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INSTITUTO QUALITTAS UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO THIAGO NAVARRO VILALTA HIPOVITAMINOSE A EM PAPAGAIO VERDADEIRO (Amazona aestiva)- CASO CLÍNICO CAMPINAS 2012 THIAGO NAVARRO VILALTA HIPOVITAMINOSE A EM PAPAGAIO VERDADEIRO (Amazona aestiva) – CASO CLÍNICO Relato de caso apresentado ao Programa de Pós-graduação para obtenção do título de especialista em Clínica Médica e Cirúrgica de Animais Selvagens e Exóticos do Instituto Qualittas - Universidade Castelo Branco. Orientador: Luis Antonio Bochetti Basset CAMPINAS 2012 THIAGO NAVARRO VILALTA HIPOVITAMINOSE A EM PAPAGAIO VERDADEIRO (Amazona aestiva) – CASO CLÍNICO Relato de caso apresentado ao Programa de Pós-graduação do Instituto Qualittas- Universidade Castelo Branco para obtenção do título de especialista em Clinica Médica e Cirúrgica de Animais Selvagens e Exóticos, apresentado e aprovado em _____ de _____ de ________. _________________________________________________ Luis Antonio Bochetti Basset (sem permissão para vinculação do nome na internet) _________________________________________________ Segundo Leitor Dedico este trabalho a todos os membros de minha Família, que sempre me deram apoio na profissão; minha mãe e meu pai que lutaram muito para ser o que sou hoje; minha esposa e filhos que entenderam quando precisei me ausentar durante as aulas. RESUMO Os psitacídeos estão entre as aves mais populares e comercializadas na América Latina, principalmente por possuírem plumagens exuberantes e, em algumas espécies, a capacidade de imitarem sons. São representados pelas araras, periquitos e papagaios. Dentre os últimos, o papagaio verdadeiro (Amazona aestiva) é, possivelmente, o mais procurado como ave de estimação. Se caracteriza principalmente por apresentar bico curvo e negro, papo grande, tarso curto e plumagem verde na maior parte do corpo. Essas aves possuem o paladar bastante desenvolvido, alimentando-se basicamente na natureza de sementes, frutos e flores. Em cativeiro, as necessidades nutricionais das aves modificam-se totalmente, principalmente por não realizarem grande atividade física, mesmo quando alojadas em grandes viveiros. Além disso, erroneamente, ocorre o fornecimento de alimento de forma constante, em quantidades superestimadas e com baixo valor nutricional (i.e. sementes de girassol), ocasionando as deficiências nutricionais. Dentre as de maior prevalência em psitacídeos adultos está a Hipovitaminose A. Com o advento das dietas comerciais formuladas e balanceadas, surge uma fonte alimentar mais equilibrada, servindo como prevenção a essas doenças nutricionais. Descritores: Papagaio verdadeiro, Amazona aestiva, hipovitaminose A, doenças nutricionais. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Amazona aestiva, 16 anos, macho ____________________________ 12 Figura 2: Plumagem do paciente antes do tratamento _____________________ 13 Figura 3: Plumagem do paciente antes do tratamento _____________________ 13 Figura 4: Plumagem do paciente após 1 mês de tratamento ________________ 13 Figura 5: Plumagem do paciente após 3 meses de tratamento ______________ 13 Figura 6: Plumagem do paciente após 6 meses de tratamento ______________ 14 Figura 7: Plumagem do paciente após 6 meses de tratamento ______________ 14 Figura 8: Plumagem do paciente após 9 meses de tratamento ______________ 14 Figura 9: Paciente após tratamento (vista anterior) _______________________ 14 Figura 10: Paciente após tratamento (vista lateral)________________________ 14 SUMÁRIO 1. Introdução _______________________________________________ 07 2. Objetivo _________________________________________________ 11 3. Relato de caso ____________________________________________ 12 4. Discussão _______________________________________________ 15 5. Conclusões ______________________________________________ 17 6. Referências ______________________________________________ 18 7 1. INTRODUÇÃO Psitacídeos são aves pertencentes à família Psittacidae, representados pelas araras, periquitos e papagaios. São conhecidas como aves de “bico redondo”, sendo muito populares como animais de estimação (SICK, 1997). A popularidade das aves dessa família perdura há séculos (FORBES & LAWTON, 1996). São citadas na literatura Indu datada de 3000 a.C. (CERQUEIRA, 2004). Uma das primeiras trocas que Pedro Álvares Cabral fez com os índios brasileiros foi de uma arara vermelha e dois papagaios verdes por artigos manufaturados (CERQUEIRA, 2004). Os primeiros mapas desenhados a partir de 1500 evidenciavam a riqueza dos psitacídeos brasileiros, sendo chamado de “Terra dos Papagaios” (Brasília sive terra papagallorum) (SICK, 1997). Sick apud Godoy (2007) comenta que o Brasil é o país que apresenta a maior diversidade de espécies de psitacídeos, sendo os maiores representantes desta família, as araras. Segundo GALETTI (2002), o Brasil abriga 72 espécies reconhecidas de psitacídeos, sendo que destas 17 correm risco de extinção. De acordo com Browm (2000), citado por COUTO (2006) existem no mundo aproximadamente 344 espécies de psitacídeos, sendo consideradas as aves de estimação mais apreciadas. Apesar dos dados quantitativos diferenciarem, os autores concordam que o Brasil continua a abrigar o maior número de espécies. No Brasil, o gênero Amazona é representado por 13 espécies, sendo elas o Cavacué (Amazona autumnalis), o Papagaio-da-Serra ou Charão (Amazona pretrei), o Papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), o Chauá (Amazona rhodocorytha), o Papagaio-de-bochecha-azul (Amazona dufresniana), o Papa-cacau (Amazona festiva), o Papagaio-galego (Amazona xanthops), o Papagaio-campeiro (Amazona ochrocephala), o Papagaio-do-mangue (Amazona amazônica), o Papagaio-moleiro (Amazona farinosa), o Papagaio-dos-Garbes (Amazona Kawalli), o Papagaio-de- peito-roxo (Amazona vinacea) e o Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) (SICK, 1997). O papagaio verdadeiro é muito popular como animal de estimação, em muitos países do mundo e possui a fama de ser “falador” devido a sua grande habilidade para imitar a fala humana (FORSHAW & COOPER, 1989). Segundo SICK (1997) o papagaio verdadeiro (Amazona aestiva) caracteriza-se por pesar em torno de 400g, apresentar o bico curvo e negro, papo grande, tarso curto, sem dimorfismo sexual e 8 pés zigodáctilos (o quarto dedo é deslocado para trás junto ao primeiro), mostrando uma grande habilidade nos dedos. A plumagem geral é verde, enquanto que a fronte e o loro são azuis e o amarelo da cabeça estende-se por cima e por detrás dos olhos contornando-os. O espelho e as bases das retrizes são escarlates e a dobra da asa é vermelha. A cor da íris dos adultos é laranja e os imaturos de coloração marrom uniforme. Esta espécie tem distribuição relativamente ampla, embora em algumas áreas o desmatamento tenha afetado o seu status populacional, sendo encontrada desde o Paraguai, Bolívia, Argentina e Nordeste, Centro,Sudeste e Sul do Brasil (FORSHAW & COOPER, 1989), habitando campos sujos, áreas de cerrado, cerradão, matas, brejos e veredas (SICK, 1997). Na natureza as estações climáticas influenciam a disponibilidade dos itens alimentares consumidos pelas aves (i.e. sementes, frutos e flores), podendo modificar alguns dos hábitos alimentares desses animais (GODOY, 2007). Uma vez em cativeiro, as necessidades nutricionais das aves modificam-se totalmente, sendo fácil imaginar que essas aves, em seu habitat natural, voam muitos quilômetros para conseguir alimentos. Logicamente, com uma necessidade energética muito mais elevada que aves mantidas em gaiolas ou até mesmo grandes viveiros (CARCIOFI & SAAD, 2001). Além disso, a sazonalidade e a oferta de alimentos impõem a essas aves períodos de carência e fartura. Essa forma natural faz com que as aves obrigatoriamente consumam