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Aula 1 - Teoria Geral do Direito Empresarial

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TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL 
Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi
O Comércio
 
É a atividade que consiste em pôr em circulação as mercadorias, tendo como figurarantes principais os produtores, os intermediários e os consumidores.
 
O comércio e a indústria, trabalho humano consagrado à produção de riquezas ou utilidades. 
É o ramo da atividade humana que propicia a circulação da riqueza.
Teoria Geral
 
É o conjunto de normas jurídicas (direito privado) que disciplinam as atividades das empresas e dos empresários comerciais (atividade econômica daqueles que atuam na circulação ou produção de bens e a prestação de serviços), bem como os atos considerados comerciais, ainda que não diretamente relacionados às atividades das empresas.
O Direito Empresarial passa a ser regulado pela codificação Civil na Parte Especial do Livro II, arts. 966 a 1.195. 
Direito das Empresas
 
Da ação intencional do empresário é que surge a empresa propriamente dita. 
Portanto, empresa é ação.
Assim, Direito das Empresas é o conjunto de normas ou regras jurídicas que disciplinam as atividades do empresário e a estrutura da empresa.
Seu objeto é o estudo dos meios socialmente estruturados de superação dos conflitos de interesses envolvendo empresários ou relacionados às empresas que exploram.
Autonomia
 
É assegurada pela CF, no art. 22, I, que ao tratar da competência privativa da União em legislar sobre diversas matérias, explicitou dentre elas distintamente o Direito Civil e o Direito Comercial, que atualmente é melhor chamado de Direito Empresarial, pois a preocupação da disciplina também se refere à prestação de serviços.
Em verdade, o Direito Empresarial possui um conjunto sistematizado de princípios e normas que lhe dão identidade, bem como institutos exclusivos como a Recuperação de Empresas e a Falência, o que faz com que se diferencie de outros ramos do direito.
Fontes
 
O Direito Empresarial representa o conjunto de regras que regula a atividade empresarial e os atos singulares que compõem essa atividade.
Essas regras que formam o Direito Empresarial podem advir de diversas fontes. 
Formais (primárias, principais ou diretas)
São meios pelos quais as normas jurídicas se manifestam exteriormente:
 
Constituição da República Federativa do Brasil;
Leis Comerciais – proposições jurídicas que disciplinam a atividade empresarial:
CC, Lei 10.406/2002, arts. 966 a 1.195;
Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações – S A;
Lei 11.101/2005 – Falência e Recuperação Judicial e Extrajudicial;
Lei 9.179/96 – Propriedade Industrial;
Lei 5.474/68 – Lei das Duplicatas.
Código Comercial – Lei 556/1850, que trata do Comércio Maritímo e que não foi revogada pelo CC.
Tratados e Convenções Internacionais (Lei Uniforme de Genebra).
Secundárias ou subsidiárias 
Na ausência de norma específica de Direito Empresarial deve-se recorrer a essas fontes (leis extravagantes).
 
Leis Civis – fonte direta no caso de obrigações, considerando a unificação do CC 2002;
Usos e Costumes Comerciais – pode-se dizer que o Direito Empresarial sempre foi fruto de práticas reiteradas, das peculiaridades locais e das vivências dos povos.
 
 Podem ser:
Secundum legem: previstos em lei;
Praeter legem – na omissão da lei;
Contra legem: contra lei (cheque pós-datado).
No que tange a costumes locais, exemplo: art. 111 do CC.
Jurisprudência – julgados dos Tribunais.
Analogia – temos as lides, as decisões, sempre pautaram por este processo salutar, histórico e internacional.
Princípio Gerais do Direito – ao juiz não é permitido deixar de decidir acerca das questões que lhe são trazidas. Para tanto, o juiz deve, sempre que não houver lei pertinente ou que ela não seja suficientemente clara acerca dos assuntos, lançar mão desses princípios gerais, que são de caráter moral e também internacional.
Relacionamento do Direito Empresarial com os
outros ramos do Direito Público ou Privado
 
Embora seja um ramo autônomo do direito privado, mantém íntimas relações com outras áreas do direito.
 
Direito Civil – direito obrigacional único para os dois ramos do direito privado. São inúmeras as relações, a começar do atual compartilhamento do CC, que reservou dispositivos dedicados à matéria comercial, seja sobre títulos de crédito, empresa, empresário, registro de empresa, etc.
Direito Público: relaciona-se especialmente na parte relativa à sociedade anônima, aos transportes marítimos, aeronáuticos e terrestres.
Direito Tributário – influência marcante nos lançamentos da Contabilidade Mercantil e seus efeitos quanto à incidência dos tributos e à circulação de mercadorias.
	A responsabilização dos sócios-gerentes por obrigações da sociedade de natureza tributária, à exegese do art. 135, III, CTN, ou mesmo da imposição de algumas espécies de livros fiscais aos empresários.
Direito do Trabalho – liga-se à disciplina das relações entre os empregados e os empregadores, que são os empresários individuais e coletivos.
	
	Basta vermos as causas trabalhistas sendo decididas no âmbito da Justiça do Trabalho para, em seguida, habilitarem-se no Quadro Geral de Credores admitidos na falência.
	
	Também os débitos de natureza trabalhista sendo cobrados dos sócios das sociedades anônimas ou limitadas.
Direito Econômico: envolve as atividades comerciais ao limitar o preço de mercadorias, proibir a comercialização de certos produtos importados, enfim, ao interferir na vontade das partes.
Direito Penal e Processual: aproxima-se desses ramos do direito, particularmente no que se refere aos crimes falimentares e concorrência desleal.
Direito Internacional – o Brasil é seguidor de convenções internacionais que tratam de títulos de crédito e propriedade industrial, dentre outros.
	
