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Q Obras uartier Latin www. quartierlatin. art .br Noções Preliminares de Direito Previdenciário Wagner Balera Contribuições Sociais - Doutrina e Jurisprudência Nicolau KonkelJunior Direito Previdenciário - 5a Edição Miguel Horvath Júnior Comentários à Legislação da Cofins Achiles Augustus Cavallo Pis-Cofins - Questões Atuais e Polêmicas Coordenação: Octavio Campos Fischer e Marcelo Magalhães Peixoto Lógica: Pensamento Formal e Argumentação - 3a edição Alaôr Caffé Alves Abuso do Direito e Concorrência Desleal Marcus Elidius Michelli de Almeida A nova Lei de Falências Legislação Quartier ISS - do texto à norma Marcelo Caron Baptista Manual de Previdência Social /Irthur Bragança Vasconcellos Weintrauh P revidência P rivada ABERTA Qu artier La tin I ,co do Amaral Filho A In/rc cm Direito Previdenciário pela PUC/SP I1.'sjnxialista em Direito Tributário pela PUC/SP Membro Efetivo do M SP Professor Universitário em São Paulo Advogado de Pinheiro Neto Advogados PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA Editora Quartier Latin do Brasil São Paulo, verão de 2005 quartierlatin@quartierlatin.art.br www. quartierlatin. art.br Editora Quartier Latiu do Brasil Rua Santo Amaro, 349 - Centro - Sã o Paulo Editor: Vinicius Vieira Formado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas — FG V-SP Editora de Texto: PriscilaTanaca Mestranda em Direito na PU C-SP Produção Editorial: Mônica A. Guedes Formada em Letras pela FFLC H -U SP Arte: Wildiney Di Masi Designer Gráfico pela Fac. Oswaldo Cruz Amaral Filho, Léo do — Previdência Privada Aberta — São Paulo : Quartier Latin, 2005. í . Previdenciário 2. Direito índice para catálogo sistemático: 1. B ra sil: Direito Previdenciário Contato: editora@quartierlatin.art.br www. quartieríatin. art. br S u m á r i o Agradecimentos...............................................................................15 Prefácio............................................................................................. 19 Introdução........................................................................................ 23 Capítulo I - CONCEITO E EXTENSÃO DA SEGURIDADE Social como Base do E studo, 31 1.1 Constituição Federal, Proteção e Direitos Sociais.............33 1.1.1 Considerações sobre os direitos sociais..............................33 1.1.2 O conceito de direito social na doutrina........................... 38 1.1.3 Os direitos sociais no universo do direito..........................44 1.1.4 A Constituição Federal como lei fundante de outra legislação e a implementação dos direitos sociais.................................................................................. 48 1.1.5 Os direitos sociais, os direitos e garantias fundamentais e a aplicabilidade das normas constitucionais.................................................................................. 53 1.1.6 A posição do ST F sobre o exercício dos direitos sociais.................................................................................. 61 1.2 A Seguridade Social na Constituição Federal de 1988.............................................................................................. 68 1.2.1 Organização......................................................................... 68 1.2.2 Os princípios gerais e específicos.......................................79 1.2.3 Os princípios específicos da seguridade social.................. 86 1.2.4 A regra da contrapartida - conseqüência da aplicação dos princípios.........................................................100 1.2.5 O equilíbrio na visão da seguridade social.....................104 1.2.6 A previdência social.........................................................106 1.2.7 A saúde.............................................................................. 122 1.2.8 A assistência social..........................................................126 1.2.9 A previdência privada inserida na seguridade social ................................................. 132 Capítulo II - A PREVIDÊNCIA SOCIAL E A PREVIDÊNCIA PRIVADA, 139 2.1 A Previdência Privada na Constituição Federal de 1988............................................................................141 2.1.1 O texto original e as modificações da Emenda Constitucional n° 20/98 ............................................................. 141 2.1.2 Natureza das entidades.................................................... 144 2.1.3 Características.....................................................................148 i > 2.1.4 Função das entidades de previdência privada...............152 2.1.5 Finalidade das entidades de previdência privada............................................................................................. 155 2.1.6 Da previdência estatal à previdência privada..................158 2.2 As Entidades Abertas de Previdência Privada na Constituição Federal de 1988 - Campo de Abrangência.................................................................................. 163 2.2.1 Os arts. 193, 201 e 202 da Constituição Federal........... 163 2.2.2 Limiar entre sistema financeiro nacional (art. 192 CF/88) e sistema previdenciário (art. 201 e 202 C F /8 8 ) ................................................................. 167 2.2.3 Divisão didática e integração de sistemas...................... 174 2.2.4 Perspectiva bifronte............................................................177 2.2.5 A divisão da previdência privada: entidades abertas e fechadas............................................................................. ISO 2.2.6 Sujeitos.................................................................................183 2.2.6.1 Sujeitos operadores................................................186 2.2.6.2 Sujeitos promotores.............................................. 187 2.2.6.3 Sujeitos que efetuam contribuições....................189 2.2.7 Abrangência.......... ............................................................. 192 2.2.8 Espécies de planos.............................................................194 2.2.9 Finalidade das entidades de previdência privada......... 205 2.2.10 Finalidade dos planos......................................................209 2.3 Os Benefícios das Entidades Abertas de Previdência Privada...................................................................... 212 2.3.1 A relação jurídica contratual da previdência privada....................................................................... 212 2.3.2 O conceito de benefício contratado............................... 227 2.3.3 Previdência privada e relação de consumo.................... 229 2.4 A Possibilidade de Insolvência e seus Efeitos nos Planos das Entidades Abertas de Previdência Privada .......................................................................243 2.4.1 Conseqüências................................................................... 243 2.4.2 As sanções previstas pelas leis......................................... 247 2.4.3 Formas de solução ............................................................ 253 2.4.4 Competência regulatória................................................. 25S 2.4.5 Responsabilidade do órgão fiscalizador........................ 273 2.4.6 Prescrição (legislação específica e Código Civil)................................................. .......................... 281 Conclusões.... ......................................... ..................................291 Bibliografia................................................................................307 PREVIDÊNCIA PRIVADA A b ERTA A g r a d e c i m e n t o s Agradeço aos meus pais, por tudo o queme trouxeram de bom. À minha avó Leonor, por sempre perguntar de mim. Ao meu avô Wilson, pelo ânimo de viver. Sigo a linha de Roberto Quiroga Mosquera, que em seu livro Tributação no M ercado F i nanceiro e de C ap ita is , torna enfático o agradecimento a quem lhe deu a oportunidade. Assim o faço ao meu orientador, Prof. Dr. Wagner Balera, pela chance que me deu de cursar o programa de Mestrado, por ter me recebido sempre que solicitei e pelo incen tivo constante e enérgico. Agradeço à amiga Profa. Dra. Heloíza Derzi, pela especial maneira de incentivar o início, a continuida de, o término do trabalho e as observações no dia da Banca. Cur sar o Mestrado em Direito na PU C/SP é lembrar-se daTherezinha e da Aline da Secretaria: que pessoas pacientes! Agradeço ao Marcelo e ao Sidão pelo pontapé inicial. Patrícia Medeiros Bar boza c Carina Abud pela ajuda. Ao bom e velho Rogério Dome ne. Cláudia Vit pela força. Ao amigo Gal Moreira Dini, que ao longo de meu curso de Mestrado esteve às voltas com sua tese de L éo d o A m a r a l F ilh o Doutorado em Medicina, e que com seu ânimo sem fim, várias vezes me acalmou dizendo: "... éassim , velho, não esquenta. Parece que não, m as um a d ia acab a”. Ao Edgard Xavier, um daqueles pou cos e raros amigos das “ocasiões submersas” que a vida traz. Dió- genes M endes G onçalves Neto e R ogério P. Pasqua pela transmissão dos conhecimentos que tiveram na pós-graduação na USP, pela ajuda desinteressada, pela revisão do trabalho, pelas su gestões, dicas e a preocupação em apoiar um amigo. Como não agradecer ao Affonso Heleno de Oliveira Fausto, pelos vários almoços, encontros, dicas, risadas, ironia refinada, histórias, pa ciência, seriedade e sensatez? Ao Nilton Molina, pela luz que me deu em relação ao foco de preocupações. Paulo Cavezzale pela forma de ver