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As Crônicas Matrimoniais de um Advogado 'Juriscopata'

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Eu, jurista: As crônicas matrimoniais de um advogado 'juriscopata'. 
Eu, jurista: As crônicas matrimoniais de um advogado 'juriscopata'. 
Resumo: Trata-se de uma breve crônica, ilustrando a vida de um profissional dedicado à advocacia, porém, dentro do contexto de um casamento. A sátira jurídica traz, por ora, uma leitura pragmática, prazerosa, mas sem deixar de lado a terminologia técnica do direito, sempre procurando brincar – de modo respeitoso – com o jogo de vocábulos, dando um dúbio sentido aos fraseados, às vezes quase imperceptíveis, e deixando uma meiga comicidade o tempo inteiro no ar.
A cidade inteira já o conhece, afinal de contas, não é pra menos, fosse o contrário seria até insulto e ‘difamação’, como dizem as beatas da rua. Estamos falando de Brandão, homem nobre em saber jurídico, e em saber reconhecer o bom saber – advogado que se preze não larga do conhecimento – diz ele todo orgulhoso, com uma indiscreta jamanta de doutrina embaixo do braço: “_é o Elpídio” – diz ele, enquanto na outra mão, segura com firmeza o calhamaço de quase duas mil páginas da última edição do ‘Nucci’.
Nem se a esposa denegar-lhe a segurança - é o que diz - irá retroceder: ‘_de hoje não passa!’, exclama – claramente ansioso ao olhar para aquela velha e conhecida capa verde escura com letras brancas garrafais, e que escondem o inestimável segredo que ele tanto anseia ‘redescobrir’.
Brandão, mal pode esperar para chegar em casa e se debruçar sobre o novo brinquedinho que acabara de ganhar de um antigo amigo.
Logo que adentra pela sala, o cheiro do jantar se espalha pela casa como perfume de menina moça, e dona Rita com a maior ‘celeridade’ adverte: nada de direito por hoje, mocinho! – é dia de receber o Astolfo e a Britânia – ou já se esqueceu?
Com o humor jurídico que lhe é peculiar, logo ‘contesta o fato’: “_Amicus curiae, hoje não! E nem me venha com ‘intervenção de terceiros’, tão quanto esses ‘chamamentos ativistas’ que anda se valendo e ocupando as nossas noites de hermenêutica romântica”. Aliás, já tem alguns dias que eu não me valho daqueles ‘recursos repetitivos’ (sorri ironicamente). Sua ilustre senhora não perde tempo e logo contrarrazoa o argumento: “_vai ver que tava sobrestado, aguardando a Corte pôr a mão e desabarrotar o ‘Órgão’!”. 
Brandãozinho, se justifica – éh, mulher, apesar de me ‘exaustificarem’, não me ferem o bom direito as suas doces acusações. (sorri o doutor, outra vez)
Dona Rita – senhora muito religiosa – fica sempre nervosa quando o seu amado faz essas estripulias jurídicas ‘fora de prazo’ ou em horas inoportunas, fica toda sem jeito e desconcertada, amuada, e logo fecha o semblante, ‘denunciando’ que a noite será de ‘recesso forense’, bastante procrastinadora, por sinal, e qualquer tentativa de adentrar o ‘juízo preliminar’, é indeferimento de plano – ausência de interesse de agir, falta dos pressupostos da ação, e apesar de não faltar a capacidade, o doutor anda devendo, diga-se de passagem, quase sempre ‘extemporâneo’ ou ‘intempestivo’ – e no sistema ‘Taleônico’ de Dona Rita, não tem essa de ‘duplo grau’ não senhor: falou e já transita em julgado, não se discute mais!
Todavia, Brandãozinho – nosso incansável jurista – não é homem de baixar a cabeça pra decisão alguma, quanto mais interlocutória, que nem acaba com essa história. 
"_Calma aí, mulher’, deixa eu cheirar esse ‘cangote’, pois, se dona Ritinha trancar a segurança, logo preparo o"instrumento"e aí sim quero ver se os"autos"não sobem dessa vez!" – (...) eita 'nóis', pensou a senhora!
Depois do agravo interposto, dona Ritinha tão logo recebe a peça, olha bem pro amado - sorri feito testemunha em audiência de conciliação – dá-lhe um “carimbo avermelhando” na bochecha, e sobem os dois pra ‘homologar o acordo’ – ambos ‘apensados’ um ao outro.
Agora que ‘tamo’ no ‘pleno’, diz o doutor, e as ‘coisa’ parecem que enfim vão se movimentar – que tal despachar logo essa pendenga jurídica, antes que o CNJ – logo na seção ao lado – acorde, e acabe gerando uma preclusão, ou quem sabe até uma nulidade do feito, e aí, minha amada, só começando tudo de novo, aliás, de demanda temerária como essa, quer saber, é melhor a gente deixar quieto o litígio e buscar sempre a 'conciliação'.
Maykell Felipe Moreira
Advogado e Servidor Público Federal
Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce. Advogado Administrativista e do Consumidor - especialista em concursos públicos e danos pela Internet. Servidor Público Federal no Instituto Nacional do Seguro Social. Ocupou Funções como de Chefe

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