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007 Respostas Caso Concreto 106803 - Redação Jurídica CCJ0052

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Curso de Bacharel em Direito
Redação Jurídica – CCJ0009
Prof.ª Maria Geni de Almeida Fortunato genifortunato@yahoo.com.br
Cel.: (22) 9269-5064 - Tel.: (22) 2732-2661.
Crevelino Pereira França Filho – crevelino.filho@hotmail.com – cel.: (22) 9955-3618.
007 Resposta Caso Concreto 106803
Vimos até a última aula como produzir a ementa. Passaremos, agora, a estudar o relatório. Esse item do Parecer é marcado pela isenção como o parecerista apresenta os fatos importantes que deverão ser analisados e possibilita uma transição lógica e coerente da ementa para a fundamentação.
Segundo as orientações sobre a Lógica do Razoável, ao produzir seu relatório, exige-se do profissional do Direito a apresentação de uma série de circunstâncias observadas no caso concreto, seja em relação àqueles que participam da lide (partes litigantes), seja em relação ao lugar e tempo em que ocorreram os fatos.
Nesse sentido indicamos alguns elementos que possam contribuir para uma narrativa mais completa e consistente. Assinale-se que essas mesmas informações, no momento em que se vai produzir a argumentação, mostram-se com grande valor persuasivo. A elas chamamos de elementos da narrativa forense. 
QUESTÃO - Leia o caso concreto.
Marcelo e Camila são casados há 10 anos. Em 01 de novembro de 2008, quando Camila digitava um trabalho da faculdade no computador utilizado pelo casal, ficou estarrecida: encontrou uma série de e-mails comprometedores, armazenados pelo marido, na máquina da família.
Descobriu que, no período de 12 de fevereiro de 2008 a 30 de outubro de 2008, seu marido, usando o apelido “homem carente de meia idade”, trocava quase diariamente mensagens de natureza erótica com uma mulher que assinava “cheia de amor pra dar”.
Ao ler as mensagens, constatou que o marido se declarara diversas vezes para a internauta, com quem construía fantasias sexuais e praticava sexo virtual. A situação ficou ainda mais grave, porque, nessas ocasiões, Marcelo fazia comentários jocosos sobre o desempenho sexual de Camila e afirmava que ela seria uma pessoa "fria" na cama.
Por conta de todos esses fatos, Camila se separou de Marcelo. Cerca de quatro meses após a separação, ajuizou ação de reparação por danos morais em face do ex-marido, na qual pediu indenização no valor de 20 mil reais. Em síntese, alegou na Petição Inicial que:
a) o ex-marido manteve relacionamento com outra mulher na constância do casamento;
b) a traição foi comprovada por meio de e-mails trocados entre o acusado e sua amante; 
c) a traição foi demonstrada pela troca de fantasias eróticas (sexo virtual) entre os dois; 
d) precisou passar por tratamento psicológico para superar a dor que sofria; 
e) foram violados sua honra subjetiva e seu direito à privacidade no casamento. 
Em sua defesa, o ex-marido alegou a improcedência do pedido sustentando o seguinte: 
a) sexo virtual não caracteriza traição; 
b) houve invasão de privacidade e violação do sigilo das correspondências; 
c) os e-mails devem ser desconsiderados como prova da infidelidade; 
d) não difamou a ex-esposa, ao contrário, ela mesma denegria sua imagem ao mostrar as correspondências às outras pessoas. 
Em entrevista à imprensa, a autora afirmou que não houve violação de sigilo das correspondências. Para ela, não está caracterizada a invasão de privacidade porque os e-mails estavam gravados no computador de uso da família e os cônjuges compartilhavam a mesma senha de acesso. "Simples arquivos não estão resguardados pelo sigilo conferido às correspondências", concluiu.
Agora que você já conhece o conflito, produza, com base nessa leitura, esquema idêntico ao que segue. A primeira linha da tabela já foi preenchida para que sirva de exemplo para você colher as demais informações no caso concreto. Identifique quantos elementos entender adequado.
	Elemento da narrativa jurídica
	Informação retirada do texto (contextualização do real)
	Parágrafo argumentativo que tome por base a informação selecionada
	Característica moral do marido.
	Marcelo compartilhava com uma desconhecida detalhes de sua vida sexual com a esposa.
	Se a traição, por si só, já causa abalo psicológico ao cônjuge traído, a honra subjetiva da autora foi muito mais agredida, ao saber que seu marido, além de traí-la “inobservância do dever conjugal de fidelidade” violou a confiança da esposa quando teceu comentários difamatórios com sua amante quanto à sua vida íntima.
		Ação efetiva do marido. 
		Marcelo manteve relacionamento com outra mulher na constância do casamento. 
		Nos termos do art. 186, CC/02, Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente ora, comete ato ilícito. E o ato ilícito gera o dever de indenizar pelo dano sofrido.
	Comprovação da infidelidade virtual do marido.
	Pelo teor das mensagens a esposa é induzida a pensar na traição real. 
	Como se pode constatar, os e-mails trocados entre o ex-marido e sua amante, demonstram que possuíam um relacionamento íntimo, inclusive com relação carnal. Mesmo que não se possa comprovar o adultério, na sua forma tradicional, a infidelidade virtual resta demonstrada pela troca de fantasias eróticas de um com o outro (sexo virtual). 
	Divulgação do assunto à Imprensa.
	A esposa é quem denegre a sua imagem ao mostrar as correspondências às outras pessoas. 
	Embora seja alegado que é a própria quem mostra as correspondências às outras pessoas, fazendo-se de vítima e denegrindo sua imagem perante a sociedade, tal fato não merece prosperar, haja vista que a quebra dos outros deveres conjugais, de fidelidade, respeito e consideração mútuos (art. 1.566, I, e V) são suficientes para o pedido de indenização pretendido pela autora. 
Resposta: 
PARECER JURÍDICO
EMENTA: 
DIREITO DE FAMÍLIA E RESPONSABILIDADE CIVIL - violação dos deveres conjugais – infidelidade virtual - ofensa à honra subjetiva - dano moral – Indenização cabível. 
RELATÓRIO 
Trata-se de caso de violação dos deveres conjugais, infidelidade virtual e ofensa à honra subjetiva cometido por Marcelo de Tal contra Camila de tal, fato ocorrido em Juiz de Fora, MG, no período de 12 de fevereiro de 2008 a 30 de outubro de 2008. 
Após casamento de dez anos, em 01 de novembro de 2008, a autora descobriu que seu marido usando de apelido, trocava mensagens de natureza erótica com uma mulher que lhe era desconhecida. 
Afirmou que ao ler as mensagens no computador da família, constatou que o marido se declarara diversas vezes para a internauta, com quem construía fantasias sexuais e praticava sexo virtual. 
Durante o período citado, Marcelo fazia comentários sobre o desempenho sexual da esposa, afirmando que ela não lhe satisfazia como mulher, tendo inclusive descrito tais assuntos nas mensagens. 
Por conta de todos esses fatos, Camila se separou de Marcelo e após a separação, ajuizou ação de reparação por danos morais em face do ex-marido, na qual pediu indenização no valor de 20 mil reais. 
Eis o relatório. 
FUNDAMENTAÇÃO 
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