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Snowdon e Vane_Traducao livre_Revisada

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1 
 
The new Classical School1 
Modern macroeconomics – Brian Snowdon e Howard R.Vane (2005)2 
 
5. A escola Novo Clássica 
 
5.3 A estrutura dos Modelos Novos Clássicos 
 
A escola novo-clássica surgiu como um grupo distinto, durante a década de 1970 e, como já observado, a 
figura-chave neste desenvolvimento foi Robert E. Lucas Jr. No entanto, as raízes da pesquisa tradicional 
novo-clássica são diversas. Por exemplo, a ênfase no início dos modelos novo clássicos de informação e 
expectativas fornecem um link para a tradição austríaca melhor representada pelo trabalho de Hayek (ver 
Capítulo 9). A distinção feita por Lucas entre os impulsos (choques) e mecanismos de propagação ao 
analisar ciclos de negócios tem suas origens na pesquisa pioneira de Frisch (1933). O importante papel 
atribuído aos distúrbios monetários na geração de instabilidade global está solidificado na tradição clássica e 
monetarista friedmaniana, na verdade, Tobin (1981) refere-se ao início das contribuições novo-clássicas 
como "monetarismo tipo II”. O trabalho de Phelps et al. (1970) em Microfundamentos do Emprego e da 
Teoria inflacionária inspirou Lucas a utilizar os conhecimentos adquiridos na utilização de Phelps da 
"parábola da ilha de Phelps" e para buscar uma teoria para analisar a dinâmica do mercado de 
trabalho. Finalmente, a abordagem metodológica de Lucas é fortemente influenciada pela tradição de 
equilíbrio geral de Walras, Hicks, Arrow e Debreu (ver Zijp, 1993; Beaud e Dostaler, 1997). 
 
 A abordagem novo-clássica que evoluiu no início de 1970 apresentou várias características importantes: 
 
1. uma forte ênfase na teorização macroeconômica a partir da necessidade de microfundamentos 
para a escolha ótima dos agentes com instrumental de equilíbrio geral walrasiano; 
2. a adoção do pressuposto neoclássico de que todos os agentes econômicos são racionais, ou seja, 
os agentes são contínuos otimizadores sujeitos às restrições que enfrentam, as empresas maximizam 
lucros e trabalhadores e famílias maximizam utilidade; 
3. agentes não sofrem de ilusão monetária e, portanto, somente magnitudes reais (mudanças nos 
preços relativos) importam nas decisões de otimização; 
4. Completa e contínua flexibilidade de salários e de preços na qual os mercados continuamente se 
equilibram ao esgotar mutuamente todos os ganhos dos agentes beneficiados pelo comércio, não 
deixando de explorar nenhuma oportunidade lucrativa – hipótese de Market clear. 
 
Tendo em conta estes pressupostos, mudanças na quantidade de moeda serão neutras e magnitudes reais 
serão independentes de magnitudes nominais. No entanto, evidências empíricas mostram que existem 
correlações positivas (pelo menos no curto prazo) entre o PIB e o nível de preços nominais (uma inclinação 
ascendente da curva de oferta agregada), correlação entre as mudanças na oferta de moeda nominal e o PIB 
real, e correlação negativa entre inflação e desemprego (a Curva de Phillips), isto é, empiricamente, a moeda 
parece não ser neutra no curto prazo. Resolver esse quebra-cabeça entre a neutralidade da moeda prevista 
pelas teorias clássica / neoclássica e as evidências empíricas, as quais mostram a não neutralidades seria uma 
conquista intelectual notável (Zijp de 1993, refere-se a isso como o "problema de Lucas”). O trabalho 
seminal de Lucas (1972a), "Expectativas e Neutralidade da moeda ", foi como uma conquista. A principal 
alteração de Lucas consistiu na mudança do pressuposto clássico de que os agentes econômicos têm 
informação perfeita para a suposição de que os agentes têm informação imperfeita3. 
 
Podemos resumir os principais elementos da abordagem novo-clássica aos princípios macroeconômicos, 
 
1 Tradução de Fernanda Rangel. 
2 Revisão Técnica: Maria Isabel Busato. 
3 N.d.r. Lembrando que a crítica feito por Lucas ao monetarismo e especificamente ao Milton Friedman diz respeito à forma como 
o monetarismo sugere que os agentes racionais formulam suas expectativas, qual seja, expectativas adaptativas. Para novos 
clássicos a HER (hipótese das expectativas racionais) é a única congruente com o pressuposto da racionalidade. Logo, os agentes 
podem errar se forem surpreendidos, caso contrário, a HER supõe que na média os agentes acertam suas expectativas. 
2 
 
como a aceitação conjunta das três principais sub-hipóteses que envolvem (I) a hipótese das expectativas 
racionais, (ii) o pressuposto de contínuo market clear (todos os mercados se equilibram em todo o momento 
via preços completamente flexíveis), e (iii) a hipótese da curva de oferta agregada de Lucas (na qual a 
'surpresa' tem papel primordial). Na discussão individual dessas hipóteses, o leitor deve ter em mente que, 
apesar de todos os novos clássicos aceitarem essas três hipóteses (ver Figura 5.1), é possível que 
economistas de diferentes linhas de pensamento apoiem a hipótese das expectativas racionais, sem 
necessariamente aceitar todos os três pressupostos juntos4 (ver Capítulo 7). 
 