a Previdência Privada. Agradeço aos meus sogros Dr. Aurélio e D. Lúcia, pelas boas pessoas que são e pelo emprés timo de um conjunto na Avenida Lavandisca - gentilmente cha mado por meus amigos de “Cafofo Acadêmico” - lugar onde durante todo o ano de 2003 me dediquei à fase final de elabora ção deste trabalho. À Profa. Dra. Elizabeth Carrazza, pelo pri meiro crédito cursado. Ao Prof. Dr. Renato Becho pelo exemplo. Ao Octávio Bulcão e à M aria Rita Ferragut, pela disponibilidade e amizade. Ao Prof. Dr. Paulo de Barros Carvalho pelo conselho na primeira aula de Lógica Ju ríd ica : “N ão desistam. ” Ao Paulo Ayres Barretto pela dica ainda no Curso de Especialização: “Q uando a lu no d a graduação, eu escutei do Prof. Geraldo A ta lib a , e agora repito: leiam a Constituição F ed era l”. Agradeço pelos diversos e importantes estímulos recebidos por José Roberto Pisani, Eduardo Carvalho Caiuby e Raphael Di Cunto ao longo do curso. Agradeço à minha mulher, Denise, pelo carinho, incentivo e paciência em aguardar o término deste trabalho. Ao Benê, ao Jere mias e à Madalena pela alegria com que me recebiam quando eu retornava do Cafofo Acadêmico. P r ev id ên c ia P r iv a d a A berta Assim como faziam os romanos em relação a seus Deuses, deixo um local reservado a quem por esquecimento não men cionei. O brigado a todos pelo tempo gasto comigo! P r e fá c io por Wagner Balera PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA P r e f á c i o Um dos mais importantes campos de investigação científica na área do Direito Previdenciário é o da previdência privada aberta, com especial atenção para os direitos dos beneficiários dessa rede com plementar de proteção social. Os interesses dos participantes devem merecer toda a atenção do estudioso, porque, afinal, é para eles que se estrutura a seguridade social. A Constituição inovou, notadamente após a promulgação da Emenda Constitucional n. 20, de 1998, trazendo para tal terreno conceitos fundamentais, modernos e relevantes. A partir desse cenário LÉO DO AMARAL FlLHO elaborou seu tra balho no qual alia o rigor científico a uma já intensa atividade profis sional. Em síntese feliz, situa a problemática que estuda nos marcos abrangentes do Direito Social e daí se estende para questões previ denciárias de grande relevância, como a natureza contratual da aven ça e os problemas concernentes ao descumprimento da obrigação por parte da entidade de previdência privada. Quanto a este último aspecto, aponta com claridade o arsenal jurídico de que sc acham L éo d o A m a r a l F ilh o investidos os interessados para porem cobro a tal grave ofensa ao pactuado. Finalmente, o autor não deixa de refletir sobre o descumpri- mento da obrigação, assim como o instrumental para que se coíba tal procedimento. Trata-se, em suma, de obra fundamental para a compreensão do assunto. Algumas das teses de previdência privada complementar surgirão a partir da nova disciplina constitucional e legal a respeito do tema. Nada melhor do que já dispormos de boa doutrina, como este estudo, para tomar posição em torno delas. W agner Balera Professor Titular da Faculdade de Direito da P U C -SP Acadêmico Catedrático de Direito Previdenciário da Academia Nacional de Seguros e Previdência INTRODUÇÃO PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA In t r o d u ç ã o O presente trabalho foi apresentado como requisito para a ob tenção do título de Mestre em Direito das Relações Sociais - em sua subárea de Direito Previdenciário - no Programa de Pós-Graduação promovido pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Seu objetivo é investigar as garantias que o ordenamento jurídico dispõe para os planos de previdência privada1 aberta, a fim de que fique assegurado o pagamento de benefícios previdenciários complemen tares aos suportados pelo Estado, conforme premissa existente no caput do art. 202 da Constituição Federal. Esse é o problema objeto deste estudo. Para que esse objetivo fosse alcançado, foi necessário desenvol ver este texto para situar a Constituição Federal de 1988 no universo jurídico e ao mesmo tempo caracterizar a natureza e essência dos Esclarece-se que em diversos trabalhos as expressões "previdência privada" e "previ dência complementar" são utilizadas como sinônimas. A Constituição Federal <le 1988 se refere à primeira enquanto que a l ei Complementar nü 109 utiliza as duas expies sões ao longo de seu taxlo. ( )ptamos por utilizar a expressão "previdência privada", tal qual mencionada no art. '/()'/ da ( onsliluição Federal L éo d o A m a r a l F ilh o chamados “direitos sociais”. Posteriormente a essa etapa inicial, foi preciso definir e situar a seguridade social na Constituição Federal de 1988 e apontar a posição da previdência privada nesse contexto, para então verificar sua extensão, determinar seus entes gestores, os planos que proporcionam e seus benefícios, além dos efeitos de pos sível insolvência e, por fim, os subsídios que outros ramos do conhe cimento ofertam para a matéria. Após esse procedimento é que foram reunidos os elementos para a conclusão acerca do conteúdo necessário e limites das normas que decorrem do art. 202 da Constituição Federal de 1988. Ainda que exista o risco de se deixarem pontos importantes e ângulos de observação de lado, a delimitação do campo do estudo foi necessária para que assim não perdêssemos o rumo do objetivo des crito nos parágrafos acima, especialmente porque “(...) não se pode conceber, a não ser depois de amadureci do o raciocínio, a elaboração de um trabalho científico ao sabor da inspiração intuitiva e espontânea, sem obediência a um plano e aplicação de um método. (...) O raciocínio — parte essencial de um trabalho científico - não se desenca deia quando não se estabelece devidamente um problema. Em outras palavras, o tema deve ser problematizado. Toda argumentação, todo raciocínio desenvolvido num trabalho logicamente construídoé uma demonstração que visa so lucionar um determinado problema.”2 A forma escolhida para esta reflexão foi abordar a questão a par tir da Constituição Federal e dos direitos sociais, por meio de refe rências doutrinárias e alguns registros históricos, para então adentrar as disposições do direito brasileiro sobre seguridade social e, por meio de raciocínio dedutivo, chegar ao cerne da questão, de modo a buscar Antônio Joaquim Severino. Metodologia do habalho científico/ p. 73 e 75 PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA uma forma de solução para a sua implementação, equivalente a se dizer, como pode a sociedade exigir que o Estado3 tome realidade o comando hipotético da disposição constitucional elementar sobre o assunto. Em virtude das premissas que acima ficaram estabelecidas, a seqüência em que a questão é tratada passa pela abordagem histórica do tema, pela análise de conceitos doutrinários, independentemcnli de sua origem (nacional ou estrangeira). Em seguida, a observação recai sobre a localização dos direitos sociais e da seguridade social no universo do ordenamento jurídico brasileiro, a constatação de sua referência máxima na Constituição Federal de 1988 e os diversos significados dessa disposição no altiplano das normas jurídicas. A isso se segue de imediato a determinação da essência dos direitos sociais, para que daí se enfrente o problema e se apontem formas para sua solução. Trata-se, pois, de demonstrar a inserção da seguridade social no contexto dos direitos sociais; verificar a inserção da previdência social como elemento integrante da seguridade social, para delineai sua natureza e limites, investigar acerca da previdência privada e d a s entidades que a exercem, para daí fixar sua finalidade, caracterísi i< as, limites de abrangência e garantias oferecidas a quem dela rccone como instrumento apto a proporcionar uma melhoria de condições no futuro. Para tanto, foi necessário demonstrar a característica con tratual da previdência privada, seus impactos e relações com o siste ma financeiro nacional. 3 No livro Introdução ao direito financeiro, p. 9 e 10, José Souto Maior Borges a d v e i ie para a ambigüidade do termo "Estado" e os problemas decorrentes de sen uso I v.is termo é aplicado neste trabalho com o sentido adotado por aquele Professor "(...)<<» munidade jurídica total ou nacional e uma organização pré-ordenada à realiza<tao de certos fins, no exercício de suas atribuições desenvolve, através de seus agenies e <>i gàos, atividades do nalureza diversa (políticas, sociais, administrativas, e< < >nómi< .r. is linaiu eiras, e I< .)". L éo d o A m a r a l F ilh o Ainda que a doutrina não tenha produzido uma quantidade subs tancial de trabalhos relacionados à previdência privada, entendemos que o material até agora existente permite o desenvolvimento e a solução do problema posto. Essa percepção instigou o trabalho de pesquisa, compilação e reunião de dados, típicos das dissertações de mestrado, bem como a produção de um trabalho acadêmico que não ultrapasse seus limites pré-concebidos a ponto de adentrar na esfera da originalidade, típica das teses de doutorado. Essa limitação inse- re-se no contexto da evolução que se pretende em qualquer trabalho > realizado no campo do conhecimento, especialmente se tivermos em mente que “a educação é um processo contínuo> no qual o estudante deve adotar um a atitude ativ a e não apenas reativa às proposições teóricas e práticas em torno do conhecimento que lhe é apresentado como válido em sua área de form ação”.A Com todos esses limites e premissas, pretendemos obter um roteiro, de conteúdo científico, destinado a avaliar a essência da pre-' vidência privada, desde o seu primeiro fundamento de validade até situações que envolvam sua aplicação e alcance de finalidade. Para tanto, e na medida do possível, limitou-se a exposição a abstrair con ceitos e transpô-los para o trabalho, de forma a trabalhar num plano um pouco distante do mundo empírico, ciente que aoprocesso de abs tração e reprodução da realidade numa linguagem compreensível certa mente apresentará deformidades, posto que o mundo real jam ais apresentarei a sua essência quando representado sim bolicam ente5 Esclarecemos que a limitação de abrangência admitida neste estudo fez com que excluíssemos a análise dos fundos complementa res estatais, referidos no art. 40, §§ 14 e 15 da Constituição Federal 4 Loussia Penha Musse Félix. Apontamentos sobre a iniciação científica em direito: a formação das habilidades para pós-graduação e carreiras jurídicas. In: Iniciação cien tifica em direito: A experiência da Faculdade de Direito da UNB, v. 1, p. 15. 