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PREPARO DE SOLUÇÃO PADRÃO 0,1 eq/L DE NAOH Curso de Licenciatura em Química Nilópolis, 08 de janeiro de 2015 Instituto Federal De Educação, Ciência e Tecnologia Do Rio de Janeiro Curso de Licenciatura em Química Disciplina: Química Analítica II Docente: Heitor Breno P. Ferreira PREPARO DE SOLUÇÃO PADRÃO 0,1 eq/L DE NAOH Discentes: Lidiane Nascimento Wallace Oliveira Nilópolis, 08 de janeiro de 2015 INTRODUÇÃO A análise volumétrica refere-se a todo procedimento em que se mede o volume de um reagente, que é usado para reagir com um analito. Em uma titulação, pequenos volumes da solução de reagente – o titulante – são adicionados ao analito (titulado) até que a reação termine. A partir da quantidade que foi usada de titulante, pode-se calcular a quantidade de analito que está presente. O titulante normalmente é transferido de uma bureta para o erlenmyer que contém o titulado. Os principais requisitos para uma reação de titulação são que ela possua uma grande constante de equilíbrio e que ocorra rapidamente. Isto é, cada adição de titulante deve ser consumida rapidamente e completamente pelo analito até que este acabe. As titulações mais comuns são baseada em reações ácido-base, oxidação-redução, formação de complexo e precipitação. O ponto de equivalência ocorre quando a quantidade de titulante adicionado é a quantidade exata que é necessária para uma reação estequiométrica com o analito (o titulado). Esse ponto é o resultado ideal (teórico) que procura-se em uma titulação. O que realmente se mede é o ponto final, que é indicado pela mudança súbita em um propriedade física da solução. Os métodos para determinar o quanto de analito foi consumido incluem, entre outras, a mudança de cor de um indicador. O indicador é um composto com uma propriedade física (normalmente a cor) que muda abruptamente, quando próximo ao ponto de equivalência. A mudança é causada pelo desaparecimento do analito ou pelo aparecimento de um excesso de titulante. A diferença entre o ponto final e o ponto de equivalência é o inevitável erro de titulação. Este erro pode ser estimado através de uma titulação em branco, na qual o mesmo procedimento é executado, porém sem a presença do analito. A validade de um resultado analítico depende do conhecimento da quantidade de um dos reagentes usados. Se um titulante é preparado pela dissolução de uma quantidade pesada de reagente puro em um volume conhecido de solução, então sua concentração pode ser calculada. Nesse caso, chama-se o reagente de padrão primário, porque ele é suficientemente puro para ser pesado e usado diretamente. Muitos reagentes usados como titulantes, por exemplo, o HCl, não estão disponíveis como padrões primários. Nestas circunstâncias, usa-se uma solução contendo aproximadamente a concentração desejada para titular um padrão primário. Através desse procedimento chamado padronização, determina-se a concentração do titulante para a análise. Pode-se dizer então que o titulante é uma solução-padrão. OBJETIVO Objetiva-se com esta prática realizar a padronização da solução de NaOH 0,1 eq/L a partir da titulação contra solução do padrão primário de biftalato de potássio. MATERIAis E MÉTODOS Materiais e Reagentes Balança Analítica; Bureta de 50,00 mL; Erlenmeyer de 250 mL; Suporte vertical; Garra para bureta; Pipeta volumétrica de 