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1 Disciplina: CONSERVAÇÃO DE SOLO E ÁGUA Aula 3: FATORES QUE AFETAM A EROSÃO HÍDRICA Prof: Alberto E. Knies albertok@unisc.br 1 Aula 1: SISTEMAS DE CULTIVO DO SOLO 2 Revisão - Aula 1 �Convencional; �Reduzido ou mínimo; �Plantio direto. ETAPAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PD: 1. Sistematizar o terreno → eliminar sulcos ou valetas de erosão; 2. Fazer terraceamentos, se necessário; 3. Coleta e análise do solo; 4. Aplicação de calcário e fertilizantes; 5. Descompactar o solo e incorporar o calcário e/ou fertilizantes; 6. Implantação de plantas de cobertura do solo; 7. Manejo das plantas de cobertura do solo; 8. Semeadura com máquina (semeadora) apropriada. OBS: É muito importante um correto planejamento de rotação de culturas. 3 CARACTERIZAÇÃO: É o processo de desagregação e transporte de partículas de solo pelos agentes erosivos despindo seus horizontes, principalmente o horizonte A, que é o de maior importância agrícola (ELLISON, 1944). AulaAula 22:: 4 Aula 2: EROSÃO DO SOLOAula 2: EROSÃO DO SOLO ⇒ Perda da estrutura do solo ⇒ Diminuição da prof. efetiva do solo ⇒ Decréscimo da fertilidade do solo ⇒ Diminuição da ciclagem de nutrientes ⇒ Diminuição da atividade biológica ⇒ Aumento da dependência de agroquímicos ⇒ Diminuição da infiltração de água ⇒ Diminuição do armazenamento de água do solo ⇒ Diminuição da capacidade produtiva do solo Consequências da Erosão Qualidade do Solo 5 � EROSÃO GEOLÓGICA Em equilíbrio com os processos de formação do solo – longo tempo (milhões de anos). � EROSÃO ACELERADA Resultante das alterações causadas pelo homem nas condições naturais, em desequilíbrio com os processos de formação do solo – curto espaço de tempo PROCESSOS DE EROSÃO: 6 2 7 A erosão ACELERADA, levando em conta o AGENTE causador, divide-se em: � Erosão Hídrica: causada pela ação da água: Pluvial: chuva Fluvial: rios Lacustre: lagos Marinha: mares � Erosão Eólica: causada pela ação do vento. � Erosão Glacial: causada pela ação do gelo. FASES DA EROSÃO Desagregação É uma fase de choque, de impacto, de batida na superfície do solo . No caso da erosão pela água, as gotas batem sobre o solo e respingam. 8 Transporte De acordo com Bagnold (1941), as partículas de solo se movimentam de três maneiras distintas: � Arraste superficial �Salteamento � Suspensão. A maneira de transporte vai depender de alguns fatores: Tamanho das partículas Força do agente Topografia do terreno Presença ou ausência de obstáculos 9 Deposição A deposição ou assentamento é a parada do material. É o fim do transporte, a deposição se verifica quando o agente perde a força. Ou quando encontra obstáculos que podem dividir o seu volume, mudar a direção, diminuir sua velocidade, retardar o seu movimento ou forçar sua parada. Assim: Quanto maior o TAMANHO DAS PARTÍCULAS, mais rapidamente elas assentam. Quanto maior a VELOCIDADE DO AGENTE, mais demorado é o assentamento. 10 � Impacto da gota de chuva (energia cinética) sobre o solo (A) � causa a fragmentação dos agregados e a formação de pequenas partículas (B) � que bloqueiam os poros e formam uma superfície selada (C). A água que escorre carrega partículas de solo que são depositadas nas partes baixas onde a velocidade da água é reduzida (D) (Derpsch et al. 1991). 11 PROCESSO DA EROSÃO HÍDRICA DO SOLO FORMAS DE EROSÃO EROSÃO LAMINAR 12 EROSÃO EM SULCOS EROSÃO EM BARRANCOS OU VOÇOROCAS 3 Erosão do Solo Erosão do canal Erosão em sulco Erosão laminar Desagregação Erosão em voçorocas 13 Aula 3: FATORES QUE AFETAM A EROSÃO HÍDRICA 1. Chuva 2. Solo 3. Topografia 4. Uso e manejo do solo 5. Práticas conservacionistas 14 1. CHUVA • Tamanho, forma e velocidade das gotas • Intensidade da chuva (mm h-1) • Duração (h) • Quantidade total (mm) • Frequência • Sazonalidade 15 Forma e tamanho da gota de chuva Fonte: USDA Soil Conservation Service (1940). 