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Síntese do Durkheim

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Introdução
A divisão do trabalho vem desde a antiguidade e vários pensadores perceberam a sua importância, mas foi primeiro teorizada por Adam Smith, quem criou esse termo para tal.
Era comum que no passado os cientistas tivessem muitas designações por estarem envolvidos em várias áreas diferentes e se tornava difícil explicitar o que eles tinham de notável. No século XIX essa dificuldade já não existe mais (se torna muito rara). O cientista já não cultiva mais ciências diferentes, como sequer abarca todo o conjunto de uma disciplina inteira. Seu círculo de pesquisa se restringe a determinados problemas, até mesmo únicos. Ao mesmo tempo, enquanto essa função era associada a alguma mais lucrativa, agora torna-se cada vez mais suficiente.
A lei de divisão do trabalho pode se aplicar tanto aos organismos, quanto as sociedades. Pode-se dizer que um organismo ocupa uma posição mais elevada na escala animal quanto mais as suas funções forem especializadas. Esta descoberta estende o campo de ação da divisão do trabalho e recua suas origens até um passado infinitamente remoto, ela deixa de ser uma instituição social que tem sua origem na inteligência e vontade dos homens e se torna um fenômeno da biologia, a qual arrasta as sociedades no mesmo sentido.
Esse fato afeta nossa constituição moral pois o desenvolvimento do homem se dará em dois sentidos diferentes, conforme nos entreguemos a esse movimento ou resistamos a ele. Então, coloca-se uma questão premente: dessas duas direções, qual devemos desejar? Será nosso dever procurar tornar-nos um ser acabado e completo, um todo autossuficiente, ou, ao contrário, não ser mais que a parte de um todo, o órgão de um organismo? A divisão do trabalho, ao mesmo tempo que é lei da natureza também é uma regra moral de conduta humana? E, se tem esse caráter, por quais motivos e em que medida? Não é necessário demonstrar a gravidade desse problema prático; porque qualquer que seja nosso juízo sobre a divisão do trabalho, todo o mundo sente bem que ela é e se torna cada vez mais uma das bases fundamentais da ordem social.
Sem dúvida, a opinião se inclina cada vez mais a aceita a divisão do trabalho como uma regra imperativa de conduta, a impô-la como um dever. Os que a ela se furtam não são punidos, mas são criticados.
Mas, em relação a esses fatos, podemos citar outros que os contradizem. Se a opinião pública sanciona a regra de divisão do trabalho, não o faz sem temer que os homens se especializem demais. Diz Tocqueville “ À medida que o princípio da divisão do trabalho recebe uma aplicação mais completa, a arte progride, o artesão retrocede”. Há a crítica que o trabalhador perde a sua identidade por não mais participar do processo de produção como um todo.
A função da Divisão do Trabalho – Método para determinar essa função
	
A palavra função é empregada de duas maneiras bastante diferentes. Ora designa um sistema de movimentos vitais, fazendo-se abstração das suas consequências, ora exprime a relação de correspondência que existe entre esses movimentos e algumas necessidades do organismo (respiração, digestão, etc....). Perguntar-se qual é a função da divisão do trabalho é, portanto, procurar a que necessidade ela corresponde; quando tivermos resolvido essa questão, poderemos ver se essa necessidade é da mesma natureza que aquelas a que correspondem outras regras de conduta cujo caráter. 
Nada, à primeira vista, parece tão fácil como determinar o papel da divisão do trabalho. Acaso seus esforços não são conhecidos de todos? Por aumentar ao mesmo tempo a força produtiva e a habilidade do trabalhador, ela é condição necessária do desenvolvimento intelectual e material das sociedades; é a fonte da civilização. Por outro lado, como se presta de bom grado à civilização um valor absoluto, sequer se pensa em procurar outra função para a divisão do trabalho. 
Foi por não se ter geralmente atribuído à divisão do trabalho outra função que as teorias propostas, são a tal ponto inconsistentes. Se ela não cumpre outro papel, ela não só tem não tem caráter moral, como não se percebe que razão possa ter. Portanto, se não correspondesse a outras necessidades além das propostas, ela não teria outra função além da de atenuar os efeitos que ela mesma produz, de pensar os ferimentos que faz. Nessas condições, poderia ser necessário suportá-la, mas não haveria motivo algum para querê-la, pois os serviços que ela prestaria se reduziriam a reparar as perdas que causa.
Todo mundo sabe que gostamos de quem se parece conosco, mas frequentemente nos sentimos atraídos por pessoas que não se parecem conosco. Esses fatos são tão contraditórios que os moralistas sempre hesitaram sobre a verdadeira natureza da amizade. Fato é que graças a essas diferenças trabalhando em conjunto, tendem a se completar. Somos levados, assim, a considerar a divisão do trabalho sob um novo aspecto: ela é capaz de criar um sentimento de solidariedade sem a qual as sociedades não seriam possíveis e esse seria seu mais notável efeito. Ela traduz que dois seres dependam mutuamente um do outro, por serem ambos incompletos.
Comte, viu na divisão do trabalho algo mais do que um fenômeno social. Viu nela “a condição mais essencial da vida social”.
Por fim, ela não serviria apesar para dotar nossas sociedades de um luxo invejável, talvez, mas supérfluo; ela seria a condição de sua existência. Por ela, seria garantia sua coesão; ela que determinaria as características essenciais da sua constituição.

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