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AULA 06: TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS – PARTE 2
AULA 06: TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS – PARTE 2
Começando com uma breve análise
Veja agora um conto e uma crônica, textos que trazem, basicamente os mesmos elementos – personagens, acontecimentos, local, tempo -, mas que pertencem a gêneros textuais diferentes. Por isso, particularizam-se por alguns detalhes. Leia os textos e depois veja os comentários
TEXTO 1: 
A cartomante – Machado de Assis (fragmento)
A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...
Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma coisa ou não...
— A mim e a ela, explicou vivamente ele.
A cartomante não sorriu; disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez as cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso.
— As cartas dizem-me...
(ASSIS, Machado de. Contos: Uma Antologia. São Paulo: Companhia das letras, 1998.)
Comentário: No conto de Machado de Assis, podemos contextualizar a situação apresentada, pois o autor apresenta elementos que possibilitam que o leitor constitua a cena: os personagens (como se posicionam, os objetivos de cada um, os gestos etc.), o local e o tempo.
TEXTO 2:
O vulto na janela - Pequenos contos e outras histórias (Domingo, 20 de abril de 2008)
Olhava aquele vulto pela janela. Com a bruma que vinha do mar naquela tarde de plúmbeos céus, não conseguia distinguir as feições.
Estava sentado a uma mesa. Só. Uma mesa encostada à vidraça daquele café sobre o mar. A humidade daquele mar tormentoso, o ligeiro embaciamento do vidro mostrando que a temperatura ali dentro era bem superior à do vento frio que soprava do norte, davam uma opacidade mágica ao vidro, que tornava o seu interior mais confortável e acolhedor do que o seu barco atracado na praia.
Olhava aquele vulto sentado junto à janela. Não podia aperceber-se do que estava pousado na mesa. Um café quente, uma água refrescante, um simples sumo de laranja ou um exótico sumo de frutos raros. Podia ser ainda um sensual copo de vinho tinto. Não sabia se era homem ou mulher, novo ou velho. Era adulto, sim, tinha a estatura e postura de adulto.
Parecia-lhe feliz. Um vulto afortunado que numa tarde invernosa relaxava com uma bebida num café sobre o mar. Enquanto ele, ele atracava o barco na praia, ao sabor do frio e do vento de norte no meio das tão famosas brumas que o Atlântico empresta, por vezes, ao final da tarde.
Ficou feliz por saber que há gente que pode passar uma tarde no café sobre o mar enquanto ele ganha a vida, arriscando-a naquele pequeno barco, agora atracado na praia.
Sentiu inveja, uma inveja saudável daquele vulto, que parecia feliz e confortável, que disfrutava de uma bebida numa janela sobre o mar. Só não sabia que esse vulto chorava.
Comentário: Reconhecemos o conteúdo como um conto, uma narrativa, porque localizamos personagens, fatos, local e tempo. Esses elementos nos remetem a um contexto tal que podemos refazer mentalmente o cenário da história e construirmos o entendimento ou não do que estamos lendo. O entendimento não será bom se não pudermos refazer mentalmente essa história, Outro aspecto, até curioso, é o fato de podermos contar esta história em qualquer época. O tempo de ocorrência já estará inscrito na narrativa, não é preciso se recorrer a um tempo real. 
Você deve estar se perguntando se não se pode construir contos com fatos reais. Sim, claro que isso é possível! Porém o conto, como tem a função fundamental de contar uma história que poderá ser situada num tempo específico, vai criar uma realidade. Por isso é possível o leitor poder contar a história em qualquer época, porque ela tem contexto próprio.
TEXTO 3:
Almoço de domingo – Por Kássia C
No último domingo o povo aqui em casa me pediu pra fazer nhoque. Então vamos a ele! Estava passando as batatas pelo espremedor e me lembrei  da primeira vez que fiz nhoque pra minha filha. Ela era ainda bem pequena, ainda nem falava direito. E foi uma farra. Ela achou muito divertido esse negócio de fazer rolinhos finos e compridos e depois cortá-los em umas quase "boinhas".
Eu cortava e ela espalhava sobre a mesa bem enfarinhada, matracando o tempo todo.
  Quando acabamos cobri tudo com um pano bem limpo e fui fazer sei lá o quê. Depois de um tempinho me toquei que a Beatriz tava muuuuito quieta:
 - Biaaaa....que tá fazendo?
 - Tô bincando!
 Segui a vozinha que vinha da cozinha e quando lá cheguei:
 - Jesus! Que que 'ce tá fazendo...?