16 Relação entre tamanho médio e velocidade de queda das gotas (sem vento) Diâmetro médio das gotas (mm) Velocidade de queda (m s-1) 1,25 4,85 1,50 5,51 2,00 6,58 3,00 8,06 4,00 8,86 5,00 9,25 6,00 9,30 17 Ec = m v2 / 2 18 4 CompactaçCompactaçãoão e selamentoe selamento superficialsuperficial UmedecimentoUmedecimento FormaçFormaçãoão de lâminasde lâminas de águade água Salpicos e Salpicos e destruiçdestruição de ão de agregadosagregados Deslocamento Deslocamento e transporte e transporte de partículasde partículas ObstruçObstrução dos ão dos porosporos Efeito das gotas de chuva 19 Energia equivalente, em um ano, a 50 t ha-1 de dinamite Impacto da gota de chuva Fonte: USDA Soil Conservation Service (1940). Intensidade = (mm h-1) Intensidade = Volume / Tempo 21 Relação entre diâmetro médio das gotas e intensidade da chuva Diâmetro médio das gotas (mm) Intensidade da chuva (mm h-1) 0,75 – 1,00 0,25 1,00 – 1,25 1,27 1,25 – 1,50 2,54 1,75 – 2,00 12,70 2,00 – 2,25 25,40 2,25 – 2,50 50,80 2,75 – 3,00 101,60 3,00 – 3,25 152,40 22 Efeito da intensidade da chuva sobre a erosão do solo Duração da chuva (min.) Intensidade da chuva (mm h-1) Perda de solo (t ha-1) Perda de água (% da chuva) 30 60 6,0 54 15 120 15,3 64 23 Efeito da frequência da chuva sobre a erosão do solo Data da chuva anterior Data da chuva Intensi- dade da chuva (mm h-1) Quanti- dade de chuva (mm) Perdas de Solo (t ha-1) Água (mm) 03/08 20/08 36 18 0,0 0,1 20/10 22/10 14 12,5 0,5 2,4 24 5 � Infiltração � Estrutura-Porosidade � Textura � Umidade �Desagregação � Tipo e teor de argila � Matéria orgânica � Tipo de cátion � Umidade �Transporte � Tamanho da partícula � Densidade da partícula � Densidade do solo 2. SOLO 25 3. TOPOGRAFIA • Grau do declive • Comprimento da rampa • Curvatura e microrelevo 26 27 Efeito do grau do declive sobre a erosão do solo Grau do declive (%) Perdas de solo (t ha-1) 4 2,8 8 6,3 12 12,6 28 Efeito do comprimento da rampa sobre as perdas por erosão Comprimento da rampa (m) Perdas Solo (t ha-1) 25 13,9 50 19,9 100 32,5 Utilização de curvas de nível ou terraceamento? 29 4. USO E MANEJO DO SOLO • Cobertura do solo • Tipos de cultura • Tipos de preparo • Rotação de culturas 30 6 Efeito da quantidade de palha de trigo sobre as perdas de solo por erosão Tratamento Perdas de solo (t ha-1) (%) Palha queimada 6,45 100 3,4 t ha-1 palha 3,34 52 5,3 t ha-1 palha 1,53 24 Fonte: Equipe de Manejo e Conservação do Solo - IAPAR 31 Efeito do uso do solo sobre as perdas anuais de solo e água Culturas Perdas de solo (t ha-1) Perdas de água (%) Floresta 0,004 0,7 Pastagem 0,4 0,7 Cafezal 0,9 1,1 Algodão 26,6 7,2 32 Efeito da intensidade de preparo do solo e da resteva sobre as perdas de solo por erosão Preparo do solo Perdas de solo (t ha-1) (%) Aração + 2 gradagens + palha queimada 12,31 100 Grade pesada + 2 gradagens + manutenção palha 7,59 62 Aração + 2 gradagens + manutenção palha 5,71 46 Fonte: Equipe de Manejo e Conservação do Solo - IAPAR 33 5. PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS • Uso e adequação 34 Efeito de práticas conservacionistas sobre as perdas de solo em culturas anuais Práticas conservacionistas Perdas proporcionais (%) Plantio morro abaixo 100 Plantio em contorno 50 Alternância de capinas + plantio em contorno 40 Cordões vegetados permanentes 20 Terraço 10 Fonte: Adaptado de Bertoni et al. (1975). Equação de perdasde solo. IAC. Boletim Técnico n. 21. 