5 Giovanni Martins Seabra. Pesquisa científica: o método em questão, p. 13. PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA de 1988, bem como as entidades mencionadas na Lei Complemen tar n° 108, de 29/5/2OO1, que dispõe sobre a relação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, suas autarquias, funda ções, sociedades de economia mista e outras entidades públicas e suas respectivas entidades fechadas de previdência privada. A previdência privada, como se verá, é implementada por meio das entidades fe chadas e abertas. Interessa-nos o estudo destas últimas. Referências às primeiras somente são feitas quando se tratar de abordagens ge néricas ou quando se fizer necessária uma alusão comparativa. Capítulo I C o n c e it o e E x t e n s ã o d a S e g u r id a d e S o c ia l c o m o B a s e d o E s t u d o PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA 1.1 C o n st it u iç ã o F ed eral , P r o teç ã o e D ireitos SOCIAIS 1.1.1 C onsiderações sobre os direitos sociais A história passada e recente são recheadas de exemplos que de monstram que os fatos e eventos dotados de grandeza são os verda deiros formadores das grandes escolas de pensamento nas mais diversas áreas do conhecimento. O estudo da história ocidental contemporânea demonstra que as manifestações políticas, econômicas e sociais de relevo são pro dutos de uma determinada estrutura social, nas suas diversas con junturas. O que nos importa é chamar a atenção para o fato de que, 11o mais das vezes, a sociedade no seu processo histórico usa dos meios que lhe estão disponíveis, produzindo alterações capazes de determi nar mudanças no direito, para o fim de satisfazer seus anseios e nc cessidades. Isso pode ser verificado em diversos episódios da história, tais como a promulgação da Carta de João-Sem-Terra em 1215, a Revolução Francesa de 1789, dentre outros. L éo d o A m a r a l F ilh o Embora o tema pudesse ser objeto de maior detalhamento, é necessário tratarmos de questões presentes para que assim possamos alcançar, de maneira mais rápida, o ponto central da discussão. Nos tempos mais recentes, as alterações de cunho social têm ganho signi ficado de maior abrangência, fruto de um longo caminho percorrido pela humanidade com incontáveis lutas travadas. O século XX foi o século da questão social, dadas as inúmeras e intensas mudanças ocor ridas com vistas à melhoria das condições de vida e de trabalho. Sa lienta-se que desse ponto em diante se verá que em nosso entendimento o chamado direito social nos dias de hoje — não só no âmbito do direito brasileiro, mas também em sua concepção mais ampla - abrange uma imensa gama de outros direitos. Todavia, o direito ao trabalho, assim entendido como o conjunto de princípios e normas que regem as relações laborais, foi e continua sendo o grande fator de impulso desse conjunto denominado “direito social”. Como alterações ocorridas em nível internacional, destacamos a publicação da Constituição mexicana em 1917, a Constituição de Weimar em 19196, o “Informe Beveridge” na Inglaterra (1942) e os feitos de Bismarck no século anterior (1881); estes dois últimosno plano de constituir um embrião de sistema de seguridade social (ma téria tratada no item 1.3), além da Lei Americana de Seguridade Social, em 1935.7 6 Celso Antonio Bandeira de Mello. Eficácia das normas constitucionais sobre justiça social. In: Revista d e Direito S o c ia l n9 7, p. 139. 7 Paul Durand. La política contem porânea de seguridad social, recentemente traduzida do francês para o espanhol pelo professor José Vida Soria, da Universidad de Grana da e publicada pelo Ministério de Trabalho y Seguridad Social de Espana, em 1991. Apesar de escrita e editada originalmente em 1953, a obra é muito atual, vasta e tem ampla utilidade no que diz respeito a aspectos técnicos, conceituais e históricos da seguridade social no mundo. Tem, ainda, a virtude de explicar e demonstrar com clareza ímpar os diversos contextos que determinaram os. motivos das diversas Irans- formações ocorridas. PREVIDÊNCIA PRIVADA A b ERTA Um breve e despretensioso esforço de reconstituição histórica faz ver que nossas Constituições anteriores já tiveram, ainda que sti cintamente, a preocupação de tratar da matéria. Como exemplo, a Constituição de 1824 garantiu os “socorros públicos” (art. 179) e a de 1891 garantiu o direito de associação e reunião (art. 72, § 8°); a de 1934 foi a primeira a tratar da Ordem Econômica e Social, além de outorgar ao Congresso Nacional a tarefa de legislar sobre o trabalho (art. 121).8 Mas é bem verdade que em termos de proporção nas mudanças, talvez nunca tenha se visto alteração e evolução tão significativas como na promulgação da Constituição Federal de 1988, especialmente em relação ao seu art. 6o9, cujo teor pode ter ultrapassado os direi t<>s postos até mesmo pela Declaração Internacional dos Direitos do Homem, editada em 194810 11, na cidade de Nova York. P a u lo Bonavides, em sua clássica obra Curso de direito conslilu cionai, trata da Declaração Universal dos Direitos do Homem sob o prisma de seu conteúdo, para chegar em seus efeitos e incluí-la no altiplano dos direitos humanos: “Com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 10 de dezembro de 1948, o humanismo político da liberdade 8 Histórico extraído da obra de José Martins Catharino. Direito constituc.ion.il r diiciln histórico do trabalho, p. 49/50. 9 "Art. 6e. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o la/cr, ,i segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistam í.i aos desamparados, na forma desta Constituição." (Redação dada pela Emenda C onsii tucional n2 26, de 14/02/2000). 10 "Resolução na 217-A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 10 de de/embio de 1948: Artigo XXII - Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança soi ial e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo < om a organização e recursos de cada estado, dos direitos econômicos, sociais e i iilturaK indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade." 11 Armando de Assis afirma que a idéia ganhou "amplitude universal". Lm busca de unia concepção moderna de "risco social". In: Revista dos Industriiírios n“ lí), p. 1.’ . < ) referido aulor apenas menciona o direito de os cidadãos poderem exigii do I siad..... . modalidade de pioleçíiíi, sem contudo afirmar quaI o meio disponível para ianlo. L éo d o A m a r a l F il h o alcançou seu ponto mais alto neste século. Trata-se de um documento de convergência e ao mesmo tempo de uma síntese. (...) Erra todo aquele que vislumbra no valor das Declarações dos Direitos Humanos uma noção abstrata, metafísica, pu ramente ideal, produto da ilusão ou do otimismo ideológico. (-) Se bem examinarmos a evolução dos documentos deçlaratórios dos direitos humanos desde o século XVIII aos nossos dias, verificaremos talvez, com certa surpresa e júbilo, que há uma constante e uma lógica nos sucessivos graus históricos de sua qualificação. Do campo filosófico ao campo jurídico, do direito natural ao direito positivo, das abstrações do contrato social aos códigos, às constituições e aos tratados, depois de cursar a via revolucionária, essas declarações fizeram vingar um gê nero de sociedade democrática e consensual, que reconhe ce a participação dos governados na formação da vontade geral e governante. (-) Os direitos humanos, tomados pelas .bases de sua existencialidade primária, são assim os aferidores da legitimação dejodos os poderes sociais, políticos^ e indivi- duais. Onde quer que eles padeçam lesão, a Sociedade se acha enferma. Uma crise desses direitos acaba sendo tam- 1 ---------------------—— —----------- '— — ----------------— V bém uma crise do poder em toda a sociedade dcmocratica- mente organizada”.12 12 Curso de direito constitucional, p. 527/528. P r ev id ên c ia P r iv a d a A berta Assim, entendemos que uma maior clareza deste preâmbulo sei a obtida com a análise dos direitos sociais também sob um conceito metajurídico desse termo, no sentido de utilizar a história como ele mento determinador de sua essência. Mais adiante, o conceito será restrito à ótica de observação do direito positivo atual. Nesse passo, cita-se a conclusão do filósofo J a c q u e s M a r i t a i n quando estudou os diversos direitos do homem no plano de sua cicn cia e já em 1943 afirmava a existência de três espécies de diçeitos^Q) direitos da pessoa humana como tal/fii) direitos da pessoa cívica e @L direitos da pessoa social, e mais