o bem transferido, em caso de nova alienação a título oneroso. Seria o 
caso de João, ao vender seu imóvel a José, ter o direito de preferência, em igualdade 
de condições com outro comprador, no caso de José futuramente vir a alienar 
novamente o imóvel. 
O direito de preempção pode decorrer de contrato ou de lei. Quando decorrente de 
contrato, confere ao seu titular apenas um direito de natureza pessoal. Nesse caso, 
se o novo proprietário não comunicar o antigo da nova alienação, e assim não lhe 
possibilitar exercer o seu direito de preferência, a este resta apenas pleitear perdas e 
danos. Não tem o direito de readquirir seu imóvel. 
Quando o direito de preempção decorre de lei seus efeitos são bem diferentes. 
Nesse caso, se não for oportunizado ao seu titular o exercício do direito de 
preempção, este pode este reaver o bem anteriormente vendido do novo 
comprador, reembolsando-lhe o valor pago. Aqui se trata de direito de natureza 
real. 
Vista em suas linhas gerais a matéria, passemos à análise do direito de preempção 
na forma como regulado pelo Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), nos art. 25 a 
27. Este direito decorre diretamente do Estatuto, da lei, o que significa que possui 
natureza de direito real. 
No art. 25, caput, vem previsto o conteúdo do direito de preempção: outorgar 
preferência para o Município adquirir imóveis urbanos objeto de alienação 
onerosa entre particulares. 
Para seu exercício é indispensável previsão no Plano Diretor da Cidade e a edição de 
uma lei em separado, que terá por conteúdo mínimo a especificação das áreas sobre 
as quais incidirá o direito e seu prazo de vigência, de no máximo 05 anos. 
Ultrapassado esse prazo sem atuação do Município, o direito de preempção só 
poderá ser previsto novamente em lei após 01 ano do decurso do prazo inicial de 
vigência. 
O art. 26 estabelece os objetivos que podem nortear a utilização do direito de 
preempção. De acordo com o artigo, são eles: 
- regularização fundiária; 
- execução de projetos habitacionais de interesse social; 
- constituição de reserva fundiária; 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 13
- ordenamento e direcionamento da expansão urbana; 
- implantação de equipamentos urbanos e comunitários; 
- criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes; 
- criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse 
ambiental; 
- proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico. 
O art. 27 disciplina o procedimento a ser observado na aplicação do direito de 
preempção, uma vez elaboradas as duas leis exigidas pelo Estatuto. Nos seus 
termos, o proprietário que tiver seu imóvel localizado em área sobre a qual incide o 
direito deverá notificar o Município de seu interesse em vender o bem, bem como do 
valor por ele oferecido. A partir disso, O Município tem 30 dias para manifestar seu 
interesse em adquirir o imóvel. Se não houver manifestação nesse prazo, fica o 
proprietário autorizado a alienar o bem a terceiro, mas deve apresentar em 30 dias 
ao Município cópia do instrumento público de transferência da propriedade. 
Se o proprietário não cientificar o Município de seu interesse de vender, ou se 
efetuar a transação em moldes diversos dos comunicados, a transação é nula de 
pleno direito. Nesse caso, fica o Município autorizado a adquirir o bem pelo valor 
da base de cálculo do IPTU ou pelo valor constante da proposta 
apresentada, se este for inferior àquele. 
 
