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Direito Constitucional - Historia das Constituicoes do Brasil - Pedro Taques

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Unaí, 02 de julho de 2008
Aula Ministrada pelo Professor Pedro Taques
Texto constitucional é diferente de norma constitucional. O texto constitucional deve ser interpretado levando em consideração o contexto em que surgiu e o contexto que em tese está inserido (ex.: até a Constituição de 1.988 a palavra repressão tinha um sentido político ideológico, já a Constituição de 1.988, em seu artigo 144 fala que a polícia federal faz a repressão do tráfico de drogas). As palavras, as expressões são viajantes, varia de momento histórico para momento histórico, assim, o contexto constitucional é importante.
A Constituição deve ser visto como algo dinâmico, não como algo estável, a exemplo disso, o poder constituinte difuso (mutação informal da Constituição). Nos Estados Unidos, em 1.864 a Suprema Corte Americana entendeu que a escravidão era constitucional. Posteriormente, em 1.950 a Suprema Corte decidiu que algumas leis estaduais eram constitucionais por não permitir o casamento inter-racial. Hoje, um negro é presidente dos Estados Unidos. 
Interpretar a Constituição não é apenas retirar sentido da Constituição, mas sobretudo, dar sentido a Constituição, o que sem sombra de dúvidas, depende do contexto em que o sujeito está inserido.
- Contexto das Constituições Brasileiras:
a) Constituição Brasileira de 1.824
Em 1.777 nós, Brasil, éramos colonos de Portugal. Nessa época, Marquês de Pombal foi afastado do poder de Portugal, assumindo o trono Português uma senhora chamada Dona Maria, que marca a chamada viradeira da política portuguesa, uma vez que até o Marquês de Pombal Portugal não tinha relações econômicas em relação à Inglaterra, daí a partir de Maria Portugal passou a ser economicamente dependente da Inglaterra, economicamente falando (essa foi a viradeira). Em 1.789 ocorre a chamada Revolução Francesa. Um pouco antes da Revolução Francesa, em 1.785 dona Maria edita uma “alvará” que proíbe a criação de indústrias (manufaturas) na colônia brasileira. Nesse mesmo período, no Brasil, temos a “Inconfidência Mineira”, que pregava liberdade, e os demais ideais da Revolução Francesa.
Dona Maria também proibiu a divulgação de idéias liberais no Brasil ou em Portugal (segundo ela: - Proíbo os malefícios das idéias francesas em Portugal e no Brasil). Em 1.804 Napoleão edita o Código Civil Napoleônico, que marca o nascimento do “positivismo”. À partir daí, surge o dogma de que direito = lei, nesse código, o contrato era lei entre as partes, o pactuado tem de ser cumprido (essas são algumas pregações do Código Civil Napoleônico).
Em 1.806 Napoleão edita o chamado “bloqueio continental”, que consistia na proibição de que as nações européias mantivessem relações comerciais com a Inglaterra. Em razão disso, em 1.808 a família real portuguesa vêm ao Brasil, que ao chegar, realiza a abertura dos portos para as “nações amigas” (Inglaterra). Também realiza a criação do Banco do Brasil (José da Silva Lisboa, Visconde de Cairú). Houve também a “europeização” do Brasil, onde começamos a adotar atitudes de europeus, além de ter ocorrido também a urbanização do Rio de Janeiro. Don João revoga o alvará de sua mãe (Dona Maria) e inicia-se a industrialização nacional. Nesse período a nossa dependência da Inglaterra era tão grande que vigorava aqui a denominada “Lei da Extraterritorialidade”, onde o cidadão inglês só poderia ser julgado pelas leis inglesas e pelos juízes ingleses (existiam juízes ingleses aqui no Brasil).
Em 1.814 e 1.815 ocorre na Europa o chamado Congresso de Viena, que visava reorganizar politicamente a Europa, uma vez que Napoleão Bonaparte havia afastado os reis do poder, e com sua queda, necessitava-se de uma reorganização da Europa. Inicialmente, não houve permissão para que Don João participasse do Congresso, uma vez que ele estava refugiado em uma colônia (Brasil). Em razão disso em 1.815 Don João eleva o Brasil à categoria de “Reino Unido à Portugal e Algaves”, deixando o Brasil a condição de simples colônia. Don João fez isso para participar do Congresso de Viena, que por sua vez, criou a Santa Aliança (força militar para a defesa da paz).
Em 1.820 ocorre em Portugal a chamada “Revolução do Porto”, que objetivava: a criação de uma nova Constituição para Portugal; até que tivesse uma nova Constituição, Portugal deveria aplicar a Constituição Espanhola; volta de Don João VI para Portugal para assumir o trono; re-colonização do Brasil. A revolução foi liberal, mas era um liberalismo que permitia a existência de Reis.
Don João VI volta para Portugal em 1.821 e assume o trono português, deixando no Brasil o seu filho Don Pedro. Tudo que era feito no Brasil dependia de ordens de Portugal. Don Pedro I começou a sofrer influências da elite brasileira. Don João VI exige a volta de Don Pedro para Portugal. Don Pedro diz ao povo que fica. Daí, dia 7 de setembro de 1.822 ocorre a independência do Brasil.