 - To amassando as boinhas....
Comemos espaguete!
Comentário: O texto “Almoço de Domingo”, por ser uma crônica, conta fatos do cotidiano, fatos reais: necessita que o tempo, as personagens e o local sejam esclarecidos, porque não traz um contexto pronto. Logo, precisa do contexto da situação, exatamente por lidar com fatos do cotidiano. As crônicas também apresentam outro aspecto, como o de analisar, comentar, argumentar, criticar determinadas situações. Assim, um grande propósito do texto da crônica é aproveitar o fato para fazer comentários e até apresentar aspectos divertidos da situação.
TEXTO 4:
A outra noite – Rubem Braga
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal. 
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou o sinal fechado para voltar-se para mim: -O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima? Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita e linda. -Mas, que coisa... Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa. -Ora, sim senhor... E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.
Comentário: Podemos observar que, na crônica de Rubem Braga, não há um contexto que possa esclarecer o leitor sobre a situação retratada. Assim, o autor apresenta os personagens e os fatos de maneira que sejam facilmente identificados. 
 Os elementos do texto são apresentados de forma clara, a fim de que o leitor não tenha dificuldades em contextualizar a situação apresentada.
 O texto apresenta uma situação cotidiana. A narrativa é informal e a linguagem utilizada é coloquial.
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ATIVIDADE PROPOSTA
Faça uma leitura atenta do texto a seguir exercitando a habilidade de localizar informações relevantes para solucionar determinado problema apresentado. Esse localizar determinado problema diz respeito ao fato de identificar os objetivos do texto, os possíveis leitores etc. Após esse entendimento, é possível identificar o gênero do texto, se é crônica ou conto e que aspectos relevantes existem para identifica-lo. Esta será a sua tarefa com o texto na sequência: identificar o gênero e justificar sua escolha.
Sinceridade de criança
Era uma época de "vacas magras".Morava só com meu filho, pagando aluguel, ganhava pouco e fui convidada para a festa de aniversário de uma grande amiga. O problema é que não tinha dinheiro messmoooooo.
Fui a uma relojoaria à procura de uma pequena jóia, ou bijouteria mesmo, algo assim, e pedi à balconista:
- Queria ver alguma coisa bonita e barata, para uma grande amiga!
Ela me mostrou algumas peças realmente caras, que na época eu não podia pagar. Então eu pedi:
- Posso ver o que vc tem, assim... alguma coisa mais baratinha? e a moça me trouxe um pingente folheado à ouro...bonito e barato.
Eu gostei e levei.
Quando chegamos ao aniversário, (eu e meu filho) fomos cumprimentar minha amiga, que ao abrir o presente disse:
- Nossa, muito obrigada!!!!! que coisa linda!!!!!
E meu filho na sua inocência de criança bem pequena, sem saber bem o que significava a expressão "baratinha" completou:
-E era a mais baratinha que tinha!!!. :-((
a) Qual o gênero textual de Sinceridade de Criança: é um conto ou uma crônica?
	- Trata-se de uma crônica.
b) Que características determinam sua escolha?
	- As características gerais de uma crônica são: a) Relação com a vida cotidiana; b) Narrativa informal, familiar e intimista; c) Uso da oralidade na escrita: linguagem coloquial; d) Uso do humor. 
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Na aula anterior, tratamos de alguns textos argumentativos. Textos desse tipo têm um objetivo principal: convencer o outro de que seu ponto de vista está correto. Isto pode ser feito de várias maneiras. Porém, existe um ambiente de extrema formalidade em que o autor do texto precisa convencer, persuadir o outro a pensar como ele, pois, assim, ele ganhará a causa. Esse é o ambiente jurídico. 
 Apresentaremos, a seguir, um texto típico do mundo jurídico: a petição, uma forma de pedir, de reivindicar através da fundamentação na lei.
CABEÇALHO
EXMO. SR. DR. JUIZ DA VARA DO TRABALHO DA 1* REGIÃO – RIO DE JANEIRO/RJ
MARIA DAS DORES, brasileira, casada, atendente, portadora da carteira de identidade n* ____________________ e CTPS n* _________________, série______________, inscrita no CPF n*_________________e PIS_____________, Filha de __________________, residente e domiciliada na___________________________, CEP:_______________, Vem por seu advogado, com endereço profissional_____________________________________, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
pelo rito ______________________, em fase de ______________________, inscrita no CNPJ sob n* ____________ estabelecida na _____________________, CEP:___________________, pelos fatos e fundamentos que se seguem: 
DOS FATOS
DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
Compareceu a Reclamante ao sindicato de sua categoria profissional, não tendo sido realizada tentativa de cordo em razão de não ter sido instituída a Comissão de Conciliação prévia no âmbito daquele órgão.