35 FATORES QUE AFETAM A EROSÃO HÍDRICA 1. Chuva 2. Solo 3. Topografia 4. Uso e manejo do solo 5. Práticas conservacionistas 36 7 EQUAÇÃO UNIVERSAL DE PERDAS DE SOLO - EUPS 38 Foi desenvolvida com o objetivo de servir como um guia para o planejamento do uso do solo e determinar as práticas de conservação do solo mais apropriadas para um determinado local. OBJETIVO Quando a estimativa da perda de solo pode ser comparada com a tolerância de perdas para aquela área, é possível determinar as combinações de cultivos e manejo a serem adotadas, nas quais a previsão de perdas é menor do que a tolerância, proporcionando assim uma verificação satisfatória do controle da erosão. COMO? 39 TOLERÂNCIA A expressão tolerância de perdas de solo é usada para designar a intensidade máxima de erosão do solo que permitirá um elevado nível de produtividade mantida econômica e indefinidamente. HISTÓRICO DA EQUAÇÃO ±1935 - ZING: L + S SMITH: L + S + C + P BROWNING: K + L + S + C + P 1947 - MUSGRAVE: R + K + L + S + C + P ± 1960 - Agricultural Research Service, EUA, sediado na Universidade de Purdue: Equação Universal de Perda de Solo (EUPS). 40 41 Perda de solo média anual, t ha-1 ano-1 PS = R K L S C PPS = R K L S C P Fator erodibilidade do solo, t ha-1/MJ mm ha-1 h-1 Fator de declividade de encosta Fator erosividade da chuva, MJ mm ha-1 h-1 Fator comprimento da encosta Fator uso e manejo do solo Fator práticas conservacionistas 42 8 A= perda média de solo, Mg ha-1 ano-1 R= fator de erosividade da chuva, MJ mm ha-1 h-1 K= fator de erodibilidade do solo, Mg ha-1/(MJ mm ha-1 h-1) LS= fator de comprimento e grau do declive, adimensional C= fator uso e manejo do solo, adimensional P= fator práticas conservacionistas, adimensional. CÁLCULO DE PERDAS DE SOLO PELA EQUAÇÃO UNIVERSAL DE PERDAS DE SOLO (EUPS) A = R . K . LS . C . P 43 Fatores dependentes das condições naturaisFatores dependentes das condições naturais Fatores relacionados a forma de ocupação PS = R K L S C PPS = R K L S C P 44 ErosividadeErosividade da chuva (R)da chuva (R) � Capacidade da chuva em causar erosão em um solo sem proteção; � Função da energia cinética, intensidade de precipitação e lâmina total precipitada; � Apenas o fator R é calculado diretamente a partir de registros pluviométricos locais; �Necessidade de análise de pluviogramas; � Carência de valores de R para o Brasil; � Limitam-se a poucas localidades nos Estados; 45 COMO ENCONTRAR OS COEFICIENTES E VALORES PARA EFETUAR O CÁLCULO: R : estimado Solo R Santo Ângelo Latossolo Vermelho distroférrico típico 9340 Passo Fundo Latossolo Vermelho distrófico típico 7340 Escobar Vertissolo Ebânico órtico chernossólico 11400 São Pedro Argissolo Vermelho distrófico arênico 9000 46 47 Silva (2004) sugeriu a divisão do Brasil em em 8 regiões homogêneas em termos de características da precipitação, onde na região 8, que engloba o RS, SC e PR a erosividade da chuva pode ser determinada pela equação: Rx = 19,55 + (4,2*Mx) Onde: Rx = erosividade da chuva para cada mês Mx = precipitação média mensal Obs.: O valor de R utilizado na EUPS se refere ao valor anual (soma os 12 meses). 48 9 EI 30 49 50 ErodibilidadeErodibilidade do Solo (K)do Solo (K) � Expressa a resistência do solo à erosão hídrica sendo dependente, entre outros fatores, dos atributos mineralógicos, químicos, morfológicos e físicos. � É um valor determinado em parcelas experimentais de perdas de solo padronizada*. �*Preparo de forma convencional (uma aração e duas gradagens) morro abaixo e mantido descoberto de maneira que os fatores: L = 22,1 x 3,5 m, S = 9%, C e P sejam iguais a 1. 