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ANUAL NOTURNO Direito Administrativo Celso Spitscovsky Data: 09/09/2011 Aula 07 ANUAL NOTURNO – 2011 Complexo Educacional Damásio de Jesus MATERIAL DE APOIO SUMÁRIO 1) PODERES DA ADMINISTRAÇÃO (continuação) 2) SERVIÇO PÚBLICO 3) CONCESSÃO E PERMISSÃO 6. Poder de polícia Trata-se do poder conferido à administração para disciplinar, restringir, condicionar, limitar o exercício de direitos e atividades dos particulares para a preservação dos interesses da coletividade. Através do poder de polícia, a administração poderá restringir direitos e atividades nossas, mesmo previstas em lei, para a preservação dos interesses da coletividade. Ex.: fechamento de um estabelecimento comercial por falta de higiene na cozinha, embargo de uma obra por irregularidade, licenciamento de veículos. Outros exemplos de poder de polícia: Art. 145, II, CF – autoriza a cobrança de taxa em razão do poder de polícia (tributo vinculado). A CF/88 tem um capítulo destinado à comunicação (arts. 220 e seguintes). No artigo 220 a CF assegura a livre manifestação do pensamento nos meios de comunicação, observado o disposto nesta constituição. Nesta última parte, deu margem para que se tenham limitações. No parágrafo 2º proíbe a censura, repetindo o previsto no artigo 5º, IX, CF. As limitações permitidas estão no parágrafo 3º, que no seu inciso I diz que é possível a classificação da programação, feita pelo poder público, devendo levar em conta a natureza do programa, faixa etária a que se destina e o local e horário que a programação se mostra inadequada. Conjuga-se esta disposição com o artigo 21, XVI, CF, que fala da classificação indicativa da programação. A CF autorizou que algumas restrições incidissem sobre algumas propagandas de determinados produtos - §4º do artigo 220, CF, para cigarros, bebidas alcoólicas, medicamentos etc. SERVIÇO PÚBLICO Definição: ANUAL NOTURNO – 2011 Complexo Educacional Damásio de Jesus Serviço público é todo aquele prestado pela administração, ou por quem lhes faça as vezes, debaixo de regras de direito público para a preservação dos interesses da coletividade. a) Quem presta? Administração ou quem lhes faça as vezes (particulares). A titularidade de um serviço público pertence à administração e é intransferível. Nunca a iniciativa privada vai assumir a titularidade de um serviço público, pois os interesses não são os mesmos. O particular sempre atua em nome próprio enquanto a administração nunca atua em nome próprio e sim em nome da coletividade. O particular pode estar à frente da execução de um serviço público, porém, a titularidade deste serviço é sempre da administração. Lembre-se que quando a administração decide que o serviço será executado por um particular, deve escolher o particular através da licitação. Também, a forma de execução será feita através de concessão, permissão e autorização de serviço. Dessa forma, concessão, permissão e autorização são instrumentos que a administração transfere via licitação a execução de serviços públicos a particulares. É o que pode ser visto no artigo 175, CF que diz: Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou por concessão ou permissão, sempre através de licitação a prestação de serviços públicos. Quando um particular assume a execução de um serviço publico, ele não está competindo com a administração; está assumindo temporariamente o lugar dela. Se a titularidade de um serviço é da administração, significa que quem define as regras é a própria administração. É ela, então, que fiscaliza o seu cumprimento. Ela é quem aplica sanções pelo descumprimento das regras estabelecidas. Temos no Brasil quatro esferas de governo (estadual, federal, municipal e distrital). Temos divisão de competências feita pela constituição. A titularidade de serviços públicos foi dividida entre essas quatro esferas. A que for considerada competente para aquele serviço, definirá a sua forma de execução. Ex.: Telecomunicações é serviço público – a titularidade desse serviço está definida no artigo 21, XI, CF (a competência é da União). Assim, a União decide a forma de execução do serviço de telecomunicações – se será por ela mesma ou se vai transferir para particulares. Neste caso, foi destinada a execução a particulares, como por exemplo, temos a TIM, VIVO, CLARO etc., que executam de acordo com as regras definidas pela União, sendo fiscalizadas e sancionadas pela União. Transporte coletivo é serviço público; a titularidade é dos municípios (art. 30, V CF). Significa dizer que cada município poderá estabelecer como este serviço será executado (se diretamente por ele, se através de suas autarquias, empresas públicas ou se através de particulares). É por isso que o município de São Paulo tem regras diferentes do município de Curitiba, por exemplo. Gás canalizado – serviço público de titularidade do Estado (art. 25, §2º, CF). Cada Estado vai decidir como o serviço de gás canalizado será prestado. Não pode a União ou os municípios interferirem no regramento de tal serviço. ANUAL NOTURNO – 2011 Complexo Educacional Damásio de Jesus b) Como presta? Debaixo de regras de direito público. Não importa quem esteja à frente da execução de um serviço público, as regras serão sempre as mesmas, quais sejam, de direito público. Entre essas regras, temos o princípio da continuidade da prestação do serviço público. Como regra, a execução de serviços públicos não pode ser interrompida, pois se houver a interrupção, a coletividade é quem fica prejudicada. É possível a deflagração de greve dentro da administração pública? A CF/88 foi a primeira a atribuir direito de greve aos servidores. A própria CF estabeleceu uma ressalva, sendo que tal direito deve ser estabelecido nos termos e limites fixados em lei. Note que não pode ter o mesmo tratamento dado a greve de trabalhadores da iniciativa privada. Porém, passados 23 anos da promulgação da CF, a lei regulamentadora ainda não foi editada. Diante da ausência de tal lei, os Tribunais consolidaram o entendimento de que pode haver greve, porém, não é admitida greve total, devendo ficar garantido um mínimo da prestação do serviço público. c) Para quê? Para a preservação dos interesses da coletividade, que é a única finalidade possível para a administração. CONCESSÃO E PERMISSÃO 1) Definição São instrumentos através dos quais a administração (a titular) transfere via licitação a execução de serviços ou obras públicas para particulares. 2) Fundamento constitucional Art. 175, CF 3) Legislação Na forma da lei – desde 1988, a CF estabeleceu que a matéria de concessão e permissão deve ser disciplinada por lei, sendo editada a legislação básica, que é a lei 8987/95. Dentro desta lei, vamos destacar alguns aspectos importantes, especialmente, itens específicos que estão no parágrafo único do artigo 175, CF. São eles: Características de um serviço adequado - art. 6º, §1º da Lei 1 - Prestação contínua; ANUAL NOTURNO – 2011 Complexo Educacional Damásio de Jesus 2 - Mediante cobrança de tarifas módicas. Não respeitando tais características, a execução de um serviço público está sendo prestada de forma ilegal. Assim, o administrado que se sentir lesado por desrespeito a tais características, poderá acionar o poder judiciário, já que se trata de ato ilegal. Prestação contínua: regra geral, a prestação de serviço público não pode ser interrompida. Exceções estão previstas no parágrafo 3º do artigo 6º da Lei 8987/95: 1ª) Diante de situações emergenciais: são situações imprevisíveis. Ex.: interrupção do serviço por fortes chuvas, vendavais; 2ª) Para a realização de reparos de serviços de manutenção: já que são situações previsíveis, deve haver aviso prévio aos usuários, em jornais de grande circulação e com prazo razoável; 3ª) Por inadimplência do usuário: para que haja corteno fornecimento, deverá haver comprovação de aviso prévio. A justificativa é que diante do aviso prévio, o usuário pode se defender.
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