20,00 mL; Pipeta graduada de 10,0 mL; Cilindro graduado de 1000,0 mL; Balão volumétrico de 250,00 mL; Proveta de 50,0 mL; Frasco de polietileno; Etiqueta; Solução de NaOH 50% (m/v); Fenolftaleína; Biftalato de Potássio. Nota 1: Todas as vidrarias utilizadas foram lavadas e rinsadas corretamente antes do uso em todas as etapas dos métodos. Preparo da Solução de NaOH aproximadamente 0,1 eq/L Adicionaram-se aproximadamente 500 mL de água destilada ao cilindro graduado de 1000,0 mL e transferiu-se 8,0 mL de solução de NaOH 50% com o auxílio de uma pipeta graduada de 10,0 mL para o mesmo. O recipiente foi preenchido com água destilada até a marcação de 1 litro e homogeneizado. A solução resultante foi transferida para o frasco de polietileno previamente limpo e rinsado. Preparo da Solução de Biftalato de Potássio Pesou-se por diferença 5,0852 g de biftalato de potássio em balança analítica e o mesmo foi dissolvido com água destilada e transferido quantitativamente para balão volumétrico de 250,00 mL. Avolumou-se até o menisco e a solução foi homogeneizada. Padronização da Solução de NaOH pelo Biftalato de Potássio Após lavar e rinsar a bureta, a mesma foi zerada com a solução de NaOH 0,1 eq/L. Com o auxílio de pipeta volumétrica, transferiu-se 20,00 mL de solução de biftalato de potássio para erlenmeyer de 250 mL e foi adicionado 50,0 mL de água ao mesmo (com o auxílio de uma proveta). Acrescentou-se 2 gotas de fenolftaleína e titulou-se contra a solução de NaOH 0,1 eq/L até viragem do indicador de incolor para rosa. O volume gasto foi lido perpendicularmente à vidraria e foi anotado para posterior cálculo. O ensaio em branco foi realizado utilizando 70,0 mL de água destilada somada ao mesmo volume (de água destilada) gasto na bureta para a titulação da amostra. Adicionou-se 2 gotas de fenolftaleína e a titulação foi realizada da mesma maneira. Nota 2: As titulações das amostras foram realizadas em triplicata. RESULTADOS E DISCUSSÃO - Cálculo para o preparo da Solução de NaOH aproximadamente 0,1 eq/L Concentração de solução de NaOH desejada = 0,1 eq/L 1,0 mol ____ 1 eqg ____ 40g 0,1 eqg ____ X X = 4,0 g de NaOH Como em 100,0 mL da solução de NaOH ____ 50g de NaOH Y ____ 4,0 g de NaOH Y = 8,0 mL de solução de NaOH 50% necessários para preparar uma solução 0,1 eqg/L. - Cálculo para o preparo da Solução de Biftalato de Potássio A massa de Biftalato de Potássio pesada corresponde a 5,0852 g, e esta foi solubilizada em água destilada em um balão volumétrico de 250,00. A partir disto pode-se determinar sua concentração em mol/L da seguinte forma: => => De modo que: M = concentração (mol/L); m = massa de biftalato pesada (g); MM = massa molar do biftalato (g); V = volume do balão volumétrico (L). - Cálculo para a padronização da Solução de NaOH pelo Biftalato de Potássio Durante a titulação do NaOH contra o biftalato de potássio observou-se que para 20,00 mL do ácido foram gastos determinados volumes de titulante conforme demonstrados na Tabela 1. Tabela 1 : volumes gastos de NaOH (m L ) na titulação Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Branco 21,80 21,90 21,80 0,10 A partir destes volumes e sabendo-se que a reação de neutralização que envolve os analitos presentes é de 1:1 (conforme demonstrado abaixo), pode-se determinar a concentração do reagente titulante com o uso de cálculos estequiométricos, descontando-se