Em 1.823 se dá a Assembléia Nacional Constituinte, onde formam-se dois grupos: Partido dos Brasileiros VS Partido dos Portugueses, sendo que Don Pedro tinha mais ligação com este último. O “Partido Brasileiro” fez uma projeto de Constituição chamado Constituição da Mandioca, que só pode ser votado quem for proprietário de uma extensão de terra que pudesse produzir determinada quantidade de mandioca. Tal Constituição visava afastar os portugueses do direito de ser votado, visto que estes eram comerciantes, não produtores rurais. Em razão dessa Constituição da Mandioca, o imperador, apoiado pelos portugueses, dissolve a Assembléia Constituinte. Don Pedro arruma 5 pessoas para elaborar uma Constituição, e no dia 25 de março de 1.824 outorga a Constituição. Aí, na Província de São Paulo, para homenagear a Constituição, cria-se a rua 25 de março. (dia 2 de Julho ocorre a independência Bahiana, onde eles expulsam os portugueses do Brasil)
A Constituição de 1.824 foi outorgada, não popular, que teve como fonte inspiradora a Constituição Francesa e o Constitucionalismo Inglês, sendo a única Constituição do Mundo que adotou a chamada Teoria do Poder Moderador. Tínhamos portanto 4 poderes, onde o imperador era o poder moderador. O executivo era exercido pelo Imperador, auxiliado por um conselho de ministros. O poder judiciário era composto por juízes escolhidos pelo imperador. O Legislativo era bicameral (Senadores vitalícios escolhidos pelo imperador e representantes – também chamado de deputados - eleitos). Não havia Ministério Público, muito menos “controle de constitucionalidade”, sendo omissa ainda em relação aos “habeas corpus” (que em 1.832 surge no CPP do império). Essa constituição criou a monarquia perpétua e hereditária como forma de governo, sendo o estado unitário (as províncias não tinham capacidade política).
Não existia portanto, descentralização política. “Sufrágio restritivo censitário”, ou seja, só tinha direito de votar e ser votado quem tivesse um determinado patrimônio, uma vez que levava-se em conta uma qualidade econômica. Foi uma Constituição semi-rígida ou semi-flexível. Ela diferenciava normas materialmente constitucionais e normas formalmente constitucionais, uma vez que as primeiras exigiam para sua alteração um processo mais trabalhoso, visto que o processo de alteração dessas últimas eram menos solenes, bem mais facilitado.
Tal constituição ainda cria um “Estado Confessional”, onde havia a religião Católica Apostólica Romana como religião oficial, onde os padres deveriam ser padroados pelo imperador. Havia liberdade de consciência, liberdade de crença, mas não havia liberdade de culto, tendo como conseqüência a não existência de templos que não fossem católicos.
Tal constituição ainda trouxe um elenco de direitos fundamentais, embora fosse contraditória, uma vez que falava em liberdade e igualdade e permitia a escravidão. Consideravam os escravos como “objetos de direito”, e não como “sujeitos de direito”.
b) Constituição Brasileira de 1.891
Em 1.830 Don João VI morre em Portugal. Don Pedro I volta para Portugale abdica do trono em homenagem a seu filhinho. Na chamada “Noite das Garrafadas” brasileiros (em Minas Gerais) são mortos pela guarda de Don Pedro I. Ele volta para Portugal em 1.831, e a “Noite das Garrafadas” se deu antes. Em 1.834 a Constituição de 1.824 é alterada pelo ato adicional que significou a descentralização política no Brasil, onde as províncias passaram a ter legislativo. Esse ato foi uma forma de deixar os brasileiros mais fortes em relação aos portugueses.
Com a existência de legislativo nas províncias, se dá o início dos ideais federativos. De 1.831 até 1.840 vigora no Brasil a chamada regência (regência trina-provisória; regência trina permanente, regência una). Em 1.840 ainda houve uma interpretação ao ato adicional que significou a centralização de poder. Portanto, voltamos a ser um estado unitário. Aí também ocorre a antecipação da maioridade de Don Pedro II.
Em 1.848 foi implantado no Brasil o chamado parlamentarismo à brasileira (ou parlamentarismos às avessas) para diferenciar do parlamentarismo inglês. Na Inglaterra o rei era chefe de Estado e não governava. Aqui, o rei era chefe de Estado e governava.
De 1.864 até 1.868 ocorre a chamada Guerra do Paraguai, ocorrendo o fortalecimento das forças armadas como instituição. Em 13 de junho de 1.868 inicia-se a vitória brasileira na guerra. Em 13 de maio do mesmo ano ocorre a libertação dos escravos.
Em 15 de novembro de 1.869 surge a república. Causas da proclamação da república: idade avançada do imperador sem deixar herdeiros do sexo masculino; libertação dos escravos, fazendo com que a monarquia perca o apoio da elite rural; fortalecimento das forças armadas como instituição do Estado. O surgimento da república se deu por um golpe de estado. O decreto do governo provisório (decreto 01, escrito por Rui Barbosa) revoga a constituição de 1.824 e convoca uma Assembléia Nacional Constituinte.
Ordem e Progresso na Bandeira Nacional está escrito para pregar ideais positivistas, surgidos principalmente do exército, conforme os ensinamentos de Augusto Conde.
Chegamos à Constituição de 1.891, que trouxe algumas características. A primeira, é que foi uma constituição promulgada que decorreu de uma Assembléia Nacional Constituinte e teve como fonte inspiradora a Constituição Americana de 1.787 que foi quase que redigida pelo baiano Rui Barbosa. Ela acabou com o Estado e criou as federações, onde as províncias passaram a se chamar Estado, com legislativo próprio. Acaba com a monarquia e cria a República como forma de governo. O sistema ou regime de governo passa a ser presidencialista. Houve a constitucionalização do Habeas Corpus, além de ser introduzido ao Brasil o controle de constitucionalidade pelo sistema difuso. Também houve a constitucionalização do Ministério Público, que estava posicionado dentro do pode judiciário.
Essa constituição criou o estado laico (estado leigo) não confessional, ou seja, a separação de Estado e Igreja.� Também trouxe o sufrágio universal (apesar de ser sufrágio universal a mulher nem o mendigo votavam). Os estrangeiros que estivessem no território nacional na data da promulgação da Constituição seriam brasileiros naturalizados tacitamente se não comparecesse em uma repartição pública, o que foi uma grande naturalização em 1.891. A constituição ainda permitia que os estados-membros pudessem legislar sobre processos, ou seja, a constituição de 1.891 deu maior autonomia para os estados-membros.
c) Constituição de 1.934
Houve a República das Espadas (Presidentes Militares) e a República dos Governadores (Presidentes Ex-Governadores). A Constituição de 1.831 recebeu uma emenda muito importante em 1.926 que retira dos estados a competência para legislar sobre processo acima mencionada e também acaba com a doutrina “A Escola Nacional do Habeas Corpus”�. De 1.891 à 1.926 Rui Barbosa considerava o habeas corpus como remédio para tutelar todos os direitos líquidos e certos. A tese de Pedro Lessa, antagônica à tese de Rui Barbosa, dizia que o habeas corpus só deveria ser usado para defesa de direito de locomoção, que fundamentou posteriormente a criação da emenda de 1.926 já citada.
