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Aula 004 Parecer Técnico Jurídico Redação Jurídica

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Teoria e Prática da Redação Jurídica
PARECER TÉCNICO-JURÍDICO
O Parecer é uma peça textual de aspecto formal próprio, redigida por autoridade competente, que emite uma opinião sobre o assunto consultado, devidamente fundamentado, que lhe dê credibilidade para seu convencimento.
A forma de um parecer jurídico:
Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal para apresentação de um parecer [...], portanto na CF, art. 129, VIII, e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93, conhecida pela sigla LONMP) há a recomendação (art. 43, III) de que é dever do Ministério Público sempre indicar os fundamentos jurídicos em seus pronunciamentos processuais. Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode deixar de ter fundamentos. (REVISTA REDAÇÃO JURÍDICA: a palavra do advogado. Rio de Janeiro: Edipa, nº8, 2004).
A estrutura do parecer lembra uma dissertação: introdução, desenvolvimento e conclusão. Interessante ainda que o documento mescle os dois tipos primordiais: inicialmente: argumentativo (impessoal); na conclusão, opinativo (pessoal).
Elementos do Parecer:
Tipo = padrão: Times New Roman 12; espaço simples.
Título Centralizado: P A R E C E R – em caixa alta, negritado, separadas as fontes para ocupar melhor o espaço da folha; fonte maior (pode ser Times New Roman 20). Após o cabeçalho, pular duas linhas.
1 - Ementa: apresentação sucinta, em no máximo oito linhas, do objeto de consulta. Inicia sempre pelo fato antijurídico e apresenta uma visão panorâmica dos fatos, provas e circunstâncias analisados e do ponto de vista defendido pelo parecerista. Título em negrito, caixa alta e baixa, alinhado à direita; pule uma linha após o título e duas, após o texto.
2 - Relatório: é a narração da história processual, marcada pela isenção, que apresenta a narração dos fatos importantes e as circunstâncias em que ocorreram, possibilitando uma transição lógica e coerente para a fundamentação. Título negritado, caixa alta e baixa, alinhado à esquerda; pule uma linha após o título e duas, após o texto.
3 - Fundamentação: argumentação baseada em sustentação legal, doutrinária e jurisprudencial, bem como em recursos polifônicos (religião, mídia, opinião pública, família, moral, costumes, etc), técnicas argumentativas e estratégias discursivas, para buscar o convencimento sobre o ponto de vista defendido quanto ao assunto da consulta. Título negritado, caixa alta e baixa, alinhado à esquerda; pule uma linha após o título e duas, após o texto.
4 - Conclusão: constitui a expressão formal que traduz a posição – favorável ou não – acerca da matéria em pauta. Título negritado, caixa alta e baixa, alinhado à esquerda; pule uma linha após o título e duas, após o texto.
5 -Autenticação: tendo em vista a responsabilidade civil, o parecer deve ser datado, assinado e apresentar o número da carteira de identidade profissional (OAB, por exemplo) de quem o emite.
Função do parecer no campo jurídico:
O parecer é um documento produzido, sob embasamento técnico ou jurídico, para que produza efeito esclarecedor e orientador. No plano jurídico, pode ser redigido em razão de três situações:
1) Parecer em procedimento processual – (...) é elaborado por determinação legal, pelos membros do Ministério Público. É o chamado parecer de ofício, prolatado nos autos pelo especialista que, na sua condição de fiscal da lei, tem por exercício funcional opinar na questão discutida dentro dos autos. O MP, então, emite parecer em ação civil pública, ação de alimentos, ação popular, ação de investigação de paternidade, etc.
2) Parecer em consulta – Para atender livre consulta por parte de pessoas que desejam ver algum assunto refletido exegeticamente por profissionais do direito (...).
3) Parecer em procedimento administrativo público – Para servir de orientação administrativa no serviço público e é geralmente prolatado por funcionários, cujo cargo público tenha por determinação opinar juridicamente.
Quem produz parecer técnico no universo jurídico?
Ministério público (Procuradores de Justiça);
Advogados especializados (geralmente);
Servidores públicos credenciados;
Procuradores autárquicos e de outros órgãos.
Informações sobre a EMENTA
Em um parecer técnico-formal, a ementa é um texto informativo, que visa apenas ao entendimento do caso concreto, numa ótica simplificada. Por isso, devem ser delineados somente o fato gerador do conflito, os nexos de referência (três a cinco) e o entendimento do caso concreto.