Síntese do Comentário: 
1) em termos gerais, o direito de preempção pode ser definido como o direito de 
preferência conferido ao alienante para readquirir o bem por ele anteriormente 
transferido, em caso de nova alienação a título oneroso; 
2) quando decorrente de contrato, o direito de preempção possui natureza pessoal, 
dando ensejo, uma vez desrespeitado, apenas a perdas e danos. Se decorrente de lei 
o direito tem natureza real, conferindo ao seu titular o direito a readquirir o bem; 
3) no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) o instituto é disciplinado nos art. 25 a 27 
com natureza de direito real. Nos termos da Lei, podemos defini-lo como o direito de 
preferência outorgado ao Município para adquirir imóveis urbanos objeto de 
alienação onerosa entre particulares; 
4) o Estatuto exige duas leis para que possa ser aplicado o instrumento: uma 
primeira, que é o Plano Diretor da Cidade, na qual haverá a autorização para sua 
utilização, e uma segunda, mais específica, que disciplinará, pelo menos, suas áreas 
de aplicação e seu prazo de vigência, de no máximo 05 anos. Transcorrido este 
período sem sua utilização, o Município só poderá prever em lei a utilização desse 
instrumento urbanístico após decorrido o prazo de 01 ano; 
5) o direito de preempção poderá ser utilizado com as seguintes finalidades: 
- execução de projetos habitacionais de interesse social; 
- constituição de reserva fundiária; 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 14
- ordenamento e direcionamento da expansão urbana; 
- implantação de equipamentos urbanos e comunitários; 
- criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes; 
- criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse 
ambiental; 
- proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico. 
6) segundo o art. 27 da Lei, o proprietário que tiver seu imóvel localizado em área 
abrangidapela Lei deverá comunicar ao Município o seu interesse em alienar 
onerosamente o imóvel, bem como o valor ofertado por ele. Uma vez cumprida esta 
obrigação, o Município tem o prazo de 30 dias para manifestar seu interesse em 
adquirir o imóvel. Silente o Município neste prazo, fica o proprietário autorizado a 
alienar o bem ao terceiro, devendo, contudo, apresentar ao Município, em 30 dias, 
cópia do instrumento público de transferência do imóvel. Se o alienante não efetuar 
a comunicação, ou realizar o negócio em termos diversos dos comunicados, a 
transferência é nula de pleno direito, ficando o Município autorizado a adquirir o bem 
pelo valor da base de cálculo do IPTU ou pelo valor constante da proposta 
apresentada, dos dois o menor. 
 
 
Questão 08 
 (AFC – STN/2000) - Em relação à desapropriação, não é correto afirmar: 
 a) Os ônus e direitos que existiam em relação ao bem expropriado extinguem-se e 
ficam sub-rogados no preço. 
 b) A desapropriação é forma originária de aquisição de propriedade. 
 c) A prova de domínio deverá ser feita, pelo proprietário, apenas no momento de 
levantar a indenização. 
 d) Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser 
objeto de reivindicação. 
 e) Para propositura da ação judicial de desapropriação é essencial a identificação do 
proprietário do bem. 
 
Gabarito: E. 
 
Comentários: 
 
Vamos alterar a ordem das alternativas, a fim de tornar mais didática a exposição. 
 
 b) A desapropriação é forma originária de aquisição de propriedade (certa). 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 15
 
A desapropriação consiste num procedimento por meio do qual o Estado ou quem 
lhe faça as vezes, após prévia declaração de necessidade pública, utilidade pública 
ou interesse social, transfere coercitivamente para seu domínio a propriedade 
de um bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, independentemente da 
concordância do até então proprietário, o qual terá direito, como compensação pela 
perda da propriedade, a uma justa indenização, geralmente prévia e em dinheiro. 
Em termos materiais a desapropriação é, pois, forma compulsória de aquisição 
da propriedade. 
Como assevera Di Pietro, “sob o aspecto formal, a desapropriação é um 
procedimento; quanto ao conteúdo, constitui transferência compulsória da 
propriedade”. O fato de constituir um procedimento, como diz Carvalho Filho, 
“retrata a existência de uma sequência de atos e atividades do Estado e do 
proprietário, desenvolvidos nas esferas administrativa e judicial. Sobre esse 
procedimento, incidem normas de direito público, sobretudo quanto aos aspectos 
que denotam a supremacia do Estado sobre o proprietário.” 
O Professor Celso Antônio Bandeira de Mello, em seu Curso, sobre o caráter 
originário da desapropriação, afirma: 
“Diz-se originária a forma de aquisição da propriedade quando a causa que atribui a 
propriedade a alguém não se vincula a qualquer título anterior, isto é, não procede, 
não deriva, de título precedente, portanto, não é dependente de outro. É causa 
autônoma, bastante, por si mesma, para gerar, por força própria, o título 
constitutivo da propriedade. Dizer-se que a desapropriação é forma originária de 
aquisição da propriedade significa que ela é, por si mesma, suficiente para instaurar 
a propriedade em favor do Poder Público, independentemente de qualquer vinculação 
com o título jurídico do antigo proprietário. É só a vontade do Poder Público e o 
pagamento do preço que constituem propriedade do Poder Público sobre o bem 
expropriado.” 
Da natureza originária da desapropriação resultam algumas consequências: 
1) se o Poder Público eventualmente pagar a indenização a outrem que não o 
proprietário do imóvel, ou houver vício no título de aquisição deste, isto é 
irrelevante para a desapropriação, pois a propriedade, de qualquer modo, integra-
se ao domínio público. Na verdade, o procedimento pode ser instaurado sem nem 
mesmo se saber a quem pertence o bem, já que na desapropriação questões 
pertinentes ao domínio não são passíveis de discussão. Em função disso, a prova da 
propriedade é necessária somente no momento do levantamento pelo desapropriado 
do valor da indenização; 
 2) todos os ônus ou direitos reais até então incidentes sobre o bem extinguem-se. 
Seus titulares, contudo, não são prejudicados, pois dá se a sub-rogação de seus 
direitos sobre o valor da indenização. Já os titulares de direitos obrigacionais 
sobre o bem não têm a mesma garantia, só podendo buscar satisfação para suas 
pretensões mediante a interposição de ação própria, diversa da ação 
desapropriatória (Decreto-lei 3.365/41, art. 31); 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 16
3) a inscrição da transferência da propriedade no Registro de Imóveis não é 
condicionada à verificação da continuidade dos registros anteriores, não podendo o 
oficial negar-se a proceder à alteração sob tal alegação. Em outros termos, mesmo 
que o nome do réu na ação de desapropriação não coincida com o do proprietário 
atual do bem segundo os documentos de registro, deve o oficial proceder à sua 
alteração. 
 