Em 1.929, Washington Luis era o presidente do Brasil, lembrando que nessa época vigorava no Brasil a política do Café com Leite�. Júlio Prestes era o governador de São Paulo nessa mesma época. Os paulistas deveriam posteriormente apoiar um mineiro, ou seja, Washington Luis deveria apoiar Antônio Carlos (governador de minas à época) mas apóia Júlio Prestes (governador de São Paulo), quebrando a política do Café com Leite. Assim, Antônio Carlos apóia Getúlio Vargas (governador do Rio Grande do Sul) para presidência. A Paraíba negou apoio à Washington Luis e apoiou Getúlio Vargas, colocando João Pessoa como vice de Getúlio Vargas (Júlio Prestes pediu apoio à Paraíba e foi negado, assim na bandeira da Paraíba tem escrito NEGO). Júlio Prestes ganha a eleição de Getúlio Vargas, de forma fraudulenta, uma vez que os votos eram abertos e quem contavam eram os partidos políticos, não a justiça eleitoral.
Em Recife, ocorreu um fato interessante, ou seja, a morte de João Pessoa, em uma confeitaria, que se deu em razões de motivos pessoais, não por motivos políticos. João Pessoa, ex governador da Paraíba, mandou fazer uma busca e apreensão em uma casa de um advogado da Paraíba chamado Dantas, onde encontrou-se um cofre cheio de cartas de amor (com detalhes íntimos). João Pessoa pega essas cartas e publica no diário oficial da Paraíba. Vale lembrar que Dantas era casado. Posteriormente Dantas vê João Pessoa na Paraíba e mata ele, causando um “caos” no Estado.
Getúlio Vargas pega o exército e vai para São Paulo. Washington Luis fica esperando com o exército em Itararé, para gerar a chamada “batalha de Itararé”, que nunca aconteceu. Depois, Getúlio Vargas chega ao Rio de Janeiro e realiza o “golpe de 1.930”. Getúlio nomeia interventores dos Estados, e no estado de São Paulo ele nomeia um Sargento Nordestino como interventor. Insatisfeitos, em 23 de maio de 1.932 os paulistas fazem uma manifestação no sentido de pedir uma nova constituição. Na manifestação morreram 4 estudantes, um posteriormente. Os paulistas fazem uma revolução constitucionalista no dia 9 de julho de 1.932 que houve uma luta somente por parte da elite paulista, daí Getúlio venceu, havendo morte de muitos paulistas. Em 1.934 Getúlio Vargas convoca a Assembléia Nacional Constituinte.
Assim a Constituição de 1.934 foi uma constituição promulgada que teve como fonte inspiradora a Constituição Alemã de 1.919 (Constituição de Weimar). Essa constituição marca a passagem de um estado liberal para um estado social. As constituições liberais são apenas constituições jurídica-política, traduzindo-se na instituição de um estado garantidor, que protege a lei. No estado social, as constituições além de jurídico-políticas, o estado além de ser garantidor, ele é prestador (contrariando a doutrina de Adam Smith que dizia que a mão-invisível resolve tudo, defendendo o estado liberal). No século XX, as influências de John Ken fundamentavam no intervencionismo estatal, visando a formação de um Estado Social calcado na prestação de serviços públicos relacionados à saúde, educação, segurança pública, etc.
Tal Constituição constitucionaliza o mandado de segurança, ação popular, voto da mulher (voto este criado por lei em 1.932 e constitucionalizado em 1.934); voto secreto; controle de constitucionalidade difuso (apenas mantido, visto que já existia na Constituição anterior); ADI interventiva da União no Estado; reserva de maioria absoluta (a inconstitucionalidade só pode ser reconhecida pelo Tribunal com a maioria de votos).
Constituição Brasileira de 1.937
De 1.934 à 1.937 haviam dois grandes movimentos políticos: o primeiro, chamado de Ação Integralista Brasileira (era um grupo de direita que apoiava Getúlio Vargas composto por grandes proprietários rurais e grandes comerciantes) que tinha um lema: Deus, Pátria e Família. Era um grupo Fascista liderado porPlínio Salgado. O segundo chamava Aliança Nacional Libertadora, era um grupo de esquerda, contrário à Getúlio Vargas e tinha mais de 400.000 inscritos nesse grupo.
Em 1.935 houve a chamada Intentona Comunista, que tentou um golpe de estado, embora não tenha conseguido. Era uma espécie de Tenentismo liderado por Júlio Prestes. Getúlio cria uma farsa chamada “Cohen” inaugurando em 1.937 o chamado Estado Novo. Era a instituição de um “Iato Autoritário” (espaço temporal com ausência de democracia, não confundir com Iato Constitucional que significa o deslocamento – distância – da Constituição escrita dos fatores reais de poder) que vai de 1.937 à 1.945.
A Constituição de 1.937 foi uma Constituição outorgada por Getúlio Vargas e escrita por Francisco Campos, apelidado de Chico Ciência. Ela teve como fundamento a Constituição Polonesa de 1.935. Houve centralização de poder no chefe do executivo da União. Getúlio Vargas nomeou interventores nos Estados, fechou os parlamentos estaduais e o parlamento nacional passando a legislar através do decreto-lei�. Era ao presidente a última palavra em relação ao controle de constitucionalidade. Havia um estado unitário. Também desconstitucionalizou o Ministério Público e o Mandado de Segurança.