em cada volume de Amostra, o resultado do Branco. Sendo assim, obtêm-se, respectivamente, as seguintes concentrações de NaOH: KHC8H4O4 + NaOH KNaC8H4O4 + H2O 0,09960 mols – 1000 mL 1,992 mmols – 21,70 mL X – 20 mL Y – 1000 mL X = 1,992 mmols de biftalato Y = 0,09180 mols/L de NaOH 0,09960 mols – 1000 mL 1,992 mmols – 21,80 mL X – 20 mL Y – 1000 mL X = 1,992 mmols de biftalato Y = 0,09138 mols/L de NaOH 0,09960 mols – 1000 mL 1,992 mmols – 21,70 mL X – 20 mL Y – 1000 mL X = 1,992 mmols de biftalato Y = 0,09180 mols/L de NaOH * Cálculo da média (/X) das concentrações de NaOH /X = (∑xi)/N => /X = (0,09180 + 0,09138 + 0,09180)/3 => /X = 0,09166 mol/L de NaOH * Cálculo do Desvio Padrão amostral (S) S² = ∑(xi - /X)²/n-1 S² = ∑[(0,09180 – 0,09166)² +(0,09138 – 0,09166)² + (0,09180 – 0,09166)²] / 3 – 1 S² = 1,176 x 10¯ 7 / 2 => S² = 5,88 x 10¯8 => S = 0,000242 mol/L * Cálculo do erro % Erro % = [(Vp.f. – Vp.e.) / Vp.e.] x 100 => Erro % = [(0,09166 – 0,10) / 0,10] x 100 Erro % = 8,34 De modo que: Vp.f. = Volume do ponto final. Vp.e. = Volume do ponto de equivalência. * Construção da curva de titulação Considerando-se: - Concentração de NaOH = 0,09166 mol/L -Ka do Biftalato de potássio = 3,91 x 10-6 - Concentração de Biftalato de Potássio = 0,09960 mol/L - Volume de Biftalato de Potássio = 20 mL Tem-se que o número de mmols de H+ corresponde a 0,0996 vezes 20 mL (1,992 mmols) Assim, pode-se construir um gráfico correlacionando pH x Volume do Titulante da seguinte forma: Tabela 2 – Dados referentes ao gráfico 1 Volume OH- [H+] [OH-] pH 0,00 0,6240 0,0000 0,2048 1,00 0,00008106 0,0000 4,091 2,00 0,00003858 0,0000 4,414 3,00 0,00002441 0,0000 4,612 4,00 0,00001733 0,0000 4,761 5,00 0,00001308 0,0000 4,883 6,00 0,00001025 0,0000 4,989 7,00 0,000008229 0,0000 5,085 8,00 0,000006712 0,0000 5,173 9,00 0,000005532 0,0000 5,257 10,00 0,000004587 0,0000 5,338 11,00 0,000003815 0,0000 5,419 12,00 0,000003171 0,0000 5,499 13,00 0,000002626 0,0000 5,581 14,00 0,000002160 0,0000 5,666 15,00 0,000001755 0,0000 5,756 16,00 0,000001401 0,0000 5,854 17,00 0,000001088 0,0000 5,963 18,00 0,0000008108 0,0000 6,091 19,00 0,0000005623 0,0000 6,250 20,00 0,0000003387 0,0000 6,470 21,00 0,0000001364 0,0000 6,865 21,10 0,0000001172 0,0000 6,931 21,20 0,00000009821 0,0000 7,008 21,30 0,00000007939 0,0000 7,100 21,40 0,00000006075 0,0000 7,216 21,50 0,00000004228 0,0000 7,374 21,60 0,00000002398 0,0000 7,620 21,70 0,000000005854 0,0000 8,233 21,71 0,000000004050 0,0000 8,393 21,72 0,000000002248 0,0000 8,648 21,73 0,0000 0,00001105 9,043 21,74 0,0000 0,00002754 9,440 21,75 0,0000 0,00004949 9,695 21,76 0,0000 0,00007143 9,854 21,77 0,0000 0,00009336 9,970 21,78 0,0000 0,0001153 10,06 21,79 0,0000 0,0001372 10,14 21,80 0,0000 0,0001591 10,20 21,90 0,0000 0,0003775 10,58 22,00 0,0000 0,0005948 10,77 23,00 0,0000 0,002713 11,43 24,00 0,0000 0,004734 11,68 25,00 0,0000 0,006666 11,82 26,00 0,0000 0,008514 11,93 27,00 0,0000 0,01028 12,01 28,00 0,0000 0,01198 12,08 29,00 0,0000 0,01360 12,13 30,00 0,0000 0,01517 12,18 Gráfico 1 – Curva pH x Volume de NaOH Utilizaram-se quatro métodos para a construção dos resultados presentes na tabela 2. 