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CINEMA´TICA E DINAˆMICA DE CORPO RI´GIDO 1. Forc¸as externas e internas • Vimos anteriormente que, dependendo da situac¸a˜o, o movimento de um corpo pode ser estudado tratando o mesmo como uma partı´cula. No entanto, este ponto de vista nem sempre e´ va´lido e um corpo, em geral, deve ser tratado como uma combinac¸a˜o de um grande nu´mero de partı´culas. O tamanho do corpo tera´ enta˜o que ser levado em conta, bem como o fato de que as forc¸as tera˜o diferentes pontos de aplicac¸a˜o. • As forc¸as que atuam sobre corpos rı´gidos podem ser divididas em dois grupos: – As forc¸as externas representam a ac¸a˜o de outros corpos sobre o corpo rı´gido em considerac¸a˜o e sa˜o inteiramente responsa´veis 1 pelo comportamento externo do corpo. Tais forc¸as va˜o causar o movimento do corpo ou garantir que ele permanec¸a em repouso. – As forc¸as internas sa˜o as que manteˆm juntas as partı´culas que formam o corpo rı´gido. Como exemplo de forc¸as externas, vamos considerar as forc¸as atu- ando sobre um carro parado (figura abaixo). As forc¸as externas que atuam sobre o carro sa˜o o seu peso ~P , que atua no no centro de gravidade do carro, e as forc¸as ~R1 e ~R2, que sa˜o as reac¸o˜es do solo, isto e´, sa˜o aplicadas pelo solo no carro e equilibram o peso do mesmo. Forc¸as externas atuando sobre um carro parado • As forc¸as externas atuando sobre um corpo rı´gido podem, caso na˜o sejam contrabalanc¸adas, imprimir ao corpo um movimento de transla- c¸a˜o ou de rotac¸a˜o, ou ambos. 2. Princı´pio da Transmissibilidade. Forc¸as equivalentes • O princı´pio da transmissibilidade estabelece que as condic¸o˜es de equi- lı´brio ou movimento de um corpo rı´gido permanecera˜o inalteradas se uma forc¸a ~F que atua em um dado ponto do corpo for substituı´da por uma forc¸a ~F ′ de intensidade, direc¸a˜o e sentido iguais, mas at- uando em um ponto diferente, desde que essas duas forc¸as tenham a mesma linha de ac¸a˜o. As duas forc¸as ~F e ~F ′ teˆm o mesmo efeito sobre o corpo e diz-se que sa˜o equivalentes. • No caso dos corpos rı´gidos, o ponto de aplicac¸a˜o de uma forc¸a na˜o importara´ desde que a linha de ac¸a˜o da forc¸a permanec¸a inalterada. 3. Momento de uma forc¸a em relac¸a˜o a um ponto • O efeito de uma forc¸a sobre um corpo rı´gido depende do seu ponto de aplicac¸a˜o A; a posic¸a˜o de A pode ser definida pelo vetor ~r que liga o ponto de refereˆncia fixo O com A. Esse vetor e´ conhecido como vetor posic¸a˜o de A. O momento de ~F em relac¸a˜o a O e´ definido como ~MO = ~r × ~F , (1) onde ~MO e´ perpendicular ao plano que conte´m O e os vetores ~r e ~F , com sua direc¸a˜o e sentido dados pela regra da ma˜o direita. A intensidade do momento de ~F em relac¸a˜o a O e´ MO = rF sinφ = Fd, (2) onde d representa a distaˆncia perpendicular de O ate´ a linha de ac¸a˜o de ~F . A intensidade de ~MO mede a tendeˆncia de uma forc¸a ~F de fazer o corpo rı´gido girar em torno de um eixo fixo dirigido ao longo de ~MO. A unidade de momento no SI e´ N.m. • Podemos perceber que o momento de uma forc¸a na˜o depende da posic¸a˜o real do ponto de aplicac¸a˜o da forc¸a ao longo da sua linha de ac¸a˜o. • Verificamos que duas forc¸as ~F e ~F ′ sa˜o equivalentes se, e somente se, forem iguais e tiverem momentos iguais em relac¸a˜o a um dado ponto O (~F = ~F ′ e ~MO = ~M ′O). 