Constituição Brasileira de 1.946
Hitler é eleito na Alemanha em 1.933 e domina o poder da Alemanha em 1.934. A Alemanha começa a se expandir e em 1.939 começa a Segunda Guerra Mundial (Aliados VS Eixo). O Eixo era composto por Alemanha, Japão e Itália. Getúlio Vargas parecia estar cada hora de um lado. Os aliados eram os outros envolvidos, menos o eixo (países europeus como Inglaterra, França [...]). Os alemães começam a atacar navios brasileiros em nossa costa (1.081 brasileiros morreram atacados por submarinos alemães).
Os americanos queriam nosso apoio por causa da base aéreo-naval em Natal que serviria para abastecer os Navios e os Aviões na viagem à Europa. Também queriam o mineral usado no binóculo e a seringa para fazer borracha. Assim o presidente americano veio ao Brasil e conversou com Getúlio Vargas para a criação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). Assim o Brasil apóia os aliados e vai à luta na Guerra.
Os aliados ganham a Segunda Guerra Mundial em 1.944 no chamado “Dia D”. O exército em 1.945, prevendo um novo golpe de Getúlio, dá o chamado Golpe Preventivo de 1.945 que afastou Getúlio Vargas do poder, assumindo José Linhares (Presidente do STF) que convoca eleições e eleições para Assembléia Nacional Constituinte. Em 1.946 houve eleições, havendo dois candidatos: Eurico Gaspar Dutra VS Brigadeiro Eduardo Gomes. Eduardo Gomes tinha pouco dinheiro, daí as mulheres começaram a fazer doces para vender para arrecadar grana, daí esse bolinho passou-se a chamar brigadeiro�. Dutra ganha a eleição.
A Constituição de 1.946 foi uma constituição promulgada. (Constituição mais democrática que existiu – participação de várias correntes políticas). Teve como fonte inspiradora a Constituição de 1.934 (Constitucionalismo Econômico Social) e também teve influência do Constitucionalismo Pós-Segunda Guerra Mundial. Foi uma constituição municipalista, uma vez que deu competência legislativa e administrativa aos municípios. Prevê formal e materialmente a existência de três poderes (Executivo; Legislativo; Judiciário).
Essa constituição aboliu o “decreto lei” retirando do chefe do executivo o pode de inovar na ordem jurídica. Tal Constituição retirou ainda a atribuição do presidente no que tange ao controle de constitucionalidade. O Ministério Público tornou-se independente, não se encontrando posicionado em nenhum dos poderes da República.
Houve re-constitucionalização do mandado de segurança e da ação popular. O marco desta Constituição foi a redemocratização do nosso Estado e a volta às premissas básicas da Constituição de 1.934.
Período Pós-Constituição de 1.946 e Constituição de 1.967
Em 1.946 Dutra estava no poder, poder este que foi marcado pelo “Entreguismo”, ou seja, a abertura da economia nacional à empresas multinacionais para que aqui se instalassem. A política de Dutra consistia em: saúde; alimentação; transporte; energia; abertura do capital internacional para o Brasil. Essa política foi muito criticada por não incentivar a indústria nacional.
Em 1.950 houve eleições e Getúlio Vargas foi eleito, fazendo um “Governo Nacionalista” ou “Governo Populista” que era o oposto ao governo anterior de Dutra. Assim ele criou a Petrobrás, proibindo ainda que outras empresas aqui no país refinassem petróleo. O Governo de Vargas ainda foi marcado por uma grande disputa política. João Goulart (Jango) era Ministro do Trabalho e promete aumentar o salário mínimo em 100%. Em 1.954 Jango é demitido por Getúlio Vargas, e a imprensa começa a criticar Getúlio Vargas em razão demissão de Jango. Carlos Lacerda (Governador do Estado da Guanabara), oposicionista à Getúlio Vargas. Carlos Lacerda sofre um atentado, situação na qual ele toma um tiro em morre o Major da Aeronáutica. Instaurada as investigações, tudo chega a Gregório Fortunato, principal segurança de Getúlio Vargas. Assim, em razão da pressão, dia 23 de agosto de 1.954 Getúlio Vargas dá um tiro no peito e morre. Assume Café Filho. Em 1.955 é eleito Juscelino (J.K.) com seu vice João Goulart�. O vice-presidente nessa época também era presidente do Senado Federal, tendo direito à voz, mas não direito a voto. É uma previsão que também consta na Constituição Americana.
Desde 1.891 já existia uma previsão para construção da Capital Federal (Brasília). Assim J.K. coloca o plano em ação. Há uma crítica no sentido de que a própria construção de Brasília buscou separar a classe política da classe social. Até mesmo a própria construção arquitetônica de Brasília impede “manifestações”. 
Em 1.961 Jânio Quadros assume. Ele era Governador de São Paulo e tem o projeto de “varrer a corrupção” na sua campanha. Ele inclusive usava uma “vassourinha” em sua logomarca. Há pontos de contato entre Jânio Quadros e Collor, uma vez que ambos não tinham apoio do Congresso Nacional, eram de partidos pequenos, e foram eleitos muito novos, além dos dois terem saído da Presidência antes do término do mandato. Jânio Quadros proibiu: uso de biquíni; briga de galo; lança-perfume; corrida de cavalo. Jânio governa 7 meses e renuncia o mandato em agosto do mesmo ano. No governo de Jânio Quadros reatamos as relações diplomáticas com a China e URSS, além de ter condecorado Che Guevara.