particularmente da pessoa ope rária (destaque nosso). A esta última espécie, que engloba alguns dos direitos considerados como “sociais”, fez os seguintes comentários: “Direitos da pessoa social\ e maisparticularmente da pessoa ope rária — Direito de escolher livremente seu trabalho - Direi to de se agrupar livremente em reuniões profissionais ou sindicatos. - Direito do trabalhador a ser tratado social mente como uma pessoa maior. — Direito dos grupos eco nômicos (sindicatos e comunidades de trabalho) e dos ou tros agrupamentos sociais à liberdade e autonomia. — Di reito ao justo salário; e, onde o regime do salariado puder ser substituído por um regime societário, direito à co-pro- priedade e à co-gestão da empresa (sic) e ao ‘título do tra balho’. - Direito à assistência da comunidade na miséria c no desemprego, na doença e na velhice. - Direito a usu fruir gratuitamente, segundo as possibilidades da comu nidade, os benefícios elementares, materiais e espirituais, da civilização”.13 (destaques nossos) 13 Os direitos do homem, p. 98. Celso Antonio Bandeira de Mello afirmou de modo simi lar, no sentido de que é direito dos cidadãos exigir os serviços sociais com base n,i Constituição Federal. Eficácia das normas constitucionais sobre justiça social. In: l-v vista de direito social na 7, p. 148 e 161. Wagner Batera faz importanie afirmação cm sentido similar. Aponla como fundamento último do Sistema, que desenha o respei llvo ambienlc, o princípio insculpido no art. XXII da Declaração l )niversal dos Direitos d< t I lomem, da qual o llrasil é um dos signat/inos. Sistema de seguridade social, p. I /. L éo d o A m aral F ilh o Têm-se, pois, os direitos sociais como aqueles colocados pelo Estado à disposição da sociedade, com o objetivo de garantir bem- estar ao homem. 1 .1 .2 0 C O N C E IT O D E D IR E IT O S O C IA L N A D O U T R IN A Como dito acima, a noção de direitos sociais passa por uma tra jetória histórica que lhes atribui conceitos diversos. Antes de ingres sarmos na análise dos direitos sociais, sob a ótica do direito positivo brasileiro atual, procuraremos mencionar algumas citações da dou trina, a fim de trazer uma consideração mais ampla e melhor arqui tetar nosso raciocínio. Em termos histórico-jurídicos, a primeira referência ao termo“direito social” foi feita por GEORGE G q uRYITCH, conforme menção feita pela densa obra italiana denominada Enciclopédia del d ir e to. O trecho daquela obra escrito por MANLIO MAZZIOTTI faz uma inte ressante abordagem sobre a questão, especialmente por se preocupar com a relação jurídica que une Estado e sociedade e exemplificar o que se pode ter como alguns dos direitos sociais: (...) Característica do Estado de direito, assim como está, nasce nos princípios do século XIX, não é já a ausência de uma função social, mas sim que esta função, ao invés de manifestação de um poder público meramente discricioná rio — como ocorria nos regimes de despotismo iluminado — seja considerada e se desenvolva como um objeto de um direito dos cidadãos, derivante da fundamental igualdade. Posto de fato o princípio de que os cidadãos são iguais,nos direitos, esses devem poder participar igualmente dijis van tagens que oferece a sua sociedadex£_éobrig^ão_dj^Estado fazer com que esse direito seja respeitado, evitando que os mais fortes oprimam os mais fracos e que_a desigualdade de fato destrua a igualdade jurídica. E esse o conceito que, ao início da Revolução Francesa, exprimia SlEYÈs no seu projeto de declaração dos direitos (2), afirmando que o escopo da união social é o bem co mum, e que os benefícios derivantes da vida associada não se limitam à proteção da liberdade individual. mas ^con sistem, outrossim, no direito de todos os cidadãos^de go zar das vantagens que a associação podg dar (v. Declara ção dos Direitos). E é o conceito que se reencontra em um texto um pouco posterior (relação do deputado Romme na Convenção de 17 de abril, 1793) (3), no qual, como notou G o u r v i t c h , a expressão ‘direitos sociais’ é usada pela primeira vez no seu sentido moderno, e em que é dito que os direitos sociais civis representam a parte que diz respeito a cada um na provisão de recursos indi viduais em sociedade, e se consideram como tais, entre outros, os direitos à instrução, à assistência, e ao traba lho em caso de necessidade”.14 PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA 14 Enciclopédia del diritto, p. 803/804. - tradução livre de Diógenes Mendes Gonçalves Neto. O texto original em italiano é o seguinte: "Caratteristica del Io Stato di diritto, cosi com'esso nasce ai principi Del secolo XIX, non è giá 1'assenza di uma funzione socialr, bensi che questa funzione, anziché come manifestazione di um potere pubblico meia mente discrizionale - come aw en iva nei regime di despotismo iluminato m i considerata e si svolga come oggetto di um diritto dei cittadini, derivante dalta loio fondamentale eguaglianza. Posto infatti il principio che i cittadini sono eguali nei diritti, essi debbono poter partecipare egualmente ai vantaggi che offre aloro Ia società, ed r compito dello Stato far si che questo loro diritto sia rispetatto, evitando che i piíi foili opprimano i piu deboli e che ladisuguaglianzadi fatto distrugga l'eguaglianza giuridii ,i. È questo il concetto che, all'inizio delia rivoluzione francese, esprimeva il Siüyís nel suo progetto di dichiarazione dei diritti (2), affermando che scopo dell'unione sociale è il bene comune, e che i benefici derivanti dal Ia vita associata non si limitano alia prole/ione delia liberta individuale, ma consistono altresi nel diritto di tutti i cittadini a godere dei vantaggi che l'associazione può dare (v. D ichiarazioni dei D iritti). Ed è il conceito che m ritrova in un testo di poco posteriore (relazione del deputato Romme alia Conven/ionc del 17 aprile 1793) (3), nel quale, come notò il Gourvitch, l'espressione "dirilli so< i.ilc" é usata per Ia prima volta nel suo senso moderno, e in cui è detto che i dirilli soi i.ili civili rappresentano Ia parte che spetta a ciascuno nel conferimenlo delle lisor.c individuali in soi iclíi e si, considerano come lali, fra gli allri, i dirilli all'islm/ionc, alTassisien/a, e al lavorn in caso di bisogno". Km diversas obras da doutrina estrangeira e no Brasil é costu meiro ver os direitos sociais relacionados aos direitos relativos ao tra balho. Se por um lado esse contexto é verdadeiro, por outro pode ser atualmente tido como um pouco restrito, tendo em vista a amplitude que hoje se dá aos direitos dos cidadãos relativos ao bem comum. A questão não passou despercebida por um dos maiores mestres do direito trabalhista brasileiro, A. F. C esarinq Tr., que ao abordar o aspecto social e o valor do trabalho dedicou um item de sua obra para a definição de direito social: “Definição de Direito Social — Análise - AJsim sendo,pare ce-nos que se poderá definir.|T)ireito Social é o complexo de princípios e leis imperativas, cujo objetivo imediato é, ten do em vista o bem comum, auxiliar a satisfazer convenien temente às necessidades vitais próprias e de suas famílias, às pessoas físicas para tanto dependentes do produto de seu trabalho’.”15 (negrito e itálico do original) Como exemplo do direito estrangeiro, na doutrina espanhola moderna podemos encontrar um conceito que muito se assemelha ao que se extrai da Constituição Federal de 1988: “Podemos caracterizar los derechos sociales, entre otros, por los siguientes rasgos: son derechos de carácter prestacional, protegen situaciones o condiciones del hombre contextualizado o situado; tienen uma marcada dimensión objetiva frente a las titularidades subjetivas; y articulan las posibilidades de hablar de igualdad real o material”.16 (des taque nosso) Esse conceito tem o mérito de aprofundar a essência da questão, visto que se refere à existência e aplicação dos direitos sociais como I íi Direito social brasileiro, p. 57. I (. Maria José Anon Roig e José Garcia Anon, Lecciones de Derechos Sociales, p. 96. forma de redução de desigualdades. Dessa forma, pode-se ter as pres tações de direito social como instrumentos niveladores de condições sociais e uma nítida manifestação de solidariedade e eqüidade. E o que entende A ndré Ramos TAVARES: “Os direitos de ordem social, elencados na Constituição Federal, não excluem outros, que se agreguem ao ordenamento pátrio, seja pela via legislativa ordinária, seja por força da adoção de tratados internacionais. Assim, como primeira nota dos direitos sociais, há que acen tuar sua abertura (não são numeruJ clauJuJ). É o que se depreende do próprio caput do art. 7o, que declara não esta rem excluídos outros direitos sociais que visem à melhoria da condição social dos trabalhadores. Uma outra característica desses direitos, comumente apon tada pelos doutrinadores, é a denominada irrenuncia- bilidade. Os direitos sociais são, nesse sentido, considera- dos normas cogentes, vale dizer, de ordem pública, não anu- l^ veis por força da vontade dos interessados ou, no caso das relações trabalhistas, pela vontade das partes contratantes. Neste caso, ao trabalhador, por se tratar de parte hipossuficiente, sempre em posição de desvantagem em relação ao empregador, não é dado abrir mão ou dispor dos direitos anotados pela Constituição.”17 Modernamente, M am a LIelena D iniz, autora da prestigiada obra Dicionário jurídico, diferencia os termos “direito social” e “direi tos sociais” e traz as variações semânticas que encontrou: “DIREITO SOCIAL. Teoria geral do direito. Conjunto de normas que disciplinam o organismo social com o escopo de obter o equilíbrio da vida em sociedade. 