DOS FATOS
A Reclamante foi admitida pela Reclamada em ______, para exercer a função de atendente, recebendo como última e maior remuneração o valor de ______, sem anotação em sua CTPS, vindo a ser demitida sem justa causa em ______, sem que lhe fossem pagas as verbas rescisórias a que fazia jus.
Sua jornada de trabalho era de segunda a segunda de 09:00h até as 17:00h, com uma folga semanal, sendo uma destas um domingo ao mês.
DOS FUNDAMENTOS
DOS FUNDAMENTOS
DO VINCULO EMPREGATÍCIO: 
A Reclamante exercia suas funções de forma subordinada para a Reclamada, com pessoalidade, recebendo como contraprestação salário, preenchendo todos os requisitos para a configuração do vinculo empregatício.
A relação empregatícia é a figura do empregado emergem como resultado da combinação, em um certo contexto sociojurídico, dos cinco elementos fático-jurídicos: a) prestação de trabalho por pessoa física a um tomador qualquer; b) prestação efetuada com pessoalidade pelo trabalhador; c) também efetuada como não eventualidade; d) efetuada ainda com subordinação ao tomador dos serviços; e) prestação de trabalho efetuada com onerosidade.
A CLT aponta esses elementos em seu art. 3*:
ART. 3* - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviço de natureza não eventual ao empregador, sob a dependência dele e mediante salário.
Já no ART. 2* do mesmo diploma legal, define a figura do empregador como
ART. 2* - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação de serviços.
Logo temos que empregado é todo trabalhador não eventual, cujo trabalho é prestado intuitu personae (pessoalidade) por pessoa física, em situações de subordinação, com onerosidade.
Pelo exposto acima, demonstrando está que a Reclamante sempre atuou como empregada da Reclamada, preenchendo todos os requisitos necessários para a determinação do vínculo empregatício. 
DO VALOR A SER PAGO
DO SALDO SALARIAL NÃO PAGO
Existe saldo salarial inadimplido correspondente ao mês ______, no montante de R$ ______, valor este que não foi pago à reclamante, devendo a reclamada proceder ao seu pagamento na audiência inaugural, sob pena do pagamento do valor em dobro conforme impõe o ART. 467 da CLT.
DO AVISO PRÉVIO E DO FGTS
Não houve comunicação de aviso prévio e não lhe foram pagas as verbas rescisórias que fazia jus, como previa o ART. 477,inciso 6* da CLT, sendo certo que a reclamada, durante todo o pacto laboral, não efetuou nenhum deposito sob tal rubrica em conta fundiária da reclamante.
Deste modo, é aplicável não só a multa devida pelo retardo no pagamento das verbas rescisórias, mas conforme determina o ART. 477 inciso 8*, da CLT, mas também o pagamento das verbas atinentes ao aviso prévio e FGTS, neste último caso incidindo sobre o período de aviso prévio devido, tudo na forma do ART. 487 do mesmo diploma legal e do Enunciado n* 305 do TST, importâncias que devem ser acrescidas da multa de 40% em razão da demissão imotivada.
DA GRATIFICAÇÃO NATALINA
Trata-se de gratificação natalina aquela que corresponde a 1/12 da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço ou fração de 15 dias trabalhados a ser pago até dia 20 de dezembro, independente da remuneração que o empregado fizer jus, conforme dispõe o ART. 7*, VIII da CRFB. 
Sendo assim, faz jus a Reclamante à gratificação natalina proporcional na razão de 7/12 do ano de ____ e na razão de 3/12 do ano de ____, devido à projeção do aviso prévio.
DAS FÉRIAS
O descanso anual remunerado é consagrado em todas as legislações por questões médicas, familiares e sociais, previsto na CRFB no seu ART. 7*, XVII e na CLT no seu ART. 129.
Desta forma, faz jus a Reclamante a receber os valores referentes às férias proporcionais (__/12) acrescidas de 1/3 constitucional referente ao período ______, com a projeção do aviso prévio.