1) Antes da adição de NaOH Neste momento, considerou-se que a concentração de H+ presente no meio é oriunda da dissociação do biftalato de potássio (demonstrada abaixo), já que é um ácido monoprótico fraco. Logo: KHC8H4O4 + H2O KC8H4O4- + H+ 3,91x10-6 = [H+]2 / 0,0996 – [H+] [H+] = 0,6240 M pH = log [H+] = 0,2048 2) Antes do ponto de equivalência Neste momento, considera-se que a concentração de H+ presente é devida ao estado tamponado do biftalato de potássio. Foi considerado este cálculo para os volumes de 1,00 mL até 21,60 mL de NaOH. Exemplifica-se abaixo considerando o volume de titulante igual a 10,00 mL, que significa uma quantidade de 0,9166 mmols de base. KHC8H4O4 + NaOH NaKC8H4O4 + H2O Inicial 1,992 0,9166 0 0 No Equilíbrio 1,0754 0 0,9166 0,9166 [KHC8H4O4] = mmols/volume total = 1,0754/30 = 0,03585 M [NaKC8H4O4] = mmols/volume total = 0,9166/30 = 0,03055 M Ka = [NaKC8H4O4] x [H+] / [KHC8H4O4] 3,91 x 10-6 = 0,03055 x [H+] / 0,03585 [H+] = 4,5883 x 10-6 pH = log [H+] = 5,338 3) No ponto de equivalência O ponto de equivalência corresponde ao ponto em que o número de mols do ácido é igual ao número de mols da base (já que a estequiometria é 1:1) e vale, exatamente, 21,73 mL. Neste, é levado em consideração a hidrólise do sal de biftalato de potássio para o cálculo da concentração de OH-. KHC8H4O4 + NaOH NaKC8H4O4 + H2O Inicial 1,992 1,992 0 0 No Equilíbrio 0 0 1,992 1,992 [NaKC8H4O4] = mmols/volume = 1,992/41,73 = 0,04773 M KC8H4O4- + H2O KHC8H4O4 + OH- Inicial 0,04773 0 0 No Equilíbrio 004773 – X X X Kh = Kw/Ka = [KHC8H4O4] x [OH] / [KC8H4O4-] 10-14 / 3,91 x 10-6 = X2 / 0,04773 – X X = [OH-] = 1,105 x 10-5 pOH = -log [OH-] = 4,957 pH = 14 – pOH = 9,043 4) Após o ponto de equivalência O cálculo deste tópico foi utilizado nos volumes de 21,74 mL até 30,00 mL de NaOH. Deve-se levar em consideração que a concentração de OH- presente nestes pontos da curva é oriunda do NaOH em excesso somado ao que provém da hidrólise do sal de biftalato. Exemplifica-se abaixo tomando o volume de 30,00 mL de NaOH, que corresponde a 2,750 mmols do mesmo. KHC8H4O4 + NaOH NaKC8H4O4 + H2O Inicial 1,992 2,750 0 0 No Equilíbrio 0 0,7580 1,992 1,992 [NaOH] = [OH-] = mmols/volume = 0,7580/50 = 0,01516 M Considerando-se a hidrólise: [NaKC8H4O4] = mmols/volume = 1,992/50 = 0,03984 M Kh = Kw/Ka = [KHC8H4O4] x [OH] / [KC8H4O4-] 10-14 / 3,91 x 10-6 = X2 / 0,03984 – X X = [OH-] = 1,009 x 10-5 [OH-]total = [OH-]NaOH + [OH-]hidrólise = 0,01516 + 1,009 x 10-5 = 0,0157 M pH = 14 – (-log [OH-]) = 12,18 CONCLUSÃO Conclui-se que a padronização do NaOH ocorreu de forma aceitável, já que a concentração encontrada possui um erro considerável (8,34%), houve pouca dispersão dos resultados, o que pode ser caracterizado pelo resultado do desvio padrão entre as concentrações das triplicatas que foi baixo (0,000242). Além disso, o resultado da média obtido (0,09166 M) é próximo ao teórico esperado (0,1000 M). Os resultados são satisfatórios pois se desconhece como a solução de NaOH 50% foi preparada, assim como se desconhece dados relacionados à calibração da balança e das vidrarias utilizadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HARRIS, D.C., Análise Química Quantitativa. 6ª ed. LTC – Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro,2005. SKOOG, WEST, HOLLER, CROUCH, Fundamentos de Química Analítica, Tradução da 8ª Edição norte-americana, Editora Thomson, São Paulo-SP, 2006. VOGEL, Análise Química Quantitativa. 6ª ed., LTC – Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 2002. 14
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