51 NOMOGRAMA de Wischmeier et al. (1971) K corrigido: multiplicar K por fc 0,1317 (ajuste para o Sistema Internacional de Unidades). 52 Comprimento e Declividade da Encosta (LS)Comprimento e Declividade da Encosta (LS) A intensidade da erosão hídrica é afetada tanto pela distância ao longo da qual se processa o escoamento superficial quanto pela declividade do terreno. Equação proposta por Bertoni e Lombardi Neto (1990) LS = 0,00984 L0,63 S1,18 L: medição direta no campo (trena, GPS, imagem de satélite) (metros) S: diferença de nível, no campo (%) 53 Uso e Manejo do Solo (C)Uso e Manejo do Solo (C) Indica o efeito da vegetação nas perdas de solo e água por erosão. Varia em função de: � TIPO DE VEGETAÇÃO � POPULAÇÃO � DESENVOLVIMENTO � MESES E ESTAÇÕES DO ANO 54 10 Práticas conservacionistas (P)Práticas conservacionistas (P) Preparo e semeadura morro abaixo - P = 1 Preparo e semeadura em contorno e terraceamento – P = 0,5 Alternância de capinas – P = 0,4 Cordões de vegetação permanente (semeadura direta) – P = 0,2 55 Solo T (Mg solo ha-1) Santo Ângelo Latossolo Vermelho distroférrico típico 12 Passo Fundo Latossolo Vermelho distrófico típico 8 Escobar Vertissolo Ebânico órtico chernossólico 4 São Pedro Argissolo Vermelho distrófico arênico 6 TOLERÂNCIA DE PERDA DE SOLO Determinada em função de: �Propriedades físicas e químicas; �Profundidade; �Topografia; �Erosão antecedente 56 57 Oliveira et al. Tolerância de Perda de Solo por Erosão para o Estado da Paraíba. Revista de Biologia e Ciências da Terra, n. 2, v. 8, 2008. 58 Mannigel et al. Fator erodibilidade e tolerância de perda dos solos do Estado de São Paulo. Acta Scientiarum, v. 24, n. 5, p. 1335-1340, 2002. Para estimar cada uma das variáveis da EUPS, de forma tradicional, é necessário uma quantidade considerável de experimentos de campo, o que representa quase a inviabilização do estudo para grandes áreas. Por essa razão torna-se necessária a utilização das técnicas de geoprocessamento, como alternativa ferramental para esse tipo de análise em escala regional. A EUPS é empregada, com bons resultados, para pequenos talhões compatíveis com o uso agrícola, resultando na quantificação da perda de solos por erosão laminar e sulcos nessas áreas. 59 ATIVIDADE Seja uma gleba de Latossolo na região de Campinas, tendo o terreno 8% de declive e com cerca de 100 metros de comprimento de rampa. Será cultivado com uma rotação de culturas de quatro anos: pasto, pasto, milho e soja. O preparo do solo será convencional e as culturas plantadas em contorno, sendo que os restos culturais do milho e soja serão incorporados nesse preparo. A fertilidade do solo é razoável e, a produção esperada, de média a alta. R = 686 K = 0,12 LS = 2,08 C = 0,1376 P = 0,5 A = 686 X 0,12 X 2,08 X 0,1376 X 0,5 = 11,8 t/ha 60 11 EXERCÍCIO para PRÓXIMA AULA: Chuva: 1700 mm anuais. Solos: 1- Latossolo (Passo Fundo) 2- Vertissolo (Escobar) 3- Argissolo (São Pedro) L: 350 m (quando com terraços 50 m) S: 6 % Uso e manejo: - Milho - Pastagem - Soja/feijão Práticas conservacionistas: - Semeadura morro abaixo - Teraceamento - Semeadura direta Explicar os diferentes resultados encontrados, levando em consideração: • Construção ou retirada de terraços de áreas de lavoura sob plantio direto, e • A adoção do sistema plantio direto, isoladamente, é suficiente para resolver os problemas de erosão do solo? 61 K: utilizar os dados abaixo 62 K corrigido: multiplicar K por fc 0,1317 (ajuste para o Sistema Internacional de Unidades) TOLERÂNCIA DE PERDA DE SOLO � Latossolo (Passo Fundo): 8,0 Mg solo ha-1 ano-1 � Vertissolo (Escobar): 4,0 Mg solo ha-1 ano-1 � Argissolo (São Pedro): 6,0 Mg solo ha-1 ano-1
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