Quanto aos nexos de referência, esses são um importante auxílio para a construção da fundamentação; são um verdadeiro fio condutor das ideias a serem discutidas na parte argumentativa do documento.
A ementa não pode apresentar verbos; deve se localizar ao extremo da margem direita e conter, no máximo, oito linhas. A capacidade de síntese, nesse item, é importantíssima, pois a ementa do Parecer técnico-formal deve conter frases nominais e palavras-chaves. Eis dois exemplos, o primeiro caso versa sobre a interrupção no fornecimento de água para um consumidor e o outro sobre falhas na prestação de serviço em uma festa de aniversário, ocorrida em lanchonete:
	EMENTA
INTERRUPÇÃO NO FORNECIMENTO DE ÁGUA – direito do consumidor - hipossuficiência – dificuldades financeiras em virtude de incêndio em residência – proposta de parcelamento rejeitada pela empresa – suspensão de serviço essencial, como forma de obrigação de pagamento. Parecer favorável ao restabelecimento do serviço de água.
	 EMENTA
PUBLICIDADE ENGANOSA PRATICADA POR REDE DE LANCHONETES – descumprimento dos serviços anunciados em panfleto – reclamação do consumidor à empresa antes do evento – improviso na decoração – prejuízo no atendimento aos convidados – constrangimento do consumidor – Parecer favorável ao ressarcimento por danos morais e ao abatimento proporcional no preço do serviço.
Informações sobre o RELATÓRIO
Adiante, esquematizamos as principais características do relatório jurídico:
O relatório é um texto de tipo narrativo;
Caracteriza-se por ser uma narrativa simples, sem valoração. Sempre que possível, aponte as alegações de ambas as partes;
Todos os fatos relevantes do caso concreto devem ser narrados no pretérito e na 3ª pessoa;
O que não existir no relatório não pode figurar como argumento na fundamentação;
A organização dos eventos deve seguir a ordem cronológica;
O primeiro parágrafo deve indicar o fato gerador da demanda e os sujeitos envolvidos;
O corpo do texto não pode deixar de responder às seguintes indagações: qual o fato gerador do conflito? Quem são os envolvidos na lide? Onde e quando os fatos ocorreram? Como se desenvolveu o conflito? Por que ocorreu o conflito de interesses? Quais as consequências dos fatos narrados?
Sugere-se, para iniciar o primeiro parágrafo, a redação “Trata-se de questão sobre...”;
A paragrafação deve seguir as orientações tradicionais de um texto redigido em norma culta;
Cada parágrafo deve receber um recuo inicial de, aproximadamente, 1,5 cm;
Não há limite mínimo ou máximo de linhas, mas sua narração deve ser clara e concisa;
Recorra à polifonia;
Terminado o relatório, na linha abaixo, use a expressão “É o relatório”.
Informações sobre a FUNDAMENTAÇÃO
Os argumentos são recursos linguísticos que visam à persuasão, ao convencimento. O argumento não é uma prova inequívoca da verdade. Argumentar não significa impor uma forma de demonstração, como nas ciências exatas. O argumento implica juízo do quanto é provável ou razoável.
A variedade de tipos de argumentos dinamiza o texto e aumenta a possibilidade de convencimento, uma vez que explora estruturas lógicas diferenciadas.
Argumento pró-tese: Caracteriza-se por ser extraído dos fatos reais contidos no relatório. Deve ser o primeiro argumento a compor a fundamentação. A estrutura adequada para desenvolvê-lo seria: Tese + porque + e também + além disso. Cada um desses elos coesivos introduz fatos distintos favoráveis à tese escolhida.
“Anísio cometeu um crime doloso inaceitável, repudiado com veemência pelasociedade, porque desferiu três facadas certeiras no peito de sua companheira, e também porque agiu covardemente contra uma pessoa desarmada e fisicamente mais fraca. Além disso, ele já estava desconfiado do caso extraconjugal da mulher, o que afastaria a hipótese de privação de sentidos”.
Argumento de autoridade: Argumento constituído com base nas fontes do Direito e/ou em pesquisas científicas comprovadas.