O vice-presidente foi visitar a China comunista (vale lembrar que estávamos em um período do “auge” da Guerra Fria, estando de um lado os EUA e do outro URSS). Como Jânio Quadros teve um “Governo Populista”, ele não tinha apoio do Congresso e foi bastante criticado pela elite brasileira. Quando Jânio Quadros renunciou Jango estava na China, mas os militares começam a divulgar que o Jango não assumiria a Presidência da República. Jango volta para o Brasil e entre pelo Rio Grande do Sul onde o cunhado de Jango (Leonel de Moura Brisola) era governador. Brisola monta uma cadeia da legalidade, ou seja, movimento à partir do Rio Grande do Sul pelo respeito à Constituição. Foi aprovada uma Emenda Constitucional. em 1.961 instituindo o parlamentarismo no Brasil para que Jango assumisse, mas não com chefe de Governo, e sim como chefe de Estado. Dividiu-se o poder para evitar que Jango mandava, assumindo a chefia de governo Tancredo Neves.�
De fevereiro de 1.963 até 31 de março de 1.964 é um período importante. Jango lança as denominadas “reformas de base”. Eram cinco as reformas: reforma educacional (proibiu a existência de escolas particulares e determinou de 15% dos lucros nacionais deveriam ser investidos em educação); reforma urbana (quem tivesse mais de um imóvel urbano seria desapropriado pelo valor venal do bem); reforma rural (proprietários rurais com mais de 600 hectares estavam sujeitos à desapropriação para reforma agrária); reforma tributária (os impostos seriam proporcionais ao lucro pessoal); reforma eleitoral (os analfabetos passaram a ter odireito de votar). Junto com essas cinco reformas, ele aprova a “lei de remessas de lucros” (lei esta que proíbe que as empresas multinacionais retirassem seus lucros do país). Com isso ele deixa a classe média descontente. Jango assina a reforma agrária no chamado “Comício dos 100 mil”. Com isso surgem passeatas contra as reformas, sendo a mais famosa a “passeata da família com Deus pela liberdade”. Em março de 1.964, os militares com essa passeata passaram também a ter o apoio popular. Assim, no dia 31 de março de 1.964 os militares dão um golpe de estado e retiram Jango do poder.
Portanto, em 31 de março de 1.964 há um novo “Iato Autoritário” no Brasil. Havia dois grupos de militares: militares da Escola da Sorgoni, ligadas à ESG (Escola Superior de Guerra), que eram mais intelectualizados; militares linha dura. Quem assume o poder nessa época (Castelo Branco) era ligado á Escola de Sorgoni. Em primeiro de Abril de 1.964 ele edita o AI 1 (Ato Institucional N°1), tendo este AI força constitucional, ou seja, o mesmo poder de uma emenda. Esse ato retira Jango do poder e inaugura a ditadura militar. O AI 1 tinha prazo de validade: 1 ano. O fundamento do Ato Institucional era que Jango estava planejando um golpe de Estado para virar ditador e implantar o comunismo. O AI 1 lançou o Brasil no estado de sítio, havendo suspensão de todos os direitos civis, implantando “toque de recolher” e sendo possível prisão sem mandado. Houve censura à todos os meios de comunicação.
Em 1.965 vem o AI 2, que inaugura o bi-partidarismo. O AI 2 vai de 1.965 até 1.969. A justificativa era que os Estados Unidos tinham dois partidos políticos, também precisávamos somente de dois. Os partidos eram: ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro)�.
Em 1.966 é editado o AI 3 que estabeleceu eleições indiretas para Governadores e Vice-governadores, além de eleições indiretas para prefeitos de capitais.
O AI 4 veio em dezembro de 1.966 para convocar uma Assembléia Nacional Constituinte e aprovar a Constituição. O Congresso trabalhou em dezembro de 1.966 a janeiro de 1.967 e aprovou o que chamamos de Constituição de 1.967. O Congresso estava proibido de emendar o projeto que veio do executivo, mas, mesmo assim, o Congresso conseguiu aprovar duas emendas: cria a proibição do chefe do executivo fechar o congresso; cria a imunidade parlamentar.
São características da Constituição de 1.967: formalmente foi uma Constituição promulgada, mas materialmente outorgada, assim alguns constitucionalistas costumam dizer que ela teria sido uma “Constituição Atípica” (ela foi formalmente promulgada, mas sem debates, sem participação popular, uma vez que o Congresso não poderia mudar o projeto do executivo). Ela organizou a previsão dos Atos Institucionais, à exemplo das eleições indiretas para presidentes, governadores e prefeitos de capitais, da centralização de poder no chefe do executivo da União retirando a competência dos estados-membros enfraquecendo a federação. Ainda deu ao presidente a capacidade de cassar mandatos políticas, além da possibilidade do executivo de censurar os meios de comunicação. O Ministério Público voltou a ficar dentro do poder judiciário e o controle de constitucionalidade passou a acontecer pela via difusa e concentrada.
Em 1.967 assume a presidência da república Costa e Silva que é um “linha dura”. Nesse período que começa a surgir revoltas por parte dos Estudantes. Morre um estudante em uma passeata no Rio de Janeiro. Vale lembrar que passeatas sem violência nesse momento eram legais. Costa e Silva começa a ser pressionado pelos militares “linha dura” de seu grupo, por ser liberal em relação aos outros “linha dura”. Em 3 de setembro de 1.968 um deputado (Márcio Moreira Alves) faz um discurso na câmara para que a população boicotasse o 7 de setembro, em oposição ao militarismo, além de outras medidas a serem tomadas contra os militares. Os militares em razão disso pedem a suspensão da imunidade de Márcio Moreira Alves. Em outubro de 1.968 a câmara não suspende a imunidade de Márcio Moreira Alves, em um discurso belíssimo de Mario Covas. Em razão disso, no dia 13 de dezembro de 1.968 os militares editam o AI 5.
O Ato Institucional 5 foi o documento mais autoritário da nossa história constitucional. Ele fechou o Congresso Nacional por tempo indeterminado. Cassa mandatos e direitos políticos. Cria um estado de sítio permanente. Suspende direitos civis, implanta toque de recolher, suspende a utilização do habeas corpus. Além disso, houve ampliação da censura, uma vez que todas as produções intelectuais deveriam ser primeiramente analisadas por um censor da polícia federal. Proíbe qualquer tipo de manifestação. O AI 5 fica em vigência de 13 de dezembro de 1.968 até 1.979.