5.3.1 A hipótese das expectativas racionais 
Um dos princípios centrais determinantes da nova macroeconomia clássica é a hipótese das expectativas 
racionais (REH) associado com o trabalho de John Muth (1961), inicialmente no âmbito da 
microeconomia. É, no entanto, interessante notar que Keuzenkamp (1991) sugeriu que Tinbergen foi um 
precursor de Muth, tendo apresentado um modelo de expectativas racionais quase 30 anos antes. Também 
devemos notar que foi Alan Walters (1971) quem primeiro aplicou a ideia do que ele chamou de 
"expectativas consistentes" para a macroeconomia. No entanto, foi o papel seminal de John Muth (1961) que 
provou ser mais influente sobre a pesquisa dos jovens novos clássicos turcos durante o início 1970. Em seu 
artigo seminal, Muth sugeriu “que as expectativas, uma vez que previsões são formadas sobre os eventos 
futuros são essencialmente o mesmo que o previsões da teoria econômica relevante”. 
 Expectativas, as quais são subjetivas, são fundamentais para o comportamento de agentes econômicos e 
todas as atividades econômicas têm uma dimensão informacional/expectacional. Por exemplo, as 
expectativas sobre o valor futuro das variáveis econômicas irão claramente influenciar as decisões de 
demanda e oferta. Como Carter e Maddock (1984) notam, "uma vez que praticamente todas as decisões 
econômicas envolvem a tomada de medidas agora visando recompensas incertas no futuro, as expectativas 
do futuro são cruciais na tomada de decisão". Um exemplo óbvio em que as expectativas de inflação iram 
influenciar o comportamento concernente às negociações salariais entre sindicatos e empregadores. Se um 
negociador sindical subestima a taxa de inflação durante o período do contrato salarial negociado, os 
trabalhadores provavelmente irão perceber que sofreram um aumento dos salários nominais, mas um corte 
no salário real. 
Uma expectativa do valor futuro de algumas variáveis econômicas fundamentais não precisam ser 
confinadas /restritas a um único valor previsto, mas podem tomar a forma mais realista de uma distribuição 
de probabilidades dos resultados. Portanto, existem duas questões principais que os macroeconomistas 
enfrentam em relação à incorporação das expectativas em modelos macroeconômicos: 
1. Como os indivíduos adquirirem, processam e utilizam as informações a fim de formar as expectativas das 
variáveis fundamentais? 
2. Qual a forma da hipótese de expectativas que devemos usar em modelos macroeconômicos? 
Durante a década de 1970, a hipótese das expectativas racionais substituiu a hipótese de expectativas 
adaptativas como a forma dominante entre os modelos expactacionais endógenos (em sua Teoria 
Geral, publicada em 1936, Keynes tinha sublinhado aimportância da confiança para a compreensão de 
instabilidade macroeconômica, mas na teoria de Keynes as expectativas eram exógenas, sendo impulsionada 
pelo “espírito animal", ver o capítulo 8 e Keynes, 1937). Um grande atrativo da hipótese das expectativas 
racionais é que a hipótese alternativa de expectativas (não-racionais - adaptativas) envolve erros 
sistemáticos, o que não pactua com os cálculos de agentes racionais que são vastamente usados nos modelos 
ortodoxos neoclássicos. 
 
4 N.t.r.: como é o caso dos novos keynesianos. 
3 
 
A hipótese das expectativas racionais tem sido apresentada na literatura sob diferentes formas e versões (ver 
Redman, 1992). De início é importante observar a distinção entre a versão fraca e forte da hipótese. A 
principal idéia por trás da versão fraca da hipótese é que, na formação de previsões ou expectativas sobre o 
futuro valor de uma variável, agentes econômicos racionais utilizarão da melhor (mais eficiente) forma todas 
as informações públicas disponíveis sobre os fatores que eles acreditam que seja capaz de determinar a 
variável. Em outras palavras, se assume que as expectativas são formadas "racionalmente" conforme o 
comportamento de maximização de utilidade por parte dos agentes econômicos individuais. Por exemplo, se 
os agentes econômicos acreditam que a taxa de inflação é determinada pela taxa de expansão monetária, 
então farão o melhor uso de todas as informações públicas disponíveis sobre as taxas de expansão da oferta 
monetária na formação de suas expectativas de taxas futuras de inflação. A versão forte da hipótese das 
expectativas racionais é capturada na citação acima tirada do artigo Muth (1961) e é a versão Muthiana que 
foi retomada por expoentes da escola novo clássica e incorporada nos seus modelos macroeconômicos. Na 
'versão' forte, as expectativas subjetivas dos agentes sobre as variáveis econômicas coincidirá com a 
verdadeira ou com as expectativas objetivas matemática condicional dessas variáveis. Usando o exemplo das 
expectativas de inflação dos agentes econômicos ( .
e
tP
), a hipótese das expectativas racionais pode ser 
expressa algebricamente da seguinte forma: 
)( 1
..
 tt
e
t PEP
 (5.1) 
onde .
tP
é a taxa de inflação vigente; 
)( 1
.
 tPE
 é a expectativa racional da taxa de inflação a partir das 
informações disponíveis no período anterior (Ω t -1). É importante ressaltar que ao utilizar as expectativas 
racionais não significa que os agentes possam prever o futuro com exatidão5. Expectativas racionais não é o 
mesmo que previsão perfeita. A fim de formar uma expectativa racional de inflação, os agentes terão de 
levar em conta o que eles acreditam ser o 'Correto' modelo macroeconômico da economia para determinar 
aquela variável. Agentes cometerão erros de previsões, desde que as informações disponíveis estejam 
incompletas. Na verdade, este é um elemento essencial do modelo monetário de surpresa de Lucas - ver 
secções 5.3.3 e 5.5.1. No entanto, erros de previsão estarão não relacionados com as informações definidas 
no momento da formação da expectativa (por exemplo a inflação). Com expectativas racionais, as 
expectativas dos agentes sobre as variáveis econômicas, em média, estarão corretas, ou seja, as expectativas 
serão, na média, igual ao verdadeiro valor da variável prevista. Além disso, a HER implica que os agentes 
não irão cometer erros sistemáticos e não formarão expectativas que estejam sistematicamente erradas 
(viesadas) ao longo do tempo. Se as expectativas fossem sistematicamente erradas, os agentes, com certeza, 
iriam aprender com seus erros e mudar a maneira de formar suas expectativas, eliminando erros 
sistemáticos. Mais formalmente, a forte versão da hipótese das expectativas racionais implica que: 
.
..
tt
e
t PP  
 (5.2) 
onde e
tP
. =Taxa esperada de inflação de t para t + 1; 
tP
. = taxa de inflação vigente de t para t + 1, e εt = 
termo de erro aleatório, que (i) tem média zero, e (ii) é não correlacionado com as informações disponíveis 
no momento em que as expectativas são formadas, caso contrário, os agentes econômicos não estariam 
explorando, por completo, todas as informações disponíveis. Em resumo, os erros de previsão da formação 
de expectativas racionais: (i) serão essencialmente aleatórios, com média zero, (ii) não estarão relacionado 
com os ocorridos em períodos anteriores, tendo nenhum padrão, ou seja, eles não serão serialmente 
correlacionados ao longo do tempo, e (iii) terão a menor variância em comparação com qualquer outro 
 