a) Os ônus e direitos que existiam em relação ao bem expropriado extinguem-se e 
ficam sub-rogados no preço (certa). 
Correto. É segunda conseqüência apontada acima do caráter originário da 
desapropriação. Extinguem-se todos os direitos e ônus reais que até então gravavam 
o bem e ocorre sua sub-rogação no valor da indenização. Por exemplo, se alguém 
tinha uma dívida de R$ R$ 20.000, 00 garantida por uma hipoteca sobre um imóvel 
e este for desapropriado, a garantia passa a incidir sobre o valor da indenização. 
 
 c) A prova de domínio deverá ser feita, pelo proprietário, apenas no momento de 
levantar a indenização (certa). 
 Outro efeito que decorre do fato de ser a desapropriação forma originária de 
aquisição da propriedade. A desapropriação incide sobre um bem, não sobre o seu 
atual proprietário. Logo, o processo em si mesmo, a transferência da propriedade, 
independe de se saber com certeza quem é o seu titular. A titularidade do domínio 
só importa para fins de pagamento da indenização, desse modo, é apenas neste 
instante que necessita ser comprovada. 
 
 e) Para propositura da ação judicial de desapropriação é essencial a identificação do 
proprietário do bem (errada). 
 A lógica aqui é a mesma das alternativas anteriores. O processo de desapropriação 
tem seu trâmite regular mesmo sem a identificação do titular da propriedade, 
informação que só tem relevância para fins de pagamento da indenização. 
 
 d) Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser 
objeto de reivindicação (certa). 
 A alternativa versa sobre o art. 35 do Decreto-Lei 3.365/41, a seguir transcrito: 
“Art. 35 – Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não 
podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de 
desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, converter-se-á em perdas e 
danos”. 
Ainda hoje se discute muito na doutrina a seguinte questão: se o Poder Público, após 
efetivada a transferência da propriedade, integrando-a ao seu domínio, não lhe der 
qualquer destinação pública, seja pelo não uso puro e simples do bem, seja pela sua 
transferência posterior a terceiros, para fins estritamente privados, haveria direito 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 17
para ex-proprietário reaver o bem desapropriado, reintegrando-o ao seu patrimônio, 
mediante devolução da indenização? 
Para alguns, na situação acima exposta, é conferido ao antigo proprietário o direito a 
readquirir o bem desapropriado. Outros, entretanto, acatam o mandamento do art. 
35, afirmando que, nesta situação, o único direito que assiste ao ex-proprietário é o 
de perdas e danos. 
Osprimeiros vislumbram a retrocessão como direito real (de readquirir o bem), os 
segundos como direito pessoal (de pleitear indenização). A ESAF, como visto, se filia 
à primeira orientação. 
 