17 Curso de Direito Constitucional, p. 557. 41 L éo d o A m a r a l F ilh o 2. O que brota de modo espontâneo no grupo social, como as normas consuetudinárias. 3. Aquele que rege as relações trabalhistas, resolvendo a questão social ao procurar resta belecer o equilíbrio social através da proteção ao trabalha dor e de seus dependentes (Cesarino Jr.)18. 4. Aquele que visa à exteriorização jurídica de corpos sociais autônomos, como os sindicatos”.19“DIREITOS SOCIAIS. Teoria Geral do Direito. São os que abrangem: 1. Os direitos do trabalho, que incluem: o direi to ao trabalho; o direito a uma remuneração justa; o direito de sindicalização; o direito ao repouso e ao lazer; 2. O di reito ao bem-estar e à previdência social, que se desdobra em: direito à seguridade social; direitos especiais da infân cia e maternidade; 3. O direito à educação e cultura, que abarca: o direito à instrução; o direito ao desenvolvimento da personalidade e o direito à vida cultural; 4. Os direitos relativos à família, como: direitos à proteção do Estado; di reito ao casamento; direito de orientar a educação dos fi lhos; 5. Os direitos em relação ao Estado, como: direito de participar no governo; direito de acesso ao serviço público e direito de voto (A. Franco Montoro)20 ”.21 Não obstante os limites que a Constituição Federal de 1988 e a doutrina traçam, os direitos sociais podem ser ampliados pelo legis lador infraconstitucional, já que, quanto a estes, a Constituiçãp Fe- deral traçou limites mínimos. Colocadas essas referências, é conveniente que se traga um con ceito de direitos sociais a ser de agora em diante adotado neste traba lho. A doutrina brasileira é rica na abordagem desse tema. Por tal 18 Direito social brasileiro, p. 57. 19 Dicionário jurídico, v. 2, p. 181. 20 André Franco Montoro, Introdução ao estudo do direito, p. 548. 21 Dicionário jurídico, v. 2, p. 183. P r ev id ên c ia P r iv a d a A berta razão, sem detrimento da importância de qualquer outra doutrina, optamos por adotar a lição de ANDrÉ Ramos TAVARES, que se utiliza dos ensinamentos de J osé A fonso DA S ilva para iniciar capítulo de seu livro sobre a ordem constitucional: “Os direitos sociais, como direitos de segunda dimensão, convém relembrar, são aqueles que exigem do Poder Pu blico uma atuação positiva, uma forma atuante'na implementação da igualdade social dos hipossuficientes. O art. 6o da Constituição refere-se de maneira bastante genérica aos direitos sociais por excelência, como o direito à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, à assis tência aos desamparados. É nesse sentido que propõe JosÉ Afonso DA Silva um con ceito, caracterizando os direitos sociais como prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indireta mente, enunciadas em normas constitucionais, que possi bilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direi tos que tendem a realizar a igualização de situações desi guais. São, portanto, direitos que se ligam ao direitos dc igualdade. Valem como pressupostos do gozo dos direitos individuais na medida em que criam condições materiais mais propícias ao auferimento da igualdade real, o que, por sua vez, proporciona condição mais compatível com o exer cício efetivo da liberdade”.22 (destaques nossos) Apenas em atenção e prestígio à dialética, deve-se dizer que OcTÁvio B ueno M agano23 rejeita o acerto da expressão “Direitos Sociais”, por entender que tudo o que é Direito, é necessariamente Social. 22 Curso de direito constitucional, p. 555. O texto de )osé Afonso da Silv.i consta da olna ( 'urso de direito constitucional positivo, p. 289. 2 1 Manual de direito do trabalho, v.1, p. 49. L éo d o A m aral F ilh o Temos, pois, que a doutrina conceitua os direitos sociais como concernentes ao bem-estar do ser humano, cujo fundamento de exis tência pode ser buscado na Declaração Universal de Direitos do Homem e na Constituição Federal de 1988. 1 .1 .3 O S DIREITOS SOCIAIS NO UNIVERSO DO DIREITO Destaca-se o foco que se pretendeu dar ao teor do art. 6o da Constituição Federal de 1988, justamente por dedicar-se aquele dis positivo ao tratamento dos direitos sociais, a par da existência da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Porém, essa afirma ção feita de maneira isolada seria omissa, e pouco valor teria se não estivesse ao menos acompanhada de uma sucinta explicação, como, por exemplo, de que a Constituição Federal é a “lei” das “leis”. O sistema jurídico brasileiro é disposto de forma escalonada, de forma que as normas de maior hierarquia dão fundamento de validade para a edição das normas de menor hierarquia. Essa é a concepção doutrinária de H an s KELSEN,24 que criou a “pirâm ide das leis", modelo hipotético representativo, em cujo ápice se encon tra a “ norma hipotética fu n d a m e n ta r , que dá origem à Constituição, fonte e matriz das demais normas. Ao conjunto das normas jurídi cas, que aglutinadas formam um sistema, determina-se o “sistema jurídico”, assim definido por P au lo de B a r r o s C a rv a lh o de ma neira ímpar: “Se pudermos reunir todos os textos do direito positivo em vigor no Brasil, desde a Constituição Federal até os mais singelos atos infralegais, teremos diante de nós um conjun to integrado por elementos que se inter-relacionam, for mando um sistema. As unidades desse sistema são as nor mas jurídicas que se despregam dos textos e se interligam 24 Teoria pura do direito, p. 221 - 224. PREVIDÊNCIA PRIVADA A b ERTA mediante vínculos horizontais (relações de coordenação) e liames verticais (relações de subordinação-hierarquia)”.25 A esses ensinamentos são acrescidas as palavras de W a g ner B ai .is RA, que cuida de analisar as normas existentes, sua mecânica e interaçãt >, de forma a inseri-las no verdadeiro contexto de sistema. Explica o jurist a que em seu interior "convivem: o conjunto normativo expresso pela Consh tuição; a legislação e, segundo hierarquização form al e substancial contida na L ei ãas leis, a infinidade de normas individuais que a v ida juríd ica vai introduzindo e integrando ao mundo do Direito”.26 Assim, para utilizarmos um comando da Constituição Federal de 1988 como objeto de estudo, é necessário que antes de analisar mos seu conteúdo possamos situá-lo na posição (patamar) que lhe e designada pela teoria geral do direito; é preciso encontrar no próprio sistema jurídico a natureza e essência da Constituição Federal. So mente após esse exercício é que será possível saber (i) o que é a Cons tituição Federal; (ii) o que ela pode estabelecer; (iii) quais são os efcitos das normas que contém; (iv) o que dela poderá se originar? Esse es tudo acaba por encontrar luz no estudo do tema das fontes do direi to, ocupado especialmente nos meios e formas de produção das n< >rmas jurídicas. Em estudo denominado Fontes do Direito Tributário , Wa< ;nku BALERA abordou em poucos parágrafos esses questionamentos tidos por nós como importantes para a solução do problema da natureza da norma constitucional. Diz aquele autor: “Para Kelsen27, o objeto possível do conhecimento jurídico é o Direito Positivo. E , a investigação a respeito do direito posi tivo se dá com o estudo dos métodos de criação do direito. 25 Curso de Direito Tributário, p. 10. 2f> O autor assume que o sistema é um todo harmônico, no qual as normas convivem sem conflitos. Processo administrativo previdenciário - benefícios, p. 105. 27 teoria puni do direito, p. I (>. L éo d o A m a r a l F il h o Na doutrina do Mestre de Viena, o Direito é uma ordem normativa destinada a regular a conduta humana e seus comandos estabelecem sanções a todos aqueles que contra riem comportamentos prescritos como obrigatórios. O ato produtor de cada norma jurídica só é considerado como tal se outra norma confere competência ao órgão produtor para a sua prática. Resulta, assim, que Kelsen considera a norma jurídica como a fonte do Direito. E, por conseguinte, cada norma é fonte de outra norma. Ê o que leciona nessa passagem: ‘A fonte do Direito não é outra entidade diversa do Direi to, dotada de existência independente frente a este; por si mesma, a fonte é, em todo o caso, Direito; uma norma ju rídica superior em relação com outra inferior,ou seja, o método de criação de uma norma inferior determinado por outra, o qual constitui o conteúdo específico do Direito.’ A ordem jurídica possui regras que disciplinam a produ ção de suas normas. A norma fundamental (Grundnorm) situada no ápice da estrutura normativa é pressuposta. Por isso Kelsen designa essa norma como sendo a Constitui ção, num sentido lógico-jurídico. (...) A consideração a respeito das fontes do Direito parte, por conseguinte, de um dado de realidade que é Direito Positi vo: a Constituição. Esta, por seu turno, encontra funda mento de validade em dado que lhe é pressuposto: a norma fundamental. Promulgada a Constituição Brasileira, no dia 05 de outubro de 1988, os limites da investigação positivista só se situam na pressuposta norma fundamental”.28 (destaques do original) 28 In: Revista do Advogado n!! 32, p. 42. P r ev id ên c ia P r iv a d a A berta Posta então a Constituição Federal no plano de sobreposição em relação às demais normas jurídicas, das quais será o fundamento de validade ou o anteparo na recepção das normas infraconstitucio nais anteriores à sua edição, citamos uma vez mais o teor do art. 6° da Constituição Federal de 1988 sobre o que ora nos interessa: “Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na for ma desta Constituição”.29 Luís ROBERTO B arrq sp utiliza a expressão Norm as Constitucio nais D efinidoras de D ireito ' para designar os direitos que vêm prescri tos pela Constituição. Agrupa-os e subdivide-os em três grupos distintos, nos seguintes termos: “Alem de organizar o exercício do poder político, todas as Constituições modernas definem os direitos fundamentais dos indivíduos submetidos à soberania estatal. Em bora exis tam dissensões doutrinárias, fulcradas, sobretudo, em suti lezas semânticas, e haja discrepância na linguagem do D i reito Constitucional positivo, é possível agrupar os direitos fundamentais em três grandes categorias, que os repartem em: direitos políticos, direitos ind iv idua is e direitos sociais.”311 Vê-se, pois, que a Constituição Federal de 1988 condensou, em um dispositivo, diversos termos aos quais pretendeu qualificar de “di reitos sociais”, com todas as implicações e efeitos decorrentes de uma análise sistemática de seus comandos. Assim, a Educação deve ser vista como direito social, de acordo com a amplitude que este tem em nível constitucional, além das dis 29 Apenas para esclarecimento, destaca-se que o art. 6a da Constituição Federal, ram .1 redação transcrita acima, é resultado da alteração da Emenda Constitucional n" . (EC 26/2002), que acrescentou o termo "moradia" ao rol dos direilos sociais nntriioi mente previstos. 30 O direito constitucional e a efetividade de suas normas, p. 97. L éo d o A m a r a l F ilh o posições dos arts. 7o, inciso IV, 23, inciso V, 24, inciso IX, 205 a 215, dentre, outros (p.ex.: ensino da história do Brasil - art. 242, §1°); a Saúde nos arts. 196 a 220, dentre outros; o Trabalho, nos arts. I o, inciso IV, 5o, inciso XIII, 7o, 10, dentre outros; a Moradia, nos arts. 21, inciso XX, 23, inciso IX, 187, inciso VIII; o Lazer, no art. 5o, incisos XVI e XVII, a Segurança, nos arts. 21, 22, 24 e 144, a Pre vidência Social, nos arts. 194 e 201, a Proteção à maternidade, arts. 201, inciso II, 203, inciso I e a Assistência aos desamparados, tratada no art. 203. Tudo isso dará fundamento de validade às prescrições normativas anteriores ou futuras do legislador infraconstitucional. Entretanto, deve-se desde já dizer que a se guridade social é um todo que se encontra objetivamente dividido em 3 partes: previdência social, saúde e assistência social. Confor me se verá adiante, elementos outros que não abrangidos pelos con ceitos mencionados anteriormente podem ser fundamentais ao conceito de Estado de Bem-Estar Social e estão abrigados pelo con ceito mais amplo de proteção social. 1 .1 .4 A C o n st it u iç ã o F ederal c o m o lei fu n d a n te de o u tra LEGISLAÇÃO E A IMPLEMENTAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS De nada adiantaria o disposto no art. 6o da Constituição Fe deral se o comando ali contido permanecer restrito à tinta que se sobrepõe ao papel e serve como suporte físico para o texto legal. A norma jurídica, assim entendida como o resultado do exercício de interpretação que o intérprete faz do texto da lei, e “ unidade m íni m a e irredutível de significação do deôntico”31, por si só não produz efeitos no mundo dos fatos: o direito não toca os objetos, senão como instrumento colocado à disposição do homem para regrar as relações sociais. 31 Paulo de Barros Carvalho, Direito tributário, fundamentos jurídicos da incidência, p. 18. Para que esse ponto possa ser bem explicado, é interessai11e mc cionar como ALFREDO AUGUSTO B e c k e r consegue condensar < poucas linhas sua preocupação com a função do direito na mot ivaç da atuação do Estado e da forma com que ela se apresenta. A sen v é relevante a característica instrumental do direito: “A finalidade do Direito não é atingir a realidade ou alcan çar a verdade. A procura da realidade ou da verdade c o objeto das Ciências. A Ciência faz a colheita e a análise dos fatos metafísicos, físicos, biológicos, psicológicos, econô micos, financeiros, sociais, morais e inclusive fatos jurídi cos. Com o auxílio destes fatos (colhidos e analisados pelas Ciências) ou contra estes fatos o Estado age. Por que age o Estado? O Estado age para obter, manter e desenvolver o Bem Ço mum (autêntico ou falso) e o conteúdo deste depende da f i losofia moral e social adotada por cada Estado. Em sínte se: a resposta a esta pergunta cabe à Ciência Política c o va lo r da resposta será medido pela Filosofia do Direito. O problema desta resposta e do seu valor está completamente f o r a do campo da Teoria Geral do Direito. Com que age o Estado? A natureza essencial do Direito - não está nos comandos c proibições — mas está no in strum ento que atua mediante regras d e conduta (regras jurídicas), segundo as quais o fazer ou não fazer do homem deve sujeitar-se”.32 (destaques do original). Por esse motivo, se a única razão de existir do Estado c impla tar e manter o bem comum em prol da sociedade, e, con sequem mente do indivíduo, há interesse social que os comandos n orm aliv PREVIDÊNCIA PRIVADA A b ERTA 32 Teoria geral do direito tributário, p. 62/63. sejam levados à realidade empírica, por meio da atuação estatal que L éo d o A m aral F ilh o transforme o meio social. Atento a essa problemática, FERDINAND L a sa lle , cuja história de vida foi marcada por lutas e combativa atuação em movimentos sociais na Alemanha do início do século passado, já naquele tempo apresen tou o problema da existência da norma e sua não-aplicação, bem como advertiu para os efeitos decorrentes desse fato ao afirmar que: “Quando podemos dizer que uma constituição escrita é boa e duradoura? A resposta é clara e parte logicamente de quanto temos: quando essa constituição escrita corresponder à constitui- ção real e tiver suas raízes nos fatores do poder que regem o l país. Onde a constituição escrita não corresponder à real, irrompe inevitavelmente um conflito que é possível evitar e no qual, mais dia menos dia, a constituição escrita, a folha de papel, sucumbirá necessariamente, perante a constituição real, a das verdadeiras forças vitais do pafs”.33 W agn er B a le ra , por sua vez, preocupado com a força e essên cia dos comandos iniciais e elementares da Constituição Federal, considera-os como marcos fundamentais para que se possa observar e cumprir seu conteúdo: “E do conceito de justiça - fim da Ordem Social,conforme comanda o art. 193 da Superlei -, que devemos partir para compreendermos a estrutura e o funcionamento dos meca nismos que integram nosso sistema jurídico. A Ordem Social alcançará a justiça se e quando a redução das desigualdades sociais e regionais, a erradicação da po 33 A essência da constituição, p. 47. Essa doutrina não segue a premissa da supremacia da norma em relação aos fatos e aos valores, adotada por Hans Kelsen. breza e da marginalização - objetivos da República, defini dos no art. 3o, III, da Lei M agna - forem postas em ato”.14 Considerada, neste trabalho a preocupação com a afirmação do direitos sociais (especialmente por força de disposição constitui io' nal, como se viu acima), e a atenção dada à necessidade de tornar ; realidade da norma constitucional aplicável ao mundo dos fatos, < previsível que agora surja o questionamento sobre o que irá garanti esse direito, a saber: a existência de uma relação jurídica e os elcmen tos que a integram. Para H ans KELSEN, a afirmação de um dadc direito deve corresponder à existência de um dever correspondente O Estado age nas relações sociais utilizando-se do direito conu> iiis trumento, de modo que onde houver fatos sociais relevantes pata < mundo jurídico, ali nascerá uma relação jurídipa.35 Diante dessa afirmativa, a completude do raciocínio pede um;i explicação do que se quer designar por “relação jurídica”. Por Ia! motivo, é conveniente citar mais uma vez o entendimento de Pai ii < j DE BARROS C arv a lh o , que trata do tema com simplicidade e pm j fundidade marcantes, e define a relação jurídica “como o vínculo aln J trato, segundo o qual, p o r força de imputação norm ativa, uma jwwoX chamada de sujeito ativo, tem o direito subjetivo de exigir de outra, tlcno J m inada sujeito passivo, o cumprimento de certaprestação”,36 Naquela mesma passagem, PAULO DE B arros C arvau io s u b mete a questão a uma análise lógica e revela a bilateralidade dos el ei tos da relação jurídica: PREVIDÊNCIA PRIVADA A b ERTA 34 Da Proteção social à família. In: Revista do Instituto dos Advogados de São Pauto n" p. 213. 35 Paulo de Barros Carvalho, Sobre os princípios constitucionais tributários. In: Revista </<• direito tributário ns 55, p. 143. Eros Roberto Grau, A ordem econômica na ( "onstituii, ,)i i de 1988, p.l 14. Wagner Balera, Sistema de seguridade social, p. 105. Renato I opci Becho, Tributação das cooperativas, p. 17. Maria Rita Ferragut, Presunçfícs no durítn tributário, p. 09. 