5 N.d.r. (nota do revisor): Vale ressaltar que expectativas racionais não implicam em previsão perfeita. Na verdade, se os agentes 
são surpreendidos, mesmo utilizando HER eles errarão suas previsões e a oferta e demanda serão diferentes daquelas que 
ocorreria casos os agentes tivessem acertado suas previsões. Os erros podem decorrer tanto de restrições informacionais, como de 
surpresas; mas o importante é que não há erros sistemáticos ou serialmente correlacionados. Na média os agentes acertam suas 
expectativas. 
4 
 
método de previsão. Em outras palavras, a formação de expectativas racionais é o mais preciso e eficiente 
modelo de formação de expectativas. 
A hipótese das expectativas racionais contrasta com a hipótese das expectativas adaptativas inicialmente 
utilizada pelos monetaristas ortodoxos em sua explicação das expectativas da curva de Phillips 
aceleracionista (ver Capítulo 4, secção 4). Na hipótese de expectativas adaptativas, os agentes econômicos 
baseiam suas expectativas de futuro valores de uma variável (como a inflação), apenas em valores passados 
da variável em causa. Um dos principais problemas com esta abordagem backward-looking6 para formação 
de expectativas é que, até que a variável seja prevista ela é estável por um período de tempo considerável, as 
expectativas formadas serão sistematicamente erradas. Por exemplo, após a discussão do capítulo 4, seção 
4.3.2, sobre a hipótese aceleracionista, se o desemprego é mantido abaixo da taxa natural, a inflação vai 
acelerar e as expectativas de inflação serão viesadas de modo a ser subestimada. Este problema resulta de (i) 
o pressuposto de que os agentes econômicos apenas ajustam parcialmente suas expectativas como uma 
fração do último erro feito, (ii) a falha dos agentes consiste em não considerar as informações adicionais 
disponíveis a eles, além dos valores passados da variável em questão, mesmo errando repetidamente. Em 
contraste, na abordagem forward-looking das expectativas racionais baseiam-se na utilização de todas as 
informações publicamente disponíveis, versão forte da hipótese implica que os agentes econômicos não 
formarão expectativas que sejam sistematicamente erradas ao longo do tempo; isto é, tais expectativas serão 
não-viesadas. 
Uma série de críticas foram levantadas contra a hipótese das expectativas racionais e agora consideramos as 
três mais comuns. A primeira dessas diz respeito aos custos (em, esforço, tempo e dinheiro) de aquisição e 
processamento de todas as informações publicamente disponíveis, a fim de prever o valor futuro de um 
variáveis, como inflação. É importante notar que a versão mais fraca do hipótese não requer, como alguns 
críticos têm sugerido, que os agentes econômicos utilizem de fato “todas” as informações publicamente 
disponíveis. Dados os custos envolvidos na aquisição e processamento de informações, é improvável que os 
agentes sempre usariam todas as informações disponíveis publicamente. O que os defensores da versão fraca 
da hipótese sugerem que agentes econômicos racionais têm um incentivo para fazero "melhor" uso de todas 
as informações publicamente disponíveis na formação de suas expectativas. Em outras palavras, os agentes 
terão um incentivo para uso da informação até o ponto onde o benefício marginal (em termos de melhorar a 
precisão da previsão da variável) é igual ao custo marginal (em termos de aquisição e processamento de 
todas as informações disponíveis publicamente). Neste caso, as expectativas seriam menos eficientes do que 
seria se todas as informações disponíveis fossem utilizadas. Além disso, a versão fraca da hipótese não 
requer, como alguns críticos têm sugerido, que todos os agentes individuais adquiriram e processem as 
informações direta e pessoalmente. Os agentes econômicos podem derivar informações indiretamente, por 
exemplo, as previsões publicadas e comentários da imprensa. Dado que as previsões diferem 
freqüentemente, o problema que surge é de discernir qual é a 'visão' correta. 
A mais séria objeção diz respeito ao problema de como os agentes realmente adquirem conhecimentos sobre 
o “correto” modelo da economia, dado que os economistas se mostram discordar sobre este assunto. A 
questão é, se os agentes individuais que operam em mercados descentralizados serão capazes de "aprender" 
o verdadeiro modelo da economia, essa objeção tem sido abordada em diversos debates (ver, por exemplo, 
Friedman e Phelps, 1983; Evans e Honkapohja, , 1999). Com relação a esta crítica, em particular, é 
importante notar que a versão forte da hipótese não exige que os agentes econômicos conheçam realmente o 
modelo correto da economia. Na verdade a hipótese implica que os agentes racionais não criam 
expectativas que são sistematicamente erradas ao longo do tempo. Em outras palavras, sugere-se que as 
expectativas, se assemelham àquelas formadas "como se" os agentes soubessem o modelo correto, no 
tamanho em que ele será não-viesado e distribuídos aleatoriamente ao longo do tempo. Críticos da hipótese 
não são convencido por argumentos como esses e sugerem que, devido a problemas como os custos de 
aquisição e processamento de todas as informações disponíveis, e a incerteza sobre qual é o modelo correto, 
 
6 N.d.R é uma terminologia que indica olhando somente para o passado, mas que em sua essência se refere ás expectativas 
baseadas unicamente em ‘fatos’ ou observações passadas. 
5 
 