Síntese do Comentário 
1) desapropriação é um procedimento por meio o qual o Estado ou quem lhe faça as 
vezes adquire compulsoriamente a propriedade de certo bem, móvel ou imóvel, 
material ou imaterial, pagando ao desapropriado uma justa indenização pela perda 
da propriedade; 
2) a desapropriação é forma originária de aquisição da propriedade, do que decorrem 
as seguintes conseqüências: 
- o procedimento pode ser instaurado sem que se saiba quem é o proprietário do 
bem, e não é prejudicado se eventualmente transcorrer contra alguém que na 
verdade não é o proprietário do mesmo. A comprovação da titularidade do domínio 
só é necessária no momento do levantamento da indenização; 
- os direitos e ônus reais que incidiam sobre o imóvel são extintos e se sub-rogam 
no valor da indenização. Já os direitos obrigacionais devem ser pleiteados em ação 
autônoma, diversa da ação de desapropriação; 
- mesmo que o nome do réu na ação de desapropriação seja diferente do nome do 
proprietário que consta no Registro de Imóveis deve o oficial proceder à alteração da 
titularidade do imóvel, registrando que o mesmo passa a integrar o domínio do Poder 
Público. 
3) a ESAF acata na íntegra as disposições do art. 35 do Decreto-lei 3.365/41 (“Os 
bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto 
de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. 
Qualquer ação, julgada procedente, converter-se-á em perdas e danos”). Deste 
modo, qualquer que seja a destinação dada ao bem, se ele estiver já incorporado ao 
patrimônio público resta ao ex-proprietário apenas pleitear perdas e danos. 
 
 
Questão 09 
(Procurador do Distrito Federal/2004) - Desapropriação indireta é: 
a) a expropriação efetuada pela União, para que o imóvel seja utilizado por Estado, 
Município ou pelo Distrito Federal. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 18
b) o ingresso da Administração na posse do imóvel, com pagamento de indenização 
provisória. 
c) aquela em que a indenização é feita mediante títulos da dívida pública. 
d) o esbulho praticado pelo Estado, sem justo título, para implantar no imóvel 
esbulhado um serviço público. 
e) a implantação, em imóvel particular de estradas ou condutores de eletricidade ou 
outras utilidades de consumo público. 
 
Gabarito: D. 
 
Comentários: 
 
A desapropriação indireta é o ato pelo qual o Estado, sem observar os 
requisitos do processo desapropriatório – a emissão do ato de declaratório ou o 
pagamento da justa indenização -, se apropria de um bem particular. 
Como bem definiu a alternativa correta, trata-se de um esbulho do Poder Público, 
uma conduta ilícita por meio da qual ele incorpora um bem ao seu domínio. 
Apesar do evidente caráter ilícito dessa conduta, o entendimento que devemos 
adotar para fins de prova da ESAF mais uma vez advém do art. 35 do Decreto-lei 
3.365/41: com a incorporação do bem ao patrimônio público não tem o particular 
direito à reintegração, restando-lhe apenas pleitear perdas e danos, os quais, no 
caso, correspondem ao valor da justa indenização pela perda de sua propriedade que 
deveria ter sido pago pelo Poder Público. 
Para fazer valer este direito o particular dispõe do prazo de cinco anos. Ultrapassado 
este período o particular não tem mais direito a buscar a reparação. 
 
Síntese do Comentário: 
1) desapropriação indireta é o ato ilícito pelo qual o Estado, sem observância dos 
requisitos da desapropriação, incorpora um bem particular ao seu domínio. 
2) uma vez efetivada a incorporação, não tem direito o particular de ser reintegrado 
na propriedade, cabendo-lhe apenas pleitear perdas e danos, para o que tem o prazo 
de 05 anos. 
 