DO PEDIDO
DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a V.Ex* a procedência dos pedidos elencados, aplicando-se o ART. 467, no que couber:
1.A concessão do beneficio da Gratuidade de Justiça;
2.O reconhecimento do vinculo empregatício entre a reclamante e a reclamada, no período de ___________, com a devida anotação na CTPS da Reclamante;
3.O pagamento das seguintes verbas, corrigidas monetariamente, aplicando-se o ART. 467 da CLT no que couber:
a. Saldo salarial do mês de ______, no valor de _______;
b. Aviso prévio no valor de ______, acrescido do FGTS sobre ele incidente, no valor de ______ na forma do Enunciado n* 305 do TST, totalizando ______;
c. Décimo terceiro salário proporcional de ____ (__/12) no valor de ______, acrescido do FGTS sobre ele incidente, no valor de ______ totalizando ______;
d. Férias proporcionais (__/12), no valor de ______, conforme disposto no Enunciado n* 171 do TST, acrescido de 1/3 (R$______), conforme ART. 7*, inciso XVII da CRF/88, no valor total de ______;
e. A entrega das guias do FGTS referente a todo o período laborado, ou o pagamento do mesmo diretamente à Reclamante, na importância de ______, importância a ser atualizada monetariamente e acrescida de juros;f. Entrega das Guias do Seguro Desemprego ou indenização equivalente, no valor de _______;
g. Pagamento de 40% (quarenta por cento) sobre o montante total devido a titulo de FGTS, no valor de ______;
h. A aplicação da multa pelo retardo no pagamento das verbas rescisórias, no valor de ______, prevista no ART. 477 inciso 8* da CLT.
4.O pagamento de honorários advocatícios na razão de 10% sobre o valor da condenação;
5.A atualização monetária e adição de juros legais a todo o quantum condenatório;
6.A expedição de oficio à DRT, CEF e INSS;
CONCLUSÃO
Isto posto, requer a Reclamante que se digne V.Ex. determinar a notificação da Reclamada, para contestar a presente, sob pena de revelia e confissão da matéria de fato, esperando ao final ver julgados procedentes os pedidos formulados na presente Reclamatória.
A intimação do INSS para verificar o recolhimento previdenciário sobre todas as verbas rescisórias ora pleiteadas.
DAS PROVAS
Requer, ainda, a produção de todos os meios de prova em direito admissíveis, especialmente documental, testemunhal e depoimento pessoal da Reclamada, sob pena de confissão.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a presente causa o valor de ______.
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, _______/______/________
Ass. do Advogado
OAB
COMENTÁRIO DO PROFESSOR
O texto mostrado pode ser identificado como “a forma de pedir”, reivindicar através da lei. Claro que para ser legitima esta forma de reivindicação, os motivos, os fatos devem possibilitar esta ação. Caso contrário, o “pedido”, a petição não será considerada.
Podemos deduzir alguns pontos:
- O texto se constitui numa forma de reivindicar direitos;
- Claro que esta forma de reivindicação não é feita somente através de textos desta natureza;
- Esta forma de reivindicação de direitos é utilizada na área jurídica. Lida com os direitos legais das pessoas e é uma forma extremamente formal de texto.
Note que toda petição, todo texto é formado de várias partes, para que seja bastante claro para quem o leia. O autor da petição, o advogado, identifica as partes que compõe o texto, narra os fatos e argumenta, deixando claro que o direito de alguém foi violado e o fato necessita ser reparado. O juiz de direito irá julgar todo o pedido e declarar quem é o vencedor, pois um processo aberto requer algumas petições: a que inicia o texto da outra parte que tem direito de contestar etc. De modo que o que para nós é relevante é o fato de poder articular uma estratégia de convencimento organizada através do texto argumentativo. Se alguém reclama que seu direito foi violado e quer a reparação, quem está sendo acusado também pode querer mostrar que é inocente, na verdade, é uma espécie de “jogo” em que muitos querem ganhar.
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Em entrevista ao terramérica, o escritor português José Saramago afirmou:
As tragédias ecológicas são importantíssimas, mas as humanas talvez sejam mais.
(Neste primeiro parágrafo do texto, o autor lança sua tese (as tragédias humanas são mais importantes que as ecológicas). Por se tratar de uma posição polêmica, principalmente em meio às discussões sobre ecologia, ele irá justificar o porquê de pensar assim).
Uma árvore pode, mais ou menos, ressuscitar, uma floresta, um bosque, se cuidarmos deles. Mas os mortos não ressuscitam, não há maneira de devolvê-los à vida. Se é verdade que devemos nos preocupar com a catástrofe ecológica, não é menos certo que se deve pensar, sobretudo, na catástrofe que será a morte de uma quantidade de seres humanos, que nem podemos imaginar.