Constituição Brasileira de 1.969
Costa e Silva, em 1.969, por estar muito adoentado, é afastado do poder. O civil Pedro Aleixo deveria assumir, mas os militares não permitem que o Pedro Aleixo assuma e os militares assumem a presidência da república, pela “junta militar”, ou seja, três militares: Ministro da Marinha; Ministro da Aeronáutica e do Exército (Três Patetas). Como as manifestações estão proibidas, inicia-se a guerrilha urbana no Brasil. No dia 17 outubro de 1.969 os três Ministros editam a Emenda Constitucional 01 à Constituição de 1.967 que se torna a Constituição de 1.969.
Tal Constituição foi outorgada pelos militares (junta militar). Quanto mais longo o preâmbulo, menos legitimidade tem a Constituição. A Constituição de 1.969 se deu sem qualquer legitimidade, talvez por isso o preâmbulo seja tão grande. Ela centralizou ainda mais os poderes nas mãos do chefe do executivo. Trouxe censura, presidente com o poder de fechar o Congresso Nacional, estado de sítio, proibição de manifestações, eleições indiretas, Ministério Público dentro do Poder Executivo.
Em 1.969 assumiu a presidência Emílio Médici. A força do presidente era tanta que ele escolhia o técnico da seleção brasileira, e em 1.970 o Brasil foi Tri-campeão. Inicia-se a luta armada em 1.969/1.970 visto que o AI 5 havia proibido as manifestações.
O AI 13 instituiu o exílio para as pessoas perigosas para o Brasil. O AI 14 trouxe a pena de morte para o Brasil. Houve criação de grupos de repressão ao movimento de revolta da população, entre eles: OBAN (Operação Bandeirante); DOI-CODI (Agência das Forças Armadas que fazia a repressão militar).
Em 1.974 houve a crise do Petróleo. Depois e Médici o Presidente foi Guiesel, que governou de 1.974 à 1.979, sendo a volta da Escola de Sorgoni, iniciando-se uma abertura lenta, gradual e segura. Guiesel iniciou um processo de redemocratização do Brasil. Nesse ano ainda há eleição para o Senado, surgimento de horário político gratuito. Em 1.976 surge a lei Falcão (Armando falcão era o Ministro da Justiça de Guiesel). Nesse mesmo ano surge o fechamento do Congresso Nacional de novo.
Em 1.977 veio o “Pacote de Abril de 1.977”, que foi um conjunto de emendas que altera a Constituição. Criam-se os senadores biônicos, ou seja, senadores eleitos indiretamente. As assembléias legislativas estaduais escolhiam um senador. Esse pacote ainda altera a representatividade dos estados do centro-oeste, norte e nordeste, passando a eleger o maior número de deputados federais. O governo estava perdendo vagas na Câmara dos deputados e usou essa tática para que a situação tivesse o maior número de deputados na Câmara. Analfabeto passa a ter direito facultativo de voto.
Em 1.979 temos um novo presidente, João Batista Figueiredo, que foi o último presidente militar. Seu mandato foi aumentado para 6 anos e ele governou de 1.979 à 1.985 onde foi aprovada a lei da anistia, sendo revogados o AI 2 e o AI 5. Assim, sem o AI 2, institui-se o pluripartidarismo, onde a ARENA vira o PDS, que posteriormente vira PFL, ainda depois, DEM. Com a lei da anistia, voltam para o Brasil os exilados (Gilberto Gil; Fernando Henrique; Caetano Veloso, etc.) Em 1.977 inicia-se um movimento de greve, principalmente no ABC Paulista,onde Lula vai preso. O MDB se dividiu e se transformou em PMDB (Ulisses), PT (Lula), PDT (Brisola), PP (Tancredo), PTB (Ivete Vargas), PCB e PCdoB.
Em 1.984 houve a campanha das DIRETAS JÁ com a emenda “Dante de Oliveira” que previa as eleições diretas para 1.985. A PEC não foi aprovada. A eleições de 1.985 seriam portanto, indiretas. Nestas eleições indiretas a oposição resolveu lançar um candidato: Tancredo Neves. Como a oposição não teria condição de voto para ganhar as eleições, ela conseguiu o apoio parcial do PDS, sendo o apoio vindo de José Sarney, que ficou sendo vice-candidato de Tancredo Neves. A situação lançou Paulo Maluf, que perdeu para Tancredo Neves na eleição. Tancredo Neves fez propostas no sentido de que se ganhasse a eleição convocaria uma Assembléia Nacional Constituinte. Dia 15 de março de 1.985 Tancredo Neves assumiria, mas dia 14 Tancredo Neves passou mal. Daí surgiu a dúvida de Sarney poderia assumir a presidência: a primeira corrente defendia que como Tancredo não chegou a tomar posse, Sarney não poderia tomar posse, devendo Ulisses Guimarães, presidente da Câmara, tomar posse; a segunda corrente diz que Sarney, sendo vice, deveria tomar posse. Houve uma reunião na casa de Leitão de Abreu (ex-ministro do Supremo) onde compareceram Ulisses Guimarães, Sarney e os Ministros Militares.
Sarney assume e diz que vai convocar a Assembléia Constituinte. Tancredo morre dia 21 de abril de 1.985. Em 1.986 Afonso Arinos de Melo Franco é convocado para fazer parte da comissão que elaborará um Projeto de Constituição. Alguns defendiam que deveríamos ter uma Assembléia Nacional Constituinte exclusiva, ou seja, somente para ser feita a Constituição. Outra posição defendia que o Congresso deveria ser investido nessa posição. Esta segunda tese foi vitoriosa, e nas eleições de 15 de novembro de 1.986 nós elegemos um Congresso Constituinte. Vale lembrar que a Assembléia Nacional Constituinte tem apenas um objetivo, que é elaborar a Constituição, já o Congresso Constituinte tem dois objetivos: ele é o Poder Constituinte Originário criando a Constituição e é o Poder Constituinte Constituído ou Legislativo, que elabora as normas infraconstitucionais. Terminada a Constituição (promulgada em 5 de outubro) o Congresso continuou como Legislativo. Essa é uma falha da nossa Constituição, muito criticada pela doutrina, porque houve legislação em causa própria, criando institutos como: imunidade parlamentar; foro por prerrogativa de função, etc. Alguns Senadores, em razão do mandato de 8 anos, foram eleitos em 1.982 e participaram da elaboração da Constituição, sendo outro fato que retira a legitimidade da nossa Constituição.