 
Questão 10 
(Procurador de Fortaleza/2002) – Assinale a afirmativa falsa, tratando-se de 
tombamento de bem a favor do patrimônio histórico ou artístico. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 19
a) O tombamento de coisa pertencente à pessoa natural pode-se dar de modo 
voluntário. 
b) O tombamento de bem público municipal pode-se dar de ofício, por ato da 
autoridade superior do órgão do patrimônio histórico e artístico nacional. 
c) O direito de preferência favor do Poder Público não inibe o proprietário de gravar a 
coisa tombada de penhora ou hipoteca. 
d) O tombamento pode-se dar em virtude de excepcional valor arqueológico, 
bibliográfico ou artístico da coisa. 
e) As obras de origem estrangeira estão incluídas no patrimônio histórico e artístico 
nacional. 
 
Gabarito: E. 
 
Comentários: 
 
a) O tombamento de coisa pertencente à pessoa natural pode-se dar de modo 
voluntário (certa). 
Tombamento é forma de intervenção na propriedade, pública ou privada, que 
objetiva proteger o patrimônio histórico e artístico nacional, podendo incidir 
sobre bens móveis ou imóveis. 
O tombamento pode recair sobre bens públicos, quando então é denominado 
tombamento de ofício; ou sobre bens privados, quando então pode ser voluntário 
ou compulsório. 
O tombamento é voluntário quando é o próprio proprietário do bem que toma a 
iniciativa de solicitar a adoção da medida ao Poder Público ou, ainda, quando é o 
Poder Público que toma a iniciativa e o proprietário não se opõe a ela. 
Compulsório, a contrario sensu, é o tombamento feito contra a vontade do 
proprietário do bem atingido. 
 
b) O tombamento de bem público municipal pode-se dar de ofício, por ato da 
autoridade superior do órgão do patrimônio histórico e artístico nacional (certa). 
O tombamento de ofício é aquele que recai sobre bens públicos. Neste caso o 
procedimento é bastante simples: a autoridade competente simplesmente comunica 
ao órgão ou entidade administrativos de que o bem foi tombado. Além disso, em se 
tratando de bens imóveis, é necessário registrar o tombamento no Registro de 
Imóveis, para que a medida produza eficácia contra terceiros. 
 
c) O direito de preferência favor do Poder Público não inibe o proprietário de gravar a 
coisa tombada de penhora ou hipoteca (certa). 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 20
O tombamento implica inúmeras restrições para o proprietário do bem. Todavia, ele 
sempre representa uma restrição parcial ao exercício do direito de propriedade. Se 
a restrição for de tal monta que implicar a impossibilidade de utilização do bem não 
é o tombamento o instrumento a ser adotado. Nesse caso impõe-se a 
desapropriação do bem, com a devida indenização ao seu proprietário. 
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino apresentam uma síntese dos efeitos do 
tombamento, nos seguintes termos: 
 “a) é vedado ao proprietário, ou ao titular de eventual direito de uso, destruir, 
demolir ou mutilar o bem tombado; 
 b) o proprietário somente poderá reparar, pintar ou restaurar o bem após a devida 
autorização do Poder Público; 
 c) o proprietário deverá conservar o bem tombado para mantê-lo dentro de suas 
características culturais; para isso, se não dispuser de recursos para proceder a 
obras de conservação e restauração, deverá necessariamente comunicar o fato ao 
órgão que decretou o tombamento, o qual poderá mandar executá-las a suas 
expensas; 
 d) independentemente de solicitação do proprietário, pode o Poder Público, no caso 
de urgência, tomar a iniciativa de providenciar as obras de conservação; 
 e) no caso de alienação do bem tombado, o Poder Público tem direito de preferência; 
antes de alienar o bem tombado, deve o proprietário notificar a União, o Estado e o 
Município onde se situe, para exercerem, dentro de trinta dias, seu direito de 
preferência; caso não seja observado o direito de preferência, será nula aalienação, 
ficando autorizado o Poder Público a seqüestrar o bem e impor ao proprietário e ao 
adquirente multa de 20% (vinte por cento) do valor do contrato; 
 f) o tombamento do bem não impede o proprietário de gravá-lo por meio de penhor, 
anticrese ou hipoteca; 
 g) não há obrigatoriedade de o Poder Público indenizar o proprietário do imóvel no 
caso de tombamento.” 
Como bem esclarecem os autores, o proprietário do bem tombado não fica impedido 
de gravá-lo, mediante penhor, hipoteca ou anticrese, para garantir o pagamento de 
dívidas. Isto se deve ao fato de que, apesar de a medida implicar restrições e 
obrigações para o proprietário, ela incide sobre o bem. 
Logo, se vier a ser executada a garantia, em caso de inadimplemento da dívida, o 
novo proprietário sofrerá as mesmas restrições e estará sujeito às mesmas 
obrigações que o proprietário anterior, pois o bem permanece tombado. 
 