pequenas, mas variadas quantidades de grãos, insetos, flores e frutos. (ULLREY et al., 1991). Em cativeiro, as aves não costumam realizar grande atividade física, e o alimento é, erroneamente, fornecido de forma constante, em quantidades superestimadas e com baixo valor nutricional (i.e. sementes de girassol). O excesso de energia é estocado no organismo da ave em forma de tecido adiposo. Esse acúmulo de gordura pode ter consequências graves na reprodução das aves, no desencadeamento de doenças cardiovasculares e hepáticas, como é o caso da lipidose (MACHADO & SAAD, 2000), além das doenças nutricionais. O precursor da vitamina A são os carotenóides vegetais na forma inativa, os pigmentos carotenóides. Mesmo se o alimento for fresco e carregado com os carotenóides, pode não elevar o nível da vitamina A disponível ao metabolismo da ave (HIANE & CAMARGO, 1989). 9 Uma vez que um alimento fonte de vitamina A é ingerido, os pigmentos carotenóides são absorvidos através da parede intestinal e convertidos ao retinol ou vitamina A. O Retinol é transportado então pelo sistema linfático e pelo sangue ao fígado. Se houver algum retinol extra, será armazenado na gordura do fígado (RODRIGUEZ - AMAYA, 1995). Aves com uma dieta deficiente em proteína não digerirão e não absorverão a vitamina A corretamente. A proteína é necessária para manter a parede intestinal saudável. Um déficit no organismo pode interferir com a digestão e absorção dos carotenóides. As infecções parasíticas por Giardia spp, Capillaria spp e Coccidia, predispõem as aves a deficiência, uma vez que diminuem a capacidade dos enterócitos em biotransformar o β-caroteno ingerido em vitamina A. A fisiologia incorreta do tecido hepático devido a uma infecção, toxina ou sobrepeso, impossibilita esta conversão para a vitamina A (SILVA, 2008). As deficiências nutricionais são as causas mais comuns de doenças em psitacídeos domésticos. Na maioria das vezes essas doenças são decorrentes de dietas à base de misturas de sementes multideficientes. Nestas há um elevado índice de gordura o que pode levar a obesidade da ave, deficiência secundária de proteínas e outros nutrientes essenciais, tais como o Cálcio, Vitamina A, e Iodo (LUMEIJA et al., 1996; STAHL & KRONFELD, 1998). Em um levantamento realizado em clínicas particulares no Município de São Paulo, 87 % dos psitacídeos adultos atendidos num período de dois anos tinham como base da dieta, as sementes (FOTIN, 2005). Pachaly (1992) descreve a hipovitaminose A como a doença mais comum em psitacídeos. Os sinais de carência de vitamina A em aves englobam caquexia, alteração na qualidade das penas, conjuntivite, abscessos, sinusite e aerossaculite, ocorrendo perda da proteção do trato digestório e respiratório levando a infecções secundárias por vírus, bactérias e fungos (ROSSI et al., 2004). Alterações nas glândulas salivares também estão presentes quando da manifestação da hipovitaminose A, como demonstra estudo envolvendo 112 psitaciformes. Os resultados demonstraram que 55% das cacatuas, 48% dos papagaios cinza africano (Psittacus erithacus) e 51% dos papagaios do gênero Amazona apresentaram problemas relacionados com deficiência nutricional (DORRESTEIN et al., 1987). A vitamina A é essencial para a visão. Um dos primeiros sinais desta deficiência é a cegueira noturna, devido à incapacidade de formação da rodopsina. 