O período de 1° de fevereiro de 1.987 à 5 de outubro de 1.988 foi importante, havendo a criação de 24 comissões temáticas, uma vez que partimos do zero não havendo nenhum modelo de Constituição. As 24 comissões foram reduzidas e passaram a serem apenas 8 comissões, presididas por Bernardo Cabral. Todos os temas foram reduzidos à 551 artigos, surgindo muitas críticas como o fato de ter havido uma pulverização dos trabalhos, ou seja, divisão dos trabalhos, também é criticada a baixa qualidade dos Constituintes. Faltava a “grandeza Constitucional”, onde havia a defesa de grupos específicos. Essa reunião de artigos recebe várias emendas, ou seja, 20.790 emendas, analisadas por Cabral e reduzidas à 374 artigos que por sua vez, sofre 14.320 emendas,tornando 336 artigos. Em novembro de 1.987 é criado o “Centrão”(dois terços dos parlamentares não participaram da Comissão de Sistematização da Constituição, portanto o Centrão busca a participação destes parlamentares) que mudou as regras da Constituinte. Em fevereiro de 1.988 o projeto da Constituição foi aprovado em primeiro turno e iniciam-se os debates para o segundo turno. Há dispositivos na Constituição que ao menos foram aprovados. Em 5 de outubro de 1.988 a Constituição foi aprovada.
- Análise da Constituição de 1.988 – Artigo 1° ao Artigo 4° -
No artigo 1° da CRFB/88, o termo inicial “A” é um símbolo, ou seja, um sinal lingüístico, de que a Constituição de 1.988 trouxe do passado a república e a federação. O nome do nosso ESTADO (República Federativa do Brasil) revela a forma e o regime de governo.
Artigo 1° - A república Federativa do Brasil, formada pela União indissolúvel dos Estados e Município e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – pluralismo político
Não se deve confundir o conceito de Estado com o conceito de país, uma vez que aquele se refere à uma sociedade política, enquanto este é o componente espacial do Estado, ou seja, é o habitat do povo do Estado (República Federativa do Brasil = Estado ; Brasil = País) Não se confunde também o conceito de Estado com nação. Nação é um conjunto de pessoas ligados pela mesma origem, cultura. Nação para nós tem conceito sociológico. Para quem adota uma cultura jurídica anglo-saxônica (EUA, Inglaterra, Austrália) o conceito de nação guarda identidade com o conceito de nação. Vale lembrar que pátria não é um conceito jurídico, uma vez que pátria é a terra do pai, terra que amamos. Apesar disso, no artigo 142 fala em “defesa da pátria”. Para se chegar a uma forma de governo de governo devemos descobrir de que maneira o poder é exercido dentro do nosso território. Aristóteles respondeu à essa pergunta, dizendo que existe três tipos de governo: Monarquia (governo de um só); Aristocracia (governo de mas de um, porém, poucos); República (governo de muitos). A Monarquia corrompida vira Tirania. A Aristocracia viciada vira Oligarquia, e por fim, a República viciada vira Demagogia. Portanto:
Monarquia + Vício = Tirania
Aristocracia + Vício = Oligarquia
República + Vício = Demagogia
Segundo Maquiavel ou o Estados são Principados ou são Repúblicos. Aqui estão as formas de governo. Na Monarquia o poder é exercido de maneira hereditária, vitalícia e de maneira irresponsável. Na República o poder é exercido de maneira eletiva, temporária e responsável. Atualmente, em razão das Monarquias Européias, o Rei reina mas não governa, de forma que as diferenças acima mencionadas quase que desapareceram. O conceito de República no artigo 1° deve ser entendida como um princípio republicano, não devendo considerá-la apenas como forma de governo oposta á monarquia, surgindo a honestidade cívica, retirando daí três conseqüências: todos são iguais perante a lei; necessidade de que todos sejam responsabilizados pelos seus atos; qualquer obstáculo que impeça que o cidadão seja responsabilizado por ato ilícito é inconstitucional (ex.: forro por prerrogativa de função para todo mundo.
O termo “união” no artigo 1° é um substantivo feminino de ligação, referindo-se à pacto, reunião, não se referindo a União pessoa jurídica. José Afonso da Silva diz que também no artigo 1° (assim como no art. 18) se refere à pessoa jurídica com capacidade política UNIÃO FEDERAL. O termo “indissolúvel” no artigo 1° se refere à indissolubilidade do vínculo não podendo haver separação dos Estados, sendo essa uma característica importantíssima da federação. Na defesa dessa característica, há a intervenção federal, lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional) que defende a indissolubilidade do vínculo criando um crime federal (caso haja absolvição ou condenação nesse crime, não cabe apelação, cabe recurso ordinário constitucional para o STF). José Afonso a Silva diz que o Município não faz parte da federação, sendo apenas uma divisão territorial do Estado-membro, visto que falta aos Municípios uma das características da Federação. Não há no âmbito da União nenhuma casa, câmara ou algo de representantes dos municípios. Mas a doutrina amplamente majoritária entende que há uma divisão tridimensional (União, Estados Membros e Municípios – no que se refere ao Distrito Federal, tem natureza híbrida, uma vez que hora tem atribuições de Estado,hora de Município).
O artigo 1° da CRFB/88 fala em “Estado Democrático de Direito”. A Constituição Portuguesa de 1.976 fala em “Estado de Direito Democrático”, sendo importante saber se há diferença entre os dois termos. Até 1.789 vivíamos em um Estado Absolutista, e em 1.789 a Revolução Francesa põe fim ao Estado Absoluto, surgindo o chamado Estado Liberal que possui um núcleo político-jurídico chamado de Estado de Direito, e um núcleo econômico chamado de Liberalismo Econômico, e um núcleo filosófico chamado de Individualismo.