d) O tombamento pode-se dar em virtude de excepcional valor arqueológico, 
bibliográfico ou artístico da coisa (certa). 
O art. 1º do Decreto 25/1937 define patrimônio histórico e artístico nacional como “o 
conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país cuja conservação seja de 
interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 21
quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou 
artístico”. 
Logo, a alternativa contempla alguns dos motivos que podem justificar o 
tombamento de um bem. 
 
e) As obras de origem estrangeira estão incluídas no patrimônio histórico e artístico 
nacional (errada). 
As obras de origem estrangeiras não estão incluídas no patrimônio histórico e 
artístico nacional. 
Contudo, poderão vir a estar, se preencherem o conceito do art. 1º do Decreto 
25/37, transcrito na alternativa anterior, e não se enquadrarem em algum dos casos 
do art. 2º do mesmo diploma, que define os bens estrangeiros excluídos do 
patrimônio histórico e artístico nacional. 
Dispõe a norma: 
“Art. 2º. Excluem-se do patrimônio histórico e artístico nacional as obras de origem 
estrangeira: 
1) que pertençam às repartições diplomáticas ou consulares acreditadas no país; 
2) que adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas estrangeiras, que 
façam carreira no país; 
3) que se incluam entre os bens referidos no art. 10 do da Introdução do Código 
Civil, e que continuam sujeitos à lei do proprietário; 
4) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos e artísticos; 
5) que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais; 
6) que sejam importadas por empresas estrangeiras expressamente para adorno dos 
respectivos estabelecimentos. 
Genericamente falando, portanto, está incorreto afirmar que um bem estrangeiro 
está incluído ou excluído do patrimônio histórico e artístico nacional. Ele poderá estar 
nele incluído, desde que se enquadre no conceito do art. 1º do Dec. 25/37 e não 
corresponda a um dos bens relacionados no 2º do mesmo diploma. 
 
Síntese do Comentário: 
1) tombamento é um instrumento de intervenção na propriedade, pública ou 
privada, mediante o qual se objetivo proteger o patrimônio histórico e artístico 
nacional; 
2) o tombamento pode incidir sobre bens públicos, quando então é denominado 
tombamento de ofício; ou sobre bens privados, quando então pode ser voluntário 
(quando o particular solicita o tombamento ou não se opõe a ele) ou compulsório 
(quando o particular se opõe ao tombamento); 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 22
3) Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino trazem uma síntese dos principais efeitos do 
tombamento, quais sejam: 
 “a) é vedado ao proprietário, ou ao titular de eventual direito de uso, destruir, 
demolir ou mutilar o bem tombado; 
 b) o proprietário somente poderá reparar, pintar ou restaurar o bem após a devida 
autorização do Poder Público; 
 c) o proprietário deverá conservar o bem tombado para mantê-lo dentro de suas 
características culturais; para isso, se não dispuser de recursos para proceder a 
obras de conservação e restauração, deverá necessariamente comunicar o fato ao 
órgão que decretou o tombamento, o qual poderá mandar executá-las a suas 
expensas; 
 d) independentemente de solicitação do proprietário, pode o Poder Público, no caso 
de urgência, tomar a iniciativa de providenciar as obras de conservação; 
 e) no caso de alienação do bem tombado, o Poder Público tem direito de preferência; 
antes de alienar o bem tombado, deve o proprietário notificar a União, o Estado e o 
Município onde se situe, para exercerem, dentro de trinta dias, seu direito de 
preferência; caso não seja observado o direito de preferência, será nula a alienação, 
ficando autorizado o Poder Público a seqüestrar o bem e impor ao proprietário e ao 
adquirente multa de 20% (vinte por cento) do valor do contrato; 
 f) o tombamento do bem não impede o proprietário de gravá-lo por meio de penhor, 
anticrese ou hipoteca; 
 g) não há obrigatoriedade de o Poder Público indenizar o proprietário do imóvel no 
caso de tombamento.” 
4) segundo o art. 1º do Decreto 25/37 o patrimônio histórico e artístico nacional é “o 
conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país cuja conservação seja de 
interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, 
quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou 
artístico”; 
5) um bem estrangeiro pode fazer parte do patrimônio histórico e artístico nacional, 
quando se adequar ao seu conceito do art. 1º do Dec. 25/37 e não se enquadrar 
entre os bens listados no art.2º; 
6) segundo o art. 2º, estão excluídas do patrimônio histórico e artístico nacional as 
obras estrangeiras que: 
- pertençam às repartições diplomáticas ou consulares acreditadas no país; 
- adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas estrangeiras, que façam 
carreira no país; 
- se incluam entre os bens referidos no art. 10 do da Introdução do Código Civil, e 
que continuam sujeitos à lei do proprietário; 
- pertençam a casas de comércio de objetos históricos e artísticos; 
- sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais; 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 23
- sejam importadas por empresas estrangeiras expressamente para adorno dos 
respectivos estabelecimentos. 
 