é possível que os agentes formem expectativas que sejam sistematicamente erradas. Há alguma evidências 
de que os agentes cometem erros sistemáticos nas expectativas (ver, por exemplo, Lovell, 1986). 
A terceira crítica importante é associada em particular com a escola pós-keynesiana, e se refere aos 
problemas de formação de expectativas em um mundo fundamentalmente incerto. Para os fundamentalistas 
keynesianos, uma grande conquista de Keynes foi a de colocar o problema da incerteza no centro do palco 
da macroeconomia. Na visão pós-keynesiana, o mundo é não-ergódico, isto é, cada evento histórico é único 
e não repetitivo. Em tais situações, as regras da probabilidade não se aplicam. Estamos em um mundo de 
mudanças ‘kaleidic’ e de descontinuidades fundamentais (Shackle, 1974). Assim, pós-keynesianos 
argumentam que é importante acompanhar os dois, Keynes (1921) e Knight (1933) e distinguir entre as 
situações que envolvem risco das que envolvem incerteza. Em situações de risco a distribuição de 
probabilidade é conhecida. Em contraste, em situações de incerteza não há possibilidade de formular 
qualquer distribuição probabilidade significativa. Como a hipótese de expectativas racionais assume que os 
agentes econômicos possam formular as distribuições de probabilidade dos resultados de várias mudanças 
econômicas e situações, que pertence ao mundo de risco. Em modelos novo-clássicos o problema da 
incerteza fundamental é ignorado desde que Lucas (1977) interpretou os ciclos de negócios como instâncias 
repetidas de eventos essencialmente similares. Assim, no mundo ergódico de Lucas, significativas 
distribuições de probabilidade dos resultados pode ser aferido pela inteligência e racionalidade dos agentes 
econômicos. Infelizmente, de acordo com os pós-keynesianos, o mundo real é caracterizada pela incerteza 
fundamental e isto significa que as conclusões baseadas em modelos usando a hipótese de expectativas 
racionais são inúteis. Da mesma forma, a escola austríaca também é muito crítica à hipótese das expectativas 
racionais (ver Snowdon et al. 1994, e nos capítulos 8 e 9). 
As diversas influências sobre as expectativas têm sido recentemente investigados pelo Banco da Inglaterra 
(2003). A comunicação dos resultados de uma recente pesquisa de atitudes sobre inflação o Banco de 
Inglaterra encontrou resultados interessantes, que são: 
1. ao desagregar os dados, revela-se que pessoas e grupos diferentes têm diferentes atitudes em relação à 
inflação; 
2. as expectativas dos clusters "profissionais" ficam em torno da expectativa média; 
3. entrevistados mais jovens têm menor expectativa de inflação do que entrevistados mais velhos; 
4. detentores de hipotecas têm expectativas de inflação menor do que os entrevistados que alugam casas; 
5. pessoas no sul da Grã-Bretanha têm expectativas de inflação mais elevadas do que aqueles que vivem no 
norte, e 
6. experiência de vida sobre inflação influencia as expectativas de inflação. 
Assim, as expectativas de inflação são influenciados pela idade, localização geográfica, educação e 
ocupação, e estado da habitação. É evidente que os velhos o suficiente para ter vivido a "Grande Inflação" 
da década de 1970 não foram integralmente capaz de remover essa experiência a partir de seu julgamento. 
Não obstante estas críticas, durante a década de 1970 houve, indubitavelmente, uma "revolução das 
expectativas racionais" na macroeconomia (Taylor, 1989; Hoover, 1992). No entanto, deve notar-se que a 
idéia de Muth não foi imediatamente retomada pelos macroeconomistas, talvez porque durante os anos 1960 
os modelos keynesianos ortodoxos foram "o único jogo na cidade"7. Demorou quase 10 anos antes que 
Lucas, Sargent e outros líderes novo-clássicos começassem a incorporar a hipótese em seus modelos 
macroeconômicos. 
 
7 N.d.r. Essa frase é utilizada de forma recorrente para se referir ao longo período em que o Keynesianismo fora o mainstream da 
macroeconomia nas academias e na adoção prática das políticas econômicas. 
6 
 
As provas desta defasagem podem ser adquiridas a partir de contagens de citações dos trabalhos de Muth 
(1961). Em uma interessante comparação da influência relativa do artigo de Muth com o famoso livro de 
Axel Leijonhufvud (1968), A Economia keynesiana e a Economia de Keynes (ver Capítulo 2), Backhouse 
(1995) mostrou que, durante a década de 1970 e 1980 citações de artigo de Muth explodiu enquanto as 
citações do livro de Leijonhufvud declinou, assim como o interesse na economia keynesiana diminuiu (ver 
Snowdon, 2004a). Enquanto o livro de Leijonhufvud teve um impacto imediato, mas falhou em conseguir 
transformar a macroeconomia na direção de falhas de coordenação sublinhou Leijonhufvud, em contraste, é 
o artigo de Muth teve um início lento, mas finalmente teve um papel fundamental na transformação 
macroeconomia (ver Leijonhufvud, 1992, 1993, 1998a, 1998b sobre a necessidade da macroeconomia 
reconsiderar, dentre muitas outras coisas, a questão da coordenação na macroeconomia). 
Um último comentário se faz necessário. O uso da palavra ‘racional’ na apresentação de hipóteses provou 
ser uma importante arma retórica na batalha para ganhar as mentes dos macroeconomistas durante a década 
de 1970. Como Barro (1984) assinalou: 
‘Uma das características mais inteligentes da revoluçãodas expectativas 
racionais era a aplicação do termo "racional". Dessa forma, os adversários 
desta abordagem foram postos em uma posição defensiva de ambos serem 
irracionais ou de criarem modelos irracionais, nenhuma delas é uma 
posição confortável para um economista’ 
 Para uma discussão mais detalhada da hipótese das expectativas racionais e sua aplicação em 
macroeconomia, aconselha-se ler Begg (1982); Carter e Maddock (1984), Shaw (1984); Attfield et 
al. (1985); Redman (1992); Sheffrin (1996), e Minford (1997). Sobre o uso da retórica na economia novo-
clássica, ver Backhouse (1997a). 
5.3.2 Continuous market clearing 
Um segundo pressuposto fundamental nos modelos novo-clássicos é que todos os mercados da economia 
estão continuamente em equilíbrio, em consonância com a tradição walrasiana. Em cada ponto do tempo, 
todos os resultados observados são vistos como equilíbrio de mercado “market-clearing”, e são o resultado 
ótimos da da demanda e da oferta pelos agentes como reação às suas percepções sobre os preços. Como 
resultado, a economia é vista como sendo uma estado contínuo de equilíbrio (de curto e longo prazos). Os 
modelos novo-clássicos são referidos muitas vezes como modelos de "equilíbrio", onde o equilíbrio é 
interpretado para significar que todos os agentes econômicos numa economia de mercado fazem escolhas 
que otimizem os seus objetivos em função das limitações que eles enfrentam. 
Nos modelos de market-clearing os agentes econômicos (trabalhadores, consumidores e empresas) são de 
price-takers (tomadores de preços), isto é, eles tomam o preço de mercado como dado e não têm poder de 
mercado que poderiam ser usados para influenciar o preço. As empresas estão operando dentro de uma 
estrutura de mercado conhecida como "concorrência perfeita". Nessa estrutura de mercado as empresas só 
decidem sobre o seu ponto ótimo (que maximiza o lucro) de produto (onde a receita marginal = custo 
marginal), dado o preço determinado pelo mercado. Na ausência de externalidades do equilíbrio 
competitivo, os preços de mercado são determinados pelas forças de oferta e demanda, é condição de ótimo 
de Pareto que conduz à maximização do excedente total (a soma dos excedentes dos produtores e dos 
consumidor). Na Figura 5.2 (a), podemos ver que o equilíbrio do mercado de competição perfeita (P *, Q *) 
maximiza o excedente total dos consumidores e dos produtores (igual à área aC), enquanto um mercado não 
competitivo preços(produto), como a P 1 (Q1) e P 2 (Q 2), indicado na Figura 5.2 (b), resultam em um perda 
de bem-estar indicado pela FEI áreas e GEH, respectivamente (ver Dixon, 1997). 
Na Figura 5.2 (a) todos os ganhos mútuos de comércio foram esgotados por agentes econômicos e não há 
"nenhum notas de dólar deixado na calçada" (ver Barro, 1979). É importante notar que a posição das curvas 
7 
 