O Estado de Direito tem dois objetivos: divisão orgânica; ofertar ao cidadão direitos fundamentais. Esse Estado de Direito surge como um instituto antagônico ao absolutismo. Nesse tipo de Estado, administrador e administrado sujeitam a lei. Aqui não se diferenciava vigência da lei de validade da lei. Toda lei criada de acordo com o processo legislativo era vigente, e portanto, válida.
Após a Segunda Guerra Mundial percebeu-se que existem valores acima da lei, sendo eles: liberdade; igualdade; dignidade da pessoa humana. O Estado Democrático de Direito diz que a lei além de ser vigente, ela deve ser válida, e para que ela seja válida, deve portanto respeitar a liberdade, igualdade e dignidade da pessoa humana. Valorizou-se mais a democracia do que o direito em si. Nesse caso, o direito qualifica a democracia, que é um substantivo, sendo o “direito” um adjetivo, qualificando a democracia. 
Existe quem defenda que não existe diferença entre o que está escrito na nossa Constituição e o que está escrito na Constituição Portuguesa, dizendo que todo Estado Democrático deve ser de direito, e todo Estado de Direito deve ser democrático. São fundamentos do Estado Democrático de Direito a liberdade, a igualdade e a dignidade da pessoa humana.
O inciso I do artigo 1° traz a “soberania”, que é o poder político, supremo e independente. “Poder político” é a capacidade de se valer da violência legítima (obrigatoriedade; coercibilidade), conceito esse dado por Max Weber. “Supremo” significa que na ordem interna não existe pode maior do que a soberania. “Independente” significa que na ordem internacional não devemos obediência à nenhum outro Estado. Hoje, esse conceito de soberania está relativizado em homenagem ao chamado Estado Constitucional Cooperativo, que é um estado que se comunica com outros estados, há uma cooperação jurídica internacional, sendo um exemplo claro e típico o TPI (Tribunal Penal Internacional).
O inciso II do artigo 1° fala em “cidadania”, onde o sujeito pode exercer direitos e contrair obrigações. Cidadão pode ser conceituado em sentido restrito e em sentido amplo. Em sentido restrito é o nacional que exerce direitos políticos (vota; pode ser votado). Cidadão em sentido amplo é todo indivíduo que pode exercer direito e contrair obrigações.
O inciso III do artigo 1° fala em “dignidade da pessoa humana”, que não é um direito, sendo um sobredireito, é pré-constitucional, pré-estatal. É um conjunto de valores civilizatórios incorporados ao patrimônio da humanidade. Hoje se fala no chamado Giro Kantiano. Kant diferenciou o indivíduo da coisa, uma vez que o indivíduo é um fim em si mesmo, por isso o indivíduo tem dignidade, diferente da coisa, que é um meio para o alcance de um fim, por isso a coisa tem preço, e não dignidade. A dignidade deve ser entendida como existência digna em sentido moral (direito de ter direitos, não podendo o cidadão ser desrespeitado, desmoralizado) e em sentido material (direito a um piso mínimo de dignidade, nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, é o mesmo que o “mínimo existencial”, como saúde, trabalho, previdência, segurança, conforme as aulas do Professor Marcelo Novelino).
O inciso IV do artigo 1° traz “os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”, sendo assim, o fato dos valores sociais do trabalho, significa que o capitalismo que adotamos está condicionado aos valores sociais do trabalho, não podendo o trabalho como um castigo, não pode ser o trabalho escravizado, sendo necessário um respeito ao trabalhador. O trabalho serve para que o cidadão possa individualmente progredir, tendo como conseqüência o progresso de nosso estado. A “livre iniciativa” é uma clara opção pelo capitalismo, sendo possível que o indivíduo tenha o monopólio exclusivo sobre os bens ou meios de produção. Bens ou meios de produção são bens inconsumíveis utilizados para a produção de outros bens (indústria; comércio; etc).
O “pluralismo político” do inciso V do artigo 1° não significa a apenas a possibilidade de existirem diversos partidos, mas também significa direito “fundamental á diferença”, ou seja, aceitar o outro da forma que ele é, ver os outros com os olhos dos outros, ser tolerantes, uma vez que nós não somos iguais (ex.: plurissexualidade da constituição, onde há dois gêneros, homens e mulheres, mas há identidade sexuais diversas- é importante falar em homossexualidade, não em homossexualismo, uma vez que esse último termo não se refere a doença como o primeiro).
� Relações entre o Estado e a Igreja: Pode ser dar pela FUSÃO (o chefe de estado é Deus ou é representante de Deus na terra, sendo os Estados Teocratas, à exemplo do vaticano); UNIÃO (Estados Confessionais, onde existe uma religião oficial, à exemplo da Argentina); SEPARAÇÃO (Estados Laicos, não confessionais, onde o Estado não tem religião oficial, também chamado de Estados Seculares, à exemplo do Brasil na atualidade).
� Considerava o habeas corpus como remédio para tutelar todos os direitos líquidos e certos.
� Política onde o governo do país era alternado entre café (São Paulo) e leite (Minas Gerais).
� O Atual CP e Atual CPP são fruto dessa época, portanto, são decreto-leis.
� Direito Constitucional também é cultura inútil, ahauhauhauhauha.
� Vale lembrar que nessa época era possível escolher o presidente de um partido e o vice de outro partido, o que atualmente, em nosso país não é permitido.
� Vale lembrar que já fomos parlamentaristas duas vezes em nossa história. Parlamentarismo “à brasileira”em 1.848 e de setembro de 1.961 à fevereiro de 1.963.
� Eram da ARENA: Marco Marciel; José Sarney; Antônio Carlos Magalhães; Maluf. Eram do MDB: Covas; FHC; Itamar Franco; Ulisses Guimarães.

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