 
Questão 11 
(AFC/2002) – O instituto jurídico de intervenção do Estado na propriedade privada, 
impositiva de ônus real de uso pela Administração, para assegurar a realização e 
conservação de obras e serviços públicos ou de utilidade pública, mediante 
indenização dos prejuízos efetivamente suportados pelo proprietário, é uma forma de 
a) desapropriação 
b) servidão administrativa 
c) limitação administrativa 
d) requisição administrativa 
e) ocupação temporária 
 
Gabarito: B. 
 
Comentários: 
 
A servidão administrativa é o direito real conferido ao Poder Público ou a seus 
delegados para se utilizarem de imóveis necessários para a realização de obras 
e a prestação de serviços público. Nas palavras de Bandeira de Mello, “servidão 
administrativa é o direito real que assujeita um bem a suportar uma utilidade 
pública, por força da qual ficam afetados parcialmente os poderes do proprietário 
quanto ao seu uso e gozo”. 
As servidões exigem prévio ato declaratório do poder público. Uma vez publicado o 
ato, elas são constituídas mediante contrato, quando há consenso entre a 
Administração e o administrado, ou por sentença judicial, quando inexistente o 
acordo. Em qualquer caso, o procedimento é encerrado com o registro da servidão 
no Registro de Imóveis competente, condição necessária para a produção de efeitos 
contra terceiros. 
A servidão é instrumento de caráter permanente, o que significa que, umavez 
constituída, só é desfeita quando não for mais necessária à construção da obra ou à 
prestação do serviço. 
A indenização não é elemento obrigatoriamente presente nas servidões, pois só é 
devida se a medida acarretar efetivos prejuízos para o proprietário do imóvel, caso 
em que deve ser paga de forma prévia, antes da constituição da servidão. 
Este é o instituto a que se refere o enunciado da questão. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 24
Mais três institutos nela citados merecem ser comentados: a limitação 
administrativa, a requisição administrativa e a ocupação temporária. 
A limitação administrativa, segundo Hely Lopes Meirelles, “é toda imposição 
geral, gratuita, unilateral e de ordem pública condicionadora do exercício de 
direitos e atividades particulares às exigências do bem-estar social”. 
Em um ponto a limitação administrativa se distancia de todas as demais modalidades 
de intervenção: seu caráter geral. A limitação nada mais é do que uma lei que 
estabelece restrições e obrigações para todos aqueles que quiserem exercer certa 
atividade ou gozar certo direito. Como tem caráter geral, não dá ensejo à 
indenização. Como exemplos podemos aqui citar a obrigação de os proprietários 
efetuarem a limpeza de seus terrenos e a proibição de construir prédio acima de 
determinado número de andares etc. 
A seguir, a questão fala em requisição administrativa, modalidade de intervenção 
mediante a qual a Administração, perante situação de perigo público imediato ou 
iminente, por ato unilateral e auto-executório se utiliza de bens móveis, 
imóveis e serviços de particulares. 
A Constituição disciplina a requisição no art. 5º, XXV: 
“XXV - No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver 
dano;” 
A requisição pode ser civil ou militar, conforme a finalidade com que seja utilizada, 
e dá direito à indenização, desde que resulte em prejuízo para o particular, 
como consta no texto constitucional. Entretanto, também com base na CF, ao 
contrário da servidão, na qual a indenização é prévia, na requisição o pagamento é 
devido, quando devido, apenas posteriormente, após o uso do bem ou do serviço, 
pois a situação de risco imediato ou iminente impossibilita que seja realizado 
previamente. 
Bandeira define assim o instituto: “Requisição é o ato pelo qual o Estado, em 