de oferta e procura, consequentemente, os preços e a produção de equilíbrio do mercado de competitivo, 
será influenciada pelas expectativas dos agentes econômicos. Desde que sejam racionalmente formadas 
Figura 5.2 As implicações de bem-estar de equilíbrio em um mercado competitivo 
GRÁFICO DE EXCEDENTE E VARIAÇÃO DE EXCEDENTE P.250 
expectativas podem vir a estar errada devido a informações incompletas, isso significa que, pelo menos até 
que os agentes adquirem informações precisas mais, o equilíbrio no mercado competitivo irá diferir de um 
equilíbrio onde se tem toda as informações. No entanto, uma vez que os agentes estão fazendo o melhor que 
pode com as informações adquiridas, eles são vistos em um estado de equilíbrio em todos os momentos, 
como ilustrado abaixo. 
RACIONALIDADE ⇒ OTIMIZAÇÃO ⇒ EQUILÍBRIO 
O pressuposto de continuous market clearing (equilíbrio contínuo via preços flexíveis) dos mercados 
competitivos é o mais críticado e polêmico pressuposto subjacente à análise novo-clássica e é altamente 
controverso, uma vez que implica que os preços são livres para ajustar-se instantaneamente em mercados 
livres (consulte Tobin, 1993, 1996). A hipótese está em forte contraste com a abordagem adotada em ambos 
os modelos keynesianos ortodoxos e monetaristas. Como já discutido nos dois capítulos anteriores, os 
keynesianos ortodoxos e monetaristas discordam sobre o tempo que leva para que o mercado se 
equilibre. Modelos keynesianos incorporam o pressuposto de que os mercados podem deixar de se equilibrar 
por causa do lento ajuste de preços, de modo que a economia é vista como sendo um possível estado de 
desequilíbrio contínuo. Em contraste, modelos ortodoxos monetaristas incorporam o pressuposto de que os 
preços se ajustam mais rapidamente ao equilíbrio de mercados e, embora admitindo que a economia pode 
estar em desequilíbrio no curto prazo, monetaristas assumem que a economia voltará automaticamente para 
um estado de equilíbrio macroeconômico no longo prazo à taxa natural de produto e do emprego. 
A hipótese de continuous market clearing é muito mais controversa que a hipótese das expectativas 
racionais. Como veremos no capítulo 7, novos-Keynesianos apresentaram uma série de argumentos para 
explicar por que preços e salários terão lento ajustamento para equilibrar os mercados diante de um 
distúrbio. Sérias objeções podem ser levantadas quanto à realidade da suposição novo-clássica, 
especialmente no que diz respeito ao mercado de trabalho, onde os novo-clássicos sustentam que qualquer 
pessoa que pretenda trabalhar pode encontrar emprego se estiverem dispostos a trabalhador ao salário de 
equilíbrio vigente no mercado de trabalho, isto é, a abordagem novo-clássica de equilíbrio trata o 
desemprego como um fenômeno totalmente voluntário (Lucas, 1978a). Entretanto, dada as considerações da 
dos salários-eficiência (ver Capítulo 7) pode-se argumentar que é rentável e racional para uma empresa a 
pagar um salário-eficiência acima do salário de equilíbrio. Em tal situação de equilíbrio no mercado de 
trabalho pode ocorrer quando a oferta excede a demanda, com a existência de desemprego involuntário 
como um fenômeno de equilíbrio.Consideremos agora o principal dogma final da nova macroeconomia 
clássica, a hipótese da oferta agregada. 
5.3.3 Curva de oferta de Lucas ou hipótese da oferta agregada 
Tal como acontece com a hipótese das expectativas racionais, várias explicações sobre a hipótese da oferta 
agregada pode ser encontrada na literatura. Dito isto, duas abordagens principais para a oferta agregada 
podem ser identificadas. Subjacente a estas duas abordagens considera-se dois pressupostos ortodoxos 
microeconômicos: (i) decisões racionais tomadas pelos trabalhadores e empresas refletem a otimização do 
comportamento de ambas as partes; e (ii) a oferta de trabalho/produto por trabalhadores / empresas depende 
dos preços relativos. 
A primeira abordagem novo clássica para a oferta agregada foca a oferta de trabalho e é de Lucas e Rapping 
(1969). Esta análise é discutida mais detalhadamente no capítulo 6 e no que se segue, apenas delinearemos a 
8 
 