10 Os olhos podem ficar inchados e lacrimejantes. Material inflamatório e abscessos podem acumular em torno do olho. A vitamina A também é responsável pela manutenção das células epiteliais de revestimento. Quando há uma deficiência da vitamina A, o tecido epitelial muco secretor sofre uma metaplasia escamosa tornando-se pavimentoso estratificado queratinizado e vulnerável as infecções, já que o epitélio não é mais lubrificado e limpo pelo fluxo contínuo de muco. As glândulas salivares, os seios nasais, conjuntiva, pele, epitélio respiratório, mucosa intestinal e rins são comumente afetados. Os sinais clínicos são relacionados ao tecido acometido (ROULAND et al., 1989). A hipovitaminose A aumenta a atividade osteoblástica e alteração no metabolismo do sulfato de condroitina e dos mucopolissacarídeos, o que interfere com o crescimento e remodelamento ósseo, ocasionando estreitamento do canal medular, aumento da pressão intracraniana e compreensão do nervo óptico, levando aos sintomas de ataxia, andar cambaleante, convulsões e cegueira (CARCIOFI, 2001). O sistema reprodutivo é outra área afetada. Os ovos podem apresentar deformidades na casca, embriões mal formados ou fracos, além da queda de postura. A fertilidade nos machos pode ser prejudicada por causa da diminuição da concentração ou motilidade espermática e aumento de espermatozóides anormais (CARCIOFI, 2001). Aves acometidas por hipovitaminose A geralmente morrem por infecções secundárias decorrentes da imunossupressão do organismo. Esta correlação da vitamina A e a imunidade têm sido descrita em vários ensaios imunológicos in vivo e in vitro (DENNERT et al., 1979; MALKOVSKY et al., 1983). 11 2. OBJETIVO Relatar o caso de um indivíduo da espécie Amazona aestiva com sintomatologia indicativa de hipovitaminose A, além de acrescentar os conhecimentos sobre a doença, e principalmente a relação desta com a alimentação. 12 3. RELATO DE CASO Papagaio verdadeiro (Amazona aestiva), macho, com 16 anos de idade (figura 1), deu entrada na clinica em outubro de 2009 apresentando uma lesão ocular onde foi medicado e se curou. Figura 1 – Amazona Aestiva Fonte: Google Images. No entanto, foi notado que ele apresentava as penas amarelas ao invés de verdes, natural da espécie (figuras 2 e 3). Questionado sobre a dieta descobriu-se que a ave alimentava-se apenas de sementes de girassol. Foi solicitada então a troca da dieta por ração peletizada para papagaios que contém: Vitaminas A, B1, B2, B6, B12, C, D, E, K, Carotenos totais, Biotina, Ácido Fólico, Ácido Pantotênico, Niacina, Zinco, Prolina, Iodo, Ferro, Cobalto, Cobre, Manganês, Selênio e frutas variadas. Ao mesmo tempo foi administrado produto lipotrópico e estimulante das defesas do organismo contra agentes hepatotóxicos como: Acetilmetionina, Cloreto de colina, Inositol, Nicotinamida, Pantotenato cálcico, Riboflavina, Piridoxina, Cianocobalamina. 13 Figura 2 – Plumagem do paciente Figura 3 – Plumagem do paciente antes antes do tratamento. do tratamento. A ave retornou a clinica uma vez ao mês para acompanhamento fotográfico ao qual se percebeu que a cada troca de penas, novas nasciam verdes (figuras 4, 5, 6, 7 e 8).Figura 4: Plumagem do paciente após 1 Figura 5: Plumagem do paciente após 3 mês de tratamento. meses de tratamento. 14 Figura 6: Plumagem do paciente após 6 Figura 7: Plumagem do paciente após 6 meses de tratamento. meses de tratamento. Figura 8: Plumagem do paciente após 9 meses de tratamento. Após 12 meses de tratamento, as penas da ave retornaram a sua coloração original, encerrando assim o tratamento com sucesso (figuras 9 e 10). Figura 9: Paciente após tratamento (vista anterior). Figura 10: Paciente após tratamento (vista lateral). 15 4. DISCUSSÃO A vitamina A é essencial a todos os animais. Apresenta-se sob a forma álcool (retinol), aldeído (retinal), ácida (ácido retinóico) e esterificada (palmitato de retinol). Todo retinol utilizado pelos animais provém dos carotenóides dos vegetais. Durante a sua absorção intestinal os carotenóides são clivados, ainda no enterócito, a forma de retinol, que posteriormente é armazenado no fígado e oxidado a forma de retinal e ácido retinóico (CUBAS, 2006). Na sua deficiência os animais apresentam sintomas variados, correspondentes às diversas funções orgânicas dessa vitamina, como descrito anteriormente por ROULAND et al. (1989) e CARCIOFI (2001). Aves alimentadas com sementes são particularmente acometidas pela deficiência, devido