proveito de um interesse público, constitui alguém, de modo unilateral e auto-
executório, na obrigação de prestar-lhe um serviço ou ceder-lhe transitoriamente o 
uso de uma coisa in natura, obrigando-se a indenizar os prejuízos que tal medida 
efetivamente acarretar ao obrigado.” 
A utilização das dependências de um clube para acolher os desabrigados de uma 
enchente ou dos serviços de um hospital particular para socorrer os sobreviventes de 
um desmoronamento de terra são exemplos de requisição administrativa. 
A última figura citada na questão é a ocupação temporária, que pode ser definida 
como o instrumento de intervenção que permite ao Poder Público, gratuita ou 
onerosamente, se utilizar, por ato auto-executório, de imóveis de terceiros, 
quando necessários para a prestação de um serviço público ou para a realização de 
uma obra pública. Apesar de alguns autores defenderem sua utilização também com 
relação a bens móveis e serviços, prevalece o entendimento que ela abrange apenas 
bens imóveis. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 25
José dos Santos Carvalho Filho a define como “a forma de intervenção pela qual 
o Poder Público usa transitoriamente imóveis privados, como meio de apoio 
à execução de obras e serviços públicos”. A ocupação das dependências de um 
clube para campanhas de vacinação, em situação que não seja de iminente perigo 
público, é exemplo de utilização do instituto. 
A ocupação, ao contrário da servidão, tem natureza transitória, cessando com o 
encerramento da obra ou do serviço, ou da sua utilidade para qualquer deles. 
Também de forma diversa da servidão, a ocupação se concretiza por ato auto-
executório. No que tange à indenização, a regra para ambas, regra geral, é idêntica: 
só é devida a indenização no caso de efetivo prejuízo para o proprietário do imóvel. 
Dizemos que é a regra geral, pois em uma hipótese a indenização na ocupação é 
sempre devida: quando ela incide sobre terrenos não edificados vizinhos a uma obra 
pública realizada em um imóvel desapropriado. Isto se deve ao disposto no art. 36 
do Decreto-lei nº 3.365/41, que estabelece como absoluto o cabimento de 
indenização nesta hipótese. 
Segundo Cretella Júnior, nessa hipótese são pressupostos da ocupação: (a) 
realização de obras públicas; (b) necessidade de ocupação dos terrenos vizinhos ao 
local de realização das obras; (c) inexistência de edificação no terreno ocupado; (d) 
obrigatoriedade de indenização e (e) prestação de caução prévia, quando exigida 
pelos proprietários ou possuidores dos terrenos ocupados. 
 
Síntese do Comentário: 
1) quanto à servidão administrativa: 
 - tem natureza de direito real; 
- recai apenas sobre bem imóvel; 
- tem caráter de definitividade; 
- a indenização é prévia, mas condicionada (só é devida se houver prejuízo); 
 - não há auto-executoriedade (a servidão só se constitui mediante acordo ou 
sentença judicial). 
2) quanto à limitação administrativa: 
- é ato normativo, de caráter unilateral e geral; 
- tem caráter de permanência; 
- não dá direito à indenização. 
3) quanto à requisição administrativa: 
- é direito pessoal; 
 - seu pressuposto é o perigo público imediato ou iminente; 
 - incide sobre bens móveis, imóveis e serviços; 
 - é instrumento de natureza transitória; 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 26
 - a indenização é posterior e condicionada à efetiva ocorrência de dano. 
4) quanto à ocupação temporária: 
- é direito pessoal; 
- recai apenas sobre bens imóveis; 
- tem natureza transitória; 
- é constituída por ato auto-executório. 
- a indenização, se a ocupação é vinculada à desapropriação, nos termos antes 
expostos, é sempre devida; do contrário, só tem lugar se ocorrer efetivo prejuízo 
para o proprietário.

Outros materiais