essência da abordagem. Durante todo o período, os trabalhadores têm que decidir quanto tempo irão alocar 
entre trabalho e lazer. Trabalhadores, por hipótese, têm alguma noção do salário médio real normal ou 
esperado. Se o salário real está acima do salário real normal, os trabalhadores terão um incentivo para 
trabalhar mais (ter menos tempo de lazer), no período atual na antecipação de levar mais lazer (a trabalhar 
menos) no futuro, quando se espera que o real salarial deverá ser menor. Inversamente, se o salário real está 
abaixo do normal, os trabalhadores terão um incentivo para levar mais lazer (menos trabalho) no período 
atual na expectativa de trabalhar mais (tendo menos lazer) no futuro, quando o salário real deve ser maior. 
Postula-se, portanto, quea oferta de trabalho responde às mudanças percebidas temporária do real 
salário. Esta resposta comportamental de substituição de lazer atual para o futuro lazer e vice-versa é 
conhecido como "substituição intertemporal. Dentro Do modelo de substituição intertemporal, mudanças no 
emprego são explicadas em termos de "voluntário" resultado das escolhas dos trabalhadores que mudam 
suas oferta de trabalho em resposta à percepção de alterações temporárias no salário real. 
A segunda abordagem novo-clássica sobre a oferta agregada deriva também de trabalhos altamente 
influentes do Lucas (1972a, 1973). No que se segue ilustraremos o espírito dos argumentos de Lucas, o qual 
se centra no mercado de bens e nas decisões de oferta das empresas. Um importante elemento de análise de 
Lucas se refere à estrutura do conjunto de informações disponíveis aos produtores. Se pressupõe que, 
enquanto uma empresa conhece o preço corrente dos seus próprios produtos, o nível geral de preços nos 
outros mercados só se torna conhecido com um intervalo de tempo8. Quando uma empresa experimenta um 
aumento no preço de mercado corrente da sua produção tem que decidir se essa mudança reflete (i) uma 
mudança real na demanda para o seu produto, caso em que a empresa deve responder (racionalmente) ao 
aumento do preço do seu produto em relação ao preço de outras mercadorias, como aumento da produção, 
ou (ii) meramente nominal aumento na demanda em todos os mercados, produzindo um aumento geral dos 
preços, o qual não requer uma resposta na oferta das firmas individualmente. As firmas são confrontadas 
com o que se refere como um problema de "extração de sinal", na medida em que tem que distinguir entre 
mudanças nos preços relativos e absolutos. De fato, quanto maior a variabilidade do nível geral de preços, 
mais difícil será para o produtor extrair o sinal correto e menor é a resposta da oferta à alterações nos preços 
(ver Lucas, 1973). 
A análise do comportamento individual dos agentes em termos de oferta, tanto trabalho como de bens, levou 
ao que é referido como função de oferta “surpresa" de Lucas, dada pela equação (5.3): 
 ][ ettNtt PPYY  
, α > 0 
Uma vez nos modelos novos clássicos as expectativas são formadas racionalmente, podemos substituir (5.3) 
com (5.4): 
 )]([ 1 tttNtt PEPYY 
, (5.4) 
A equação (5.4) afirma que o produto (Yt) se desvia do seu nível natural (YNt) apenas em resposta aos 
desvios do nível de preços efetivo (Pt) em relação a seu (racional) valor esperado 
)( 1 ttPE
, isto é, em 
resposta a um inesperado (surpresa) aumento do nível de preços. Por exemplo, quando o nível de preços 
efetivo é maior que o esperado, os agentes individuais são 'surpresos' e confundem esse aumento como um 
aumento em seu preço relativo (de sua própria produção), resultando em um aumento na oferta de de 
produtos e no emprego na economia. Na ausência de surpresas o produto estará em seu nível natural. Para 
qualquer dada expectativa do nível de preços, a curva de oferta agregada será positivamente inclinada no 
espaço P-Y, e quanto maior o valor de α, mais elástica será curva de oferta “surpresa" e maior será o 
impacto sobre as variáveis reais de um aumento inesperado nível geral de preços (ver Figura 5.3 e a seção 
5.5.1). 
 
8 N.d.r.: Pode-se utilizar o argumento da Parábola da Ilha de Phelps. 
9 
 
Uma especificação alternativa da função oferta de Lucas supõe que o produto somente desvia do seu nível 
natural em resposta a desvios da inflação esperada da efetiva em resposta a erros na inflação esperada: 
tttNtt PEPYY    )]([ 1
.. (5.5)
 
 
Na equação (5.5) 
tP
. é a taxa real de inflação, 
)( 1
.
 tPE
é a expectativa racional para a taxa de inflação 
sujeita a todas as informações disponíveis até o período anterior, e εt é um processo de erro 
aleatório. Segundo Lucas, os países onde a inflação tem sido relativamente estável deve mostrar maior 
resposta da oferta diante de um impulso inflacionário e vice-versa. Em seu famoso artigo empírico, Lucas 
(1973) confirmou que: 
Em um país com preços estáveis como os Estados Unidos ... políticas que 
aumentam a renda nominal tendem a ter um grande efeito inicial sobre a 
produção real, juntamente com uma pequena efeito positivo sobre a taxa de 
inflação ... Em contrapartida, em um país cujos preços são voláteis como a 
Argentina, mudanças nominais na renda são associadas como variações 
contemporâneas de preços, sem qualquer efeito perceptível sobre o produto 
real. 
A equação (5.4) pode ser reformulada para incluir um termo defasado do produto (Yt-1 - YNt -1) e esta versão 
foi usada por Lucas (1973) em seu trabalho empírico para lidar com o problema da persistência (correlação 
serial) nos movimentos dos agregados econômicos. A função de oferta agregada de Lucas agora toma a 
forma mostrada na equação (5.6): 
 tNttttNt tt YYPEPYY    )()]([ 111.. (5.6) 
 
Ao invocar a "Lei de Okun” (Okun, 1962), ou seja, de que há uma relação negativa estável e previsível entre 
desemprego e PNB, a curva de oferta “surpresa” de Lucas, pode ser vista simplesmente como uma 
representação alternativa da curva de Phillips expandida pelas expectativas racionais (5.7): 
)()]( 1
..
tNttt
t UUPEP   
 (5.7) 
Onde Ut é a taxa de desemprego corrente e UNt é a taxa natural de desemprego. Rearranjando (5.7), obtemos 
a equação (5.8): 
 )]([1 1
..
 tttNt PEPUU t 
 (5.8) 
Nessa formulação, uma surpresa inflacionária leva a uma redução temporária do desemprego abaixo da taxa 
natural. Nas equações (5.6) e (5.8) uma variável real está ligada a uma variável nominal. Mas, como Lucas 
demonstrou, a dicotomia clássica somente é quebrada quando uma mudança na variável nominal é uma 
'surpresa'. De fato, o próprio Lucas fez considerações sobre as constatações de que mudanças antecipadas e 
não antecipadas na expansãomonetária tem feitos muito diferentes, como a ideia-chave na macroeconomia 
do pós-guerra (Snowdon e Vane, 1998). Além disso, Lucas (1996) observou que essa distinção entre 
mudanças monetárias antecipadas e não antecipadas são uma característica de todos os modelos 
desenvolvidos durantes os anos 1970 dentro da tradição de expectativas recionais a fim de explicar a não 
neutralidade da moeda exibida nos trade-offs de curto prazo. 
10 
 