(Para justificar sua tese, o autor abre mão de um argumento (as árvores podem ser recuperadas, mas a vida humana não). Provavelmente o autor se refere às diversas campanhas (e o dinheiro arrecadado) para “salvar o planeta”, embora haja pouco dinheiro para salvar as tragédias humanas (como a epidemia de AIDS na Áfirca, por exemplo).
O meio ambiente é muito importante, mas vamos nos preocupar com algo mais. Tenho um jardim e cuido muito de minas árvores. Entretanto, estou mais preocupado com as pessoas que vivem dentro de minha casa.
(O terceiro parágrafo do texto serve para ratificar a tese apresentada pelo autor no primeiro parágrafo. Para tal, ele usa de uma analogia (comparação), que é um poderoso recurso linguístico-discursivo na construção da argumentação).
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Como vimos, os gêneros textuais surgem em decorrência da necessidade que o homem tem de se comunicar de acordo com as circunstâncias em que se encontra. Assim, ele não pode levar apenas em consideração a modalidade linguística, deve adequar o seu texto ao receptor, ao conteúdo de sua mensagem, ao objetivo que pretende alcançar e mesmo ao veículo que servirá de canal de comunicação.
Se o meio é a música, ao elaborar a mensagem, o autor empregará recursos como ritmo, rima, refrão, entre outros, para transmitir suas ideias ou sentimentos.
Na publicidade, por exemplo, observam-se vários tipos de suporte para divulgar um produto ou serviço: a televisão, o outdoor, o busdoor, o rádio, o cinema, a revista, o jornal e a internet, entre outros.
Para tornar-se mais eficiente, o gênero se adapta ao veículo procurando aproveitar os recursos que cada um oferece; como o som, a imagem ou a velocidade de transmissão, por exemplo.
OUTDOOR: No caso do outdoor, observamos o emprego de imagem e/ou frases de efeito que possam atrair a atenção do receptor. A ambiguidade e o humor são elementos muito frequentes usados nesse tipo de mídia.
A propaganda tem por objetivo influenciar o receptor da mensagem a adquirir um produto ou um serviço, mas também pode procurar mudar uma atitude. São bons exemplos as campanhas de antitabagismo, consumo consciente de recursos naturais, direção responsável, controle de poluição do meio ambiente, entre outras.
Na propaganda do Ministério da Saúde contra o hábito de fumar, podemos perceber a intenção de convencer o receptor a parar de fumar. Para atingir o seu objetivo, o emissor empregou a ambiguidade, ou duplo sentido, da palavra “droga”, pois estamos acostumados a associar o seu significado às drogas ilícitas, e não às substâncias químicas. Ao enfatizar o significado com o qual não estamos habituados, o emissor pretendeu provocar uma sensação de estranhamento diante da mensagem e, consequentemente, captou a atenção do receptor.
Serenou na madrugada - Fagner
Composição: Folclore - Adaptação de Paimundo Fagner
A minha amada me mandou um bilhetinho
Só pra ver se eu conhecia a letra dela. 
A letra dela já era conhecida
Ela me amava, eu também amava ela
Mandei fazer um buquê pra minha amada
De bonita fulô mais disfarçada
O nome dela era estrela matutina
Adeus menina, serenou na madrugada
Na música folclórica, “Serenou na Madrugada”, “eu-lírico” conta que recebeu uma mensagem de sua amada; mas, na verdade, ela queria saber se ele conhecia a letra dela. No tempo em que se enviavam bilhetes e cartas, as mensagens demoravam dias e até semanas para chegar aos seus destinatários.
A rapidez na transmissão de conteúdos propiciada pela internet deu origem a gêneros adaptados à especificidade do espaço cibernético. O e-mail é um bom exemplo de um novo gênero e de suporte, pois podemos enviar uma mensagem via e-mail ou enviar um e-mail. Qual é a diferença?
É simples: o correio eletrônico é o meio pelo qual enviamos mensagens e também dá nome ao tipo de mensagem que se envia por correio eletrônico. Para Luiz Marcuschi, um estudioso de gêneros textuais, o e-mail é muito semelhante à carta, no entanto pode levar, em anexo ou em seu corpo, outros textos de gêneros variados como notícias, currículos, ofícios, receitas e fotos.
Como vimos, os gêneros textuais são dinâmicos porque também a realidade e os meios de comunicação são aperfeiçoados constantemente pelos avanços tecnológicos. 
Hoje, conviver em sociedade exige atualização, assimilação e uso dosnovos meios para a participação efetiva.

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