3f> Roque Antonio Carrazza, Curso do direito constitucional tributário, p. 10. Léo d o A m a r a l F ilh o “Tenhamos presente que a linguagem do direito positivo não fornece a compostura verbal completa das relações jurídicas, salientando a relação entre sujeito ativo e sujeito passivo, e a relação conversa, entre sujeito passivo e sujeito ativo”.37 A leitura e a interpretação sistemática da Constituição Federal e seus dispositivos38 faz concluir que são os brasileiros e os estrangeiros residentes no País os grandes destinatários do art. 6° da Constituição Federal de 1988. Em outras palavras, é a própria sociedade brasileira. E se assim é, por que não procurar saber quem é a tal “sociedade” que se apresenta como “credora” nessa relação jurídica com o Estado? Com certeza, isso é mais que situar e apontar seus sujeitos ativos e passivos. E saber quais são os grupos de pessoas (ou o maior deles), que em sua grande expressão necessita da implementação dos direitos sociais, dos quais derivam os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais. Diante dessa preocupação, e apenas como ilustração da questão, impossível não se despegar momentaneamente do aspecto jurídico da análise e adentrar no campo político (sem pretender “fazer política”); quer por que distante de nossos anseios e preocupações, quer porque imperti nente com o critério pretendido desde o início. Nesse ponto, parece-nos que RlCARDO ANTUNES procura rela cionar ao direito social “Trabalho” e ao seu valor uma gama imensa de pessoas. Vejamos os seus conceitos: “(...) a caracterização da classe trabalhadora hoje deve ser; em nosso entendimento, mais abrangente do que a noção que o res tringe exclusivamente ao trabalho industrial, ao proletariado industrial ou ainda à versão que restringe o trabalho produ tivo exclusivamente ao trabalho fabril. O trabalho produti vo, fabril e extrafabril, constitui-se, tal como o concebemos, 37 Curso de direito tributário, p. 281. 38 Considerada a totalidade do texto constitucional independentemente de sua disposi ção na estrutura do texto. PREVIDÊNCIA PRIVADA A b ERTA no núcleo fundamental da classe trabalhadora que, entre tanto, enquanto classe, é mais abrangente e compreende, também, os trabalhadores que são assalariados, mas que não são d iretam en tep rodu tivo s P 9 (destaques do original) E em se tratando de apontar os destinatários dessa norma cons< titucional, mais uma vez A n d r é R a m o s T avares elucida com pro« priedade a questão: “O oferecimento de direitos de cunho social tem como destina tários todos os indivíduos, mas pretendem, em especial, alcan çar aqueles que necessitam de um amparo maior do Estado”.40 Definida assim a existência de uma relação jurídica de direitos sociais entre o Estado e os membros da sociedade, é necessário vet] como e de que forma poderá seu objeto ser exigido. 1 .1.5 Os DIREITOS SOCIAIS, OS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS E A APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS A nosso ver, a análise dos direitos sociais deve ser iniciahnenld focada na preocupação de se constatar se e como os direitos soi iaei (ou alguns deles previstos no art. 6o da Constituição Federal) se inse rem no contexto dos direitos fundamentais. Essa questão é impoi ■ tante, pois, se sua resposta for positiva, deve haver a conseqüência estabelecida no art. 5o, § I o da Constituição Federal de 1988: “Art. 5o Iodos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residen tes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) 39 O desenho multifacetado do trabalho hoje e sua nova morfologia. In: R<'visl.i •.<-/v /\. i social e sociedade nB 69, p. 111. 40 Curso de direito constitucional, p. 556. L éo d o A m a r a l F ilh o § Io - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamen tais têm aplicação imediata”. Dessa forma, se um determinado termo configurado pelo art. 6o da Constituição Federal como direito social vier a se inserir em um dos elementos do rol dos direitos e garantias fundamentais, a própria C onstituição lhe atribui a qualidade da aplicabilidade imediata. Sendo assim, imaginemos que uma determinada norma infrale- gal venha, por qualquer motivo aleatório, determinar que uma pes soa seja proibida ou deixe de exercer ofício para o qual esteja legalmente qualificada. Melhor explicando: tal pessoa reúne os re quisitos previstos em lei para exercer um determinado trabalho, não tem qualquer impeditivo de ordem corporativa ou disciplinar, mas encontra-se impedida por um comando legal meramente limitador. Nesse ponto, por ser o livre exercício profissional um direito funda mental estabelecido no art. 5o, inciso XIII, da Constituição Federal de 198 841, aquele que se sentir lesado pela norma impeditiva do exer cício da profissão poderia reclamar sua aplicação imediata, sem que haja a necessidade de edição por parte do Poder Legislativo de texto legal que regulamente essa garantia. Mas, em linhas gerais, é preciso saber: quando se pode aplicar ou não uma norma constitucional de imediato? Quais são os parâ metros que permitem concluir os limites dessa aplicação? Parece-nos que uma boa maneira de responder aessas questões é recorrer à doutrina de JOSÉ A fo n so DA SlLVA, que, preocupado com a questão da eficácia das normas constitucionais, dividiu-as em três grupos distintos, de acordo com sua aptidão para a produção de efei tos ou de serem ou não aplicáveis.42 Destaca-se, momentaneamente, 41 "XIII -é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualifi cações profissionais que a lei estabelecer;". 42 Aplicabilidade das normas constitucionais, p. 68. P r ev id ên c ia P r iva d a A berta que o ato de classificar, aqui, é entendido como “oprocedimento !o co de d iv id ir um conjunto de seres (de objetos, de coisas) em cate,gari mediante critérios preestabelecidos'^; importa que seu resultado s sempre certo, desde que atenda às premissas estabelecidas antes seu início. A classificação poderá ser mais ou menos útil, de aeoi' com o objeto estudado. Na doutrina constitucional ora em comento, a classificação < normas constitucionais de acordo com sua aplicabilidade resulti nas seguintes categorias: (i) Normas constitucionais de eficácia plena: dotadas aplicabilidade imediata sem a necessidade do trahal do legislador infraconstitucional, que, não obstante, |i derá aperfeiçoá-la; (ii) Normas constitucionais de eficácia contida: que possua aplicabilidade imediata, mas que podem ter sua efieaJ restringida pelo legislador infraconstitucional; (iii) Normas constitucionais de eficácia limitada: aquel-e. i dependem do trabalho do legislador infraconstitnei< >n para que tenham sua maior eficácia após a edição de ll Têm eficácia, ainda que restrita, pois impedem que < > ( gislador edite normas em sentido contrário. Essa última categoria é dividida pelo referido autor em dn subespécies: (i) normas de principio institutivo e (ii) normas de f>rim p io program ático. Interessa-nos tratar das últimas (ii), também denominadas “| >r gramáticas”, assim entendidas como “as que estabelecem u m p rogint constitucional a ser desenvolvido mediante legislação in tegra/iva dn vo tade constituinte”.44 43 Roque Antonio Carrazza, Curso de direito constitucional trihutArio, p. 348. 44 Michel Temer, Elementos de direito constitucional, p. 2r>. L éo d o A m a r a l F ilh o Não fica difícil constatar que alguns dos direitos sociais se cons- tituem, sem dúvida, em normas programáticas, fruto da intenção do legislador constituinte de estabelecer rumos, diretrizes e fins que ve- inham a ser posteriormente desenvolvidos em minúcias pelo legisla dor infraconstitucional. Essas diretrizes são colocadas na Constituição como “guias” de uma política social, tal qual desejada e idealizada por quem as redigiu e votou. Adepto de classificação que porta distinções, mencionamos a posição contrária de Luís R o berto B a r r o so , que traz as seguintes considerações sobre as normas que portam a qualidade descrita: “(...) Por fim, as normas constitucionais atributivas de direi tos sociais, muitas vezes: (c) contemplam interesses cuja realização depende de edição de norma infraconstitucional integradora. A natureza concisa da Constituição faz com que ela transfira ao legislador ordinário, em múltiplos casos, a competência para regular o exercício de determinados direitos capitulados em seu texto. (...) Em resumo do que vem de ser exposto, os direitos sociais, nas hipóteses em que não são prontamente desfrutáveis, de pendem, em geral, de prestações positivas do Poder Executi vo ou de providências normativas do Poder Legislativo”.45 Se assim é, mencionam-se os instrumentos que são colocados à disposição dos membros da sociedade para que possam exercer os direitos sociais. Parece-nos que MlCHEL TEMER esclarece a questão: 45 O direito constitucional e a efetividade de suas normas, p. 107-108. Essa teoria não admite a auto-aplicabilidade, mas sim condiciona a ação ao trabalho do legislador infraconstitucional. PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA “È interessante notar que as normas constitucionais de efi cácia limitada de princípio programático trazem consigo, algumas, a idéia de instituição. Çom efeito, não se pode pensar em educação senão median- te a instituição, a organização, a formação de organismos ou órgãos que realizem tais misteres. E importante observar que os direitos e garantias funda mentais previstos nos art. 5o têm aplicação imediata, se gundo o comando expresso no § Io do aludido dispositivo. Significa, a nosso ver, que os princípios fundamentais ali estabelecidos podem ser invocados até sua plenitude, até que sobrevenha legislação regulamentadora, quando for o caso, de sua utilização. Caso típico é o do Mandado de Se gurança Coletivo, o do Habeas D ata e do Mandado de Injunção, que podem ser utilizados independentemente de qualquer regulamentação”.46 (destaque no original) Nesse particular, destacamos a grandiosidade do mandado de in junção como instrumento para a garantia do exercício dos direitos, em especial dos constitucionais. Diz o caput do art. 5o, inciso LXX11, que: “... conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;” (des taques nossos) TÉRCIO Sampaio F e rra z Jr., em sua obra Interpretação e ] <',sliiilo\ da Constituição de 