	Para inserção das normas em nosso Ordenamento Jurídico, utilizam-se procedimentos afeitos ao Direito Internacional.
Teoria da Empresa
 
De acordo com o Código Civil, o Direito brasileiro adota a Teoria da Empresa. 
Substituiu a teoria dos Atos de Comércio pela Teoria da Empresa, deixou de cuidar de determinadas atividades (as de mercancia) para disciplinar uma forma específica de produzir ou circular bens ou serviços: a empresarial. 
Isto ocorre em razão da evolução operada no comércio mundial, notadamente com a difusão e aquisição de importância da prestação de serviços.
Para tanto foi criada a Teoria da Empresa, que nasceu na Itália e desenvolveu-se para corrigir falhas da teoria dos Atos de Comércio, vindo, atualmente, a nortear a legislação pátria. 
Considera-se empresa a atividade econômica organizada.
Sendo:
Objetiva – o estabelecimento – um conjunto de bens corpóreos e incorpóreos reunidos pelo empresário, para o desenvolvimento de uma atividade econômica;
Subjetiva – o empresário – sujeito de direitos que organiza o estabelecimento para o desenvolvimento de uma atividade econômica;
Funcional – atividade econômica desenvolvida por vontade do empresário por meio do estabelecimento;
Corporativo – empresário + empregados e colaboradores (recursos humanos utilizados na execução da atividade econômica a que a empresa se propõe).
Abrange: atividades de comércio, indústria e serviço.
Facultativo: atividade rural.
Excluídos: profissionais liberais regulados por lei especial e profissionais intelectuais de natureza científica, literária ou artística.
O Código Civil, revogou expressamente a primeira parte do Código Comercial pelo art. 2.045, a qual era dedicada ao comércio em geral.
 
Adota a Teoria da Empresa, e atualmente só existe o Empresário, art. 2.037, CC.
O Código Comercial de 1850 continha 3 partes, a saber: 
 
1ª parte - Comércio em Geral (CC revogou - teoria dos atos de comércio - era comerciante quem exercia os atos com habilidade, com fins lucrativos e praticava atos de comércio, art. 2.045, CC).
2ª parte - Comércio Marítimo.
3ª parte - Das Quebras - falência e concordata (revogada pela Lei 11.101/2005). 
Aplicação do Direito Empresarial
O Direito Empresarial é o conjunto de normas jurídicas que regulam as transações econômicas privadas empresariais que visam à produção e à circulação de bens e serviços por meio de atos exercidos profissional e habitualmente, com o objetivo de lucro.
Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elementos de empresa.
Desse dispositivo duas situações
pode-se extrair:
As profissões regulamentadas por leis especiais que não permitem o enquadramento profissional na qualidade de empresário, mesmo que os elementos de empresa estejam presentes.
	Exemplo: Advogado.
O produtor rural – cuja adesão ao regime jurídico empresarial é facultativa, art. 971, CC.
Características do Direito Empresarial
Universalismo, Internacionalidade ou Cosmopolitismo – De Cosmópole, cidade caracterizada por vultuosa dimensão e pelo grande número de habitantes. 
O Direito Empresarial vive de práticas idênticas ou semelhantes adotadas no mundo inteiro, principlamente com o advento da globalização da economia, transcendendo as barreiras do direito pátrio, mas nem sempre exigindo legislação a respeito.
Individualismo – O lucro é a preocupação imediata do interesse individual.
Onerosidade – em se tratando de uma atividade econômica organizada, a onerosidade estará sempre presente no elemento lucro almejado pelo empresário. 
Simplicidade ou Informalismo – em suas relações habituais no mercado permite o exercício da atividade econômica sem maiores formalidades, pois, se contrário fosse, o formalismo poderia obstar o desenvolvimento econômico. 
Exemplo: circulação de títulos de crédito mediante endosso.
Fragmentarismo – consiste justamente na existência de um Direito Empresarial vinculado a outros ramos do direito, pois ainda que com características próprias (autonomia), sua existência depende da harmonia com o conjunto de regras de outros diplomas legislativos.
Elasticidade – o Direito Empresarial, por transcender os limites do território nacional, precisa estar muito mais atento aos costumes empresariais do que aos ditames legais.
Permanece em constante processo de mudanças, adaptando-se à evolução das relações de comércio.
Exemplo: contratos de leasing e franchising.
Dinamismo – está relacionado com o desenvolvimento empresarial, fazendo com que as normas comerciais estejam sempre em constante mudança, aderindo a novas tecnologias que certamente acarretarão a existência de novas práticas comerciais.
Atividade Rural como atividade empresarial
 
Mesmo os adeptos da "Teoria da Empresa" não aceitam a atividade rural como atividade empresarial. 
 
 
Contudo, pelo Código Civil, tais atividades são consideradas empresariais.
Art. 970 - a lei lhes assegurará tratamento diferenciado e simplificado no tocante à inscrição e aos efeitos.
Art. 971 - o empresário rural poderá requerer sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro, art. 984, CC.
 
Assim, a atividade rural, depois de inscrita no Registro Público de Empresas Mercantis, ganha status de atividade empresarial.
Não são atividades empresárias
 
fundações (fins religiosos, morais, culturais e assistenciais), art. 62, CC;
associações sem fins econômicos, art. 53, CC;
sociedades simples – parágrafo único do art. 966, CC. Também os arts. 982 e 997 a 1.038, CC.
OBRIGADO !
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Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi
www.professorcrepaldi.pro.br
professorcrepaldi@uai.com.br

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