4. Teorema de Varignon • Podemos agora determinar o momento resultante de va´rias forc¸as concorrentes (figura abaixo): se va´rias forc¸as ~F1, ~F2, . . . sa˜o apli- cadas ao mesmo ponto A e se representarmos por ~r o vetor posic¸a˜o de A, segue-se imediatamente da equac¸a˜o (1) que ~r × ( ~F1 + ~F2 + . . . ) = ~r × ~F1 + ~r × ~F2 + . . . (3) Em palavras, o momento em relac¸a˜o a um dado pontoO da resultante de diversas forc¸as concorrentes e´ igual a` soma dos momentos das va´rias forc¸as em relac¸a˜o ao ponto O (Teorema de Varignon). Exemplo 1: Uma forc¸a vertical de 450 N e´ aplicada na extremidade de uma alavanca que esta´ ligada a um eixo em O. Determine (a) o momento da forc¸a em relac¸a˜o a O; (b) a forc¸a horizontal aplicada em A que gera o mesmo momento em relac¸a˜o a O. (a) Temos que MO = rF sinφ = (0,6 m)(450 N) sin(150◦) = (270)× (0,5) = 135 N.m. O vetor ~MO e´ perpendicular ao plano da figura e aponta para dentro do papel. Tambe´m podemos deter- minar MO calculando primeiramente o brac¸o de alavanca d, onde cos 60◦ = d/(0,6) → d = (0,6)(0,5) = 0,3 m, e enta˜o MO = Fd = (450)(0,3) = 135 N.m. (b) Neste caso teremos: MO = 135 = rF sin(60◦) = (0,6)× (0,866)F = 0,52F → F ≈ 260 N. Exemplo 2: Determine o momento resultante das foras ~F1 = (300 N)j e ~F2 = (400 N)i atuando no mesmo ponto cujo vetor posic¸a˜o em relac¸a˜o a` origem e´ ~r = (3 m)i + (1 m)j + (4 m)k. A forc¸a resultante atuando sobre o ponto em questa˜o sera´ ~F = ~F1 + ~F2 = (400 N)i + (300 N)j. Logo, ~MO = ~r × ~F = i j k3 1 4 400 300 0 (4) i.e., ~MO = ~r × ~F = (−1200 N.m)i + (1600 N.m)j + (500 N.m)k. Exemplo 3: Determine o momento da forc¸a de 1000 N em relac¸a˜o ao ponto B. Podemos decompor a forc¸a de 1000 N em suas componentes x e y, uma vez que o momento da forc¸a resultante em relac¸a˜o ao ponto B e´ igual a` soma vetorial dos momentos das suas componentes em relac¸a˜o ao mesmo ponto (Teorema de Varignon). Logo: sin 50◦ = Fx F → Fx = F sin 50◦ = (1000) (0,766) ≈ 766, (5) cos 50◦ = Fy F → Fy = F cos 50◦ = (1000) (0,643) ≈ 643. (6) Calculamos agora o momento de cada forc¸a em relac¸a˜o ao ponto B: MFxB = Fxdx = (766) (0,18) = 137,88 (7) entrando no plano do papel (sinal negativo), M Fy B = Fydy = (643) (0,24) = 154,32 (8) tambe´m entrando no plano do papel (−). Logo o momento resultante sera´ ~MB = ~M Fx B + ~M Fy B →MB = 137,88 + 154,32 = 292,2 (9) (N.m) entrando no plano do papel ou, em notac¸a˜o vetorial, ~MB = −(292,2 N.m)kˆ. 5. Momento de um bina´rio • Duas forc¸as ~F e −~F de igual intensidade, linhas de ac¸a˜o paralelas e sentidos opostos formam um bina´rio. E´ claro que a soma dos com- ponentes das duas forc¸as em qualquer direc¸a˜o e´ zero. A soma dos momentos das duas forc¸as em relac¸a˜o a um dado ponto, pore´m, na˜o e´ nula. • Sejam ~rA e ~rB os vetores posic¸a˜o dos pontos de aplicac¸a˜o das forc¸as ~F e −~F , respectivamente. A soma dos momentos das duas forc¸as em relac¸a˜o ao ponto O sera´ enta˜o ~M = ~rA × ~F + ~rB × ( −~F ) = (~rA − ~rB)× ~F . (10) Fazendo ∆~r = (~rA − ~rB), onde ∆~r e´ o vetor que une os pontos de aplicac¸a˜o das duas forc¸as, concluı´mos que ~M = ∆~r × ~F , (11) onde ~M e´ denominado momento do bina´rio. ~M e´ um vetor perpen- dicular ao plano que conte´m as duas forc¸as e sua intensidade e´ dada por M = ∆rF sinφ = Fd, (12) onde d e´ a distaˆncia perpendicular entre as linhas de ac¸a˜o de ~F e −~F . O sentido de ~M e´ dado pela regra da ma˜o direita. • O momento de um bina´rio e´ um vetor livre, que pode ser aplicado a qualquer ponto; ale´m disso, dois bina´rios sera˜o iguais se tiverem momentos iguais. Figuras: • http://www.mspc.eng.br/ • http://www.feiradeciencias.com.br/ Refereˆncias: • BEER, F. P. e JOHNSTON, E. R. Mecaˆnica Vetorial para Engenheiros: esta´tica. 5. ed. Sa˜o Paulo: Pearson Education, 2008.
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