1988 , tece comentários paralelos aos de JosÉ Ai 'i i n s < > DA SlLVA, utilizando-se dos termos função de “bloqueio”, “resgu.u do” e “programa” para designar a “função eficacial” das normas c<>ns titucionais. Nesse ponto, aborda os direitos sociais sob outra 4(> Elementos de direito constitucional, p. 25 L é o d o A m a r a l F ilh o perspectiva, atribuindo às normas que deles tratam uma aplicabilida de imediata, sem descartar a necessidade de edição de outros textos. São estes os seus comentários: “Muitas das normas que compõem o rol dos direitos sociais têm uma função eficacial de resguardo. Em princípio, tais normas admitem uma aplicabilidade imediata, embora a com petência legislativa positivamente vinculada no referente aos meios não possa ser esquecida. Assim, diante da impossibili dade de aplicação imediata, o próprio constituinte prevê o meio adequado à solidariedade postulada entre o fim já arti culado e o meio que lhe é complementar: o mandado de injunção. Só assim se entende, sem contradição, o disposto no artigo 5o, § Io, da Constituição Federal”.47 Desde logo afasta-se a equiparação possível entre a hipótese de cabimento do mandado de injunção (falta de norma regulamentado ra que torne inviável o exercício de direitos), com a hipótese de con trole de constitucionalidade por omissão, o que, conforme salienta M ich e l Tem er48 , não é a posição do STF. Esta última produz um resultado que consiste em um meio de dar ciência da existência de uma determinada omissão a determinado Poder, para que este adote medidas necessárias. O mandado de injunção é ação que tem por objeto a declaração de um direito independentemente da inexistência de norma regula mentadora, para que o postulante possa exercê-lo apesar disso. 47 Interpretação e estudos da Constituição de 1988, p. 17. 48 Não tem sido esse, no entanto, o entendimento do Supremo Tribunal Federal. Assen tou esse Tribunal que o mandado de injunção é: "... ação outorgada ao titular do direito, garantia ou prerrogativa dos quais o exercício está inviabilizado pela falta de norma regulamentadora, e ação que visa obter do Poder Judiciário a declaração de inconstitucionalidade por omissão se estiver caracterizada a mora em regulamentar por parte do Poder, órgão, entidade ou autoridade de que ela dependa, com a finali dade de que se lhe dê ciência dessa declaração para que adote as providências ne cessárias" (Mandado de Injunção nQ 107,rel. Min. Moreira Alves, Diário da Justiça de 02/8/1991). PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA Ocorre que é equivocado pensar que a simples falta de norma regulamentadora possa ensejar a impetração de mandado de in jun ção. Para que tal possa existir é necessário que, além da inexistência de norma complementar ou ordinária, a norma constitucional traga “os con to rn o s m ín im o s ensejadores da declaração do d ire ito e, em segundo lu g ar, se já se ca ra cterizo u a omissão do P o d e r competente p a ra p ro d11z 11 a regulam entação” ,49 (destaque nosso) Diante disso, o mandado de injunção pode ser utilizado como meio para o exercício de um determinado direito social, desde que as previsões constitucionais a seu respeito (aí não só a letra do art. 6") sejam extensas a ponto de fornecer as linhas essenciais da legitimida de do exercício desse direito (como e de que forma se dará seu cxci cício) e quais serão seus limites. Embora outras soluções possam surgir como possíveis, é in t e ressante lembrar outro modo de exercício dos direitos sociais (ou ao menos uma tentativa), ainda que de efeitos não tão imediatos: é a pouco lembrada forma de produção legislativa denominada “inicia tiva popular”, descrita pela própria Constituição Federal de 1988 como meio para o exercício da soberania popular: “Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: (...) III - iniciativa popular.” “Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Re pública, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. 49 Michel Temer, Elementos de direito constitucional, p. 207. L éo d o A m a r a l F il h o (...) § 2o - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no míni mo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.” (destaques nossos) A norma constitucional é clara a ponto de permitir a conclusão de que se a iniciativa popular é forma de exercício da soberania po pular (fundamento da República, a teor do art. I o, §1° da Constitui ção Federal de 1988) e uma forma legítima de produção legislativa, parece razoável concluir que pode ser utilizada para a regulamenta ção dos direitos sociais. Sob essa ótica, surgirá a questão de como enfrentar a situação na qual há um determinado projeto de iniciativa popular, para tra tar de um dos direitos sociais, que acabe a ingressar no campo de iniciativa de produção legislativa privativa. Temos a impressão que a Constituição Federal de 1988, ao criar campos de competência exclusiva para iniciativa legislativa, não abrangeu as hipóteses pos tas do alcance dos membros excluídos. Por esse motivo a iniciativa popular deve respeitar os outros limites postos pela Constituição Federal. De qualquer forma, não há que se cogitar choque (antino mia) entre disposições constitucionais originárias; havendo um cho que de princípios, este será aparente; um princípio cederá passo ao outro de acordo com os próprios valores constitucionais envolvidos na questão.50 50 Sobre esse interessante tema, vide decisão do Supremo Tribunal Federal ao analisar um possível choque entre o direito à intimidade e a honra e dignidade do funcionalismo público (Habeas Corpus nQ 81585, rel. Min. Maurício Corrêa, Diário da Justiça de 04.02.2002). 1.1.6 A posição d o STF sobre o exercício d os d ire itos SOCIAIS Dadas as considerações que foram postas neste trabalho, ter como interessante verificar como o Supremo Tribunal Federal qualidade de órgão máximo do Poder Judiciário e guardião da (.’< > tituição - já interpretou questões que envolvam o exercício de díi tos sociais. E conveniente dizer que o entendimento daquele Tribu não é necessariamente determinante para fins acadêmicos, mas p< servir como material de referência quando o produto da atividi jurisdicional puder ser analisado por critérios científicos. Com esse propósito, selecionamos dois acórdãos proferidos p Supremo Tribunal Federal, com base na Constituição Federal de 19 que se relacionam a processos judiciais movidos por membros da 1 ciedade, nos quais se invocava a tutela judicial como instrumer para o exercício de direitos sociais que entendiam possuir e, de forma, pretendiam fazer valer. A intenção tem cunho demonstrativo, de forma que com menções seguintes, pretende-se apenas ilustrar as considcraçi >cs | >< >•) na parte anterior do trabalho. Nesse ponto, embora a jurispt tulend a nosso ver, não seja necessariamente parte da ciência, na acepu estrita do termo, pode com ela contribuir todas as vezes em que s produto estiver calcado em premissas consistentes e métodos s'is| máticos de trabalho. Do primeiro julgado citado, extraiu-se o seguinte texto: “Servidor público. Adicional de remuneração para as a ti vidades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei. A rt. 7o, X X III, da Constituição Federal. - O artigo 39, § 3o, da Constituição Federal apenas estendeu aos servi dores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos M unicípios alguns dos direitos sociais por PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA L éo d o A m a r a l F ilh o seus enunciados, mas com isso não quis significar que, quando algum deles dependesse de legislação infraconstitucional para ter eficácia, essa seria, no âmbito federal, estadual ou municipal, a trabalhista. Com efeito, por força da Carta Magna Federal, esses direitos sociais integrarão necessariamente o regime jurídico dos servi dores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mas, quando dependem de lei que os regulamente para dar eficácia plena aos dispositi vos constitucionais de que eles decorrem, essa legislação infraconstitucional terá de ser, conforme o âmbito a que pertence o servidor público, da competência dos men cionados entes públicos que constituem a Federação. Re curso extraordinário conhecido, mas não provido”.31 (des taque nosso) Nesse primeiro caso, tem-se uma hipótese de clara constatação pelo ST F da existência de norma programática, cujos limites míni mos para sua implementação devem necessariamente ser extraídos de outra norma (infralegal) a ser futuramente editada de acordo com a competência legislativa prevista na Constituição Federal de 1988. Por tal motivo, vê-se que os direitos sociais discutidos foram reconhecidos pelo STF, em razão de extensão constante do art. 39, § 3o, da Constituição Federal52; o que deixou de ser afirmado foi o reconhecimento de sua eficácia, seja ela plena ou contida. 51 Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário n9 169173, rel. Min. Moreira Alves, Diário da Justiça de 16/5/1997. 52 "Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designa dos pelos respectivos Poderes." (...) "§ 3e Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7 ° IV, VII, V III, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir." PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA Ao analisar situação bastante diversa, mas ainda tratando de ( reitos sociais, o acórdão abaixo surpreende pela densidade com qu analisa a questão levada ao Supremo Tribunal Federal, em virtude gama de princípios e de valores que envolve, além
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