5.5.1 A proposição de ineficácia da política 
A proposição novo-clássica da ineficácia da política foi apresentada pela primeira vez em dois jornais 
influentes por Sargent e Wallace (1975, 1976). A proposição pode ser melhor ilustrada através da curva de 
demanda/oferta agregada mostrada na Figura 5.39. Os leitores não familiarizados com a derivação deste 
modelo devem recorrer a qualquer texto macroeconômico padrão, como Mankiw (2003). Na Figura 5.3, a 
economia está inicialmente operando no ponto A, a interseção tripla AD0, e LRAS0 e SRAS. No ponto A, de 
acordo com a equação (5.3), o nível de preços (P0) é completamente antecipado (ou seja, o nível de preços 
vigentes e as expectativas coincidem), e o produto e o emprego estão em seus níveis de equilíbrio (Natural) 
de longo prazo (plena informação). Suponha que as autoridades anunciam que pretendem aumentar a oferta 
de monetária. Agentes econômicos racionais levariam em conta essa informação na formação de suas 
expectativas e antecipariam integralmente os efeitos do aumento da oferta de moeda sobre o nível geral de 
preços, de modo que o produto e o emprego permaneceriam inalterados nos seus níveis naturais. O 
deslocamento para a direita da curva de demanda agregada da AD0 para AD1 seria compensada por um 
deslocamentopara cima à esquerda da curva oferta agregada positivamente inclinada de SRAS 0 para SRAS1 
resultado do aumento dos salários monetários após a imediata revisão das expectativas de preço mais 
alto. Neste caso a economia moveria em linha reta do ponto A ao C, mantendo-se na curva vertical de oferta 
agregada de longo prazo, sem qualquer alteração na produção e no emprego, mesmo no curto prazo, ou seja, 
a moeda é super-neutro. 
Em contraste, suponha que as autoridades surpreendam os agentes econômicos, aumentando a oferta de 
moeda sem anunciar suas intenções. Nesta situação, as empresas e os trabalhadores com informação 
incompleta, conduziriam a um resultado que subestima o aumento do nível geral de preços, o aumento dos 
preços seria entendido como um aumento nos preços relativos10 e os agentes reagiriam aumentando a oferta 
de produtos e de trabalho. Em outras palavras, os trabalhadores e empresas teriam erroneamente entendido 
este aumento do nível geral de preços como um aumento real (em oposição a um valor nominal) na demanda 
por seus serviços/produtos e responderiam pelo aumento da oferta de trabalho/produto. Em termos da Figura 
5.3, a curva de demanda agregada se deslocaria para a direita de AD0 para AD1, interceptando a curva de 
oferta agregada positivamente inclinada (de curto prazo) SRAS0 no ponto B. De acordo com a equação (5.3), 
a produção (Y1) desviaria de seu nível natural (YN) como conseqüência de desvios do nível de preços (P1) em 
relação ao nível esperado (P 0), isto é, como resultado de erros de expectativas dos agentes. Qualquer 
aumento / diminuição na produção e desemprego, argumenta-se, ser apenas temporário. Uma vez que os 
agentes percebem que não houve nenhuma mudança nos preços relativos, a produção e o emprego voltarão 
aos seus níveis equilíbrio de longo prazo (natural). Em termos da Figura 5.3, como agentes totalmente 
ajustado a suas expectativas de preço da curva de oferta agregada positivamente inclinada se deslocaria para 
cima para a esquerda, de SRAS0 para SRAS1, para cruzar AD1 no ponto C. É interessante notar que a 
formação novo-clássica do processo de ajustamento discutido acima(de A a C) corresponde ao caso 
monetarista ortodoxo de longo prazo, enquanto o último processo de ajustamento (de A para B para C) 
corresponde ao caso monetarista ortodoxa no curto prazo, independentemente se o aumento na oferta de 
moeda é imprevista ou não. Resumindo, a análise novo-clássico sugere que (i) um aumento antecipado na 
oferta monetária irá elevar o nível de preços e não têm nenhum efeito real sobre a produção e o emprego, e 
(ii) apenas surpresas monetárias imprevistas podem afetar as variáveis reais no curto prazo. 
 Esta forte proposição de ineficácia da política tem grandes implicações para a controvérsia sobre o papel e a 
conduta de políticas macroeconômicas de estabilização. Se a oferta de moeda é determinada pelas 
autoridades de acordo com alguma ‘regra’ conhecida, então as autoridades não serão capazes de influenciar 
a produção e emprego, mesmo no curto prazo, prosseguindo uma política monetária sistemática que pode ser 
antecipada pelos agentes. Por exemplo, as autoridades podem adotar regras monetárias, o que permite, por 
exemplo, um crescimento monetário a uma taxa fixa dada de 6% ao ano. Na formação de suas expectativas 
 
9 N.d.T: Figura 5.3 Os efeitos das mudanças antecipadas e não antecipadas na oferta de moeda sobre o nível de produção eo 
nível de preços. 
10 N.d.T: Aumento do preço específico da firma em relação ao nível geral de preços. Já no caso dos trabalhadores seria uma 
percepção de aumento em seu salário em relação ao aumento do nível médio salarial. 
11 
 
de inflação, os agentes econômicos racionais irão incluir os efeitos esperados da expansão de 6% da oferta 
de moeda. Consequentemente, o componente sistemático (ou seja, seis por cento) da regra monetária não 
teria nenhum efeito sobre as variáveis reais. Se, na prática, a oferta de moeda cresceu a uma taxa de 8% ao 
ano, o componente não-sistemático (Inesperado) da expansão monetária (ou seja, 2% ao ano) poderia causar 
um aumento temporário na produção e no emprego acima dos seus equilíbrio de longo prazo (natural) 
níveis, devido a erros de expectativas de inflação. Em alternativa, as autoridades podem permitir que a oferta 
de moeda pode ser determinada por uma regra de feedback (por exemplo, em resposta a mudanças no 
desemprego e no produto). Novamente mudanças na taxa de crescimento monetário que surgem a partir de 
uma regra de feedback conhecido será antecipada pelos agentes, tornando o política de feedback do Estado 
ineficaz em afetar variáveis reais. Somente os desvios de uma política monetária conhecida(como erros de 
políticas feitas pelas autoridades monetárias ou mudanças imprevistas na política), que serão imprevistos 
irão influenciar o produto. 
A proposição de ineficácia da política pode ser expressa algebricamente da seguinte maneira (ver Gordon, 
1976). Começamos por reescrever a equação Friedman-Phelps modificada em forma linear como: 
tNt
e
tt SUUPP t   )(
..
 
 (5.15) 
onde 
tS
 representa um "choque de oferta exógeno” (com média zero11) e (Ut -UNt) representa o desvio do 
desemprego de sua taxa natural. A equação (5.14) pode ser reescrita como: 
t
e
ttNt SPPUU t  
..
)(/1 
(5.15) 
A relação estrutural entre a inflação 
tP
. e a taxa de expansão monetária .
tM
é dada por: 
ttt DMP 
.. (5.16) 
onde θDt representa choques de demanda "inesperados” (como choques do setor privado), os quais também 
tem uma média zero. Se .
tM
é a taxa esperada de crescimento da oferta monetária, a expectativa racional de 
inflação será: 
..
e
t
e
t MP  
 (5.17) 
Suponha que uma autoridade monetária de inspiração keynesiana, tente controlar o crescimento monetário 
de forma que ela cresce em alguns taxa constante (λ0) mais alguma proporção (λ1) do desvio do desemprego 
de sua taxa natural ocorrido no período anterior. Neste caso, a taxa real de crescimento monetário será: 
.
110
.
)(
1 tNt
t MUUM
t
 