“A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. Uma sociedade democrática defende esse direito e recorre a todos os meios disponíveis para que a vida seja sempre preservada e para que qualquer atentado a esse direito seja severamente punido. No caso em questão, Teresa foi atacada de maneira covarde e violenta, porque não dispunha de meios para ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu desrespeitou a Constituição Brasileira e incorreu no crime de homicídio doloso previsto no artigo 121 do Código Penal Brasileiro”.
Argumento de senso comum: Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso; está amplamente difundida na sociedade. 
“A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos níveis e não tolera mais essa prática. Certamente, a violência é o pior recurso para a solução de qualquer tipo de conflito. Uma pessoa sensata pondera, dialoga ou se afasta de situações que podem desencadear embates violentos. Não foi essa a opção de Anísio. Preferiu pegar uma faca e, como um bárbaro, assassinar a mulher, evitando todas as outras soluções pacíficas existentes, como a imediata separação que o afastaria definitivamente de quem o traiu. Aceitar sua conduta desmedida seria instituir a pena de morte para a traição amorosa”.
Argumento de oposição: Apoiada no uso dos operadores argumentativos concessivos e adversativos, essa estratégia permite antecipar as possíveis manobras discursivas que formarão a argumentação da outra parte durante a busca de solução jurisdicional para o conflito, enfraquecendo, assim, os fundamentos mais fortes da parte oposta.
Compõe-se da introdução de uma perspectiva oposta ao ponto de vista defendido pelo argumentador, admitindo-a como uma possibilidade de conclusão para, depois, apresentar, como argumento decisório, a perspectiva contrária.
“Embora se possa alegar que Teresa tenha desrespeitado Anísio, traindo-o com outro homem em sua própria casa, uma pessoa de bem, diante de situações adversas, reflete, pondera, o que a impede de agir contra os valores sociais. Eis o que nos separa dos criminosos. É certo que o flagrante de uma traição provoca uma intensa dor, porém o ato extremo de assassinar a companheira, por sua desproporção, não pode ser aceito como uma resposta cabível ao conflito amoroso”.
Argumento de analogia: É aquele que tem como fundamento estabelecer uma relação de semelhança entre elementos presentes tanto no caso concreto analisado quanto em outros casos já avaliados, ou seja, após apresentar as provas do caso concreto, desenvolve-se um raciocínio que consiste em aplicar o tratamento dado em outro caso ou hipótese ao caso ora avaliado.
 O objetivo dessa estratégia é aproximar conceitos ou interpretações a partir de casos concretos distintos, mas semelhantes. A analogia é também procedimento previsto no Direito como gerador de norma nos casos de omissão do legislador.
“Qualquer pessoa tem dificuldade de negar que utilizaria qualquer meio para defender alguém que ama. Em casos de um assalto, por exemplo, uma mãe está perfeitamente disposta a matar o assaltante para defender a vida de seu filho. Para fugir de uma perseguição, o motorista de um carro é plenamente capaz de causar um acidente para evitar que algo de mal aconteça aos caronas que conduz. O que há de comum nestes e em tantos outros casos de que se tem notícia é que existe um sentimento de amor ou bem querer que impede que uma pessoa dimensione racionalmente as consequências do ato que pratica em favor da proteção de alguém.”
Causa e efeito: Relaciona conceitos de causalidade e efeito com o objetivo de evidenciar as consequências imediatas de determinado ato (retirado das provas) praticado pelas partes.
O sucesso na defesa de uma tese depende de um raciocínio fundamentado por meio de uma série associações a serem feitas pelo argumentador. A maneira como o operador do direito deve direcionar o raciocínio para a tese depende, portanto, de planejamento minucioso do texto e seleção apurada de informações.
Na construção das peças processuais, o prejuízo decorrente da falta de organização de um plano textual talvez fique mais evidente, porque a persuasão do juiz e o consequente sucesso no pleito dependem desse encadeamento (seleção, análise e síntese).
Estrutura formal de um parecer jurídico
P A R E C E R
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 EMENTA
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RELATÓRIO
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Eis o relatório. 
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FUNDAMENTAÇÃO
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CONCLUSÃO
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PARTE AUTENTICATIVA
Local e Data
Assinatura
Nº da Carteira de Identidade Profissional
REFERÊNCIAS
COLETÂNEA DE EXERCÍCIOS. Redação forense. Curso de Direito. Universidade Estácio de Sá.
SCHOCAIR, Nelson Maia. Português jurídico: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

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