às quantidades muito reduzidas de carotenóides nesses alimentos (CUBAS, 2006). Casos menos severos de hipovitaminose A, como o relatado acima, podem ser revertidos somente com a correção do manejo nutricional. A ração extrusada ou peletizada é a forma atualmente mais usual em rações comerciais de animais de companhia, como cães e gatos e, potencialmente, é a ração de futuro para aves ornamentais e silvestres. Rações extrusadas permitem uma alta inclusão de lipídios sem danificar as propriedades físicas do produto. Outro aspecto positivo é a melhoria do valor energético do alimento ao aumentar a digestibilidade (DALE, 1996), sendo que este último parâmetro é um ponto importante para avaliação da qualidade dos alimentos. Lukesova et al. (1996) citam que a extrusão modifica a proporção de fibra insolúvel e solúvel da dieta, aumentando a quantidade dessa última. Conclui-se que o processo de extrusão apresenta um efeito benéfico na digestibilidade dos alimentos, melhorando a nutrição. Outra sugestão encontrada na literatura é incorporação da Espirulina à dieta das aves. As espirulinas são um grupo de microalgas, conhecidas por suas propriedades nutricionais caracterizadas por altas percentagens de vários princípios nutritivos. Fornecem de maneira equilibrada e pouco agressiva vitaminas, minerais, aminoácidos essenciais, carboidratos e enzimas facilitando o processo digestivo e diminuindo a toxidade (COSTA, 2011). 16 Na natureza, os flamingos vermelhos conseguem manter viva e brilhante a cor da sua plumagem graças à ação dos fitopigmentos contidos na espirulina. Como destaques aparecem os resultados das experiências conduzidas na Universidade do Havaí em codornas, as quais expressam um índice de fertilidade altíssimo (96,1%). Foi verificado, também, que a espirulina protege as aves contra bactérias resistentes à antibióticos, tais como Staphilococus aureus e Escherichia coli (CAPRETZ, 2000). A espirulina se revela assim um apreciável imuno-modulador, em grau de potencializador da produção dos linfócitos T, anticorpos e células "killer", servindo como instrumento de prevenção de numerosos processos mórbidos, decorrentes de infecções secundárias que podem ser causadas pela deficiência da vitamina A (CAPRETZ, 2000). Entretanto, em casos mais graves de Hipovitaminose A, é fundamental que o tratamento seja a administração da vitamina A injetável. A remissão do quadro é mais rápida na terapêutica injetável (SILVA, 2008), embora, quando em excesso, possa ser tóxica. Alimentos com β-caroteno não irão provocar uma overdose de vitamina A, pois somente será convertida quando necessária (SILVA, 2008). Quantidades elevadas de vitamina A podem resultar em coloração temporária alaranjada ou amarelada da pele e tecido adiposo. As manifestações clínicas da hipervitaminose são as mesmas da deficiência (SILVA, 2008). 17 5. CONCLUSÃO Com o estudo apresentado concluí-se que o fator que desencadeou o amarelamento das penas do Amazona aestiva foi uma deficiência de vitamina A gerada pela má alimentação em cativeiro. O fator de correção da alimentação, dando à ave rações industrilaizadas, ricas em vitaminas, foi suficiente para reverter o quadro de hipovitaminose A. Como a falta de vitaminas nestas aves pode levar a outras doenças e até a morte, se faz necessário uma alimentação adequada, rica em vitaminas e com uma digestibilidade mais eficiente. É necessário ressaltar a importância de estudos focando os hábitos alimentares de psitacídeos em cativeiro, suas deficiências e principalmente como prevenir esses acontecimentos. 18 6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CARCIOFI, A. C. In: FOWLER, M. E., CUBAS, Z. S. Biology, medicine, and surgery of south american wild animals. 1st ed. Iowa: Iowa University Press, 2001. p.152-157. CARCIOFI, A. C.; SAAD, C. E. P. Nutrition and nutritional problems in wild Animal. 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