 
 (5.18) 
onde .
tM
significa um elemento aleatório ou não previsto no crescimento monetário. A equação (5.18) 
indica que as autoridades monetárias estão operando numa regra sistemática de feedback a qual pode ser 
prevista pelos agentes econômicos racionais, se tornando parte do seu conjunto de informações (Ω t -1) na 
 
11 N.d.T: Atenção para essa hipótese. O reconhecimento de que a inflação poderá ser também explicada por choques de oferta 
torna a curva de Phillips e a explicação da inflação apenas aparentemente mais flexível em relação àquela versão que interpreta a 
inflação apenas como tendo fonte principal os choques de demanda. No entanto, a hipótese de que os choques tem média zero 
significa exatamente que ao longo do tempo a inflação é essencialmente um fenômeno monetário. 
12 
 
equação (5.1). Agentes econômicos racionais, portanto, têm expectativas de inflação baseados na taxa de 
expansão monetária esperada, mostrado na equação (5.19). 
)(
1110
.

  tNt
e
t UUM  
 (5.19) 
Subtraindo (5.19) de (5.18) obtemos: 
t
e
tt MMM 
. (5.20) 
Subtraindo (5.17) a partir de (5.16) e substituindo a partir de (5.20) obtemos a equação(5.21): 
tt
e
tt DMPP  
...
 
(5.21) 
Finalmente, substituindo (5.21) em (5.15) nos dá: 
tttnt SDMUU   )(/1
.
 
(5.22) 
O ponto importante a notar na equação (5.22) é que o componente sistemático do crescimento monetário 
(
)(
1110 
  tNt UU
) o qual o governo estava tentando usar a fim de evitarque o desemprego se afaste do 
sua taxa natural, não entra na fórmula. O único componente da equação (5.22) que as autoridades monetárias 
podem influenciar diretamente é .
tM
, o componente aleatório do crescimento monetário. Portanto, a 
equação (5.22) nos diz que, no mundo de Sargent e Wallace, o desemprego pode afastar-se da sua taxa 
natural como resultado de choques imprevisíveis de demanda (θDt) e da oferta (θSt) ou de 
choques imprevistos de surpresa monetária, .
tM
. Quaisquer regra monetária distemática/feedback, que se 
torna parte do conjunto de informação dos agentes econômicos, não pode causar inflação caso haja um 
desvio da taxa esperada. Somente os desvios de uma política monetária conhecida (como erros de políticas 
feitas pelas autoridades monetárias ou mudanças imprevistas na política), que são imprevistos irão 
influenciar a produção e o emprego. 
Em suma, a abordagem prevê que, como agentes econômicos racionais irão levar em consideração qualquer 
regra monetária conhecida na formação de suas expectativas, as autoridades não serão capazes de influenciar 
a produção e o emprego, mesmo no curto prazo quando prosseguindo uma política monetária 
sistemática. Além disso, qualquer tentativa de afetar o produto e o emprego, por acaso ou por uma política 
monetária não-sistemática irá gerar apenas o aumento da variação da produção e do emprego em torno de 
seus níveis naturais. Pode ser visto, portanto, que o argumento apresentado por novos clássicos contra o 
ativismo da política é sutilmente diferente daquelas apresentadas pelos monetaristas ortodoxos (ver Capítulo 
4, seção 4.3.2 sobre o papel ea condução da política monetária). 
A proposição de ineficácia da política monetária prevê que somente a surpresa ou imprevistas mudanças na 
condução da política monetária poderão produzir efeitos reais no produto (ou o que é muitas vezes referida 
como o ‘anticipated–unanticipated money debate12’) tem sido objeto de inúmeros de estudos empíricos. Os 
primeiros trabalhos, em especial os artigos seminais de Barro (1977a, 1978), parece apoiar a 
proposição. Usando dados anuais para o economia dos EUA durante o período de 1941-1976, Barro usou 
um método de dois estágios, em primeiro lugar estimar o crescimento inesperado e esperado(antecipado) da 
moeda antes de regredir produção e desemprego com crescimento monetário imprevisto. Em geral, os 
 
12 N.d.T: debate sobre políticas antecipadas e não antecipadas. 
13 
 
estudos Barro suportam a ideia de que, enquanto a produção e o desemprego são afetados significativamente 
pelo crescimento monetário imprevisto, o crescimento previsto de moeda não teve efeitos reais. No entanto, 
estudos posteriores, principalmente os de Mishkin (1982) e Gordon (1982a), encontraram evidências que 
sugerem que ambos política monetária imprevista e prevista afetam a produção e o emprego. Em geral, 
embora a evidência empírica é mista, os fatos não aparecem apontar que a política monetária sistemática não 
tem nenhum efeito real. Além disso, como Buiter (1980) assinalou, modelos teóricos podem ser construídos, 
de modo que todas as mudanças previstas na taxa de crescimento monetário poderão tem efeitos reais, 
alterando a taxa de inflação, e conseqüentemente, a taxa de retorno sobre o dinheiro saldos que têm uma 
taxa nominal zero de retorno. Este, por sua vez, irá afetar a taxa de acumulação de capital, alterando a 
composição da carteira de equilíbrio. É também preciso dizer que mudanças fiscais totalmente antecipadas, 
tais como mudanças das taxas de imposto que alteram a oferta de trabalho e o comportamento de poupança, 
terão efeitos reais. "É evidente que a política fiscal não é neutra, mesmo no mais sistema clássico"(Buiter, 
1980). Em modelos para o mercado de não-competitivo, onde os preços são fixos, as mudanças previstas na 
política monetária terão efeitos reais através do mecanismo IS-AD-AS-LM. Em resposta aos trabalhos de 
Sargent e Wallace, Fischer (1977), Phelps e Taylor (1977) e Taylor (1980) produziram modelos que 
incorporam salário contratados multi-período e expectativas racionais onde a política monetária não é neutra 
(ver Capítulo 7). 
Além disso, muitos keynesianos acham toda essa abordagem equivocada, mostrando que comportamentos 
maximizantes são compatíveis com a possibilidade de inexistência de market-clearing (Akerlof, 
1979). Além disso, a idéia de estimular a demanda agregada quando a economia já está em (pleno emprego) 
equilíbrio teria sido anátema para Keynes. Por que essa política seria considerada necessária? Como Frank 
Hahn (1982, p. 75) comentou, 'keynesianos estavam preocupados com o problema de empurrar a economia à 
sua taxa natural, não fora dele. Se a economia já está ali, todos nós podemos ir para casa".

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